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PROVAS ILICITAS E O PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE

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PROVAS ILICIATAS, E O PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE 
 Nosso Direito Penal convencional já não é mais o mesmo, sim, pois, como tudo no mundo ele também está ficando ultrapassado em seus aspectos, isso se deve a tão famosa Globalização. Sim, o nosso Direito Penal hoje é bastante limitado, o seu estado de origem não lhe dá alternativas compatíveis para o desenvolvimento de suas funções, com isso a intervenção é sempre necessária e de caráter urgente.
 A globalização é uma grande mudança para todos e um grande avanço em todos os sentidos, mas nesse caso ela tem contribuído para as relações entre os povos e os Estado Soberano, claro que, também há um grande avanço nos meios de comunicação, troca de informações, transportes etc.
 Não podemos esquecer que, nem tudo é só flores, pois em contrapartida nesse caminho tem o lado negativo, no que diz respeito nossa discussão, junto à globalização vem à internacionalização do crime, facilitando todo o seu intercâmbio.
 Mas não poderíamos dizer que, essa globalização seria a única razão do aumento da criminalidade internacional, não, não chegaria a tanto, mas não podemos negar que, tecnicamente falando, os avanços nas áreas de telecomunicações, internet, e principalmente no tráfego internacional aéreo, que juntamente com o comércio internacional, a circulação de pessoas e mercadorias dentre outros, tem por finalidade facilitar o crescimento dos crimes entre as fronteiras. A isso podemos chamar de Criminalidade Transnacional.
 Podemos também dizer que, com essa globalização a tecnologia veio como o “salvador da pátria”, para várias funções e facilidades para a vida moderna. Mas com o passar dos tempos essa mesma globalização, fez com que barreiras comercias fossem bastante reduzidas.
 No trâmite processual da lei, para que a mesma tenha validade no país, tem-se que passar por todo um processo de discussão e legislação assumindo assim como é falado de sentido estrito, que se diz quando a Lei passa por todos as fases até ser promulgada e ter validade no território nacional.
 Em todo lugar assim como em qualquer país existem valores, que trazem regras que dão origem as normas, ou seja, leis de um país, em nossa Constituição de 1988 temos no inciso I no Art. 1º. Dos Princípios Fundamentais que diz:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
[...]
 Para um país ter sua Soberania, ele tem que ter suas próprias leis, e as mesmas são criadas e aprovadas pelos representantes escolhidos pelo povo, e é claro, sendo soberano, não aceita interposições políticas, econômicas, etc., de nenhum Estado em seu território nacional, tanto em tempos de guerra quando de paz.
 Com isso houve a necessidade de integração de países diferentes, ou o que chamamos de Tratado Internacional, que automaticamente criariam regras e leis penais a serem cumpridas, uma vez que, a partir dali haveria a necessidade de se manter o controle dentro de cada espaço, e o que se poderia fazer no caso de necessidade de se tomar qualquer decisão mediante a acontecimentos concretos.
 Em razão disso podemos falar em lei processual penal no tempo e no espaço, neste a lei é regulada de acordo com o princípio da territorialidade, assim como explicita o artigo 1º do CPP, quando diz que a lei é aplicada “em todo território nacional”. Logo, podemos dizer que sua eficácia será em território nacional, o CPP será responsável por regular todos os processos que forem desenvolvidos em território brasileiro, as infrações aqui cometidas.
 Não nos esquecemos que no artigo 1º, inciso I, fala-se em uma exceção, ou seja, no caso de tratados e convenções internacionais adotadas pelo Brasil, essa lei não poderá ser aplicada, e naquele, “Tradicionalmente, a doutrina entende que, em relação ao Direito Penal, vige a ideia de que a lei penal mais gravosa não retroage, mas apenas a lei penal mais benéfica. Leva-se em consideração o tempus delicti, ou seja, aplica-se a pena em vigor a época do delito”. (PORTO. 2018. Pg. 46).
 Em razão disso e em decorrência do adiantado da globalização, é que falamos sobre a necessidade de criar tribunais dos quais possam ter tratados com países que, uma vez ratificados possam ter validade tanto no tempo quanto no espaço. Todo país pode fazer parte do Tribunal Penal Internacional, vejamos o que diz o autor sobre a finalidade do TPI: “a finalidade de possibilitar de forma permanente o alcance da jurisdição internacional criminal sobre todas as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance que extrapole o âmbito meramente interno dos estados nacionais” (TÁVORA, 2014, pg. 1375). É uma instituição independente, sediado em na Haia, Holanda, veio para consolidar o direito Penal Internacional como sistema de Direito Penal da comunidade internacional.
 E ao participar de tratados, convenções ou qualquer outro tipo de regra de Direito Internacional, o Brasil passa a não cumprir a sua própria regra processual, assim sendo, os diplomatas por possuir imunidade, mesmo que cometa um crime no Brasil, não será aplicada a lei penal nem a jurisdição brasileira, mas sim a lei penal e processual penal do seu país de origem, pois subordinado à jurisdição do país ao qual representa, sendo lá processado e julgado.
 Isso de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 103/64 e ratificada e promulgada pelo Decreto nº. 56.435/65, em seu (Decreto nº 56435/65), (PORTO. 2018, pag. 49).  E também resguardado no artigo 5º do nosso Código Penal.
 A respeito de mandado de prisão, podemos dizer que não há como um pais pedir mandado de prisão, a não ser nos casos em que há permissão na legislação do país para que tal medida seja tomada.
 Como já dito anteriormente, é por essa razão que foi criado o chamado Tribunal Penal Internacional, a partir do Estatuto de Roma de 2002, e em consequência deste, foi criada umaCorte Penal Internacional permanente e independente que julga pessoas acusadas de crimes do mais sério interesse internacional, como os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e os genocídios. Define melhor e com o poder da palavra o autor:
“[...] O Tribunal Penal Internacional é concebido para julgar e punir indivíduos, não Estado. Crimes contra o Direito Internacional são cometidos por homens, não por entidades abstratas, e apenas punindo os indivíduos que cometeram tais crimes poderão as leis internacionais serem respeitadas. ” (Fausto Fauzi Choukr (2000, p. 163) *
 Todo é qualquer país pode fazer parte do TPI, (o Brasil faz parte desde 07/02/2000) depois que é feita todo o trâmite, de Convenções, pactos e tratados, para com sua assistência cuidar de casos de justiça de última instância, geralmente é no tocante de Direitos Humanos que o TPI é mais invocado.
 Diante disso, o nosso o atual Direito Penal tem ainda como desafios, além da globalização, os seus conceitos econômicos, políticos e os chamados técnicos. É sabido que a criminalidade tanto a nacional quanto a internacional, são causadas pelo manejo econômico indevido, de alguns ou das maiorias dos Estados, a falta de organização econômica e a má distribuição, é que acaba por agilizar ou estimular essa “modalidade” de crime.
  Não nos esquecemos da lavagem de dinheiro, as tecnologias bancarias, as transações são feitas em um clicar de dedos, com isso milhões são transferidos de um país para outro sem serem notados brevemente, no caso da fiscalização em portos, mercadorias são liberadas sem se saber a procedência. E o mais comum dos problemas, é a falta de controle de tráfico, seja ele do que for, pessoas, armas, órgãos e até mesmo drogas, trazendo grandes prejuízos aos Estados.Politicamente falando o maior inimigo é mesmo a falta de fiscalização, pois com a expansão dos limites territoriais, o controle no que diz respeito principalmente às fronteiras, fica bem mais complicado, uma vez que, as organizações criminosas que antes atenuavam somente em seu próprio território, com a globalização ganharam o mundo, transpassando as fronteiras e desbravando novos horizontes.
Abraços
Ivani
 
