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CAPÍTULO 3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Analisar os principais métodos de avaliação de investimento. Compreender o desenvolvimento do cálculo de taxas e tempo de retorno de investimentos. Analisar a viabilidade fi nanceira de projetos e novos negócios. Avaliar as melhores oportunidades para investimento com base no comparativo de métodos de análise de investimentos. 74 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 75 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 CONTEXTUALIZAÇÃO Normalmente, uma decisão de investimento só é tomada após a análise de vários projetos apresentados, a escolha é feita com base na adequação do projeto com as necessidades e condições da empresa. A escolha da alternativa mais viável depende de vários fatores, por exemplo, o tempo disponível para implantação do projeto; a maior ou menor facilidade de manutenção e assistência técnica e a tendência da evolução econômica como um todo. Esses são apenas alguns dos principais fatores, porém o fator mais importante a ser levado em consideração pelos administradores da empresa é o que se refere ao retorno fi nanceiro esperado, e entre as várias alternativas, a empresa sempre irá optar pela mais rentável. Portanto, o foco principal do nosso estudo está centrado no entendimento dos principais métodos de avaliação de projetos de investimento. INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Para realizar a avaliação de projetos de investimentos, os gestores se utilizam de um conjunto de técnicas e “métodos” que buscam determinar a viabilidade econômico-fi nanceira deles. É importante ressaltar que essa análise deve levar em consideração uma determinada taxa de retorno, também conhecida como taxa mínima de atratividade (TMA). Para determinar o tempo de retorno de um projeto de investimentos podem- se utilizar diversas técnicas. Há técnica que leva em consideração apenas as entradas de caixa operacional para abater as saídas de caixa, proporcionando aos gestores obter o tempo de retorno, determinado em número de períodos. Porém, as técnicas mais avançadas consideram o valor do dinheiro no decorrer do tempo, para isso, realizam a atualização dos valores presentes líquidos, aplicando a estes uma taxa mínima de atratividade. Nesta perspectiva, comumente esses parâmetros são medidos por meio das seguintes técnicas: Payback (prazo de retorno do investimento inicial), TIR (Taxa Interna de Retorno) e/ou pelo VPL (Valor Presente Líquido). 76 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA a) Payback Payback, traduzido para o português, pode ser entendido como pagamento/ retorno, ou seja, em administração é um indicador de tempo de retorno de investimento. Representa o período que a empresa levará para recuperar aos seus cofres o dinheiro aplicado em um projeto ou investimento. O período de payback, de aplicação bastante generalizada na prática, consiste na determinação do tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do investimento) seja recuperado por meio dos benefícios incrementais líquidos de caixa (fl uxos de caixa) promovidos pelo investimento (ASSAF NETO, 2012, p. 358). Trata-se de uma informação bastante importante quando se determinam as opções de investimento, pois atuam como um indicador de risco. Ao se calcular o payback, os gestores não consideram apenas os proveitos futuros, mas também o tempo para obter retorno e o valor total que será retirado do caixa. Com base no payback, que é um método de tomada de decisões, o gestor pode fazer comparativos entre projetos e investimentos de forma mais assertiva e produtiva. Essa técnica é muito utilizada por empresas de grande porte para realizar a análise de pequenos projetos, com pequenos períodos de retorno, é também muito utilizada por pequenas empresas para calcular a maioria de seus projetos, principalmente pela facilidade de aplicação desta técnica. O cálculo do payback apresenta a quantidade de períodos necessários para que as receitas geradas pelo projeto recuperem o investimento inicial realizado pela empresa. Portanto, o payback de um projeto de