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Comentários ao estatuto do desarmamento

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Escola da Defensoria Pública do Estado de São Paulo - EDEPE 
Rua Boa Vista, 103 - 13º andar 
CEP 01014-001 - São Paulo-SP 
Tel.: 11-3101-8455 
e-mail: escola@defensoria.sp.gov.br 
Reflexões dos Defensores Públicos do Estado de
São Paulo sobre o Estatuto do Desarmamento
São Paulo, 2012
A EDEPE, em suas publicações, respeita a liberdade intelectual dos autores e publica integralmente
os originais que lhe são entregues, sem, com isso, concordar, necessariamente, com as opiniões
expressas.
Defensora Pública - Diretora da EDEPE:
Elaine Moraes Ruas Souza
Defensores Públicos
Assistentes de Direção da EDEPE:
Gustavo Augusto Soares dos Reis
Bruno Shimizu
Defensores(as) Públicos(as) Autores:
Filovalter Moreira
Danilo Kazuo Machado Miyazaki
Luiz Rascovski
Paulo Arthur Araujo de Lima Ramos
Roberta Marques Benazzi Villaverde
Tiragem:
1.500 exemplares
Produção Gráfica:
Gráfica e Editora Viena
Sumário
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO COMENTADO
Instituto Sou da Paz
Danilo Kazuo Machado Miyazaki ...........................................................05
ABORDAGEM CRÍTICA SOBRE AS FORMAS LEGAIS 
DE POSSE E PORTE DE ARMA DE FOGO
Filovalter Moreira dos Santos Júnior ...................................................... 49
QUESTÕES CRIMINAIS CONTROVERSAS ENVOLVENDO 
O ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Paulo Arthur Araujo de Lima Ramos ......................................................63
ASPECTOS SIMBÓLICOS E INTERESSES ECONÔMICOS 
ENVOLVIDOS NA AQUISIÇÃO DE ARMAS
Roberta Marques Benazzi Villaverde .....................................................79
ESTATUTO DO DESARMAMENTO: CONSIDERAÇÕES 
GERAIS ACERCA DE UM PROBLEMA COMPLEXO
Luiz Rascovski........................................................................................93
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
COMENTADO
Instituto Sou da Paz e Danilo Kazuo Machado Miyazaki, Defensor 
Público do Estado de São Paulo
LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
Dispõe sobre 
registro, posse e 
comercialização 
de armas de fogo 
e munição, sobre o 
Sistema Nacional de 
Armas – Sinarm, define 
crimes e dá outras 
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso 
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no 
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em 
todo o território nacional.
Comentário: O Sistema Nacional de Armas é um banco de dados 
do Ministério da Justiça, gerido pela Polícia Federal. Nesse banco 
de dados são cadastradas as armas de uso permitido e de uso 
restrito fogo existentes no país, excetuadas as armas institucionais 
e dos integrantes das Forças Armadas, da Agência Brasileira de 
Inteligência e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência 
da República, que são cadastradas no Sistema de Gerenciamento 
Militar de Armas – Sigma, gerido pelo Comando do Exército. 
6 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Art. 2o Ao Sinarm compete:
I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, 
mediante cadastro;
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas 
no País;
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as 
renovações expedidas pela Polícia Federal;
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, 
roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, 
inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança 
privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características ou o 
funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as 
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como 
conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, 
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, 
acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características 
das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, 
conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e 
do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo 
nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para 
consulta.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 7
Comentário: No Sinarm são cadastradas as armas de fogo 
existentes, produzidas, importadas, vendidas, transferidas, 
subtraídas, extraviadas ou apreendidas em território nacional. O 
cadastro deve apontar a identificação do cano da arma, o raiamento 
da alma e o microestriamento de projétil disparado e, se for o 
caso, seu proprietário. Raiamento é o conjunto de sulcos na parte 
interna do cano que proporcionam a rotação dos projéteis durante o 
disparo, a fim de conferir estabilidade em sua trajetória. Os projéteis 
sofrem microestrias durante a passagem pelo raiamento, as quais 
permitem associar um projétil disparado a uma arma determinada. 
Também estão sujeitos a cadastro no Sinarm as autorizações de 
porte de arma de fogo e os armeiros em atividade, isto é, pessoas 
especializadas e autorizadas a dar manutenção em armas de 
fogo. A manutenção de armas de fogo prestada por pessoas não 
cadastradas e não autorizadas caracteriza, em tese, crime previsto 
no art. 17 desta lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as 
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais 
que constem dos seus registros próprios.
Comentário: Excluem-se do cadastro no Sinarm as armas de 
fogo das Forças Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência 
e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da 
República, bem como as armas de seus integrantes. Essas armas 
são cadastradas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – 
Sigma, do Ministério da Defesa, que é um banco de dados gerido 
pelo Comando do Exército.
8 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.
Comentário: Cadastro e registro são institutos diversos. As armas 
de fogo devem ser cadastradas no Sistema Nacional de Armas ou no 
Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. O cadastro das armas 
tem finalidade eminentemente informativa e estatística. Inclusive as 
armas de procedência ilícita estão sujeitas a cadastro em algum 
daqueles sistemas. O registro, por outro lado, confere autorização 
para alguém ser proprietário da arma. Essencialmente, as armas 
de fogo de uso permitido são registradas na Polícia Federal e as 
armas de fogo de uso restrito, no Comando do Exército. No entanto, 
as armas de determinadas instituições e de seus integrantes estão 
sujeitas a registro na própria instituição ou em órgão vinculado. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas 
no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei.
Comentário: as armas de fogo diferenciam-se em de uso permitido e 
de uso restrito em razão de seus recursos, características e eficácia 
lesiva. As primeiras são conferidas ao uso de pessoas físicas e 
jurídicas em geral. As segundas, apenas a determinadas pessoas e 
instituições. O art. 3º, XVII e XVIII, do Regulamento anexo ao Decreto 
3.665/00 traz as seguintes definições: “arma de uso permitido é a 
arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem 
como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa 
do Exército; arma de uso restrito é a arma que só pode ser utilizada 
pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por 
pessoas físicas e jurídicas habilitadas,devidamente autorizadas 
pelo Exército, de acordo com legislação específica”. Como já 
mencionado, em regra as armas de uso permitido são registradas na 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 9
Polícia Federal, enquanto as armas de uso restrito são registradas 
no Comando do Exército, ressalvados os casos em que a legislação 
determina o registro da arma em órgão próprio (art. 2º, § 1º, I e II, 
do Decreto 5.123/04.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado 
deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes 
requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões 
negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, 
Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial 
ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita 
e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica 
para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no 
regulamento desta Lei.
