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Funções da Linguagem e Comunicação

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Funções da Linguagem e 
Comunicação 
 
As funções da linguagem apontam o direcionamento da mensagem 
para um ou mais elementos do circuito da comunicação. 
Qualquer produção discursiva, linguística (oral ou escrita) ou 
extralinguística (pintura, música, fotografia, propaganda, cinema, 
teatro etc.) apresenta funções da linguagem. 
 
Elementos da comunicação 
Ao elaborarmos uma redação, precisamos ter em mente que estamos 
escrevendo para alguém. Enquanto a redação literária destina-se à 
publicação em jornal, livro ou revista, e seu público é geralmente 
heterogêneo, a redação para vestibular tem em vista selecionar os 
candidatos cuja habilidade discursiva toma-os aptos a ingressar na 
vida acadêmica. 
Seja um texto literário ou escolar, a redação sempre apresenta 
alguém que o escreve, o emissor, e alguém que o lê, o receptor. O 
que o emissor escreve é a mensagem. O elemento que conduz o 
discurso para o receptor é o canal (no nosso caso, o canal é o 
papel). Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos ou raciocínios que 
o emissor expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente. 
A língua que o emissor utiliza (no nosso caso, obrigatoriamente, a 
língua portuguesa) constitui o código. 
Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, 
em um código comum, uma mensagem, que se reporta a um 
contexto ou referente. 
Nesse mecanismo, temos: 
Num CONTEXTO, 
o EMISSOR (codificador) elabora uma MENSAGEM, 
através de um CÓDIGO, 
veiculada por um CANAL 
para um RECEPTOR (decodificador). 
 
Funções da linguagem 
A ênfase num elemento do circuito de comunicação determina a 
função de linguagem que lhe corresponde: 
ELEMENTO FUNÇÃO 
contexto → referencial 
 emissor → emotiva 
 receptor → conativa 
 canal → fática 
 mensagem → poética 
 código → metalingüística 
Cada um desses seis elementos determina uma função de linguagem. 
Raramente se encontram mensagens em que haja apenas uma; na 
maioria das vezes o que ocorre é uma hierarquia de funções em que 
predomina ora uma, ora outra. Observe este trecho: 
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os 
dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor 
velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, 
enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em 
dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, 
vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de 
ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, 
reflexos no espelho (infiel) do dicionário. 
(Carlos Drummond de Andrade) 
No exemplo acima, predomina a função metalingüística (volta-se para 
a própria produção discursiva) e a poética (produz efeito estético 
através da linguagem metafórica); porém, menos evidentes, 
aparecem as funções referencial (evidencia o assunto) e emotiva 
(revela emoções do emissor). 
A classificação das funções da linguagem depende das relações 
estabelecidas entre elas e os elementos do circuito da comunicação. 
Esquematicamente, temos: 
 
 
Função referencial ou denotativa 
Certamente a mais comum e mais usada no dia-adia, a função 
referencial ou informativa, também chamada denotativa ou 
cognitiva, privilegia o contexto. Ela evidencia o assunto, o 
objeto, os fatos, os juízos. É a linguagem da comunicação. Faz 
referência a um contexto, ou seja, a uma informação sem qualquer 
envolvimento de quem a produz ou de quem a recebe. Não há 
preocupação com estilo; sua intenção é unicamente informar. E a 
linguagem das redações escolares, principalmente das 
.dissertações, das narrações não- fictícias e das descrições 
objetivas. Caracteriza também o discurso científico, o 
jornalístico e a correspondência comercial. Exemplo: 
Todo brasileiro tem direito à aposentadoria. Mas nem todos têm 
direitos iguais. Um milhão e meio de funcionários públicos, 
aposentados por regimes especiais, consomem mais recursos do que 
os quinze milhões de trabalhadores aposentados pelo INSS. Enquanto 
a média dos benefícios aos aposentados do INSS é de 2,1 salários 
mínimos, nos regimes especiais tem gente que ganha mais de 100 
salários mínimos. 
(Programa Nacional de Desestatização) 
 
