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Helmintos Parasitos

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DANIELA NOGUEIRA NEVES
HELMINTOS PARASITOS DE PEIXES DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-
SANITÁRIA
 
 Orientador: Profº Msc. Raimundo Nonato Moraes Benigno
BELÉM
2009
Monografia apresentada ao Curso de Pós-
Graduação Latu sensu em Higiene e 
Inspeção de Produtos de Origem Animal da 
Universidade Castelo Branco- UCB -
HELMINTOS PARASITOS DE PEIXES DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-
SANITÁRIA
Elaborado por Daniela Nogueira Neves
Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em
Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal
Foi analisado e aprovado com grau: .............
Belém, ______ de ______________ de _______.
__________________________
Membro
__________________________
Membro
__________________________
Professor Orientador
Presidente
Dedico este trabalho à minha família pela 
dedicação, carinho e amor, pois contribuíram 
com estímulo, apoio e compreensão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, responsável pela vida e sabedoria 
que possuo. 
Ao professor Raimundo Nonato Moares 
Benigno pela orientação na elaboração desta 
monografia;
A todos que, direta ou indiretamente, 
contribuíram para a realização deste trabalho;
Aos amigos que conquistei durante este 
percurso.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELA VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES VII
RESUMO IX
ABSTRACT X
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4
2.1 A IMPORTÂNCIA DOS ENDOPARASITAS DE PEIXES 4
2.2 HELMINTOS PARASITOS DE PEIXES DE IMPORTÂNCIA 
HIGIÊNICO-SANITÁRIA
6
2.2.1 Anisakidae 6
2.2.2 Eustrongylides sp. 13
2.2.3 Ascocotyle (Phagicola) longa 16
2.2.4 Cestódeos 20
2.2.4.1 Diphyllobothrium sp. 20
2.2.4.2 Trypanorhyncha 25
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 32
REFERÊNCIAS 33
LISTA DE TABELA
TABELA 1 - ÁREAS GEOGRÁFICAS COM REGISTROS DE OCORRÊNCIA 
 DE EUSTRONGYLIDES sp. 13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Espécies parasitos de peixes segundo classificação zoológica 04
Figura 1 - Larva de Anisakidae encistada na musculatura de peixe 06
Figura 2 - Ciclo de vida de Anisakis simplex 07
Figura 3 - Larvas de Anisakis na cavidade corporal de um arenque 08
Figura 4 – Imagem endoscópica do estômago revelando a presença de 
 múltiplas lesões tumorais erosivas 11
Figura 5 - Larvas de Eustrongylides sp. na serosa intestinal de uma garça
 branca 14
Figura 6 - Larvas de nematóide Eustrongylides sp. 14
Figura 7 - Ciclo de vida de trematóide Ascocotyle (Phagicola) longa 16
Figura 8 - Fotomicrografia do coração de Mugil platanus parasitado por 
 metacercária de Ascocotyle (Phagicola) longa, aumentada 40x 17
Figura 9 - Imagem das proglotes do Diphyllobothrium sp. no intestino do 
 homem 21
Figura 10 - Ciclo biológico do cestóide Diphyllobothrium latum 21
Figura 11 - Larvas de Diphyllobothrium dendriticum em Salmonídeo. 
 Cistos peroláceos de larvas no estômago (A). Larvas encistadas 
 e livres no estômago (B) 22
Figura 12 - Adulto (A) e ovos (B) de D. latum medindo aproximadamente 
 64x45Mm 24
Figura 13 - Ciclo evolutivo geral de Trypanorhynca 26
Figura 14 - Blastocistos de Poecilancistrium caryophyllum em musculatura
 do corpo de Cynoscion acoupa (A) e livre, destacando seu
 prolongamento caudal (B) 30
Figura 15 - Blastocisto de Pterobothrium heteracanthum em serosa 
 abdominal parietal de Arius proops 30
Figura 16 - Blastocisto de Callitetrarhynchus gracilis em musculatura 
 abdominal de Cynoscion acoupa em formato de vírgula (bv) e 
 saculiforme (bs) 30
Figura 17 - Visualização de blastocisto de Pterobothrium crassicolle em 
 musculatura abdominal de Arius proops com auxílio da mesa 
 de inspeção “candling table” 30
RESUMO
Nas últimas décadas têm aumentado consideravelmente a relevância dos estudos 
relacionados com parasito e outros patógenos de peixes, tendo em vista que estes 
podem ser portadores de uma enorme quantidade de bioagentes patogênicos ao 
homem. Alguns bioagentes parasitários são importantes para a saúde coletiva, 
especialmente aqueles que parasitam o pescado de origem marinha, requerendo
levantamento, identificação e diagnóstico preciso para garantir um controle eficaz, 
visando à segurança do consumidor. Os de maior importância para a inspeção são 
os nematóides Anisakídeos, o cestóide Diphyllobotrium e o trematóide Ascocolyte 
(Phagicola) longa que são zoonóticos e o cestóide Trypanorhyncha que confere um 
aspecto repugnante. Os helmintos zoonóticos transmitidos pelo pescado, estão cada 
vez mais chamando a atenção de pesquisadores e autoridades sanitárias do mundo 
inteiro, em função dos riscos decorrentes da globalização do comércio de alimentos 
e do crescente consumo de alimentos elaborados com peixe cru e daqueles 
oferecidos em redes “Fast Food”. Neste contexto, as autoridades sanitárias devem 
implementar ações em toda cadeia produtiva do pescado, especialmente no 
beneficiamento e comercialização, para garantir a qualidade da matéria-prima, 
disponibilizando um produto seguro. Este trabalho tem como objetivo expor uma 
revisão bibliográfica sobre helmintos parasitos de peixes de importância higiênico-
sanitária, destacando os nematóides Anisakidae e Eustrongylides sp., cestóides 
(Diphyllobotrium latum e Trypanorhyncha) e o trematóide A. (P.) longa.
Palavras-chave: pescado; helmintos; higiênico-sanitária. 
ABSTRACT
In the last decades have considerably increased the relevance of studies on 
parasites and other pathogens of fish, in order that they can carry a huge amount of 
bio-agents pathogenic to man. Some parasitic bio-agents are important for public 
health, especially those that parasitize fish seafood, requiring survey, identification 
and accurate diagnosis to ensure effective control, seeking the safety of consumers. 
The most important for inspection are nematodes Anisakídeos the Diphyllobotrium
cestode and trematode Ascocolyte (Phagicola) long that are zoonotic cestode and 
Trypanorhyncha which gives a look disgusting. The zoonotic helminths transmitted 
by fish, are increasingly attracting the attention of researchers and health authorities 
around the world, according to the risks arising from the globalization of food trade 
and the increasing consumption of foods made with raw fish and those offered in 
networks "Fast Food”. In this context, health authorities should implement actions in 
the production chain for fish, especially in the processing and marketing to ensure 
the quality of raw material, providing a safe product. This paper aims to expose a 
literature review on helminth parasites of species of sanitary conditions, highlighting 
the nematodes Anisakidae and Eustrongylides sp. cestodes (Diphyllobotrium latum
and Trypanorhyncha) and trematode A. (P.) long.
Key words: caught; helminths; sanitary-hygienic.
1 INTRODUÇÃO
A piscicultura tem se firmado cada vez como uma exploração 
economicamente rentável, visto que o capital inicial investido pode retornar até um 
ano (PÉREZ, 1999), sendo considerada um dos segmentos da produção animal que 
mais cresce no mundo todo (SOUZA, 2003). 
Com base neste contexto, nas últimas décadas têm aumentado 
consideravelmente a relevância dos estudos relacionados com parasito e outros 
patógenos de peixes, tendo em vista que estes podem ser transmissores de uma 
enorme quantidade de microrganismos patogênicos ao homem (SOUZA, 2003; 
LUQUE, 2004).
Dentre os microrganismos temos as parasitoses de importância em saúde 
pública, que constituem fonte de preocupação, especialmenteno pescado de origem 
marinha e, requerem levantamento, identificação e diagnóstico preciso para garantir 
um controle eficaz, visando a segurança do consumidor (SOUZA, 2003).
