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Reciclagem de Resíduos de Revestimento Cerâmicos em Concreto

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ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1 
Análise da Influência da Substituição de Agregado Graúdo por 
Resíduos de Revestimento Cerâmicos em Concretos Produzidos com 
Seixo rolado 
Analysis of Influence of replacement of Natural Coarse Aggregate by ceramic coatings for 
concrete produced with natural coarse 
 
João Alex Garcia Leite (1); Taiza Naiana da Silva Ferreira (2); Paulo Sérgio Lima Souza(3); 
Laércio Gouvêa Gomes (4) 
 
(1) Engº Civil, Professor e pesquisador do IFPA. e-mail: alex.leite@ifpa.edu.br 
(2) Engª Civil, Professora e pesquisadora do IFPA. e-mail: taiza.ferreira@ifpa.edu.br 
(3) Eng. Civil, Dr., professor e pesquisador do PPGEC-UFPª. e-mail: paseliso@ufpa.br 
(4) Engº Civil, Dr., Professor pesquisador do IFPA. E-mail: laercio.gomes@ifpa.edu.br 
 
Av. Barão de igarapé Miri, 1237. Cep: 66075-000. Belém –PA. 
Resumo 
 
A indústria da Construção Civil é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento econômico 
do país. Contudo, tornou-se uma das maiores causadoras de impactos ambientais, pela extração de 
recursos naturais e pela grande quantidade de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) gerados. Desta 
forma, a reciclagem destes resíduos é uma boa alternativa para a preservação do meio ambiente e também 
para a diminuição das áreas de disposição irregulares de entulho em áreas urbanas. Esta pesquisa tem 
como objetivo principal o estudo das propriedades mecânicas do concreto com a substituição parcial do 
agregado graúdo (seixo) por agregados constituídos de materiais de revestimentos cerâmicos reciclados. 
Para utilização deste resíduo foi necessário um processo de beneficiamento constituído de moagem e 
peneiramento visando dar ao mesmo as características físicas do agregado natural. No programa 
experimental, analisou-se algumas propriedades do concreto nos estados: fresco (massa específica e 
trabalhabilidade) e endurecido (resistência à compressão, resistência à tração por compressão diametral e 
absorção por imersão), bem como o custo de produção do concreto com agregados reciclados. Os 
resultados indicaram um grande potencial de utilização de revestimentos cerâmicos reciclados na 
substituição parcial do seixo rolado na produção de concreto, visto que melhorou algumas de suas 
propriedades estudadas. 
 
