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TCC ABANDONO AFETIVO PARENTAL

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YARA MACIEL DE OLIVEIRA
O ABANDONO AFETIVO PARENTAL NO DIREITO CIVIL
:
A RESPONSABLIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DO ABANDONO AFETIVO PARENTAL. 
 
Cuiabá
2018
yara maciel de oliveira
O ABANDONO AFETIVO PARENTAL NO DIREITO CIVIL
:
A RESPONSABLIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DO ABANDONO AFETIVO PARENTAL. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Universidade de Cuiabá (UNIC)
 como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em 
Direito
. 
Orientador: 
Thalyta
 Rodrigues
Cuiabá
2018
YARA MACIEL DE OLIVEIRA
O ABANDONO AFETIVO PARENTAL NO DIREITO CIVIL:
A RESPONSABLIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DO ABANDONO AFETIVO PARENTAL. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Cuiabá (UNIC) como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Dedico este trabalho aos meus pais e meu marido, que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando e incentivando ao longo dessa jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade de chegar até este momento, que é tão importante na minha vida. 
Agradeço também de todo meu coração à minha família que sempre me apoiou nessa caminhada. Minha mãe, meu pai, minha irmã e ao amor, meu marido, que sempre me apoiaram, me incentivaram, acreditaram mais em mim do que eu mesma, sendo sempre meu sustento nas horas mais difíceis. 
Agradeço também a todos os meus professores, que ao longo desses 5 anos de jornada estiveram sempre me apoiando e me incentivando a me dedicar a esse curso. 
Aos meus professores de Direito Civil que me fizeram ficar apaixonada por essa matéria maravilhosa e a esse tema incrível. 
Por fim, agradeço a todos que direta e indiretamente fizeram parte da minha formação, obrigada.
OLIVEIRA, Maciel Yara. O Abandono Afetivo Parental no Direito Civil: A responsabilidade civil em decorrência do abandono afetivo parental. 2017. 29 folhas Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Universidade de Cuiabá , Cuiabá, 2017.
RESUMO
Esse presente estudo visa trazer uma análise da relação paterno-filial, bem como o abandono afetivo parental de um ou ambos os genitores da prole e sua responsabilidade no âmbito civil. Trazendo um esboço da evolução histórica da família e da sua importância no desenvolvimento social dessa criança e na crianção de seus valores e princípios. Discorrendo também sobre os danos causados a criança e na sua vida em decorrência desse abandono, sua reparação e a possibilidade civil de indenização. Tendo como base princípios como o da afetividade e da dignidade da pessoa humana, que fazem parte dos princípios fundamentais segundo a Constituição Brasileira, bem como o dever de proteção e cuidado que os pais e a sociedade devem ter para com seus filhos, também previstos na Constituição Federal, mostrando que o cuidado, além de ser um direito da criança é um dever legal. Ao longo do texto o presente trabalho discorrerá também acerca da importância da família e das relações familiares. 
Palavras-chave: Abandono Afetivo; Responsabilidade Civil; Relações Familiares; Importância da Família; Possibilidade de Indenização. .
OLIVEIRA, Maciel Yara. Parental Affectional Abandonment In Civil Law: Civil Liability for Parental Abandonment. 2017. 27 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2017.
ABSTRACT
This study aims to bring an analysis of the paternal-filial relationship, as well as the parental affective abandonment of one or both parents of the offspring and their responsibility in the civil sphere. Bringing an outline of the historical evolution of the family and its importance in the social development of this child and in the creation of its values ​​and principles. Also discussing the damages caused to the child and in his life due to this abandonment, his reparation and the civil possibility of indemnification. Based on principles such as the affectivity and dignity of the human person, which are part of the fundamental principles according to the Brazilian Constitution, as well as the duty of protection and care that parents and society should have towards their children, also provided for in Federal Constitution, showing that care, besides being a child's right, is a legal duty. Throughout the text the present work will also discuss the importance of family and family relationships.
Key-words: Affective Abandonment; Civil Responsability; Family Relationships; Importance of Family; Possibility of Compensation.
4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Desde que a Constituição Federal entrou em vigor em 1988, houve muitas mudanças no Direito de família e nas relações familiares. O conceito de família deixou de ser tradicional e passou a basear-se na convivência e nas relações afetivas. Foi introduzido o princípio da afetividade, que se encontra enraizado na Carta Magna, esse princípio é fundamental nas relações familiares e essencial para a possibilidade de reparação do abandono afetivo. Em concordância, esse presente trabalho visa abordar as mudanças ocorridas no direito de família após a Constituição Federal de 1988 e discutir o abandono afetivo nas relações familiares, o que acarreta para os envolvidos, a responsabilidade civil, o dever de indenizar e os pressupostos necessários para essa responsabilização. 
