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SINALIZAÇÃO CELULAR A comunicação intracelular alcançou um nível de complexidade surpreendente durante a evolução dos organismos multicelulares. Os sistemas complexos de comunicação intracelular evoluíram para permitir a colaboração e a coordenação de diferentes tipos de células e tecidos, eles controlam todas as características concebíveis da função das celular e dos tecidos durante o desenvolvimento e no individuo adulto. A comunicação entre as células em organismos multicelulares é mediada, principalmente, por moléculas de sinalização extracelular. Algumas delas atuam a longas distâncias, sinalizando para células distantes, outras sinalizam apenas para células vizinhas. A maioria das células em um organismo multicelular emite e recebe sinais. A recepção de sinais depende das proteínas receptoras, geralmente (mas nem sempre) localizadas na superfície celular, às quais as moléculas de sinalização se ligam. A ligação ativa o receptor, o qual, por sua vez, ativa uma ou mais vias ou sistemas de sinalização intracelular. Esses sistemas dependem de proteínas sinalizadoras intracelulares, que processam o sinal dentro da célula receptora e o distribuem para os alvos intracelulares apropriados. Os alvos localizados na porção final das vias de sinalização geralmente são denominados de proteínas efetoras, as quais são de alguma forma, alteradas pelo sinal recebido e implementam a alteração adequada no comportamento celular. Dependendo do sinal, do tipo e do estado da célula que o recebe, esses efetores podem ser reguladores de transcrição (altera a expressão gênica), canais iônicos, componentes de uma via metabólica (altera o metabolismo) ou parte do citoesqueleto (altera a forma celular ou o movimento). A sinalização dependente do contato ocorre porque muitas moléculas de sinalização extracelulares permanecem ligadas à superfície das células e influenciam somente as células que estabelecem contato. É importante, especialmente, durante o desenvolvimento e na resposta imune. Às vezes pode atuar em distâncias relativamente longas se as células que se comunicam estenderem longos prolongamentos finos para fazer contato umas com as outras. A sinalização parácrina ocorre quando as células sinalizadoras secretam moléculas para o fluido extracelular (as moléculas secretadas são mediadores locais que atuam somente sobre as células no ambiente da célula sinalizadora). Geralmente a célula sinalizadora e a célula alvo são de tipos celulares diferentes; Ás vezes elas podem produzir sinais aos quais elas mesmo respondem, denominando-se sinalização autócrina (como as células cancerosas que produzem sinais extracelulares que estimulam sua própria sobrevivência e proliferação). A sinalização sináptica é realizada por neurônios que transmitem sinais elétricos (que são estimulados por outras células nervosas) ao longo de seus axônios (que são longos prolongamentos) e liberam neurotransmissores (secreção de sinais químicos) nas sinapses (contato com a célula-alvo), que frequentemente estão localizadas longe do corpo celular neural. A sinalização endócrina ocorre quando as células endócrinas, que secretam suas moléculas sinalizadoras (chamadas de hormônios) na corrente sanguínea, que se encarrega de transportar essas moléculas sinalizadoras por todo o corpo, permitindo que atuem sobre as células- alvo que podem estar em qualquer lugar do corpo. Independentemente da natureza do sinal, a célula-alvo responde por meio de um receptor, ao qual a molécula de sinalização se liga, iniciando uma resposta na célula-alvo. O sítio de ligação do receptor possui uma estrutura complexa que é organizada para reconhecer, com alta especificidade, a molécula de sinalização, ajudando a assegurar que o receptor responda ao sinal adequado e não ás muitas moléculas sinalizadoras presentes no ambiente da célula. Na maioria dos casos os receptores são proteínas transmembrana expostas na superfície da célula-alvo. Ao se ligarem a uma molécula de sinalização extracelular, esses receptores são ativados e geram uma cascata de sinais intracelulares, que alteram o comportamento da célula. Em outros casos os receptores proteicos são intracelulares, e a molécula de sinalização tem que penetrar na célula-alvo para se ligar a eles. Isso requer que a molécula de sinalização seja suficientemente pequena e hidrofóbica para que possa se difundir através da membrana plasmática. Uma célula típica em um organismo multicelular está exposta a centenas de moléculas de sinalização diferentes em seu ambiente. A