Palavras-chave: Resíduos de Concreto; Agregado Reciclado, Resistência Mecânica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 2 
1 Introdução 
Nas últimas décadas vêm se tornando cada vez mais frequentes os assuntos relacionados às questões 
ambientais. As organizações políticas, empresariais, não governamentais e sociais estão se mobilizando 
para tratar desta questão determinante para o futuro do planeta e das próximas gerações. 
O grande consumo de recursos naturais têm sido acompanhado pelo crescimento da população mundial. 
Paralelamente, tem-se observado um crescente aumento no volume de resíduos industrias, devido a 
constante busca de melhorias nos produtos e processos industriais, resultando em uma série de problemas 
ambientais como: poluição das águas, do solo e do ar (MACHADO, 2004). 
O Brasil, como é considerado um país emergente, vem enfrentando graves problemas ocasionados pela 
degradação do meio ambiente, quadro bastante comum nos países em desenvolvimento. A questão dos 
resíduos sólidos gerados, principalmente em regiões urbanas, apresenta resultados gravíssimos, seja pela 
falta de soluções adequadas, falta de investimentos ou pela ausência de informações à sociedade quanto à 
importância e conscientização da gravidade deste problema (NETO, 2005). 
De acordo com PINTO (2005), a construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades 
para o desenvolvimento econômico e social. Por outro lado, comporta-se ainda como grande geradora de 
impactos ambientais, quer seja pelo consumo de recursos naturais, pela modificação da paisagem ou pela 
geração de resíduos. 
Segundo o ABRELPRE (2012), estima-se que no Brasil, 201.058 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos 
são geradas diariamente, o que corresponde a 1,22 kg/hab/dia. Somente na região Norte 13.754 mil 
toneladas de resíduos sólidos urbanos são geradas diariamente. 
Os Resíduos Sólidos de Construção e Demolição (RCD) podem representar, dependendo da região, de 50 
a 70% deste valor. 
 Quanto a esta elevada geração de resíduos sólidos, JOHN (2003), destaca que os resíduos originados pelo 
setor da Construção Civil, durante as diversas etapas da construção, devem ser aprimoradas as formas de 
minimização da geração. Além disso, deve-se, quando possível, buscar a introdução dos resíduos no 
próprio processo ou unidade de serviço onde este foi gerado. 
Para legitimar o controle e gerenciamento dos resíduos sólidos da Construção civil, a resolução n° 307 do 
CONAMA (Conselho Nacional do meio Ambiente) criada em 2002, declara que todos os municípios devem 
dar uma destinação ambientalmente correta aos resíduos de construção e demolição. Dentre as várias 
diretrizes estabelecidas, destacam-se as seguintes: os geradores deverão ter como objetivo prioritário, a 
não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final; 
desde julho de 2004, os resíduos da construção civil não podem ser dispostos em aterros de resíduos 
domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por lei; 
deverá constar no Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com 
obrigatoriedade de elaboração pelos municípios e Distrito Federal, o incentivo e a reinserção dos resíduos 
reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo. 
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a substituição parcial de agregados graúdos 
naturais (seixo), por agregados reciclados de resíduos cerâmicos de tijolo e telha na produção do concreto. 
Teve-se também como objetivos secundários, apresentar alternativas para o aproveitamento dos agregados 
reciclados de tijolo e telha. 
2 Programa experimental 
2.1 Planejamento dos ensaios e definição dos corpos de prova 
Com o intuito de atingir os objetivos propostos neste trabalho, foi desenvolvido um projeto experimental para 
o melhor entendimento do comportamento do concreto constituído com material reciclado. Dessa maneira, 
foram analisadas algumas propriedades deste concreto no estado fresco e endurecido, analisando o 
comportamento em diferentes teores de substituição do agregado graúdo natural por agregados de 
revestimento cerâmicos reciclados (AGRC), provenientes de obras em fase de acabamento. 
As propriedades do concreto a serem analisadas foram definidas com as seguintes variáveis de respostas 
relacionadas abaixo: 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 3 
 Trabalhabilidade, através do índice de abatimento do tronco de cone; 
 Resistência à compressão axial; 
 Resistência à tração por compressão diametral. 
Após a definição das variáveis de resposta, foram definidos os parâmetros do processo, ou seja, as 
variáveis que podem ser alteradas e que talvez tenham algum efeito sobre as variáveis de resposta. Para 
uma melhor análise da influência direta do agregado graúdo proveniente dos resíduos de revestimento 
cerâmicos, optou-se pelas variáveis citadas abaixo: 
 Percentuais de Substituição: foram utilizados percentuais de substituição que variam de 0% a 50% de 
agregado graúdo por AGRC. Os percentuais definidos foram: 0%, 25%, e 50%; 
 Idade de ruptura: Foram definidas duas idades de ruptura dos corpos-de-prova, o 7º e 28º dia. A opção 
pelas referidas idades deve-se as mesmas serem usualmente adotadas em estudos envolvendo 
tecnologia do concreto e por evidenciarem o comportamento do crescimento da sua resistência com o 
agregado reciclado em substituição do agregadonatural. Quanto ao ensaio de compressão diametral, 
adotou-se apenas a idade de 28 dias. 
2.2 Caracterização dos Materiais 
Para realização do trabalho, procurou-se conhecer algumas características físicas para se ter uma 
referência do tipo de material utilizado. A seguir, têm-se os resultados dos ensaios de caracterização nos 
materiais utilizados. 
2.2.1 Cimento 
Utilizou-se o cimento Portland CPII-Z-32. Suas características, segundo o fabricante, são apresentadas na 
Tabela 1: 
Tabela 1 – Características físicas do cimento 
Descrição Cimento 
Massa Específica (kg/dm3) 3,06 
 
