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Administração Financeira e Orçamentária O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Walter Franco Lopes Silva Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 • O que vem a ser uma Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC)? • O Trabalho de Projeção do Fluxo de Caixa: Passo a Passo • Projetando a conta Operações Nesta Unidade nós nos preocuparemos primeiramente com o entendimento, a definição, as projeções e a análise de cada item integrante do importante demonstrativo de Fluxo de Caixa. Em seguida, estudaremos como se projeta a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), bem como as formas de efetuarmos a análise das contas que compõem os demonstrativos financeiros. · Estudaremos e discutiremos temas muito importantes relacionados com o levantamento, análise e organização das informações essenciais para efetuarmos a projeção dos principais Demonstrativos Financeiros de uma empresa. O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros • Projetando a conta Investimentos • Projetando a conta Financiamentos • Analisando as Projeções Efetuadas • Como projetar a DRE? • O trabalho de Projeção do Item Custo dos Produtos Vendidos • O Trabalho de Projeção do Item Custos Fixos e Depreciação • A Projeção dos Itens Despesas Operacionais e o Resultado Financeiro • A Análise das Projeções Efetuadas 6 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Contextualização A análise e as projeções para os exercícios futuros do Demonstrativo de Fluxo de Caixa e da DRE são essenciais para a execução do planejamento financeiro, portanto, cruciais no trabalho e no processo de elaboração do Orçamento Empresarial por parte do profissional de finanças. A projeção de qualquer demonstrativo financeiro – em especial as projeções da DRE e do Fluxo de Caixa – exige do financista o profundo conhecimento do negócio analisado, bem como a adoção de premissas econômico-financeiras em linha com as adotadas no Orçamento Empresarial. Assim, estudaremos e discutiremos nesta Unidade III temas muito valiosos para você, profissional e estudante de finanças preocupado com o trabalho de projeção dos demonstrativos financeiros como parte do Orçamento da empresa. 7 O que vem a ser uma Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC)? A DFC é um dos principais demonstrativos emitidos pela empresa, cujo objetivo é oferecer uma visão gerencial com base na situação econômico-financeira da mesma. Desde a promulgação da nova Lei nº 11.638/07, a publicação da DFC é obrigatória para as Companhias de Capital Aberto e nas Grandes Empresas Limitadas (Grande Ltda.). Segundo Gitman (2009), a Demonstração de Fluxos de Caixa fornece um resumo dos fluxos de caixa operacionais, de investimento e financiamento de uma empresa e concilia-os com as variações de seus saldos de caixa e aplicações financeiras no período. O Trabalho de Projeção do Fluxo de Caixa: Passo a Passo A projeção de desempenho de uma empresa requer um trabalho cuidadoso de projeção, linha a linha, das contas que compõem juntas o Demonstrativo do Fluxo de Caixa. Dessa forma, devemos observar, além das premissas econômico-financeiras e dos números reais publicados do último exercício, todas as demais informações necessárias para projetar os dados e contas para os períodos que queremos analisar. Sabemos que todo trabalho de projeção baseia-se nas estimativas de evolução das vendas, custos e demais setores da empresa responsáveis pelo fornecimento das informações financeiras reais e estimadas (projetadas) elaboradas quando da elaboração do orçamento. Vejamos abaixo um modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), do Ano 2012 (Real), para a Empresa ABC S.A., ou seja, demonstrativos financeiros publicados e a projeção de quatro anos futuros (até o Ano 2016): 8 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Análise das projeções do Ano 2013 ao Ano 2016? Primeiro, é feita uma avaliação e uma análise da empresa, com base em seu estado atual. Para tanto, deve ocorrer o cuidadoso estudo dos números reportados do ano que servirá de base, ou seja, no exemplo acima, o Ano 2012. Em seguida, é necessário que o analista financeiro adote como premissa a continuidade da operação da empresa sem variações muito drásticas na forma como ela vem sendo administrada e/ou operada pelos seus controladores. Entretanto, apesar de ser regra a avaliação da empresa em seu estado atual, há, muitas vezes, casos em que existem planejamento e informações suficientes que possibilitam projeções de diferentes cenários, seja em razão de novos investimentos, uma mudança de estratégia operacional, ou mesmo o lançamento de novos produtos, por exemplo. Nesses casos, a projeção deve contemplar tais mudanças e considerar os impactos financeiros nas contas projetadas dos exercícios futuros projetados. Vamos agora analisar como cada linha da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) da Empresa ABC S.A. foi projetada: Projetando a conta Operações Importante perceber que sob a rubrica ‘Operações’ no Fluxo de Caixa temos as seguintes seis contas contábeis para a análise e projeção: 1. Recebimento de Vendas 2. Pagamentos