célula responde a essa gama de sinais de modo seletivo, em grande parte por expressar somente aqueles receptores e sistemas de sinalização intracelular que respondem aos sinais que são necessários para a regulação dessa célula. A maioria das células responde a muitos sinais diferentes do ambiente, e alguns deles podem influenciar a reposta a outros sinais. Um dos grandes desafios da biologia celular consiste em determinar como uma célula integra todas as essas informações para tomar suas decisões. Muitas células, por exemplo, exigem uma combinação especifica de fatores extracelulares de sobrevivência para permitir que continuem vivas; uma vez privadas desses sinais, as células ativam um programa suicida e se matam (normalmente por apoptose – forma de morte celular programada-). Uma molécula de sinalização normalmente tem diferentes efeitos sobre diferentes células-alvo. O neurotransmissor acetilcolina, por exemplo, diminui a velocidade do potencial de ação das células cardíacas e estimula a produção de saliva pelas glândulas salivares apesar dos receptores em ambas as células serem os mesmos. No musculo esquelético, a acetilcolina causa a contração das células por se ligar a uma proteína receptora diferente. Os diferentes efeitos aqui se devem a diferença nas proteínas de sinalização intracelular, proteínas efetoras e genes que são ativados. A maioria das moléculas de sinalização extracelular se liga a receptores específicos na superfície das células-alvo e não entra no citosol ou no núcleo. Esses receptores funcionam como transdutores de sinal, e convertem um evento extracelular de interação com o ligante em sinais intracelulares que alteram o comportamento da célula-alvo. A maioria das proteínas receptoras de superfície celular pertence a três classes, definidas por seus mecanismos de transdução: 1- Receptores acoplados a canais iônico estão envolvidos na sinalização sináptica rápida entre células nervosas e outras células-alvo eletricamente excitáveis (como neurônios e células musculares); É mediado por um pequeno numero de neurotransmissores que abrem ou fecham temporariamente um canal iônico formado pela proteína a qual se ligam, alterando por um curto espaço de tempo a permeabilidade da membrana plasmática aos íons e, dessa forma, alterando a excitabilidade da célula-alvo pós-sináptica. 2- Receptores acoplados à proteína G atuam indiretamente na regulação da atividade de uma proteína-alvo ligada à membrana plasmática, que pode ser tanto uma enzima quanto um canal iônico. A interação entre o receptor e essa proteína-alvo é mediada por uma terceira proteína, a GTP (proteína G / proteína trimérica de ligação). A ativação da proteína- alvo altera a concentração de uma ou mais moléculas sinalizadoras intracelulares pequenas (se a proteína-alvo for uma enzima) ou altera a permeabilidade da membrana plasmática aos íons(se a proteína-alvo for um canal iônico). As pequenas moléculas sinalizadoras intracelulares afetadas, por sua vez, alteram o comportamento de outras proteínas de sinalização celular. 3- Receptores acoplados a enzimas quando ativados, funcionam como enzimas, ou estão associados diretamente a enzimas ativadas por eles. Numerosas moléculas sinalizadoras intracelulares transmitem no interior da célula sinais recebidos pelos receptores de superfície celular. A cadeia de eventos de sinalização intracelular resultante altera proteínas-alvo que serão responsáveis pela modificação do comportamento da célula (enquanto que os sinais extracelulares alteram na conformação do receptor de membrana). Algumas moléculas sinalizadoras intracelulares são substancias químicas pequenas chamadas de segundos mensageiros (os primeiros são os sinais extracelulares). Eles são gerados em grande quantidade em resposta á ativação do receptor e se difundem rapidamente dentro da célula e, portanto, são muito efetivas na propagação do sinal. A maioria das moléculas sinalizadoras intracelulares são proteínas que auxiliam na transmissão do sinal pela geração dos segundos mensageiros ou pela ativação da proteína seguinte na via sinalizadora ou efetora. Muitas dessas proteínas se comportam como comutadores moleculares (quando recebem um sinal passam do estado inativo para ativo, até que outro processo as inative, retornando-as ao seu estado original). Segundo mensageiro: pequena molécula formada ou liberada para a matriz celular em resposta a um sinal extracelular e que auxilia na condução deste sinal para o interior da célula. Exemplos incluem o AMPc, IP3 e Ca2+.
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