investimento será aceito se for menor que o número de períodos considerados aceitáveis pela empresa. Para calcular o payback, podemos usar duas fórmulas, uma pela quantidade de tempo (anos ou meses) que o valor investido levará para voltar como lucro, que caracteriza o Payback Simples. E a outra forma, que é bastante similar, porém considera uma taxa de desconto dos valores, levando em conta o período, sendo chamado de Payback Descontado. • Payback simples Payback simples é o complemento do fl uxo de caixa acumulado. É o resultado da receita menos as despesas, e quantos períodos contábeis são obrigatórios para que o fl uxo de caixa fi que equilibrado, ou seja, zerado. Este é o tempo do payback, quando as receitas se equiparam ou excedem as despesas e, por fi m, o investimento feito estará pago. 77 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 Para exemplifi car, uma organização investe R$ 30.000,00 em novas máquinas. Levando em conta o seu fl uxo de caixa, dentro de receitas e despesas, e considerando o lucro previsto de R$ 6.000,00 a mais por mês, projetado com o aumento de produção que o maquinário irá proporcionar, é esperado que em um período de cinco anos a empresa recupere o investimento. Sendo assim, entende- se que o payback referente a este investimento é de cinco anos. O quadro a seguir apresenta os fl uxos desta operação: Quadro 1 – Payback simples projeto A – fl uxo convencional Ano Investimento – Projeto ASaída Entradas Saldos 0 (30.000,00) (30.000,00) 1 6.000,00 (24.000,00) 2 6.000,00 (18.000,00) 3 6.000,00 (12.000,00) 4 6.000,00 (6.000,00) 5 6.000,00 0,00 6 6.000,00 6.000,00 7 6.000,00 12.000,00 8 6.000,00 18.000,00 Fonte: O autor. Fonte: O autor. Considerando que esta mesma organização tenha a possibilidade de investir em um segundo projeto (Projeto B) que custará R$ 40.000,00, com potencial para gerar lucro previsto de R$ 10.000,00 a mais por mês, projetado a partir do aumento de produção que este novo maquinário irá proporcionar, é esperado que em um período de quatro anos a empresa recupere o investimento. Quadro 2 – Payback simples projeto B – fl uxo convencional Ano Investimento – Projeto BSaída Entradas Saldos 0 (40.000,00) (40.000,00) 1 10.000,00 (30.000,00) 2 10.000,00 (20.000,00) 3 10.000,00 (10.000,00) 4 10.000,00 0,00 5 10.000,00 10.000,00 6 10.000,00 20.000,00 7 10.000,00 30.000,00 8 10.000,00 40.000,00 78 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Assim, entende-se que o retorno do capital investido – payback – referente ao projeto B ocorrerá um ano antes do previsto para o projeto A. • Payback descontado O payback descontado também tem o cálculo com base no fl uxo de caixa, a partir do resultado entre a receita e as despesas. A diferença é que se soma ao cálculo uma taxa de desconto, que tem como função fazer a reparação dos valores pelo período. Este processo leva em consideração que um valor investido em um prazo de um ano não tem o mesmo valor em alguns anos. Assim, entende- se que o investimento pode levar mais tempo para se pagar, levando em conta desvalorizações, ajustes monetários etc. Nesta perspectiva, vamos analisar o projeto B, que realizado anteriormente sob a ótica do payback simples apresentou retorno total do investimento no quarto ano, porém, agora aplicaremos uma taxa de desconto de 9% a.a., calculando cada uma das entradas anuais descontando esta taxa. O quadro a seguir ilustra esta análise: Quadro 3 - Payback descontado do projeto B Ano Saídas EntradasValor Presente Saldo Presente 0 (40.000,00) (40.000,00) 1 10.000,00 9.174,31 (30.825,69) 2 10.000,00 8.416,80 (22.408,89) 3 10.000,00 7.721,83 (14.687,06) 4 10.000,00 7.084,25 (7.602,81) 5 10.000,00 6499,31 (1.103,50) 6 10.000,00 5.962,67 4.859,17 7 10.000,00 5.470,34 10.329,51 8 10.000,00 5.018,66 15.348,17 9 10.000,00 4.604,28 19.952,45 10 10.000,00 4.224,11 24.176,56 Fonte: O autor. 