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cláudia azevedo peça

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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BOM JESUS DO ITABAPOANA – RJ
CLÁUDIA AZEVEDO, brasileira, casada, do lar, portadora de carteira de identidade sob o nº 123456, cadastrada no CPF-MF sob o nº 123.456.789-00, endereço eletrônico..., residente e domiciliada no endereço..., Cep... Bom Jesus do Itabapoana – RJ vem por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração com poderes especiais em anexo)com endereço profissional sito à ..., endereço eletrônico... propor AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO MATERIAL C/C DANO MORAL em face de:
RICARDO MANIA LTDA, inscrita no CNPJ sob n. ..., com sede na Rua ... n°..., bairro..., cidade.., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Requer a concessão integral da JUSTIÇA GRATUITA a Requerente, pessoa hipossuficiente, por não possuir condições de demandar em juízo sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, nos termos do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal de 1988, e artigo 99 do Código de Processo Civil de 2015, conforme declaração de hipossuficiência econômica anexa
I -DOS FATOS
A autora atraída pela propaganda da ré adquiriu um aparelho ar condicionado de 9.000 btu’s no valor de R$ 899,00 (oitocentos e noventa e nove reais) no dia 30/04/2018. A propaganda em questão dizia que o aparelho poderia ser transportado para qualquer parte da casa sem a necessidade de instalação específica bem como resfriaria o ambiente com a mesma eficácia de um ar condicionado convencional.
O produto foi entregue para a autora no dia 02/05/2018 e quando a autora foi fazer testes no mesmo observou que não funcionava conforme a propaganda, pois seria necessário fazer um furo na parede para instalar um cano para descarte da água que sai do ar condicionado portátil quando em funcionamento, o que faz com que não seja possível seu uso em qualquer ambiente. Portanto, como o produto não atende ao que a propaganda demonstrava não há interesse a autora no mesmo, pois foi a possibilidade de utilização em vários ambientes e outros que fez com que a mesma tivesse a intenção de adquirir o ar condicionado portátil.
II – DO DIREITO 
A Constituição Federal de 1988, incorporando uma tendência mundial de influência do direito público privado, chamado pela doutrina de “constituição do direito civil” ou de “direito civil constitucional”, adotou como princípio fundamental, estampado no art. 5º, XXXII, “a defesa do consumidor”
A Autora adquiriu produtos com a empresa Ré, para a utilização final dos mesmos, neste sentido, a autora é consumidora, pois se enquadra no pré-requisito do art. 2º do CDC que o qualifica como tal.
Sendo o réu legitimado a figurar no polo passivo, pois entende-se por fornecedor, dentre outras atribuições, também os fornecedores de produtos, conforme preconiza o art. 3º do CDC.
A boa fé objetiva estabelece um dever de conduta entre fornecedores e consumidores, no sentido de agirem com lealdade (treu) e confiança (glauben) na busca do fim comum, que é o adimplemento do contrato, protegendo, assim, as expectativas de ambas as partes..
A responsabilidade do réu é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade, tendo a autora o direito de ver seu direito garantido, pois o réu deve realizar propagandas com informações claras, devendo este cumprir com a propaganda informada em seu site. Devendo se observado os artigos:
“Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.”
“Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.”
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
DO DANO MORAL
Os danos moral e material estão previstos expressamente na Constituição da República, através do art. 5º, V e X. No plano infraconstitucional, ressaltamos o Art. 186 e 187 do Código Civil e, no tocante às relações de consumo, temos a previsão no Art. 6º, VI e VII, ambos do CDC.
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato, súmula 37 do STJ.
O código civil, no art. 186, é claro ao expressar sua indignidade ao dispor que aquele que, por meio de ação ou omissão, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, AINDA QUE EXCLUSIVAMENTE MORAL, comete ato ilícito.
O art. 187 do mesmo diploma legal vem complementando o dispositivo nuper citado, uma vez que afirma que “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes”
Continuando o raciocínio, o art. 927 do Código Civil Brasileiro imputa que “aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a reparar”.
( fundamentar o motivo pelo qual se pede o dano moral)
Causando danos morais a autora que teve como consumidora sua expectativas por completo frustrada referentes ao produto adquirido.
