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Plano de Aula: Aula 03 - Políticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Retificação de Erros (IAS 8) CONTABILIDADE INTERNACIONAL - GST0087 Título Aula 03 - Políticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Retificação de Erros (IAS 8) Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 3 Tema Políticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Retificação de Erros (IAS 8) Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: - Compreender os objetivos do IAS 8; - Identificar os critérios para aplicação de políticas contábeis; - Compreender o tratamento contábil para políticas contábeis, estimativas contábeis e para correção de erros. Estrutura do Conteúdo Introdução Com o objetivo de facilitar o entendimento dos conceitos a serem discutidos, apresentam-se, a seguir, as principais definições presentes no pronunciamento da IAS 8: Políticas contábeis: são os procedimentos, as convenções, as regras e práticas específicas adotadas por uma entidade na elaboração e apresentação de suas demonstrações contábeis. Mudanças em estimativas contábeis: são ajustes nos saldos contábeis de ativos ou de passivos ou do montante de consumo periódico de um ativo, que decorre da avaliação da situação atual e dos benefícios futuros esperados e das obrigações associadas com ativos e passivos. Mudanças nas estimativas contábeis decorrem de novas informações ou de novos desenvolvimentos e não são correções de erros. Omissões materiais ou divulgações incorretas materiais: São consideradas materiais se elas puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões econômicas dos usuários das demonstrações financeiras. A materialidade depende do tamanho e da natureza da omissão ou da informação incorreta avaliada de acordo com as circunstâncias que a geraram. O tamanho e a natureza do item, ou uma combinação dos dois, pode ser o fator determinante. Erros de períodos anteriores: são omissões ou distorções contidas nas demonstrações contábeis de um ou mais períodos anteriores, resultantes de falhas no uso ou do uso errôneo de informações confiáveis que: a) estavam disponíveis quando as demonstrações contábeis de períodos anteriores foram elaboradas; b) seria razoável concluir que poderiam ter sido conhecidas e levadas em consideração por ocasião da elaboração e divulgação daquelas demonstrações contábeis. Tais erros incluem os efeitos de erros matemáticos, de enganos na aplicação das práticas contábeis, de desconsideração ou ma´ interpretação de fatos, e de fraudes. Aplicação retrospectiva: representa a aplicação de uma nova prática contábil a transações, outros eventos e condições, como se essa prática estivesse sempre em uso. Ajuste retrospectivo: refere-se a` correção do registro inicial, da valoração ou da divulgação de elementos das demonstrações financeiras como se o erro não houvesse sido cometido. Impraticável: a aplicação de uma norma é considerada impraticável quando a entidade esgota os recursos para aplicá-la, sem sucesso. Para determinado período anterior, considera-se impraticável efetuar mudança em prática contábil, retrospectivamente, ou proceder ao ajuste retrospectivo para correção de erros, se: a) os efeitos não puderem ser determinados; b) a determinação de valores envolver o uso de premissas que dependam ou estejam relacionadas a intenções da administração da entidade no período anterior a que se referir o ajuste; ou a determinação dos efeitos exigir presentemente estimativas significativas de valores, e se for impraticável diferenciá-las de outras informações ligadas a essas estimativas que: (i) forneceriam evidências dos fatos e das circunstâncias que existiam no período anterior ao qual os valores deverão ser registrados, mensurados ou divulgados; e (ii) estariam disponíveis quando as demonstrações contábeis daquele período anterior receberam autorização para conclusão da elaboração. Aplicação prospectiva de uma mudança em prática contábil: representa a aplicação da nova prática contábil a transações, outros eventos e circunstâncias que ocorrerem após a adoção da nova prática. Reconhecimento do efeito de mudança em estimativa contábil: representa o registro e a divulgação do efeito da mudança em estimativa contábil nos períodos correntes e futuros afetados pela