O processo de transmissão da maioria dos ictioparasitos realiza-se de 
forma indireta, evoluindo obrigatoriamente por um ou mais hospedeiros 
intermediários para completar o seu ciclo evolutivo. É muito comum que algum 
molusco ou crustáceo esteja envolvido neste ciclo como primeiro hospedeiro 
intermediário e, o peixe, o segundo hospedeiro intermediário, podendo nesta fase 
ser consumido como alimento, por peixes maiores, aves e por mamíferos, incluindo 
o homem, considerados hospedeiros definitivos. Nestes, os parasitos tornam-se 
adultos e sexualmente maduros e as fêmeas fertilizadas reiniciam o ciclo com a 
eliminação dos ovos pelas fezes (PÉREZ, 1999).
O conhecimento dos parasitos de peixes é fundamental sob o aspecto de 
produção e para a inspeção sanitária, pois através da ação espoliativa, tóxica ou 
mecânica, estes bioagentes podem desencadear quadros patológicos que 
restringem o crescimento e até podem levar à morte de seus hospedeiros (SÃO 
CLEMENTE et al., 1998; EIRAS, 1994a).
Do ponto de vista de saúde coletiva, vários agentes podem interferir na 
qualidade dos peixes, sendo que os biológicos são mais sérios (ALMEIDA, 1998). 
Dentre estes agentes, os parasitos zoonóticos transmitidos pelo pescado, estão 
cada vez mais chamando a atenção de pesquisadores e autoridades sanitárias do 
mundo inteiro, em função dos riscos decorrentes da globalização do comércio de 
alimentos e do crescente consumo de alimentos elaborados com peixe cru e 
daqueles oferecidos em redes “Fast Food”. Dados mundiais indicam que esses 
parasitos infectam mais de 18 milhões de pessoas, com o número de pessoas em 
risco em mais de meio bilhão, particularmente em países do sudeste asiático (FAO, 
2004). 
No Brasil, o hábito de ingerir peixes, em especial crus (“sashimi” e “sushi”), 
é de introdução recente no cardápio de alguns estabelecimentos brasileiros, comuns 
nos bairros das classes mais elevadas e especializadas para imigrantes asiáticos. 
Este hábito exige ótima qualidade do pescado, para evitar a ação patogênica de 
bactérias e helmintos parasitos, que no homem, se forem ingeridos, são 
responsáveis pelo quadro clínico caracterizado por diarréia, dores abdominais, 
náuseas, vômitos, emagrecimento e febre (GERMANO; GERMANO; OLIVEIRA, 
1998).
Considerando a segurança alimentar, González et al. (2001) classificam os 
parasitos de peixes, em dois grupos: os de interesse em saúde coletiva, já que 
podem ocasionar doenças nos consumidores e, aqueles que apenas causam lesões
na musculatura, alterando as características sensoriais, diminuindo o valor comercial 
por questões higiênico-sanitárias, ou até mesmo levando a sua condenação em 
função do aspecto repugnante.
No grupo dos helmintos parasitos de peixes de interesse na saúde coletiva, 
destacam-se os nematóides da família Anisakidae e o Eustrongylus sp., o cestóide 
Diphyllobothrium sp. e o trematóide digenético Ascocotyle (Phagicola) longa
(OKUMURA et al., 1999). Já, no grupo que apenas causam lesões de aspecto 
repugnante, destaca-se o cestóide da Ordem Trypanorhyncha (SÃO CLEMENTE et 
al., 1991).
Este trabalho tem como objetivo geral expor uma revisão bibliográfica 
sobre helmintos parasitas de peixes de importância higiênico-sanitária, destacando 
os nematóides Anisakidae e Eustrongylides sp., os cestóides (Diphyllobotrium latum
e Trypanorhyncha) e, o trematóide A. (P.) longa.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A IMPORTÂNCIA DOS ENDOPARASITAS DE PEIXES 
A fauna íctica constitui-se num recurso alimentar importante, sendo uma 
fonte protéica acessível através da exploração direta das populações naturais e pela 
cultura artificial de peixes para a população mundial. É necessário considerar que o 
ambiente aquático é o meio no qual o acesso e a penetração de bioagentes
patogênicos tornam-se facilitados e o confinamento dos peixes favorece ainda mais
o estabelecimento do parasitismo. Assim, o estudo de parasitos de peixes é um 
campo de crescente importância em virtude da expansão mundial da piscicultura 
(THATCHER, 1981; MACHADO et al., 1996).
Sindermann (1990) considera vários agentes parasitários com importância 
em saúde pública, dentre eles, os anisaquídeos, os cestódeos difilobotrídeos e os 
trematódeos heterofídeos. 
De acordo com Eiras (1994b) existem cerca de 10.000 espécies de 
parasitos de peixes, distribuídos em sete grupos zoológicos (Quadro 1).
Grupos Zoológicos Nº de espécies
Protozoa 1.750
Monogenea 1.500
Digenea 1.700
Cestoda 1.000
Nematoda 700
Acanthocephala 400
Crustácea 2.590
Quadro 1: Espécies parasitos de peixes segundo classificação 
zoológica.
Fonte: Eiras, 1994b.
Um outro fator muito importante é o hábito alimentar dos peixes. Os 
endoparasitas possuem na maioria das vezes um ciclo de vida bastante complexo,
utilizando vários hospedeiros intermediários e sua presença no sistema digestório 
dos peixes pode indicar quais são os itens alimentares destes hospedeiros ou pelo 
menos qual seu hábito alimentar (PAVANELLI et al., 2001).
Segundo Leitão (1983), os animais parasitados não são boas fontes 
alimentares para as dietas das pessoas, tanto em qualidades como em quantidade, 
pois as mortes por enfermidades ictioparasitárias podem diminuir muito as 
quantidades alimentares disponíveis para abastecer uma população. Deste modo, o 
peixe pode constituir-se uma excelente fonte de proteínas e de outras substâncias, 
mas estando parasitado, torna-se enfraquecido e com metabolismo alterado 
reduzindo sua qualidade alimentar, além de poder representar um risco de caráter 
zoonótico.
De acordo com Eiras (1994a), uma outra importante conseqüência de 
algumas parasitoses é a redução de peso dos peixes, frequentemente 
acompanhada por uma diminuição do conteúdo lipídico e aumento da quantidade de 
água no músculo, além de aumentar a susceptibilidade desses animais a infecções 
por agentes oportunistas, como fungos e bactérias. Em adição aos efeitos sobre a 
saúde dos peixes, helmintos causam consideráveis perdas econômicas na indústria 
pesqueira, já que as autoridades sanitárias geralmente proíbem a venda de peixes 
contendo larvas visíveis (THATCHER; NETO, 1994).
Okumura et al. (1999) relataram que esses vermes também podem ser 
patogênicos para os peixes, pois costumam invadir órgãos como fígado, gônadas, 
mesentério e musculatura corporal, provocando extensa patologia, principalmente, 
quando um grande número de parasitas está presente. 
Estes agentes parasitários causam enfermidades de caráter zoonótico 
devendo ser alvo de maior preocupação por parte dos serviços de fiscalização 
sanitária do pescado destinado ao consumo humano. Desta forma, as autoridades 
sanitárias, piscicultores, e os médicos veterinários devem atentar para o maior 
controle, desde a produção até a comercialização do pescado, para diminuir as 
taxas de morbidade e mortalidade das criações, melhorarem cada vez mais a 
qualidade do pescado destinado ao consumidor e, profilaticamente, evitar a 
propagação das zoonoses transmissíveis por peixes (LEITÃO, 1983; THATCHER; 
NETO, 1994). 
2.2 HELMINTOS PARASITOS DE PEIXES DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-
SANITÁRIA
2.2.1 Anisakidae 
Os nematóides são os parasitos que mais freqüentemente se encontram em 
vísceras e músculos de pescado. As larvas filiformes também podem se alojar na 
cavidade abdominal (OGAWA; MAIA, 1999). Para Eiras (1994b) as espécies que 
apresentam maior risco de infecção são as que penetram na musculatura dos peixes
(Figura 1).
 Figura 1 - Larva de Anisakidae encistadana musculatura de peixe
 Fonte: QUESADA (2007).
Dentro do filo Nematoda, a família Anisakidae, composta por 24 gêneros, vem 
despertando constante interesse, pois os parasitos pertencentes a este grupo são 
importantes agentes de zoonoses parasitárias conhecidas como anisakíase 
(UBEIRA et al., 2000) e talvez este problema não seja alvo de investigação médica 
mais intensa pela falta de diagnóstico (MCCARTHY; MOORE, 2000).