Comentário: aquisição de arma de fogo por pessoas em geral 
é controlada, devendo ser previamente autorizada. A venda ou 
compra de armas de fogo, sem prévia autorização, caracteriza, 
em tese, os crimes previstos no capítulo IV desta lei. A autorização 
para aquisição de arma de fogo é ato administrativo discricionário, 
subordinando-se ao juízo de conveniência e oportunidade da 
autoridade concedente, não bastando, portanto, a apresentação de 
documentos enumerados no artigo.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo 
após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do 
requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
10 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Comentário: Após a escolha da arma, o interessado deve solicitar 
autorização para a compra. Concedida a autorização, a compra é 
feita de comerciante ou de pessoa que tenha arma regularmente 
registrada. Feita a compra, arma deve ser registrada no órgão 
competente, em geral, na Polícia Federal. Somente após o registro 
da arma, o interessado fica autorizado a receber a arma adquirida e 
é obrigado a mantê-la em sua residência ou local de trabalho caso 
não seja detentor de porte.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre 
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: somente pessoas que tenham armas registradas tem 
autorização para a aquisição de munição, e apenas de munição 
correspondente à arma registrada.
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território 
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como 
também a manter banco de dados com todas as características da arma 
e cópia dos documentos previstos neste artigo.
Comentário: toda venda de arma de fogo de uso permitido e de 
uso restrito deve ser inscrita, respectivamente, no Sinarm ou no 
Sigma, que são banco de dados da Polícia Federal e do Comando 
do Exército. O comerciante também é obrigado a manter banco de 
dados próprio sobre as vendas de armas de fogo efetuadas.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e 
munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas 
como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 11
Comentário: as armas de fogo destinadas a venda devem 
permanecer registradas precariamente em nome do comerciante.
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições 
entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do 
Sinarm.
Comentário: a comercialização de armas de fogo, entendida, 
no sentido técnico, como uma atividade desenvolvida como 
habitualidade, profissionalismo e intuito de lucro, é restrita a pessoas 
jurídicas especialmente autorizadas. No entanto, pessoas físicas 
podem vender suas armas a terceiros, porém, a lei exige a prévia 
autorização da Polícia Federal.
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será 
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 
(trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
Comentário: embora a autorização seja ato discricionário, 
subordinado, portanto, ao juízo de conveniência e oportunidade 
da autoridade, a concessão ou denegação da autorização devem 
ser fundamentadas. Exige-se, pois, que a autoridade explicite os 
motivos concretos considerados em sua decisão.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do 
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
Comentário: as armas de fogo destinadas à venda devem ser 
registradas precariamente em nome do comerciante, no entanto, 
o comerciante está dispensado de comprovar idoneidade moral, 
12 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
residência certa, ocupação lícita, capacidade técnica e aptidão 
psicológica para o manuseio da arma a cada aquisição de mercadoria. 
Isso porque o exercício de atividade comercial de armas de fogo 
depende de prévia autorização, quando são verificados todas as 
exigências pertinentes.
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do 
caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em adquirir 
arma de fogo de uso permitido que comprove estar autorizado a portar 
arma com as mesmas características daquela a ser adquirida. (Incluído 
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: a autorização para o porte depende da comprovação 
de capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio da 
arma. Assim, a pessoa que já detenha autorização para portar 
determinada arma está dispensada de repetir a referida comprovação 
durante a solicitação de autorização para a aquisição de arma com 
as mesmas características da arma que está autorizado a portar.
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade 
em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma 
de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou 
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja 
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
(Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
Comentário: a pessoa detentora de registro de arma de fogo tem 
autorização para manter a arma de fogo em sua residência ou 
em seu local de trabalho, ainda que não possua autorização para 
porte. Neste caso, qualquer movimentação física da arma deve ser 
precedida de autorização de trânsito.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 13
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela 
Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
Comentário: o Sinarm é um sistema de banco de dados gerido 
pela Polícia Federal. O certificado de registro de arma de fogo é o 
documento expedido pela Polícia Federal que prova a autorização 
para a pessoa ser proprietária da arma de fogo. O registro da arma 
de fogo é precedido pelo cadastro no sistema de banco de dados 
pertinente.
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o 
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 
(três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, 
para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Comentário: o registro de armas de fogo deve ser renovado a cada 
três anos. Ou seja, a autorização para a pessoa ser proprietária de 
arma de fogo expira em três anos, devendo ser renovada, sob pena 
de incursão, em tese, no crime previsto no art. 12 desta lei.
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro 
de propriedade expedido por órgão estadual ou do DistritoFederal até 
a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea 
prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente 
registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação 
de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, 
ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais 
exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
Comentário: a Lei 10.826/03 estabeleceu, em regra, competência 
administrativa federal para o registro de armas de fogo. De maneira 
geral, as armas de fogo são registradas na Polícia Federal ou no 
14 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Comando do Exército. Há, no entanto, outros órgãos, federais, 
estaduais e até municipais que contam com registros próprios de 
armas de fogo: Forças Armadas, Agência Brasileira de Inteligência, 
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, 
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civis, 
órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
estabelecimentos prisionais e de escoltas de presos vinculados 
às Secretarias de Administração Penitenciária ou de Segurança 
Pública, Guardas Portuárias e Guardas Municipais. Excetuados os 
casos de registros próprios, os registros anteriormente expedidos 
por órgãos estaduais expiraram em 31 de dezembro de 2008, 
devendo ter sido renovados perante os órgãos federais. Em tese, 
as pessoas obrigadas à renovação do registro estadual perante os 
órgãos federais que não a procederam estão incorrendo no crime 
previsto no art. 12 desta lei.
§ 4oPara fins do cumprimento do disposto no § 3o deste artigo, o 
proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia 
Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial 
de computadores - internet, na forma do regulamento e obedecidos os 
procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com 
validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 
2008)
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do 
certificado de registro provisório pelo prazo que estimar como necessário 
para a emissão definitiva do certificado de registro de propriedade. 
(Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: o artigo 30 desta lei estabeleceu procedimento 
simplificado para o registro de armas de uso permitido não registradas 
até 31 de dezembro de 2008. O registro de armas de fogo realizado 
na forma prevista naquele artigo teve, inicialmente, prazo de 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 15
validade de noventa dias. Ao término desse prazo, a Polícia Federal 
revalidou os registros por prazo indeterminado. Evidentemente o 
ato administrativo da Polícia Federal contrariou o § 2º do art. 16 do 
Regulamento. Entendemos, por isso, que os registros provisórios 
de armas de fogo, revalidados por prazo indeterminado, deveriam 
ter sido renovados no prazo de três anos a partir de sua revalidação. 
