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Direito Civil
06/02/2017 Direito Civil
Relação Jurídica 
 Fato propulsor: fato jurídico 
Sujeito ativo Sujeito passivo
 Objeto = bem 
O sujeito ativo pensa que é portador de um direito em face de um sujeito passivo, a fim de ter o objeto que é o bem. A forma de conseguir este bem é através da Prestação Jurisdicional. 
Pessoas são os polos ou as partes que compõe a relação jurídica. Pessoas são as partes capazes de compor os polos da relação jurídica. 
Essas pessoas querem o bem. 
O que faz com que essas duas pessoas formem a relação jurídica é a prestação jurisdicional, esse é o meio de conseguir o bem. 
Para que seja possível formar essa relação jurídica tem que ocorrer um fato propulsor, este fato propulsor que é capaz de impulsionar a relação jurídica, ele vai ser capaz de levar uma pessoa ao judiciário para pedir um objeto. 
Mas não é qualquer fato que vai ser denominado fato propulsor, para ser um fato propulsor ele deve ser um fato jurídico. 
Exemplo de fato jurídico: Você está dirigindo e um carro invade a sua pista e arranca o seu retrovisor. Imagine que alguém anotou a placa. 
Mesmo que a pessoa possa acionar o próprio seguro para arcar com os custos, ela quer que o seguro do outro motorista pague. Então se entra com uma prestação jurisdicional em face do dono do carro para que ele pague. 
Neste caso, o fato propulsor capaz de formar a relação jurídica foi o dano causado pelo motorista.
Por isso é importante ter clareza do que é um fato jurídico, é importante diferenciar um fato jurídico de algum outro que não seja. Vejamos exemplos:
Exemplo: Uma pessoa fez 15 anos e saiu até nos jornais de tão bonita que foi a festa. Este não é um fato jurídico. 
Exemplo: Fez 18 anos e ninguém lembrou do seu aniversário. Este é um fato jurídico. O indivíduo adquiriu a sua maioridade, ou seja, ele obteve a sua capacidade plena. 
Exemplo: Nasceu. É um fato jurídico. O indivíduo tem a sua aquisição de sua personalidade nos seus direitos e deveres. 
Exemplo: Morreu. É um fato jurídico. Neste momento o indivíduo tem a extinção da sua personalidade. 
Então não é qualquer fato que é capaz de formar uma relação jurídica. Você pode até propor uma relação jurídica em face de um fato jurídico que não é real, vai haver uma decisão julgando improcedente. 
Então para formar a relação jurídica, o fato tem que ser jurídico. Porém, as circunstancias desse fato podem torna-lo jurídico. 
Um exemplo: É seu aniversário. Não é um fato jurídico. Mas houve uma briga e torna-se um fato jurídico pela circunstância.
Um outro exemplo: Um garoto acha uma menina bonita e a beija. Este não é um fato jurídico. Mas imagine que o namorado da menina vê e briga com o garoto. Torna-se um fato jurídico. 
Então às vezes o fato em si isolado não constitui um fato jurídico, mas ele pode se tornar um fato jurídico pela circunstância. 
Não concluir nada, não imaginar nada que não tenha no probleminha se por acaso cair isto na prova. Qualquer indicação que couber, vai estar no problema.
Fato jurídico e negócio jurídico são a mesma coisa. Pode-se ver isto no código acima do artigo 104 CC. O primeiro título é Dos Fatos Jurídicos e o segundo é Do Negócio Jurídico. 
Quando se fala de negócio jurídico, lembra-se logo em “fazer negócios”. Quando se fala em fazer negócios é sempre um contrato, é sempre bilateral. Mas negócio jurídico aqui não tem que ser só contrato, contrato é um exemplo de negócio jurídico.
Fato jurídico e negócio jurídico são a mesma coisa, mas é diferente de ato jurídico que não é exatamente a mesma coisa. Tanto que vamos ver nos livros a diferenciação de fato e de ato. Mas para a avaliação não precisa distinguir fato de ato. Sendo ato ou fato ou negócio, aplica-se tudo o que vamos aprender. 
Não há meios de se obter uma relação jurídica sem o fato jurídico. Mas o que torna esse fato jurídico, em um primeiro momento, é a previsão no ordenamento jurídico, é a norma dizendo. 
Por isso que 18 anos é um fato jurídico, está previsto no ordenamento jurídico que ao chegar a esta idade terá a aquisição da capacidade plena. 
O fato vai ser jurídico mesmo não tendo previsão no ordenamento jurídico, mas quando trás consequências ao mundo jurídico. O juiz não pode deixar de dar uma decisão porque não há previsão no Código sobre aquele assunto, ele vai usar as fontes secundárias do Direito. 
Então o fato vai ser jurídico tendo previsão na norma ou não tendo quando ele trás consequências para o mundo jurídico. 
Classificação de Negócio Jurídico 
Quanto à vontade das partes: Unilateral: singular ou plural
 Bilateral: receptício ou não receptício 
Bilateral: é a regra. A maioria absoluta dos negócios jurídicos são bilateral. 
Então por bilateral pressupõe que eu faço algo com alguém.
Exemplo: Eu vendo meu Código para uma pessoa. Eu vendo e ela me dá o dinheiro. 
Há uma bilateralidade, ou seja, envolve vontade de um lado e vontade de outro lado. 
Não importa também que todos estejam me vendendo uma coisa e eu sozinha esteja comprando, continua bilateral. Não importa também que eu esteja vendendo uma coisa para todos, continua bilateral.
Percebe-se que não é o número de pessoas que interessa, e sim, as vontades presentes. 
Vamos distinguir quando é receptício e quando não é receptício. 
A palavra receptício vem de “conhecer”, vem de “conhecimento”. 
O negócio jurídico bilateral receptício só se concretiza quando o outro toma conhecimento dele, concordando ou não e aceitando ou não. 
Diferentemente do receptício, o negócio jurídico bilateral não receptício não exige conhecimento. Ele não exige que você saiba, ele está perfeito independente se você sabe ou não. 
A regra geral do bilateral é a aceitação, não há como fazer uma compra e venda sem aceitação.
No receptício, não precisa de você aceitar, mas precisa que você tome conhecimento. Um exemplo é a demissão, você precisa ficar sabendo. Não precisa concordar, você é demitindo mesmo não concordando, mas é preciso que você tome conhecimento da demissão se não ela não poderá ser concretizada. 
Qualquer resilição de contrato é receptício. O outro tem que tomar conhecimento, tem que ser comunicado. Não precisa aceitar, mas tem que ter conhecimento. 
No não receptício não tem que ter conhecimento, outro nem precisa ficar sabendo. 
Exemplo: Renúncia de herança: o inventário abriu e são três filhos. Imagine que um tenha a situação financeira boa e os outros dois não. Ele comparece ao cartório e anexa ao inventário que renuncia a sua parte na herança. Ninguém fica sabendo de nada, mas ele renuncia. 
Outro exemplo: Testamento: Eu vou ao cartório e faço um testamento. Não precisa que os filhos saibam. O cartório só comunica a existência do testamento com a morte da pessoa. O testamento foi feito mesmo que ninguém ficasse sabendo. 
Unilateral: a vontade está em uma única direção. 
Se eu tenho uma única pessoa com uma vontade, é unilateral singular. 
Mas se eu tenho várias pessoas com uma vontade só, unilateralidade plural.
Exemplo: Imagine que eu tenha que afetar um patrimônio para criar uma fundação. Eu afeto o patrimônio e vou ao cartório para fazer o registro da minha fundação. Este é um exemplo de unilateral singular. 
Exemplo: Imagine que todos em uma sala queiram criar uma fundação. Então juntaram-se todos os patrimônio, foi feita a afetação e foi feito o registro. Este é um exemplo de unilateral plural. 
Exemplo: Aqui também podemos ver a doação. Eu doei uma cadeira de rodas para alguém. Foi unilateral porque só uma pessoa recebeu, não ganhei nada em troca. Foi unilateral singular porque eu doei sozinha. 
Exemplo: Nós compramos uma cadeira de rodas e demos a alguém. Unilateral porque não recebemos nada, unilateral plural porque foi em grupo, haviam mais vontades. 
Quanto às vantagens patrimoniais: GratuitoOneroso Comutativo = Equivalente 
 Aleatório 
 Neutro
 Bifronte 
 
Gratuito:
No gratuito, o ônus é apenas para uma parte e a vantagem patrimonial fica toda com a outra parte. 
Ônus com um, bônus com a outra. 
No gratuito não exige contraprestação.
Exemplo de gratuito que não exige contraprestação: Doação. 
Dou algo e não recebo nada em troca. A vantagem patrimonial vai ser toda da outra pessoa, o ônus vai ser meu e o bônus todo dela. 
Eu não exigi contraprestação. 
Oneroso:
Eu posso ter um negócio jurídico oneroso sem ter dinheiro envolvido, por isso eu não posso diferencia-lo de gratuito como o que “não há pagamento”. 
No oneroso, as vantagens patrimoniais devem ser para os dois lados. 
No oneroso, exige contraprestação.
Exemplo de oneroso que exige contraprestação: Eu te dou o Código, mas você tem que tirar 10 no primeiro bimestre e 10 no segundo. 
Isso é uma exigência de contraprestação e não há nenhum dinheiro no meio. 