de Fornecedores 3. Pagamentos de Custos e Despesas 9 4. Pagamentos de Impostos 5. Pagamentos e Recebimentos Diversos 6. Resultado Financeiro (Receitas – Despesas Financeiras) As premissas e projeções dessas contas foram estipuladas primeiramente com base na análise do seu comportamento histórico e das perspectivas de crescimento de cada uma das variáveis que afetam o crescimento. Trabalho que exige do analista o conhecimento de indicadores econômico-financeiros do mercado de atuação da Empresa Modelo S.A., das perspectivas de seu setor de atuação e, ainda, conforme estudamos anteriormente, um profundo entendimento do seu histórico de desempenho. • As premissas das receitas, ou ‘Recebimento de Vendas’, para os anos 2013 a 2016, estão diretamente relacionadas com o levantamento das informações discutidas anteriormente, em conjunto com as expectativas de crescimento de mercado e isto segundo a estratégia comercial dos administradores. Assim, percebemos um crescimento contínuo dos números projetados. Números que, em quatro anos de atividades, apresentam um incremento do faturamento (vendas líquidas) bastante otimista superior a 100%. Agora vejamos em detalhes esta conta: • As premissas relativas às contas redutoras das vendas para esse mesmo período, a saber: ‘Pagamentos de Fornecedores’, ‘Pagamentos de Custos e Despesas’ e ‘Pagamentos de Impostos’ estão também diretamente relacionadas ao levantamento dessas informações discutidas anteriormente somadas às expectativas de vendas. Importante destacar também que as contas incorporam, entre outras coisas, ganhos de eficiência e produtividade (com redução de custos e despesas), melhorias decorrentes de planos de investimentos, ou mesmo adoção de novas tecnologias que diretamente levam a variações ao longo do período analisado. Assim, percebemos que os ‘Pagamentos de Fornecedores’ apresentam crescimento de apenas 67% (de R$ 360 mil no Ano 2012 para R$ 600 mil no Ano 2016) e isso mesmo com o aumento das vendas de mais de 100%. Enquanto que a conta ‘Pagamentos de Custos e Despesas’ cresce aproximadamente 86%, de R$ 110 mil no Ano 2012, para R$ 205 mil quatro anos depois, certamente refletindo o desempenho positivo do faturamento da empresa. Os impostos, por sua vez, representados pela conta ‘Pagamentos de Impostos’, mantém- se constantes como proporção do faturamento. Por fim, temos que analisar a conta ‘Pagamentos e Recebimentos Diversos’, que apresenta um padrão de crescimento esperado em razão da expansão das operaçõesda empresa, crescendo de R$ 24,5 mil no Ano 2012 para R$ 80 mil no Ano 2016. 10 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Agora vejamos em detalhes os números projetados para estas contas: • Os demais valores que geram o Caixa Líquido da Operação da Empresa aparecem representados pelas contas ‘Despesa Financeira Paga’ e ‘Despesa Financeira Recebida’ que juntas compõem o que chamamos de ‘Resultado Financeiro’ da empresa. Percebemos que ambas as contas apresentam significativo crescimento, certamente refletindo o incremento das atividades (e vendas) no período analisado, resultando nos gastos necessários para a manutenção da estrutura da Organização, como vemos no crescimento de 62% (de R$ 80 mil no Ano 2012 para R$ 130 mil no Ano 2016) da ‘Despesa Financeira Paga’. Paralelamente, vemos a conta ‘Despesa Financeira Recebida’ expandir-se bem mais, de R$ 50 mil em 2012 para R$ 255 mil, reportado em 2016. Enquanto que o ‘Caixa Líquido’ calculado não apresenta, neste exemplo, uma tendência muito clara, apesar de partir no ano base de um valor negativo (déficit de caixa de R$ 90,4 mil), para atingir R$ 194,7 mil quatro anos depois. Agora vejamos em detalhes os números projetados para estas contas: Projetando a conta Investimentos Importante perceber que, sob a rubrica ‘Investimentos’ no Fluxo de Caixa, temos as seguintes contas contábeis para análise e projeção: 1. Venda de Ativo Imobilizado 2. Aquisição Imobilizado 3. Aplicações em Diferido 4. Aplicações em Realizável L-P 11 As premissas e projeções dessas contas normalmente exigem informações bem mais precisas e em linha com o Orçamento. E isto em razão de fazerem parte do Plano de Investimentos da empresa, crucial para o seu Planejamento Financeiro de curto, médio e longo prazo. Vejamos o desempenho das contas: • As premissas das contas ligadas ao Investimento apresentam na ‘Aquisição de Imobilizado’, ‘Aplicações em Diferido’ e ‘Realizável a Longo Prazo’ números que refletem as expectativas de crescimento e investimento da empresa ao longo dos quatro anos analisados. Neste sentido, apesar do valor relativo à ‘Venda de Ativo Imobilizado’ em 2012 e 2013 (de R$ 12 mil e R$ 15 mil respectivamente), a empresa projeta investir gradativamente ao longo do período subsequente. Assim, vemos os números projetados saírem do patamar de R$ 80 mil, no ano base, para R$ 130 mil, na projeção para 2016. Enquanto que as ‘Aplicações em Realizável a Longo Prazo’ praticamente triplicaram no período, de R$ 11,9 mil em 2012, para R$ 35 mil em 2016. Agora, vejamos em detalhes os números reportados: A seguir, vamos estudar alguns conceitos importantes e as definições de alguns autores a respeito das contas