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08 Contratos

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Direito Administrativo p/ Técnico 
Administrativo – TRTSC. Teoria e exercícios 
comentados. 
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AULA 08: Contratos 
 
 
SUMÁRIO 
1) INTRODUÇÃO À AULA 08 2 
2) CONTRATO ADMINISTRATIVO. 2 
2.1. CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 3 
2.1.1. FORMA ESPECÍFICA 4 
2.1.2. CONTRATO DE ADESÃO 6 
2.1.3. NATUREZA INTUITU PERSONAE 7 
2.1.4. CARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO COMO TÍTULO EXECUTIVO 8 
2.1.5. EQUILÍBRIO ECONÔMICO E FINANCEIRO DO CONTRATO 9 
2.1.6. PRESENÇA DAS CLÁUSULAS EXORBITANTES 11 
2.1.6.1. ALTERAÇÃO UNILATERAL 11 
2.1.6.2. RESCISÃO UNILATERAL 13 
2.1.6.3. RESTRIÇÃO À EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO 14 
2.1.6.4. FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO 15 
2.1.6.5. APLICAÇÃO DE PENALIDADES 16 
2.1.6.6. OCUPAÇÃO PROVISÓRIA DE BENS E SERVIÇOS ESSENCIAIS 18 
2.1.6.7. GARANTIA 19 
2.2. DA EXECUÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO 22 
2.2.1. INEXECUÇÃO SEM CULPA (TEORIA DA IMPREVISÃO) 25 
2.3. DAS ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 27 
2.3.1. CONTRATOS DE OBRAS 27 
2.3.2. CONTRATOS DE SERVIÇOS 31 
2.3.3. SERVIÇOS CONTÍNUOS (DURAÇÃO E PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS) 31 
2.3.4. CONTRATOS DE FORNECIMENTO 34 
2.3.5. CONTRATOS DE CONCESSÃO 34 
2.3.6. CONTRATOS DE GESTÃO 35 
2.4. EXTINÇÃO DO CONTRATO 37 
2.4.1. CONCLUSÃO DO OBJETO CONTRATADO 38 
2.4.2. ANULAÇÃO 39 
2.4.3. RESCISÃO 39 
3) RESUMO 42 
4) QUESTÕES 45 
5) REFERÊNCIAS 53 
 
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1) Introdução à aula 08 
Que bom que você está conosco hoje para mais uma aula de 
direito administrativo do curso preparatório para o concurso de Técnico 
Judiciário Administrativo do TRTSC. 
Nesta aula 08, abordaremos a matéria “5 Contratos 
administrativos: conceito e características.”. 
Com certeza haverá uma ou duas questões desta aula na sua 
prova, por isso, ABRA O OLHO!!! 
Não se esqueça que, ao final, você terá um resumo da aula e as 
questões tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na 
véspera da prova! 
Chega de papo, vamos a luta! 
2) Contrato Administrativo. 
A existência do contrato administrativo já chegou a ser negada por 
parte da doutrina administrativista brasileira, conforme verificado por Di 
Pietro (2009, p. 251-252). Hoje, há consenso no sentido de que os 
contratos administrativos existem como uma categoria própria, diversa 
dos contratos de direito privado, uma vez que possuem características 
exclusivas e que diferem, e muito, dos ajustes celebrados no campo do 
direito privado, em que há uma liberdade quase que total e irrestrita na 
manifestação de vontade. 
Vamos então ao conceito de “contrato administrativo”. Na 
definição de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2010, p. 494), 
contrato administrativo é o “ajuste firmado pela administração pública, 
agindo nesta qualidade, com particulares, ou com outras entidades 
administrativas, nos termos estipulados pela própria administração 
pública contratante, em conformidade com o interesse público, sob 
regência predominante do direito público”. 
O conceito de contrato administrativo, contudo, não pode ser 
confundido com o de contrato da administração, que é “o ajuste 
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firmado entre a administração pública e particulares, no qual a 
administração não figura na qualidade de poder público” 
(ALEXANDRINO e PAULO, 2010, p. 495). Desse modo, o contrato 
administrativo é regido pelo direito público e o contrato da 
administração, predominantemente, pelo direito privado. 
O vocábulo “predominantemente” decorre da imposição legal 
inserta no art. 62, § 3.º, I, da Lei n.º 8.666/1993. Segundo esse 
dispositivo, são aplicáveis aos contratos da administração, no que 
couber, as cláusulas necessárias (art. 55), as exorbitantes (art. 58), a 
que dispõe acerca da retroatividade dos efeitos da nulidade do contrato 
(art. 59) e as relativas à formalização dos contratos (60 e 61). 
 
2.1. Características dos contratos administrativos 
Outro importante tema é saber as características dos contratos 
administrativos. A Administração rege-se por princípios próprios, dentre 
os quais o da supremacia do interesse público, da legalidade, da 
impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. 
O administrador da coisa pública não pode se dirigir a uma 
concessionária e celebrar um contrato de compra e venda de automóvel 
para a Administração. O particular assim o faz, sem qualquer condição 
extraordinária, porque o dinheiro gasto na compra do veículo é dele e 
de mais ninguém. Na administração pública, o dinheiro usado para o 
pagamento de qualquer bem não é do gestor público, mas de todos os 
contribuintes do Estado. 
Diante disso, a lei instituiu cláusulas e obrigações específicas para 
os contratos administrativos. Os princípios e regras relacionados aos 
contratos no âmbito do direito privado são aqui aplicados somente 
subsidiariamente (art. 54). 
As características dos contratos administrativos são as seguintes: 
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2.1.1. Forma específica 
Diante da importância desse tópico, transcrevemos, de imediato os 
arts. 60 e 61: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como vimos, o art. 60, parágrafo único, da Lei n.º 8.666/1993, 
afirma que “é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a 
Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, 
assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) 
do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea a desta Lei, feitas em 
regime de adiantamento”. O valor discriminado na lei é, atualmente, de 
R$ 4.000,00 (quatro mil reais). 
Além de ser escrito, o contrato administrativo deve mencionar os 
nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que 
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da 
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas 
da Lei n.º 8.666/1993 e às cláusulas contratuais (art. 61). 
É condição de eficácia do contrato administrativo a publicação de 
seu instrumento e dos aditamentos, ao menos de forma resumida, na 
imprensa oficial (art. 61, parágrafo único). No caso de dispensa e de 
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições 
interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e 
registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre 
imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de 
tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem. 
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a 
Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assimentendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite 
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de 
adiantamento. 
 
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus 
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do 
processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos 
contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. 
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus 
aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua 
eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês 
seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela 
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto 
no art. 26 desta Lei. 
 
