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FACULDADE EVOLUÇÃO ALTO OESTE POTIGUAR CURSO DE PSICOLOGIA ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO BEATRIZ CECÍLIA DIÓGENES CARVALHO GURGEL RELATÓRIO DE VISITAS AO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS II DA CIDADE DE PAU DOS FERROS - RN Pau dos Ferros 2018 BEATRIZ CECÍLIA DIÓGENES CARVALHO GURGEL RELATÓRIO DE VISITAS AO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS II DA CIDADE DE PAU DOS FERROS - RN Trabalho apresentado como Requisito de avaliação da Disciplina Aconselhamento Psicológico da FACEP. Docente: Jesiane Maria de Sena Araújo Pau dos Ferros 2018 Introdução O CAPS é um Núcleo de atenção psicossocial, é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), que surgiu em março 1986, na cidade de São Paulo, promovido por um movimento de pessoas que trabalhavam na área de Saúde Mental que estavam buscando melhorias e mudanças para a situação assistência no Brasil, também buscando a mudança do modelo dos hospitais psiquiátricos, para o tratamento com os pacientes, o movimento é chamado até hoje de reforma psiquiátrica. A Reforma Psiquiátrica surgiu no Brasil, a partir da década de 70 como um movimento que repreendia a estrutura asilar, e apresentando propostas individualizadas de assistência em saúde mental, como: garantir os direitos dos pacientes com transtorno mental, auxiliar nas atividades da vida diária, valorizar o sujeito, facilitar trocas sociais, reportar subjetividade, promover autonomia e reinserção do sujeito na sociedade (DAMÁSIO; MELO; ESTEVES, 2008). O CAPS é um local de atendimento e acolhimento para as pessoas que precisarem dos serviços que lhes é encarregado, tendo como público alvo as pessoas com transtornos mentais, buscando inserir essas pessoas junto a sociedade, no seu grupo familiar e cultural, para que estas não sejam isolados do seu meio social. O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, laser, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O CAPS faz parte de uma das estratégias da reforma psiquiátrica, como instrumento de trabalho para a ressocialização dos indivíduos com transtorno mental na sociedade, evitando que essas pessoas sejam levadas para hospitais psiquiátricos onde ficam internadas e excluídas da sociedade, sem o direito de exercer sua cidadania e está incluso socialmente. Ele tem como propósitos, prestar atendimento aqueles que necessitam; promover atendimentos psicoterapêuticos oferecendo cuidado clínico eficiente e personalizado; promover a inclusão dos usuários junto a sociedade através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas; também têm como responsabilidade organizar a rede de serviços de saúde mental de seu território, dando suporte e supervisionar a atenção à saúde mental na rede básica, Programa de Saúde da Família - PSF e Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS que é fiscalizar a porta de entrada da rede de assistência à saúde mental de sua localidade; manter atualizada o cadastro dos pacientes de sua região que utilizam medicamentos para a saúde mental. Desenvolvimento O presente trabalho foi executado de acordo com o que foi observado e absorvido durante uma atividade no CAPS II da cidade de Pau dos Ferros – RN, com 20hr de duração, resultando em 5 encontros com duração de 4hrs cada, sendo nos dias de segunda e quinta-feira pela manhã, das 7hr às 11hr. A instituição funciona das 7hr ás 17hr, conta uma profissional de psicologia, duas assistentes sociais, duas terapeutas ocupacionais, uma coordenadora, uma cozinheira, uma ASG, um enfermeiro, um técnico de enfermagem, um educador físico, uma recepcionista, um vigia, e um médico psiquiatra. O local onde a instituição fica localizada é em um bairro central da cidade de Pau dos Ferros, bem localizado, apesar da estrutura do local que é bem antiga, já bem degradada e a bastante tempo não tem alguma reforma. A intuição não conta com muita segurança, o bairro que é localizada não é muito seguro, e com os muros baixos, portas de madeira simples, apenas uma com aço e madeira, acaba que a instituição não se torna segura, tanto que já foi roubada algumas vezes, duas delas durante esse período que fiz as observações. Ela conta com um pátio bastante grande, mas que não tem muito proveito, pois é apenas mato sem muita sombra ou local para sentar, contando apenas com um espaço de área de lazer que tem cobertura e uns banquinhos, mas ainda assim poucos. O espaço também tem uma única sala de atendimento coletivo, o que acaba que quando o usuário não quer participar da atividade que está acontecendo na sala, ele acaba ficando pelo pátio, apenas no ócio. Tem também uma cozinha, com um refeitório bem pequenos ambos os cômodos, o refeitório acaba nem sendo utilizado para as refeições, os usuários fazem suas refeições em qualquer local da instituição. Conta também com uma enfermaria, uma sala de arquivos, uma sala de coordenação que é também onde acontecem os atendimentos psicossociais e o atendimento médico psiquiátrico, uma sala de Serviço Social que na verdade é onde a maioria dos técnicos se acomodam quando não estão com os pacientes, dois banheiros e a recepção. Todos os cômodos da instituição são cômodos pequenos, o maior deles é a sala de atendimentos coletivos e o pátio, é visível que instituição precisa de novas reformulações, até pela quantidade de usuários que ela recebe diariamente. Os profissionais costumam trabalhar de forma conjunta, buscando objetivos específicos de cada área, geralmente são feitas rodas de conversa com os pacientes, oficinas terapêuticas buscando o desenvolvimento cognitivo, cultural, a geração de renda ou a alfabetização, vai depender do objetivo dos profissionais envolvidos. A psicóloga da instituição está todos os dias no local, das 