Resistência à Compressão (Mpa) 
3º dia: 18,02 
7º dia: 27,31 
28º dia: 33,58 
Tempo de início de pega (h:min) 2h e 24 mim 
Tempo de fim de pega (h:min) 5h e 19 mim 
Finura na peneira # 200 (%) 3,3 
2.2.2 Água 
Utilizou-se água potável, distribuída pela rede pública de Belém, não sendo realizado nenhum ensaio prévio 
de caracterização. Foi utilizada tanto como água de amassamento quanto para a pré-umidificação do 
agregado reciclado. 
2.2.3 Agregado Miúdo 
Com relação ao agregado miúdo adotou-se a areia extraída da cidade de Ourém (PA). Foram realizados os 
ensaios de granulometria, massa específica e massa unitária de acordo com os procedimentos descritos na 
NBR NM 248 (ABNT, 2003), NBR NM 52 (ABNT, 2009) e NBR NM 45 (ABNT, 2006), respectivamente. Os 
valores obtidos encontram-se na Tabela 2. 
Tabela 2 – Características físicas da areia, obtidas em laboratório. 
Agregado Miúdo 
Peneiras 
(mm) 
Massa Retida 
(g) 
% Retida 
% Retida 
acumulada 
Método de 
ensaio (NBR) 
4.8 4,12 0,41 0 
NBR NM 248 (ABNT, 2003) 2.4 8,32 0,83 1 
1.2 34,44 3,44 5 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 4 
0.6 173,95 17,40 22 
0.3 535,69 53,57 76 
0.15 221,53 22,15 98 
<0.15 21,95 2,20 100 
Total 1000 100 - 
Massa Específica 2,63 Kg/dm³ NBR NM 52 (ABNT, 2009) 
Massa Unitária 1,44 Kg/dm³ NBR NM 45 (ABNT, 2006) 
Módulo de Finura 2,02 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
Dimensão Máxima 5 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
 
2.2.4 Agregado graúdo 
a) Natural 
O seixo empregado também foi extraído da cidade de Ourém (PA). Foram realizados os ensaios de 
granulometria, adotando-se peneiras da série normal, massa específica e massa unitária desses materiais 
de acordo com os procedimentos prescritos na NBR NM 248 (ABNT, 2003), NBR NM 53 (ABNT, 2009) e 
NBR NM 45 (ABNT, 2006), respectivamente. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 3. 
 
Tabela 3 – Características físicas do agregado graúdo natural, obtidas em laboratório. 
Agregado Graúdo Natural 
Peneiras 
(mm) 
Massa Retida 
(Kg) 
% Retida 
% Retida 
acumulada 
Método de 
ensaio (NBR) 
38 0 0 0 
NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
25 0 0 0 
19 3,14 31,40 31 
12,5 5,68 56,80 88 
9,5 0,86 8,60 97 
4,8 0,28 2,80 100 
<4,8 0,04 0,40 100 
Total 10,00 100 - 
Massa Específica 2,62 Kg/dm³ NBR NM 53 (ABNT, 2009) 
Massa Unitária 1,60 Kg/dm³ NBR NM 45 (ABNT, 2006) 
Módulo de Finura 3,16 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
Dimensão Máxima 25 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
b) Agregado Reciclado (AGRC) 
Agregado Graúdo Reciclado: foi constituído de material cerâmico oriundo de rejeitos extraídos de uma 
fábrica localizada na cidade de São Miguel do Guamá (PA). O material foi britado em um britador de 
mandíbulas e posteriormente peneirado. Em seguida, foram realizados os ensaios de granulometria, 
adotando-se peneiras da série normal, massa específica e massa unitária desses materiais de acordo com 
os procedimentos prescritos na NBR NM 248 (ABNT, 2003), NBR NM 53 (ABNT, 2009) e NBR NM 45 
(ABNT, 2006), respectivamente. Neste processo, buscaram-se características semelhantes ao agregado 
natural. Os resultados obtidos estão listados na Tabela 4 e a sequência do preparo do material pode ser 
observado na figura 1. 
Tabela 4 – Características físicas do agregado graúdo reciclado obtidas em laboratório. 
Agregado Graúdo Natural 
Peneiras 
(mm) 
Massa Retida 
(Kg) 
% Retida 
% Retida 
acumulada 
Método de 
ensaio (NBR) 
38 0 0 0 
NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
25 0 0 0 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 5 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 2 4 6 8 10 20 30 50 75 105 180 300 1440
Tempo (min)
% A
bso
rvid
o
19 2,49 24,90 1 
12,5 3,93 39,30 26 
9,5 1,42 14,20 65 
4,8 1,95 19,5 79 
<4,8 0,21 2,10 98 
Total 10 100 - 
Massa Específica 2,08 Kg/dm³ NBR NM 53 (ABNT, 2009) 
Massa Unitária 1,03 Kg/dm³ NBR NM 45 (ABNT, 2006) 
Módulo de Finura 2,69 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
Dimensão Máxima 25 mm NBR NM 248 (ABNT, 2003) 
 
