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ASPECTOS PROFISSIONAIS, LEGISLAÇÃO E POSTURA PROFISSIONAL José Ruprechet Gomes Júnior 2 SUMÁRIO 1. Ética e legislação na profissão ....................................................................................... 3 2. Aspectos profissionais do esteticista ............................................................................ 11 3. Ética e criticidade na seleção dos recursos estéticos ..................................................... 20 4. Imagem pessoal ........................................................................................................... 26 5.Marketing profissional .................................................................................................. 33 6. Tendências de marketing ............................................................................................. 39 Referências ..................................................................................................................... 44 3 1 ÉTICA E LEGISLAÇÃO NA PROFISSÃO Os novos cenários de ralações trabalhistas, a atuação de profissionais cada vez mais empreendedores e a possibilidade de explorar novos mercados contribuem para o aparecimento de novas realidades, como o surgimento de novos empresários e o acirramento da relação demanda-procura por prestação de serviços. Estar atualizado nos princípios legais para formalizar uma empresa, além de uma sólida formação acadêmica, é garantia de maiores chances de sucesso. Atuar com ética, formalização e atuação eficaz destacará, além da prática do profissional, o reconhecimento como entidade jurídica com sólidas bases éticas e representatividade entre os profissionais de sua categoria. Compreender e estudar as leis que regulam as ações profissionais asseguram um futuro promissor e o enriquecimento da sociedade; filiar-se a associação de classe fortalece a cadeia de suprimentos de profissionais legalizados e capacitados para atender às necessidades de excelência na prestação de serviços com a qualidade e a segurança que a sociedade merece. Neste módulo abordaremos a prática do profissional esteticista, o código de ética, modelos trabalhistas e empreendedorismo. 1.1 Ética e a prática profissional de estética Para entender o significado e a importância do profissional esteticista, considera-se necessário compreender a etimologia do termo estética. Segundo Rosenfield (2009), a palavra “estética” vem do grego aísthesis, que significa sensação, sentimento. Diferentemente da poética, que parte de gêneros artísticos constituídos, a estética analisa o complexo das sensações e dos sentimentos, debruçando-se sobre as produções da sensibilidade, a questão básica proposta pelo termo gira em torno do problema do gosto. A disciplina acadêmica da estética começa tão somente no século XVIII, com a investigação do filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762). Antes dele, as estéticas sempre estavam integradas em abordagens sistemáticas da filosofia. Entre 1750 e 1758, Baumgarten publica duas obras — uma delas intitulada Aesthetik —, as quais separam a doutrina da beleza estética das outras partes da filosofia. 4 Segundo Silva et al (2014), em geral, esteticistas usam trajes brancos, muito sensíveis à sujeira, que devem ser mantidos sempre limpos. Quanto ao asseio pessoal, é importante manter os cabelos arrumados, as unhas curtas e bem tratadas, e quanto à vestimenta, nada de decotes, saias e shorts curtos nem de roupas muito justas e insinuantes, no caso de mulheres. Todos esses cuidados são necessários para fortalecer a credibilidade, o respeito e a segurança do cliente em relação ao profissional. Observando a orientação de Ifould et al (2015), a imagem projetada deve seguir as diretrizes da estética sobre padrões de aparência e de cuidados. As práticas profissionais mantêm o esteticista atualizado sobre os métodos de tratamento e procedimentos de terapia de beleza, como práticas de higiene e novos tratamentos. Na estética, a prática profissional exige o seguinte: Todo cliente deve passar por uma consulta inicial para determinar contraindicações e para estabelecer as necessidades do tratamento; Para certos tratamentos deve ser obtida permissão por escrito do médico, para casos em que a medicação ou a condição do cliente assim exija; O esteticista não deve fazer alegações falsas e não deve tentar tratar problemas médicos; O esteticista deve ser competente e se manter atualizado sobre os tratamentos mais recentes; Clientes menores de idade somente serão atendidos mediante a autorização por escrito de pais ou responsáveis. O não cumprimento dos códigos de ética implicará penas disciplinares estabelecidas pelo regimento interno do órgão fiscalizador. 