Eventual omissão dos proprietários em renovar o registro provisório 
da arma de fogo no triênio, no entanto, não caracterizaria o crime 
previsto no art. 12 desta lei em razão de critérios hermenêuticos que 
proíbem a criminalização de uma conduta autorizada pelo Poder 
Público, pois a revalidação dos registros provisórios por prazo 
indeterminado, em tese, isentaria os proprietários de armas de fogo 
do dever de renovação periódica do certificado de registro. 
CAPÍTULO III
DO PORTE
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território 
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:
Comentário: em regra, o porte de arma é proibido; excepcionalmente, 
autorizam-se pessoas e integrantes de determinadas instituições, 
geralmente ligadas à segurança, à defesa do Estado e à justiça 
a portar armas. Além das exceções à proibição do porte de arma 
previstas nesta lei, há outros casos de permissão previstos em 
legislação própria, como é o caso da Lei Orgânica da Magistratura e 
da Lei Orgânica do Ministério Público. A proibição do porte impede 
que pessoas não autorizadas transitem com armas, mas não impede 
a posse de arma registrada na residência ou local de trabalho do 
respectivo titular.
16 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
I – os integrantes das Forças Armadas;
Comentário: as Forças Armadas são constituídas pela Marinha, 
pelo Exército e pela Aeronáutica e se destinam à defesa do Estado.
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 
144 da Constituição Federal;
Comentário: o inciso trata das instituições de segurança pública: 
polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal; 
polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Seus integrantes podem portar arma de fogo particular ou da 
instituição, mesmo fora de serviço, pois se presume que em razão 
da função exercida, estão sujeitos a maiores riscos à incolumidade 
física mesmo fora de serviço.
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados 
e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas 
condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais 
de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, 
quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)
Comentário: as guardas municipais são órgãos de proteção dos 
bens, serviços e instalações dos respectivos municípios. As leis 
municipais que estabelecem outras atividades de segurança pública 
às guardas municipais extrapolam a competência administrativa 
estabelecida pelo art. 144, §8º, da Constituição Federal. A concessão 
de autorização para porte de arma a guardas municipais depende 
da criação de ouvidoria externa e de corregedoria própria (art. 44 do 
Regulamento). Os integrantes de guardas municipais de municípios 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 17
com mais de quinhentos mil habitantes podem ser autorizados a 
portar armas de fogo inclusive fora de serviço. Os de municípios 
com mais de cinquenta mil e menos de quinhentos mil habitantes 
podem ser autorizados a portar armas de fogo somente em serviço. 
Os integrantes de guardas municipais de municípios inseridos em 
regiões metropolitanas, instituídas nos termos do art. 25, §3º, da 
Constituição Federal, podem ser autorizados a portar armas quando 
em serviço, independentemente do número de habitantes.
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência 
e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança 
Institucional da Presidência da República;
Comentário: a Agência Brasileira de Inteligência é órgão de 
assessoramente da Presidência da República responsável pelo 
planejamento estratégico e execução de atividades de inteligência 
nos assuntos de interesse nacional (Lei 9.883/99). O Departamento 
de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência 
da República é responsável pela segurança pessoal de autoridades 
essenciais da Presidência da República, bem como pela segurança 
nos palácios e residências presidenciais. 
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e 
no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
Comentário: trata-se da polícia da Câmara dos Deputados e da 
polícia do Senado 
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas 
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
Comentário: trata-se de servidores públicos integrantes do quadro 
efetivo de órgãos destinados à vigilância de estabelecimentos 
prisionais, à movimentação externa de presos e à fiscalização costeira.
18 Defensoria Pública do Estado deSão Paulo
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores 
constituídas, nos termos desta Lei;
Comentário: os empregados das empresas de segurança privada 
e de transporte de valores devem atender aos requisitos do art. 
4º desta lei. As armas devem ser de propriedade da empresa e 
somente podem ser usadas em serviço.
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente 
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de 
fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, 
a legislação ambiental.
Comentário: as agremiações esportivas e atiradores são registrados 
no Comando do Exército. A autorização restringe-se ao porte de 
trânsito, devendo as armas ser transportadas desmuniciadas.
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal 
do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e 
Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
§ 1oAs pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput 
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular 
ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de 
serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito 
nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada 
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: os integrantes das Forças Armadas, da polícia 
federal, da polícia rodoviária federal, da polícia ferroviária federal, 
das polícias civis, das polícias militares e corpos de bombeiros 
militares, os integrantes das guardas municipais de municípios com 
mais de quinhentos mil habitantes, os agentes operacionais da 
Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 19
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência 
da República, os policiais da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal tem autorização para porte de armas de fogo mesmo fora 
de serviço.
§ 2oA autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes 
das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo 
está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III 
do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento 
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentários: todas pessoas autorizadas a portar arma devem 
atender aos requisitos do art.4º desta lei: idoneidade, ocupação 
lícita, residência certa e capacidade técnica e aptidão psicológica 
para o manuseio da arma. A menção deste parágrafo a apenas 
alguns incisos decorre da exigência desses mesmos requisitos para 
a aprovação em curso de formação e posse nos cargo das demais 
carreiras mencionadas nos incisos I, II, III e IV. Os empregados das 
empresas mencionadas no inciso VIII devem atender aos requisitos 
quando da contratação. O porte previsto no inciso IX restringe-
se ao porte de trânsito, em que a arma deve ser transportada 
desmuniciada.
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas 
municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes 
em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência 
de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições 
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do 
Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
Comentário: o regulamento prevê a realização de convênios entre 
a Polícia Federal e os órgãos de segurança pública dos municípios 
para a formação de guardas municipais e a concessão de porte de 
arma de fogo.
20 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais 
e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados 
e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam 
dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo 
artigo, na forma do regulamento desta Lei.
Comentário: os integrantes das instituições referidas estão 
dispensados da comprovação de idoneidade, ocupação lícita, 
residência certa e capacidade técnica e aptidão psicológica para 
o manuseio ao adquirir uma arma de fogo particular, pois tais 
requisitos devem ter sido atendidos quando da investidura no cargo.
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) 
anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover 
sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o 
porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma 
arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, 
de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o 
interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual 
deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei 
nº 11.706, de 2008)
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.706, 
de 2008)
II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei 
nº 11.706, de 2008)
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, 
de 2008)
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma 
de fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, 
conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso 
permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 21
Comentário: o caçador de subsistência não se confunde com 
o praticante de tiro desportivo. O porte de arma do caçador de 
subsistência pode ser concedido a pessoas de populações rurais 
que usem da caça por necessidade alimentar. O porte de arma 
do caçador de subsistência, no entanto, não autoriza o abate 
indiscriminado de animais, devendo ser observada a legislação 
ambiental pertinente. 
§ 7oAos integrantes das guardas municipais dos Municípios que 
integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, 
quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: pode ser concedida autorização para porte de armas 
aos integrantes de guardas municipais dos municípios de regiões 
metropolitanas, ainda que o município tenha cinquenta mil habitantes 
ou menos.