As larvas dos gêneros Anisakis, Pseudoterranova, Belanisakis,
Phocanema, Porrocaecum, Cleoascaris, Phocascaris e Contracaecum, podem ser 
responsáveis pela parasitose no homem, quando hábitos alimentares permitem a 
ingestão do pescado cru (sushi, sashimi, sunomono, ceviche, etc), mal cozido, 
defumado a frio, inadequadamente salgado ou resfriado (CHENG, 1982).
No ciclo evolutivo dos nematóides, usualmente os peixes atuam apenas como 
hospedeiros intermediários e, com relação aos hospedeiros definitivos, muitos 
pontos ainda permanecem obscuros. Já o homem parece ser quase sempre um 
hospedeiro acidental, dependendo de dois fatores: habilidade das larvas se 
manterem vivas e capacidade de invadirem tecidos (KATES et al., 1973; OGAWA; 
MAIA, 1999; EIRAS, 1994 b). 
A transmissão dos helmintos não é realizada diretamente de um peixe 
para outro, pois a maioria passa obrigatoriamente por um ou mais hospedeiros 
intermediários para completar o seu ciclo evolutivo. É muito comum que algum 
molusco ou crustáceo esteja envolvido neste ciclo como primeiro hospedeiro 
intermediário e, o peixe, o segundo hospedeiro intermediário, podendo nesta fase 
ser consumido como alimento por aves e mamíferos, incluindo o homem (PERÉZ, 
1999). A infecção do homem pode fazer parte deste ciclo de vida ou constituir uma 
via paralela, causando ruptura no ciclo (Figura 2).
 Figura 2 - Ciclo de vida de Anisakis simplex.
Fonte: HUSS; ABABOUCH; GRAM (2003). Adapatado.
Os peixes teleostéos comercializados no Brasil podem conter larvas de 
nematódeos anisakídeos, que são infectados de modo natural, pois durante a 
maturação sexual, algumas espécies retornam aos rios para desovar, podendo ser 
HOMEM
MAMÍFERO 
MARINHO
OVO
CAMARÃOARENQUE
BACALHAU
contaminados por essas larvas. O “esperlán” jovem segue rio abaixo até o mar, ao 
contrário do adulto que encontra-se a salvo destes parasitas. Somente podem ser 
infestados nas desembocaduras dos rios adquirindo os parasitos das focas, em cujo 
intestino existe nematódeos sexualmente maduros (SÃO CLEMENTE, 1993; EIRAS, 
1994 b; OGAWA; MAIA, 1999).
Os anisakideos podem ser os nematóides mais patogênicos dos peixes 
marinhos, pois invadem fígado, gônadas, mesentério e musculatura corporal, onde 
podem resultar em uma extensa patologia. Assim, muitas espécies de peixes 
marinhos abrigam larvas de anisakídeos, mas apenas algumas têm grande atenção 
por parte dos pesquisadores, devidos aos efeitos em peixes economicamente 
importantes, entre eles arenque (Figura 3) e bacalhau, ou em humanos 
(SINDERMANN, 1990). 
 Figura 3 - Larvas de Anisakis na cavidade corporal de um arenque.
 Fonte: http://www.terra.es/personal/uscal.le/infovet/anisakis.htm
É provável que qualquer espécie de peixe possa ser hospedeiro desses 
helmintos, caso sejam predadores de um hospedeiro intermediário, ou outro peixe 
que já albergue o nematóide, sendo que os peixes planctófagos são parasitados 
principalmente por Anisakis, enquanto que os que se alimentam da fauna bentônica 
são parasitados por Pseudoterranova, devido a particularidades do ciclo evolutivo 
destes helmintos. Aqueles que se alimentam de outros peixes albergam muitas 
vezes os dois agentes (EIRAS, 1994b).
O A. simplex é um nematóide cuja forma larvar tem sido encontrada em 
mais de duas centenas de espécies marinhos, na maioria dos oceanos e mares, 
principalmente nos arenques (família Clupeidae) e nas merluzas (família Gadidae). 
Na fase adulta é parasita do estômago e intestino delgado de mamíferos marinhos 
ictiófagos como baleias, golfinhos, focas, morsas e leões marinhos, particularmente 
nas águas polares e nas regiões mais frias das zonas temperadas. O Anisakidae P. 
decipiens tem menor importância em saúde pública do que o A. simplex, contudo, 
são muitas as espécies de peixes capazes de albergar o parasita, destacando-se 
entre elas o bacalhau (Gadus morhua) e espécies piscívoras bentônicas de grande 
porte (GERMANO; GERMANO, 2001).
Vicente et al. (1985) e Vicente e Pinto (1999) publicaram detalhados 
catálogos sobre as espécies de nematóides parasitos de peixes no Brasil, listando a 
ocorrência das espécies de anisaquídeos e seus respectivos hospedeiros, bem 
como uma diagnose sucinta para superfamílias, famílias e gêneros. 
Paraguassú et al. (2000) realizaram um trabalho sobre os aspectos 
quantitativos do parasitismo por larvas de anisaquídeos do Pagrus pagrus (pargo) e 
apresentaram uma tabela com os gêneros das larvas de anisaquídeos e seus 
respectivos hospedeiros registrados para o litoral do Estado do Rio de Janeiro. 
Luque e Poulin (2004) listaram 44 espécies de peixes marinhos do litoral desse 
Estado parasitados por larvas de anisaquídeos e apontaram a necessidade do uso 
de outras ferramentas para o diagnóstico específico de Anisakis.
No Rio de Janeiro, Bicudo et al. (2005), identificaram três espécies de 
Anisakidae, pertencentes aos gêneros Anisakis, Hysterothylacium e Raphidascaris 
provenientes do fígado e mesentério de cabrinha (Prionotus punctatus). Já, Knoff et 
al (2007), identificaram nove espécies de Anisakidae parasitando musculatura, 
mesentério, estômago, intestino e ovário de Genipterus brasiliensis (congro-rosa), 
distribuídas nos gêneros Anisakis (três espécies), Pseudoterranova (duas espécies), 
Hysterothylacium, Raphidascaris, Terranova e Contracaecum com prevalências 
variando de 1,4 a 13,5%.
 Os parasitos do gênero Anisakis encontram-se na maioria dos oceanos 
e mares, apesar de algumas espécies terem uma distribuição mais restrita. A 
espécie Anisakis simplex, na sua forma larvar, é extremamente freqüente nos peixes 
marinhos, enquanto que os adultos encontram-se em mamíferos marinhos, 
especialmente nas águas polares e nas regiões mais frias das zonas temperadas 
(EIRAS, 1994 b).
A ocorrência de larvas de Contracaecum sp. parasitando peixes marinhos 
no litoral do Estado do Rio de Janeiro foram registradas nos trabalhos de Barros 
(1994), Barros e Amato (1993), Rego e Santos (1983), Rego et al. (1974), São 
Clemente et al. (1994, 1995) e Silva e São Clemente (2001). No Estado de São 
Paulo, esse anisakídeo foi registrado em tucunaré, corvina e traíra (Martins et al. 
2003) e em espécimes de peixes piscívoros (Madi e Silva, 2005). No Estado do 
Maranhão, o parasitismo em traíras foi de 100%, com uma intensidade média de 
infecção de 24,6 parasitas por hospedeiro (Martins et al., 2005). Em Minas Gerais, 
Carvalho et al. (2006), registraram o parasitismo em traíras capturadas em represa, 
com alta prevalência e abundância média, que pode ser o resultado do efeito 
acumulativo via cadeia alimentar.
No território brasileiro, de acordo com os dados apresentados por Martins 
et al. (2005), larvas de Contracaecum sp. já haviam sido registradas em várias 
espécies de peixes de água doce e marinhos, com maior número de notificações 
nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. 
Segundo Ogawa e Maia (1999), as larvas de terceiro estágio (L3) podem 
sobreviver muitos anos na musculatura dos peixes, aumentando em número com o 
tempo de vida do hospedeiro. Dentre as espécies de peixes parasitados, 
destacaram a cavala, a merluza e o bacalhau como hospedeiros intermediários.Amato e Barros (1984) fazem referência sobre o grande número de casos de anisaquíase humana, que ocorrem 
principalmente em países como o Japão, Holanda, Noruega, Estados Unidos, Peru, dentre outros, por apresentarem o 
hábito de ingerir peixes crus ou mal cozidos, em pratos culinários conhecidos, como o “sushi” e o “sashimi” dos orientais, o 
“ceviche” dos hispano-americanos, e o “green herring” dos holandeses.