O presente trabalho mostra a importância do estudo do tema, pois o aumento da complexidade das relações pessoais contribui para o acréscimo dos conflitos familiares, com isso a responsabilidade civil no âmbito familiar é uma questão que cresce rapidamente. O Abandono afetivo se destaca pelo fato do não cumprimento do dever dos pais em relação aos seus filhos, como o dever de educar, cuidar e amar sua prole. É inaceitável que os pais se neguem a dar afeto aos filhos, e que o Estado nada faça para impedir, visto que a própria Constituição Federal, em seu artigo 227 trás esses entre os deveres da sociedade e do Estado para com a criança. É necessário que seja levantado esse debate, pois o abandono afetivo traz muitos problemas à prole envolvida, pois como veremos é na família que se desenvolvem as primeiras interações sociais, bem como a criação do seu caráter e princípios. Dessa forma, por trazer consequências negativas a vida da criança, e se tratando de um dever legal dos pais e do Estado, abre-se a discussão sobre o dever de indenizar, já que a responsabilidade civil é derivada da violação de um dos deveres jurídicos, causando danos, que se violados geram essa responsabilidade, que por sua vez deve ser reparado. 
É de suma importância levantar questões jurídicas sobre o tema. Dessa forma esse trabalho visa obter respostas para as perguntas formuladas, trazendo o tema à tona para que haja a obrigatoriedade para a questão afetiva e possibilidade legal de responsabilização para o acusado e ajuda a criança. O abandono afetivo de um dos genitores em relação ao seu filho deve ser encarado como uma omissão danosa, passível de reparação? 
O art. 3º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro elenca que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Dessa forma, se há dentro da Carta Magna artigos que nos mostram os direitos da criança e os deveres dos pais, da sociedade e do Estado para com elas, nada mais justo do que punir quem descumprir essa lei, trazendo uma reparação, assim como o ressarcimento para o filho abandonado afetivamente por um ou ambos os genitores. 
Para melhor entendimento sobre o assunto, esse trabalho se elenca em objetivos gerais e específicos sobre o tema. São eles, o objetivo geral: Analisar o abandono afetivo parental, as suas consequências no abandonado, os danos causados em decorrênciadesse abandono afetivo, sua reparação e quando devem ser indenizados. E os objetivos Específicos: Demonstrar a importância da família e das relações familiares, discorrer sobre a responsabilidade civil no abandono afetivo discorrer sobre as consequências e possibilidade de indenização no abandono afetivo. Sendo cada um desses objetivos abordados de forma detalhada e clara divididos em capítulos específicos para cada um deles. Esses objetivos estão separados por capítulos, sendo eles:
No primeiro capítulo, foi estudado a evolução histórica da família, as mudanças sofridas na formação dessa família e sua evolução ao longo dos séculos, fazendo uma breve análise sobre essas mudanças no seio familiar. Foi falado também sobre a importância do afeto e das relações familiares na vida da prole e a valorização desse afeto, por ser de suma importância do desenvolvimento social da prole.
 No segundo capitulo foi discorrido sobre a evolução histórica da responsabilidade civil, fazendo colocações sobre como ela foi trabalhada ao longo dos anos, fazendo breves apontamentos sobre sua evolução desde o famoso “olho por olho, dente por dente” até a reparação de danos que conhecemos atualmente. Trazendo também o conceito de responsabilidade e a discussão da responsabilidade civil acerca do abandono afetivo parental. 
Já no terceiro parágrafo o intuito foi debater sobre o dever de indenizar, passando pelos problemas causados à prole em decorrência do abandono sofrido, da conduta omissiva dos genitores e do valor a ser indenizado, de forma proporcional ao dano causado ao lesado, como forma de reparação ao dano sofrido.
A realização do presente artigo só foi possível graças a utilização de diferentes formas de metodologia, foram elas: a metodologia descritiva, metodologia bibliográfica, metodologia quantitativa e metodologia comparativa.
1 DO DIREITO DE FAMILIA 
1.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE FAMILIA 
Ao longo dos séculos a instituição familiar passou por incontáveis mudanças, o conceito e a formação de família de hoje é muito diferente do que era na antiguidade. Tal evolução passou por muitas fases, conforme coloca Waldir Grisard Filho (2010, p.176) “O poder familiar é um dos institutos do direito com marcante presença na história do homem civilizado. Suas origens são tão remotas que transcendem as fronteiras das culturas mais conhecidas e se encontram na aurora da humanidade mesma”. 
Em Roma o pai, denominado pater famílias, exercia poder sobre toda sua família, tomando todos os tipos de decisões sobre sua mulher, filhos, noras e assim sucessivamente. Tendo poder até mesmo de vida e morte sobre seus filhos, tendo a autoridade de vender, castigas e até condenar a morte de algum familiar. 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 31):
O pater exercia sua autoridade sobre todos os seus descendentes não emancipados, sobre a sua esposa e as mulheres casadas com manus com os seus descendentes. A família era, então simultaneamente, uma unidade econômica, religiosa, politica e jurisdicional. O ascendente comum vivo mais velho era, ao mesmo tempo, chefe politico, sacerdote e juiz. 