pertencentes ao Grupo ‘Investimentos’: Glossário Conta Ativo Imobilizado: Todo investimento tangível (mensurável) que esteja diretamente ligado ao principal negócio da empresa como, por exemplo, terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos. No Balanço Patrimonial aparecerá o valor líquido do Investimento, ou seja, já descontado do valor de sua depreciação. Importante destacar que, ano a ano, o valor do imobilizado vai se reduzindo pelo valor da depreciação, e vai sendo aumentado pelo montante dos novos investimentos. Conta Diferido: O ativo diferido apresenta características muito especiais e os critérios de tratamento e classificação desses gastos/investimentos vêm sofrendo mudanças em razão das novas leis que tratam do tema; Conta Realizável a Longo Prazo: Composta por dois grupos distintos de contas: os investimentos de longo-prazo da empresa ligados diretamente à sua operação e que podem ser transformados em “caixa” em um prazo superior a um ano da data de publicação do balanço e lançados no Realizável a Longo Prazo (RLP); e os Investimentos permanentes classificados no Ativo Permanente (AP). Exemplos de Contas do RLP: Aplicações Financeiras de Longo Prazo, Recebível de Clientes no Longo Prazo e Depósitos Judiciais de Longo Prazo. 12 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Segundo Málaga (2009), Antes da Medida Provisória nº 449/2008 e segundo a lei nº 11.638/2007, classificavam-se no diferido as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação, que deveriam contribuir efetivamente para o aumento do resultado de mais de um exercício social e não configurariam somente redução de custos ou acréscimos na eficiência operacional. A nova Lei limitou inicialmente a classificação dessa subconta às despesas pré-operacionais e aos gastos com reestruturação. No caso dos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D), aqueles referentes à fase de pesquisa deveriam ser tratados como despesa. Aqueles referentes à fase de desenvolvimento (portanto menos incertos) poderiam ser tratados como despesa do período ou como parte do intangível. Anteriormente a essa Lei, ambos podiam ser classificados no diferido. Projetando a conta Financiamentos Sob a rubrica ‘Financiamentos’ no Fluxo de Caixa, temos para análise e projeção as seguintes contas contábeis que somadas representam ‘Operações de Financiamentos Líquidas’: • Resgate de Títulos 1. Aplicação em Títulos 2. Integralização de Capital 3. Recursos/Empréstimos de Longo Prazo 4. Amortização de Empréstimos 5. Pagamento de Dividendos Todas as contas correspondentes a ‘Financiamentos’ estão ligadas às decisões econômico- financeiras e estratégicas da empresa, ou seja, são de total responsabilidade da Tesouraria e da sua Alta Administração. As projeções referentes a algumas contas são, normalmente, decisões estratégicas tomadas pelo responsável pelo Orçamento ou mesmo pela Alta Administração da empresa que – de uma forma ou de outra – decorrem unicamente de decisões ligadas ao nível de liquidez (caixa) ou de endividamento da Organização como, por exemplo, as contas ‘Resgate de Títulos’, ‘Aplicação em Títulos’ em bancos, o aumento do endividamento representado pela conta ‘Recursos Captados de Longo Prazo e Empréstimos’, a redução dos empréstimos representados pela conta ‘Amortização de Empréstimos’ e, por fim, o ‘Pagamentos de Dividendos’. 13 Importante destacar que no grupo ‘Financiamentos’ acima, há também a conta ‘Integralização de Capital’ que, em poucas palavras, representa os valores efetivamente integralizados – ou seja, contabilizados – pelos acionistas e sócios. Neste subgrupo de contas aparece o Capital subscrito deduzido da conta devedora de Capital a Integralizar no futuro. Agora, vejamos em detalhes os números reportados: Analisando as Projeções Efetuadas Até este estágio de nosso estudo vimos como efetuar a projeção do Fluxo de Caixa de uma empresa. Também estudamos os conceitos e formas de proceder com a análise de cada conta que compõem o demonstrativo financeiro ao longo do período de projeção, sua importância, aplicações e limitações no dia a dia do administrador financeiro. Para concluirmos um estudo mais completo a respeito do tema é importante lembrarmos que o demonstrativo é parte essencial do planejamento financeiro da empresa. Desse modo, a projeção e a comparação dos números reportados em cada conta são importantes ferramentas na elaboração do orçamento empresarial. Apesar de os métodos tradicionais de análise das demonstrações contábeis disponíveis ou comumente utilizados pelos financistas (Métodos de Análise Vertical e Horizontal) não serem objeto deste estudo, devemos sempre lembrar que utilizamos como parte integrante do trabalho de planejamento financeiro e orçamentário. Quando executamos as análises vertical e horizontal das contas, bem como as análises através dos índices de liquidez, obtemos uma “fotografia” mais precisa da situação econômico- financeira da empresa e da Projeção futura de seus resultados. Sabemos que as técnicas disponíveis de análise atravésde análises horizontal, vertical e de índices são partes relevantes do estudo da contabilidade e finanças, e essenciais quando queremos comparar Demonstrativos de fluxos de caixa, balanços, demonstrativos de resultados e demais números publicados pelas empresas no decorrer de períodos de apurações. No que se refere às análises horizontal e vertical das demonstrações contábeis, temos que lembrar que são importantes instrumentos de verificação do desempenho da empresa, pois permitem a visualização da variação dos valores apresentados em cada conta, e em diferentes períodos de apuração. 