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas 
de segurança privada e de transporte de valores, constituídas na forma 
da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas 
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo 
essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas 
pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de 
porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
Comentário: as armas de fogo de empresas de segurança privada 
ou de transporte de valores devem ser registradas em nome das 
respectivas empresas e somente podem ser usadas em serviço e 
por seus respectivos empregados.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime 
22 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais 
sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial 
e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de 
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua 
guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Comentário: o sócio ou diretor responsável pela empresa de 
segurança privada ou de transporte de valores tem o dever de 
comunicar qualquer forma de perda da posse ou extravio das armas 
de fogo.
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá 
apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos 
constantes do art. 4o desta Leiquanto aos empregados que portarão arma 
de fogo.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste 
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
Comentário: os empregados de empresa de segurança privada ou 
de transporte de valores deverão atender aos requisitos: idoneidade, 
residência certa e capacidade técnica e aptidão psicológica para o 
manuseio da arma de fogo. A comprovação do atendimento desses 
requisitos perante a Polícia Federal cabe à empresa e deve ser 
renovada semestralmente.
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas 
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de 
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o 
possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do 
regulamento desta Lei.
Comentário: as armas de fogo de atiradores e caçadores são 
registradas no Comando do Exército, conforme art. 2º, § 2º, I, 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 23
desta lei, assim como as agremiações esportivas, as empresas de 
instrução de tiro, os atiradores e os caçadores, nos termos do art. 
30 do Regulamento. O dispositivo citado remete as condições de 
segurança dos depósitos de armas, acessórios e munições aos 
poderes normativo e fiscalizatório do Comando do Exército
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte 
de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros 
em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos 
do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito 
de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de 
representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro 
realizada no território nacional.
Comentário: este artigo trata de duas situações diferentes 
relacionadas ao ingresso de estrangeiros com armas no país. 
Os atletas de tiro e colecionadores de armas estrangeiros são 
autorizados pelo Comando do Exército a ingressarem com as 
respectivas armas para participação de evento de tiro realizado 
no país. Trata-se de porte de trânsito, em que a arma deve ser 
transportada desmuniciada e somente pode ser utilizada no recinto 
em que estiver ocorrendo o evento. Já os agentes de segurança de 
autoridades estrangeiras são autorizados pelo Ministério da Justiça 
a ingressar em território nacional com as respectivas armas, bem 
como a portá-las.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso 
permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia 
Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
Comentário: Sinarm não é um órgão, mas um banco de dados do 
Ministério da Justiça. A autorização para o porte de arma é atribuição 
da Polícia Federal após a consulta do Sinarm. A autorização para 
24 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
o porte de armas de uso restrito, de maneira geral, decorre da 
investidura no cargo das carreiras das Forças Armadas e dos órgãos 
de segurança pública (art. 33 do Decreto 5.123/04). Em alguns 
casos específicos a Polícia Federal fica incumbida da concessão de 
autorização para o porte de armas de uso restrito, como no caso de 
ingresso de agentes de segurança de autoridades estrangeiras (art. 
9º desta lei). Os atiradores, caçadores e colecionadores de armas 
de fogo podem ser autorizados ao porte pelo Comando do Exército.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com 
eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, 
e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade 
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
Comentário: este inciso prevê duas hipóteses alternativas como 
justificativa para a concessão de autorização para o porte de armas: 
exercício de atividade profissional de risco e ameaças a integridade 
física. No primeiro caso, o risco a incolumidade física é presumido; 
no segundo, deve ser demonstrado.
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
Comentário: as exigências são: idoneidade, ocupação lícita, 
residência certa e capacidade técnica e aptidão psicológica para o 
manuseio da arma.
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, 
bem como o seu devido registro no órgão competente.
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, 
perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido 
ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias 
químicas ou alucinógenas.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 25
Comentário: este parágrafo não se refere a drogas ilícitas; refere-
se a drogas em um sentido amplo, no que se incluem drogas 
lícitas, como medicamentos. O uso de álcool ou outras drogas, 
isoladamente, não é um problema. O uso de álcool e outras drogas 
se torna um problema se a pessoa, sob seus efeitos, vem a portar 
armas de fogo, o que gera risco a incolumidade pública. Portanto, 
a pessoa autorizada a portar armas de fogo não poderá fazê-lo 
sem, por exemplo, tiver ingerido medicamentos que provoquem 
alterações de comportamento ou de percepções, sob pena de 
revogação imediata da autorização.
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes 
do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo;
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
Comentário: as taxas previstas neste artigo decorrem do exercício 
do poder de polícia previsto no art. 145, II, da Constituição Federal. 
Atualmente, as taxas de registro de armas de fogo custam R$ 60,00 
e as de expedição e renovação de autorização para o porte, R$ 
1.000,00.
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção 
das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do Exército, 
no âmbito de suas respectivas responsabilidades.
26 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Comentário: a receita das taxas arrecadadas é vinculada à rubrica 
do orçamento federal atinente à Polícia Federal e ao Comando do 
Exército.
§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo as 
pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do 
art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: as instituições públicas previstas no art. 6º desta lei 
e seus integrantes gozam de isenção do pagamento das taxas 
de registro de armas de fogo, de autorização para porte e das 
respectivas renovações. Também goza dessas isenções o caçador 
de subsistência.
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as 
condições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal para 
comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para o 
manuseio de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado pelo 
psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários profissionais 
para realização de avaliação psicológica constante do item 1.16 da tabela 
do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado pelo 
instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), 
acrescido do custo da munição. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e 2o 
deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela Polícia 
Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: o credenciamento pela Polícia Federal de instrutores 
de tiro e de psicólogos para a avaliação da capacidadetécnica e 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 27
da aptidão psicológica do interessado para o manuseio de arma de 
fogo deve ser disciplinado pelo Ministério da Justiça. O dispositivo 
também estabelece limites máximos para as taxas de avaliação de 
capacidade técnica e de aptidão psicológica. 
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório 
ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, 
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável 
legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Comentário: para que as pessoas físicas em geral possam ser 
proprietárias de armas de fogo, devem obter autorização para tanto, 
atendidos os requisitos previstos no art. 4º desta lei. A autorização 
para ser proprietário de arma de fogo consubstancia-se no 
respectivo registro. O tipo incriminador do artigo em comento repete 
a exigência do registro da arma de fogo para que a pessoa possa ser 
proprietária de arma de fogo, proibindo a posse e a guarda da arma 
de fogo não registrada, mesmo no interior da residência ou do local 
de trabalho de que seja titular. A posse ou guarda de arma de fogo 
de uso permitido em locais diversos da residência ou do local de 
trabalho de que seja titular caracteriza, em tese, o crime previsto no 
art. 14 desta lei. Observa-se, portanto, que o bem jurídico protegido 
pelo tipo incriminador é a incolumidade pública, na medida em que 
se proíbe a existência de armas de fogo não registradas. O art. 