 
 
(a) (b) 
Figura 1 – (a) Material antes da britagem (b) Equipamento utilizado na britagem do Resíduo cerâmico 
 
2.2.5 Taxa de Absorção do RCD: 
Em virtude de o agregado cerâmico reciclado ser altamente poroso, há uma tendência elevada de absorção 
de água. Para não prejudicar a trabalhabilidade e distorcer os valores reais da relação a/c, optou-se pelo 
procedimento desenvolvido no trabalho LEITE (2001), que consiste em haver uma pré-umidificação deste 
material para que parte da água de amassamento do concreto não fosse absorvida. 
Para este ensaio, o comportamento obtido, mostrado na Figura 2, dará condições de determinar a 
quantidade de água necessária para a pré-molhagem dos agregados, evitando assim a distorção dos 
resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Curva de absorção do agregado graúdo reciclado. 
 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 6 
Observando a curva representada na Figura 2, conclui-se que o AGCR absorveu mais de 50% da massa 
total de água antes dos 30 minutos. Também se pode observar que no intervalo de 9 para 20 minutos de 
ensaio, não houve uma variação muito grande do percentual de absorção. Com base neste dado, adotaram-
se diretrizes para compensação da absorção de água no material para execução dos traços de concreto 
com agregado reciclado. Estabeleceu-se que o AGCR teria sua taxa de absorção compensada e que o 
material seria pré-umedecido 10 minutos antes do início da mistura dos materiais na betoneira, com adição 
à água total de cada traço. Este procedimento foi baseado no trabalho experimental desenvolvido por LEITE 
(2001), que mostrou não prejudicar as características mecânicas do concreto com agregado reciclado. 
2.3 Ensaios 
Para o estado fresco, finalizada cada mistura fez-se à avaliação da consistência pelo abatimento do tronco 
de cone seguindo os procedimentos descritos na NBR NM 67 (ABNT, 1998). No estado endurecido foram 
realizados os seguintes ensaios: resistência à compressão simples, resistência à tração por compressão 
diametral, segundo as NBR 5739 (ABNT, 2007), NBR 7222 (ABNT, 2011), respectivamente. 
2.4 Dosagem das misturas experimentais 
Para a produção dos concretos, todas as dosagens experimentais foram realizadas utilizando o método do 
IPT/EPUSP (HELENE e TERZIAN, 1992) que consiste em construir um diagrama de dosagem 
correlacionando a resistência à compressão, a relação água/cimento (a/c), a composição (1: m) e a 
quantidade de cimento. O valor do abatimento, medido pelo método do tronco de cone (slump test), foi 
fixado em 70±10 mm. Neste processo de dosagem, num primeiro momento realizou-se um traço de 
referência intermediário de 1:5 (cimento e agregado natural), a fim de se obter o teor ideal de argamassa. A 