Outro exemplo: Você fica com meu filho para eu trabalhar amanhã cedo? Claro! Você fica com o meu para eu ir pra praia final de semana?
Exigiu uma contraprestação, foi um negócio jurídico oneroso. 
Na contraprestação sempre há algo em troca, seja dinheiro ou não, como os exemplos acima. 
Sempre há um ônus no oneroso, sempre haverá um preço a pagar, seja em dinheiro ou com atitude. 
O maior exemplo de oneroso é compra e venda: a pessoa quer me comprar um Código. Ela tem o ônus de me dar o dinheiro e eu tenho o ônus de perder o Código. Eu tive o bônus do dinheiro e ela o de ter o Código. Perdemos ambos e ganhamos ambos. 
Este exemplo de compra e venda é o maior exemplo do comutativo. 
O comutativo pressupõe uma equivalência. Essa equivalência é sempre aquilo que eu aceito que vale. Quem define equivalência é sempre o mercado. 
No aleatório não há equivalência, não há uma presunção de valores. Aleatório vem de sorte, não tem um valor exato da coisa. Não tem como saber quanto vai valer. 
Um exemplo de aleatório é qualquer jogo legalizado, você joga e não sabe se vai ganhar ou não e o quanto vai ganhar. Então depende da sorte.
Outro exemplo de aleatório é o seguro. O fato é que se o carro bate, você perde o bônus naquele seguro, mas a seguradora tem um gasto muito maior. É aleatório, depende de sorte. Sorte da seguradora que não houve nada, e sorte sua também porque não houve dano na família. 
Outro exemplo é a safra. Para uma pessoa plantar ela fez um empréstimo no banco, e para fazer esse empréstimo ele hipotecou a terra, se ele não pagar o empréstimo no dia, o banco pega a terra dele. Quando ele vê que vai perder a terra e que não vai conseguir pagar, ele vende a colheita do café na safra. Alguém vai comprar a safra com um preço muito baixo porque pode dar muito café, mas pode também dar quase nada. Então vai depender da sorte de quem comprou se der muito café, e sorte de quem vendeu se der um café doente. O fato é que um contrato de safra também é um contrato aleatório, não tem como eu saber quanto vai valer o café. 
Neutro:
O neutro nem é gratuito e nem oneroso. E não é por isso que deixa de valer, vale muito, mas não tem como ser vendido e nem tem como ser doado. 
Um exemplo é a clausula de inalienabilidade. Imagine que seu pai faz a doação de um apartamento para o seu nome e coloca uma clausula de inalienabilidade. Esta clausula torna o apartamento de 1 milhão em neutro, nem gratuito e nem oneroso, não pode dar e nem vender. 
Lembrando que essa clausula só alcança a quem recebeu a doação, não alcança os seus herdeiros. 
A mesma coisa acontece quando se institui bem de família. Enquanto este patrimônio estiver como bem de família, não poderá vender, penhorar e nem doar. Quando eu quiser que ele volte ao mercado, eu retiro e ele volta.
Bifronte: 
Tanto pode ser gratuito como oneroso, não alterando a sua natureza jurídica. 
Exemplo: mandato. Uma pessoa vai ao Rio, a outra ficou sabendo e pediu para que comprasse um livro para ela. Ela compra e mostra a nota, a pessoa devolve o dinheiro que o outro gastou comprando o livro. Este mandato foi gratuito, o outro não cobrou para ir à livraria. 
Mas se a pessoa que vai viajar pede para ela pagar a passagem em troca do favor, transformou o mesmo mandato em oneroso. Mas não alterou a natureza jurídica do mandato, continua sendo mandato, mas agora oneroso.
O mandato pode ser gratuito ou oneroso e não altera a natureza jurídica dele. 
Exemplo: Depósito. Moramos no mesmo prédio e eu não tenho carro, então você me pede para usar minha vaga na garagem. Se eu deixo sem pedir nada em troca é depósito gratuito, mas se eu, por exemplo, peço para que você pague meu condomínio em troca será depósito oneroso.
Então o depósito pode ser gratuito ou oneroso que não altera a natureza jurídica. 
08/02/2017 Direito Civil
Quanto ao momento da produção de efeito: Intervivos
 Mortis causa/causa 
 mortis
A maioria dos negócios jurídicos produzem efeito intervivos, ou seja, em quanto as pessoas estão em vida. 
A exceção é o mortis causa que produz efeito depois da morte. 
Então por exemplo: Eu faço um seguro de vida. Vai produzir efeito após a minha morte (mortis causa), mas o seguro de vida é negócio feito entre intervivos. 
Ex: Eu faço uma doação do apartamento no qual eu moro, para que seja seu após a minha morte. Vai ser mortis causa. 
Ex: Eu faço a doação do apartamento para você durante a vida. Vai ser intervivos.
Quanto ao modo de existência: Principal
 Acessório
Isso se aplica ao Princípio da Gravitação Jurídica: acessório segue sempre o principal. 
A natureza jurídica do principal alcança sempre a do acessório. 
Por isso, se eu tenho um contrato, que é o principal, ao anular uma cláusula, o contrato permanece porque ele existe independe do acessório. Porque o contrato é o principal e a cláusula é acessório. Mas se cancelar o contrato, cancela a cláusula porque ele era o principal. 
Quanto ao número de atos necessários: Simples (1)
 Complexo (vários)
Se eu preciso de um único ato para o negócio jurídico se realizar, esse negócio jurídico é simples. 
Se eu preciso de vários atos para que o negócio jurídico se realize, esse negócio jurídico é complexo.
Um exemplo muito simples disso é a compra e venda à vista. Simples. 
Mas se compramos por prestação um terreno, e só vamos fazer a escritura ao final do pagamento. Complexo. 
Complexo depende de vários atos para se realizar. 
Quanto ao exercício do Direito: Dispositivo
 Administrativo 
A palavra dispositivo está ligada a “dispor”, “disposição”.
Negócio Jurídico dispositivo dá direito de dispor daquele meu bem. 
Você comprou algo, ficou com raiva e quebrou ou nunca usou, nunca tirou da caixa e deu pra alguém. Você tem o direito de dispor como quiser.
Exemplo: Ganhei um Código de presente, mas eu já tenho, joguei pela janela, joguei no lixo. Tenho o direito de dispor também porque é meu.
Mas sempre tendo em vista a legalidade, pois se você joga um Código pela janela, mata alguém. 
Exemplo: Você compra um apartamento e pode trocar tudo nele a vontade, mas tem que respeitar a fachada que é padrão. Mas é seu, você faz tudo que bem entende. 
Aqui temos atos de disposição.
Mas os atos administrativos não permitem a disposição, não permite que você faça como quiser o que bem entender. 
Exemplo: Se eu te emprestei o Código, você tem obrigação de me entregar no estado que eu te emprestei. 
Então todo e qualquer empréstimo, gratuito ou oneroso, aponto de comodato ou não, são atos de administração. Você pode usar, mas não pode destruir. 
Exemplo: Locação de carro, imóvel...
Tem que entregar da maneira que pegou. 
Nos atos de administração eu não posso dispor, mas me dá o direito de administrar. 
Quanto ao conteúdo: Patrimoniais
 Extrapatrimoniais 
A maioria absoluta dos negócios jurídicos tem natureza patrimonial, a exceção é extrapatrimonial.
Patrimoniais são os negócios jurídicos suscetíveis de aferição econômica.
É possível avaliar economicamente. 
Extrapatrimoniais são os negócios jurídicos insuscetíveis de aferição econômica. 
Não é possível avaliar economicamente.
Não tem como dizer quanto vale, a lei pode não permitir isso. Um exemplo são os direitos da personalidade que são insuscetíveis de venda. 
Também há aquelas coisas que são tão abundantes, todos têm, e ninguém pagaria por elas. Não tem porque aferir valor. 
Quanto à formalidade: Solene: Ad Solemnitatem
 Não solene: Ad Probatione
 Regra do Direito Civil: é a liberdade de 
 forma, desde que a lei não proíba. 
Formalidade não é a mesma coisa que forma, formalidade é o mesmo que solenidade. 
Não há negócio jurídico sem forma, todos eles têm uma forma. 
A forma é exigência do negócio jurídico, a formalidade é a exigência de que só faça daquele jeito, e se você fizer por outro caminho o negócio jurídico não vai ser válido. 
O negócio jurídico pode ser solene ou não solene. 
No não solene, eu escolho a forma que eu quiser fazer desde que não seja proibido em lei, “não defesa em lei”. Aqui eu posso fazer a escolha. 
A Regra do Direito Civil é o não solene, a regra é que se faz como quiser. A regra é o “não defesa em lei”, desde que não seja proibido em lei eu posso fazer. 
Contrato de locação pode ser feito verbalmente, eu provo o contrato com os depósitos bancários em que a pessoa fazia, com testemunhas. 
Pode-se provar por todos os meios permitidos pelo Direito, por isso ele é Ad Probatione, provo por todos os meios que eu quiser. Mas para isso ser facilitado todos nós transformamos em contrato. 
A regra no Direito Civil é a liberdade de forma, desde que a lei não proíba.
No solene, exige-se a formalidade, é prescrita em lei.
No solene eu só tenho um caminho, só de acordo com aquela formalidade, se eu for por outro caminho não vai ser certo.