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inexigibilidade de licitação, como bem observam Marcelo Alexandrino e 
Vicente Paulo (2010, p. 498), além da publicação do instrumento, 
devem ser publicados os atos de ratificação do procedimento praticados 
pela autoridade superior (art. 26). 
O art. 62, por sua vez, observa que “o instrumento de contrato é 
obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem 
como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam 
compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e 
facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por 
outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho 
de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço”. 
A Administração convocará o vencedor da licitação para assinar o 
termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro 
das condições estabelecidas e do prazo definido em edital – que poderá 
ser prorrogado por uma vez por igual período, sob pena de decair o 
direito à contratação (art. 64). Vale observar que, se decorridos 60 dias 
da data da entrega das propostas sem convocação para a contratação, 
ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos. 
Caso o convocado não compareça ou não aceite as condições, a 
Administração pode revogar a licitação ou convocar os licitantes 
remanescentes, na ordem de classificação, para ocuparem o lugar do 
vencedor. Entretanto, os convocados devem aceitar as condições 
propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços. 
Mas há hipóteses em que o instrumento de contrato formalizado é 
dispensado? 
PRESTE BEM ATENÇÃO NESTE PONTO! 
Sim, apesar das inúmeras regras que demonstram um excessivo 
rigor formal nas contratações realizadas pela Administração, a lei 
flexibiliza no caso de compra com entrega imediata e integral dos 
bens adquiridos, dos quais não resultem quaisquer obrigações 
futuras. Nessa hipótese, independentemente do valor do contrato, é 
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dispensável o termo de contrato, podendo a Administração substituí-lo 
por: 
 carta-contrato; 
 nota de empenho de despesa; 
 autorização de compra; ou 
 ordem de execução de serviço (§ 4.º do art. 62). 
Para que nenhum dispositivo desse ponto da Lei nº 8.666/83 passe 
em branco, transcrevemos, ainda, os seguintes artigos para ciência: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.2. Contrato de adesão 
Diante da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, 
não pode a Administração aceitar alterações no contrato de forma a 
atender ao interesse do particular. 
A Lei Geral de Licitações e Contratos informa, em seu art. 55, as 
cláusulas necessárias em todo contrato administrativo. A inserção 
 Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos termos do 
contrato e do respectivo processo licitatório e, a qualquer interessado, a 
obtenção de cópia autenticada, mediante o pagamento dos emolumentos 
devidos. 
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar 
o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do 
prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, 
sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. 
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual 
período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que 
ocorra motivo justificado aceito pela Administração. 
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo 
de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e 
condições estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de 
classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas 
pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de 
conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação 
independentemente da cominação prevista no art. 81 desta Lei. 
§ 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas, sem 
convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados dos 
compromissos assumidos. 
 
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dessas cláusulas no instrumento do contrato é realizada de forma 
unilateral pela Administração. 
De forma a dar publicidade ao instrumento elaborado, a minuta do 
futuro contrato integrará sempre o edital ou ato convocatório da 
licitação (art. 62, § 1.º). Nesse momento, cabe ao interessado em 
contratar com a Administração verificar as condições do contrato e fazer 
uma única escolha: concordar ou não com todas as cláusulas que lhe 
serão impostas caso venha a ganhar a licitação. 
2.1.3. Natureza intuitu personae 
Os contratos administrativos são celebrados, em regra, após o 
encerramento de um longo e complexo procedimento licitatório. Nesse 
procedimento, a Administração verifica se o interessado tem condições 
jurídicas, técnicas, econômico-financeiras e regularidade fiscal. Essa 
avaliação tem o propósito de minimizar os riscos da Administração e 
garantir que o bem contratado seja entregue pelo vencedor do certame. 
Depois de promovida essa complexa avaliação, seria uma 
incongruência e até mesmo uma violação ao princípio da isonomia 
admitir a transferência unilateral do objeto pelo contratado a um 
terceiro. 
Por isso, um dos motivos para a rescisão unilateral do 
contrato pela Administração é a “subcontratação total ou parcial 
do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão 
ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou 
incorporação, não admitidas no edital e no contrato” (art. 78, VI). 
Mas essa é a regra! Toda regra tem exceção! E qual é a exceção, 
no caso, meus amigos? 
Se você for um leitor atento, percebeu que a parte final desse 
dispositivo prevê que não haverá a rescisão unilateral do contrato 
quando a subcontratação for admitidano edital e no contrato. 
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A subcontratação é permitida pelo art. 72 da Lei n.º 8.666/1993, 
que possibilita ao contratado subcontratar partes da obra, serviço ou 
fornecimento, desde que previamente admitido pela Administração. 
É bom observar que a subcontratação ou terceirização é muito 
comum quando o objeto do contrato é uma obra de grande porte. Ao 
empreiteiro contratado é dada a possibilidade de subcontratar empresa 
para a execução da parte hidráulica ou de ar-condicionado, por 
exemplo. 
A possibilidade de se promover, em certos casos, a subcontratação 
do objeto contratado não retira o caráter intuitu personae do contrato 
administrativo. Por que não? 
(a) porque é vedada a terceirização integral do objeto 
contratado; 
(b) porque é vedada a subcontratação quando se tratar de 
certame em que a qualificação técnica do licitante for fator 
preponderante para a contratação (art. 13, § 3.º, da Lei n.º 
8.666/1993). 
2.1.4. Caracterização do contrato administrativo como título 
executivo 
Essa é uma característica que não decorre da Lei n.º 8.666/1993, 
mas da jurisprudência. O contrato administrativo, complementado por 
outras informações prestadas pela Administração, pode se caracterizar 
como um documento público assinado pelo devedor a ensejar a sua 
caracterização como título executivo, especialmente quando o devedor 
é o poder público. Nesse sentido se manifestou o STJ: 
 
 
 
 
 
“Não há dúvidas que, em tese, o contrato administrativo e a certidão fornecida 
por agente público, por traduzirem atos do Poder Público, podem ser 
considerados como títulos executivos extrajudiciais e, consequentemente, 
aparelharem uma ação executiva, a teor do preceituado no art. 585, II, do CPC” 
(REsp 1.099.127). 
 
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2.1.5. Equilíbrio econômico e financeiro do contrato 
MUITA ATENÇÃO, MEUS AMIGOS, NÃO SE ESQUEÇAM NUNCA 
DESSA CARACTERÍSTICA!!! 
Caso haja a alteração do contrato administrativo, seja em razão de 
risco decorrente do negócio ou por vontade unilateral da Administração, 
o contratado terá direito ao restabelecimento do equilíbrio econômico e 
financeiro do contrato (art. 58, §§ 1.º e 2.º, e 65, § 6.º, da Lei n.º 
8.666/1993). 
A partir dessa análise, Di Pietro (2009, p. 275-278), com razão, 
informa que um dos traços característicos do contrato administrativo é 
a mutabilidade. Os interesses da Administração e os riscos 
relacionados ao objeto contratado são circunstâncias que podem variar 
no tempo. Nessas hipóteses, ainda que haja modificação no contrato, 
deve ser mantido o seu equilíbrio econômico e financeiro estabelecido 
inicialmente. Por isso, diz-se que o contrato administrativo é um 
instituto dinâmico. 
Para você ter uma noção, vale mencionar aqui os tipos de riscos 
que o particular enfrenta quando contrata com a Administração: 
(a) força maior; 
(b) álea ordinária ou empresarial; 
(c) álea administrativa, que se subdivide em poder de alteração 
unilateral do contrato, fato do príncipe e fato da 
Administração; e 
(d) álea econômica. 
Em todos esses casos, a Administração responde sozinha pela 
recomposição do equilíbrio econômico-financeiro. 
Com relação a esse tema, vale destacar as distinções 
conceituais entre revisão, reajuste e repactuação. 
Para o restabelecimento do equilíbrio econômico financeiro do 
contrato, a Administração deve promover a revisão do valor 
contratado. Ela ocorre quando a administração procede à alteração 
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unilateral das cláusulas de execução “ou quando algum evento, mesmo 
que externo ao contrato, modifica extraordinariamente os custos de 
sua execução” (ALEXANDRINO e PAULO, 2010, p. 503-504). 
Já o reajuste é promovido por imposição legal do art. 55, III, da 
Lei n.º 8.666/1993, e corresponde à modificação periódica de preços e 
tarifas em decorrência da “inflação ordinária ou da perda ordinária 
de poder aquisitivo da moeda, seguindo índices determinados, tudo 
conforme previamente estabelecido no próprio contrato” 
(ALEXANDRINO e PAULO, 2010, p. 503-504). 
A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços 
previsto no próprio contrato não é considerado alteração contratual. Por 
isso, pode ser realizado por simples apostila, dispensando a celebração 
de aditamento (art. 65, § 8.º). 
A revisão e o reajuste também não se confundem com a 
repactuação ou recomposição de preços (BANDEIRA DE MELLO, 
2010, p. 637). Esta, na lição de Marçal Justen Filho1, é uma modificação 
de preços que ocorre nos contratos de execução continuada em que se 
analisa a efetiva variação dos custos da prestação desde a 
apresentação das propostas até o momento de sua prorrogação. Caso 
haja a amortização de determinados custos durante a execução do 
contrato, o valor a ser pago pela Administração poderá ser reduzido 
quando da prorrogação da avença. Caso haja o aumento dos custos, o 
valor do contrato será majorado. 
 