Com o passar do tempo a família passa a ter uma concepção mais cristã em que se é valorizada a ordem moral e a autoridade do pai passa a se dissipar e a mulher deixa de ser totalmente submissa, tendo mais autonomia no âmbito familiar. 
Foi com a publicação da Lei 4.121, de 27 de agosto de 1962 que a mulher começa a dividir o pátrio poder com o pai, segundo o art. 233 da referida lei. “O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos”. 
O Código Civil de 1916 seguiu com a ideia de que o homem que detinha o poder sobre a família, “pátrio poder”. Todavia, com o surgimento da Constituição Federal de 1988 e do seu art. 5º que ressalta que homens e mulheres são iguais, essa ideia foi extinta. Com a atualização do Código Civil de 2002 os doutrinadores finalmente mudaram a nomenclatura e o “pátrio poder” passou a ser “poder família”. 
O Direito de família brasileiro nasceu tendo como grandes influências o Direito Romano e o Direito Canônico, e após muitas mudanças sociais e culturais passou a caminhar com as próprias pernas e se transformar no Direito de família conhecido atualmente, tratando sempre do melhor interessa da criança e da família atual, sempre tratando homens e mulheres igualmente perante a lei, sem distinção de sexo. 
A frase “Os filhos são reflexos dos pais” de certa forma tem seu fundo de verdade, pois os filhos são o que recebem de seus pais. Quando a criança tem uma base de ensinamentos, carinho, dedicação, afeto e compreensão a mesma se torna um adulto mais estável emocionalmente. 
1.2. IMPORTÂNCIA DO AFETO E DAS RELAÇÕES FAMILIARES 
A família é o primeiro grupo de convívio de um individuo, sendo ela referência para qualquer criança. É dentro da família e do convívio familiar que a criança incorpora valores éticos e humanitários, molda seu caráter, vivencia experiências afetivas e recebe suas primeiras regras sociais. Ela desempenha um papel fundamental na criação dos valores e na educação formal e informal do ser humano, pois as crianças tendem a imitar e identificar os valores e atitudes transmitidos pelos pais e utiliza-los em sociedade. 
A Constituição Federal de 1988 define Família, como a base da sociedade, a mais importante instituição existente, trazendo isso em seu Art. 226, dizendo que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
É verídico que é através do convívio familiar e social que o individuo cresce, se desenvolve, cria laços, personalidade, dignidade e valores. Rolf Madaleno (2007, p.113) expõe que:
O amor que molda a estrutura psíquica da prole é construído no cotidiano dos relacionamentos e é particularmente favorecido pela unidade afetiva dos pais, sabendo-se que a separação gera para os filhos dolorosas mudanças na reconstrução afetiva dos pais.
 A criança e o adolescente não tem maturidade para entender o porquê de um abandono, tendo que conviver assim com a rejeição e indiferença daquele que deveria apenas lhe proteger e estar presente em sua vida. 
Dessa forma, Rodrigo da Cunha explica que:
É na família que o indivíduo nasce, se desenvolve, molda sua personalidade e se integra no meio social. É na família que, no curso de sua vida, o indivíduo encontra conforto, amparo e refúgio para sua sobrevivência, formação e estruturação psíquica. A criança mantém uma relação direta de dependência com aqueles que, tendo concebendo-as ou não, acolheram-na, se tornaram responsáveis pela continuação de sua existência e formação. A inserção em um núcleo familiar é importante para o desenvolvimento físico, psíquico e afetivo saudável da criança. Em geral, os responsáveis são os genitores, investidos do “poder familiar”, outrora denominado ‘pátrio poder’”.
Quando o âmbito familiar possuiu uma base forte, oferecendo afeto, carinho e atenção ao filho, este não sente e não possuiu necessidade de buscar essa aceitação em outros ambientes, como na rua, em relacionamentos abusivos, com amigos, entre outros, pois o mesmo sabe o valor que possui. 
Claudete Carvalho Canezin (2006, p. 77) ensina que:
Desenvolve-se, na pessoa, a autoestima desde que ela ainda é bebê, os cuidados e os carinhos ofertados irão mostrar a criança o quanto ela é amada. É no começo da vida humana que a criança aprende como é o mundo que a rodeia e conforme evolui é que descobre o seu valor, tendo como base o valor que os outros a atribui.
Cleber Affonso Angeluci, em seu artigo para a revista CEJ (2006, p. 48) escreve que:
A defesa da relevância do afeto, do valor do amor torna-se muito importante não somente para a vida social. Há necessidade de ruptura dos paradigmas até agora existentes, para se poder proclamar, sobre égide jurídica que o afeto é elemento relevante, a ser observadona concretização do principio da dignidade da pessoa humana. 