14 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Sempre é importante lembrar que toda análise dos demonstrativos contábeis é limitada a apenas um exercício fiscal, ou seja, normalmente o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de determinado ano. Então, muitas vezes essa análise é pouco reveladora da real situação da empresa, o que exige do analista e do administrador – sempre que possível – fazer também análises comparativas com anos anteriores e posteriores (projetados). Assim, é importante perceber que diversas análises poderão ser efetuadas, linha a linha, coluna a coluna, oferecendo a você inúmeras possibilidades de indagar a respeito de variações e participações de cada uma das contas publicadas pela empresa. Através dessas análises, você poderá efetuar diversas perguntas aos administradores da empresa, e assim entenderá melhor seus resultados, linha a linha e coluna a coluna. A Análise Horizontal Segundo Iudícibus (2009), a finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento de itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados através dos períodos, a fim de caracterizar tendências. E para efetuarmos as análises horizontais, normalmente utilizamos análise de índices obtidos a partir dos números dos demonstrativos. A Análise Vertical A análise vertical deve ser elaborada em conjunto com uma análise horizontal. Este tipo de análise é valioso para o entendimento da evolução de cada conta de um determinado demonstrativo de resultados ao longo de um período de tempo determinado. A Análise dos Índices Quando efetuamos análises de índices (também chamados de quocientes), normalmente podemos fazer uso dos Fluxos de Caixa, Balanços, Demonstrativos de Resultados, e demais demonstrações financeiras disponibilizadas pela empresa. Isso, além de outras informações adicionais possíveis de serem fornecidas pelos administradores e pela Contabilidade. As análises dos indicadores são possíveis de ser efetuadas pela simples divisão de dois números reportados nos demonstrativos. Em seguida, certamente, o analista precisará interpretar esse índice, explicá-lo e manter a sua memória de cálculo guardada. Em uma segunda etapa de análise, o analista precisará avaliar o índice de forma a classificá-lo como bom, ruim ou razoável para a empresa em questão; compará-lo com as suas parceiras no mercado, ou mesmo com suas concorrentes, por exemplo. Segundo Iudícibus (2009), os índices têm como finalidade principal permitir ao analista extrair tendências e comparar os quocientes com padrões preestabelecidos, oferecendo algumas bases para inferir o que poderá acontecer no futuro. Por outro lado, temos sempre que ficar atentos às limitações de tais análises através de índices, pois sabemos que cada empresa utiliza um método diferente para contabilizar suas operações e movimentos, o que pode causar grandes discrepâncias quando comparamos uma empresa de um mesmo setor e atividade com outra. 15 Atenção Lembre-se, portanto, que quanto mais detalhada a informação fornecida pela empresa, maior as possibilidades de fazermos perguntas. Uma empresa que publica suas informações com poucos de- talhes, permite que você faça uma análise horizontal e vertical menos detalhada de suas projeções e de seus índices Para Pensar Quais seriam então os pré-requisitos para você poder fazer uma análise como esta, baseada em uma Projeção de Fluxo de Caixa? Você já efetuou esse cálculo das porcentagens na coluna vertical dos demonstrativos contábeis de sua empresa para melhorar a análise dos números da empresa onde trabalha? Definindo Demonstração de Resultados do Exercício (DRE): A DRE é uma demonstração contábil que mostra o fluxo de receitas e despesas da empresa no período de publicação e que, por reflexo, representa a variação (aumento ou redução) do patrimônio líquido entre as duas datas de apuração. Vejamos na Figura abaixo um modelo simplificado de DRE da Empresa Industrial Casanova Ltda. Neste, apresentamos o Ano 2012 (Real) – ou seja, demonstrativos financeiros publicados – e a projeção de dois anos futuros até o Ano 2014: 16 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Explore Para você interessado em ler mais a respeito da DRE, suas características, e outro exemplo e modelo, sugerimos que veja, na nossa biblioteca virtual, a DRE da Bartlett Company, no livro Princípios da Administração Financeira, de Lawrence J. Gitman, no Capítulo 2, p. 41. Como projetar a DRE? O desenvolvimento de um Orçamento Empresarial exige um trabalho cuidadoso de projeção de linha a linha da DRE. Dessa forma, é necessário observarmos, além das premissas econômico- financeiras e dos números reais publicados do último exercício, todas as demais informações necessárias para projetar os