 Essa é a exceção, quando a lei prescreve. 
Quando a forma é prescrita em lei, se eu não obedeço, o contrato não vai ser válido, vai ser nulo. Só vale se eu fizer por aquele caminho que a lei disse. 
Exemplo: Ações judiciais são solenes, os atos judiciais são solenes, a lei diz qual é o caminho.
Exemplo: Compra e venda de imóvel é solene porque só pode transferência do imóvel com escritura pública. 
O solene é Ad Solemnitatem, ou seja, só se prova pela solenidade. 
No caso acima, a solenidade é a escritura pública. 
O que prova o casamento é a certidão, a solenidade é essa. 
Doação é: unilateral singular, gratuita, intervivos, principal, simples, dispositivo, patrimonial e não solene.
Compra e venda: bilateral receptício, oneroso comutativo, intervivos, principal, simples, dispositivo, patrimonial e não solene. 
Disposições gerais: artigo 104 ao 144 CC
Artigo 104 CC: Trata dos Requisitos de Validade do Negócio Jurídico (ou Elementos Essenciais de Negócios Jurídicos):
 Sujeito Agente Capacidade Absolutamente incapaz (representado)
 Relativamente incapaz (assistido)
 Objeto Lícito
 Possível 
 Determinado
 Determinável 
 Forma Prescrita (Ad solemnitatem)
 Não defesa em lei Regra geral (não solene) Ad Probatione
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Para o negócio jurídico ser validado, ele exige alguns pressupostos. 
I - agente capaz;
É preciso que o sujeito, que na verdade é o agente, tenha capacidade. 
Este sujeito é aquele dos polos da relação jurídica, é o sujeito ativo ou passivo.
Em um primeiro momento, o artigo 104 diz que a validade do negócio jurídico requer agente capaz. Ele quer que o sujeito, que é o ativo ou o passivo, tenha capacidade. 
Se ele for agente capaz, está tudo certo. Mas, se por acaso, ele for absolutamente incapaz pelo critério objetivo, para que esse negócio jurídico seja válido é preciso que ele esteja representado. Se ele estiver devidamente representado, ele supre a incapacidade que estava presente nele. 
É preciso que o agente seja capaz, mas se ele está devidamente representado, a capacidade foi adquirida pelo seu representante. Significa que esta pessoa de menos de 16 anos não possa assinar contrato sozinho. Se ele assinar sozinho, este contrato vai ser nulo. Mas se ele estiver devidamente representado, este contrato será válido.
Se a capacidade dele é relativa, a incapacidade dele pode ser suprida através da assistência e o contrato será válido. 
Então é isso que o Art. 104, I está dizendo. Ele não está dizendo que o menor de 16 ou menor de 18 não possa praticar atos, ele quer dizer que estas pessoas para praticar negócios jurídicos devem estar representadas no caso do menor de 16 anos (absolutamente incapaz), e assistidos no caso do menor de 18 anos (relativamente capaz). Sendo feito desta maneira, o negócio jurídico será válido. 
Mas, se por acaso, o menor de 16 anos fez um negócio jurídico sem representação, o negócio é nulo. E se o menor de 18 e maior de 16 fizer o mesmo, o negócio jurídico será anulável. 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Em um segundo momento, a validade do negócio jurídico requer que o objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável. 
Aqui é o objeto que pedimos, na relação jurídica, que em uma última análise é o bem. 
Este objeto tem que ser lícito, que é muito mais que legal, porque legal é tudo aquilo que não é ilegal. Mas, lícito é tudo aquilo que não é ilícito e tudo que atinge a ordem pública, moral, os costumes e a lei. Lícito é mais abrangente que legal. 
Neste caso, se esse objeto é ilícito, o negócio jurídico é inválido. 
Exemplo: Exigir o pagamento de uma aposta que fizemos.
Aposta é contravenção, portanto o objeto é ilícito, sendo o negócio jurídico então inválido. 
Tudo aquilo que eu pedir e que a lei, a moral, a ordem pública não permitam, eu vou ter como decisão “objeto ilícito inválido”, “negócio jurídico inválido”. 
Mas se esse objeto é lícito, o negócio é válido. 
O objeto, além de lícito, tem que ser possível. 
Exemplo de objeto impossível: Quer um pedaço da Lua.
Aquilo que não é possível de atender pelas circunstâncias vai ser objeto impossível, portanto, negócio jurídico inválido. 
Tem que haver a possibilidade de atendimento desse objeto para ele ser possível. 
Este objeto tem que ser também determinado.
Ele deve estar pedindo. 
Exemplo: Um advogado entrou com a ação e começou a contar o que houve, mas não pediu o que ele queria para o cliente.
É preciso determinar o que se quer.
O cliente pode deixar de ganhar porque o advogado não pediu. Isso porque o juiz está preso ao cárcere do pedido, ele não pode dar o que não pediu.
Deve estar tudo determinado sobre o quanto, sobre juros, sobre horas extras, tudo muito bem determinado. 
Mas há casos onde não é possível determinar tudo no momento da ação. Não tem como dizer o que quer incisivamente. Então eu tenho que pedir pelo menos de forma que seja determinável, já que eu não tenho como determinar naquele momento. 
Exemplo: Você está de moto e alguém te derruba, estraga a moto, você tem lesões complicadas de músculo, quebra a costela etc. A pessoa diz que não vai pagar. 
Se você for esperar consertar a moto para ver quanto ficou,fazer o tratamento para ver quanto deu, vai demorar muito e como a pessoa não quer pagar, você que irá arcar com tudo.
Você entra com uma ação judicial imediata pedindo todo o conserto da modo necessário, pedir tratamento médico especificando radiografias, cirurgias, fisioterapias, tudo o que for precisar porque não se sabe quanto é. 
E se for motoboy, pede-se os lucros cessantes, pede o quanto você ganhava durante o período em que ficar impossibilitado de trabalhar. 
Então eu tenho que ter um objeto lícito, possível, determinado ou determinável no mínimo. 
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Para que o negócio jurídico tenha validade, a forma pode ser prescrita ou não defesa em lei.
A regra é não defesa em lei, não solene. Basta que a lei não proíba e eu faço o negócio jurídico da forma que eu quiser, por isso ele é Ad Probatione, significa que provam-se por todos os meios admitidos pelo Direito. 
Assim fazem a maioria dos negócios jurídicos.
Prescrita vem de seguir à risca. 
Se a lei diz que tem que ser assim, se não o assim fizer, não vai dar certo, o negócio jurídico vai ser inválido.
Na forma prescrita, eu não tenho escolha, só posso fazer do jeito que me permite a lei. 
Esta é Ad Solemnitatem, eu só provo pela solenidade e ela é provada pelo documento.
Então se a forma foi exigida e você não seguiu, este contrato vai ser nulo, exatamente porque você descumpriu a lei.
Então os requisitos para a validade do negócio jurídico são:
Agente capaz
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
Forma prescrita ou não defesa em lei.
Artigo 105 CC: 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio
Nós falamos que o sujeito tem que ter capacidade, se ele tiver alguma incapacidade, ele pode usa-la para anular o negócio jurídico. 
Se o agente tiver incapacidade e assinar um contrato, a mãe dele não concorda, ela irá anular o contrato sem dúvidas. Isso porque para assinar o contrato ele deveria ter capacidade, mas ele não estava com a mãe então o contrato foi anulado. 
Mas o artigo diz que não pode vir a outra parte e aproveitar a incapacidade do menor para pedir a anulação do contrato, só ele assistido pode pedir. 
Não pode ser invocada pela outra parte em benefício próprio.
Não é porque não gostou do contrato que vai desfazer e aproveitar o fato de o outro ser menor, a lei não permite isso. 
Somente o relativamente incapaz pode anular, a outra parte não.
nem aproveita aos cointeressados capazes
Imagine que fizemos um contrato de transporte, mas no meio de todos existe um relativamente incapaz. A mãe do relativamente incapaz resolveu que não vai mais pagar porque comprou um carro. Então, como o relativamente incapaz assinou esse contrato sem a assistência da mãe, agora ele entra assistido pela mãe pedindo a anulação do contrato para ele. O contrato vai ser anulado. 
Mas um plenamente capaz se interessa e também quer anular para ele, não vai poder. Cointeressados capazes não podem se aproveitar. 
Mas suponhamos que também venha um relativamente incapaz querendo se aproveitar, também não vai poder. Ele tem que entrar pedindo para ele. 
A decisão só atinge o relativamente incapaz que entrou com a mãe. 
Não se aproveita incapazes e nem capazes na decisão.
salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Neste caso, vai ter que aproveitar os cointeressados capazes. 
Exemplo: Ao invés de fazer um contrato, nós compramos um micro-ônibus, que é indivisível. Quando o relativamente incapaz pede a anulação daquele contrato de compra e venda para ele, não é possível anular para ele e manter para todos os outros porque o objeto é indivisível. 
Sendo o menor relativamente incapaz ele tem o direito de anular, então vai anular o todo, vai atingir todos porque era indivisível o objeto. 
Artigo 106 CC: 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
Acabamos de falar que o objeto tem que ser lícito, possível, determinado ou determinável. Então se o objeto for impossível, o negócio jurídico é inválido. Mas o artigo 106 vem criar uma exceção a esta regra de que o objeto tem que ser possível senão é inválido. 