Ainda segundo Angeluci, o mesmo expõe que:
É na infância que surge no ser humano a mais importante e radical ocorrência no processo evolutivo, isto é, a autoconsciência. É a primeira oportunidade em que se encontra com seu eu, justamente porque no ventre materno fazia parte do “nós original” com sua mãe e, próximo aos três anos de idade, a criança toma consciência de sua liberdade, sentindo-se no relacionamento com os pais, e a si mesma como um individuo independente, capaz de opor-se a eles, se necessário. Essa notável ocorrência constitui o nascimento da pessoa no animal humano. 
1.3. A VALORIZAÇÃO DO AFETO NAS RELAÇÕES FAMILIARES 
O referido assunto se baseia no princípio da dignidade da pessoa humana e entrou no âmbito jurídico devido a grande importância que tem na estrutura familiar. A afetividade, de acordo com a lei, deve fazer parte do âmbito familiar, pois sua função é de suma importância para o desenvolvimento social da prole. Em sua obra sobre a valorização do afeto, Aline Suarez Karow elenca que o afeto está para os laços familiares assim como o sol está para o dia. Muitas vezes está encoberto, mas sabido que está lá, mesmo que esteja atrás das nuvens.
Antes a base que fundamentada as relações familiares eram as biológicas e as advindas do matrimonio, porém hoje isso já não é tão relevante visto que os laços de afeto são o fator determinante para a construção de uma família. A família atual brasileira muitas vezes não possui vínculos consanguíneos, pautando-se apenas na afetividade, pois é fato que os sentimentos decorrem da convivência, dia após dia, pautada no diálogo, compreensão e respeito.
Nesse sentido José Sebastião Oliveira (2002, p. 235) coloca que a afetividade faz com que a família seja sentida da maneira mais intensa e sincera possível. 
Prova de que a relação afetiva é a base para a construção de uma família, foi a decisão preferida pelo Tribunal de Justiça do estado do Paraná no ano de 2001, em que durante um julgamento de uma relação paterno-filial foi descoberto que não havia vinculo genético entre as partes e o tribunal declarou que reconhecia uma paternidade socioafetiva.
NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. “ADOÇÃO À BRASILEIRA”.
CONFRONTO ENTRE A VERDADE BIOLÓGICA E A SÓCIO-AFETIVA.
TUTELA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PROCEDÊNCIA.
DECISÃO REFORMADA. A ação negatória de paternidade é imprescritível,
na esteira do entendimento consagrado na Súmula 149/STF, já que a
demanda versa sobre o estado da pessoa, que é emanação do direito da
personalidade. 2. No confronto entre a verdade biológica, atestada em
exame de DNA, e a verdade sócio-afetiva, decorrente da denominada
“adoção à brasileira” (isto é, da situação de um casal ter registrado, com
outro nome, menor, como se deles filho fosse) e que perdura por quase
quarenta anos, há de prevalecer a solução que melhor tutele a dignidade
da pessoa humana. 3. A paternidade sócio-afetiva, estando baseada na
tendência de personificação do direito civil, vê a família como instrumento
de realização do ser humano; aniquilar a pessoa apelante, apagando-lhe
todo histórico de vida e condição social, em razão de aspectos formais
inerentes a irregular “adoção à brasileira”, não tutelaria a dignidade
humana, nem faria justiça ao caso concreto, mas, ao contrário, por critérios
meramente formais, proteger-se-iam as artimanhas, os ilícitos e as
negligências utilizadas em benefício próprio do apelado. (TJ/PR Apelação
Cível 108.417-9, 2ª Vara de Família, Curitiba. Apelante G.S / Apelado
A.F.S / Relator: Desembargador Acássio Cambi, julgado em 12.12.2001) 
É muito importante que seja reconhecida a importância do afeto nas relações familiares, já que a sua privação pode trazer a criança a sofrer transtornos psicológicos, distúrbios, influenciar suas relações futuras de forma negativa, prejudicar sua autoestima e tantos outros problemas graves ou não. 
O relacionamento afetivo com os pais molda direta e indiretamente a conduta do filho. Dessa forma o Direito de Família brasileiro elencou em seu artigo 1º, III da Constituição Federal a Dignidade da Pessoa humana, ao qual o princípio da Afetividade se baseia. 
2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Nos primórdios da história da humanidade, quando as pessoas se juntavam em pequenos grupos a técnica utilizada era a vingança coletiva, que nada mais era do que uma punição dada por todos os membros dessa sociedade, que consistia em exclusão do grupo ou morte para aquele que causou dano a outro componente desse grupo. 