definição deste teor ideal foi obtida com auxílio de avaliações visuais e empíricas. Durante a realização do 
traço, obteve-se o valor do teor de argamassa de 47%, resultando numarelação água cimento igual a 0,55 
para o traço 1:5. Em seguida foram feitos mais dois traços auxiliares utilizando o mesmo teor de argamassa 
do traço de referência intermediário, um mais rico (1:3,5) e um mais pobre (1:6,5). Na execução dos traços 
auxiliares, teve-se como parâmetro para definição do consumo de água, a obtenção do abatimento 
especificado. Após a confecção das misturas de referência, foram dosadas as misturas com os teores de 
substituição do agregado graúdo reciclado em 25% e de 50% conforme a Tabela 5. 
Tabela 5 – Esquema das misturas experimentais 
 1:3,5 1:5,0 1:6,5 
Traços rico referência pobre 
 A1 B1 C1 A2 B2 C2 A3 B3 C3 
% Subst. 0 25 50 0 25 50 0 25 50 
2.5 Definição do número dos corpos de prova 
Foi determinado que seriam moldados 9 (nove) corpos-de-prova cilíndricos de dimensões 10x20cm. Foram 
realizadas 9 misturas, o que totalizou 81 CP’s divididos da seguinte forma conforme a Tabela 6 a seguir. 
Tabela 6 – Distribuição das misturas experimentais. 
Ensaios Nº de CP’s ao 7º dia Nº de CP’s ao 28 dia 
Compressão axial 3 3 
Compressão diametral - 3 
Soma 3 6 
Total 9 
2.6 Produção dos corpos de prova 
Ao final da confecção de cada traço, foram moldados os corpos de prova de acordo com a ABNT NBR 5738 
(2008) e NBR 9479 (ABNT, 2006). Adotou-se o adensamento mecânico com o vibrador com mangote de 25 
mm. Após a moldagem dos corpos de prova, colocaram-se os moldes sobre superfície horizontal rígida a 
fim de preservar as amostras do concreto. 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 7 
A cura dos corpos-de-prova foi feita ao ar livre, nas primeiras 24 horas, em seguida, realizou-se a 
desmoldagem. Depois de desmoldados, os corpos de prova foram armazenados em câmera úmida 
(umidade = 95% e temperatura = 23  2 
0
C) até a realização dos ensaios de resistência, os quais foram 
rompidos aos 7 dias e aos 28 dias. Nos ensaios de compressão axial, utilizou-se o capeamento com 
neoprene nos corpos de prova para melhor distribuição da carga. 
 
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 3.1 Estado Fresco 
Nas misturas executadas, a trabalhabilidade foi avaliada através do ensaio de abatimento do tronco de 
cone, de acordo com a NBR NM 67 (ANBT, 2005), cujos valores estão colocados na Tabela 7. Os concretos 
foram preparados tendo-se como objetivo atingir o abatimento de 70 ± 10 mm. 
Tabela 7 – Relação a/c e abatimento dos traços. 
Traços 0% 25% 50% 
Abat. a/c Abat. a/c Abat. a/c 
1:3,5 7,0 0,45 8,0 0,44 7,0 0,29 
1:5,0 7,5 0,55 7,0 0,58 7,0 0,55 
1:6,5 7,0 0,76 7,0 0,68 7,0 0,44 
 