Se for o objeto absolutamente impossível o negócio jurídico vai ser inválido, mas o artigo 106 diz que se esta impossibilidade for inicial e for relativa não será inválido o negócio jurídico. 
São muitos os negócios jurídicos que no momento em que estamos realizando esse negócio jurídico, eu não tenho como concretiza-lo, é impossível naquele momento, mas nada é impossível no momento para o qual ele está sendo feito. 
Um exemplo muito comum é o contrato de imóvel em corporação. O projeto foi lançado, está na planta, você paga a entrada e continua pagando por mês também. Você está fazendo uma promessa da aquisição daquele apartamento, que naquele momento você não tem. É impossível te entregar naquele momento, mas aquela impossibilidade daquele momento é uma impossibilidade inicial relativa. É de se esperar que dentro de alguns anos aquele apartamento seja entregue a você. 
Então nesse negócio jurídico realizado, que é a promessa de compra e venda de aquisição de imóvel, o objeto não é impossível, é impossível naquele momento, mas a impossibilidade é relativa porque vai se entregar naquele prazo estipulado. 
Assim são feitos muitos negócios.
Ir pagando por mês a comissão de formatura para uma festa que vai ser no final da faculdade. Então naquele momento o objeto é impossível, mas essa impossibilidade é relativa. Assim como toda encomenda, você paga aqui hoje algo que vai chegar. 
Então quando você é capaz de pagar por algo que vai ser entregue, naquele momento é impossível, mas na data é de se imaginar que esteja aqui.
O objeto tem que ser possível, se houver uma impossibilidade desse objeto o negócio jurídico será inválido. Esta invalidade não vai ocorrer se esta impossibilidade inicial for relativa. É a exceção prevista no artigo 106.
Artigo 107 CC: - 104 CC 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Esse artigo 107 está se referindo ao artigo 104 CC. O agente tem que ter capacidade, o objeto tem que ser lícito, possível, determinado ou determinável e a forma vai ser prescrita ou não defesa em lei.
A regra é não defesa em lei. A exceção é a prescrita. 
E é isso que o artigo 107 está dizendo, a forma é livre, basta que não seja proibido na lei. Você pode fazer do jeito que você quiser, só não poderá quando a lei exigir que seja de forma prescrita. É isso que diz o artigo.
A regra nos negócios jurídicos é que a forma é livre (não defesa em lei), a não ser quando a lei exigir, prescrever. Então neste caso, se não fizer como ela mandou, não vale nada o negócio jurídico. 
Artigo 108 CC:
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Neste artigo eu não leio a parte inicial primeiro porque nela se encontra a exceção, eu vou para a regra primeiro. 
Começa em “a escritura”.
Essa parte do artigo disse que só tem um jeito de adquirir, transferir ou modificar a propriedade de imóvel que é através da escritura pública. 
Ele deu o exemplo da forma prescrita, onde se você fizer por outro caminho, você não adquiriu e porque só se mexe com imóvel por escritura pública. O 108 é um exemplo de negócio jurídico solene, ele não admite forma livre. 
Este contrato feito sem escritura pública vale apenas entre as partes, mas não vai terefeito erga omnes. Para alcançar terceiros, tem que ser escritura pública. 
Agora a exceção do artigo “não dispondo a lei em contrário”.
Então ele vem com uma regra e prevê uma exceção que é quando o imóvel for avaliado em menos de 30 salários. Se for menos de 30 salários eu não preciso de escritura. 
Ele se refere aos barracos de comunidades que são áreas irregulares e que não tem escritura. 
Então aquele contrato entre as partes vale para estes imóveis de valor com menos de 30 salários mínimos. 
Artigo 109 CC:
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
A forma prescrita além de ser Ad Solemnitatem, é Ad Substantian. Essas expressões de Ad Solemnitatem e Ad Substantian querem dizer que ela é da substância do ato, ela é necessária ao ato e não tem como fazer se não for por aquele caminho. Ela é da substancia, ou seja, você só tem esse caminho pra realizar. 
A lei disse que a forma é livre, ela não disse exigência nenhuma, você pode escolher a forma que vai fazer. Mas as partes resolvem convencionar que só vai ser daquela forma solene. A lei não disse que a forma é prescrita, mas as partes presentes resolvem tornar aquilo solene. 
Quando ela se exige uma formalidade para aquilo que a lei não exigiu, essa formalidade virou da substância, não há outra forma de fazer aquilo porque você colocou a exigência. 
Colocou-se solenidade onde a lei deu liberdade total para fazer o negócio. 
Qualquer negócio jurídico que envolve móveis de forma geral (tirando carro e embarcações) a lei não dá formalidade nenhuma, é livre.
Algumas coisas, como um quadro muito famoso e caro, são registradas em cartório com escritura pública. Não precisava registrar, mas ele registou porque se roubarem, ele pode pedir busca e apreensão onde tiver porque ele tem um título de propriedade. Para que se prove que é dele quando for roubado, ele registrou. Por isso deu-se formalidade ao que a lei não pedia. Quando faz isso, ele vai vender este quadro através de escritura pública e não há outro caminho. 
A forma que eu coloquei agora vai ser exigida, embora a lei não tenha dito, se as partes dão solenidade, não há outro caminho. É na substancia do ato, não há outro caminho, senão aquele da escritura pública. 
A cláusula de não valer sem instrumento público é o registro. Se eu registrei, não vale sem instrumento público, isso porque este é da substancia do ato e só há um caminho para fazer.
A cláusula de instrumento público é ir lá e registrar, agora não vale sem instrumento público.
Artigo 110 CC:
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
A manifestação da vontade subsiste, é válida, mesmo que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou. 
A manifestação da vontade é válida, mesmo se dentro da sua cabeça não fosse isso que você queria. Esse é o Princípio da Reserva Mental.
O Princípio da Reserva Mental diz que os negócios jurídicos são válidos pelo que você manifestou, pela sua vontade declarada, mesmo que ela seja o contrário do que eu quero. 
Mesmo que eu não queira vender uma coisa, eu vendo e ninguém é obrigado a saber o que eu estou pensando.
Agora, no final do artigo ele dá a exceção.
Não importa o que está na minha cabeça, mas sim a minha vontade que manifestei, salvo se ela souber o que eu estava pensando. Neste caso, não é reserva mental, porque se ela souber não vai ser reserva mental. 
Então a exceção vai ser se você souber que a vontade era outra, que ele não queria fazer o negócio jurídico, mas manifestou a vontade e o fez. 
A Reserva Mental não afeta a validade do negócio jurídico, o que vale é a manifestação da vontade declarada. Salvo quando o outro souber que a vontade não era aquela. 
Artigo 111 CC:
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
O que está em destaque no artigo é a exceção.
Anuência é concordância, aprovação.
Silêncio não é anuência. 
Silêncio só é anuência quando os usos e costumes autorizarem e mesmo assim se não for necessária a concordância, a manifestação da vontade.
Exemplo: Gritar para a mãe que está pegando o carro e indo pra rua, sendo que ela está no banho que não escuta.
Silêncio não é anuência, ela não concordou. 
A regra toda é que silêncio não é anuência.
Exemplo: Levei um bolo na sua casa e deixei, você nem estava.
Os usos e costumes autorizam que eu posso fazer isso. 
Exemplo: Você para na banca, pega o jornal e deixa o dinheiro em cima dos outros jornais para o vendedor. 
Os usos e costumes autorizam que você faça isso. 
Ou seja, são algumas situações que os usos e costumes autorizam que faça isso. São pequenos negócios que não dependem de autorização ou de concordância. 
Mas usos e costumes só autorizam pequenos negócios. 
Então silêncio só é anuência quando os usos e costumes autorizarem e se não for necessária a aceitação. 
Artigo 112 CC:
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Esse artigo é perigoso.
A mensagem que o artigo passa erradamente é que vai se atender mais o que está na sua cabeça do que o que está escrito.
Se fosse desse jeito os contratos iriam virar uma bagunça.
Quando fala “Consubstanciada” ali quer dizer que é a intenção nela contida no todo. 
Imagine que toda a intenção de um contrato esteja substanciada numa direção. Mas lá no meio tem uma cláusula que está dizendo literalmente (claramente) algo que destoa completamente desse sentido consubstanciado no contrato. Neste caso, o artigo diz que se terá mais destaque o que está consubstanciado do que ao sentido literal que está destoando do todo.
Quando se fala em declaração de vontade eu estou fazendo um negócio jurídico. 
Artigo 113 CC:
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Negócio Jurídico Boa-fé
 Forma livre usos e costumes Secundum legem
Todos os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé. Ou seja, a má-fé tem que ser provada, a boa-fé é presumida. 
A boa-fé de que você está fazendo um negócio jurídico comigo de boa-fé é presumida, é a regra. 
Se acontecer de o outro ter má-fé, o ônus de provar vai ser de quem alega. 
Se o negócio jurídico não é solene, se a forma é livre, aí vai ser interpretado segundo os usos e costumes da região. Secundum legem é quando se baseia nos costumes, e se eles não ferem a lei.
Exemplo: O intervalo para almoço de é uma ou duas horas, se o empregador te der um almoço de quatro horas, ele não poderá descontar na sua jornada, e se ele a estender, ele terá que pagar hora extra. 