Com o passar dos tempos, já no direito romano evoluiu-se para a vingança privada em que uma agressão era punida com outra agressão, imperava-se a Lei de Talião, o famoso “olho por olho, dente por dente”. A única intervenção do poder público da época era a para declarar como seria dada essa punição. Sobre isso, leciona Maria Helena Diniz (2011, p.27) “para coibir abusos, o poder público intervinha apenas para declarar como e quando a vítima poderia ter o direito de retaliação, produzindo na pessoa lesando o mesmo que experimentou”.
 Já na fase da composição a vingança foi substituída, finalmente, pela reparação do dano. A sociedade começou a perceber que seria mais vantajoso ser compensado pelo dano sofrido, criando-se assim o poena, que era o pagamento de certa quantia em dinheiro pelo perdão do ofendido, cessando assim a lide. 
Adiante, essa composição se torna uma prática constante e o legislador passou a vetar a justiça feita com as próprias mãos e sanciona a composição, que passa a ser tarifada. Nessa mesma época ocorreu a separação dos delitos, passando a existir os delitos públicos e os privados que possuíam como diferença apenas para quem a tarifa do dano era paga. Se o dano era contra a ordem pública a tarifa era paga aos cofres públicos, se fosse privado a multa seria paga a vítima. 
Por fim, a Lex Aquilia foi de suma importância para a criação da atual responsabilidade civil, foi ela que nos trouxe a culpabilidade como um dos fundamentos para a responsabilidade. Foi a Lex Aquilia, também, que nos apresentou ao damun injuria datum, que é o dano produzido pela injuria, seria o caso de causar danos ao patrimônio de outrem. No início apenas o dono do bem tinha direito ao pedido de reparação, com o passar dos tempos esse direito foi estendido aos detentores e os possuidores indiretos. 
Com o a evolução da sociedade os conceitos de responsabilidade foram aperfeiçoados, o direito Francês trouxe consigo princípios de suma importância para a responsabilidade civil, como o direito a reparação quando houvesse culpa, mesmo que minimamente a separação da responsabilidade civil e da responsabilidade penal e a culpa contratual no descumprimento das obrigações. 
Já pouco se sabe sobre o direito português, seus códigos eram de caráter misto, já se previa reparação pecuniária, porém não havia diferenciação da responsabilidade civil e penal, bem como não havia a diferença entre pena, multa e reparação. 
2.2. DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
O termo responsabilidade, do latim respondere, significa responder, obrigação de responder por seus próprios atos, por atos alheios ou por coisa que lhe foi confiada. Com sentido polissêmico, possui mais de um significado, tem como sinônimos dever, obrigação, incumbência, encargo, compromisso, comprometimento, e tantas outras palavras que tem como significado apenas o dever de cuidar. 
A responsabilidade civil tem como componente principal a relação entre duas pessoas e a obrigação de reparar o dano causado. Todo fato que de alguma forma trouxer prejuízo a outrem deve ser reparado, baseando-se na responsabilidade civil, pois a mesma tem como principal objetivo restaurar a harmonia e a paz social, restaurar o status quo ante. 
2.3. DA RESPONSABILIDADE CIVIL NO ABANDONO AFETIVO
 
Primeiramente, deve-se salientar que toda atividade que acarreta, de certa forma, algumprejuízo a outrem deve ser indenizada. O termo “responsabilidade” se infiltra em toda situação em que uma pessoa física ou jurídica imputa um ato danoso e deve arcar com as consequências desse ato. 
Sendo assim, a responsabilidade civil faz parte de todo ato que cause algum prejuízo a outra pessoa, abrangendo todos as normas do direito em que haja uma obrigação de responsabilidade.
A responsabilidade civil tem como componente predominante para sua existência a relação de ação e omissão de dois sujeitos de uma relação, em que haja a necessidade de reparar algum dano. 
Para Caio Mário Pereira da Silva (2001, p.11):
A responsabilidade civil consiste na efetivação da reparabilidade abstrata do dano em relação a um sujeito passivo da relação jurídica que se forma. Reparação e sujeito passivo compõem o binômio responsabilidade civil, que então se enuncia como princípio que subordina a reparação à sua incidência na pessoa do causador do dano. Não importa se o fundamento é a culpa, ou se é independentemente desta. Em qualquer circunstância, onde houver a subordinação de um sujeito passivo à determinação de um dever de ressarcimento, aí estará a responsabilidade civil.
O instituto da responsabilidade civil infiltrou-se no direito de família com o objetivo de impedir que haja a impunidade nos atos considerados ilícitos, como é o caso do abandono afetivo. 
No sistema jurídico brasileiro existem dois tipos de responsabilidade civil, a responsabilidade objetiva e a responsabilidade subjetiva. Ambas decorrem de ato ilícito havendo como única diferença a existência ou não de culpa nascendo então o dever de reparar o dano se possível for e se não for possível surge a condenação pecuniária. 