mudança. A IAS 1 trata de alguns princípios gerais relativos a`s políticas contábeis, enquanto a IAS 8 discute o detalhe da escolha e aplicação de políticas contábeis individuais e sua divulgação. O objetivo do IAS 8 é melhorar a relevância e a confiabilidade das demonstrações financeiras de uma entidade e a sua comparabilidade ao longo do tempo e com as demonstrações financeiras de outras entidades. A norma faz uma distinção entre políticas contábeis e estimativas contábeis e define políticas contábeis como "princípios, bases, convenções, regras e práticas específicos aplicados por uma entidade quando da preparação e apresentação das demonstrações financeiras". Particularmente, a IAS 8 considera que uma mudança na "base de mensuração" representa uma mudança na política contábil (em vez de uma mudança de estimativa). "Estimativas contábeis" não é uma expressão definida diretamente pelas normas. Entretanto, é definida indiretamente por meio da definição dada pela IAS 8 de mudança em uma estimativa contábil como segue. Uma mudança na estimativa contábil é um ajuste da quantia escriturada de um ativo ou de um passivo, ou da quantia do consumo periódico de um ativo, que deriva da avaliação da situação atual dos ativos e passivos e das supostas obrigações e benefícios futuros associados aos ativos e passivos. As mudanças nas estimativas contábeis resultam de novas informações ou novos acontecimentos e, consequentemente, não são correções de erros. Os exemplos fornecidos pelo IASB são as estimativas de devedores duvidosos e a vida útil estimada de um ativo depreciável. A norma também ressalta que correções de erros deverão ser distintas de mudanças nas estimativas contábeis. As estimativas contábeis, por sua própria natureza, são aproximações que podem demandar revisão conforme informações adicionais passam a ser conhecidas. Por exemplo, o ganho ou perda reconhecido pelo resultado de uma contingência não constitui correção de erro. A diferença entre uma política contábil e uma estimativa contábil é particularmente importante porque o tratamento exigido quando ha´ mudanças nas políticas contábeis é bastante diferente do que é exigido em se tratando das estimativas contábeis. Políticas contábeis Quando uma IFRS se aplicar especificadamente a uma transação, evento ou condição, as políticas contábeis aplicadas a esse item serão determinadas pela aplicação da IFRS. Contudo, haverá circunstâncias nas quais um evento, uma transação ou outra situação específica não será tratada particularmente pelas IFRS. Nesses casos, a IAS 8 define a hierarquia de orientações a serem seguidas para a escolha da política contábil adequada. A exigência básica e´ que a administração da empresa deverá usar seu próprio julgamento quando do desenvolvimento e aplicação de uma política contábil que resulte em informações que sejam: a) relevantes às necessidades de tomada de decisão dos usuários para questões econômicas; e b) confiáveis, e que as demonstrações financeiras: (i) representem fielmente a situação financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade; (ii) reflitam o conteúdo econômico de transações, outros eventos e situações, e não apenas o teor jurídico; (iii) sejam neutras, ou seja, na~o apresentem viés; (iv) sejam prudentes; e (v) sejam completas em todas asquestões materiais. Em sustentação a essa exigência básica, a norma fornece orientações sobre como a gerência deverá aplicar seu julgamento. Essa orientação vem em duas frentes certas coisas que a gerência tem que considerar e outras coisas que ela poderá considerar, como segue. Ao fazer seu julgamento, a administração da empresa deverá referir- se às seguintes fontes e considerar a sua aplicabilidade: a) exigências e orientações das normas e interpretações quanto a questões semelhantes e relacionadas; e b) definições, critérios de reconhecimento e conceitos de mensuração para ativos, passivos, receita e despesas na Estrutura Conceitual. A consistência de políticas contábeis e sua apresentação é um princípio básico e, consequentemente, a IAS 8 apenas permite uma mudança nas políticas contábeis caso a mudança: a) seja exigida por uma norma ou por uma interpretação; ou b) resulte em demonstrações contábeis que forneçam informações confiáveis e mais relevantes acerca dos efeitos das transações, outros