1.2 O código de ética em discussão O termo código de ética, em princípio, pode soar como uma imposição, e se não for interpretado de forma adequada, distancia o seu interlocutor da natureza original deste 5 procedimento adotado em todas as profissões. Conforme esclarece Ifould et al (2015), o código de ética consiste em regras de comportamento que visam à proteção do cliente contra práticas impróprias. Os códigos de ética profissional são decididos pelo conselho de uma profissão. No setor de estética, a Federação Brasileira dos Profissionais Esteticistas (FEBRAPE) disponibiliza o Código de Ética dos esteticistas (técnicos e tecnólogos). Conforme a Federação Brasileira dos Profissionais Esteticistas, o código de ética profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual devem se conduzir os esteticistas, quando no exercício profissional. Trata sobre: Art- 2º - Responsabilidades fundamentais: O esteticista deve prestar assistência, sem restrições de ordem racial, religiosa, política ou social, promovendo procedimentos estéticos específicos que beneficiem a saúde, higiene e beleza do Homem. I – o esteticista presta serviços de estética facial, corporal e capilar, programando e coordenando todas as atividades correlatas; II – o esteticista deve autoavaliar periodicamente sua competência, aceitando e assumindo procedimentos somente quando capaz do desempenho seguro para o cliente; III – ao esteticista cabe a atualização e aperfeiçoamento contínuos de seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, visando o benefício de seus clientes, bem como o progresso de sua profissão; IV – o esteticista tecnólogo é responsável por seus auxiliares esteticistas técnicos, seja sob sua direção, coordenação, supervisão ou orientação. Art. 3º - Deveres e proibições: São deveres do esteticista: 6 I – exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus pacientes, sem prejuízo da dignidade e independência profissional; II – guardar absoluto respeito pela saúde humana, exercendo a profissão em conformidade com os preceitos éticos deste código e com a legislação vigente; III – organizar seu ambiente de trabalho, tornando-o asséptico, conforme exigido pela Secretaria de Vigilância Sanitária; IV – abster-se de atos que impliquem na mercantilização da Tecnologia Estética e combatê-los quando praticado por outrem; V – fazer prévia anamnese estética do cliente que se submeter ao seu procedimento; VI – indicar os diversos procedimentos estéticos, de acordo com os tipos e alterações da pele; VII – identificar alterações da pele; VIII - executar todas as técnicas existentes na tecnologia estética para a recuperação da pele, desde que apropriadas e reconhecidas cientificamente;IX – ter domínio técnico na utilização de equipamentos eletroestéticos aplicados na tecnologia estética; X - ter boa visão, agilidade, coordenação motora, atenção, percepção de detalhes e conjunto, paciência, iniciativa, responsabilidade, assiduidade e hábitos de higiene; XI - cumprir e fazer cumprir os preceitos contidos no Código de Ética dos Esteticistas; Art. 4º - Proibições aos esteticistas: 7 I – anunciar cura de enfermidades da pele, sobretudo as incuráveis; II – usar títulos que não possua ou anunciar especialidades para as quais não está habilitado; III – praticar atos de deslealdade com os colegas de profissão; IV – o esteticista cometerá grave infração ético-disciplinar se deixar de atender às solicitações ou intimações para instrução nos processos ético-disciplinares; V – é vedado ao esteticista aceitar emprego deixado por colega de profissão, que tenha sido dispensado injustamente, por motivos vãos, salvo anuência do órgão responsável pelo seu registro; VI – considera-se falta de ética da moral profissional, causar qualquer tipo de constrangimento a outro esteticista, visando, com isso, conseguir para si o seu emprego, cargo ou função; VII – abandonar o procedimento estético, deixando o cliente sem orientação específica, salvo por motivo relevante; VIII – prescrever medicamentos, injetar substâncias ou praticar atos cirúrgicos; IX – publicar trabalhos científicos sem a devida citação da bibliografia utilizada, ou mesmo deixar de citar outras publicações, caso o autor julgue necessário, ressalvando-se o caso em que o autor deixar notoriamente claro que tais obras não foram reproduzidas para a elaboração do trabalho. Da mesma forma, não é lícito utilizar, sem referência ao autor ou sem sua autorização expressa, dados, informações ou opiniões colhidas em fontes não publicadas ou particulares; X – assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe; Art. 5º - Honorários profissionais: 8 I – só poderão cobrar honorários os profissionais legalmente habilitados para o exercício da profissão; II – o esteticista deverá levar em conta as possibilidades financeiras do cliente; III – o esteticista poderá recorrer à via judicial para receber honorários não pagos pelo cliente; IV – os parâmetros observados para a cobrança de honorários devem ser as condições socioeconômicas da região, a complexidade do procedimento, o material utilizado, o desgaste dos equipamentos eletroestéticos, a escolha de cosméticos importados e a demanda de tempo no procedimento; V - o esteticista deverá respeitar o critério de cobrança de honorários, observando a sugestão da Associação Profissional a que estiver afiliado, para a correta cobrança dos mesmos; Art. 6º - Generalidades: I – ao infrator deste Código de Ética serão aplicadas as penas disciplinares, estabelecidas pelo regimento interno do Órgão Fiscalizador, sendo avaliadas e votadas em Assembleia Geral. 