79 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 Perceba que ao realizar o payback simples, este mesmo projeto possuía retorno em quatro anos, e agora que consideramos o custo do dinheiro a uma taxa de 9% a.a., utilizando o payback descontado, o mesmo investimento terá seu retorno – payback - apenas no início do sexto ano. Para realizar este cálculo utilizando uma calculadora fi nanceira você precisará observar os seguintes passos: Quadro 4 – Cálculo do payback pela calculadora fi nanceira Sequência de teclas – Calculadora Informações f REG Para limpar os registros da calculadora. 10000 ENTER CHS FV Lança R$ 10.000,00 a valor futuro (FV). 9 i Atribui a taxa de 9% a.a. 1n Estabelece o número de períodos a ser descontado. Nesse caso, 1 período. PV Solicita o valor presente (PV). Fonte: O autor. Após calcular o primeiro período, para calcular o valor presente dos demais períodos você precisa apenas alterar os dados do “n” informando o número de períodos e solicitando o valor presente “PV”. A seguir separamos uma leitura para complementar seus estudos, ela apresenta de forma muito didática o Payback e ainda outras dicas de planejamento fi nanceiro. PAYBACK, OU MELHOR: QUANDO VOCÊ TERÁ O SEU DINHEIRO DE VOLTA Payback é um indicador muito importante para você planejar o futuro do seu negócio e também para conquistar investidores. Começar um negócio é uma tarefa cheia de desafi os. Validar um modelo de negócio, montar um canvas, testar e validar hipóteses 80 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA com um MVP, fazer um planejamento fi nanceiro para ter ideia do seu payback, buscar investidores. Enfi m, muitas coisas. Talvez payback seja um dos detalhes mais importantes, pois está diretamente relacionado com a viabilidade do seu negócio, com o fôlego fi nanceiro que você precisa ter para conseguir que ele deslanche e com o retorno do seu investimento. DE MANEIRA BEM BÁSICA, PAYBACK É UM INDICADOR QUE TE DÁ A INFORMAÇÃO (EM TEMPO) DE QUANDO VOCÊ TERÁ O SEU INVESTIMENTO DE VOLTA. OU SEJA, EM QUANTO TEMPO AQUELE DINHEIRO QUE FOI INVESTIDO RETORNARÁ PARA O BOLSO DO INVESTIDOR. Fluxo de caixa: a primeira coisa que você precisa fazer bem para calcular o seu payback Para calcular o payback, é preciso entender o que é fl uxo de caixa – pois será a partir do fl uxo de caixa que você vai calcular o tempo para o investimento retornar. Fazer o fl uxo de caixa signifi ca que você vai controlar, equilibrar e destinar com qualidade tudo que entra e sai de valores da sua empresa. O fl uxo de caixa bem feito é aquele que programa bem seus gastos com seus ganhos, faz investimentos corretos para formar uma empresa sustentável e está sempre em dia com os valores e oportunidades que envolvem o negócio. O fl uxo de caixa é um elemento de gestão e planejamento do seu dia a dia. Neste artigo, o especialista em auditoria e consultor da Endeavor, Paulo Sérgio Dortas, dá algumas dicas sobre o tema: • Inventário: faça um levantamento de todas suas despesas e receitas, atuais e futuras, planos de investimento e expansão, preferencialmente alinhado com seu Plano de Negócios, e os organize por natureza: operacional, não operacional e investimentos. • Horizonte: o ideal é que o fl uxo de caixa contemple um horizonte correspondente ao ciclo operacional da empresa. Geralmente este ciclo compreende o período de um ano, mas atividades de ciclo mais longo exigirão um horizonte maior. Empresas que trabalham com encomenda ou por safra, por exemplo, devem considerar o tempo médio da encomenda ou safra como seu ciclo operacional. 81 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 • Detalhamento: geralmente, para o primeiro ciclo operacional, é feito um nível de abertura das despesas, receitas e investimentos bem detalhado. A partir daí, e até o horizonte defi nido pelo Orçamento e Plano de Negócios – geralmente de três a cinco anos – estes itens são agrupados. • Atualização: assim como todos os outros instrumentos de gestão, Orçamento e Plano de Negócios, o fl uxo de caixa deve ser atualizado periodicamente. O horizonte de um ciclo operacional deve ser atualizado mensalmente, enquanto que para os demais períodos, a atualização deve ser efetuada concomitantemente à revisão do Orçamento e Plano de Negócios. • Conservadorismo: evite otimismo nas previsões das entradas e receitas. Um bom fl uxo de caixa deve considerar o fato de que alguns clientes não pagarão na data do vencimento ou