No Brasil, o hábito de ingerir peixes crus, é de introdução recente no 
cardápio dos estabelecimentos de alimentos das grandes cidades, em que lojas 
especializadas em sashimi e sushi, anteriormente restritas as regiões onde 
predominavam imigrantes asiáticos, tornaram-se comum nos bairros das classes 
mais elevadas (GERMANO et al., 2001).
Segundo Mercado et al. (2001), Ishikura et al. (1993), Eiras (1994b) e 
Adams et al. (1997) Anisakis simplex e Pseudoterranova decipiens são as principais 
espécies envolvidas na infecção humana por nematódeos da família Anisakidae, 
sendo que a prevalência varia de acordo com a época do ano e conforme o 
ambiente marinho. 
As L3 de anisakideos podem produzir cistos nos músculos do hospedeiro, 
dando um aspecto repugnante para o consumidor e, se ingeridos pelo homem ainda 
crus ou mal cozidos, podem originar um granuloma eosinofílico gastrointestinal, de 
interesse médico (MARQUES et al., 1995; NOVAK, 1997; CONNEL, 1998; PERÉZ, 
1999). Os sintomas clínicos incluem dor gástrica ou intestinal e, geralmente ocorre 
uma leucocitose média, embora eosinofilia não seja aparente (CHENG, 1992). 
Kim et al. (2006) relataram quatro casos suspeitos de anisaquíase crônica 
em pacientes que apresentavam dor abdominal, náusea e vômito, associado ao 
histórico de consumo de peixe marinho cru. A imagem do exame endoscópico 
revelou a presença de fomações tumorais no estômago (Figura 4) e o exame de 
sangue demonstrou um aumento do número de eosinófilos e de Imunoglobulina E. 
Figura 4 - Imagem endoscópica do estômago 
revelando a presença de múltiplas lesões 
tumorais erosivas.
Fonte: KIM et al (2006).
Existem relatos de casos de reações alérgicas provocadas pela ingestão 
de peixes contendo larvas de anisakídeos mortas em sua musculatura. A existência 
do potencial alergênico de A. simplex fez com que os pesquisadores considerassem 
esse agente no diagnóstico diferencial de urticária em humanos com relato de 
ingestão de pescado (DAY, 1997; AUDICANA et al; 2002). 
Segundo Zuluoga et al. (2004), a lesão geralmente ocorre com a presença de 
uma única larva no trato digestivo, provocando fenômenos irritativos locais com 
sintomas como náuseas, vômitos e dor epigástrica que pode ser confundida com 
apendicite, úlcera, peritonite e enfermidade de Crohn. Estes autores relatam ainda 
uma segunda forma de apresentação da doença, caracterizada como forma alérgica, 
decorrente da hipersensibilidade imediata, mediada pela imunoglobulina E. 
 As larvas de espécies de Anisakis podem produzir episódios gástrico e 
intestinal, enquanto que, a infecção por Pseudoterranova está mais associada com a 
invasão da parede gástrica. Em alguns casos, após a ingestão das larvas, esses 
nematóides, simplesmente percorrem todo o trato intestinal e são eliminados nas 
fezes. As larvas podem ainda serem encontradas, na língua, faringe, pulmões, 
linfonodos ou pâncreas (ROSALES et al., 1999). As localizações extra-intestinal são 
causadas por aquelas larvas que conseguem atravessar a parede gastrointestinal, 
casando lesões na cavidade abdominal, pâncreas, ovário, útero, linfonodos, fígado, 
pulmões ou tecido subcutâneo (CÉSPEDES et. al., 2000).
Na América, a infecção por anisakídeos em humanos foi reportada nos 
Estados Unidos (LITTLE; MOST, 1973), no Chile (SAPUNAR et al., 1976; 
MERCADO et al, 2001), no Canadá (KOWALEWSKA-GROCHOWSKA et al., 1989) 
e no Brasil (ISHIKURA et al., 1993). 
No homem a prevenção da anisaquíase pode ser feita pela abstinência do 
consumo de peixe cru ou mal cozido. Outros modos de prevenir estas zoonoses 
seria eliminar peixes infectados ou fazer a remoção dos parasitos, examinando-o
sobre uma mesa iluminada (“candling table”) (OKUMURA et al., 1999). Segundo 
Ogawa e Maia (1999), à temperatura acima de 60ºC e sob congelamento e 
estocagem abaixo de -20ºC ocorre à morte do nematódeo.
2.2.2 Eustrongylides sp.
As espécies Eustrongylides tubifex, Eustrongylides ignotus e 
Eustrongylides excisus parasitas de aves aquáticas selvagens, foram reportadas em 
dez áreas geográficas (Tabela 1). Nas aves jovens, a infecção apresenta alta 
mortalidade e nas adultas, a tendência é de apresentarem a forma crônica, podendo 
ser detectada em qualquer época do ano (COLE, 1999).
Tabela 1- Áreas geográficas com registros de ocorrência de Eustrongylides sp.
Eustrongylides
Área Geográfica E. tubifex E. ignotus E. excisus
Estados Unidos X X
Canadá X
Brasil X X
Europa X X
Rússia X X
Oriente Médio X
Taiwan X
Índia X
Austrália X
Nova Zelândia X
 Fonte: COLE, 1999.
 
As larvas ocorrem nos tecidos de peixes, anfíbios e répteis e os adultos 
habitam tipicamente a mucosa do esôfago, pró-ventrículo ou intestino de aves 
aquáticas selvagens. O homem se comporta como hospedeiro acidental, infectando-
se ao consumir peixes crus (PANESAR; BEAVER, 1979; EBERHARD et. al., 1989; 
EIRAS, 1994b).
 As aves recém-infectadas apresentam frequentemente lesões em forma de 
túneis, tortuosas e elevadas, visíveis na serosa do pró-ventrículo, ventrículo ou 
intestino. Os nematóides adultos residem nestes túneis, que são frequentemente 
revestidos com material fibroso e amarelado e, apresentam comunicação com o 
lume intestinal (Figura 5). Estes animais se infectam ao consumirem peixes 
infectados com larvas encapsuladas de quarto estágio (COLE, 1999).
 
 Figura 5 – Larvas de Eustrongylides sp. na serosa 
 intestinal de uma garça branca.
 Fonte: COLE (1999).
As larvas de Eustrongylides sp. encontradas em peixes são de coloração 
vermelho castanho (Figura 6), com comprimento variando de 4 a 7,8 cm (CHUNG et 
al., 1985) sendo comuns nos músculos do tucunaré da Amazônia (Cichla ocellaris) 
(THATCHER; NETO, 1994). 
 Figura 6 - Larvas do nematóide Eustrongylides sp. 
 Fonte: YANONG (2002).
No Brasil, o parasitismo por larvas de Eustrongylides sp. foi relatado na 
musculatura esquelética, no mesentério e na serosa que reveste o fígado (BARROS
et al., 2007); na musculatura e na cavidade geral (MULLER et al., 2004), e apenas 
na musculatura (EIRAS;REGO, 1989). Em surubins (Pseudoplatystoma coruscans e 
Pseudoplatystoma fasciatum), foi relatado apenas no mesentério (SANTOS et al., 
2003). Os primeiros relatos desse ictioparasito estão exarados nos trabalhos de 
Travassos (1925), Travassos et al. (1927), Travassos et al. (1928), Travassos & 
Freitas (1942), Lordello & Monteiro (1959) e Travassos & Kohn (1965). 
Para Wittner et al. (1989) a infecção humana é incomum após o consumo 
de “sushi” e “sashimi”. Afirmam também que em função de não serem conhecidas 
todas as espécies de peixes que servem como hospedeiros intermediários para o 
Eustrongylides, as pessoas que costumam ingerir peixe cru ou cozido insuficiente, 
podem estar correndo risco de contrair eustrongilidíase.
Eberhard et al. (1989) descreveram o caso de um paciente com intensa 
dor abdominal no quadrante baixo direto, com histórico de consumo de pequenas 
carpas não tratadas, do qual, foram removidos dois nematóides identificados como 
larvas de 4º estágio de Eustrongylides. 
Wittner et al. (1989) também relataram um caso de eustrongilidíase em um 
paciente que se queixava de dor no quadrante baixo direito, e foi operado com
suspeitade apendicite. Mas, quando a incisão abdominal foi fechada, um parasita 
avermelhado de 4,2 cm de comprimento surgiu movendo-se nos panos cirúrgicos. O 
tamanho e a morforlogia do parasita indicou ser uma larva de 4º estágio de 
Eustrongylides. O paciente adquiriu o parasita pela ingestão de “sushi” e “sashimi” 
um mês antes de apresentar a sintomatologia clínica.