dados – conta a conta – nos períodos que queremos analisar. Uma vez que todo trabalho de análise e projeção de uma Demonstração de Resultados de uma empresa requer informações precisas a respeito das estimativas de evolução da demanda, estimativas dos departamentos de vendas, custos e demais setores da empresa responsáveis pelo fornecimento das informações financeiras reais e estimadas (projetadas) elaboradas quando da elaboração do orçamento. Efetuando as Projeções dos anos 2013 e 2014: Esse trabalho exige que seja feita uma avaliação e uma análise da empresa, com base em seu estado atual, ou seja, como vem sendo a sua operação em seu mercado. É necessário o cuidadoso estudo dos números reportados do ano que servirá de base - ou seja, o ano de 2012. Em seguida, é necessário que o analista financeiro ou o responsável pelo Orçamento adote como premissa a continuidade da operação da empresa sem variações muito drásticas na forma como ela vem sendo administrada e/ou operada pelos seus controladores. Entretanto, apesar de ser regra a avaliação da empresa em seu estado atual, há, muitas vezes, casos onde existe planejamento e informações o suficiente que possibilitam projeções de diferentes cenários, seja em razão de novos investimentos, uma mudança de estratégia operacional, ou mesmo o lançamento de novos produtos, por exemplo. Nesses casos, a projeção deve contemplar tais mudanças e considerar os impactos financeiros nas contas projetadas dos exercícios futuros projetados. Vamos agora analisar como cada linha da Demonstração do DRE da Empresa Industrial Casanova Ltda. 17 O Trabalho de Projeção da Conta Receita Bruta de Vendas: É importante perceber que, juntamente com a rubrica ‘Receita Bruta de Vendas’ na DRE, temos as seguintes contas contábeis que são redutoras do faturamento bruto (‘Deduções da Receita Bruta’) e que são essenciais para a análise e projeção orçamentária: 1. Devoluções e Abatimentos 2. Impostos sobre Vendas 3. Impostos sobre Serviços Devemos lembrar que as premissas e as projeções das Receitas Brutas devem ser estipuladas com base na análise do seu comportamento histórico e – também – das perspectivas de crescimento do seu mercado consumidor, além de criteriosa análise de cada uma das variáveis que afetam o crescimento deste mesmo mercado. Trabalho este que exige do analista o conhecimento deindicadores econômico-financeiros do mercado de atuação da empresa, das perspectivas de seu setor de atuação e, ainda, conforme estudamos anteriormente, um profundo entendimento do seu histórico de desempenho. Assim, as premissas das ‘Receita Bruta de Vendas’ para os anos 2013 a 2014 estão diretamente relacionadas com o levantamento das informações discutidas anteriormente, em conjunto com as expectativas de crescimento de mercado e isto, segundo a estratégia comercial dos administradores. Este valor de faturamento representa o valor das vendas à vista e a prazo de mercadorias e/ ou serviços, e inclui todos os impostos, ou seja, trata-se de valor “bruto”, incluso dos impostos incidentes sobre a produção e vendas das mercadorias e serviços por parte da empresa. Assim, percebe-se um crescimento contínuo dos números projetados referentes ao faturamento da empresa analisada. Números que, em três anos de atividades, apresentam um incremento do faturamento (vendas líquidas) bastante otimista, partindo de R$ 204 mil em 2012, para alcançar dois anos depois R$ 291 mil, incremento superior a 42% no período! Agora vejamos em detalhes os valores projetados (orçados) para as contas: Perceba que as premissas relativas às contas redutoras das vendas para o mesmo período, a saber: ‘Devoluções e Abatimentos’, ‘Impostos sobre Vendas’ e ‘Impostos sobre Serviços’ estão também diretamente relacionadas com o levantamento das informações discutidas anteriormente e às expectativas de vendas. Importante destacar também que essas contas incorporam, entre outras, políticas comerciais de descontos e abatimentos concedidos a clientes, situações específicas de mercado e eventuais mudanças em alíquotas de impostos incidentes sobre vendas que podem ocorrer por decisão governamental. 18 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros No que tange às deduções, temos também que mencionar o item relativo às ‘Vendas Canceladas’, representadas pelas mercadorias devolvidas pelos compradores ou mesmo canceladas por diversos motivos comerciais ou não. Com relação aos ‘Abatimentos’, eles são normalmente oferecidos aos clientes e atendem à política comercial do momento do negócio, mas devem ser considerados ao efetuarmos as projeções e os orçamentos. Podemos assim concluir que haverá sempre incerteza quando efetuarmos uma projeção de Receita Bruta de Vendas e suas contas relacionadas de Deduções à Receita Bruta de Vendas. Essa incerteza deve-se não apenas ao fato da incapacidade de projetarmos exatamente o nível de faturamento do negócio analisado, mas também por eventuais fatores exógenos (externos à empresa) que podem tanto contribuir para o aumento desse número (como por exemplo, crescimento do mercado, interesse maior dos consumidores, ou aumento imprevisto de preços de vendas), como para a redução dele (seja por devoluções