mesmo que alguns não efetuarão o pagamento, exigindo a necessidade da aplicação de um percentual de perdas sobre as entradas. • Acompanhamento: antecipe-se a eventos operacionais que impactam o seu fl uxo de caixa, atraso na inauguração de uma nova linha de produção, perda de um cliente, para que você possa atuar de forma proativa no seu fl uxo de pagamentos. Desta forma, você poderá negociar com alguns fornecedores a postergação de vencimentos, ou mesmo a contratação de um empréstimo com taxas de juros mais atrativas do que fi car com a conta negativa no banco. A partir do fl uxo de caixa, você consegue calcular o seu lucro, e calcular em quanto tempo obterá a quantia sufi ciente para reaver o seu investimento sem deixar de pagar as contas do dia a dia. Confi ra outras dicas de planejamento fi nanceiro Controlar seu fl uxo de caixa, projetar cenários, desenvolver planos de ação. Ter um planejamento fi nanceiro bem estruturado é fundamental para sua empresa crescer. O planejamento fi nanceiro serve para projetar as receitas e as despesas da sua empresa, com a fi nalidade de indicar a situação econômica dos seus negócios. Ao realizá-lo, você consegue visualizar claramente quanto você pretende faturar, gastar, investir e lucrar, podendo assim planejar a melhor forma de utilizar seus recursos. 82 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA O planejamento fi nanceiro é mais do que importante, é indispensável. Porque, no fundo, é a base para quase todas as práticas da sua empresa. Sem realizá-lo corretamente, você não conseguirá tomar decisões estratégicas no seu negócio. Caso não tenha avaliado suas projeções, se verá incapaz de analisar e aplicar seus investimentos no momento certo, revisar custos e identifi car as melhores oportunidades para otimizar suas atividades. Por isso, nenhum negócio – tenha o tamanho que tiver – pode prescindir de um planejamento fi nanceiro completo e realista. Bom, saber qual é o seu payback é muito importante, pois, além de te ajudar a planejar os próximos passos do seu investimento, também é uma informação-chave para um potencial investidor. Então, organize suas fi nanças e trate de calcular o seu. Boa sorte! Fonte: Disponível em: <https://endeavor.org.br/payback/>. Acesso em: 20 fev. 2018. Atividade de Estudos: 1) O que diferencia o payback simples do payback descontado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) VPL – Valor Presente Líquido O VPL é um método que tem como propósito computar o valor presente de uma sequência de pagamentos futuroscom dedução de uma taxa de custo de capital. Este cálculo é de muita importância e necessário, devido ao fato de que o dinheiro que receberemos no futuro não terá o mesmo valor que no período presente. É pertinente destacar que este tipo de informação é oriundo da 83 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 matemática fi nanceira, que tem como regra não somar ou subtrair valores futuros no fl uxo de caixa de um projeto/investimento. Ou seja, devemos levar em conta o valor do dinheiro no período. Segundo Machado (2004), este método leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, tendo como objetivo traduzir para valor presente os fl uxos de caixa que ocorram no decorrer do período. Para que se possa comparar valores na mesma data e facilitar a análise dos projetos de investimento. Por outra maneira de dizer, podemos entender que o VPL consiste em transferir para o presente todos os fl uxos de caixa de um projeto de investimento, e somar este resultado ao montante inicial. Desta forma, os gestores serão capazes de avaliar com segurança a viabilidade do projeto. Como o valor presente líquido (VPL) considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, é considerado uma técnica sofi sticada de orçamento de capital. Todas as técnicas desse tipo descontam de alguma maneira os fl uxos de caixa da empresa a uma taxa especifi cada. Essa taxa – comumente chamada de taxa de desconto, retorno requerido, custo de capital ou custo de oportunidade – consiste no retorno mínimo que um projeto precisa proporcionar para manter inalterado o valor de mercado da empresa (GITMAN, 