Não existe informação sobre a tolerância térmica do Eustrongylides, 
entretanto recomenda-se a abstinência de peixe cru ou insuficientemente cozido 
para a prevenção dessa zoonose. Uma das maneiras de prevenção é manter o 
pescado no frio ou eviscerá-lo assim que é embarcado, eliminando a ativação das 
larvas e a subseqüente migração para a musculatura do animal (OKUMURA et al., 
1999).
2.2.3 Ascocotyle (Phagicola) longa
 O trematóide digenético A. (P.) longa pertencente a família Heterophyidae, 
tem ampla distribuição geográfica, abrangendo costas do Mediterrâneo, Atlântico 
norte, Atlântico sul e Pacífico sul. Apresenta um ciclo biológico heteroxeno (Figura 
7), tendo como hospedeiros intermediários o molusco (primeiro) e peixes (segundo) 
e, como hospedeiros definitivos, mamíferos aquáticos e terrestres ou aves, 
especialmente as piscívoras (CARNEVIA et al., 2005). 
Em mamíferos o parasitismo foi descrito em lobos (Arctocephalus australis 
e Otaria flavescens) (MORGADES et al., 2002) e em cães (COSTA et al., 1984; 
COSTA et al., 1990; FREITAS et al., 1972; JORDAN; MAPLES, 1966; MANFREDI;
ONETO, 1997), sendo que nos três primeiros trabalhos de cães, os autores
registram a espécie Phagicola arnaldoi, possível sinônimo de A. (P.) longa. 
 Figura 7 - Ciclo de vida de trematóide Ascocotyle (Phagicola) longa
 Fonte: HUSS; ABABOUCH; GRAM (2003). (Adapatado) 
 Nos peixes, segundo hospedeiro intermediário, representados por 
mugilídeos, as cercárias geram formas encistadas denominadas de metacercárias 
(Figura 8). Na América do Sul, sua ocorrência foi registrada em mugilídeos da 
Venezuela, Peru e Brasil, parasitando as espécies Mugil cephalus, Mugil liza, Mugil 
Verme adulto
(mamíferos e aves 
aquáticas)
Verme adulto
no homem
ovo
miracidio Metacercária no 
peixe
cercária
molusco
trichodon e Mugil platanus (ARMAS DE CONROY, 1986; ALMEIDA;
WOICEECHOVSKI, 1994; CARNEVIA et al., 2005).
Figura 8 - Fotomicrografia do coração de Mugil 
platanus parasitado por metacercárias de 
Ascocotyle (Phagicola) longa, aumentada 40x.
 Fonte: CARNEVIA et al. (2005).
Okumura (2001) analisou a eficiência de duas técnicas utilizadas na 
pesquisa de metacercárias de A. (P.) longa em amostras de “sushi” e “sashimi” 
comercializados na região metropolitana de São Paulo. Os resultados indicaram que 
o método de inspeção na a mesa de inspeção (“candling table”) foi ineficiente na 
detecção do parasitismo, já que na técnica de digestão enzimática comprovou-se 
positividade em 16,66% das 162 amostras examinadas. Esta ineficiência diagnóstica 
foi relacionada com o pequeno tamanho do cisto (no máximo 1mm) e sua coloração, 
que é a mesma da musculatura do peixe.
Oliveira et al. (2007) relataram a ineficiência do exame macroscópico no 
diagnóstico do parasitismo nas vísceras, pois não encontraram nenhuma alteração 
sugestiva. Entretanto, no exame histopatológico realizado em vários órgãos como 
rins, fígado, coração e amostras de músculos, a metacercária foi facilmente 
identificada e as lesões nestes locais foram muito semelhantes. Através dos cortes 
histológicos do coração, dos rins e do fígado, foi verificado que o maior número de 
metacercárias foi encontrado no tecido renal, com 58,6%, seguido do fígado e do 
coração, com, respectivamente, 21,6 e 19,7%.
Elevados percentuais de infecção em tainhas foram obtidos no Peru, por 
Armas de Conroy (1979), sendo que 72,5% das metacercárias foram encontradas no 
coração, fígado e mesentério de amostras; na Venezuela, por Saraiva (1992) que 
detectou o parasitismo em 92,5% dos corações examinados; no Brasil, por Antunes
e Dias (1994), no litoral de Santos (SP), registrando um índice de 100% de 
espécimes parasitados, sendo o coração, o fígado e o tecido muscular os mais 
acometidos. Ainda no Brasil, nas regiões de Cananéia e Registro (SP), Dias e
Woiciechovski (1994) também registraram 100% de positividade em amostras de 
peixes com mais de 4 cm de comprimento total.
Trabalhos desenvolvidos com amostras de Mugil sp. de São Paulo 
(RANZANI-PAIVA,1995) e do Rio de Janeiro (KNOFF et al.,1997), registraram 
índices de infecção no fígado, de 50% e 35,3%, respectivamente. 
 Oliveira et al. (2007) estudaram a infecção em 100 exemplares de alevinos 
de M. platanus e não detectaram a infecção. Resultados similares também foram 
registrados por Almeida Dias (1997) e por Armas de Conroy (1986). Tal 
comportamento parasitário não foi observado por Carnevia et al. (2005), pois 
detectaram a infecção em 10,3% dos alevinos capturados no rio da prata (Uruguai).
Cheng (1973) comentou que não existem dúvidas de que a transmissão 
da fagicolose para o ser humano ocorre pelo consumo de tainha crua, na forma de 
“sushi” e “sashimi”, de modo que esse pescado representa um reservatório da 
infecção para o homem e para outras espécies animais, já que a A. (P.) longa
parece não requerer alta especificidade do hospedeiro.
O homem desenvolve sintomas típicos de parasitose, como cólicas, 
flatulência, diarréia e outros eventos característicos de verminose em geral 
(OVERSTREET, 1978; CHIEFFI et al; 1990), inclusive emagrecimento (DIAS; 
WOICIECHOVSKI, 1994).
Chieffi et al (1990) relataram a infecção em um paciente com histórico de 
ingestão de tainha crua na região de Cananéia, SP, que revelou no exame físico, 
dores no quadrante baixo direito e hipermotilidade intestinal. O exame de fezes 
acusou presença de ovos de Phagicola (provavelmente A. (P.) longa), com uma 
carga parasitária de 120 ovos por grama de fezes e no hemograma constatou-se 
uma discreta eosinofilia. 
No município de registro, próximo a Cananéia (SP), também foram 
registrados nove casos de fagicolose em pacientes que tinham ingerido carne de 
tainha. Clinicamente apresentaram flatulência e diarréia e, no exame laboratorial, 
uma discreta eosinofilia (CHIEFFI et al; 1992).
OKUMURA et al., (2001) ao examinaram 101 peças de pratos de “sashimi” 
e “sushi” elaborado com tainhas comercializados na grande São Paulo, verificaram 
que 15 apresentavam-se parasitadas, demonstrando um fator de risco para o 
consumidor.
A principal forma de prevenção é a abstinência de ingestão de carne de 
tainha crua ou insuficientemente cozida é o principal meio de prevenção. A 
aclimatação de tainhas em água doce pode atuar como mais um recurso no controle 
da infecção por Phagicola nos hospedeiros vertebrados, inclusive o homem 
(CHIEFFI et al.; 1992; DIAS; WOICIECHOVSKI, 1994).
Uma outra forma de prevenção que produz a inativação das metacercárias 
é o tratamento térmico a 100ºC/30 minutos ou 200ºC/15 minutos e, a defumação a 
121ºC por três horas. Recomenda-se ainda a eliminação completa das vísceras da 
tainha antes de cozê-las (SARAIVA, 1991).
Antunes et al. (1993) avaliaram os efeitos da ionização gama para controle 
de P. (A.) longa em tainhas das espécies Mugil curema e M. platanus mantidas em
condições de estocagem e no consumo cru. A dose ionizante aplicada variou de 1,0 
to 10.0 kGy (2.21 kGy/h). As doses abaixo de 4,0 kGy diminuíram a mobilidade do 
parasito e aquelas de 4,0 e 10,0 kGy inviabilizaram as metacercárias. Os dados
indicam a dose de 4,0 kGy com a de controle do trematóide, sem alterar as 
características de odor, cor ou aparência dasamostras tratadas.