No Pará predomina muito as serralheiras e estava havendo um grau de acidente muito grande com mutilações.
Detectou-se que lá eles tiravam a cesta depois do almoço e voltavam ao trabalho. Então eles estavam sonolentos e tinha risco de acidente. Fizeram então um acordo coletivo com base nesse costume da cesta e estabeleceram um horário de almoço mais prolongado para que eles pudessem tirar a cesta e voltar a trabalhar. Isso reduziu totalmente o risco de acidente.
A lei continua dizendo que deveria ter hora extra, mas para eles isso não vale.
Então o artigo está dizendo que o negócio jurídico deve ser interpretado seguindo a boa-fé e os usos e costumes. 
Exemplo: Imagine que em uma feira os moradores trocam produtos que não querem mais. Imagine que isso vire um conflito e que uma pessoa se arrependa de ter comprado e que isso não era pra ser feito. Então basta que a parte leve as testemunhas dizendo que este é um hábito que vale entre as partes e que não vai se dissolver porque o uso e costume tem esse poder. 
Artigo 114 CC:
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.Negócio Jurídico Benéfico Estritamente 
 Renúncia 
Negócio Jurídico Benéfico é doação, ônus para um bônus para outro. Então se o negócio jurídico é benéfico será interpretado estritamente.
Se eu estou dando algo, você só pode me interpretar estritamente. É só aquilo que eu estou doando, não se estende. 
Exemplo: Estou doando a minha biblioteca. Quando vejo, estão levando as estantes. 
A biblioteca é o livro, não se pode entender que as estantes vão junto.
Se eu estou te dando algo, ele é interpretado estritamente. 
Algumas coisas se entendem como conjunto como brincos, sapatos... Mas para por aqui.
Vai ser interpretado estritamente, a não ser que tenha especificado que seria mais outra coisa. Mas sem ser isso, será interpretado estritamente. Então não se presume além.
Negócio jurídico benéfico e renuncia são coisas diferentes.
Negócio jurídico benéfico é aquele que você receberia algo.
A Renúncia será interpretada estritamente.
Quando eu renuncio significa que vou deixar de ganhar algo que eu ganharia. 
Vamos supor que seja uma herança e eu digo que eu renuncio ao carro. Isso não é pra ser interpretado que eu estou renunciando toda a minha herança, eu estou renunciando só ao carro. 
Então se estende nem ao que eu ganho e nem ao que eu renuncio. É sempre especificamente aquilo que está dizendo. Não se amplia isso.
Capítulo II – Da representação (Artigo 115 ao 120 CC)
Representação: artigo 115 a 120 CC
Artigo: 653, 654, 655, 656, 657, 666
Introdução: 
De um modo geral, os negócios jurídicos são feitos diretamente entre as partes. Mas nem todos podem fazer o negócio jurídico, então neste momento como eu não posso ir, eu nomeio alguém para me representar. 
Representado = Mandante 
Representante = Mandatário 
Então eu tenho a figura do representado e representante. Então eu sou o representado, que nomeio alguém para ser o meu representante ou eu sou o mandante que nomeio alguém para ser o meu mandatário. É a mesma coisa. 
Quem nomeia alguém para fazer algo é o representado ou o mandante, e quem vai fazer por você é o representante ou mandatário. 
Nós usamos essas figuras tratando-se de pessoa natural.
 Verbal
Mandato Expresso Escrito
 Tácito
Procuração 
Poderes Limites
Substabelecimento 
A pessoa natural nomeia alguém pra fazer, se esse negócio jurídico é informal, essa nomeação da representação também vai ser informal. 
Por isso este mandato pode ser expresso ou pode ser um mandato tácito.
O mandato expresso pode ser verbal ou escrito.
Então em negócio simples, o mandato pode ser verbal.
Expresso não é o mesmo que impresso, impresso é escrito e expresso porque foi falado.
EX.: Por favor, pega um pouco de água pra mim?
Eu sou o mandante e te incumbi de pegar água pra mim. Esse mandato é expresso verbal.
EX.: Filho, lava o carro pra mim?
Você pode fazer ou passar para o outro. Quando ele passa pra um irmão, nós chamamos isso de substabelecimento. 
Você transfere aquele mandato que era dirigido a você para que outro possa fazer. Então você substabeleceu este mandato para alguém.
Então o mandato vai ser feito de maneira expressa verbal quando se trata de situações informais, assim como os exemplos acima. 
Mas quando se trata de negócio jurídico, o mandato deve ser feito por escrito. Se o mandato for por escrito, vai ser através da procuração.
O mandato expresso escrito vai ser dado através da procuração. 
A procuração pode ser a mão, a lei não diz a sua formalidade. 
Eu tenho que colocar na procuração o que eu quero que o outro faça.
Eu tenho que colocar os poderes e os limites desses poderes.
Ex: Quero que você pegue o meu diploma porque eu formei no RJ. Não te dei procuração com firma reconhecida, não me deram o diploma porque disseram que precisa.
A lei diz que não precisa fazer nenhuma formalidade, não precisa fazer registro de firma reconhecida para a procuração ser válida. 
Para a procuração ser válida, basta que você veja a pessoa assinando e datando. A questão é que quem está no RJ, como no exemplo, não sabe se aquela assinatura é a dona do diploma mesmo. 
Se ele não sabe se é mesmo a assinatura da pessoa, ele tem todo o direito de exigir que você reconheça firma para verificar se a assinatura é da pessoa. Isso é para dar mais segurança ao negócio jurídico, embora a procuração não precise de firma reconhecida para valer.
Faz-se então a firma reconhecida porque o cartório verifica se aquela assinatura é da pessoa mesmo e dá mais segurança.
Nos negócios solenes de um modo geral, ou seja negócios que implicam ser em cartório, podem exigir que este mandato seja público. E na maioria das vezes, vai ter que ser público.
Ex: Eu tenho um imóvel que vou vender em Olinda, eu não quero ficar indo lá pra vende-lo, então eu dou uma procuração para alguém fazer a venda deste imóvel para mim.
Não serve procuração particular, que é esta que eu faço de próprio punho (digitado ou a mão) e reconhecida a firma ou não. 
Só serve procuração pública porque o imóvel só pode ser vendido através da escritura pública. Então só pode vender quem fizer a procuração pública. 
Outro exemplo de ato solene é o casamento:
Famosos não vão ao cartório casar, então quem vai são os advogados que ali representam os noivos. Eles têm uma procuração pública com poderes especiais para casar. 
Então se o negócio jurídico é solene, a procuração tem que ser pública. Isso porque implica o registro em cartório.
Às vezes o negócio jurídico não é solene, como por exemplo, vai vender um piano. Mas se o dono do piano é analfabeto, só serve procuração pública porque o tabelião vai ler e ele vai dizer se é ou não aquilo que ele quer. 
Então falamos que isso é pessoa natural.
Agora se eu tiver uma pessoa jurídica, a forma mais correta é usar ao invés de representante a palavra presentante e no lugar de representada a palavra presentada. 
Presentante
Presentada
Não é errado falar representante, mas o mais correto é da forma acima. Isso porque o prefixo “re” significa repetição. Significa dizer que o representante está repetindo a vontade no representado. 
Como pessoa jurídica não tem vontade, não irei repetir a vontade dela, irei presenta-la. 
Então eu sou um presentante da pessoa jurídica que neste ato foi presentada por mim. 
Ex. de um Promotor falando: O MP neste ato presentado por mim...
Ex.: O Leandro é o presentante do Curso de Direito da Unig, e ele nomeia a Marlene para comparecer a formatura, a Marlene vai ser representante dele. Ele é pessoa natural, ele tem vontade e vai ser o representado.
Ex: O prefeito é o presentante do município. 
O representante repete a vontade do representado, logo a pessoa natural. Pessoa jurídica não tem vontade, logo vai ser presentante e presentada.
Espécies de Representação:
 Representação Legal por lei 
Espécies Representação Convencional vontade das partes
 Representação Judicial confere poderes ad judici
A judicial não é nossa matéria. Ela só está citada aqui apenas. Ela confere poderes ao advogado, o seu representante naquela causa. Confere poderes a ele para que ele atue em seu nome. 
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
Ele não cita a representação judicial porque judicial é processo. 
A representação legal decorre da lei. Então são aquelas pessoas que a lei indica. 
Ela indica que o representante dos menores são os pais, e na ausência dos pais vão ser os tutores.
Então é o que a lei disse que seria.
A lei diz que o representante da massa falida é o síndico. 
A lei diz que quem é o representante do inventário é o inventariante, que o juiz diz quem vai ser.
O fato é que a lei que diz quem são essas pessoas, não é você que escolhe.
A representação convencional decorre da vontade das partes. Então esta representaçãoé a maioria, nós é que escolhemos quem vai representar na maioria das vezes.
Por isso que eu tenho consequências diferentes, se a representação é legal vai ter uma consequência e se é convencional é outra consequência. 
Porque quando eu escolho, no caso da convencional, eu tenho muito mais responsabilidade. Se ele fizer algo de errado, eu tenho culpa em escolher aquele representante.
Então nessa convencional eu escolho.
Então eu nomeio alguém como meu mandatário, se for pra fazer coisa escrita é através de procuração.
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Isso está dizendo exatamente a mesma coisa que a explicação acima. 