revisão reajuste repactuação 
Alteração unilateral – 
modificação 
extraordinária dos 
custos de execução. 
Imposição legal e 
previsão no contrato: 
decorre da inflação ou 
perda ordinária de 
Efetiva variação dos 
custos da prestação, 
nos contratos de 
execução continuada. 
 
1 Conceito retirado do artigo publicado em <http://justenfilho.com.br/wp-content/uploads/2008/12/81.pdf>, 
acessado em 02.05.2010. 
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poder aquisitivo da 
moeda. 
2.1.6. Presença das cláusulas exorbitantes 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2010, p. 500) assim 
caracterizam e definem as cláusulas exorbitantes: “As assim 
denominadas cláusulas exorbitantes caracterizam os contratos 
administrativos, são a nota de direito público desses contratos, as 
regras que os diferenciam dos ajustes de direito privado. São chamadas 
exorbitantes justamente porque exorbitam, extrapolam as cláusulas 
comuns do direito privado e não seriam neste admissíveis”. 
As cláusulas exorbitantes são: alteração e rescisão unilaterais, 
equilíbrio econômico e financeiro do contrato, reajustamento de preços 
e tarifas, exceção do contrato não cumprido, controle do contrato, 
aplicação de penalidades, ocupação provisória de bens e serviços 
essenciais. 
2.1.6.1. Alteração unilateral 
Nos termos do art. 65, I, da Lei n.º 8.666/1993, os contratos 
administrativos podem ser alterados unilateralmente pela 
Administração, sempremediante justificativa, quando houver 
modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação 
técnica aos seus objetivos (alteração qualitativa); ou quando necessária 
a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou 
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei 
(alteração quantitativa). 
Importantíssimo você ter em mente os §§ 1º, 2º, 3º e 4º do art. 
65 da Lei nº 8.666/93: 
 
 
 
 
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O TCU (Decisão n.º 215/99, Plenário) consignou o entendimento de 
que “tanto as alterações contratuais quantitativas – que modificam a 
dimensão do objeto – quanto as unilaterais qualitativas – que mantêm 
intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão sujeitas aos 
limites preestabelecidos nos §§ 1.º e 2.º do art. 65 da Lei n.º 8.666/93, 
em face do respeito aos direitos do contratado, prescrito no art. 58, I, 
da mesma Lei, do princípio da proporcionalidade e da necessidade de 
esses limites serem obrigatoriamente fixados em lei”. 
Em hipóteses excepcionalíssimas, o TCU já admitiu superar os 
limites de 25% e 50% de modificação do valor original do contrato. 
Essas hipóteses são conhecidas como agravações ou sujeições 
imprevisíveis (GASPARINI, 2008, p. 755). 
Importante observar que o princípio do contraditório e da ampla 
defesa também se aplica nas hipóteses de alteração unilateral do 
contrato administrativo. O STJ entende que a Administração deve 
consultar o contratado, previamente, quando a modificação acarrete 
prejuízo ao particular (STJ, RMS 14.924). 
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições 
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, 
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial 
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de 
equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus 
acréscimos. 
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites 
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: 
I – VETADO 
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes. 
§ 3o Se no contrato não houverem sido contemplados preços unitários para 
obras ou serviços, esses serão fixados mediante acordo entre as partes, 
respeitados os limites estabelecidos no § 1o deste artigo. 
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já 
houver adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão 
ser pagos pela Administração pelos custos de aquisição regularmente 
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por 
outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde que 
regularmente comprovados. 
 
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Por último, conforme vimos acima, caso a alteração unilateral do 
contrato provoque o desequilíbrio econômico-financeiro, a 
Administração deve restabelecê-lo (art. 58, § 2.º, e 65, § 6.º, da Lei n.º 
8.666/1993). 
2.1.6.2. Rescisão unilateral 
A Administração pode rescindir unilateralmente o contrato nos 
casos previstos nos incisos I a XII e XVII do art. 78 da Lei n.º 
8.666/1993. 
Para que fique mais claro, adotamos a divisão de Di Pietro (2009, 
p. 270-272) dessas hipóteses em: 
(a) casos de inadimplemento com culpa (incisos I a VIII e XVII 
do art. 78), abrangendo hipóteses como não cumprimento, 
cumprimento irregular ou lentidão no cumprimento das 
cláusulas contratuais, atraso injustificado, paralisação sem 
justa causa, subcontratação irregular, faltas reiteradas na 
execução, caso fortuito ou força maior impeditiva da 
execução do contrato; 
(b) inadimplemento com culpa (incisos IX a XI), que abrangem a 
insolvência, a dissolução ou alteração da estrutura da 
sociedade; 
(c) razões de interesse público (inciso XII); e 
(d) caso fortuito ou força maior (inciso XVII). 
A jurisprudência se consolidou no sentido de que a rescisão será 
sempre motivada, conferindo-se ao contratado a ampla defesa e o 
contraditório (STJ, RMS 20.385-PR). 
Nas hipóteses de rescisão unilateral por culpa do contratado, 
ocorrerá a assunção imediata do objeto do contrato (opcional), a 
ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e 
pessoal pela Administração de forma a dar continuidade à execução do 
contrato (opcional), execução da garantia contratual caso o contratado 
deva multas e indenizações à Administração, retenção dos créditos do 
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contratado até o limite dos prejuízos do poder público e aplicação das 
sanções administrativas cabíveis (art. 80). 
Caso não haja culpa do contratado, as mesmas consequências 
são verificadas, uma vez que a lei não distingue as hipóteses de 
rescisão com culpa das hipóteses em que há culpa do contratado. O art. 
79, § 2.º, contudo, informa que a rescisão levada a cabo pela 
Administração, sem qualquer interferência do contratado gera o direito 
deste de ser indenizado pelos prejuízos que houver sofrido (danos 
emergentes) e pelo custo da desmobilização, de ver devolvida a 
garantia prestada e de receber o pagamento pelo que executou até o 
momento da rescisão. 
2.1.6.3. Restrição à exceção do contrato não cumprido 
ABRA O OLHO! ESSE PONTO É MUITO IMPORTANTE! 
Prescreve o art. 476 do Código Civil de 2002 que “nos contratos 
bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, 
pode exigir o implemento da do outro”. Assim, nos contratos de direito 
privado, se uma das partes deixa de cumprir a sua obrigação, não pode 
essa mesma parte exigir que a outra execute o que previsto no 
contrato. Esse é o instituto da exceção do contrato não cumprido ou 
exceptio non adimpleti contractus. 
Na Lei n.º 8.666/1993, a exceção do contrato não cumprido pode 
ser oposta contra a Administração quando o atraso no pagamento de 
obra ou serviço já executado for superior a noventa dias. Nesse caso, 
pode o contratado escolher entre a suspensão da execução do contrato 
ou a sua rescisão judicial ou amigável. Se optar pela rescisão, terá 
direito às parcelas descritas no art. 79, § 2.º, acima mencionado. 
Veja a redação do art. 78, XV: 
 
