Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Novas Regras Ortográficas As múltiplas funções de uma língua A língua falada por uma comunidade representa sua cultura, sendo o principal meio de transmiti-la de geração para geração. Esta função sociocultural da língua faz dela um verdadeiro alicerce para a estrutura social. Além de ser o instrumento funcional da comunicação cotidiana, graças a ela, somos capazes de armazenar arquivos sonoros ou impressos para diversas formas de utilização: científica, educacional, literária, cultural, administrativa, dentre outras. Para desempenhar sua função cultural universalista, muitas vezes a língua precisa perder sua espontaneidade típica da comunicação coloquial e centrar-se na normatização gramatical da escrita. Pois, caso contrário, em função das diferenças regionais, individuais ou profissionais, ficaria muito difícil o entendimento geral de qualquer tipo de texto. Sabemos que hoje o Português é falado por oito países, quais sejam, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Timor Leste, além é claro de Portugal e do Brasil. Para minimizar as dificuldades de natureza lingüística, pedagógica e política, originárias das diferenças ortográficas, esses países reuniram-se para criar o novo Acordo Ortográfico, que entra em vigor em janeiro de 2009. O novo Acordo representa, ainda, uma forma de defender o nosso idioma de processos de degradação. São dois os objetivos básicos que se pretende atingir: o primeiro é fixar e restringir as diferenças de escrita entre esses oito países; o segundo é promover uma comunidade que se constitua num grupo linguístico expressivo, capaz de ampliar seu prestígio junto aos organismos internacionais. O Novo Acordo ratifica o privilégio do fundamento fonético em detrimento do etimológico, ou seja, é o critério da pronúncia que justifica a existência de grafias duplas e a supressão de consoantes “mudas” ou não articuladas. O texto do pacto ortográfico pretende dar conta de 98% do vocabulário geral da língua. Aqui no Brasil, o novo Acordo entrou em vigor, em primeiro de janeiro de 2009, por meio do decreto presidencial Nº 6.583 de 29 de setembro de 2008. . As regras do novo Acordo Ortográfico Alfabeto – as letras “K”, “W” e “Y” são incorporadas oficialmente ao alfabeto da língua portuguesa para a designação de topônimos (nomes de lugares) e antropônimos (nomes de pessoas) originários de outras línguas e seus derivados e em siglas, símbolos e palavras adotadas como unidades de medida de uso internacional: Weber, weberiano, show, kaiser, yang, Kg, W. O alfabeto passa, então, a ter 26 letras. Trema - Acaba o trema das palavras em português. Assim, linguiça, frequência, aguentar,cinqüenta, equestre, tranquilo, sequestro e outras passam a ser escritas sem o trema. Exceção: nomes próprios estrangeiros. Ex.: Müller. Letras mudas – Desaparecem da língua escrita, em Portugal, o “c” e o “p” nas palavras nas quais não são pronunciados, como em acção, acto, actor, actual, baptismo, óptimo, Egipto. Permanecem em palavras como secção, compacto, convicto, egípcio, rapto, óptica, pois, nesses casos, são pronunciados. Observamos, então, que o acordo privilegia fala, não a escrita. 2 Dupla grafia 1- É consagrada a dupla grafia para palavras escritas e pronunciadas de maneira diferente em Portugal e no Brasil. Exemplos: aspeto e aspecto; caracter e caráter; facto e fato; ceptro e cetro; amnistia e anistia; indemnizar e indenizar; dição e dicção, corruto e corrupto. 2- É aceita a dupla acentuação em palavras que têm acento circunflexo no Brasil e agudo em Portugal. Exemplos: bebê e bebé; crochê e croché; matinê e matiné; tênis e ténis; cômodo e cómodo; anatômico e anatómico; Antônio e António. Acento agudo 1 - Cai o acento agudo nas paroxítonas que têm “ei” ou “oi” na sílaba tônica, ficando, então, escritas desta forma: assembleia, ideia, boleia, paranoico, tireoide, plateia, estreia e todas as outras que se encaixem nesta regra. Observação Esta regra é válida apenas para as paroxítonas. Dessa forma, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, troféu. 