acima do esperado, e/ou modificações a maior nas alíquotas de impostos incidentes sobre essas mesmas vendas). Enquanto que as ‘Devoluções e Abatimentos’ apresentam queda significativa de 31% de 2012 para 2013 (de R$ 26,7 mil para R$ 18,3 mil). Somado a isso, esses valores referentes às ‘Devoluções e Abatimentos’ representavam mais de 9% das Vendas Brutas em 2012 (R$ 26,7 mil / R$ 293,3 mil), reduzindo-se para apenas 6% no ano seguinte de análise (R$ 18,3 mil / R$ 323 mil) e para 5,4% em 2014 (R$ 21,7 mil / R$ 400 mil). Enquanto que a conta ‘Impostos sobre Vendas’ cresce proporcionalmente à Receita de Vendas ano a ano, representando 18% do Faturamento Bruto, saindo de R$ 52,8 mil em 2012 para atingir R$ 72 mil três anos depois, claramente refletindo o desempenho positivo do faturamento da empresa. Os demais impostos, por sua vez, representados pela conta ‘Impostos sobre Serviços’, também mantiveram-se constantes como proporção do faturamento, crescendo de R$ 9 mil no primeiro ano de análise para R$ 15 mil no último ano de projeção orçamentária. Segundo Hoji (2009, p. 267), Os Impostos sobre vendas e serviços representam os impostos incidentes sobre as vendas e os serviços prestados gerados por meio da emissão de notas fiscais e faturas, tais como: Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Vendas a Varejo e Combustíveis Líquidos e Gasosos (IVVC) e Programa de Integração Social (PIS). Assim, a ‘Receita Bruta de Vendas’, reduzida das ‘Deduções da Receita Bruta’ (cancelamentos, abatimentos e impostos), gera a Receita Líquida da Empresa Industrial Casanova Ltda. representada pela conta ‘Receita Líquida’, conforme mostrado na figura acima. Este total apresenta um crescimento significativo ao longo do período analisado: de R$ 204 mil (valor real) reportado em 2012, para R$ 236 mil no ano seguinte (crescimento projetado de 15,5%), e R$ 291 mil em 2014 (crescimento projetado de 24%). 19 Reflita Sempre que estamos estudando os números publicados por uma empresa, a nossa principal preocupação é analisar o desempenho das vendas. Isto ocorre por razões óbvias, afinal as vendas são a essência do negócio. Toda empresa precisa para efetivamente operar (e, portanto, existir!), faturar, ou seja, vender e obter receita desta operação. Neste sentido, sempre iniciamos nossa análise pelas Receitas Líquidas, já que todos os itens redutores da receita – conforme analisados anteriormente – são os mesmos para todas as empresas com operações e tamanhos semelhantes em uma mesma cidade. Portanto, toda a Análise de Balanços deve utilizar a Receita Líquida como seu ponto de partida. O trabalho de Projeção do Item Custo dos Produtos Vendidos: Todos os custos das vendas efetuadas precisam ser muito bem analisados, pois são, juntamente com os impostos, itens que normalmente impactam nos resultados de qualquer empresa. Dependendo do mercado onde a empresa atua, será necessário que o administrador classifique os custos diferentemente. Assim, as classificações dos custos das vendas normalmente utilizadas são: Comércio - Custo da Mercadoria Vendida (CMV), Indústrias - Custo do Produto Vendido (CPV), Prestação de Serviços - Custo dos Serviços Prestados (CSP). Como parte dos trabalhos de planejamento financeiro e orçamentário das empresas, é necessário conhecer bem e saber analisar e projetar os custos, sejam eles caracterizados pelo CMV, CPV ou CSP. No nosso exemplo da Empresa Industrial Nacional Ltda. temos o CPV no DRE apresentado. Vejamos a seguir algumas definições importantes para o nosso estudo: Custo da Mercadoria Vendida: O CMV é representado pelo valor das mercadorias vendidas que foram compradas prontas para serem comercializadas. Quando um supermercado compra determinado produto como sabão em pó, por exemplo, ele paga ICMS na Nota Fiscal que a fábrica lhe envia junto com o produto. Quando este mesmo supermercado revende o sabão em pó ao cliente, na boca do caixa, o ICMS incluso no preço (da fábrica) é abatido do ICMS a recolher sobre a venda ao consumidor (na boca do caixa). 20 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Reflita Vamos então pensar: será que a alíquota (a porcentagem do imposto) cobrada do ICMS afeta o preço final da mercadoria? Certamente afeta, e quanto maior o imposto, maior o preço final. Mas além de aumentar este preço, uma alíquota maior causa algum outro efeito na sociedade (fornecedor, empresário, consumidor)? Este raciocínio sobre o ICMS já será um pouco diferente para o caso do IPI, Frete e Seguros pagos pelo supermercado quando compra o sabão em pó, citado no nosso exemplo. Nestes casos, os custos são efetivamente incorridos e integram o custo da mercadoria comprada pelo supermercado para ser revendida. Vamos então pensar: seráque a alíquota (a porcentagem do imposto) cobrada do ICMS afeta o preço final da mercadoria? Certamente afeta, e quanto maior o imposto, maior o preço final. Mas além de aumentar este preço, uma alíquota maior causa algum outro efeito na sociedade (fornecedor, empresário, consumidor)? Este raciocínio sobre o ICMS já será um pouco diferente para o caso do IPI, Frete e Seguros pagos pelo supermercado quando compra o sabão em pó, citado no nosso exemplo. Nestes