30 desta lei determinou que as armas até então não registradas 
que estivessem em poder de pessoas físicas e jurídicas em geral 
28 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
deveriam ser registradas até 31 de dezembro de 2008. Em função 
disso, formou-se entendimento de que as pessoas encontradas 
possuindo ou guardando armas de fogo de uso permitido em sua 
residência ou em seu local de trabalho não incorreriam nas penas 
previstas no presente art. 12, pois teriam o direito de, até aquela 
data, solicitar o registro da arma. Por outro lado, o art. 31 desta 
lei facultou a entrega de armas de fogo adquiridas regularmente, 
a qualquer tempo, à Polícia Federal, mediante o recebimento de 
indenização. De igual maneira, pensamos que a pessoa encontrada 
na posse ou guarda, em sua residência ou local de trabalho, de 
arma de fogo de uso permitido adquirida regularmente não incorreria 
nas penas do art. 12, pois teria a faculdade de entregar sua 
arma a qualquer tempo à Polícia Federal, mediante indenização. 
O cotejo das normas expressas nos artigos 4º, 12 e 31 desta lei 
permite concluir que a posse ou guarda de armas de fogo de uso 
permitido, mesmo no interior da residência ou do local de trabalho 
do proprietário, são proibidas. As armas hoje encontradas sem 
registro devem ser apreendidas e encaminhadas ao Comando do 
Exército. No entanto, sem prejuízo da proibição verificada, critérios 
hermenêuticos impedem a imposição de pena privativa de liberdade 
às condutas ilícitas de posse e guarda de arma de fogo não 
registrada, pois a ‘entrega’ das referidas armas – do que a posse ou 
guarda são pressupostos e antecedentes lógicos – é incentivada. 
Como alguém poderia entregar algo de que não tenha a posse 
ou guarda? Assim, entendemos que a posse ou guarda de armas 
de fogo de uso permitido não registradas, ainda que no interior da 
residência ou do local de trabalho de que o possuidor seja titular, 
é proibida. No entanto, essa proibição não pode estar reforçada 
pela cominação de pena privativa de liberdade. Outra observação 
a ser feita é em relação à equiparação de armas, acessórios e 
munição como objeto material do tipo. O direito penal é balizado 
pelo princípio da lesividade e da fragmentariedade. Somente 
ofensas graves ao bem jurídico protegido são dignas de cominação 
de pena privativa de liberdade. Já se mencionou que o bem jurídico 
tutelado pela norma do art. 12 desta lei é a incolumidade pública. 
Faz sentido, portanto que a posse de armas de fogo não registradas 
seja proibida. As munições, por outro lado, ressalvados os casos 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 29
de agentes estrangeiros que sejam autorizados a ingressarem 
em território nacional com armas e munições, não estão sujeitas 
a registro. Se a norma proíbe a posse de armas sem registro, o 
mesmo não se dá com relação às munições e acessórios, que, 
em regra, não estão sujeitos a registro. Pode-se vislumbrar que a 
norma proíba a posse de munições e acessórios por quem não seja 
proprietário de arma de fogo regularmente registrada, mas nesse 
caso, a míngua de posse de arma de fogo, não há produção de risco 
a incolumidade pública.
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir 
que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental 
se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua 
propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou 
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores 
que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia 
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, 
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 
(vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Comentário: trata-se de crime omissivo: não é necessário que 
a pessoa permita que menores de dezoito anos ou pessoas com 
deficiência mental se apoderem de arma de fogo; basta que a pessoa 
que não impeça a posse de armas de fogo por pessoas naquelas 
condições para incorrer, em tese, nesse tipo. O uso de armas de fogo 
é proibido aos menores de dezoito anos, ressalvada a possibilidade 
de autorização judicial para a prática de tiro desportivo, e às pessoas 
com deficiência mental, pois, em razão da idade e da deficiência, o 
uso de armas de fogo proporcionaria risco a incolumidade pública 
e a integridade física própria e alheia. O parágrafo único contém 
30 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
norma de extensão cominando pena privativa de liberdade ao sócio 
ou diretor responsável de empresa de segurança privada ou de 
transporte de valores que tenham perdido a posse de arma de fogo 
e não tenham comunicado à Polícia Federal. A norma tutela, mais 
uma vez, o registro de armas de fogo, pois, conforme prevê o art. 2º, 
IV, desta lei, qualquer alteração na posse da arma de fogo deve ser 
cadastrada no Sistema Nacional de Armas de Fogo.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Comentário: o tipo incriminador desse artigo proíbe a circulação 
com armas de fogo, tutelando, assim, a incolumidade pública. 
Diferentemente do art. 12, que objetiva o registro de armas de 
fogo mantidas na residência ou no local de trabalho do titular, o 
art. 14 objetiva a movimentação e a presença de armas em locais 
de potencial acesso público. Portanto, a pessoa não autorizada 
ao porte que mantenha uma arma de fogo de uso permitido em 
local diverso de sua residência ou do local de trabalho de que 
seja responsável incorre, em tese, no crime do art. 14, não no do 
art. 12. Semelhantemente, a pessoa não autorizada ao porte que 
mantenha arma de fogo de uso permitido em seu local de trabalho, 
mas que dele não sejao responsável, também incidiria na previsão 
deste artigo. Observe-se que mesmo que a arma esteja registrada, 
se a pessoa não for autorizada ao porte, não poderá mantê-la em 
qualquer lugar diverso de sua residência ou do local de trabalho de 
que seja responsável ou titular. O registro é a autorização para ser 
proprietário de arma de fogo e para mantê-la em sua residência ou 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 31
no local de trabalho de que seja responsável ou titular. A autorização 
para o porte permite que a pessoa circule ou permaneça com a 
respectiva arma, observadas as restrições quanto ao porte 
ostensivo, dentre outras, em locais diversos de sua residência ou 
do local de trabalho de que seja titular. Para esse o penal do art. 14 
é indiferente se a arma está ou não registrada.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo 
quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 
3.112-1)
Comentário: o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional 
a vedação abstrata à fiança, entendendo que o crime seria de mera 
conduta e que não produziria lesão efetiva a vida ou ao patrimônio. 
Disparo de arma de fogo
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, 
desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro 
crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Comentário: trata-se de crime de perigo. O disparo de arma de fogo 
em lugar ermo é atípico, pois não proporciona risco a incolumidade 
pública. O disparo acidental também não caracteriza o crime deste 
artigo, pois se trata de crime doloso. Se o disparo de arma de fogo 
constituir meio para a prática de outro crime ocorre a absorção 
daquele em função do princípio da consunção. O crime de disparo 
de arma de fogo absorve os eventuais crimes de posse ou porte de 
arma de fogo previstos nos artigos 12, 14 ou 16 desta lei.
