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Isabelle Lustosa 1 Neuroanatomia – Medula e meninges A medula espinhal possui como limites o forame magno e a 2° vértebra lombar (L2). Após esse limite, a medula termina afilando- se para formar um cone, o cone medular, o qual continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. Forma e estrutura da medula Apresenta forma cilíndrica e ligeiramente achatada no sentido antero-posterior. É visível dilatações, as quais são denominadas de intumescência cervical e intumescência lombar. Essas intumescências são áreas que fazem conexões com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacaral. o A formação dessas intumescência é devido a maior quantidade de neurônios. Na superfície da medula, está presente os seguintes sulcos longitudinais: sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. Na medula cervical, existe ainda o sulco intermédio posterior. o Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem conexão, respectivamente, as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. Na medula a substância cinzenta – corpo de neurônios localiza-se mais interiormente e a substância branca – fibras mielínicas marjoritariamente, mais externamente. Apresentam a forma “H”. É distinguido de cada lado, três colunas: coluna anterior, posterior e lateral. Obs: A coluna lateral aparece APENAS na medula torácica e parte da medula lombar. No centro do substância cinzenta, localiza-se o canal central da medula ou canal epêndima, correspondente ao resquício da luz do tubo neural do embrião. As fibras da substância branca podem ser agrupadas de cada lado em 3 funículos ou cordões: Funículo anterior: localizado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior. Funículo lateral: localizado entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior. Funículo posterior: entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior, este último ligado a substância cinzenta pelo septo mediano. o Na parte cervical da medula, o fascículo posterior é dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme. Conexões com os nervos espinhais Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior, fazem conexões pequenos filamentos nervosos denominados filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente, as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas raízes se unem para formar os nervos espinhais. Segmento medular: é a parte da medula onde fazem conexões os filamentos radiculares que entram na composição desse nervo. Existem 31 pares de segmentos medulares: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeno. o A partir do 8° par, os nervos emergem abaixo da vértebra correspondente. Topografia vertebromedular Abaixo do nível da L2, o canal vertebral contém apenas as meninges e raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que dispostas em torno do cone medular e filamento terminal constituem, em conjunto, a cauda equina. Até o 4° mês de vida intrauterina, medula e coluna crescem no mesmo ritmo. Como as raízes nervosas mantém suas relações com os respectivos forames intervertebrais, são dispostas horizontalmente, formando um ângulo de 90°. A partir do 4° mês, a coluna começa a crescer mais que a medula, sobretudo em sua porção caudal. Com isso, há o alongamento das raízes e diminuição do ângulo que elas fazem com a medula. Isso leva a formação da cauda equina. o As vértebras T11 e T12 não estão relacionados aos segmentos medulares de mesmo nome, mas sim com segmentos lombares. REGRA: Entre os níveis das vértebras C2 e T10, adiciona-se 2 ao número de processos espinhoso da vértebra e tem-se o número do segmento medular subjacente. Ex: o processo espinho da C6 está sobre o segmento medular C8. Os processos espinhosos das vertebras T11 e T12, correspondem aos 5 segmentos lombares. Enquanto os processos espinhosos de L1, correspondem os 5 segmentos sacrais. Isabelle Lustosa 2 Envoltórios da medula Dura-máter (Paquimeninge) É a meninge mais externa, formada por abundantes fibras colágenas que a tornam espessa e resistente. Seu limite caudal é a vértebra S2. o Prolongamentos da dura-máter continuam com o Epineuro. o Os orifícios necessários para passagem de raízes, ficam obliterados, não permitindo a saída do líquor. Aracnoide (Leptomeninge) É um folheto justaposto a dura-máter. Pia-máter (Leptomeninge) É a membrana mais delicada e interna. É aderida intimamente ao tecido nervoso e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua, formando o filamento terminal. Este filamento perfura o fundo- do-saco dural e continua até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, o filamento recebe prolongamentos da dura-máter e o