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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina Departamento de Fisiologia e Farmacologia Programa de Pós-graduação em Farmacologia BIODISPONIBILIDADE DOS FÁRMACOS BIODISPONIBILIDADE CONCEITOS É a fração do fármaco inalterado que tem acesso à circulação sistêmica. Pode ser reduzida considerando a absorção e degradação metabólica (fígado/trato gastrintestinal). É a extensão (quantidade) de fármaco absorvido e a velocidade do processo de absorção. BIODISPONIBILIDADE HISTÓRICO No passado: Maioria dos medicamentos eram de origem natural. Digitalis purpurea BIODISPONIBILIDADE HISTÓRICO Desenvolvimento da síntese orgânica Surgimento das indústrias farmacêuticas Estrutura da Digoxina BIODISPONIBILIDADE HISTÓRICO 1945: Descritos dados sobre a absorção de vitaminas a partir de formas farmacêuticas. 1960-1970: Constatados casos de ineficácia clínica de medicamentos e intoxicação. Estudos envolvendo universidades e autoridades sanitárias para estabelecimento de critérios para registro de medicamentos. Histórico dos estudos de biodisponibilidade 1960: Desenvolvimento de métodos sensíveis para quantificação de fármacos ou metabólitos; Avaliação da biodisponibilidade de diferentes formulações em voluntários. 1999: Lei dos Genéricos (Lei nº 9.787): Obrigatório estudos de bioequivalência para genéricos. 2003: Obrigatório estudos de bioequivalência para similares (processo que se completa em 2014). Histórico dos estudos de biodisponibilidade FÁRMACO PERDIDO PELAS BIOTRANSFORMAÇÕES FÁRMACO LIGADO A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS E A TECIDOS QUE NÃO SEJAM LOCAIS DE AÇÃO DO FÁRMACO FÁRMACO NO SEU LOCAL DE AÇÃO FÁRMACO TOTAL POR VIA ORAL FÁRMACO DISSOLVIDO NOS FLUIDOS DO ESTÔMAGO FÁRMACO EM SOLUÇÃO NO INTESTINO FÁRMACO EM SOLUÇÃO QUE É ABSORVIDO NO LÚMEN INTESTINAL FÁRMACO NO FÍGADO FÁRMACO QUE ALCANÇA A CIRCULAÇÃO GERAL FÁRMACO DISTRIBUÍDO POR TODO O ORGANISMO FÁRMACO NÃO DISSOLVIDO Dissolução e desintegração FÁRMACO PERDIDO POR DEGRADAÇÃO NO ESTÔMAGO FÁRMACO PERDIDO POR DEGRADAÇÃO NO INTESTINO, LIGAÇÃO COM ALIMENTOS E OUTRAS SUBSTÂNCIAS 0 2 4 6 8 10 11 12 14 16 18 20 22 24 ASC: Quantidade de fármaco que entra na circulação Cmax: Pico de [ ] máxima Tmax: Tempo para atingir o pico t1/2: Meia-vida do fármaco ke: Constante da taxa de eliminação terminal Cmax Tmax C o n c e n tr a ç ã o p la s m á ti c a Tempo ASC0-t ASC0-∞ CÁLCULO DA BIODISPONIBILIDADE PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS FASES ATIVIDADES FATORES INFLUENCIADORES Idade e massa corporal Ligação plasmática Metabolização Eliminação Estados fisiológicas Modificações patológicas Diferenças genéticas Interações com alimentos ou outros medicamentos Efeito placebo Reação idiossincrásica Esquemas de dosagem Administração Farmacocinética Farmacodinâmica Farmacoterapêutica Medicamento administrado ao paciente Interação entre fármaco e receptor Efeito ou resposta do medicamento Absorção Distribuição Biotransformação Excreção FATORES QUE INFLUENCIAM NA BIODISPONIBILIDADE Fatores que influenciam na biodisponibilidade Características ligadas ao paciente • Tempo de esvaziamento gástrico pH do TGI Motilidade no TGI Estados de má absorção Funções hepática e renal Fenótipo genético Interação com outras substâncias no TGI Alimentos Fármacos Fatores que influenciam na biodisponibilidade Relacionados à forma farmacêutica Natureza da formulação Solubilidade do fármaco Polimorfismo Mistura racêmica Tamanho da partícula MEDICAMENTOS: CLASSIFICAÇÃO ANVISA Inovador Referência Genérico Similar MEDICAMENTO INOVADOR Princípio ativo (patente) Pesquisa pré-clínica e clínica Descreve um novo mecanismo de ação Desenvolvimento farmacotécnico Farmacocinética conhecida Eficácia, segurança e qualidade MEDICAMENTO REFERÊNCIA Medicamento inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária no país. Eficácia, segurança e qualidade comprovados junto ao órgão competente, por ocasião de registro. MEDICAMENTO GENÉRICO Medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que pretende ser com este intercambiável. Geralmente produzido após expiração da proteção patentária do medicamento referência. Passou por testes de bioequivalência Comprovada eficácia, segurança e qualidade, designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI. MEDICAMENTO SIMILAR Tem mesmo princípio ativo, concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, sendo equivalente ao medicamento registrado em órgão competente. Difere em características relativas ao tamanho, forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos. Não têm sua bioequivalência com o medicamento de referência comprovada. Biodisponibilidade absoluta Biodisponibilidade relativa Bioequivalência BIODISPONIBILIDADE CLASSIFICAÇÃO Fração efetivamente absorvida de um fármaco. Adota-se como referencial, quando possível, o medicamento referência na mesma dose, administrado por via intravascular. BIODISPONIBILIDADE ABSOLUTA CLASSIFICAÇÃO Comparação das biodisponibilidades de medicamentos administrados por via extravascular. Necessário para registro de medicamentos genéricos, empregando-se o critério da bioequivalência. BIODISPONIBILIDADE RELATIVA CLASSIFICAÇÃO BIOEQUIVALÊNCIA CLASSIFICAÇÃO Quando duas preparações farmacêuticas administradas pela mesma via e mesma dose apresentam a mesma biodisponibilidade. AVALIAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE Emprega-se determinação quantitativa do fármaco e/ou metabólito. Sangue total, plasma, soro ou urina. Quando não é possível quantificar o fármaco, são empregadas medidas farmacodinâmicas. Técnicas analíticas: Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com ou sem espectrometria de massa e Cromatografia Gasosa (GC). Aplicação de estudos de Biodisponibilidade Formulação de um novo princípio ativo Alteração da via de administração Nova forma farmacêutica e posologia Estudo da influência dos fatores patológicos Estudo da influência dos fatores fisiológicos Estudo da influência dos ritmos circadianos Avaliação da bioequivalência de duas formas farmacêuticas AVALIAÇÃO DA BIOEQUIVALÊNCIA É necessário calcular as razões dos parâmetros relacionados à quantidade absorvida e à velocidade da absorção, como se segue: Quantidade absorvida: ASC0-t(teste)/ASC0-t(referência) Velocidade de absorção: Cmáx(teste)/Cmáx(referência) AVALIAÇÃO DA BIOEQUIVALÊNCIA Dois medicamentos são considerados bioequivalentes quando a um intervalo de confiança de 90% as razões entre: logASC0-t(teste)/ASC0-t(referência) e Cmáx(teste)/Cmáx(referência) Encontram-se entre 80 e 125% (FDA e Anvisa). O QUE É UM PRODUTO FARMACÊUTICO INTERCAMBIÁVEL? Equivalente terapêutico de um medicamento de referência, que tem comprovada a eficáciae a segurança. 