 
 
 
“Constitui motivo para rescisão do contrato o atraso superior a 90 (noventa) dias 
dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou 
fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados”. 
 
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Twitter: @danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel MesquitaA exceptio non adimpleti contractus só é afastada integralmente 
– após os noventa dias – nos contratos administrativos quando o não 
pagamento pela Administração ocorre em caso de (a) calamidade 
pública, (b) grave perturbação da ordem interna ou (c) guerra. 
Sob o aspecto inverso, no caso da Administração se ver 
prejudicada – caso o particular deixe de executar o seu dever contratual 
– o ente público pode, imediatamente, opor a exceção do contrato não 
cumprido e suspender os pagamentos devidos ao contratado, sem 
prejuízo das demais sanções legais (ALEXANDRINO e PAULO, 2010, p. 
512). 
2.1.6.4. Fiscalização do contrato 
“O controle do contrato administrativo é um dos poderes inerentes 
à Administração e, por isso mesmo, implícito em toda contratação 
pública, dispensando cláusula expressa” (MEIRELLES, 2002, p. 211). 
Decorre desse poder a prerrogativa de fiscalizar a execução dos 
contratos, conforme prevê o art. 58, III, e o art. 67, ambos da Lei 
Geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apurada a existência de vício na execução do objeto, o contratado 
é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às 
suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se 
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei 
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: 
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de 
interesse público, respeitados os direitos do contratado; 
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 
desta Lei; 
III - fiscalizar-lhes a execução; 
 
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um 
representante da Administração especialmente designado, permitida a 
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações 
pertinentes a essa atribuição. 
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verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou 
de materiais empregados (art. 69). 
Por fim, destaca-se que a atividade de fiscalização da 
Administração não faz com que a responsabilidade do contratado por 
dano decorrente da culpa ou dolo seja reduzida ou transferida ao poder 
público (art. 70). Não há que se falar aqui em culpa in vigilando do 
Estado. 
2.1.6.5. Aplicação de penalidades 
Curioso, não é? Num contrato, uma parte pode impor uma multa a 
outra parte! É, meus caros, isso ocorre quando alguém contrata com 
administração e descumpre o que acordado. 
A administração pode se valer do atributo da imperatividade dos 
atos administrativos para impor ao particular contratado as sanções 
pelo descumprimento das cláusulas firmadas no ajuste, seja pela 
inexecução total ou pela parcial. Essa é uma das prerrogativas do poder 
público. 
As sanções administrativas são definidas taxativamente nos arts. 
86 e 87 da Lei em comento. São elas: (a) advertência; (b) multa; (c) 
suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de 
contratar com a Administração, por prazo não superior a dois anos; (d) 
declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a 
Administração Pública. 
Os dispositivos que regulam a aplicação de sanções devem ser 
interpretados restritivamente, uma vez que representam limitações aos 
direitos dos contratados. Por isso, em razão da autorização expressa no 
§ 2.º do art. 87 da Lei n.º 8.666/1993, somente a pena de multa pode 
ser aplicada conjuntamente com qualquer outra penalidade 
(ALEXANDRINO e PAULO, 2010, p. 507, e DI PIETRO, 2009, p. 272). 
No aspecto procedimental, esse postulado determina que seja 
conferido o contraditório e a ampla defesa ao contratado. O art. 87, §§ 
2.º e 3.º, da Lei Geral, em atenção a essa imposição constitucional, 
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dispõe que o contratado tem dez dias para apresentar defesa contra a 
imposição da sanção de declaração de inidoneidade e de cinco dias úteis 
para as demais penalidades (TCU, Acórdão n.º 611/2008-TCU-1.ª 
Câmara). Além disso, a lei prevê o recurso, no prazo de cinco dias úteis, 
contra a decisão que aplicou as penas de advertência, suspensão 
temporária ou de multa e o pedido de reconsideração, no prazo de dez 
dias úteis, da decisão que declara a inidoneidade. 
A multa pode ser aplicada pelo atraso na execução do contrato 
(multa de mora, prevista no art. 86) ou em razão da inexecução 
parcial ou total do contrato. Essa sanção, como bem lembram 
Alexandrino e Paulo (2010, p. 507), pode ser diretamente descontada 
da garantia prestada pelo contratado. Nos termos do art. 86, § 3.º, se a 
multa for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da 
perda desta, responderá o contratado pela sua diferença a qual será 
descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração 
(atributo da autoexecutoriedade) ou cobrada judicialmente (se não há 
valor a ser repassado pelo poder público ou se a garantia for 
insuficiente, a Administração só poderá alcançar o patrimônio da 
contratada em demanda proposta perante o Poder Judiciário). 
A suspensão temporária de participação em licitação e 
impedimento de contratar com a Administração em até dois 
anos só vale no âmbito do órgão que aplicou a penalidade (TCU, 
Acórdão 842/2005-Plenário e Acórdão 538/2009-1.ª Câmara), ou seja, 
não pode um órgão vedar a participação de determinada interessada na 
licitação se essa empresa tem em seus dados cadastrais uma 
penalidade de suspensão imposta por outro órgão, entidade ou unidade 
administrativa. Apesar dessa firme orientação do TCU, o STJ já chegou 
a afirmar que a suspensão do direito de participar de licitação não fica 
adstrita a um único órgão (RESP 151567). 
A declaração de inidoneidade é mais grave que a suspensão 
temporária para contratar. Ela ocorre quando a Administração verifica a 
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prática de fraude, crime ou a prática de fato grave por parte da 
empresa contratada ou da interessada em contratar com o poder 
público (é admitida a imposição dessa penalidade a empresa não 
contratada: RESP 15.999). 
A declaração de inidoneidade vale para todo e qualquer órgão 
da Administração de qualquer esfera (No STJ: RESP 520553 e RESP 
151567. No TCU: Decisão n.º 52/99-Plenário e Acórdão n.º 538/2009-
1.ª Câmara). 
A Lei n.º 8.443/1992 define que a penalidade em foco pode ser 
fixada por até cinco anos. Esse período pode ser maior se perdurarem 
os motivos determinantes da punição (art. 87, IV, da Lei n.º 
8.666/1993). Por outro lado, o prazo mínimo da declaração de 
inidoneidade é de dois anos, nos termos da parte final do mesmo 
dispositivo da Lei n.º 8.666/1993. 
A declaração de inidoneidade só pode ser aplicada por Ministro 
de Estado ou autoridade equivalente nas entidades federadas. 
O efeito dessa declaração,segundo recente orientação da Primeira 
Seção do STJ (MS 14002 e MS 13101), é ex nunc, ou seja, não interfere 
nos contratos preexistentes ou nos que estejam em andamento. 
Entretanto, a Administração pode promover medidas no sentido de 
rescindir esses contratos, nos moldes do art. 79 da Lei n.º 8.666/1993. 
Essas são as sanções administrativas a que se sujeitam os 
interessados em contratar com a Administração Pública. 
2.1.6.6. Ocupação provisória de bens e serviços essenciais 
Como bem observam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2010, 
p. 509), há duas situações distintas em que se admite a ocupação 
temporária ou provisória: como medida acautelatória durante a 
execução do contrato em razão da irregularidade na sua execução (art. 
58, V, da Lei Geral) e como medida a assegurar a continuidade na 
prestação do serviço público após a rescisão contratual (art. 80, II, da 
mesma lei). 
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Em ambos os casos, a Administração pode ocupar provisoriamente 
o local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na 
execução do contrato. 
E o que acontece com o pessoal que tinha vínculo trabalhista com a 
empresa contratada? 
Se houver a ocupação e a utilização do pessoal para a continuidade 
da obra ou serviço, os trabalhadores terão vínculo empregatício 
diretamente com o poder público. Também por isso, a ocupação deve 
ser promovida somente em caso de excepcional interesse público. 
2.1.6.7. Garantia 
A Administração pode ou não exigir garantia nas contratações de 
obras, serviços e compras. Quando essa garantia for exigida, ela será 
cláusula necessária no contrato administrativo (art. 55, VI, da Lei n.º 
8.666/1993). 
O contratado pode optar pelas seguintes modalidades: 
 caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública; 
 seguro garantia; ou 
 fiança bancária. 
A exigência deve ser limitada a cinco por cento para os contratos 
em geral e a dez por cento para obras, serviços e fornecimentos de 
grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros 
consideráveis (art. 56, §§ 2.º e 3.º, da Lei n.º 8.666/1993). 
Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela 
Administração, dos quais o contratado ficará depositário, será exigida 
garantia adicional no valor desses bens (§ 5.º). 
Toda garantia prestada pelo contratado será liberada após a 
execução do contrato. Se foi oferecida garantia em dinheiro, o valor 
será devolvido com atualização monetária (§ 4.º). 
 