2010, p. 369). A TMA (taxa mínima de atratividade) é uma taxa de desconto utilizada nos métodos de análise de investimento que representa o mínimo de retorno que o executor do projeto de investimento – empresa ou o investidor – deseja obter. Vamos utilizar como base para análise o projeto B – calculando cada uma das entradas de caixa ao seu valor presente, descontado a taxa de 9% a.a. (TMA), neste caso. O quadro a seguir apresenta como calcular as entradas de caixa a valor presente, descontando a taxa de desconto previamente estipulada, com o uso da calculadora HP 12C: 84 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Quadro 5 - VPL por função de fl uxo de caixa Sequência de teclas – Calculadora Informações f REG Para limpar os registros da calculadora. 40000 CHS gCFo Atribuir a saída ao fl uxo de caixa no perío-do 0 (zero). 10000 gCFj Determina o valor das entradas ao fl uxo de caixa. 10 g Nj Estabelece a quantidade de períodos. 9 i Determina a taxa de desconto. f NPV Para obter o Valor Presente Líquido ao fi nal do décimo período. Fonte: O autor. Fonte: O autor. O quadro a seguir ilustra a aplicação da fórmula na análise do projeto B. Quadro 6 - VPL de projeto de investimento B Ano Fluxo Tecla Resultado 0 (40.000,00) f REG 40000 CHS gCFo 1 10000 g CFj 2 10000 g CFj 3 10000 g CFj 4 10000 g CFj 5 10000 g CFj 6 10000 g CFj 7 10000 g CFj 8 10000 g CFj 9 10000 g CFj 10 10000 g CFj 9 i f NPV 24.176,58 85 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 Você deve ter percebido que os métodos payback descontado e VPL são muito parecidos com relação a seus elementos, porém, é importante ressaltar que a diferença consiste nas respostas fornecidas por estas técnicas. Enquanto usamos o payback descontado para obter a informação da quantidade de períodos para retorno de um projeto de investimentos descontando uma determinada taxa de atratividade, no VPL buscamos obter o valor presente líquido ao fi nal dos períodos. Atividade de Estudos: 1) Uma empresa pretende investir em um projeto com custo estimado de R$ 50.000,00 e que irá proporcionar retorno em cinco anos consecutivos com entradas operacionais de caixa no valor de R$ 15.000,00, sabendo que a taxa mínima de atratividade exigida pela empresa é de 9%. Então, qual será o valor do VPL deste projeto de investimento? Para calcular a VPL devemos trilhar os seguintes passos: Sequência de teclas – Calcula- dora Informações f REG Para limpar os registros da calculadora. 50000 CHS g CFo Atribuir a saída ao fl uxo de caixa no período 0 (zero). 15000 g CFj Determina o valor das entradas ao fl uxo de caixa. 5 g Nj Estabelece a quantidade de períodos. 9 i Determina a taxa de desconto. f NPV Para obter a TIR – Taxa Interna de Retorno. _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 86 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA c) TIR – Taxa interna de retorno A Taxa Interna de Retorno (TIR), expressa em inglês pela sigla IRR (Internal Rate of Return), é uma técnica avançada utilizada para calcular a taxa necessária para igualar o valor de um investimento com os seus respectivos retornos. Defi nida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial de um projeto; ou seja, é a taxa que zera o VPL das entradas de caixa (GITMAN, 2010). Através deste método os administradores calculam a taxa de retorno gerada pelo projeto de investimento. O método consiste no cálculo de uma taxa que faça com que a soma dos valores atuais de entrada de caixa seja exatamente igual à soma dos valores atuais das saídas de caixa. Se a taxa encontrada for superior à taxa determinada pela empresa, correspondente ao seu custo de oportunidade, o projeto é viável economicamente (MACHADO, 2004, p. 205). Para analisar a TIR é necessário primeiramente que o administrador fi nanceiro tenha conhecimento da TMA (Taxa Mínima de Atratividade). Como vimos anteriormente, a TMA é uma taxa de juros mínima que a empresa ou investidor exige receber pelo capital investido no projeto (custo de capital). Um projeto de investimentos submetido à análise da TIR terá sua aprovação se a mesma for maior que a TMA, ou rejeitado, se a TIR for menor que a taxa mínima de atratividade. A partir desta fórmula, vamos analisar a TIR do projeto de investimentos B. Com investimento inicial de R$ 40.000,00, e entradas de caixa anuais no valor de R$ 10.000,00 durante 10 anos. Para calcular a TIR deste projeto, precisamos apenas seguir os mesmos passos apresentados no Quadro 5, utilizado para calcular o VPL, porém, ao invés de fi nalizar a operação com as teclas f NPV, devemos substituí-las pelas teclas f IRR, conforme apresentado no quadro a seguir: Quadro 7 – Cálculo da TIR Sequência de teclas – Calcula- dora Informações f REG Para limpar os registros da calculadora. 