casos, os custos são efetivamente incorridos e integram o custo da mercadoria comprada pelo supermercado para ser revendida. Exemplo: Vejamos a seguir a equação do cálculo do Custo da Mercadoria Vendida (CMV): CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final Custo do Produto Vendido: O CPV representa, por sua vez, os custos necessários para a fabricação do produto pela fábrica. Quando o produto é vendido, o “custo” aparece destacado na DRE – Demonstração de Resultados da Empresa Industrial Nacional Ltda., reduzindo a Receita Líquida de Vendas. Importante lembrar que, para fabricar um produto, a empresa terá custos de matérias-primas, mão-de-obra de fabricação e demais custos diretos ligados à produção. Vejamos abaixo a equação do cálculo do Custo do Produto Vendido (CPV): CPV = EIPA + CP – EFPA EIPA - Estoque Inicial de Produto Acabado CP - Custo de Produção do Produto EFPA - Estoque Final de Produto Acabado Note que, caso o produto seja fabricado pela Empresa Industrial Nacional Ltda. - ou seja, houve custo de produção - e o produto não tenha sido vendido, este custo aparecerá – será somado - na conta “Estoques” de produtos acabados e/ou em processo no Balanço Patrimonial. 21 Outro detalhe importante: o CPV tem os valores de IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) referentes às suas compras de matérias primas e semiacabados abatidos do IPI sobre suas vendas, que é um incentivo concedido pelo governo que oferece uma desoneração ao fabricante neste caso. Glossário Matéria- Prima: bens primários utilizados na produção de outros bens como, por exemplo, ferro, aço, energia elétrica, borracha. Produto Semiacabado: produtos com certo grau de manufatura que servem de base para a produção de outros bens. Por exemplo, peças e componentes automotivos que são utilizados pelas montadoras de veículos na produção dos carros. Estoque de Produto Acabado: valores que a empresa detém sob a forma de estoque no final do período analisado de produto acabado, por exemplo, veículos produzidos e prontos para a venda. Estoque de Produto em Processo: valores que a empresa detém sob a forma de estoque no final do período analisado de produto semi-industrializado, por exemplo, peças e componentes para a produção de veículos. Custo do Serviço Prestado: O CSP reflete os custos necessários para o funcionamento de uma atividade de prestação de serviços, como uma empresa de consultoria, por exemplo. Custos estes, que são bastante diferentes de uma fábrica. Em uma prestadora de serviços, os principais custos são decorrentes de mão-de-obra, materiais e gastos do dia a dia da operação. Nestes casos, existem também os custos decorrentes da depreciação dos materiais e itens utilizados na prestação do serviço, que exigem um cuidado bem especial do analista na sua análise. No exemplo acima da Empresa Industrial Casanova Ltda., o Custo dos Produtos Vendidos apresenta crescimento, certamente refletindo o incremento das atividades (e vendas) no período, e os custos necessários para a produção. Na DRE publicada vemos no crescimento de 26% no primeiro período anual de análise (de R$ 150 mil em 2012 para R$ 189 mil em 2013 projetados). Estes valores se modificam no período seguinte, expandindo-se de R$ 189 mil em 2012 para R$ 206 mil em 2014. Abaixo o DRE com estas contas em detalhes: 22 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros O Trabalho de Projeção do Item Custos Fixos e Depreciação: Quando calculamos o CPV de uma empresa, percebemos que a DRE sempre nos mostrará a Margem de Contribuição e a “quebra” dos Custos Fixos e da Depreciação, de forma a oferecer um valor de Lucro Bruto nos períodos analisados. Agora, observe a continuação da DRE da empresa: Atenção Cuidado na Definição das Premissas: As premissas e projeções das contas normalmente exigem informações muito precisas e em linha com o Orçamento em razão de refletirem os planos de Investimentos da empresa analisada. Ou seja, como já estudamos, as premissas das contas ligadas à ‘Depreciação’ refletem a ‘Aquisição de Imobi- lizado’, ‘Aplicações em Diferido’ e ‘Realizável a Longo Prazo’. Contas que, por sua vez, refletem as expectativas de crescimento e investimento da empresa ao longo dos quatro anos analisados. As contas ‘Custos Fixos’ também, de uma forma ou de outra, serão calculadas com base no último DRE publicado, com base na análise histórica do desempenho e nos ganhos de eficiência e de produtividade (que normalmente causam redução de custos) decorrentes de investimentos em tecnologia, maquinário, procedimentos, e adoções de novas técnicas produtivas ou administrativas, entre outras ações redutoras de custos. É possível em nossa análise observar que o Lucro Bruto apresenta um comportamento nada linear, ou seja, saindo de R$ 85,5 mil em 2012 para R$ 82 mil no ano seguinte. Sem tomarmos conclusões precipitadas, podemos inferir que a empresa analisada vem efetuando pouco destes ‘investimentos’ destacados acima. Apesar deste mesmo Lucro Bruto crescer novamente em 2014 para R$ 124,5 mil, pouco podemos afirmar quanto às características destes investimentos da empresa, pois a conta ‘Depreciação’ apresenta pequena variação (como podemos observar na figura acima), significando baixo investimento no aumento de máquinas e equipamentos em operação. 