Moraes (2005) estudou a radiossensibilidade das metacercárias de A. (P.) 
longa, frente ao tratamento com radiação ionizante (raios gama e feixes de elétrons) 
e à sensibilidade ao congelamento, em peixes artificialmente infectados. Os 
resultados indicaram uma maior efetividade no tratamento com o acelerador de 
elétrons bem como, ao congelamento à temperatura de -16°C.
2.2.4 Cestódeos 
2.2.4.1 Diphyllobothrium sp.
 
 Existem várias espécies pertencentes ao gênero Diphyllobothrium, sendo a 
nomenclatura do gênero ainda duvidosa, devido ao escasso conhecimento sobre os 
limites da variação morfológica intraespecifica e os fatores que incidem em tais 
variações. O D. latum é a espécie mais importante, sendo conhecido como a tênia 
do peixe, que causa a difilobotriose (OKUMURA et al., 1999; EMMEL et al., 2006).
 É um cestóide conhecido como um dos maiores parasitas intestinais do 
homem (Figura 9), apresentando diversas espécies conhecidas por infectar seres 
humanos, porém a espécie D. latum é a mais freqüentes. Ovos são liberados pelas 
proglotes e eliminados nas fezes do hospedeiro. Sob condições apropriadas, geram 
embriões denominados de coracídios, que eclodem e são ingeridos por crustáceos 
(Cyclops e Diaptomus), transformando-se em larvas procercóides. Os peixes 
ingerem este crustáceo infectado e as larvas procercóides migram para o músculo 
do peixe, gerando as larvas plerocercóides. A transmissão pode ocorrer, quando um 
peixe de maior tamanho se alimenta de um peixe de menor tamanho contaminado. A 
infecção em humanos ocorre quando são ingeridos peixes crus ou mal cozidos 
contendo a larva infectante plerocercóide, que fixa-se no intestino e atinge o estágio 
adulto. Outros mamíferos e aves podem ser infectados (DDTHA, 2009) (Figura 10).
Figura 9 - Imagem das proglotes do 
Diphyllobothrium sp. no intestino do homem. 
Fonte: www.gastrolab.net/pa-178.htm
Figura 10 - Ciclo biológico do cestóide Diphyllobothrium latum.
Fonte: DDTH (2009).
A liberação de ovos em ambiente aquático (rios, lagos, etc) mantém o ciclo 
de infecção na natureza, pois propicia em duas semanas a formação do coracídio, 
que será ingerido por um copépode, geralmente do gênero Cyclops (América), 
Endiaptomus (Europa e Ásia), Acarethodiaptomus (nos Urais), Eurytemora (América 
do Norte) e Beckella (na Áustria). Estes serão ingeridos por peixes, que 
apresentarão as larvas na musculatura, gônodas, celoma, fígado e outros órgãos 
(BARROS et al., 2002). Os plerocercóides podem parasitar peixes predadores que, 
ADULTO NO 
INTESTINO
OVOS NAS 
FEZES
CORACÍDIOS ECLODEM E SÃO 
INGERIDOS POR CRUSTÁCEOS
GERAÇÃO DE 
LARVAS 
PROCERCÓIDES
CRUSTÁCEOS 
SÃO INGERIDOS 
POR PEIXES
LARVAS PROCERCÓIDES GERAM
LARVAS PLEROCERCÓIDES 
MAMÍFEROS (INCLUSIVE O HOMEM) 
E AVES SE INFECTAM
LARVAS PROCERCÓIDES 
FIXAM-SE NA MUCOSA DO 
INTESTINO
nesse caso, terão o papel de hospedeiros paratênicos na cadeia biológica (EIRAS, 
1994b).
As larvas plerocercóides de D. dendriticum, nos peixes, migram através do 
estômago para as vísceras e superfícies da cavidade corporal, gerando cistos 
peroláceos (Figura 11 A e B). Já as larvas de D. latum, instalam-se no tecido 
muscular e não encistam-se (STEWART; BERNIER, 1999).
 
Figura 11 – Larva de Diphyllobothrium dendriticum em Salmonídeo. Cistos peroláceos de larvas no 
estômago (A). Larvas encistadas (círculo) e livres (seta) no estômago (B).
Fonte: STEWART; BERNIER (1999).
Os plerocercóides de espécies de tênias pseudofilídeas, dentre as quais o 
gênero mais importante é Diphyllobothrium, pode alcançar o homem que ingere 
pescados crus (OKUMURA et al., 1999), sendo uma das antropozoonoses de maior 
importância sob o ponto de vista de saúde pública, causada por cestóides (BARROS 
et al., 2002).
A difilobotríase é uma endoparasitose humana frequentemente, causada 
por Diphyllobothrium spp., principalmente em regiões onde diversos peixes, como 
salmonídeos e trutas, atuam como hospedeiros intermediários. A ocorrência desta 
zoonose já foi registrada em países como Japão, Canadá, EUA, Chile entre outros 
(VOIGHT; KLEINE, 1975; EMMEL et al., 2006).
As áreas de maior prevalência se encontram na parte oriental e nororiental 
da Finlândia, norte da Suécia e da Noruega e, principalmente onde existem muitos 
lagos, como ocorre em Leningrado, karelia e Estônia. Na Sibéria, Europa e África 
A B
também é alta a incidência. No Alasca, verifica-se que 30% dos esquimós estão 
parasitados (BARROS; MENDES; SANTOS, 2002).
Eiras (1994b) cita que D. latum é o maior cestóide que pode parasitar o 
homem, com os adultos podendo atingir 25m de comprimento e conter mais de 4000 
proglotes. O homem também é susceptível ao D. dentriticum, cujo ciclo vital é similar 
ao de D. latum, o qual pode persistir durante muitos anos no intestino do homem, 
enquanto que o D. dentriticum é expulso após alguns meses.
Na Groelândia e Japão, foram detectados D. cordatum infectando o 
homem através do consumo de peixes marinhos. Seus hospedeiros definitivos são 
principalmente as focas marinhas. No Alasca e Canadá é o D. ursi que infecta o 
homem, devido ao consumo de salmões do gênero Onchorhynchus, tem como 
principais hospedeiros definitivos os ursos (Ursos arctos e U. americanus) (EIRAS, 
1994b). Outros casos humanos no Alasca e Sibéria devem-se a D. dalliae, um 
difilobotrídeo de cães, raposas e gaivotas, cujos plerocercóides encontram-se no 
peixe Dallia pectoralis (ACHA; SZYFRES, 1986).
O homem infecta-se pelo consumo de pescado, ovas e fígados (de peixes) 
crus, ligeiramente salgados ou submetidos à defumação sem aquecimento 
suficiente. Os plerocercóides podem parasitar peixes predadores que, nesse caso, 
terão o papel de hospedeiros paratênicos na cadeia biológica (EIRAS, 1994b).
A infecção humana não se limita às zonas endêmicas, pois pode ser 
disseminadas pelo transporte e consumo de peixe infectado refrigerado (ACHA; 
SZYFRES, 1986).
Acha e Szyfres (1986) alertam que existem indicativos de que peixes 
anádromos (que migram anualmente de águas marinhas para águas doces) 
poderiam ser uma fonte comum de infecção por plerocercóides de diferentes 
espécies de Diphyllobothrium, tanto para mamíferos terrestres como marinhos. 
Assim, os peixes de um ecossistema de água doce que se alimentam de peixes 
anádromos poderiam adquirir larvas de origem marinha e os mamíferos terrestres 
poderiam infectar-se com elas, ao consumi-los crus.
No homem, um ou mais cestódeos, fixados na mucosa do íleo, ou jejuno 
(menos freqüente), crescem cerca de 5cm/dia, e apresentam condições de produzir 
ovos num período de 25-30 dias. Em pacientes que albergam grande número de 
parasitas, pode haver obstrução mecânica do intestino, em outros pode haver 
transtornos digestivos, apatia e insensibilidade de extremidades, diarréia, fome ou 
anorexia, vômitos de parasitas, ardor no estômago, tonturas e glossites. A 
complicação mais grave consiste numa anemia megaloblástica, que ocorre em cerca 
de 2% das pessoas parasitadas. A sintomatologia é similar à da anemia perniciosa e 
deve-se ao bloqueio da absorção da vitamina B12 (VOIGHT; KLEINE, 1975; ACHA; 
SZYFRES, 1986; LEITÃO, 1983; FAUST et al., 1987; EIRAS, 1994b; BARROS et al., 
2002), pois o parasita interfere na combinação da vitamina com o fator intrínseco e, 
deste modo, há uma deficiência em vitamina B12. Frequentemente, os pacientes 
são subictéricos, têm febre, edemas, hemorragias e parestesias nas pernas, além 
dos sintomas supracitados (ACHA; SZYFRES, 1986). 