40000 CHS g CFo Atribuir a saída ao fl uxo de caixa no período 0 (zero). 10000 g CFj Determina o valor das entradsa ao fl uxo de caixa. 10 g Nj Estabelece a quantidade de períodos. 9 i Determina a taxa de desconto. f IRR Para obter a TIR – Taxa Interna de Retorno. Fonte: O autor. 87 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 No investimento anterior, a TIR é de 21,41%, uma taxa que podemos considerar alta. Após obtermos a TIR do projeto de investimentos, precisamos compará-la com a TMA estabelecida pelos donos do capital. No caso de a TMA ser maior que 21,41% o projeto deve ser rejeitado, pois a TIR nesse caso seria menor que a mesma. Já se a TMA for menor que 21,41% o projeto deve ser aceito pelos administradores, pois a TIR é superior ao mínimo exigido pelos donos do capital. Atividade de Estudos: 1) Uma empresa pretende investir em um projeto com custo estimado de R$ 50.000,00 e que irá proporcionarretorno em cinco anos consecutivos com entradas operacionais de caixa no valor de R$ 15.000,00, sabendo que a taxa mínima de atratividade exigida pela empresa é de 9%. Então qual será o valor da TIR deste projeto de investimento? Para calcular a TIR devemos trilhar os seguintes passos: Sequência de teclas – Calcula- dora Informações f REG Para limpar os registros da calculadora. 50000 CHS g CFo Atribuir a saída ao fl uxo de caixa no período 0 (zero). 15000 g CFj Determina o valor das entradas ao fl uxo de caixa. 5 g Nj Estabelece a quantidade de períodos. 9 i Determina a taxa de desconto. f IRR Para obter a TIR – Taxa Interna de Retorno. _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 88 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA TIR X VPL A TIR corresponde à “taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial do projeto” (FREZATTI, 2008, p. 77). Ou seja, para o autor, a té cnica consiste na identifi caç ã o da taxa a partir de um dado fl uxo de caixa do projeto de investimento. Segundo Casarotto e Koppitke (2000), para fi ns de decisão, os projetos que tiverem a TIR igual ou maior que a taxa mínima de retorno, defi nida pelos stakeholders da empresa, devem ser aceitos. Já os projetos que tiverem a TIR menor que a taxa mínima de retorno exigida, devem ser rejeitados. Já o VPL, conforme vimos anteriormente, apresenta o valor monetário ao fi nal de um determinado período, considerando os fl uxos futuros em seu valor presente, considerando uma taxa de desconto estabelecida pelos donos do capital investido. O VPL está associado ao conceito de maximização da riqueza, ou seja, os ganhos absolutos que geram valor aos acionistas – donos do capital. Para Gitman (2010), o Valor Presente Líquido (VPL) pode ser empregado em entradas e saídas de caixa e é calculado em forma de dinheiro presente. Ele, igualmente à TIR, é usado na tomada de decisão de duas formas, aceitação ou rejeição, observando os seguintes critérios de análise: • Quando o VPL for menor que R$ 0,00 (zero) o projeto deverá ser rejeitado. • Quando o VPL for maior que R$ 0,00 (zero) o projeto deverá ser aceito. Segundo Sousa (2007), a maior parte dos investidores e analistas de investimento emprega a técnica do VPL para respaldar a decisão fi nal a ser adotada. Isso acontece pelo fato dessa técnica considerar os fl uxos de caixa esperados juntamente com o valor do dinheiro no tempo, além de trabalhar com a taxa de retorno aceitável pelo investidor (TMA). Portanto, devemos avaliar os projetos de investimento aplicando ambas as técnicas, porém, ao analisar projetos mutuamente excludentes – onde o gestor precisa optar por apenas um projeto e recusar os demais –, o método a ser considerado para realizar a escolha deve ser o método do valor presente líquido (VPL), pois este método demonstrará qual projeto propiciará maior rentabilidade ao capital investido. 