32 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide 
Adin 3.112-1)
Comentário: o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional 
a vedação abstrata à fiança, entendendo que o crime seria de mera 
conduta e que não produziria lesão efetiva a vida ou ao patrimônio. 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, 
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Comentário: este artigo tem como objeto material a arma de uso 
restrito não registrada e o porte não autorizado de arma de fogo 
de uso restrito, ainda que registrada. Grosso modo, contempla as 
condutas previstas nos artigos 12 e 14 desta lei, com a diferença que, 
neste, trata de arma de uso restrito, enquanto naqueles, de arma 
de uso permitido. As observações sobre a desproporcionalidade da 
equiparação de armas, acessórios e munições como objeto material 
do crime feitas no comentário ao art. 12 são aplicáveis também a este 
artigo. Enquanto o art. 31 desta lei prevê a possibilidade de entrega 
de armas de fogo não registradas adquiridas regularmente à Polícia 
Federal, o art. 32 prevê a possibilidade de entrega de armas de 
fogo, seja de uso permitido, seja de uso restrito, independentemente 
da regularidade ou não de sua aquisição, à Polícia Federal, 
estabelecendo, ainda, a possibilidade de indenização no caso de 
boa-fé do possuidor ou proprietário. 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 33
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
Comentário: aparentemente, o parágrafo único veicularia normas 
de extensão equiparando outras condutas às previstas no caput. 
No entanto, observamos que as condutas previstas neste parágrafo 
único não guardam relação com os tipos objetivos, nem com 
o objeto material contemplado pelo caput. Trata-se, portanto, 
verdadeiramente de outros tipos incriminadores a que se comina 
pena de reclusão de três a seis anos e multa.
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de 
identificação de arma de fogo ou artefato;
Comentário: incorre, em tese, neste crime, a pessoa que altera ou 
suprime os sinais identificadores da arma de fogo ou artefato de arma 
de fogo, não sendo necessariamente quem os possua. Artefato, 
neste contexto, é alguma peça de arma de fogo. Pode ser arma de 
uso restrito ou arma de uso permitido. Esse tipo incriminador tutela o 
controle do Estado sobre as armas de fogo e, apenas indiretamente, 
a incolumidade pública.
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-
la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de 
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou 
juiz;
Comentário: tal como o inciso anterior, este trata de crime 
instantâneo, imputável a quem promova as modificações e não 
necessariamente ao proprietário ou a quem possua a arma. O inciso 
trata de duas hipóteses de modificações: a primeira, para tornar a 
arma equivalente a arma de fogo de uso exclusivo – o e não de 
uso proibido – ou de uso restrito; e a segunda, para dissimular a 
arma. O objeto jurídico da primeira figura é a incolumidade pública 
agravada pelo aumento da potencialidade lesiva da arma em razão 
34 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
da modificação e o da segunda figura é o controle do Estado sobre 
as armas de fogo. Esta segunda figura pode ter como objeto material 
tanto arma de uso permitido quanto arma de uso restrito.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou 
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar;
Comentário: o Código Penal dispõe: “art. 253 - Fabricar, fornecer, 
adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância 
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado 
à sua fabricação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa.” O inciso III do parágrafo único do art. 16 da Lei 10.826/03 
derrogou esse dispositivo do Código Penal. Ocorrendo explosão ou 
incêndio as condutas previstas nesse inciso são absorvidas pelos 
crimes previstos nos artigos 250 e 251 do Código Penal
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo 
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado;
Comentário: diferentemente dos crimes previstos nos incisos I e II, 
esses crimes são permanentes, não importando se o possuidor da 
arma foi ou não o responsável pela supressão ou adulteração do 
sinal de identificação. Não importa se a arma seja de uso restrito ou 
de uso permitido. 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma 
de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
Comentário: o comércio ilegal de armas de fogo encontra-se 
previsto no art. 17 desta lei. O inciso em comento, diferentemente, 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 35
trata de venda, entrega ou fornecimento de arma de fogo ocasionais 
a crianças e adolescentes, sem que constituam objetos de atividade 
empresarial. O art. 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente 
proíbe a venda de armas, munições e exposivos a crianças e 
adolescentes. As condutas previstas nesse inciso já constavam do 
Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 242. Vender, fornecer 
ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança 
ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão, de 3 
(três) a 6 (seis) anos.” O inciso em comento, portanto, derrogou esse 
dispositivo. Tratando-se de armade fogo de uso restrito, o inciso 
repete condutas já previstas no caput, sem agravar ou qualificar o 
crime; tratando-se de arma de uso permitido, o inciso funciona como 
um tipo qualificado das condutas previstas no art. 14 em razão do 
envolvimento de criança ou adolescente.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou 
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Comentário: somente pessoas ou empresas autorizadas pelo 
Comando do Exército podem produzir, recarregar ou reciclar 
munições. A produção de explosivos é ainda mais restrita. 
Evidentemente, as pessoas e empresas autorizadas não incidem 
esta figura penal ao exercerem a atividade nos limites da autorização 
concedida.
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, 
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor 
à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou 
munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
36 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, 
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, 
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em 
residência.
Comentário: o objeto material do crime é a incolumidade pública, 
que é exposta a risco com a circulação e aumento do número não 
autorizados de armas de fogo. Trata-se de crime próprio, praticável 
por quem exerça habitualmente atividade comercial ou industrial ou 
prestação de serviços, ainda que irregular ou clandestinamente. A 
prestação irregular de serviços de segurança privada também se 
enquadra, em tese, na previsão do caput deste artigo. O art. 19 
considera causa de aumento de pena a circunstância de a arma ser 
de uso restrito.
Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território 
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Comentário: a criminalização do tráfico internacional de armas 
pela legislação interna está em consonância com a Convenção 
das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, 
promulgada pelo Decreto 5.015/04, e com seu respectivo Protocolo, 
promulgado pelo Decreto 5.941/06. O artigo em comento derrogou 
o art. 334 do Código Penal, que prevê como crime de contrabando a 
importação ou exportação de mercadoria proibida, por ser posterior 
e especial em relação àquele.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada 
da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido 
ou restrito.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 37
Comentário: embora o dispositivo mencione arma de “uso proibido”, 
trata-se de arma de uso exclusivo das Forças Armadas. Portanto, 
caso as condutas previstas.nos artigos 17 e 18 desta lei tenham 
como objeto material armas de uso restrito ou de uso exclusivo, 
ocorre a incidência da causa de aumento prevista neste artigo. O 
aumento da pena está relacionado com o maior potencial ofensivo 
das armas de uso restrito ou de uso exclusivo das Forças Armadas.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena 
é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e 
empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
Comentário: a causa de aumento prevista neste artigo está 
relacionada com condições pessoais do agente que, em virtude 
do cargo ou ocupação, tem autorização para o porte de armas de 
fogo. Havendo abuso do direito previsto no art. 6º, que é conferido 
em função do cargo ou emprego, caso se configurem os crimes 
previstos nos artigos 14, 15, 16, 17 e 18, incide a causa de aumento.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis 
de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
Comentário: o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a 
vedação abstrata à liberdade provisória entendendo que a imposição 
de prisão ex lege viola o princípio de presunção de inocência e o 
princípio da motivação das decisões judiciais.