2 - Cai o acento agudo das vogais “i” e “u” nas palavras paroxítonas quando precedidas de ditongo. Exemplos: feiura, baiuca, bocaiúva. Observação Se a palavra for oxítona e o “i” ou o “U” estiverem em posição final(ou seguidos de “s”), o acento permanece. Exemplos: Piauí, tuiuiú. Acento diferencial - Acaba o acento diferencial em palavras homófonas (com o mesmo som). Exemplos: “pára” do verbo parar e “para” preposição; “pêlo” substantivo e “pelo” contração de por + ele; pêra/pêra, pólo/pólo. Exceções: 1- Permanece o acento diferencial nas palavras pôde (3ª pess. do singular de pret. Perf. do indicativo do verbo poder) e pôr (verbo). 2- Permanece o acento diferencial nos verbos “ter” e “vir”, assim como em seus derivados( manter, deter, conter, convir, intervir, advir),usado para diferenciar a terceira pessoa do plural da terceira pessoa do singular. Exemplos: Ele tem vários amigos./ Eles têm vários amigos. Eles mantém a palavra./Eles mantêm a palavra. 3- É facultativo o acento em demos (1º pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo dar) e do substantivo fôrma. 4. Existe certa variação na pronúncia dos verbos terminados em “guar”, “quar” e “quir”, como, aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. *Se o “u” for tônico, ele deixa de ser acentuado, como em enxaguo, averigue, enxague, apazigue. * Se o “a” e o “i” forem tônicos, eles devem ser acentuados, como em averígue, enxágue, apazígue, delínquo. 3 No Brasil a pronúncia mais comum é aquela com o “a” e o “i” tônicos. Acento circunflexo 1. Cai o circunflexo no hiato “oo”. Exemplos: abençoo, voo, zoo, enjoo, magoo (verbo magoar), perdoo (verbo perdoar), doo (verbo doar). 2. Cai o circunflexo no hiato “ee” dos verbos crer, ler, dar, ver e seus derivados: creem, deem, leem, veem. Hífen 1. Com prefixos, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por “h”, como: anti-higiênico, anti-heroico, super- homem, ultra-humano, mini-hotel, proto-história, macro-história. Exceções: desumano, subumano, desumidificar e inábil. (já em uso aqui no Brasil). 2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina com vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antieducativo, autoescola, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura, plurianual, semiaberto. 3. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: contra-almirante; pré-escolar; anti-imperialismo; micro-ondas; auto-observação; contra-ataque; semi-interno. (novidade) 4. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos: hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, superamigo, superaquecimento,superexigente, superinteressante, superotimismo. 5. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos: hiper-requintado, inter-regional, sub-bibliotecário, sub-base, super-racista, super-resistente, super- romântico. Cuidado: em todos os outros casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, internacional, superproteção. 6. Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogale o segundo elemento começa por “r” ou “s”, essas letras passarão a ser dobradas. Exemplos: antirrugas, antirracismo, antissocial, contrarregra, minissaia, infrassom, multissecular, semirreta, ultrassom. 7. Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de “r” ou “s”. Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno. 4 Observações Com o prefixo “sub”, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por “r”. Exemplos: sub-região, sub- raça, sub-base. Com os prefixos “pan”, “circum” e “mal”, usa-se hífen diante de palavra iniciada por “m”, “n” e vogal. Exemplos: circum-navegação, pan-americano, mal-educado. Há prefixos que sempre pedem Hífen aquém, além, recém, pró, pré, pós, sem, bem vice, ex, grão, grã, bel Exemplos: além-mar, recém-nascido, pró-saúde, pré-vestibular, pós-graduação, sem-terra, bem-vindo, vice- presidente, ex-marido, grão-mestre, bel-prazer. Observação Não se deve empregar o hífen em certas palavras que perderam o sentido de composição. Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedista, paraquedas, pontapé. Usa-se sempre o hífen Na composição de palavras em que os elementos constitutivos perdem seu sentido próprio para dar origem a um novo vocábulo. Exemplos: licença-prêmio, papel-moeda, salário-família, matéria-prima, decreto-lei, testa- de-ferro, mão-de-obra. Sempre que houver dúvidas, procure os dicionários e os vocabulários ortográficos ATUALIZADOS.
Compartilhar