89 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS – QUAL O MELHOR MÉTODO? TIR OU VPL? A análise de um projeto de investimento pode ser realizada a partir de vários métodos. Os dois principais métodos são a análise da TIR (Taxa Interna de Retorno) e análise do VPL (Valor Presente Líquido). Mas qual é o melhor deles? O método da TIR consiste em encontrar a taxa de juros que torna os fl uxos de caixa do projeto equivalentes. Ou seja, os fl uxos de caixa positivos gerados pelo projeto seriam equivalentes ao investimento e necessidades de capital exigidas por este mesmo projeto, quando todas as entradas e saídas estejam submetidas a essa mesma taxa de juros, a Taxa Interna de Retorno. Desse modo, investir no projeto seria equivalente a investir em outra aplicação, com mesmo nível de risco, que lhe rendesse uma taxa de juros igual à TIR. Se a TIR encontrada é maior do que as outras opções de investimento, então o projeto é atrativo. A grande vantagem do método é encontrar uma taxa de juros que torne possível comparar o projeto de investimento sob análise com outras alternativas cuja taxa de remuneração já é conhecida. Porém, é necessário um cuidado na análise dos resultados da TIR. Isso ocorre porque o método considera que todos os fl uxos de retorno podem ser aplicados a uma taxa de juros igual à TIR, o que nem sempre poderá ser conseguido. Imagine um projeto que precise de um investimento de $ 100.000,00 no ano 0 (zero) e que gere fl uxos de caixa uniformes de R$ 50.000,00 durante os cinco anos de sua operação. Calculando a TIR, iremos obter uma taxa de 41% ao ano. Porém, para termos de fato essa rentabilidade ao fi nal dos cinco anos, teríamos que ter a possibilidade de reaplicar cada um dos retornos intermediários (retorno do ano 1, ano 2, ano 3 e ano 4) em um outro investimento que também remunere a essa mesma taxa de 41% ao ano. Difícil de acontecer, não é? Portanto, na realidade, ao fi nal do projeto teríamos uma taxa de rentabilidade do investimento diferente (menor) da TIR calculada no início. O método do VPL é considerado um método mais robusto de análise, e consiste na atualização de todos os fl uxos de caixa do projeto a valor presente, submetidos a uma taxa de desconto arbitrada. Essa taxa de desconto, normalmente chamada de Taxa 90 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Mínima de Atratividade (TMA), é obtida a partir da soma da melhor alternativa de retorno livre de risco (um título público de renda fi xa, por exemplo) e de um prêmio de risco (pois todo empreendimento tem um risco, ou seja, os fl uxos de caixa projetados podem não se verifi car na realidade). A escolha adequada da taxa para descontar o fl uxo de caixa é um passo fundamental para a correção do método do VPL e é neste passo que se encontra a sua robustez. Com uma TMA adequada, se o valor presente líquido for positivo (VPL > 0), o projeto é atrativo. Por outro lado, se o valor presente líquido do projeto for negativo (VPL < 0), então o projeto não possui atratividade. Resumindo, o método da TIR requer alguns cuidados na sua interpretação, mas é válido por resultar em um número que pode ser facilmente comparado com outras rentabilidades. Já o método do VPL é mais robusto e mais indicado para se analisar a viabilidade intrínseca do projeto. Fonte: Disponível em: <https://profes.com.br/estefano78/blog/analise-de- investimentos-qual-o-melhor-metodo-tir-ou-vpl>. Acesso em: 20 fev. 2018. TIR / ANÁLISE INCREMENTAL Ao realizar a escolha entre dois projetos de investimentos mutuamente excludentes com o método da TIR, obrigatoriamente devemos realizar a análise incremental entre estes projetos. Como exemplo, vamos analisar dois projetos de investimento a um custo de capital da empresa (TMA) de 12%, ambos os projetos possuem como objetivo ampliar a capacidade de produção da empresa, gerando assim novas entradas em seu caixa. O primeiro projeto pretende reformar algumas máquinas e para isso necessita de um investimento de R$ 150.000,00 e prevê entradas de R$ 45.000,00. Já o segundo projeto refere-se à aquisição de novos equipamentos com um custo de R$ 250.000,00, porém, este projeto traria um incremento em novas entradas de caixa no valor de R$ 60.000,00. 