eventos ou condições na situação financeira, desempenho financeiro ou fluxos de caixa da entidade. A IAS 8 trata de mudanças de política contábil provenientes de três fontes: a) aplicação inicial de uma norma ou interpretação que contenha provisões de transic¸a~o especi´ficas; b) aplicac¸a~o inicial de uma norma ou interpretac¸a~o que na~o contenha proviso~es de transic¸a~o especi´ficas; e c) mudanc¸as volunta´rias na poli´tica conta´bil. Ressalta-se que há situações que o IASB oferece opções para a empresa em relação às políticas contábeis, como o estoque, que pode ser avaliado pelo método PEPS ou pela média ponderada móvel. Nessa situação, o gestor quem exercerá o julgamento para modificação da política contábil referente ao estoque. Ressalta-se que quando uma IFRS for aplicada pela primeira vez, causando mudança em uma política contábil, a contabilização dessa mudança deverá ser feita de acordo com as respectivas disposições transitórias específicas, se houver, nessa IFRS. Caso a IFRS, que seja aplicada pela primeira vez, não inclua disposições transitórias específicas ou caso a empresa venha a mudar uma política contábil de forma voluntária, essa mudança deverá ser aplicada retrospectivamente. A norma prossegue explicando que a aplicação retrospectiva exige ajuste do saldo de abertura de cada componente impactado do patrimônio líquido no período anterior mais remoto apresentado, e das outras quantias comparativas divulgadas para cada período anterior apresentado como se a nova política contábil sempre tivesse sido aplicada. A IAS 8 também esclarece que qualquer outra informação sobre períodos anteriores, tais como resumos histo´ricos de dados financeiros, também deverá ser ajustada. Contudo, a norma aceita que essa aplicação pode ser impraticável algumas vezes. Consequentemente, a aplicação retrospectiva de uma mudança na política contábil não será exigida na medida em que for impraticável determinar os efeitos específicos do peri´odo ou o efeito cumulativo da mudança. Destaca-se que a aplicação retrospectiva é considerada impraticável quando os efeitos da aplicação retrospectiva não são determináveis; a aplicação retrospectiva requer premissas sobre qual teria sido a intenção dos gestores naquele período; ou quando a aplicação retrospectiva requer estimativas relevantes de valores que não podem ser separados objetivamente de outras informações. Quando uma IFRS tiver sido emitida, porém ainda não tiver entrado em vigor, e ainda não tenha sido aplicada pela entidade, ela deverá divulgar: esse fato, informações conhecidas ou razoavelmente estimáveis pertinentes para a avaliação do possível impacto que a aplicação da nova IFRS terá. Mudanças nas estimativas contábeis As estimativas são uma característica fundamental das demonstrações financeiras que refletem as incertezas inerentes às atividades de negócio. A IAS 8 aponta que o uso de estimativas razoáveis é uma parte essencial da preparação das demonstrações financeiras e não coloca em dúvida sua confiabilidade. A norma fornece os seguintes exemplos de estimativas: provisão para devedores duvidosos; obsolescência de inventário; valor justo de ativos financeiros ou passivos financeiros; vida útil estimada de um ativo depreciável, e; obrigações de garantia. As estimativas precisarão de revisão, pois podem ocorrer mudanças nas circunstâncias em que elas estão baseadas ou ainda como resultado de uma nova informação ou de mais experiência. A norma observa que, por sua própria natureza, a revisão de uma estimativa não está relacionada a períodos anteriores e tampouco representa a correção de um erro. Consequentemente, a IAS 8 exige que as mudanças nas estimativas sejam consideradas de maneira prospectiva, incluindo-se os valores no resultado do exercício no período da mudança (se a mudança afetar apenas um exercício) ou no período da mudança e períodos futuros (se a mudança afeta ambos). Erro Erros podem surgir em função do reconhecimento, mensuração, apresentação ou divulgação de elementos de demonstrações financeiras. Os potenciais erros do período corrente, descobertos nesse período, são corrigidos antes das demonstrações financeiras serem autorizadas para emissão. Contudo, erros relevantes, às vezes, não são descobertos até um período subsequente esses erros são corrigidos nas