 
 
Referencias:
	 
	 
*BEZERRA. Roberta Sara Riotinto, Possíveis Conflitos Entre O Tribunal Penal Internacional E A Constituição Federal Brasileira - Tribunal de Justiça do Estado do Ceará Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará. Fortaleza, 2017. Disponível em: https://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/709/1/Poss%C3%ADveis%20conflitos%20entre%20o%20Tribunal%20Penal%20Internacional%20e%20a%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20Federal%20Brasileira.pdfAcesso em agosto de 2018.
BENIGNO. Nunes Novo, O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62344/o-tribunal-penal-internacional. Acesso em: julho de 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: agosto de 2018.
BRASIL. Decreto Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código do Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm Acesso em: agosto de 2018.
BRASIL. DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm Acesso em agosto de 2018.
Limites do direito penal – princípios e desafios do novo programa de pesquisa em direito penal no Instituto Max-Planck de direito penal estrangeiro e internacional*  Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1808-24322008000100012&script=sci_arttext Acesso em: julho de 2018.
PACHECO, Eliana Descovi. Princípios norteadores do Direito Processual Penal. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 40, abr 2007. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3913&revista_caderno=22>. Acesso em jul 2018.
PORTO, Alcides Marques, O Fundamento da Existência do Processo Penal, Teoria Geral do Processo Penal, Unidade I, pg. 46 - American College of Brazilian Studies, 3º. Trimestre de 2018.
TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 9ª ed. Juspodvm, 2014, p. 1375.

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