Os concretos produzidos com agregados de revestimentos cerâmicos reciclados apresentaram uma forma 
mais angular e áspera do material , obtido através do processo de britagem, que contribui significativamente 
para a redução na trabalhabilidade. Segundo Mehta e Monteiro (1994), concretos reciclados tendem a 
apresentar menor trabalhabilidade do que concretos feitos com agregados naturais de mesmo traço, 
requerendo maior quantidade de água na mistura para que se possa obter a mesma trabalhabilidade. 
Quanto ao abatimento do tronco de cone, percebe-se no gráfico da Figura 3, que há uma variação dentro da 
faixa pré-determinada para os concretos com AGCR, este resultado é semelhante ao obtido por FONSECA 
(2006), onde resultou também em certa variabilidade, mas dentro da faixa estipulada. Diferente dos 
resultados obtidos por LEITE (2001), onde as misturas de concreto com agregados reciclados apresentaram 
resultados do ensaio de abatimento bastante variáveis, se desviando muito do abatimento de 70±10 mm 
adotado como parâmetro de dosagem deste experimento. Isso se deve, provavelmente, pelo fato de o RCD, 
utilizado na pesquisa citada, conter maior variabilidade de materiais como: concreto, argamassa, e material 
cerâmico. 
 
 
Figura 3 – Gráfico do abatimento e relação a/c em função dos traços e teores de substituição. 
Para relação a/c, assim como nos resultados obtidos por LEITE (2001), MACHADO (2004) e FONSECA 
(2006), houve uma ascensão a partir do aumento do teor de substituição do agregado natural por AGRC. 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 8 
Isto significa que quanto maior o acréscimo de AGRC maior será a quantidade de água potável gasta para o 
amassamento da mistura. Além disso, observa-se no gráfico da Figura 3 que os traços com teores de 25% 
de substituição apresentaram resultados semelhantes aos resultados do traço de referência. 
Quando utilizado um teor de substituição de 50%, o fator a/c diminui em até 65% em relação ao traço de 
referência como ocorreu no traço 1:3,5. Quanto ao traço 1:6,5 a diminuição foi de aproximadamente 60%. 
Talvez porque devido à pré-molhagem do agregado reciclado, constatou-se que há maior absorção de água 
pelo agregado nos primeiros minutos antes da mistura do concreto, e a probabilidade do agregado absorver 
água da mistura é muito menor, pois, as partículas já estarão quase saturadas, podendo inclusive ocorrer o 
fenômeno inverso, ou seja, o agregado devolver parte da água absorvida para a mistura. 
3.2 Estado Endurecido 
a) Resistência à Compressão Axial 
Os ensaios foram realizados de acordo com a NBR-5739 (ABNT, 2007) nas idades definidas no programa 
experimental. Os valores foram obtidos através da média de 3 corpos de prova e representados na Figura 4. 
 7 DIAS 28 DIAS 
 
Figura 4 - Gráficos de resistência a compressão em função do teor de substituição. 
De acordo com a figura 4 podemos observar que houve uma variação de resistência à compressão do 
concreto à medida que aumenta o teor de substituição. No teor de substituição de 50%, a redução foi de 
mais de 50% de resistência. Este fato coincide com as pesquisas desenvolvidas anteriormente por 
ZORDAN (1997) e LEVY (1999) entre outros. Os resultados encontrados na bibliografia apresentam valores 
de resistência do concreto com agregado reciclado até 80 % inferior à resistência do concreto de referência. 
Na pesquisa em foco, a redução na resistência dos concretos produzidos com este tipo de agregado 
reciclado, se deve principalmente a suas características físicas (altas porosidade e absorção de água, 
menores massas unitárias e específicas). 
Fazendo uma análise comparativa dos concretos com AGRC e os concretos de referência quanto a 
resistência a compressão, observou-se que, aos 7 dias, os traços 1:3,5 com teores de 25 e 50% 
apresentaram, aproximadamente a mesma redução 26% . Já os traços 1:5, apresentaram, para os teores 
de 25 e 50%, percentuais de redução de 35% e 42%, respectivamente. Quanto ao traço 1:6,5 os valores 
referentes aos mesmos teores de substituição reduziram em torno de 26 e 35%. Analisando aos 28 dias, a 
queda foi de 30% para os concretos com teor de substituição de 25% e redução de 44% para teores de 
50% de substituição. Comparando a queda entre as idades de 7 e 28 dias, parece não ser significativa, já 
que os valores ficaram em torno de 20% e 44%. 
 