O art. 942 do CC de 2002 é bem explícito em dar o entendimento de que “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos a reparar o dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação”.
A relação de consumo entre os fornecedores e consumidores é o exemplo mais gritante do abuso do poder econômico e técnico e a vulnerabilidade do destinatário final, situação que o código consumerista, reconhecendo essa fragilidade, busca um ordenamento que imponha um equilíbrio entre as partes.
Havendo danos ao consumidor, em decorrência da má prestação do serviço, como in casu, dois são os principais mecanismos instituídos pelo CDC para proteger a parte mais vulnerável: a inversão do ônus da prova em favor do consumidor (art. 6o,VIII) e a responsabilidade objetiva dos fornecedores do produto (a Réus).
A indenizabilidade exsurge do artigo 6º, VI, do CDC, que prevê “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos", que mereceu os seguintes dizeres do Desembargador JONATAS MILHOMENS (Manual do Consumidor, p. 26):
“Reparação, no sentido que o CDC lhe dá, é o ato de ressarcir , de indenizar por prejuízos ocorridos. A prevenção e a reparação se destinam a prevenir e reparar danos patrimoniais, morais, individuais, coletivos e difusos. A lei deu à possibilidade de acionar o judiciário um aspecto amplo, permitindo ao consumidor que se utilize de todos os remédios legais ao seu alcance para cobrir esses danos (art. 83, CPDC)‘’
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º, VI, elenca como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
Buscando socorro, novamente, na lição do mestre Sérgio Cavalieri Filho:
“O dano moral é aquele que atinge os bens da personalidade, tais como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhaçãoà vítima (...).Também se incluem nos novos direitos das personalidade os aspectos de sua vida privada, entre eles a sua situação econômica, financeira (...)”.
Ademais, a indenização, in casu, além de servir para compensar a Autora pelos transtornos decorrentes da propaganda enganosa e da falha na prestação de serviço.
Sendo julgado procedente o pedido de dano moral, este, apresentara sem dúvida, um aspecto pedagógico, pois serve de advertência para que o causador do dano e seus congêneres venham a se abster de praticar os atos geradores desse dano.
O dano moral nada mais é do que uma contrapartida do mal sofrido, com caráter satisfatório para os lesados e punitivo para o Réu, causador do dano, para que se abstenha de realizar essa conduta lesiva com qualquer outro.
O valor arbitrado pelo dano moral deve ter como objetivos: ressarcir e indenizar o ofendido e, também, punir e educar o ofensor.
Logo, o valor arbitrado pelo juízo deverá ser tal que sirva para o réu, como desestímulo a repetições de atos deste gênero, sendo-lhe imposto um “castigo” por ter causado a vitima tanto transtorno, e esta deverá receber uma soma que lhe proporcione prazeres, em contrapartida ao mal sofrido.
Requer a produção de todos os meios de provas admitida em direito, em especial documental, testemunhal e depoimento pessoal da Ré, sob pena de confissão ficta, no caso de não comparecimento ou recuse a prestar depoimento.
DOS PEDIDOS
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência o que se segue:
A. Seja recebida a presente em todos os seus termos, procedendo-se a citação da Requerida, conforme aponta o Código de Processo Civil, nos endereços fornecidos nesta inicial na pessoa de seus representantes legais para, querendo, contestarem a presente em prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato; 
B. A inversão do ônus da prova, com fulcro no Art. 6º, VIII, da Lei 8.078/90 e a responsabilidade objetiva;
C. Seja a ré compelida a entregar á autora o produto que foi anuncia, caso seja possível o cumprimento da obrigação que esta seja convertida em perdas e danos;
D. Requer a condenação da empresa Ré em indenização por danos morais, equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil Reais), mais custas processuais, honorários advocatícios à base de 20% sobre ao montante da indenização e demais cominações legais;
Requer também, provar o alegado por meio de prova documental, testemunhal, pericial se necessário for, depoimento pessoal dos representantes legais da Requerida, e demais que se fizerem necessárias à boa instrução do presente feito;
Dá-se à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Data
Nestes Termos
Pede o deferimento
Advogado
OAB

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