38 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os 
Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto nesta Lei.
Comentário: esse artigo prevê a celebração de convênios para, 
entre outras finalidades, viabilizar a integração de acervos de armas 
de fogo e dos banco de dados sobre armas de fogo dos Estados 
e do Distrito Federal com o Sistema Nacional de Armas. O artigo 
40 do Regulamento prevê também a celebração de convênios do 
Ministério da Justiça com os Municípios para a formação de guardas 
municipais.
Art. 23.A classificação legal, técnica e geral bem como a definição 
das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, 
restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas 
em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do 
Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar 
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, 
gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do 
adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta 
Lei.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedidas 
autorizações de compra de munição com identificação do lote e do 
adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data 
de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de segurança e de 
identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo regulamento desta 
Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
§ 4o As instituições deensino policial e as guardas municipais 
referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu § 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 39
7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição para o 
fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante autorização 
concedida nos termos definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 
11.706, de 2008)
Comentário: O Decreto 3.665/00 aprovou o Regulamento para a 
Fiscalização de Produtos Controlados.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta 
Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, 
exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de armas 
de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de 
trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Comentário: o cadastramento de armas de fogo produzidas, 
importadas, comercializadas, vendidas devem ser cadastradas 
perante a Polícia Federal, no Sinarm. A autorização e a fiscalização 
dos processos de produção, exportação, importação e comércio de 
armas de fogo é atribuição do Comando do Exército.
Art. 25.As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do 
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem 
à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao 
Comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, 
para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças 
Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 
11.706, de 2008)
§ 1oAs armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que 
receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e a dotação 
de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,atendidos os 
critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o 
Comando do Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral 
a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para 
manifestação de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
40 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
§ 2oO Comando do Exército encaminhará a relação das armas a 
serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento em 
favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 3oO transporte dasarmas de fogo doadas será de responsabilidade 
da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadastramento no Sinarm 
ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 4o(VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 5oO Poder Judiciário instituirá instrumentos para o 
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de 
uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de armas 
acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde 
se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: as armas apreendidas em processos penais devem 
ser cadastradas no Sinarm e encaminhadas para o Comando do 
Exército. Essas armas devem ser destruídas ou doadas a órgãos de 
segurança pública ou às Forças Armadas. Sendo doadas às Forças 
Armadas, devem ser cadastradas no Sigma; sendo doadas a órgão 
de segurança pública, a doação deve ser registrada no Sinarm. As 
armas apreendidas não podem ser utilizadas ou cedidas antes de 
realizado o procedimento de doação e cadastramento.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e 
a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que 
com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os 
simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de 
usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
Comentário: a proibição de fabricação, venda, comercialização e 
importação de simulacros de armas de fogo já existia na Lei 9.437/97. 
No entanto, a posse de arma de brinquedo não é proibida por esse 
artigo. Tampouco o uso ou porte de arma de brinquedo caracteriza 
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 41
os crimes previstos nesta lei. A lei revogada, diferentemente, previa 
como crime autônomo a prática de crimes com simulacros de 
arma de fogo, mas não houve previsão desse tipo incriminador na 
Lei 10.826/03. A proibição de fabricação, venda, e importação de 
simulacros de armas também objetiva a retirada das armas de fogo 
do contexto lúdico e cultural da sociedade.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, 
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições 
dos Comandos Militares.
Comentário: as armas de uso restrito são registradas no Comando 
do Exército ou nos registro próprios das instituições enumeradas no 
art. 2º, §1º, I, do Decreto 5.123/04. A aquisição dessas armas deve 
ser precedida de autorização do Comando do Exército. A autorização 
para a aquisição de armas de fogo de uso restrito é dada em razão 
da função de segurança que as instituições enumeradas no art. 6º 
desta lei e seus integrantes desempenham. Também podem obter 
autorização para a aquisição de armas de fogo de uso restrito os 
caçadores, atiradores e colecionadores.
Art. 28.É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma 
de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos 
I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei 
nº 11.706, de 2008)
Comentário: em regra, a idade mínima para a aquisição de arma 
de fogo é vinte e cinco anos. No entanto, os integrantes das Forças 
Amadas, dos órgãos de segurança pública, das guardas municipais 
de municípios com mais de cinquenta mil habitantes, da Agência 
Brasileira de Inteligência, do Departamento de Segurança do 
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, 
42 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
das polícias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do 
quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes 
das escoltas de presos e as guardas portuárias, das empresas 
de segurança privada ou de transporte de valores, e das carreiras 
de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal 
do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário, que 
podem ser autorizados a portar armas institucionais ou particulares, 
inclusive fora de serviço, podem ser autorizados a adquirirem armas 
de fogo, mesmo que tenham entre dezoito e vinte e cinco anos.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas 
expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei. (Vide Lei nº 
10.884, de 2004)
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade 
superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a Polícia Federal, 
nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) 
dias após sua publicação, sem ônus para o requerente.
Comentário: a lei operou a revogação de todas autorizações de 
porte de armas de fogo até então expedidas, impondo a renovação 
no prazo de noventa dias. A lei cuidou de isentar as pessoas com 
autorizações que vigeriam por tempo superior do pagamento das 
taxas de renovação.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso 
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o dia 
31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de 
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados 
de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, 
pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na 
qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, 
ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das 
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta 
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 43
Comentário: o artigo 30 desta lei estabeleceu procedimento 
simplificado para o registro de armas de uso permitido não 
registradas até 31 de dezembro de 2008. Essa possibilidade de 
registro simplificado não existe mais. No entanto, os possuidores 
e proprietários de armas de fogo, seja de uso permitido ou não, 
podem entregar as armas a Polícia Federal, nos termos dos artigos 
seguintes.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no caput 
deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento 
de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na forma do 
§ 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: o registro provisório teve prazo de validade inicial 
de noventa dias, dentro do qual a Polícia Federal deveria expedir 
os registros definitivos. No entanto, ao invés disso, a Polícia 
Federal revalidou os registros provisórios por prazo indeterminado, 
extrapolando o limite temporal de três anos da autorização, previsto 
no §2º do art. 16 do Decreto 5.123/04.