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b) Resistência à Tração por Compressão Diametral 
Os ensaios foram realizados de acordo com a NBR-7222 (ABNT, 2011) na idade de 28 dias. Foi 
estabelecida uma média entre os 3 corpos de prova representados na Figura 5. Podemos observar no traço 
1:3,5 que a resistência reduziu na substituição de 25%, e houve um aumento no traço de 50% de 
substituição, inclusive sobre o traço de referência. Isso se deve pela diminuição da relação a/c influenciado 
pelos fatores comentados no item 3.1. 
Nos traços 1:5 e 1:6,5 apresentam valores compatíveis com o comportamento encontrado por MACHADO 
(2004), onde o aumento da resistência é proporcional ao aumento do teorde substituição até determinado 
percentual. A partir da substituição 50% a resistência torna a diminui. De acordo com LEITE (2001), os 
valores da resistência à tração diametral tendem sempre a diminuir à medida que aumenta-se o teor de 
agregado reciclado. Isso se deve pelo aumento do consumo de água nos traços com alto teor de agregado 
reciclado. 
 28 DIAS 
 
Figura 4 - Gráficos de resistência a tração por compressão diametral em função do teor de substituição. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com a finalização da pesquisa, concluímos que os objetivos foram alcançados, pois através dos ensaios 
realizados, pode-se fazer as análises referentes aos teores de substituição e a influência atuante nos 
estados fresco e endurecido do concreto. Além disso, durante os processos experimentais, verificamos a 
contribuição da pesquisa para o estudo do reaproveitamento de resíduos cerâmicos na produção de 
concretos convencionais e o fornecimento de informações que auxiliem os profissionais da região na busca 
de alternativas para o melhor uso deste material. Com relação aos dos objetivos do trabalho, destacamos 
alguns pontos importantes diante dos resultados obtidos mostrados a seguir: 
a) Resistência a compressão axial: as resistências para os concretos com AGRC variam de 10 a 18 
Mpa aos 28 dias, dependendo da relação a/c e dos teores de substituição de agregado natural por 
agregado reciclado, com isso, o concreto de resíduo cerâmico não pode ser utilizado para concreto 
estrutural por apresentar resistências inferiores a 20 Mpa; 
b) Resistência a compressão diametral: os valores da resistência à tração diametral tendem sempre a 
diminuir à medida que aumenta-se o teor de agregado reciclado; 
c) Teor de substituição: os traços com substituição de 50% de agregado reciclado apresentam, em 
geral, piores resultados devido às características físicas do agregado; 
d) Consumo de água: os experimentos realizados indicaram que a absorção do agregado reciclado de 
telha e tijolo é bem elevada acima dos valores da absorção dos agregados naturais, portanto há a 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 10 
necessidade de pré-molhagem do AGRC, com a finalidade de evitar dificuldades para a obtenção 
de misturas que apresentem resultados mais satisfatórios; 
e) Trabalhabilidade: a forma dos grãos obtida através do processo de britagem influencia diretamente 
na redução da trabalhabilidade; 
De forma geral, tem-se que o emprego do agregado reciclado de resíduos de revestimentos cerâmicos 
apresenta grande possibilidade de substituir parcialmente o seixo para a produção de concretos para fins 
não estruturais, como já foi observado em outros agregados graúdos reciclados como os resíduos de 
argamassa e de concreto. Uma alternativa para melhorar as propriedades, principalmente a resistência do 
concreto, seria o uso de aditivo superplastificante ou redutores de água. Entretanto, esta medida elevaria 
consideravelmente o custo do concreto necessitando, para isso, de uma avaliação criteriosa do custo 
benefício. 
Contudo, com relação ao seixo rolado, a possibilidade de sua substituição ainda se torna mais importante 
visto que há uma carência de agregado com qualidade em jazidas disponíveis para a sua extração. Desta 
forma, a possibilidade do uso do seixo por agregado reciclado apresenta-se não apenas como uma solução 
técnica e de aproveitamento de resíduo, mas principalmente com objetivo de preservação de um recurso 
natural e relativamente escasso na região. 
 
5 REFERÊNCIAS 
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