informações comparativas apresentadas nas demonstrações financeiras para esse período corrente. A IAS 8 estabelece que demonstrações financeiras não estão em conformidade com a IFRS caso contenham erros que sejam materiais ou imateriais (mas que tenham sido cometidos intencionalmente em função de uma apresentação específica da situação financeira, do desempenho financeiro ou do fluxo de caixa de uma entidade). A norma observa que correções de erros são diferentes de mudanças em estimativas contábeis. Estimativas contábeis, por sua própria natureza, são aproximações que podem demandar revisa~o na medida em que surgirem informações adicionais. Por exemplo, o ganho ou perda reconhecido como resultado de uma contingência não se caracteriza como correção de um erro. A IAS 8 define erros de períodos anteriores como omissões ou declarações imprecisas de demonstrações financeiras de uma entidade em um ou mais períodos anteriores que surjam de uma falha no uso, ou uso equivocado, de informação confiável que: a) estava disponível quando da autorização para emissão das demonstrações financeiras; e b) poderia perfeitamente ter sido obtida e levada em consideração quando da preparação e apresentação de tais demonstrações financeiras. Quando se descobrem erros materiais de períodos anteriores, a IAS 8 exige que eles sejam corrigidos na primeira demonstração financeira preparada após a descoberta. A correção deverá ser excluída do lucro ou prejuízo do período no qual o erro foi descoberto. De preferência, qualquer informação apresentada sobre períodos anteriores (incluindo quaisquer resumos históricos ou dados financeiros) deverá ser reformulada desde um período tão anterior quanto seja possível. Isso deverá ser feito por meio de: a) ajuste dos saldos comparativos do(s) período(s) anterior(es) apresentados nos quais o erro tenha ocorrido, ou; b) caso o erro tenha ocorrido antes do período mais recente apresentado, ajuste dos saldos de abertura dos ativos, passivos e do patrimônio líquido do período mais recente apresentado. Quando for impraticável determinar o efeito acumulado de um erro em todos os períodos anteriores, a entidade representará as informações comparativas para corrigir o erro prospectivamente, a partir da data mais antiga praticável. Bibliografia ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de NormasInternacionais de Contabilidade: IFRS versus Normas Brasileiras. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010. IASB - Internacional Accounting Standards Board. IAS 8 - Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors. IBRACON; IFRS. Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS). São Paulo: IBRACON, 2015. IUDÍCIBUS et. al. Manual de Contabilidade Societária. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2013. Aplicação Prática Teórica Exercício 01. Assinale a alternativa incorreta: a) Uma entidade pode mudar uma política contábil voluntariamente. b) Os usuários de demonstrações financeiras precisam ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do tempo, para identificar tendências em sua posição financeira, desempenho financeiro e fluxo de caixa. c) As mesmas políticas contábeis são aplicadas dentro de cada período e de um período para o próximo, exceto se a mudança for exigida por uma IFRS, ou resultar em informações mais confiáveis. d) Uma entidade mudará uma política contábil apenas se a mudança for exigida por uma IFRS. e) Quando uma entidade mudar uma política contábil voluntariamente, ela aplicará a mudança retrospectivamente. Exercício 02. Julgue as afirmações a seguir: ( ) Erros de períodos anteriores São omissões e erros nas demonstrações financeiras de um ou mais períodos anteriores. ( ) Erros surgem por falhas de uso ou uso correto de informações confiáveis. ( ) Uma mudança é impraticável quando os efeitos dessas aplicações são determináveis. ( ) Os erros se devem a fraudes cometidas pelas empresas. ( ) Alteração de estimativa contábil é um tipo de revisão de um critério de ativo ou passivo que acaba implicando na mudança da determinação dos benefícios futuros esperados ou de obrigações. ( ) As alterações em estimativas contábeis devem ser aplicadas retrospectivamente desde que seus efeitos possam ser mensurados com significante certeza.
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