0 2 4 6 8 10 11 12 14 16 18 20 22 24 C o n c e n tr a ç ã o s é ri c a ( n g /m l) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Tempo (horas) CTóxica Cterapêutica Formulação A Formulação B Formulação C 2 4 6 Cmáx de diferentes formulações (VO), do mesmo fármaco e dose BIODISPONIBILIDADE Influência da via de administração B IO D IS P O N IB IL ID A D E In fl u ê n c ia d a v ia e a li m e n ta ç ã o Por que testes de bioequivalência devem ser realizados no país? Peculiaridades étnicas da população Capacitação de recursos humanos com geração de mão-de-obra especializada Melhorar o desempenho tecnológico e científico do país Economia de divisas Investimento nas instituições nacionais Consequências de modificações na biodisponibilidade ou não-bioequivalência Retardo no início do aparecimento do efeito Alteração da duração de ação Alteração da intensidade do efeito que determina toxicidade ou subtratamento ETAPAS DO ESTUDO DE BIOEQUIVALÊNCIA ETAPA CLÍNICA Conduzida por equipe multidiciplinar Boas Práticas Clínicas (BPC) Aspectos éticos Sistema Nacional de Equivalência e Bioequivalência (SINEB) Cadastro Nacional de Voluntários em Estudos de Bioequivalência (CNVB) Protocolo do estudo Pré-seleção de voluntários Assinatura do TR Avaliação médica Exames laboratoriais Inclusão do voluntário Assinatura do TCLE Avaliação clínica pré-confinamento no local de internação Internamento FLUXOGRAMA DA ETAPA CLÍNICA I 1. Indivíduos do sexo masculino ou feminino 2. Idade entre 18 e 50 anos 3. IMC dentro dos valores de normalidade (19- 27) 4. Hígido (exames clínicos, laboratoriais e ECG) 5. Compreender e assinar o TCLE 6. Não ter participado de pesquisa clínica nos últimos 6 meses ETAPA CLÍNICA SELEÇÃO DE VOLUNTÁRIOS Critérios de inclusão • Doença grave • Uso de drogas ou alcoolismo • Uso regular de qualquer medicação para tratamento de doenças • Hospitalização nas últimas 8 semanas antecedentes ao estudo • Perda ou doação de sangue nos 3 meses anteriores ao estudo ETAPA CLÍNICA SELEÇÃO DE VOLUNTÁRIOS Critérios de exclusão Evitar nas 48 horas antes do estudo: Consumo de bebidas alcoólicas Alimentos ou bebidas que contenham xantina (café, chá, chocolate) Critérios de retirada ou descontinuação ETAPA CLÍNICA SELEÇÃO DE VOLUNTÁRIOS Restrições e Proibições Internamento 1 Administração do medicamento Coleta de amostras biológicas Processamento e Congelamento Alta do voluntário Período de Washout Exames Pós-estudo FLUXOGRAMA DA ETAPA CLÍNICA II Internamento 2 Alta do estudo Transporte das amostras biológicas Armazenamento e Análises Confinamento 7 vezes a meia-vida do fármaco ESTUDOS DE BIOEQUIVALÊNCIA ETAPA CLÍNICA Internamento Sinais vitais Eventos adversos ETAPA CLÍNICA Coleta de amostras 1ª coleta de sangue Coleta pós-administração Coletas externas Processamento de amostras Centrifugação após coleta Separação do plasma Armazenamento HPLC - MS Método bioanalítico validado Análise das amostras Comprovação da estabilidade do fármaco em matriz biológica Justificar perda de amostras Análise (réplica, duplicata, triplicata) HPLC acoplado a MS ETAPA ANALÍTICA Cálculo dos parâmetros farmacocinéticos Análise estatística ETAPA ESTATÍSTICA Relatório de bioequivalência Estudo de validação Curvas de calibração Validação das corridas analíticas Série completa dos cromatogramas de 20% dos voluntários Todos os POPs Documentação submetida à Anvisa após estudo de bioequivalência Equipe executora Coordenador, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, secretários, estatístico Instalações físicas Amplas, arejadas, condições de assepsia e antissepsia adequadas Equipamentos Calibrados e adequados para dosagens Equipamentos de urgências e auxiliares INSTALAÇÕES EQUIPE UNIFAC REFERÊNCIAS Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica.. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Moore PK. Farmacologia. Storpirtis S, Gonçalves JE, Chiann C, Gai MN. Biofarmacotécnica. Ciências Farmacêuticas. Guanabara Koogan, 2009. Site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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