Opera-se o mandato quando nomeia alguém para praticar atos em meu nome ou administrar interesses meus, e o instrumento deste mandato é a procuração.
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
Todas as pessoas capazes podem fazer um mandato. 
E essa procuração vai ser válida desde que tenha uma qualificação de quem é o mandante e quem é o mandatário, o que ele pode fazer e o lugar onde isso ocorreu. 
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.
Outorgou o mantado por instrumento público, ou seja, por procuração pública e essa pessoa substabeleceu para outra pessoa. Esse substabelecimento pode ser feito particular porque o comando vem público para esta pessoa.
Então o artigo está autorizando que quando eu transfiro isso para outro, pode ser particular. 
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Mandato pode ser expresso ou tácito, e esse expresso pode ser verbal ou escrito. 
Mandato expresso é aquele que a ordem é passada.
Mandato tácito é o que se presume pela circunstância. Eu não preciso pedir pra fazer, a pessoa percebe e se oferece. Você supõe que a pessoa pediria pra você fazer.
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Ele está sujeito a forma exigida. 
No verbal o ato é verbal. 
O negócio escrito tem que ser escrito.
E se é solene, vai ter que ser sonele.
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
O artigo diz que pode nomear um relativamente incapaz para ser mandatário. 
Quando você nomeia alguém relativamente incapaz, você não é capaz de responsabiliza-lo pelos atos por ele praticados. Por isso o artigo diz que pode nomear, mas a responsabilidade é toda do mandante pelos atos decorrentes disso. Isso porque ele é menor e não pode responsabiliza-lo. 
Princípio da Exteriorização ou Notoriedade: artigo 118 CC
Limites: artigo 116 CC
Do Princípio da Notoriedade decorre a obrigação do representante demonstrar para a pessoa com quem ele vai praticar o negócio jurídico o instrumento do mandato. A lei diz que ele é obrigado a mostrar.
Imagino que eu representado nomeio você representante para fazer negócio com João.
Você que é o representante é obrigado a mostrar para o João este instrumento do mandato onde consta os limites dos poderes, o que eu posso fazer, para fechar o negócio. 
Se ele não fizer isso, o João pode exigir ver o instrumento do mandato e tirar uma xerox como prova.
Isso acontece porque imaginemos que o João tivesse além dos limites.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
O representante é obrigado a mostrar a procuração com tudo, se por acaso João fizer além dos limites, o representante que vai responder. 
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
Representante agiu dentro dos poderes representado
 agiu além dos limites dos poderes representante
Então se o representante agiu dentro dos poderes vincula o representado.
Mas se o representante agiu além dos limites dos poderes só vincula o representante, o representado está fora.
Tudo que te interessa é vincular o representado porque é ele quem é o dono da vontade. 
Autocontratação: artigo 117 CC
Artigo 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
O artigo 117 usou a expressão “consigo mesmo”, mas se ele tivesse colocado em aspas ficaria menos problemático.
Na verdade, ninguém celebra negócio jurídico consigo mesmo.
Vamos ver porque dá a impressão de que o negócio jurídico foi feito consigo mesmo.
Imagine que um suíço vendeu uma casa aqui Brasil, ele deu uma procuração para essa pessoa vender a casa. 
E a pessoa que vai vender a casa é a Dulce, porque é ela quem vai assinar a escritura, embora não seja a dona da casa ela tem uma procuração pública dizendo que pode vender em nome dele.
E aí a Dulce que vai comprar a casa dele. Parece que é um negócio consigo mesmo, mas na verdade quem está vendendo é o suíço, ela só está representando ele.
Vendedor: Dulce (suíço)
Comprador: Dulce
O artigo diz que esse contrato é anulável porque a lei teve a preocupação de preservar o representado.
Imagine que a Dulce é uma pessoa de má-fé e ela vai vender essa casa para o suíço e diz que vale 500 mil. Ele então diz que pode vender a este preço. Mas na verdade a casa vale 1 milhão. E aí a Dulce vende a casa dele para ela mesma. 
Por isso que a lei diz que se ele verifica que foi feito isso, ele pode anular. É anulável o negócio jurídico que a lei fez consigo mesma atendendo ao seu interesse. 
A exceção é quando a lei autoriza ou a parte autoriza.
Ele tem que colocar no instrumento de mandato que autoriza ela vender também para ela mesma. 
Então quando você estabelece um valor, você pode autorizar de vender para ele mesmo. 
Então se não foi autorizado para fazer com você mesmo, ela é anulável. A lei pode autorizar e você pode autorizar.
Parágrafo único: Para este efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos. 
Aula 21/02 
Modalidades do Negócio Jurídico: Elementos acidentais do Negócio Jurídico
Introdução:
Negócio Jurídico Puro: Elementos essenciais artigo 104 CC
 Modulados: Elementos acidentais 1) Condição (incerto)
 2) Termo (certo)
 3) Encargo ou modo
Os negócios jurídicos podem ser puros ou modulados. 
O negócio jurídico é puro quando ele tem tão somente os elementos essenciais que também são chamados de requisitos de validade.
Então basta que esse negócio jurídico tenha os elementos essenciais ou requisitos de validade que ele estará válido.
 Esses elementos essenciais são: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei.
Basta isso para que o negócio jurídico seja válido nos negócios jurídicos puros.
Exemplo: Dulce pega 50 reais emprestado com Daniel.
Mas a maioria dos negócios jurídicos não ficam nos elementos essenciais, na maioria das vezes as pessoas o modulam, ou seja, colocam nele elementos acidentais. 
Elementos acidentais significam que não são essenciais, não precisa colocar. 
Agora imagine que o Daniel, para emprestar os 50 reais a Dulce, pede que ela traga uma Coca da cantina. 
Então ele pôs uma condição para emprestar o dinheiro.Se ele disser que empresta, mas ela tem que pagar até sexta. Ele está impondo um termo.
E ele pode também colocar um encargo ou modo. 
Esses são os elementos acidentais.
O fato é que o negócio jurídico pode estar modulado com todos elementos acidentais. 
Condição:
Conceito: Condição é a clausula que derivando exclusivamente da vontade das partes subordina o efeito do negócio jurídico ao evento futuro e incerto. 
O artigo 121 CC diz exatamente o conceito de condição.
 Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Requisitos: 
Deriva da vontade das partes
Futuricidade e incerteza 
 O artigo diz os requisitos para a condição
O artigo diz que deriva da vontade das partes e que subordina o efeito a um evento futuro e incerto. 
Condição é sempre incerta.
Ela é incerta porque tudo que é futuro é incerto.
Então não adianta colocar condição quanto a eventos passados porque já passou.
Condição se refere ao futuro.
Exemplos: Quando você se formar eu te dou esse carro 
Exemplo: Quando você se casar eu te dou esse apartamento 
Futuro incerto porque você precisa se formar ou se casar.
A condição é inventada por nós. Nós escolhemos ela, nós a definimos. 
Eu invento o que eu acho o que é importante.
Mas se eu disser para uma pessoa: Eu só te compro esse terreno se você me passar a escritura. Isso não é condição porque não há outro meio para vender o terreno se não for por escritura pública. Isso é a lei que exige.
Nos outros exemplos a lei não exige, mas eu quero.
Outra exigência da lei e que não é condição é dizer que só casa com a pessoa se ela se divorciar.
OBS.: Nem todos os negócio jurídicos admitem condição. Alguns negócios jurídicos não admitem condição. 
Exemplo: Casamento. 
Casamento não admite condição e nem termo. 
Ou casa conforme a lei ou não casa. 
Você não pode colocar condições ou regras no instituto do casamento, deve ser como a lei manda, não se pode alterar.
Mas eu posso colocar no pacto antenupcial que é um anexo ao casamento e trata de questões econômicas, exemplo de separação de bens ou multa por traição.
Não pode também colocar condição para a adoção de crianças. Antigamente colocava-se condições de que os adotados não iriam receber herança. Hoje isso ou qualquer condição para adoção é proibida. Não há diferenças entre filhos adotados e os de sangue. 
Adoção também não admite condição e nem termo.
Ninguém pode adotar ou casar e dizer que isso só vai valer por dois anos, ou cinco anos. Casamento pode durar um dia, mas isso não pode ser colocado. Não posso adotar apenas até a maioridade.
Reconhecimento de filiação também não tem condição e nem termo. Não pode dizer que reconhece, mas que não vai pagar alimentos. 
Não pode também colocar condição em renúncia de herança. Não tem como renunciar a herança para tal irmão, renuncia apenas a herança. 
Classificação: 
A condição se classifica quanto a vários critérios:
c1. Quanto à licitude Lícita
 Ilícita
Quanto a licitude essa condição pode ser lícita ou ilícita. 
Lícita é a maioria das condições.
Lícita é aquela que está de acordo com a lei, com os bons costumes, com a moral e a ordem pública. 
Isso está na primeira parte do artigo 122 CC
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
A licitude tem uma amplitude maior que a legalidade.
Ilícita é contrário a lei, aos bons costumes, a moral e a ordem pública. 
O efeito da condição ilícita é que ela invalida o negócio jurídico. 
Vamos ver o artigo 123 CC
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Invalidam o negócio jurídico as condições ilícitas. 