Função emotiva ou expressiva 
Quando há ênfase no emissor (lª pessoa) e na expressão direta 
de suas emoções e atitudes, temos a função emotiva, também 
chamada expressiva ou de exteriorização psíquica. Ela é 
lingüisticamente representada por interjeições, adjetivos, signos de 
pontuação (tais como exclamações, reticências) e agressão verbal 
(insultos, termos de baixo calão), que representam a marca subjetiva 
de quem fala. Exemplo: 
Oh? como és linda, mulher que passas 
Que me sacias e suplicias 
Dentro das noites, dentro dos dias? 
(Vinícius de Moraes) 
Observe que em “Luís, você é mesmo um burro!”, a frase perde seu 
caráter informativo (já que Luís não é uma pessoa transformada em 
animal) e enfatiza o emotivo, pois revela o estado emocional do 
emissor.. 
As canções populares amorosas, as novelas e qualquer expressão 
artística que deixe transparecer o estado emocional do emissor 
também pertencem à função emotiva. Exemplos: 
E aí me dá uma inveja dessa gente... 
(Chico Buarque) 
Não adianta nem tentar 
Me esquecer 
Durante muito tempo em sua vida 
Eu vou viver 
(Roberto Carlos & Erasmo Carlos) 
Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera ficar horas sentada 
fl1mando, apenas sendo. Ser às vezes sangra. Mas não há como não 
sangrar pois é no sangue que sinto a primavera. Dói. A primavera me 
dá coisas. Dá do que viver E sinto que um dia na primavera é que 
vou morrer De amor pungente e coração enfraquecido. 
(Clarice Lispector) 
 
Função conativa ou de apelo 
A função conativa é aquela que busca mobilizar a atenção do 
receptor, produzindo um apelo ou uma ordem. Pode ser volitiva, 
revelando assim uma vontade (“Por favor, eu gostaria que você se 
retirasse.”), ou imperativa, que é a característica fundamental da 
propaganda. Encontra no vocativo e no imperativo sua expressão 
gramatical mais autêntica. Exemplos: 
Antônio, venha cá! 
Compre um e leve três. 
Beba Coca-Cola. 
Se o terreno é difícil, use uma solução inteligente: 
Mercedes-Benz. 
 
Função fática 
Se a ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para 
manter a conexão entre os falantes, temos a função fática. Nas 
fórmulas ritualizadas da comunicação, os recursos fáticos são 
comuns. Exemplos: 
Bom-dia! 
Oi, tudo bem? 
Ah, é! 
Huin... hum... 
Alô, quem fala? 
Hã, o quê? 
Observe os recursos fáticos que, embora característicos da 
linguagem oral, ganham expressividade na música: 
Alô, alô marciano 
Aqui quem fala é da Terra. 
(Rita Lee & Roberto de Carvalho) 
Blá, Blá, Blá, Blá, Blá 
Blá, Blá, Blá, Blá 
Ti, Ti, Ti, Ti, Ti, 
Ti, Ti, Ti, Ti 
Tá tudo muito bom, bom! 
Tá tudo muito bem, bem! 
(Evandro Mesquita) 
Atente para o fato de que o uso excessivo dos recursos fáticos 
denota carência vocabular, já que des 
 titui a mensagem de carga semântica, mantendo apenas a 
comunicação, sem traduzir informação. Exemplo: 
— Você gostou dos contos de Machado? 
— Só, meu. Valeu. 
 
Função metalinguística 
A função metalinguística visa à tradução do código ou à 
elaboração do discurso, seja ele linguístico (a escrita ou a 
oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura, 
gestualidade etc. — chamados códigos complexos). Assim, é a 
mensagem que fala de sua própria produção discursiva. Um livro 
convertido em filme apresenta um processo de metalinguagem, uma 
pintura que mostra o próprioartista executando a tela, um poema 
que fala do ato de escrever, um conto ou romance que discorre sobre 
a própria linguagem etc. são igualmente metalingüísticos. O 
dicionário é metalingüístico por excelência. Exemplos: 
— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu Paulo. 
A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar 
palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, 
ninguém me lia. 
(Graciliano Ramos) 
Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a 
manhã. 
(Carlos Drummond de Andrade) 
 
A palavra é o homem mesmo, Estamos feitos de palavras. Elas são a 
única realidade ou, ao menos, o único testemunho de nossa 
realidade. 
(Octávio Paz) 
“Anuncie seu produto: a propaganda é a arma do negócio.” Nesse 
exemplo, temos a função metalingüística (a propaganda fala do ato 
de anunciar), a conativa (a expressão aliciante do verbo anunciar no 
imperativo) e a poética (na renovação de um clichê, conferindo-lhe 
um efeito especial). 
 