A responsabilidade civil no direito de família é um tema controverso que gera grandes discussões devido aos efeitos agregados nas relações humanas e familiares. A responsabilidade é a obrigação de apuração e reparação de um fato, seja por culpa, dolo ou por outra circunstância. O aspecto mais importante da responsabilidade civil é a possibilidade e dever de compensação, o objetivo de compensar perdas e danos sofridos e desencorajar futura repetição desse ato. 
Assim, a responsabilidade civil é uma forma de implantar medidas para obrigar uma pessoa a reparar um dano material ou moral causado a outrem de forma danosa ou culposa. 
Rui Stocco (2011, p.133) destaca que:
Não se pode deixar de entender que a responsabilidade civil é uma instituição, enquanto assecuratória de direitos, e um estuário para onde acorrem os insatisfeitos, os injustiçados e os que se danam e se prejudicam por comportamentos dos outros. É o resultado daquilo que não se comportou ou não ocorreu secundum ius. É, portanto, uma consequência e não uma obrigação original, considerando que esta constitui sempre um dever jurídico originário, enquanto a responsabilidade é um dever jurídico sucessivo ou consequente. Toda vez que alguém sofrer um detrimento qualquer, que for ofendido física ou moralmente, que for desrespeitado em seus direitos, que não obtiver tanto quanto foi avençado, certamente lançará mão da responsabilidade civil para ver-se ressarcido. A responsabilidade civil, é, portanto, a retratação de um conflito. Enfim, responsabilidade é a obrigação secundum ius, enquanto responsabilizar é fazer justiça, de sorte que no conflito entre Direito e Justiça.
Dessa maneira, ao perceber-se a ocorrência de um ato ilícito é dever do Estado repara-lo. 
No caso do abandono afetivo parental o Estado tem a obrigação de zelar pelo cuidado da criança, como é citado no artigo 227 da Constituição Federal de 1988.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Sendo assim, se um dos genitores deixar de prestar assistência à criança em qualquer hipótese é dever da sociedade, assim como do Estado assegurar á prole seus direitos, segundo o art. 229 da CF. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
A parte primeira do art. 22, da lei nº 8.069/90 exprime que “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores [...]” Para completar, o Art. 1.634 do Código Civil Brasileiro coloca no seu artigo 1.634 que “compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos dirigir-lhes a criação e a educação”;
Para completar, toda vez que alguém viola uma regra jurídica, desenvolvendo uma infração e consequentemente um dano, haverá o dever de indenizar a vítima que sofreu esse prejuízo e sofreu danos com o mesmo. 
3 DO DEVER DE INDENIZAR
3.1 DO DESENVOLVIMENTO DA PROLE
Como já visto no primeiro capitulo desse artigo de conclusão de curso, a família além de ser a base da sociedade é a base de sua prole, sendo sua principal fonte de inspiração e a base para seu desenvolvimento, sendo o principal o desenvolvimento emocional, formando suas instituições emocionais, sociais, políticas e culturais. 
Sabendo-se da extrema importância do instituto familiar na vida e desenvolvimento da criança é de suma importância ressaltar a importância que essa relação acarreta a esse indivíduo. 
Tendo em vista todo o histórico do direito civil e do direito de família, atualmente nas relações familiares se busca a realização da dignidade da pessoa humana, já que a família é o espaço para o desenvolvimento da personalidade e individualidade da prole.
Dessa forma, afirma Karow (2012, p.140):
Um imediato resultado, em especial no direito de família, é a autenticação de uma nova “funcionalidade” familiar, abandonando os objetivos tradicionais. Agora a família também é reconhecida como um espaço para que a pessoa possa desenvolver a sua personalidade, potencialidade, individualidade com respeito mútuo e dignidade não mais estando subjugada apenas aos interesses únicos e exclusivos do grupo familiar, senão também aos interesses pessoais dos membros que a compõe.
	
Para que essa criança cresça e se desenvolva de forma saudável é necessário que a mesma esteja protegida de todas as formas, pois para que essa criança cresça e se torne um adulto satisfeito ela deve ter uma infância a salvo de negligencias e abusos. 
Sobre isso leciona Madaleno (2007, p.113):
[...] mostram a lógica e o bom-senso que a criança e o adolescente precisam ser nutridos do afeto dos seus pais, representado pela proximidade física e emocional, cujos valores são fundamentais para o suporte psíquico e para a futura inserção social dos filhos. Pouco importa sejam os vínculos de ordem genética, civil ou socioafetiva, pois têm os pais a obrigação de exercerem sua função parental, essencial à formação moral e intelectual de sua prole, mesmo que um filho “só crescerá de forma saudável, através das salutares construções que importam na ausência de rupturas dos vínculos socioafetivos”.