 
 
Questões de 
concurso 
 
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1. (FCC - 2007 - Prefeitura de São Paulo - SP - Auditor Fiscal 
do Município) Em matéria de contratos administrativos, NÃO é uma das 
chamadas cláusulas exorbitantes a que preveja a 
a) exclusão da regra do equilíbrio econômico-financeiro. 
b) revogação unilateral do contrato pela Administração. 
c) alteração unilateral do contrato pela Administração. 
d) aplicação de sanções ao contratado diretamente pela 
Administração. 
e) ocupação provisória, em certos casos, de bens, pessoal e 
serviços vinculados ao objeto do contrato. 
 
2. (ESAF/PFN/2004) O regime jurídico dos contratos 
administrativos confere à Administração, em relação a eles, diversas 
prerrogativas, entre as quais não se inclui 
a) fiscalizar-lhes a execução. 
b) aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do 
ajuste. 
c) rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados em lei. 
d) alterar, unilateralmente, as cláusulas econômico-financeiras e 
monetárias dos contratos administrativos. 
e) modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às 
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado. 
 
3. (FMP-RS - 2011 - TCE-MT - Auditor Público Externo) Sobre 
os contratos celebrados pela Administração Pública assinale a afirmativa 
que está correta. 
a) Os contratos de direito privado celebrados pela Administração 
Pública caracterizam-se principalmente por gozarem de prerrogativas, 
denominadas cláusulas exorbitantes. 
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b) É competência comum da União, Estados e Distrito Federal 
legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
suas modalidades, para as administrações públicas dos respectivos 
entes federais. 
c) Tendo em vista o objeto, é possível à Administração Pública 
firmar contratos por tempo indeterminado. 
d) Nos contratos administrativos, havendo modificação do projeto, 
é possível a alteração unilateral do negócio jurídico. 
e) A execução do contrato deve ser acompanhada e fiscalizada por 
agente pertencente ao Tribunal de Contas. 
 
4. (FCC - 2007 - Prefeitura de São Paulo - SP - Auditor Fiscal 
do Município) 
NÃO constitui motivo para a rescisão unilateral de um contrato 
administrativo pela Administração 
a) o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, 
projetos ou prazos, pela empresa contratada. 
b) a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a 
comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do 
fornecimento, nos prazos estipulados. 
c) a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa 
causa e prévia comunicação à Administração. 
d) a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura 
da empresa contratada, que prejudique a execução do contrato. 
e) a supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou 
compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato além do 
limite legalmente permitido. 
 
Depois de estudar fica fácil. Na primeira questão, é óbvio que o 
equilíbrio financeiro não pode ser excluído de um contrato 
administrativo, sob pena de onerar demasiadamento o contratado. Se 
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isso ocorresse, ninguém contrataria com a Administração. Por isso, o 
gabarito é a letra A. No mesmo sentido, na segunda questão, o item 
correto é a letra D. 
Na terceira questão, é evidente que o item D está correto. 
Na última, o item E é o gabarito da questão, pois a supressão 
unilateral do objeto do contrato por parte da Administração não é 
motivo para rescisão unilateral do contrato. 
 
2.2. Da Execução do Contrato Administrativo 
A execução do contrato administrativo é a fase de efetivação das 
cláusulas nele entabuladas. A execução deve ser promovida 
observando-se fielmente o que dispõem as obrigações assumidas e a 
legislação de regência. Nessa fase, tanto a administração como o 
contratado devem observar o queestá escrito no instrumento (pacta 
sunt servanda). Também nessa etapa devem ser observados os 
princípios da boa-fé objetiva e da probidade. 
Algumas normas específicas são aplicáveis à execução dos 
contratos. 
OLHO ABERTO, O PRINCIPAL ASPECTO DA EXECUÇÃO DOS 
CONTRATOS É A RESPONSABILIDADE. 
Como já observado acima, o contratado é responsável pelos 
danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, 
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato. Vale lembrar 
que a fiscalização exercida pelo órgão contratante não exclui ou reduz 
essa responsabilidade (art. 70 da Lei n.º 8.666/1993). 
O contratado também é responsável pelos encargos trabalhistas, 
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do 
contrato, conforme disposto no art. 71, caput, da Lei 8.666/1993. 
Na ADC n.º 16, o STF entendeu que a responsabilidade da 
Administração pelo pagamento das verbas trabalhistas das empresas 
contratadas não pode ser automática, como vinha entendendo o TST. A 
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culpa da Administração na fiscalização do contrato deve ser 
comprovada nos autos. 
Após a decisão na ADC nº 16, o TST passou a entender que: 
 
 
 
 
 
 
A Lei n.º 8.666/1993, por outro lado, prevê como solidária a 
responsabilidade da Administração e do contratado pelos encargos 
previdenciários resultantes da execução do contrato (art. 71, § 2.º, 
da Lei 8.666/1993). 
Quando o objeto do contrato é a compra de bens, uma importante 
faculdade que tem o poder público é a de receber amostras ou fazer 
testes no objeto contratado para avaliar a qualidade do produto e 
verificar se ele será recebido pela Administração (art. 75). 
 