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas 
regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, 
mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Comentário: as armas de fogo adquiridas regularmente, antes ou 
depois da promulgação desta lei, que não tenham sido registradas, 
ou cujo registro tenha expirado e não tenha sido renovado, ou 
cujo registro ainda esteja válido, podem ser entregues por seus 
proprietários ou possuidores à Polícia Federal. Trata-se de medida 
tendente a redução do número de armas de fogo regulares em 
poder da população. A efetiva entrega da arma deve serprecedida 
de autorização de trânsito, sob pena de o agente incorrer, em tese, 
no crime do art. 14 desta lei.
44 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão 
entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de 
boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a 
punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada 
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Comentário: as armas de fogo referidas neste artigo podem ser 
de uso restrito ou de uso permitido, podem ter sido adquiridas 
regularmente ou não. Trata-se de medida tendente a redução 
do número de quaisquer armas de fogo em poder da população. 
A efetiva entrega da arma deve ser precedida de autorização de 
trânsito, sob pena de o agente incorrer, em tese, nos crimes dos 
artigos 14 ou 16 desta lei.
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a 
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o regulamento 
desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, 
marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, 
faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição sem a 
devida autorização ou com inobservância das normas de segurança;
Comentário: o artigo comina pena de multa, de caráter administrativo, 
à empresa que promova o transporte de terceira pessoa portando 
arma de fogo sem autorização. Caso o transporte da arma seja 
feito em nome próprio pela empresa ou por seus funcionários, o 
responsável pelo transporte incorre, em tese, nos crimes previstos 
no art. 14, 16, 17 ou 18 desta lei, conforme o caso. 
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que 
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado de 
armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 45
Comentário: o dispositivo proíbe a publicidade que estimule o 
uso de armas de fogo ao público em geral, cominando pena de 
multa. A publicidade de armas de fogo somente pode ser veiculada 
em canais adstritos ao público praticante de tiro desportivo ou 
colecionador de armas, ou instituições ou integrantes de instituições 
que desempenhem funções para as quais seja inerente o uso de 
arma.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com 
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena de 
responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingresso de 
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do 
art. 5o da Constituição Federal.
Comentário: os promotores de eventos que reúnam aglomerações 
tem o dever de evitar o ingresso de pessoas armadas e, por isso, 
podem ser responsabilizados pelo porte de armas de terceiros, 
conforme dispõe a norma de extensão prevista no art. 29 do Código 
Penal: “Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime 
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. 
Para cumprir evitar que as pessoas ingressem no local do evento, 
seus promotores podem lançar mão de equipamentos eletrônicos 
de detectores de metais e de vistoria pessoal. Esse dispositivo não 
se aplica a locais reservados a cultos religiosos.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos 
serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros 
adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de 
passageiros armados.
Comentários: as empresas de transporte internacional e 
interestadual tem o dever de evitar o embarque de passageiros com 
armas à pronta disposição. Para que as pessoas autorizadas ao 
porte de armas de fogo embarquem em meios de transporte público 
46 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
com suas armas, devem transportá-las desmuniciadas e em local 
fora de seu alcance e indisponíveis para o imediato municiamento. 
Evidentemente, o parágrafo em comento não alcança profissionais 
de segurança pública ou privada que estejam no veículo 
desempenhando suas funções.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição 
em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6o 
desta Lei.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação 
mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto 
neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resultado pelo 
Tribunal Superior Eleitoral.
Comentário: O dispositivo foi rejeitado no referendo realizado em 23 
de outubro de 2005. A comercialização de armas de fogo e munição 
continua a ser permitida, embora sob intensa regulação.
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
Comentário: a Lei 9.437/97 definia como crime autônomo o uso de 
arma de brinquedo e de simulacro de arma para o cometimento de 
outros crimes. A Lei 10.826/03 não contém semelhante previsão.
Reflexões Sobre o Estatuto do Desarmamento 47
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da Independência e 115o 
da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Márcio Thomaz Bastos 
José Viegas Filho 
Marina Silva
ABORDAGEM CRÍTICA 
SOBRE AS FORMAS 
LEGAIS DE POSSE E 
PORTE DE ARMA DE
FOGO
Filovalter Moreira dos Santos Júnior
Defensor Público do Estado de São Paulo
DO PROCEDIMENTO PARA AQUISIÇÃO DE PORTE E POSSE DE 
ARMA DE FOGO 
Até 1997 o porte ilegal de armas de fogo no Brasil era uma mera 
contravenção penal. Devido à grande intranquilidade social que as armas 
de fogo provocaram, especialmente em razão do crescente número de 
homicídios, entrou em vigência a Lei n.º 9.437/97, considerando o porte 
ilegal de arma de fogo um crime e sancionando mais severamente as 
condutas. 
Desde então, cresceram os movimentos de entidades e da população 
em favor do desarmamento no país. Diversas organizações realizaram 
passeatas e eventos chamando a atenção da população brasileira. Um 
dos propulsores desse pensamento contra o armamento da população 
foi o Instituto Sou da Paz. No entanto, as pesquisas apontavam a relação 
direta entre o aumento do número de homicídios praticados com arma de 
fogo e a facilidade de se adquirir armas de fogo no Brasil.
Foi realizado, em 2003, um ato público de grande repercussão, nas 
portas do Congresso Nacional, chamado “Marcha Silenciosa”, onde foram 
colocados sapatos de vítimas de armas de fogo em frente ao Congresso 
50 Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Nacional, que foi palco para a promulgação da Lei n.º 10.826/03, 
denominada Estatuto do Desarmamento. 
Em 2005 foi organizado um referendo popular que buscou colher da 
população sua opinião acerca da proibição de comercialização de armas 
de fogo e munições em todo o território nacional. A pergunta feita para a 
população foi: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido 
no Brasil?".
Entre a entrada em vigor da Lei n.º 10.826/02 e a data do 
referendo popular, acirrou-se a discussão acerca do tema. Entidades 
não governamentais posicionaram-se contra o comércio de armas, sob 
o argumento de que os dados e pesquisas demonstravam que as mortes 
violentas em sua maioria têm como causa uma arma de fogo, ao passo que 
o lado oposto defendia o direito à legítima defesa, defesa da propriedade 
de armas e, notadamente, porque não seria possível associar a redução 
do número de mortes por armas de fogo à proibição da comercialização 
das armas e munições. Enfim, os cidadãos decidiram pela não proibição 
da comercialização das armas de fogo no Brasil. 
Não obstante tenha sido permitido o comércio de armas de fogo no 
Brasil, a ideia fundamental do Estatuto do Desarmamento é preservar a 
integridade física e a propriedade privada, na medida em que o Estado

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