23 A Projeção dos Itens Despesas Operacionais e o Resultado Financeiro: Depois de calculado o Lucro Bruto, o analista financeiro deve preocupar-se em analisar e projetar as contas que aparecem logo abaixo de forma a atingir o Lucro/Prejuízo Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social. Estas contas são as seguintes: 1. Despesas Operacionais (Vendas e Administrativas) 2. Despesa e Receita Financeira (Resultado Financeiro) No exemplo da Empresa Industrial Casanova Ltda., as Despesas Operacionais expandem- se de R$ 99 mil para R$ 120 mil nos três anos analisados, refletindo o normal crescimento das operações. Mas o Resultado Financeiro – que refletirá a soma das Despesas Financeiras com as Receitas Financeiras – está muito ligado à estratégia da Alta Administração e de como esta pretende financiar a sua expansão e suas atividades. O Lucro/Prejuízo antes do IR (Imposto de Renda) e da CS (Contribuição Social) melhora, portanto, de uma perda de R$ 10,8 mil em 2012 para um lucro de R$ 14,6 mil em 2014 talvez refletindo uma política acertada da Administração. Calculado este Lucro, parte-se para a projeção dos resultados líquidos (Lucro Líquido do Exercício) depois de Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social (CS) que apenas deve seguir as regras e cálculos legais pré- estabelecidos e definidos pela Contabilidade da empresa, em linha com as leis do país, Estado e município. Perceba que na figura acima optamos por lançar valores de IR e CS apenas no último ano quando a empresa sai do prejuízo. 24 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros A Análise das Projeções Efetuadas Observe que, para concluirmos uma análise mais completa a respeito da DRE, é importante lembrarmos que o demonstrativo é parte essencial do planejamento financeiro da empresa. Deste modo, não apenas a projeção, mas também a comparação dos números reportados em cada conta é importante ferramenta na elaboração do orçamento empresarial. Assim, como no caso do Fluxo de Caixa,do Balanço Patrimonial e dos demais Demonstrativos Financeiros publicados, deve-se (uma vez concluída a projeção) proceder com as técnicas disponíveis de análise através. Técnicas como a análise horizontal, vertical e de índices que permitem uma avaliação precisa da situação da empresa analisada. Análises estas, aliás, já estudadas anteriormente em nossas aulas! Sempre é importante lembrar também que a DRE é parte integrante de todo um conjunto de Demonstrativos Financeiros das empresas sendo, portanto, publicada no término do exercício fiscal, ou seja, normalmente o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro do ano fiscal. Trocando Ideias Lembre-se, portanto, de que quanto mais detalhada a informação fornecida pela empresa em sua DRE, maior as possibilidades de fazermos perguntas aos seus administradores ou responsáveis por informações ao mercado (Diretor de Relações com Investidores, por exemplo). Será que uma empresa que publica suas informações com poucos detalhes, permite que você faça uma análise horizontal e vertical adequada das suas projeções? E uma análise de índices? E uma análise do desempenho de seu negócio? Ideias Chave • A definição do conceito de Fluxo de Caixa das empresas • As metodologias para a projeção do Fluxo de Caixa das empresas • A importância das projeções no trabalho de planejamento financeiro • A comparação dos números reais e projetados, as análises dos dados reportados e o cálculo dos índices financeiros • A definição do conceito de DRE das empresas • As metodologias para a projeção do DRE das empresas 25 Material Complementar Sugestão de Leitura • Sabemos que as projeções dos Demonstrativos Financeiros são essenciais para a elaboração de todo Modelo Orçamentário de uma empresa. No livro Administração Financeira e Orçamentária de M. Hoji, temos uma excelente explicação deste tema no Capítulo 16 – item 16.1. ‘Desenvolvimento de um Modelo de Orçamento’. Sugiro, portanto, a sua leitura nas páginas 423 a 435 para um maior aprofundamento de seus estudos. • Neste mesmo livro de Administração Financeira e Orçamentária de M. Hoji, você encontrará o item 16.3 dedicado ao tema ‘Projeção de Resultados’. Assim, sugiro que você pesquise e leia no Capítulo 16, ‘Desenvolvimento de um Modelo de Orçamento’, as páginas 474 a 483 para um maior aprofundamento de seus estudos. 26 Unidade: O Orçamento das Contas e a Projeção dos Demonstrativos Financeiros Referências GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 10ª Ed. São Paulo: Pearson, 2007. GROPPELLI, A.A. e NIKBAKHT, E. Administração Financeira. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008. MARION, J.C. Análise das Demonstrações Contábeis. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. SANTOS, J.O. Valuation. Um Guia Prático. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. MÁLAGA, F.K. Análise de demonstrativos financeiros e da performance empresarial para empresas não financeiras. São Paulo: Saint Paul Editora, 2009. 27 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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