 
 
5. (FCC - 2012 - MPE-AL - Promotor de Justiça) Acerca dos 
contratos administrativos, é correto afirmar que 
a) a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada 
por um representante da Administração especialmente designado, 
permitida a delegação dessa atribuição a terceiros contratados. 
b) o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir 
ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do 
contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções 
resultantes da execução ou de materiais empregados, salvo se 
decorrentes de subcontratação. 
“Os entes integrantes da administração pública direta e indireta respondem 
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a 
sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n. 8.666/93, 
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e 
legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade 
não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas 
pela empresa regularmente contratada” (nova redação do item V da Súmula 
331/TST). 
 
Questão de 
concurso 
 
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c) o contratado e a Administração são solidariamente responsáveis 
pelos danos causados a terceiros, decorrentes de culpa ou dolo na 
execução do contrato; porém, caso a Administração tenha sido omissa 
na fiscalização da execução, esta responderá de forma principal, 
remanescendo a responsabilidade subsidiária do contratado. 
d) a Administração Pública sempre responde solidariamente com o 
contratado pelos encargos trabalhistas resultantes da execução do 
contrato. 
e) em caso de contratação direta, se comprovado 
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à 
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente 
público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. 
 
Essa questão aborda alguns tópicos que foram comentados na aula 
e outros que ainda não. Por isso atenção! 
O item “a” vimos na parte de fiscalização de contratos, no seguinte 
artigo: 
 
 
 
 
Veja que não é permitida a delegação a terceiros! Item errado. 
Vimos ainda que, apurada a existência de vício na execução do 
objeto, o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir 
ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do 
contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções 
resultantes da execução ou de materiais empregados (art. 69). Percebe 
que não existe a ressalva feita pelo examinador? Por isso o item “b” 
está errado. 
 Acabamos de ver que o contratado é responsável pelos danos 
causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de 
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um 
representante da Administração especialmente designado, permitida a 
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes 
a essa atribuição. 
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sua culpa ou dolo na execução do contrato. Vale lembrar que a 
fiscalização exercida pelo órgão contratante não exclui ou reduz essa 
responsabilidade (art. 70 da Lei n.º 8.666/1993). Dessa forma a 
alternativa “c” está errada. 
O contratado também é responsável pelos encargos trabalhistas, 
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do 
contrato, conforme disposto no art. 71, caput, da Lei 8.666/1993. A lei 
8.666/93 nos diz ainda: 
 
 
 
 
Por isso a alternativa “d” está errada. 
A letra “e” é cópia da lei, confira: 
 
 
 
 
 
Gabarito: Letra “e”. 
 
2.2.1. Inexecução sem culpa (teoria da imprevisão) 
A teoria da imprevisão decorre da cláusula rebus sic stantibus, 
segundo a qual as obrigações contratuais hão de ser entendidas em 
correlação com o estado das coisas ao tempo em que se contratou. Se 
houver alteração no estado das coisas, devem ser alteradas disposições 
do contrato de forma a reequilibrar as prestações. 
Caso ocorram eventos: 
(a) extraordinários; 
(b) imprevisíveis – ou previsíveis, mas de consequências 
incalculáveis; 
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e 
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, 
nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e 
edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. 
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no 
campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, 
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos 
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e 
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. 
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(c) inevitáveis; 
(d) deflagrados sem qualquer culpa do contratado; e 
(e) que causem prejuízos a ele, desequilibrando o contrato, 
deve-se promover a mudança do que originariamente 
contratado. 
Mas o que esses requisitos têm em comum, professor? Eu quero 
uma dica de memorização! 
Calma amigo, perceba que todos esses requisitos decorrem da 
noção de álea econômica que “é todo acontecimento externo ao 
contrato, estranho à vontade das partes, imprevisível e inevitável, que 
causa um desequilíbrio muito grande, tornando a execução do contrato 
excessivamente onerosa para o contratado” (DI PIETRO, 2009, p. 282). 
O contrato deve ser cumprido na medida em que mantidas as 
condições iniciais da celebração. 
A teoria da imprevisão também justifica a inexecução do contrato 
administrativo sem culpa do contratado. Nessa hipótese, o art. 79, § 
2.º, da Lei n.º 8.666/1993, prevê que ele será ressarcido dos prejuízos 
que houver sofrido e terá direito à devolução da garantia, aos 
pagamentos devidos pela Administração até a data da rescisão e ao 
valor relativo ao custo de desmobilização. 
Vale observar que essa regra deve ser aplicada em situações 
excepcionais de imprevisibilidade e inevitabilidade. 
Dentre as áleas extraordinárias, que ensejam a inexecução sem 
culpa do contrato administrativo ou o restabelecimento do seu equilíbrio 
econômico financeiro, se possível, estão: 
 Caso fortuito e força maior: a prestação não pode ser 
cumprida porque ocorre circunstância inevitável, seja de 
forma imprevisível ou de forma irresistível. Nessas hipóteses, 
há um desequilíbrio e uma das partes passa a sofrer um 
encargo extremamente oneroso. Geralmente se define caso 
fortuito como o evento decorrente da força da natureza 
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(terremotos, tempestades etc.) e força maior como um fato 
causado pela vontade humana (arrastão, greve etc.). Esse 
conceito, contudo, não é unânime. 
 Fato do príncipe: é a determinação geral imposta pelo 
Estado que influi diretamente na execução do contrato, 
onerando-o. Assim como todo elemento que enseja a 
aplicação da teoria da imprevisão, essa determinação deve 
ser inevitável e imprevisível (Ex: uma lei geral que altera o 
equilíbrio do contrato). 
 Fato da administração: ação ou omissão da Administração 
que incida direta e especificamente sobre o contrato, 
provocando desequilíbrio econômico ou inviabilizando sua 
execução. Se o contratante não libera o local da obra no 
prazo determinado, por exemplo, está-se diante de um fato 
da administração. 
Para resumir, apresentamos o seguinte quadro: 
fato do príncipe fato da 
administração 
Caso fortuito e força 
maior 
Ato geral da 
Administração 
Fato concreto da 
Administração 
Circunstância natural 
ou humana imprevista 
 