7hr às 15hrs, disponível para demanda espontânea ou agendada. O psiquiatra esta todos os dias à tarde e uma vez por mês para atendimento aberto para atendimento da população em geral e renovamento de receitas. O equipamento não conta com entrega de medicamentos, possuindo somente os medicamentos para controle dos pacientes que precisarem ao estarem lá ou a algum chamado de urgência pela equipe. Os pacientes em si se dão muito bem, ajudam uns aos outros, se aconselham, falam o que pensam uns para os outros, mas sem criar conflitos, nas visitas pude perceber que uma parte deles se dão muito bem, outros são mais isolados, mas como relatado pelos técnicos isso é bem comum. A relação entre pacientes e funcionários em geral da instituição se mostrou muito boa, se dão muito bem, mantem uma relação tranquila e com respeito da parte de ambos, e de amizade o que me lembra o relato de alguns pacientes que diziam que ali no CAPS era a casa deles, onde eles se sentem bem, a equipe contribui grandiosamente para isto. Já alguns relatos da relação com seus cuidadores, familiares e amigos nem sempre é tão boa, alguns pacientes trazem muitas queixas quando aos cuidadores, que lhes tratam mal, que não deixam eles saírem, relatos de usuários que me choraram muito, trazendo para o grupo que a família sempre tentava interna-los para se livrar deles. O comportamento dos usuários aparentemente normal como de cotidiano, pelo relato dos funcionários a instituição costuma receber muitos estagiários, por esta razão eles não se sentem intimidados, mas era visível que no momento de alguma atividade alguns tinham aquela angustia para que eu participasse da atividade trazida, para que eu respondesse suas curiosidades, alguns querendo tirar fotos comigo, outros mais no seu cantinho isolados. Nos intervalos, momento de lanche eu sempre fiqueientre eles, comi junto com eles e conversamos a respeito de muitos assuntos, a vida deles a minha vida, a instituição e os relatos são diversos. No meu último encontro que foi a minha despedida, fiz uma intervenção e agradeci o acolhimento deles, afinal este foi o meu primeiro contato com o CAPS e com aqueles pacientes, foi bastante emocionante e até mesmo triste para mim e para eles deixar a instituição, pois foi um local onde pude me sentir acolhida por todos, e que mesmo que com apenas uma intervenção foi importante para eles também se sentirem importantes onde estiverem. A primeira visita a instituição foi feita no dia 17 de maio de 2018, neste dia estava acontecendo o 1° CINECAPS, um encontro elabora pela TO – terapeuta ocupacional “1” e o Educador Físico, onde foi exibido o filme “Nise – O coração da loucura”. O segundo encontro foi feito no dia 21 de maio, neste encontro estava encarregada a TO “2”, foi feita uma roda de conversa e nela eu fui apresentada formalmente aos usuários e eles a mim, cada um falando seu nome e contando um pouco da história dele. Em seguida a TO “2” aplicou algumas atividades de raciocínio, de diversos modelos para cada um dos usuários, nem todos participaram, alguns ficaram pelo pátio conversando, eu fiquei dividida ajudando alguns nas atividades e depois indo lá fora. No encontro seguinte, dia 24 de maio, a TO “1” e o Educador Físico fizeram uma roda de conversa, para discutir sobre o filme passado no encontro do dia 17 de maio, nesta discussão os pacientes iriam relatar também suas experiências em internações psiquiátricas, nem todos ali presentes já haviam sido internados. Neste mesmo dia estava tendo atendimento do médico psiquiátrica, o que deixava os pacientes agitados, entrando e saindo da sala. No dia 28 de maio, eu pude fazer uma intervenção com um grupo de estagiários que também estavam presentes, levamos duas dinâmicas, uma em forma de roda de conversa onde os pacientes iam nos falando o que cada sentimento (raiva, amor, felicidade, tristeza e etc.…), lhes trazia de lembrança, a segunda dinâmica foi da caixa surpresa, onde era lida uma mensagem e durante a leitura eles iam passando a caixa para um determinado colega que fosse citado na mensagem. Ambas as dinâmicas tinham o objetivo de trazer à tona a discussão sobre sentimentos, buscando a interação e empatia entre eles, lhes mostrando uns aos outros que eles eram importantes uns para os outros. Ao finalizar as dinâmicas agradeci a oportunidade de estar ali com eles, abracei alguns, depois fui falar com os profissionais e fui embora. No ultimo encontro com o grupo, no dia 04 de junho de 2018 participei da confecção de enfeites para o São João da instituição, todos os profissionais ali presentes naquele dia participaram, contribuindo com a confecção auxiliando os usuários. Conclusão A partir da construção deste trabalho passei a compreender melhor tanto a Reforma Psiquiátrica, quanto a importância da sua existência, a existência do instrumento CAPS, de como ele é de suma importância para as pessoas com transtorno mental e seus familiares, evitando as internações nos hospitais psiquiátricos, procurando tratar o doente mental com respeito lhes oferecendo atendimento de forma adequada, acompanhamento clinico, e buscando cada vez mais inserir estas pessoas na sociedade de forma que essas disfrutem dos seus direitos, fortalecendo seus laços familiares e sociais. Portanto pude compreender o quanto a existência do CAPS é fundamental para o auxílio na vida de quem necessita de seus serviços. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília, 2004. ALVES, E. DOS S., & FRANCISCO, A. L. Ação Psicológica em Saúde Mental: uma BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde (Org.). SAÚDE MENTAL NO SUS: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL. Brasilia - Df: Ms, 2004. 86 p. Capa: PAULO CÉSAR DOS SANTOS. Disponível em: <file:///F:/ESTAGIO CAPS/sm_sus.pdf>. Acesso em: 27 maio 2018.