1.3 O profissional e a CBO Conforme publicado no site do Ministério do Trabalho e Emprego, a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Este documento tem uma dimensão estratégica importante, na medida em que, com a padronização de códigos e descrições, poderá ser utilizado pelos mais diversos atores sociais do mercado de trabalho. Terá relevância também para a integração das políticas públicas do Ministério do Trabalho e Emprego, sobretudo no que concerne aos programas de qualificação profissional e intermediação da mão de obra, bem como no controle de sua implementação. 9 O profissional esteticista terá o respaldo da CBO 3221-20: Esteticista corporal, Esteticista facial, Tecnólogo em cosmetologia e estética, Tecnólogo em cosmetologia e estética facial e corporal, Tecnólogo em estética, Tecnólogo em estética corporal, facial e capilar, Tecnólogo em estética e cosmética, Técnico em estética. 1.4 Lei 13.643/2018 – Regulamentação da profissão Nos últimos dias, as redes sociais, os canais de comunicação e os setores do segmento estético contaram com um dos momentos mais notáveis para a categoria, e uma conquista histórica para os profissionais esteticistas no Brasil. Conforme o site Jusbrasil, trata-se da sanção da Lei 13.643/18, que regulamenta as profissões de Esteticista, compreendendo o Esteticista e Cosmetólogo, e o Técnico em Estética. Segundo o artigo apresentado pelo Jusbrasil, considera-se Técnico em Estética o profissional habilitado em curso técnico com concentração em Estética oferecido por instituição regular no Brasil. Quanto ao Esteticista ou Cosmetólogo, exige-se a graduação em curso de nível superior com concentração em Estética e Cosmética oferecido por instituição regular de ensino no Brasil. Tanto para o técnico quanto para a graduação, se a especialização ocorrer em escola estrangeira, deverá ter o diploma revalidado por instituição de ensino devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação. O Conselho Regional de Biomedicina contribui para o entendimento sobre as principais atribuições de Técnicos e Tecnólogos e apresenta o rol de atividades a serem realizadas por ambos os profissionais, que poderão ser consultadas na Normativa nº 01/2012 do CFBm. 1.5 Empreendedorismo na estética Ao se falar de empreendedorismo, qual a primeira ideia que lhe vem em mente? Abrir um negócio próprio? Lançar um produto inovador no mercado? Desenvolver uma técnica estética ultra mega diferenciada? 10 Excelente! Todas as alternativas são frutos de uma mente empreendedora. Mas o que é preciso saber para se tornar um empreendedor de sucesso? Para Ferreira et al (2010), a palavra “empreendedor” provavelmente surgiu para descrever as pessoas que “assumiam os riscos”. A realidade é que, embora muitas pessoas manifestem o desejo de se tornarem patrões de si próprios e tenham acesso ao capital necessário, os conhecimentos e as capacidades, poucas as concretizam na criação de uma empresa. Segundo Silva et al (2014), pessoas empreendedoras são extremamente inovadoras, hiperativas, criativas e ousadas; costumam focar a visão no futuro e desenvolvem técnicas de planejamento que as ajudarão a conseguir alcançar seus objetivos, mas ter a mente aberta e ter automotivação também são características essenciais ao empreendedor. As pessoas empreendedoras são motivadas a criar o novo, o inesperado, entregam-se de corpo e alma ao trabalho, sempre focando na transformação de suas ideias em realidade e de seus objetivos em negócios inovadores. O segredo de ser empreendedor não é somente identificar novas oportunidades e criar novos negócios, mas sim executar ações de forma consciente e trabalhar muito para atingir o que foi planejado para sua vida profissional e familiar. Note que o empreendedor é definido em termos de comportamentos e atitudes, não de traços de personalidade ou outras características inatas. Ninguém nasce empreendedor nem com genes empreendedores. Portanto, não podemos prever quem tem características para se tornar empreendedor, mas podemos ver quais as características que temos e trabalhar/desenvolver as competências que ainda nos faltam (FERREIRA et al, 2010, p.25-26). Os novos cenários de ralações trabalhistas, a atuação de profissionais cada vez mais empreendedores e a possibilidade de explorar novos mercados contribuem para o aparecimento de novas realidades, como o surgimento de novos empresários e o acirramento... Estar atualizado nos princípioslegais para formalizar uma empresa, além de uma sólida formação acadêmica, é garantia de maiores chances de sucesso. Atuar com ética, formalização e atuação eficaz destacará, além da prática do profissional, o reconheci... Compreender e estudar as leis que regulam as ações profissionais asseguram um futuro promissor e o enriquecimento da sociedade; filiar-se a associação de classe fortalece a cadeia de suprimentos de profissionais legalizados e capacitados para atender ... Neste módulo abordaremos a prática do profissional esteticista, o código de ética, modelos trabalhistas e empreendedorismo. 1.1 Ética e a prática profissional de estética 1.2 O código de ética em discussão 1.3 O profissional e a CBO 1.4 Lei 13.643/2018 – Regulamentação da profissão 1.5 Empreendedorismo na estética 2.1 O Profissional Esteticista: Competências 2.2 Relação do Profissional com o Cliente: Ética Responsável 2.3 Ética Criativa e o Senso Comum 2.4 Responsabilidade Solidária 2.5 Relação do Esteticista com o Gênero O negro O obeso O transexual Conclusão
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