2.3. Das espécies de contratos administrativos 
Esse ponto foi previsto expressamente no edital, por isso, tem 
muitas chances de cair em seu concurso. 
Por isso, MUITA ATENÇÃO! 
2.3.1. Contratos de obras 
São aqueles cujo objeto é a realização de uma obra. O art. 6.º, I, 
da Lei n.º 8.666/1993, define obra como toda construção, reforma, 
fabricação, recuperação ou ampliação de determinado bem público, 
realizada por execução direta ou indireta. 
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Nos termos do art. 6.º, VII e VIII, há dois regimes de execução de 
obras: 
(a) direta, em que a execução é promovida pelos agentes da 
própria Administração; 
(b) indireta, em que a Administração contrata terceiros para a 
realização do objeto. Esta última modalidade de execução se subdivide 
em: 
 empreitada por preço global, em que o preço ajustado leva 
em consideração a obra como um todo; 
 empreitada por preço unitário, quando o preço leva em conta 
unidades determinadas da obra a ser realizada; 
 empreitada integral, quando a obra é contratada na sua 
integralidade, compreendendo todas as suas etapas, 
incluindo serviços e obras; e 
 tarefa, quando se ajusta mão de obra para pequenos 
trabalhos, por preço certo, com ou sem fornecimento de 
materiais (art. 6.º, VIII, “d”), independentemente de prévia 
licitação. 
Só tem sentido se falar em contrato de obras públicas no regime 
de execução indireta. 
Vamos aprofundar o tema com uma questão para o seu concurso? 
 
 
 
6. (ESAF/Procurador-DF/2007) Analise os seguintes itens e 
marque a opção correta. 
a) Dispõe a Lei n.º 8.666/93 que a licitação para a execução de 
obras e para a prestação de serviços obedecerá à seguinte sequência: 
1. projeto básico; 2. execução das obras e serviços; e 3. projeto 
executivo. 
Questão de 
concurso 
 
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b) Os contratos administrativos de que trata a Lei n.º 8.666/93 
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, 
não se aplicando aos mesmos as disposições de direito privado. 
c) Considera-se empreitada por preço global, nos termos da Lei n.º 
8.666/93, quando se contrata um empreendimento compreendendo 
todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob 
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante 
em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos 
e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e 
operacional e com as características adequadas às finalidades para que 
foi contratada. 
d) Cláusulas de privilégio ou cláusulas exorbitantes são as 
prerrogativas especiais Conferidas à Administração na relação do 
contrato administrativo em virtude de sua posição de supremacia em 
relação à parte contratada. Assim, pode a Administração, quanto aos 
contratos administrativos: modificá-los unilateralmente, rescindi-los 
unilateralmente, fiscalizar-lhes a execução, aplicar sanções e, nos casos 
de serviços essenciais, ocupar indefinidamente bens móveis, imóveis, 
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato. 
e) As obras e serviços poderão ser executados, de acordo com a 
Lei n.º 8.666/93, de forma direta ou indireta. Nesta última, poderá ser 
realizada apenas nos regimes de empreitada por preço global, 
empreitada por preço unitário, tarefa e empreitada integral. 
 
Veja que o concurso de onde foi extraída essa questão é de alta 
complexidade. Mas, já dá pra você saber, lendo este tópico, que a 
resposta correta é a letra E. 
O contrato de obra pública difere do contrato de concessão de obra 
pública, uma vez que neste o contratado é remunerado pelo usuário da 
obra e não pelo poder público. 
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Alexandrino e Paulo (2010, p. 530) observam que os traços 
distintivos entre o contrato de obra e de serviço são a predominância, 
no primeiro, do material sobre a atividade desenvolvida pelos 
trabalhadores e o caráter de continuidade da prestação do segundo. 
Para uma melhor compreensão da distinção, passa-se à análise dos 
contratos de serviços (ou de prestação de serviços). 
 
 
7. (CEPERJ – PROCON RJ – ADVOGADO -2012) Nos termos da 
lei federal que regulamenta os contratos administrativos, revela-se 
correto afirmar, quanto aos contratos de obras: 
A) O projeto executivo deve ser apresentado pelo vencedor no 
certame licitatório. 
B) Havendo etapas na obra, o particular poderá continuar 
empreendendo sem necessidade de autorização da Administração. 
C) O orçamento detalhado em planilhas que expressem a 
composição de todos os seus custos unitários deve ser apresentado 
após o resultado da licitação. 
D) Não há necessidade de previsão de recursos orçamentários que 
assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou 
serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso. 
E) É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos 
financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua origem. 
Na alternativa “a” o examinador cobrou uma exceção prevista no 
artigo 7º § 1º que assim diz: 
 
 
 
 
 
 
Art. 7º § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da 
conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às 
etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser 
desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde 
que também autorizado pela Administração. 
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Alternativa “a” errada. 
Como visto no artigo acima, cada etapa deverá ser autorizada pela 
Administração. Alternativa “b” errada. 
O orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição 
de todos os seus custos unitários, art. 7º, §2º, II. Alternativa “c” 
errada. 
Ao contrário do que afirma alternativa “d”, as obras só poderão ser 
licitadas se houver previsão de recursos orçamentários que assegurem 
o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem 
executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o 
respectivo cronograma. 
Gabarito: Letra “e” 
 
2.3.2. Contratos de serviços 
Serviço é conceituado pela lei em análise no art. 6.º, II, como toda 
atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a 
Administração. Melhor explicando, com fundamento em conceitos de 
direito civil, o serviço é uma obrigação que consiste num fazer. 
A lei distingue os serviços comuns, os quais não precisam ser 
executados por pessoas com habilitação específica, dos técnicos 
profissionais (art. 13), que exigem habilitação legal, seja através de 
curso superior específico ou de registro nos órgãos legalmente 
determinados (estudos técnicos, perícias, pareceres, assessorias, 
fiscalização, gerenciamento etc.). 
2.3.3. Serviços contínuos (duração e prorrogação dos 
contratos) 
Serviços contínuos são aqueles que atendem necessidades 
permanentes da Administração (JUSTEN FILHO, 2008, p. 669). Por 
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essa razão, esses serviços não podem sofrer solução de continuidade, 
ou seja, não podem ser interrompidos (GASPARINI, 2008, p. 704). 
Para ilustrar esse conceito, vale a transcrição do seguinte trecho do 
Acórdão 1382/2003 – 1.ª Câmara do TCU: “De natureza continuada são 
os serviços que não podem ser interrompidos, por imprescindíveis ao 
funcionamento da entidade pública que deles se vale. Enquadram-se 
nessa categoria os serviços de limpeza e de vigilância, o fornecimento 
de água e de energia elétrica, a manutenção de elevadores”. 
A Lei n.º 8.666/1993 faz menção aos serviços contínuos quando 
trata da duração dos contratos administrativos. Via de regra, a 
duração desses contratos fica adstrita à vigência dos respectivos 
créditos orçamentários (art. 57, caput). 
As exceções a essa regra geral são: 
 os projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas 
estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser 
prorrogados se houver interesse da Administração e desde 
que isso tenha sido previsto no ato convocatório; 
 a prestação de serviços a serem executados de forma 
contínua; 
 o aluguel de equipamentos e a utilização de programas de 
informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de 
até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do 
contrato; 
 as hipóteses previstas nos incisos IX (comprometimento da 
segurança nacional), XIX (compra de material de uso das 
Forças Armadas), XXVIII (produção de bens e serviços no 
País que envolvam alta complexidade tecnológica e defesa 
nacional) e XXXI (contratações visando à criação de 
ambientes especializados e cooperativos de inovação e de 
pesquisa e desenvolvimento para solução de problema 
técnico) do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por 
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até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da 
administração (redação dada pela Lei n.º 12.349/2010). 
Assim, a duração dos contratos administrativos fica adstrita à 
vigência dos respectivos créditos orçamentários, salvo quando se tratar 
de produtos contemplados nas metas do Plano Plurianual, de serviços 
contínuos e de aluguel de equipamentos e utilização de programas de 
informática. 
Isso não quer dizer que é possível a prorrogação indefinida desses 
contratos. É bom ter em mente uma regra salutar dos contratos 
administrativos: é vedada a celebração de contrato com prazo de 
vigência indeterminado (art. 57, § 3.º). 
Contudo, os contratos de prestação de serviços contínuos podem 
ser prorrogados sucessivamente, nos termos do art. 57, II, IV, §§ 2º e 
4º, da Lei nº 8.666/93, assim, expresso: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MUITA ATENÇÃO, desses dispositivos podem ser extraídos os 
seguintes requisitos para a prorrogação: (a) obtenção de preços e 
condições mais vantajosas para a Administração; (b) prorrogação, 
limitada ao total de sessenta meses, por iguais e sucessivos períodos; 
(c) a vigência do contrato ainda não pode ter expirado; (d) justificativa 
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência 
dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: 
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que 
poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com 
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, 
limitadaa sessenta meses; 
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, 
podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses 
após o início da vigência do contrato. 
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e 
previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. 
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização 
da autoridade superior, o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo 
poderá ser prorrogado por até doze meses. 
 