91 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 Para realizar a análise de forma adequada e escolher o melhor projeto, é necessário atentar para as seguintes condições entre o projeto desafi ante e o desafi ado: • Se TIR incremental (B-A)> custo de capital (TMA), então o projeto B é melhor; senão o projeto A é melhor. • Se VPL incremental (B-A) > 0 (zero), então o projeto B é melhor; senão o projeto A é melhor. Qual será a melhor escolha a ser feita, aplicar o projeto A (reforma dos equipamentos) ou optar pelo projeto B (compra de novos equipamentos)? O quadro a seguir ilustra a análise destes projetos: Quadro 8 – TIR e análise incremental Anos Reforma dos equipa- mentos Compra de novos eq- uipamentos Compra – Reforma Projeto A Projeto B Análise Incremental (B-A) 0 (150.000,00) (250.000,00) (100.000,00) 1 45.000,00 60.000,00 15.000,00 2 45.000,00 60.000,00 15.000,00 3 45.000,00 60.000,00 15.000,00 4 45.000,00 60.000,00 15.000,00 5 45.000,00 60.000,00 15.000,00 TIR 15,24% 12,38% 7,93% VPL 12.214,93 2.334,33 - (9.880,59) Fonte: Os autores. A análise incremental (Quadro 8) mostra que o projeto A deve ser escolhido, porque o fl uxo incremental foi negativo e a TIR incremental foi de apenas 7,93%, taxa menor do que a TMA exigida de 12%. 92 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Atividade de Estudos: 1) Ao analisar projetos de investimento a partir da TIR, em que situação o projeto pode ser aceito ou deve ser rejeitado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo procuramos abordar os métodos mais utilizados por gestores e investidores na hora de avaliar a viabilidade de projetos de investimentos. Como vimos durante os estudos dos conteúdos aqui abordados, os projetos de investimento são comumente analisados por meio da aplicação das seguintes técnicas: Payback Simples e Descontado (prazo de retorno do investimento inicial), TIR (Taxa Interna de Retorno) e/ou pelo VPL (Valor Presente Líquido). É importante ressaltar que ao realizar estas análises o proprietário dos recursos leva em consideração uma determinada taxa de retorno, também conhecida como taxa mínima de atratividade (TMA), salvo o método payback simples, que desconsidera esta taxa em seu cálculo. Por este motivo, os dois principais métodos indicados para analisar a viabilidade de um projeto são a análise da TIR (Taxa Interna de Retorno) e análise do VPL (Valor Presente Líquido). Todavia, a maior parte dos investidores e analistas de investimento emprega a técnica do VPL para respaldar a decisão fi nal a ser adotada. Isso acontece pelo fato dessa técnica considerar os fl uxos de caixa esperados juntamente com o valor do dinheiro no tempo, além de trabalhar com a taxa de retorno aceitável pelo investidor (TMA). No próximo capítulo, abordaremos o processo de planejamento fi nanceiro de curto e longo prazo, as metas do planejamento fi nanceiro, o mercado de ações e a avaliação risco, retorno e custo de oportunidade. Também serão trabalhados conceitos relacionados a carteira de investimentos, risco sistemático e não sistemático e diversifi cação. 93 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Capítulo 3 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2012. CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Aná lise de investimentos. 9. ed. Sã o Paulo: Atlas, 2000. FREZATTI, Fá bio. Gestã o da viabilidade econô mico-fi nanceira dos projetos de investimento. Sã o Paulo: Atlas, 2008. GITMAN, Lawrence J. Princí pios de administraç ã o fi nanceira. 12. ed. Sã o Paulo: Pearson, 2010. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Brandford D. Princí pios de administraç ã o fi nanceira. 2. ed. Sã o Paulo: Atlas, 2010. SOUSA, Almir Ferreira de. Avaliaç ã o de investimentos: uma abordagem prá tica. Sã o Paulo: Saraiva, 2007.
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