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Politica Externa Brasileira

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Universidade de São Paulo
Instituto de Relações Internacionais
Política Externa Brasileira
Prof. P. Feliu
Aluno: Maxime Ndecky
Relações Brasil África- Influência da Política Externa Angolana no Brasil 
Introdução 
Um Breve Histórico
No território angola já havia sido habitado na Pré-história como apontam os vestígios encontrados nas regiões das Lundas, Congo e o deserto do Namibe, anos depois, em plena proto-história, recebia povos mais organizados. Os primeiros a instalarem-se foram os bochmanes, grandes caçadores, de estatura muito baixa e clara, de cor acastanhada. 
No ano VI D.C, povos mais evoluídos, de cor negra, inseridos tecnologicamente na Idade dos Metais, empreeederam uma das maiores migrações da História. Eram os Bantu e vieram do norte, provavelmente da região atual República dos Camarões. Esses povos, ao chegarem em Angola, encontraram os Bochmanes e outros gruoos mais primitivos, impondo-lhes facilmente a sua tecnologia nos domínios da metalúrgica, cerâmica e agricultura. A instalação dos bantu decorreu ao longo de muitos séculos, gerando diversos grupos que viriam a estabilizar-se em etnias, como por exemplo, no Senegal, que perduram até aos dias de hoje.
 Em 1484, os portugueses chegaram no Zaire, sob o comando do navegador Diogo Cão, a partir de marco os portugueses passaram a conquistar não apenas Angola, mas a África em si. Já instala a primeira grande unidade política do território, passaria a história como Reino do Congo, os portugueses então estabeleceram aliança. A Colônia portuguesa de Angola formou-se em 1575 com a chegada de Paulo Dias de Novais com aproximadamente 100 famílias de colonos e cerca de 400 soldados. Paulo Dias de Novais foi o primeiro governador português a chegar a Angola, que tinha como principais ações explorar os recursos naturais e promover o tráfico negreiro, formando um mercado extenso.
A partir de 1764, de uma sociedade escravocrata, passou gradualmente a uma sociedade preocupada em produzir o que consumia. Em 1850, Luanda já era uma grande cidade, repleta de firmas comerciais e que exportava conjuntamente com Benguela, óleo de palma e amendoim, cera, goma copal, madeiras, marfim, algodão, café e cacau, entre outros produtos. Milho, tabaco, carne seca e farinha de mandioca começariam igualmente a serem produzidos localmente, estava a nascer a burguesia angola. Muitos anos depois, passados 27 anos da Independência, eis que a paz finalmente é consolidada, em 4 de Abril de 2002 pelos acordos assinados no Luena Moxico. 
Desde 1992, ano das primeiras eleições gerais, que a democracia multidária governa Angola. O MPLA1 em conjunto com a UNITA2 e outras forças políticas com assento parlamentar, gerou magistralmente a reconstrução de um dos países de futuro mais promissor de toda a África que, no entanto, paradoxalmente com a sua riqueza natural vive ainda uma dura realidade. No âmbito de uma ampla programação empurrando Angola para a modernidade, progresso e riqueza, novas eleições foram realizadas em 2008.
Influência da Cultura da Angola no Brasil
A influência de Angola é vista sobre em vários traços culturais do Brasileiro. A influência africana no Brasil aparece em uma série de traços culturais e pode ser vista no idioma, na comida, na música, nas manifestações religiosas e no próprio jeito de se comportar. Da tradição bantu, Angola foi um dos países que mais contribuíram para essas influencias.
O povo bantu, como nós temos visto no breve histórico, é originário do Continente Africano, como o sul da África e da África Central, onde fica a Angola. As várias etnias desse povo se misturam nos navios negreiros a caminho do Brasil e, mesmo perdendo muito de sua individualidade no processo de escravização traços fortes se mantém até os dias de hoje. Por exemplo, as pesquisas apontam que palavras como ‘quitanda’, ‘cafuné’, ‘chamego’ e ‘moleque’ são derivados do vocabulário de povos da região onde está Angola hoje. 