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por escrito do interesse na prorrogação; e (e) autorização da autoridade 
competente para celebrar o contrato. 
Veja também que é possível prorrogar o contrato de serviço 
contínuo por mais 12 (doze) meses, além dos 60 (sessenta) previstos, 
em caráter excepcional, perfazendo o contrato um total máximo de 72 
(setenta e dois) meses. 
Outra característica dos contratos administrativos cujo objeto é a 
prestação de serviços contínuos é que a sua vigência não está adstrita 
ao exercício financeiro (Orientação Normativa n.º 1 da AGU). Assim, 
como o exercício financeiro no Brasil coincide com o ano civil (art. 34 da 
Lei n.º 4.320/1964), não há necessidade de se firmar um contrato 
dessa natureza de janeiro a dezembro de um mesmo ano. 
2.3.4. Contratos de fornecimento 
São aqueles destinados à aquisição de bens móveis necessários à 
consecução dos serviços administrativos. Alexandrino e Paulo (2010, p. 
535-536) observam, com razão, que o contrato de fornecimento é o 
mesmo que o contrato de compra e venda para a Administração. 
2.3.5. Contratos de concessão 
São aqueles cujo objeto é a execução de um serviço público, a 
realização de uma obra pública ou o uso de um bem público para que o 
particular o execute, o preste ou o use nas condições previstas sem que 
a titularidade do bem público envolvido passe para o patrimônio jurídico 
do particular. 
Desse modo, observa-se que os contratos de concessão podem ser 
divididos em (a) concessão de serviços públicos, (b) de uso de bem 
público, (c) concessão de direito real de uso de bem público e (d) de 
obra pública. 
A concessão de serviço público é “o contrato administrativo pelo 
qual a Administração Pública transfere, sob condições, a execução e 
exploração de certo serviço público que lhe é privativo a um particular 
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que para isso manifeste interesse e que será remunerado 
adequadamente mediante a cobrança, dos usuários, de tarifa 
previamente por ela aprovada” (GASPARINI, 2008, p. 365). 
A concessão de uso de bem público, por sua vez, é o contrato 
cujo objeto é a utilização de bem público por particular. Pode ser 
remunerada ou gratuita, mas deve ser promovida no interesse público e 
mediante licitação (art. 2.º da Lei n.º 8.666/1993). 
Há também a concessão de direito real de uso de bem 
público, regida pelo Decreto-lei 271/1967. Na definição de Alexandrino 
e Paulo (2010, p. 538), esse instituto consiste “num contrato que 
confere ao particular um direito real resolúvel, por prazo certo ou 
indeterminado, de forma remunerada ou gratuita”. Interessante 
observar que esse contrato constitui uma exceção ao dispositivo da Lei 
n.º 8.666/1993 que veda a celebração de contrato por prazo 
indeterminado. 
Por fim, na concessão de obra pública, conforme observado 
acima, a Administração contrata a realização de uma obra pública, mas 
é o usuário da obra quem pagará pela sua execução por meio de 
tarifas. 
2.3.6. Contratos de gestão 
Esses contratos não são espécies de contratos administrativos que 
decorrem da Lei nº 8.666/93, mas do parágrafo 8.º do art. 37 da 
Constituição Federal, que assim informa: 
 
 
 
 
 
O termo contrato de gestão serve tanto para designar: 
(a) o ajuste (e não exatamente “contratos”) firmado entre a 
Administração Direta e entidades da Administração Indireta ou 
entre dois órgãos da Administração Direta; e 
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e 
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada 
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder 
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o 
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: 
 
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(b) o contrato firmado entre a Administração Direta centralizada e 
as organizações sociais. 
Nos contratos de gestão, o objetivo é “estabelecer determinadas 
metas a serem alcançadas pela entidade em troca de algum benefício 
outorgado pelo Poder Público” (DI PIETRO, 2009, p. 333). Além disso, 
com enfoque no mencionado dispositivo constitucional, esses contratos 
buscam conferir uma maior autonomia gerencial, administrativa e 
financeira de forma a gerar uma maior eficiência na administração 
pública. 
Nos termos dos Decretos 2.487/1998 e 2.488/1998, se os 
contratos de gestão forem celebrados entre autarquias e fundações 
com o respectivo Ministério Supervisor, prevendo um plano 
estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional para 
melhorar a qualidade da gestão pública (princípio da eficiência), a 
autarquia ou a fundação será qualificada como agência executiva. 
Já os contratos firmados entre a Administração Direta 
centralizada e as organizações sociais (pessoas jurídicas de direito 
privado sem fins lucrativos) não têm previsão constitucional expressa, 
mas encontram-se definidos no art. 5.º da Lei n.º 9.637/1998 como “o 
instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada 
como organização social, com vistas à formação de parceria entre as 
partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas 
relacionadas no art. 1.º”, que são as áreas de ensino, pesquisa 
científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio 
ambiente, cultura, e saúde. Os elementos essenciais do contrato de 
gestão são a especificação do programa de trabalho, a estipulação das 
metas a serem atingidas, os prazos de execução, os critérios objetivos 
de avaliação de desempenho (qualidade e produtividade) e a 
estipulação de limites para os gastos com remuneração e vantagens aos 
dirigentes e empregados das organizações sociais. 
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O STF, em sede de medida cautelar, afirmou a constitucionalidade 
da Lei n.º 9.637/1998 (ADI 1923). 
 
8. (FCC - 2012 - PGM-Joao Pessoa-PB - Procurador Municipal) 
A União Federal pretende transferir a administração de hospital

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