No Brasil, dois casos foram relatados em 1915, um na Bahia em um 
marinheiro escandinavo e outro em São Paulo, em uma francesa que residia na 
Suíça.Recentemente, um brasileiro que residia em Porto Alegre viajou para Europa 
e New Orleans, tendo consumido, algumas vezes, camarão e peixe (aparentemente 
não crus). Após alguns meses, relatou dores abdominais leves e azia e, através de 
suas fezes, foram eliminadas proglotes. No exame parasitológico, comprovou-se que 
as proglotes peretnciam a espécie D.latum (Figura 12 A e B). A terapia utilizada pelo 
paciente foi Praziquantel 600mg (EMMEL et al., 2006).
A. B.
 Figura 12 – Adulto (A) e ovos de D.latum medindo aproximadamente 64 x 45μm (B).
 Fonte: EMMEL et al. (2006).
Num período de um ano, de acordo com o Centro de Vigilância 
Epidemiológica do Estado de São Paulo, foram notificados 23 casos da parasitoses, 
sendo 11 no primeiro trimestre de 2005, cuja fonte de infecção comum entre eles 
seria o salmão importado por uns poucos fornecedores. Entretanto, não se pode 
descartar a possibilidade de que espécies de peixes paulistas ou da costa brasileira, 
utilizadas no preparo de “sushis” e “sashimis”, estejam contaminadas (EDUARDO et 
al., 2005).
No homem, a prevenção basea-se na educação sanitária da população 
para que se abstenha de consumir peixes crus ou insuficientemente cozidos, fazer o 
congelamento do pescado a -18ºC por 48 horas em áreas endêmicas antes do 
transporte para o mercado e realizar medidas de controle contra a contaminação dos 
rios e lagos. Uma cozedura de todo o peixe proveniente de regiões endêmicas 
também é importante para evitar-se a doença e não alimentar os animais 
domésticos com restos de peixe cru (ACHA; SZYFRES, 1986).
2.2.4.2 Trypanorhyncha 
Além do Diphyllobothrium, existem outros grupos de cestódeos que são 
encontrados na forma de estágios larvais nos peixes marinhos e que pertencem à 
ordem Trypanorhyncha, são considerados poucos patogênicos, porém tem grande 
importância na inspeção higiênico-sanitária de peixes a serem comercializados 
(AMATO et al., 1990). 
A ordem Trypanorhyncha é caracterizada pela presença, no ápice do 
escólex, de quatro tentáculos eversíveis, que sustentam um complexo de diversos 
ganchos utilizados para a fixação dos helmintos adultos ao trato gastrointestinal de 
seus hospedeiros definitivos (peixes teleósteos, elasmobrânquios e uma variedade 
de invertebrados marinhos). O estágio larval, conhecido como plerocerco ou pós-
larva, é encontrado nas cavidades corpóreas de peixes teleósteos, crustáceos ou, 
raramente, répteis (SÃO CLEMENTE et al., 2004; OLIVEIRA, 2005; SÃO 
CLEMENTE et al., 2007). 
De acordo com as publicações disponíveis até o momento sobre a fauna 
de eucestóides marinhos registrados para o Brasil, a ordem Trypanorhyncha é a que 
se encontra melhor estudada e está representada por cerca de 20 espécies, 
incluídas em 8 famílias (BUENO, 1998). Os vermes adultos habitam o intestino de 
peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) e as formas larvares são encontradas na 
cavidade celômica e nas musculaturas de peixes teleósteos, crustáceos e moluscos 
cefalópodes (LIMA, 2004). 
Experimentalmente, Sakanari e Moser (1989) elucidaram o ciclo evolutivo 
de Lacistorhynchus dollfusi, parasita da válvula espiral de tubarão-leopardo (Triakis 
semifasciata), conseguindo infectar crustáceos Copepoda Tigriopus californicus
como hospedeiros intermediários primários, onde se desenvolveu a larva 
procercóide, e peixes-mosquito (Gambusia affinis) como hospedeiros intermediários 
secundários, onde se desenvolveram as larvas plerocercóides infectantes para os 
tubarões. As larvas plerocercóides típicas são envolvidas por uma espessa cápsula 
ou vesícula denominada de blastocisto (BUSH et al., 2001). A dinâmica do ciclo 
evolutivo geral do cestóide Trypanorrhyncha está expressada no trabalho de Grabda 
(1991) (Figura 13).
 Figura 13 - Ciclo evolutivo geral de Trypanorrhyncha
HOSPEDEIRO DEFINITIVO
(ELASMOBRÂNQUIAS)
OVOS FÉRTEIS
ÁGUA
LARVA CORACÍDIO
1º HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO 
(MICROCRUSTÁCEO)
 CORACÍDIO → PROCERCÓIDE
MICROCRUSTÁCEO INGERIDO PELO 2º 
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
(PEIXE, CRUSTÁCEO OU MOLUSCO) 
PROCERCÓIDE → PLEROCERCÓIDE 
OU PLEROCERCO (BLASTOCISTO)
A maioria das espécies desses helmintos foi descrita, tendo como base as 
formas larvais, formadoras ou não de cistos, coletadas de uma inúmera espécie de 
peixes teleósteos marinhos de interesse comercial (BUENO, 1998; LIMA, 2004). A 
falta de conhecimento das formas adultas, alojadas em seus hospedeiros definitivos, 
está associada aos trabalhos de vigilância sanitária de produtos destinados ao 
consumo humano (BUENO, 1998), demandando, portanto, publicações que 
praticamente investigam os cestóides da fauna marinhas brasileiras direcionadas as 
infrapopulações de parasitos associados a espécies de peixes teleósteos de 
interesse comercial (SÃO CLEMENTE, 1986a; AMATO et al., 1990, PEREIRA 
JUNIOR, 1993; TAKEMOTO et al., 1996) e a peixes cartilaginosos (REGO, 1977;
SÃO CLEMENTE; GOMES, 1989; SÃO CLEMENTE; GOMES, 1992).
Os parasitos desta ordem podem ser considerados muito pouco 
estudados quando comparados com outros helmintos. O conhecimento obtido sobre 
estes helmintos apresenta, ainda hoje, muitas lacunas em relação às respectivas 
biologias e, principalmente, as interações com seus hospedeiros (LIMA, 2004).
A prevalência e intensidade de infecções altas em determinadas espécies 
de peixes, como por exemplo, da garoupa São Tomé (conhecida como garoupa-
bichada), levam a diminuição da aceitabilidade desta espécie por parte dos 
compradores. Em nível internacional, é fato a condenação de partidas de 
determinadas espécies de peixes, pelos países importadores, devido ao parasitismo 
muscular por Trypanorhyncha (LIMA, 2004).
Segundo Faria e Silva1 (apud Lima, 2004), os registros de parasitismo 
remontam a 1934, com registros desse grupo de cestóide em 21 espécies de peixes 
teleósteos e elasmobrânquios desembarcados no antigo Entreposto Federal de 
Pesca do Rio de Janeiro (CIBRAZEN), mas, denominando-os, genericamente, de 
Tetrarhynchus sp. Na década de 70, a literatura brasileira registra a contribuição do 
trabalho de Santos e Zogbi (1971) desenvolvido no município de Rio Grande, no Rio 
Grande do Sul, que reportaram a presença de Tetrarhyncus fragilis na musculatura 
de seis, de dez peixes teleósteos avaliados. Outras contribuições registradas foram 
os trabalhos de REGO et al. (1974), REGO e DIAS (1976) e REGO (1977). 
_______________________________
1FARIA, A.; SILVA, A. D. Garoupa Vermelha de Abroulhos e São Tomé “Garoupa Bichada” 
Tetrarhynchus (Primeira Nota). I Congresso Nacional de Pesca. Rio de Janeiro, 1:237-250, 1934.
O aspecto higiênico-sanitário da parasitose passou a ganhar maior 
importância na década de 80, com os trabalhos de São Clemente (1986a, 1986b, 
1987) em Micropogonias furnieri (corvinas). Neste último trabalho, o autor encontrou 
uma prevalência de 38% (n=1000), assinalando o parasitismo pelos cestóides 
Trypanorhyncha Callitetrarhynchus gracilis, P. caryophyllum, P. heteracanthum e 
Pterobothrium sp., que apresentaram comportamentos diferenciados em relação à 
área corpórea do peixe parasitada. 