Estes são termos relacionados a praticas de relações domesticas, familiares, de festividades. Porem, não se percebe a profundidade de influencia desses costumes. As palavras, sozinhas, aparecem como curiosidades, mas ‘quitanda’, por exemplo, vem das práticas comerciais, ‘chamego’ e ‘cafuné’, dos modos de cuidar, educar, criar os filhos, segundo a análise da professora de antropologia Luena Nunes Pereira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 
Nos seus estudos, ela considera que uma das principais heranças culturais dos povos que vieram da África para o Brasil é o jeito de se comportar. Segundo ela, os brasileiros incorporaram vários maneirismos dos africanos. “A maneira como os brasileiros se conduzem corporalmente, o jeito de andar, gesticular, se comportar com os outros, com abraços e tapinhas nas costas, tudo isso tem uma influencia africana muito forte”. 
O Brasil deve a Angola uma expressão artística alçada a ícone tipicamente brasileiro. O famoso samba nasceu do semba, angolano. O samba é uma dança parecida a um sapateamento em ritmo mais acelerado. Portanto, a matriz do samba é angola. O toque do samba, a percussão, a rítmica, isso é bantu. Todas as formas musicais reconhecidas como afro-brasileiras são bantu, diz a professora Luena Nunes, citando o samba, o maracatu, o jongo e o batuque.
Paula Barreto, que é professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora do Centro de Estudos Afro-Orientais, ressalta que o semba um dos estilos musicais mais fortes da cultura angola. O samba em si, é uma expressão cultural de trajetória longa, mas é possível verificar essa aproximação com Angola porque o semba continua existindo como uma parte forte da produção musical angola. A questão do ritmo, da marcação, da cadencia, o modo de dançar, são as características mais importantes do samba. 
Outro expoente da cultura nacional trazida pelos povos de Angola é a capoeira. A mais antiga das formas de jogar é batizada de capoeira Angola. Dizem que a capoeira angola é uma capoeira que é jogada em um andamento predominantemente lento e com movimento mais baixos. Segundos os expertos no assunto, o jogo da capoeira de Angola é mais estudado, estratégico, tentando induzir o oponente ao erro. 
Quando falamos em herança culinária, no entanto, foi o Brasil quem mais influenciou Angola. A mandioca foi levada pelos portugueses para La e hoje é a base da alimentação angolana. É um país muito dependente da mandioca. É uma influencia indígena vinda do período colonial. É possível, contudo, enxergar detalhes de Angola na culinária brasileira, como a forma de cozinhar os alimentos e o uso frequente da banana, do inhame e do azeite de dendê, muito utilizado na cozinha baiana. 
Conclusão
As relações entre o Brasil e Angola remontam a seu pertencimento ao mesmo Império Colonial Português, onde as transações comerciais e o tráfico de escravos criaram vínculos entre as elites coloniais nos dois lados Atlântico, inclusive de maneira independente a da metrópole. Estes fluxos, particularmente os humanos, criaram laços culturais entre os dois países. 
O Brasil, por sua vez, sempre foi um parceiro importante de Angola, posto que os dois países apresentam raízes culturais comuns e falam a mesma língua, além de compartilharem seu entorno estratégico, notadamente o Atlântico Sul. Ainda que tenha havido um enfraquecimento dessa relação na década de 1990, houve a revitalização da mesma a partir de 2003, quando houve uma mudança nas diretrizes da política externa do Brasil sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de então, destacam-se projetos de cooperação entre os dois países. 
Bibliografia 
ABREU, Fernando Marroni de. L’Évolution de la Politique Africaine du Brésil. Paris: Université de Paris 
I, 1988 (thése). 
ANGOLA. Constituição da República de Angola. Luanda, 2010. 
BANCO MUNDIAL. Angola Economic Update. 2013. Disponível em: 
<http://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/document/Africa/Angola/2013-po.pdf>.

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