3.2 DA CONDUTA OMISSIVA DO GENITOR 
		
Como visto no capitulo anterior, a relação da família com sua prole traz consequências para o bem e para o mal, dependendo de como essa relação é construída. Maria Isabel Pereira da Costa (2005, p.33) expõe que o atual modelo de família, centrada no afeto como elemento agregador, exige dos pais o dever de criar e educar os filhos sem que seja omitido o carinho necessário para a formação plena de sua personalidade.
Costa (2005, p. 21) ainda destaca que: 
Se o afeto passa a ser uma exigência na convivência da família contemporânea, vivam ou não os seus componentes sob o mesmo teto, oportuno é o dever de indenizar, como meio persuasão para a efetivação do direito-dever de garantir o afeto de partedos pais para os filhos como consequência inerente ao exercício do poder familiar.
O abandono afetivo ocorre em sua maioria com a separação judicial dos pais ou quando esses nunca mantiveram uma relação vivencial em comum. Porém, essa separação entre os pais não pode acarretar no abandono afetivo por um dos genitores para com a criança, pois primeiramente devesse observar o principio do melhor interesse da criança, que é uma garantia da proteção dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, como mostra o Estatuto da Criança e do adolescente em seu artigo 3º traz que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Essa falta de convivência entre os pais não pode acarretar no fim da relação familiar com a criança, mesmo que haja a constituição de uma nova família por uma das partes. 
Porém, se houver esse rompimento por parte de um dos genitores, deixando sua prole a mercê sem relação afetiva e emocional, os juristas, observando as leis existentes e os casos concretos têm colocado em prática a responsabilidade de indenização. 
Dessa forma, Madaleno (2007, p. 113) expõe que:
A omissão injustificada de qualquer dos pais no provimento das necessidades físicas e emocionais dos filhos sob o poder parental ou o seu proceder malicioso, relegando descendentes ao abandono e desprezo, tem proporcionado o sentimento jurisprudencial e doutrinário de proteção e de reparo do dano psíquico causado pela privação do afeto na formação da personalidade da pessoa.
	Ainda sobre o assunto leciona Madaleno (2007, p.113):
	
[...] mostram a lógica e o bom-senso que a criança e o adolescente precisam ser nutridos do afeto dos seus pais, representado pela proximidade física e emocional, cujos valores são fundamentais para o suporte psíquico e para a futura inserção social dos filhos. Pouco importa sejam os vínculos de ordem genética, civil ou socioafetiva, pois têm os pais a obrigação de exercerem sua função parental, essencial à formação moral e intelectual de sua prole, mesmo que um filho “só crescerá de forma saudável, através das salutares construções que importam na ausência de rupturas dos vínculos socioafetivos”.	
Há opiniões controversas sobre a responsabilidade civil no abandono afetivo, muito se ouve sobre “O amor não se compra”, “Não se pode colocar preço no amor”, o propósito da questão é que ninguém está tentando colocar preço no amor, todavia, se a falta de afeto traz consequências danosas ao desenvolvimento da criança e do adolescente como pessoa e se até a própria Constituição Federal que é a Magna Carta traz que o genitor, assim como a sociedade e o Estado tem dever prioritário em relação a sua prole, então o mais assertivo é a punição.
Todo fato, que de certa forma traga prejuízo ou dano a outrem deve ser reparado, devendo, quem causou o prejuízo, o status quo ante.
	A família não é imune à reparação dos danos, e segundo o artigo 186 do Código Civil, “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Logo, o artigo 927 do mesmo código estabelece que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo”. Sobre o mesmo assunto o artigo 187 ensina que “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
No mesmo assunto, Maria Helena Diniz (2003, p.34) expõe que:
Poder-se-á definir a responsabilidade civil como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato do próprio imputado, de pessoas por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda ou, ainda de simples imposição legal. Definição esta que guarda em sua estrutura a ideia de culpa quando se cogita a existência de ilícito e a do risco, ou seja, da responsabilidade sem culpa.
A responsabilidade civil é derivada da violação de um dos deveres jurídicos, causando danos, que se violados geram essa responsabilidade, que por sua vez deve ser reparado. 
3.3. DO VALOR DA INDENIZAÇÃO
Mesmo existindo o dever de indenizar no caso concreto, é necessária uma indenização pecuniária de valor proporcional ao dano causada, para que não haja vantagem patrimonial em benefício da vítima e desfavor do responsável. 
Dessa forma o jurista depara-se com a complexidade do caso, tendo que levar em conta critérios definidos e uniformes para cada caso, levando em conta o dano que foi causado ao menor pelo abandono afetivo de um dos pais. 
Nesse sentido, declara Augustinho Alvim (1972, p. 199):
“É certo que a maior ou menor gravidade da falta não influi sobre a indenização, a qual só se medirá pela extensão do dano causado. A lei não olha para o causador do prejuízo a fim de medir-lhe o grau de culpa e, sim, para o dano, a fim de avaliar-lhe a extensão.”