No Pará, Rego (1987) ao examinar blastocistos de Trypanorhyncha 
colhidos em vísceras dos peixes fluviais Brachyplatytoma flavicans (dourada) e 
Brachyplatytoma vaillanti (piramutaba) e do peixe estuarino Bagrus marinus
(bandeirada), procedentes da região de Belém, Pará, identificou larvas de 
Pterobothrium crassicolle.
Amato et al. (1990) contribuíram com novas pesquisas, estudando o 
parasitismo no bonito (Katsuwonus pelamis), para atender às reclamações de 
importadores europeus desse peixe, feitas às autoridades brasileiras, alegando que 
o produto exportado continha vermes.Após a análise de 28 exemplares, foi 
observado parasitos apenas na musculatura abdominal, com uma prevalência de 
92,7% e intensidade média de 86,3 plerocercos por peixe e, a partir desse resultado, 
sugeriram a remoção dessa parte do corpo que, freqüentemente, mostrava-se 
parasitada, como alternativa para a exportação do pescado.
 São Clemente et al. (1991, 1995, 1997) registraram novos casos em 
Netuma barba, Balistes vetula e Pomatomus salator, respectivamente. 
Posteriormente, Silva e São Clemente (2001) registraram novas infecções em 
Coryphaena hippurus e Lutjanus synagris, todos capturados ao longo do Estado do 
Rio de Janeiro.
Ainda na década de 90, foi realizado o primeiro levantamento de cestóides 
Trypanorhyncha em elasmobrânquios no litoral do Rio Grande do Sul, sendo 
registrados índices de prevalência e intensidade parasitária em 154 espécimes, 
pertencentes a oito espécies diferentes de tubarões (SÃO CLEMENTE et al., 1991). 
O Estado de São Paulo representa um hiato entre os estados do Rio de 
Janeiro e Rio Grande do Sul no que diz respeito ao estudo de eucestóides, tanto os 
de água doce quanto os marinhos. Isto é, poucos estudos foram realizados em 
relação a presença destes eucestóides em peixes do litoral paulista, com registros 
de dois trabalhos sobre estes helmintos, parasitando medusas e peixes teleósteos,
provenientes da região de Santos (VANNUCCI MENDES, 1944a; VANNUCCI 
MENDES, 1944b; BUENO, 1998). 
Palm (1997) desenvolveu um estudo com o objetivo de pesquisar 
cestódeos Trypanorhyncha na musculatura e vísceras de peixes explorados 
comercialmente na costa tropical brasileira, foram analisadas amostras de 798 
peixes do nordeste brasileiro, pertencentes a 57 espécies. Foram identificadas 11 
espécies de Trypanorhyncha de 15 espécies de peixes, sendo que a maioria dos 
vermes ocorreu na cavidade corpórea e mesentéria, e em apenas dois casos a 
musculatura estava parasitada com: C. gracilis em Haemulon aurolineatum 
(corcoroca) e Pterobothrium kingstoni em Citharichthys spilopterus (linguado). O 
resultado levou o autor a concluir que a cestodofauna da zona litorânea tropical 
brasileira é similar a da costa oeste africana, onde estudou a parasitofauna de 45 
espécies de peixes do estuário nigeriano. Cinco dos cestódeos encontrados são 
comuns as 2 costas litorâneas.
Quanto à localização das larvas, Overstreet (1977) observou que a 
presença de plerocercóides de Pterobothrium heteracanthum ocorreu com maior 
freqüência no centro da musculatura corporal, seguido das áreas adjacentes à 
coluna vertebral, e em menor intensidade na musculatura abdominal, em peixes 
Sciaenidae. 
São Clemente et al. (1991) analisaram espécimes de bagre (Netuma 
barba), detectando parasitismo por larvas de e Pterobothrium crassiolle localizadas 
na massa muscular e, por Callitetrarhynchus gracilis e Callitetrarhynchus speciosum
na serosa abdominal e vísceras. São Clemente et al. (1993), assinalaram a 
presença de Dasirhynchus giganteus localizado na musculatura da cabeça de 
xaréus (Caranx hippos), pescados no litoral do Estado do Pará.
Oliveira (2005) pesquisou o parasitismo em espécimes de Arius proops 
(uritinga), Cynoscion acoupa (pescada amarela), Cynoscion virescens (pescada 
cambuçú) e Macrodon ancylodon (pescadinha-gó), capturados no litoral norte do 
Brasil. A biota de Trypanorrhyncha foi representada por blastocistos das espécies 
Poecilancistrium caryophyllum, (Figura 14), Pterobothrium heteracanthum (Figura
15), Callitetrarhynchus gracilis (Figura 16) e Pterobothrium crassicolle (Figura 17). 
Entre os peixes parasitados, 85,19% apresentavam parasitismo na região abdominal 
(serosa e musculatura abdominal) e 81,48% parasitismo muscular (musculatura 
abdominal e corporal).
 
Figura 14 - Blastocistos de Poecilancistrium 
caryophyllum em musculatura do corpo de 
Cynoscion acoupa (A) e livre, destacando seu 
prolongamento caudal (B).
Fonte: OLIVEIRA (2005).
 
bs
bv
Figura 15 - Blastocisto de Pterobothrium
heteracanthum em serosa abdominal parietal de 
Arius proops.
Fonte: OLIVEIRA (2005).
Figura 16 - Blastocisto de Callitetrarhynchus 
gracilis em musculatura abdominal de Cynoscion 
acoupa. em formato de vírgula (bv) e saculiforme 
(bs).
Fonte: OLIVEIRA (2005).
Figura 17 - Visualização de blastocisto de 
Pterobothrium crassicolle em musculatura 
abdominal de Arius proops com auxílio da 
mesa de inspeção “candling table”.
Fonte: OLIVEIRA (2005).
Mesmo não possuindo potencial zoonótico, os helmintos da ordem 
Trypanorhyncha adquirem importância higiênica e determinam prejuízos econômicos 
significativos, porque, a presença das formas larvares na musculatura, peritônio, 
mesentério e fígado, conferem ao pescado um aspecto repugnante, levando-o a ser 
rejeitado pelo consumidor, ou descartado pela inspeção sanitária (SÃO CLEMENTE 
et al., 2004; LIMA, 2004). 
 A presença de larvas de Trypanorrhyncha na musculatura não apresenta 
risco de infecção para humanos, entretanto afeta a estética do pescado pelo aspecto 
repugnante, provocando rejeição por parte do consumidor e a comercialização 
impedida pela fiscalização sanitária (SÃO CLEMENTE et al., 2004).
O consumo de peixe cru contendo larvas de Trypanorhyncha pode levar a 
infecção acidental humana, embora nada tenha sido comprovado neste aspecto. 
Contudo, no Japão houve um caso de um consumidor que ao se alimentar de um 
prato contendo pescado cru teve uma larva de Nybelinia surmenicola, da ordem 
Trypanorhyncha fixada em seu palato mole (KIKUCHI et al., 1981). São Clemente et 
al. (2001) encontraram dois casos na literatura de Hepatoxylon trichiuri
diagnosticados vivos em fezes humanas, um em Johannesburg (África do Sul) e 
outro em Maputo, Moçambique.
A
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas helmintosede em peixes resultam em perdas econômicas na 
indústria pesqueira, uma vez que as autoridades sanitárias proíbem a 
comercialização de peixes com larvas visíveis, em função de riscos para a saúde 
coletiva, por elas transmitirem doenças ou por conferirem um aspecto repugnante.
A cada dia novos casos de infecções humanas por helmintos 
adquiridos pelo consumo de pescado vêm sendo registrados no mundo inteiro, 
inclusive no Brasil, em especial, nos consumidores de pratos preparados com peixe 
cru (“sushi” e “sashimi”).
A prevenção baseia-se na abstinência da ingestão de pescado cru ou 
mal cozido insuficientemente, embora isso seja praticamente impossível em algumas 
regiões orientais, devido aos fortes hábitos culturais e alimentares da população.
É necessário um trabalho de educação sanitária para a 
conscientização da população sobre os perigos da ingestão de pescado cru ou mal 
cozido, assim como, desenvolver técnicas eficientes para a localização e inativação 
completa e segura dos parasitos na carne de pescado e, evitar a importação de 
peixes provenientes de regiões endêmicas de zoonoses parasitárias. 
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