Função poética 
Quando a mensagem se volta para seu processo de 
estruturação, para os seus próprios constituintes, tendo em vista 
produzir um efeito estético, através de desvios da norma ou de 
combinatórias inovadoras da linguagem, temos a função poética, que 
pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na 
fotografia, na música, no teatro, no cinema, na pintura, enfim, em 
qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira especial 
de elaborar o código, de trabalhar a palavra. Exemplos: 
Que não há forma de pensar ou crer 
De imaginar sonhar ou de sentir 
Nem rasgo de loucura 
Que ouse pôr a alma humana frente a frente 
Com isso que uma vez visto e sentido 
Me mudou, qual ao universo o sol 
Falhasse súbito, sem duração 
No acabar.. 
(Fernando Pessoa) 
Observe, entretanto, que o discurso desviatório necessita de um 
contexto para produzir sensação estética, como no poema abaixo, 
cujo nonsense é altamente poético no contexto de Alice no País das 
Maravilhas: 
Pois então tu mataste o Jaguadarte! 
Vem aos meus braços, homenino meu! 
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte! 
Ele se ria jubileu. 
Era briluz. As lesmolisas touvas 
Roldavam e relvian nos gramilvos. 
Estavam mimsicais as pintalouvas 
E os momirratos davam grilvos. 
(Lewis Carrol, traduzido por Augusto de Campos.) 
Níveis da Linguagem 
 
 
A língua e os níveis da linguagem pertence a todos os membros 
de uma comunidade e é uma entidade viva em constante mutação. 
Novas palavras são criadas ou assimiladas de outras línguas, à 
medida que surgem novos hábitos, objetos e conhecimentos. Os 
dicionários vão incorporando esses novos vocábulos (neologismos), 
quando consagrados pelo uso. Atualmente, os veículos de 
comunicação audiovisual, especialmente os computadores e a 
internet, têm sido fonte de incontáveis neologismos — alguns 
necessários, porque não havia equivalentes em Português; outros 
dispensáveis, porque duplicam palavras existentes na linguagem. O 
único critério para sua integração na língua é, porém, o seu emprego 
constante por um número considerável de usuários. 
De fato, quem determina as transformações lingüísticas e os níveis de 
linguagem é o conjunto de usuários, independentemente de quem 
sejam eles, estejam escrevendo ou falando, uma vez que tanto a 
língua escrita quanto a oral apresentam variações condicionadas por 
diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc. 
“O movimento de 1922 não nos deu — nem nos podia dar — uma 
‘língua brasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem 
primazia absoluta aos temas essencialmente brasileiros [...] e a 
preferirem sempre palavras e construções vivas do português do 
Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e nos 
compêndios gramaticais.” (Celso Cunha) 
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil 
(Manuel Bandeira) 
Embora as variações lingüísticas e níveis da linguagem sejam 
condicionadas pelas circunstâncias, tanto a língua falada quanto a 
escrita cumprem sua finalidade, que é a comunicação. A língua 
escrita obedece a normas gramaticais e será sempre diferente da 
língua oral, mais espontânea, solta, livre, visto que acompanhada 
de mímica e entonação, que preenchem importantes papéis 
Acer
Realce
Acer
Realce
Acer
Realce
Acer
Realce
significativos. Mais sujeita a falhas, a linguagem empregada 
coloquialmente difere substancialmente do padrão culto, o que, 
segundo alguns lingüistas, criou no Brasil um abismo quase 
intransponível para os usuários da língua, pois se expressar em 
português com clareza e correção é uma das maiores dificuldades dos 
brasileiros: “No português do Brasil, a distância entre o nível popular 
e o nível culto ficou tão marcada que, se assim prosseguir, acabará 
chegando a se parecer com o fenômeno verificado no italiano ou no 
alemão, por exemplo, com a distância entre um dialeto e outro.” 
(Evanildo Bechara, Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade?) 
Com base nessas considerações, não se deve reger o ensino da 
língua pelas noções de certo e errado, mas pelos conceitos de 
adequado e inadequado, que são mais convenientes e exatos, porque 
refletem o uso da língua nos mais diferentes contextos. Não se 
espera que um adolescente, reunido a outros em uma lanchonete, 
assim se expresse: “Vamos ao shopping assistir a um filme”, mas 
aceita-se: “Vamos no shopping assistir um filme”. Não seria 
adequado a um professor universitário assim se manifestar: “Fazem 
dez anos que participo de palestras nesta egrégia Universidade, nas 
quais sempre houveram estudantes interessados”. 
Escrever conforme a norma culta — que não representa uma 
camisa-de-força, mas um tesouro das formas de expressão mais bem 
cultivadas da língua — é um requisito para qualquer profissional de 
nível universitário que se pretenda elevar acima da vala comum de 
sua profissão. O domínio eficiente da língua, em seus variados 
registros e em suas inesgotáveis possibilidades de variação, é uma 
das condições para o bom desempenho profissional e social. 
 