conjunto passa a ser denominado filamento da dura-máter espinhal. Este, forma o ligamento coccígeno. Forma em cada lado da medula, uma prega longitudinal denominado ligamento denticulado. Espaços entre as meninges Espaço epidural ou extradural: localizado entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral. Contém tecido adiposo e um grande número de veias, denominado de plexo venoso vertebral interno. Espaço subdural: situado entre a dura-máter e aracnoide.Contém pequena quantidade de líquido, suficiente apenas para evitar aderência entre as paredes. Espaço subaracnóideo: é o mais importante e contém uma quantidade relativamente grande de líquido cerebroespinhal ou líquor. Correlações clínicas O espaço subaracnóideo no nível da medula apresenta peculiaridades anatômicas da dura-máter e aracnoide na região lombar da coluna vertebral, as quais facilitam sua exploração clínica. O saco dural e a aracnoide terminam em S2, em contrapartida a medula termina em L2. Entre esses dois níveis, o espaço subaracnóideo é maior, contém maior quantidade de líquor e nele se encontra apenas o filamento terminal e as raízes que formam a cauda equina. Não havendo perigo de lesão da medula, esta área é ideal para a introdução da agulha no espaço subaracnóideo. Anestesias raquidianas É introduzido no espaço subaracnóideo, por meio de uma agulha que penetra entre as vértebras L2-L3-L4 ou L4-L5. Trajeto: pele – tela subcutânea – ligamento interespinhoso – ligamento amarelo – dura máter – aracnoide. o Gotejamento de líquor. Anestesia epidurais ou peridurais Realizada na região lombar, no espaço epidural, onde ele se dinfunde e atinge os forames intervertebrais, pelos quais passam as raízes nervosas. o Súbita perda de resistência, quando perfura o ligamento amarelo. Efeito colateral pode ser dor de cabeça, devido a perfuração da dura-mater e extravasamento do líquido. Tratos ascendentes Fascículo grácil: tato epicrítico, sensibilidade vibratória, esterognosia e propriocepção consiente MMII e parte inferior do tronco. Fascículo cuneiforme: tato epicrítico, sensibilidade vibratória, esterognosia e propriocepção consiente MMSS e parte superior do tronco. Espinotalâmico lateral: temperatura e dor. Espinocerebelar posterior: propriocepção inconsciente. Espinocerebelar anterior: propriocepção inconsciente. Espinotalâmico anterior: tato protoprático e pressão Isabelle Lustosa 3 Tratos descendentes Corticoespinhal lateral: Motricidade voluntária da musculatura distal. Ruboespinhal: Motricidade voluntária da musculatura distal. Corticoespinalanterior: Motricidade voluntária da musculatura axial e proximal. Vestibuloespinhal: equilíbrio e postura Tectoespinhal: equilíbrio e postura Dermátomos Meninges Dura-máter É a mais superficial, espessae resistente. Formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. o A dura-máter do encéfalo difere da espinhal por possuir 2 folhetos: externo e interno. Sendo que apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e comporta-se como periósteo destes ossos. O folheto externo não possui capacidade osteogênica, o que dificulta a consolidação de fraturas no crânio e torna impossível a regeneração de perdas ósseas. IMPORTANTE! Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe no encéfalo um espaço epidural, como na medula. Obs: Em certos casos, ocorre o deslocamento do folheto externo da dura-máter da face interna do crânio e a formação de HEMATOMAS EPIDURAIS. o O folheto externo é muito vascularizado. o A principal artéria que irriga é a A.meníngea média superior, rr.A.maxilar interna. O encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, devido a isso, toda a sua sensibilidade intracraniana é consequência da inervação da dura-máter. Responsáveis assim, pela maioria das dores de cabeça. Pregas da dura-máter Em algumas áreas, o folheto interno destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. Foice do cérebro: septo vertical mediano, que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios. Tenda do cerebelo: septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. Separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A borda anterior livre da tenda do cerebelo, forma a incisura da tenda, a qual ajusta-se ao mesencéfalo. o Uma lesão na tenda do cerebelo, pode acarretar em uma lesão do mesencéfalo e os nervos troclear e oculomotor. Foice do cerebelo: septo vertical mediano, entre os dois hemisférios cerebelares. Diafragma da sela: lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício para a passagem da haste hipofisária. Isola e protege a hipófise. Cavidades da dura-máter Cavo trigemal (de Meckel) ou loja de gânglio trigeminal, que contém o gânglio trigeminal. Seios da dura-máter São canais venosos revestidos de endotélio e situados entre os dois folhetos. A maioria dos seios tem secção triangular e suas paredes, embora finas, são mais rígidas que as veias e geralmente não se colabam. Obs: Alguns seios apresentam expansões laterais irregulares = lacunas sanguíneas. São mais comuns de cada lado do seio sagital superior. IMPORTANTE! Os seios comunicam-se com veias da superfície externa do crânio através de veias emissárias. Seio sagital superior: ímpar e mediano, percorre a margem da inserção da foice do cérebro. Termina próximo a protuberância occipital interna, na confluência dos seios. Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro, terminando no seio reto. Seio reto: localiza-se ao longo da linha de união entre foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe em sua extremidade anterior, o seio sagital inferior e a veia cerebral magna, terminando na confluência dos seios. Seio transverso: é par e dispõe-se de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital. No osso temporal, passa a ser chamado de seio sigmoide. Tal seio, drena quase toda a totalidade do sangue venoso da cavidade craniana. Seio occipital: pequeno e irregular, dispõe-se ao longo da margem de inserção da foice do cerebelo. Seios da base Seio cavernoso: É o mais importante seio da dura-máter. É uma cavidade grande e irregular, situada de cada lado do corpo do esfenoide e da sela túrcica. Recebe o sangue proveniente das Vv.oftálmica superior e central da retina, além de algumas veias do cérebro. Isabelle Lustosa 4 É atravessado pela A.carótida interna, N.abducente, e próximo a sua parede lateral, N.troclear, N.oculomotor e pelo R.Noftálmico do nervo trigêmeo. o Aneurismas da carótida interna no nível do seio cavernoso comprimem o N.abducente e, em certos casos, os demais nervos que atravessam o seio. Seio intercavernosos: Unem os dois seios cavernosos, envolvendo a hipófise. Seio esfenoparietal: percorre a faze inferior da pequena asa do esfenoide e desemboca no seio cavernoso. Seio petroso superior: dispõe-se de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo, na porção petrosa do osso temporal. Drena o sangue para o seio cavernoso para o seio sigmoide, terminando próximo a continuação deste com a V.jugular interna. Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde termina lançando-se na veia jugular interna. Plexo basilar: ocupa a porção basilar do occipital. Comunica-se com os seios petroso inferior e cavernoso, liga-se ao plexo do forame occipital e, através deste, ao plexo venoso vertebral inferior. Aracnoide É uma membrana muito delicada, justaposta a dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, o qual contém pequena quantidade de líquido necessário a sua lubrificação. A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebroespinhal ou líquor. o Há grande comunicação entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e medula. Trabéculas aracnóideas: trabéculas que atravessam o espaço para se ligar a pia-máter. Cisternas subaracnóideas Cisterna cerebelo-medular/magna: ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo, o teto do 4° ventrículo e a face dorsal do bulbo. Continua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e liga-se ao 3° ventrículo através de sua abertura mediana. É a maior e mais importante, sendo utilizada para obtenção do líquor, através de punções suboccipitais. Cisterna pontina: ventralmente a ponte. Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular. Cisterna quiasmática: situada adiante do quiasma óptico. Cisterna superior/ veia cerebral magna: situada dorsalmente ao teto do mesencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso, a cisterna superior corresponde a cisterna ambiens. Cisterna da fossa lateral do cérebro: depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. Granulações aracnóideas São pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura- máter, formando as granulações aracnóideas, sendo mais abundante no seio sagital superior. o Corpos de Pacchioni – calcificam-se e deixam impressões na abóboda craniana. Pia-máter Aderida intimamente ao encéfalo e a medula. Acompanha os relevos e depressões, formando a membrana pio-glial. o Da resistência a órgãos nervosos. Acompanham vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando os espaços perivasculares. Líquor É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. o Proteção mecânica. o Manutenção de um meio químico estável no sistema ventricular. o Excreção de produtos tóxicos do metabolismo de células do tecido nervoso. o Veículo de comunicação entre diferentes áreas do SNC.
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