Ilícita então é quando coloca-se uma condição que não pode ser cumprida, então invalida o negócio jurídico.
c2. Quanto ao modo de atuação ou quanto à produção de efeitos: Suspensiva
 Resolutiva
Essa classificação é muito importante.
Quanto ao modo de atuação ou quanto à produção de efeitos essa condição pode ser suspensiva ou resolutiva. 
Suspensiva quer dizer que está suspenso, não está produzindo efeito. Está suspenso o negócio jurídico até que a condição ocorra. Quando a condição ocorrer, o negócio jurídico passa a produzir efeito. Mas até a condição ocorrer, o negócio jurídico não produz efeito, ele está suspenso.
Exemplo: Te dou este carro quando você se formar.
A condição é que você se forme para ganhar o carro.
Enquanto a condição não ocorre, você não tem o carro.
O carro vai ser seu, mas a condição tem que ser concretizada primeiro. Isso quer dizer que você é portador de um direito eventual, condicionado que depende do futuro e da incerteza para tê-lo.
Até a condição se concretizar o direito de ter o carro não é seu, não tem nenhum direito de uso, de venda porque não é seu. 
Não produz efeito a não ser quando a condição ocorre. 
Exemplo: Te dou este apartamento quando você se casar. 
Enquanto não casar, não tem nenhum direito sobre o apartamento. 
No entanto, a lei põe uma observação de que embora a coisa não seja sua, o único direito que você tem sobre ela é de conservar. 
Exemplo: Se esse apartamento que vai ser seu quando você se casar, tiver com um cano arrebentado, você vai ter todo o direito legal de contratar um bombeiro para consertar. 
Exemplo: Se o carro deu algum problema, você tem todo o direito de consertar para que você possa recebe-lo em perfeito estado. 
Vamos aos artigos da Suspensiva:
Artigo 125 CC
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Comentários:
enquanto esta se não verificar
Isso quer dizer “enquanto esta não ocorrer, realizar”, você não adquire aquele direito. 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Comentários:
Quer dizer que está proibido de fazer atos incompatíveis com a condição. Isso quer dizer que não pode praticar atos de disposição.
Atos de disposição implica em vender, doar. Não pode fazer isso porque é incompatível.
Mas pode alugar, emprestar, usar o apartamento. Isso implica que eu posso apenas praticar atos de administração.
Não posso praticar atos de disposição porque depois eu tenho que entrega-lo quando a pessoa se casar ou formar, como no exemplo. 
No exemplo do apartamento, a escritura tem uma condição então não há meios de passar para outra pessoa porque ele está condicionado àquele indivíduo. Mas quando não é uma coisa que exige uma solenidade como uma escritura pública, você tem que ficar de olho. Você tem que ter provas que aquela coisa está condicionada a você. 
Se eu prometi algo a você que depende de um tempo pra você fazer, e neste meio tempo que você não fez, eu estou proibida de praticar atos de disposição porque estes atos são incompatíveis com essa condição. 
Resolutiva é o contrário, vem de resolve. Resolve no direito é desfazer, desmanchar, voltar tudo como estava antes.
Então imagine que o negócio jurídico está com você, e então a condição ocorre e se desfaz tudo. 
Exemplo: Você fica com este carro até você se formar, quando formar vai me entregar. 
Exemplo: Você mora nesse apartamento até você se casar, quando casar vai ter que procurar uma casa.
A resolutiva não te dá o título da propriedade, ela te dá a posse, ela apenas deixa o usocom a pessoa. Quando acontece a condição, se revolve tudo, retroage.
A característica da resolutiva é que ela é retroativa.
Na resolutiva o efeito está nas suas mãos, quando ocorre a condição se desfaz tudo.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Comentários:
Enquanto a condição não acontecer vai vigorar, quando a condição acontece se desfaz. 
Isso é retroativa, desfaz.
Enquanto a condição não ocorrer, vigora o negócio jurídico produzindo efeitos, e quando ocorre a condição o negócio jurídico se desfaz. 
Exceção é o Princípio da Irretroatividade dos contratos de execução continuada. 
Esse princípio está no artigo 128 CC.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Comentários: 
“se opõe” não quer dizer “no sentido contrário”, e sim “em face dela”.
Essa parte continua definindo a resolutiva, extingue os efeitos em face da condição. Essa primeira parte mostra que ela é retroativa.
Não ler a exceção de primeira, apenas depois. Pular a exceção.
“Aposta” quer dizer “em face de”
Se esta condição é em face de um negócio de execução continuada ou periódica, também chamado de contrato de trato sucessivo quer dizer que não se perfaz em um único ato, que necessita de vários atos continuados, sejam semanais, diários, anuais... 
Na execução continuada exige uma obrigação continuada ou periódica. A condição estava produzindo efeito, enquanto ela ocorre está com você, só que eu coloco uma exigência mensal, semanal ou anual que é essa execução continuada. 
Não tem eficácia quanto aos atos praticados, ou seja, não alcança os atos praticados. Desde que esses atos praticados comportam a boa-fé. 
Exemplo: Imagine que você está na faculdade fazendo o terceiro período e tem um grande amigo estudioso e que está se formando, você tem uma condição econômica muito boa. Seu pai te doou uma sala em um edifício no centro para que você use como escritório quando você se formar. Então você diz para esse amigo, que acabou de se formar, que ele pode ficar com a sua sala até você se formar para usar como escritório. Mas ele tem que pagar o condomínio mensal, água e luz, e o IPTU do ano. 
Esse é um contrato de execução continuada.
Quando você se forma, ele te entrega a sala em perfeito estado, mas você não tem que devolver os gastos que ele teve com condomínio, água e luz, e IPTU porque isso é válido. 
Se isso não fosse válido, você teria que devolver todo o dinheiro gasto que ele teve. Esses contratos periódicos são válidos. Retroage, entrega a sala, mas tudo que foi feito é válido. Não retroage para alcançar os atos praticados, salvo disposição em contrário.
Salvo se você disser para ele que quando ele entregar a sala, você devolve tudo que ele gastou. Você tem que devolver.
Se você não disse nada, você não devolve nada. Tudo que foi gasto, é válido, não retroage em nada. Não retroage para atingir os atos de execução continuada. 
Este é o princípio da irretroatividade da condição resolutiva dos contratos de execução continuada. 
O artigo quis dizer que os tratos sucessivos não retroagem. 
Tratos sucessivos são os tratos que se renovam, como um pagamento mensal, aluguéis.
Os atos praticados de execução continuada não se desfazem. 
Os atos de execução continuada só retroagem se for deixado claro, por exemplo, se eu tivesse deixado claro para meu amigo que eu devolveria o dinheiro que ele pagou as contas da sala. Deste modo, se eu não disse que iria devolver o dinheiro, os atos de execução continuada não retroagem, não devo devolver o dinheiro. 
Outro exemplo: 
Lucas deixa o carro com Pedro até Pedro se formar na faculdade. (Condição resolutiva)
Pedro terá que pagar a gasolina, a troca de óleo e etc. (Trato sucessivo)
Pedro não poderá cobrar o que foi gasto.
Os atos de execução continuada só iriam retroagir se Lucas quisesse, se ele deixasse isso claro. 
Pergunta: Posso colocar mais uma condição? Pode alterar isso, quem coloca condição é a parte. Mas só pode alterar isso se for benéfico para a outra parte. Depende de a outra parte aceitar essa alteração. 
Uma coisa importante é que se for colocada a condição, ela não deve ser aberta como nos exemplos. Deve ser fechada, porque se você diz que a pessoa fica com o carro até se formar, ela pode querer demorar mais que o normal para continuar com o carro. Por isso, coloca-se prazo para que aconteça a formatura, a condição. Pode colocar um prazo para a pessoa casar também. Então ao mesmo tempo pode ser colocada a condição e o termo. 
Artigo 130 CC:
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. 
Comentários:
Eventual porque é futuro incerto. 
A condição suspensiva pode praticar atos destinados a conservar. Mas o 130 também falou da resolutiva, para a doutrina isso é um pleonasmo. Não tinha que colocar porque se a pessoa está com o apartamento, e quando ela se casar tem que entregar, a primeira obrigação que ela tem é de entregar no estado em que pegou. Então o ato de conservar é inerente já que você está com a posse do bem. 
 Artigo 129 CC:
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Reputa-se verificada maliciosamente/obstada desfavorecido 
Não reputa-se verificada levada a efeito aproveita
Artigo 129 CC – Implemento malicioso da condição 
O artigo define duas situações:
O que ocorre se a pessoa agir de má-fé para impedir (não implementar) a realização de condição?
Artigo - Reputa-se (considera) verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado (impedido) pela parte a quem desfavorecer. 
A parte agiu de má fé para impedir (obstar) o implemento (cumprimento) da condição. Quando isso ocorre, o juiz irá considerar como verificada a condição, ou seja, como se a condição tivesse acontecido. 
Exemplo: Júlio é vendedor de veículos e ganharia um carro no final do ano caso vendesse 100 carros naquele ano. 
No final do mês de dezembro, Júlio vendeu o 100º carro, mas seu patrão tirou a nota fiscal do veículo somente em janeiro do ano seguinte para não pagar o prêmio a Júlio. 
Sendo assim, o patrão de Júlio impediu maliciosamente o implemento da condição. 
Provada a má-fé do patrão de Júlio, o juiz irá considerar verificada a condição.