A linguagem popular ou coloquial 
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se 
quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de 
linguagem (solecismo - erros de regência e concordância; barbarismo 
- erros de pronúncia, grafia e flexão; ambigüidade; cacofonia; 
pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela 
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A 
linguagem popular está presente nas mais diversas situações: 
conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de 
esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), novelas, 
expressão dos estados emocionais etc. 
 
 
Acer
Realce
A linguagem culta ou padrão 
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que 
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas 
instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela 
obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na 
linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais 
artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas 
aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações 
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc. 
Gíria 
Segundo Mattoso Câmara Júnior, “estilo literário e gíria são, em 
verdade, dois pólos da Estilística, pois gíria não é a linguagem 
popular, como pensam alguns, mas apenas um estilo que se integra à 
língua popular”. Tanto que nem todas as pessoas que seexprimem 
através da linguagem popular usam gíria. 
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais “que vivem 
à margem das classes dominantes: os estudantes, esportistas, 
prostitutas, ladrões” Eles a usam como arma de defesa contra as 
classes dominantes. Esses grupos utilizam a gíria como meio de 
expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas 
apenas pelo próprio grupo. 
Assim a gíria é criada por determinados segmentos da comunidade 
social que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à 
mídia. Os meios de comunicação de massa, como a televisão e o 
rádio, propagam os novos vocábulos, às vezes, também inventam 
alguns. A gíria que circula pode acabar incorporada pela língua oficial, 
permanecer no vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso. 
Caracterizada como um vocabulário especial a gíria surge como um 
signo de grupo, a princípio secreto, domínio exclusivo de uma 
comunidade social restrita (seja a gíria dos marginais ou da polícia, 
dos estudantes, ou de outros grupos ou profissões). 
 (...) Ao vulgarizar-se, porém, para a grande comunidade, 
assumindo a forma de uma gíria comum, de uso geral e não 
diferenciado, (...) torna-se difícil precisar o que é de fato vocábulo 
gírio ou vocábulo popular 
 (...) É expressa freqüentemente sob forma humorística (e não raro 
obscena, ou ambas as coisas juntas), como ocorre, por exemplo, em 
certos signos que revelam evidente agressividade, como bicho, forma 
de chamamento que na década de 1970 substituía amigo, colega, 
cara; coroa, para pessoa mais idosa, madura; quadrado, em lugar de 
conservador tradicional, reacionário; mina, para namorada, forma 
trazida da linguagem marginal da prostituição, onde origina lmente 
signca mulher rendosa para o malandro, que vive à custa dela etc. 
(Dino Pretti) 
Primeiro, ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral, 
dando uma de Migué, e acaba caindo na boca do povo. Depois desba 
ratina, vira lero-lero, sai de fininho e some. Mas, às vêzes, volta 
arrebentando, sem o menor aviso. Afinal, qual é a da gíria? 
(Cássio Schubsky, Superinteressante) 
 
Linguaguem vulgar 
Existe uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos 
extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou 
nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar 
multiplicam-se estruturas com “nóis vai, ele fica”, “eu di um beijo 
nela”, “Vamo i no mercado”. 
 
Linguaguem regional 
Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da 
língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de 
certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Há, no 
Brasil, por exemplo, falares amazônico, nordestino, baiano, 
fluminense, mineiro, sulino. 
Exemplo do falar gaúcho: 
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com 
um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão. 
Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho. 
— O senhor quer que eu deite logo no divã? 
— Bom, se o amigo quiser dançar uma marcha, antes, esteja a gosto. 
Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da 
fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro. 
(Luís Fernando Veríssimo, O Analista de Bagé) 
Exemplo do falar caipira: 
Aos dezoito anos pai Norato deu uma facada num rapaz, num 
adjutório, e abriu o pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os 
olhos em riba dele, afora o afilhado. 
— Padrinho, evim cá chamá o sinhô pra mode i morá mais eu. 
— Quá,flo, esse caco de gente num sai daqui mais não. 
— Bamo. Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda 
perrengado... 
(Bernardo Élis, Pai Norato)

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