Assim, como salienta Alvim, em regra utiliza-se a reparação integral levando em conta a extensão do dano causado ao menor, todavia, há algumas situações extraordinárias em que o magistrado pondera também o grau de culpa do responsável. 
Sobre o assunto, Maria Celina de Bodin (2006, p. 334), explica que:
“Enfim, o magistrado deve justificar detalhadamente a sua decisão, especificamente no que diz respeito à determinação da verba indenizatória. A decisão precisa será adequadamente motivada, para que, tanto quanto possível, se reduza o alto nível de subjetivismo constante das decisões judiciais que hoje se vem proferindo em matéria de dano moral. Motivação, sublinhe-se, especificamente, do quantum debeatur. Só a sua fundamentação lógico-racional permitirá que se construa um sistema de indenização justo, do ponto de vista da cultura do nosso país e do nosso tempo.”
É visto então, que ao aplicar a sansão, deve-se ser observados a gravidade do dano, as circunstancias do caso e o grau de culpa do responsável. Todavia, para que seja aplicada a sansão e fixada a indenização é necessário que se comprove, mediante pericia a extensão dos danos causados, realizando-se um dialogo com um psicólogo, para que este possa determinar a repercussão do caso. Explica Groeninga (2005, p. 416) que:
Como foi expresso anteriormente, não é suficiente a falta da figura paterna para caracterizar o pedido de danos morais por abandono afetivo. É necessária a caracterização do abandono, da rejeição e dos danos à personalidade. As perícias devem levantar, por meio de metodologia própria, a extensão dos danos sofridos em função da falta da figura paterna. Devem também estabelecer a finalidade da ação para quem demanda, esclarecendo seu significado e sua importância simbólica para o desenvolvimento psíquico e para a adaptação social.
	
Conclui-se, portanto, que a compensação pecuniária não tem como o objetivo auferir vantagem a vítima, e sim, uma medida educativa ao responsável pelo dano, para que seja aplicada uma sansão ao genitor.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nos primórdios a família brasileira era baseada no poder patriarcal, onde o chefe da casa, no caso o pai, decidia o que era melhor para toda família. Com o passar dos anos a família e o conceito família sofreu uma evolução considerável até chegar ao que conhecemos hoje como a família atual, que busca a realização individual para constituir o todo, formando-se o ente familiar. 
Com essa evolução passou-se a olhar a prole, a criança que dentre todos no seio familiar é o ser mais indefeso e que mais precisa de cuidados por parte de todos, inclusive do Estado. Dessa forma essa criança passou a ser protegida para garantir, conforme o que manda a constituição,sua dignidade, conforto, segurança, carinho e tudo que segundo a Carta Magna é essencial para o correto desenvolvimento da mesma. 
Do mesmo modo, havendo uma ofensa, um desrespeito ao direito dessa criança a Constituição brasileira, juntamente com o Código Civil prevê uma sanção, devendo o infrator ser condenado a reparar a ofensa, e se essa for irreparável deve o mesmo pagar uma pecúnia ao ofendido. Para que haja essa responsabilização do genitor, deve ficar claro se houve o dano e de que forma a prole foi prejudicada e a que nível. 
Tudo isso visa apenas reparar de alguma forma o dano sofrido pelo menor incapaz por aqueles que deveriam apenas garantir seu bem estar e segurança. Dando a esse ofendido o poder de reparar o dano sofrido por ele em virtude do abandono. 
		
REFERÊNCIAS
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BRASIL, Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Publicado no Diário Oficial da União em 11 de janeiro de 2002 
CANEZIN, Claudete Carvalho. Da reparação do Dani existencial ao filho decorrente do abandono paterno filial, 2006, p. 77.
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. Vol.7. 17°ed. São Paulo: Saraiva. 2003, p.34.
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. V.6 – 11. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014
GRISARD FILHO, Waldir. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal. 5 ed. Ver. E atual. São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 2010. p.176;
GROENINGA, Giselle. Descumprimento do dever de convivência: danos morais por abandono afetivo. A interdisciplina sintoniza o direito de família com o direito à família. In: HIRONAKA, Gisela Maria Fernandes Novaes (Coord.). A outra face do Poder Judiciário. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. p. 416.
KAROW, Aline B. S. Abandono afetivo: valorização jurídica do afeto nas relações paterno-filiais. Curitiba: Juruá Editora, 2012. P. 26.
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MILHORANZA, Mariângela Guerreiro (Coord.). Atualidades do Direito de Família e Sucessões. Sapucaia do Sul: Notadez, 2008, p. 275.
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OLIVEIRA, José Sebastião. Fundamentos constitucionais do direito de família, p. 235
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TJ/PR Apelação Cível 108.417-9, 2ª Vara de Família, Curitiba. Apelante G.S / Apelado A.F.S / Relator: Desembargador Acássio Cambi, julgado em 12.12.2001

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