Pessoa agiu de má-fé para implemento da condição
Artigo - Não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem se aproveita o seu implemento. 
Se a condição foi maliciosamente levada a efeito, quer dizer que a parte agiu de má-fé para implementar a condição que lhe favorecia. 
Quando isso ocorrer, o juiz irá considerar como não verificada a condição, ou seja, como se ela não tivesse ocorrido.
Exemplo: A Startup firmou um contrato com um investidor, que se comprometeu a investir 500 mil dólares na Startup quando ela adquirisse mais de 1 milhão de inscritos no youtube. 
Para receber esse investimento, a Startup colocou um robô para realizar inscrições falsas no canal. 
Sendo assim, a Startup agiu de má-fé para implementar a condição. 
Provada a má-fé, o juiz irá considerar como não verificada (não implementada) a condição. 
Conclusão: Se ficar provado que a parte agiu de má-fé para impedir o implemento da condição, será considerada como verificada (implementada) a condição.
Se ficar provado que a parte agiu de má-fé para implementar a condição, será consideradacomo não verificada (não implementada) a condição. 
Aula dia 22/02
Termo: artigo 131 a 135 CC
Conceito: 
Termo é a delimitação do prazo.
Termo é diferente de prazo, no entanto não há termo sem prazo e prazo sem termo. Uma coisa leva a outra. 
Termo é a delimitação do prazo.
Prazo é o lapso temporal transcorrido entre o Dies Aquo e o Dies Adquem.
Dies Aquo Prazo Dies Adquem
Termo Inicial 	Termo final
Então prazo é esse lapso temporal transcorrido entre o Dies Aquo e o Dies Adquem.
Dies Aquo na verdade é o termo inicial.
Dies Adquem é o termo final.
Então prazo também é o lapso temporal transcorrido entre o termo inicial e o termo final.
Então percebe-se que prazo é o lapso temporal e o termo é o que delimita esse prazo. 
Exemplo: 10 dias
É prazo, é o lapso temporal.
Exemplo: Do dia 5 ao dia 15
Dia 5 é o termo inicial e dia 15 o termo final.
Se eu tenho a data inicial e a data final, eu estou definindo termo. Dentro desse termo, tenho o lapso temporal. 
Neste exemplo, o lapso temporal é entre o dia 5 e dia 15, 10 dias é o prazo. 
O termo é o que define o início e o encerramento do prazo.
Termo vai ser sempre certo.
Dies certus an, certos quando 
O dia é certo quanto ao acontecimento e certo quanto a data.
Dies certus an, incertus quando
Este continua certo quanto ao acontecimento, mas eu não tenho a data certa.
Embora ele não tenha uma data certa, ele é certo. Embora incertus quando, ele é certo. 
É certo porque eu tenho como identificar pelo acontecimento. O acontecimento independente da data, por isso o termo vai ser sempre certo. 
Exemplo: Se eu marco algo com você hoje, para que seja uma obrigação cumprida na quarta-feira de cinzas do ano que vem, ninguém sabe que dia vai cair a não ser que veja no calendário. 
Eu não preciso dizer o dia do mês, basta dizer que é na quarta-feira de cinzas do ano que vem.
Ninguém vai ter dúvidas sobre quando vai ser a quarta-feira de cinzas, embora não tenha uma data.
Eu posso não ter a data, mas o acontecimento define.
Exemplo: Ano novo de 2020; Natal de 2019
Todos sabem quando vai ser, embora não tenha um dia exato.
Exemplo: Eu te contratei para reformar a sala. No contrato, eu coloco que quando você me entregar a sala pronta eu te pago. 
Na hora que entregar a sala, ninguém vai ter dúvidas que ela está pronta.
Mas ela poderia ter ficado pronta 5 dias antes, 5 dias depois, poderia ter chovido, poderia ter problemas com entrega de material... poderiam ter mil circunstancias que atrasariam ou poderiam ter circunstancias que adiantariam. 
Não tenho como prever quando vai ser, mas eu sei quando ela está pronta.
Muitos contratos de trabalho são contratos que tem um tempo indeterminado, esse tempo indeterminado tem termo certo, mas não diz que dia começa e que dia termina.
Exemplo: Contrato de trabalho sazonal.
Esse contrato sazonal quer dizer de estação.
No Brasil, há contrato sazonal de veraneio. Em determinadas praias, só abrem o comércio no verão. 
Não tem uma data certa pra começar, isso porque o verão no Brasil não é certo.
Essa data compreende o dia seguinte ao do Natal até o final do Carnaval. Onde cai o carnaval, acaba o contrato.
Encerra o contrato que é legal, ele é só para aquela estação, para aquilo que está ali. 
Exemplo: Safrista.
Se faz o contrato com pessoas apenas para a colheita do café.
A data de colheita é quando o café estiver pronto pra ser colhido, não tem uma data certa. 
Todo mundo sabe quando começa porque o café está pronto pra ser colhido e todos sabem quando acaba o contrato porque é quando o café acaba. 
É certo, mesmo que não tenha data. 
Então não é só a data que é certa, o acontecimento também é certo.
Por isso que mesmo que eu não possa definir o dia, eu tenho como definir o termo. 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Comentários:
A aquisição ocorreu no termo inicial.
Imagine que eu adquiri hoje, assinei o contrato hoje.
A aquisição ocorre no dia que você adquire. 
Às vezes essa aquisição coincide com o exercício, mas num grande número de negócios jurídicos você adquiriu o direito, mas está suspenso o exercício. Você ainda não pode exercer.
Exemplo: Se você fez matricula em janeiro, você adquiriu a vaga. Mas o exercício do seu estudo vai ser no início das aulas. 
Exemplo: Se você compra um carro zero, você adquiriu. Mas o exercício dele ainda vai ser adiado porque há a questão de revisão geral e documentação. O exercício está suspenso até o dia que a concessionária entregar o carro.
Então exercer o direito de usar aquilo, é só depois da suspensão daquele bem.
São muitos os negócios jurídicos que a aquisição não lhe dá direito do exercício imediato.
Então você adquiriu, mas ainda não vai poder exercer, só quando acabar a suspensão.
Espécies:
Nós temos várias espécies de prazo, e falamos prazo porque o termo é só o que delimita o prazo.
Convencional
Significa que quem define são as partes, elas que convencionam quando começa e quando termina. 
De Direito Legal
Muitos prazos são de direito legal, quem define é a lei.
Exemplo: Dia de pagar a empregada doméstica quem define é a lei. Até o 5º útil do mês.
Então a maioria dos prazos estão na lei.
De Graça
Esse prazo de graça não é convencionado pelas partes e não tem previsão legal.
Ele acontece quando em uma ação judicial, o juiz concede esse prazo de acordo com o seu entendimento e que não tem previsão na lei.
Juiz não pode conceder prazo nenhum se tiver algum prazo na lei.
Ele concede esse prazo quando acha necessário.
Expresso ou Tácito: artigo 134 CC
Prazo Expresso é o que a lei disse ou as partes disseram.
Prazo Tácito está no artigo 134 CC
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
“Exequíveis desde logo” significa que produz efeito imediatamente. 
Quando não tem prazo, são exequíveis desde logo. Então esse é um prazo tácito. Se não tem prazo, na hora que eu exigir a cobrança, você tem que me dar.
Exceção: salvo...
Quando dependeu de você fazer em outro lugar, tem que ter um mínimo de tempo necessário pra isso.
Você me encomenda uma toalha de crochê, e ficou de cobrar semana que vem. Ou seja, quando depende de tempo pra fazer. 
Não pode cobrar amanhã, depende de prazo. 
Então mesmo quando não tem prazo, não vai poder exigir aquilo na semana seguinte porque o prazo razoável para fazer isso é muito maior. 
Então a regra é que se não tem prazo são exequíveis desde logo (são exigidos imediatamente). A exceção é que se tem que ser cumprido em um outro lugar ou se depende de tempo pra fazer. 
Essencial (inadimplemento absoluto)
A maioria dos prazos não são essenciais, mas muitos são essenciais. 
O prazo essencial é aquele que se você não cumprir na data que marcou, não adianta cumprir no dia seguinte porque não serve mais. 
O inadimplemento se tornou absoluto, não vale mais nada.
Se foi marcado de apresentar o trabalho no dia tal, não adianta chegar no dia seguinte. O prazo era essencial.
Os prazos legais são todos essenciais. 
Imagine que você tenha encomendado um bolo para o dia do seu aniversário. No dia, o bolo não é entregue. É verificado que erraram o mês. No mês seguinte ele não serve mais pra você. Então esse prazo é essencial.
Prazo essencial não serve para outro dia, outro momento.
Não essencial (inadimplemento relativo mora)
Imagine que você me deve 10 mil reais que era pra ter sido pago no dia 20 do mês passado. 
Você chega agora pra me pagar e eu vou aceitar. Vou cobrar juros, correção, ou seja, mesmo em atraso eu vou aceitar.
No prazo essencial, o inadimplemento é relativo, eu aceito depois do dia.
Aceito com juros e correção monetária, mas aceito depois do dia. E se não tiver dinheiro pra correção, eu aceito sem isso do mesmo jeito.
Então a maioria dos prazos é não essencial porque aceitamos depois. 
Mora é atraso. 
Contagem

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