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REGIME DE BENS

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REGIME DE BENS.
O que significa? Quais são os princípios? quais são os regimes de bens que a lei contempla.
Conceito: é o estatuto patrimonial entre o casal durante a vida em comum. 
Princípio da variedade dos regimes de bens: significa que existem vários regimes de bens. A lei coloca a disposição dos interessados vários modelos de regimes patrimoniais.
Princípio da autonomia da vontade ou liberdade de escolha: trata-se de um complemento ao primeiro princípio. Em regra o casal pode escolher qualquer dos regimes que a lei disciplina ou criar um regime misto ou híbrido.
Não adiantaria prever vários modelos de regime se as partes não pudessem escolher.
Magistratura/Paraná: o rol dos regimes de bens é exemplificativo (correto). As pessoas podem mesclar a norma destes regimes e criar um regime híbrido.
Se as pessoas quiserem se valer desta faculdade de escolha deverão fazer por meio de um contrato solene que se presta para isso: trata-se do pacto antenupcial.
A escolha deve ser feita por meio de pacto antenupcial cuja validade depende de escritura pública. No tocante à eficácia para o casal depende do casamento; para terceiros depende:
Para que o pacto do casal possa gerar algum efeito é preciso que seja levado a registro. A eficácia perante terceiros depende do registro do pacto no cartório de registro de imóveis do domicilio do casal.
Outra observação sobre este princípio é que existem muitos casais que não fazem pacto antenupcial. E na falta de pacto antenupcial aplica-se o regime supletivo da comunhão parcial.
Esse direito que as pessoas tem de escolha do regime de bens pode sofrer algumas limitações – a liberdade portanto não é absoluta.
a-) a primeira das limitações é de ordem genérica – limitação ao direito de contratar como um todo – são nulas as cláusulas do pacto que contrariem normas cogente (norma de ordem pública). Essa limitação é uma limitação genérica ao direito de contratar.
Talvez o casal desejasse dizer que se o marido morrer durante nos dois primeiros anos de casamento a viúva não teria direito à herança. É nulo o contrato de herança de pessoa viva (pacto corvina, artigo 426 do CC). Ex. se a esposa exceder o limite do cheque especial por duas vezes no ano, perde a guarda dos filhos.
b-) artigo 1641 – o casal não pode escolher o regime, mas é obrigatório o regime da separação legal ou obrigatória de bens em três situações:
a-) quando um deles tiver mais de setenta anos de idade: essa regra é restritiva e a rigor não admitira interpretação extensiva – o STJ entende que na união estável se a convivência se dá após os setenta anos haverá separação obrigatória. Também se aplica por analogia à União Estável se a convivência foi iniciada depois dos setenta anos.
b-) quando presente alguma causa suspensiva (artigo 1523 do CC);
c-) quando houver necessidade de suprimento judicial ou idade mínima: quando for necessário judicial para casar seja de idade ou consentimento.
O menor talvez não tenha discernimento suficiente para que pudesse fazer uma escolha menor.
Um casal casou quando o marido tinha mais de 70 e continuou trabalhando até os 80 anos quando morreu. No regime de separação legal acumulou patrimônio. A viúva não pede a herança, mas a meação. 
No regime da separação obrigatória (aquestos – bens adquiridos a título oneroso na constância) comunicam-se. Na separação obrigatória comunicam-se os aquestos por três motivos:
i-) por questão de justiça: uma coisa é o casal que se propõe a discutir antes do casamento o regime de bens que serão adotado outra coisa são os casais que não podem discutir o regime de bens – são casais que do ponto de vista real na vigência se ajudam mutuamente. Do ponto de vista psicológico muito provavelmente tenha se ajudado mutuamente, de sorte que é justo que os aquestos sejam comunicados.
É por uma questão de justiça já que se presume o esforço comum seja material ou imaterial (o simples apoio).
ii-) por exemplo: uma viúva com filho do casamento anterior que não fez inventario poderá casar, mas há causa suspensiva de modo que se a mulher casa o regime é o da separação obrigatória. Mas se as mesmas circunstâncias estiverem presentes e o casal vive em união estável a os aquestos se comunicam. Seria melhor não casar então melhor dizer que se comunica.
Se houvesse o união estável nas hipóteses do 1641, CC haveria comunicação motivo pelo qual também ocorre no casamento. 
iii-) obrigatória a separação de bens, sem direito a comunicação dos aquestos (redação original) – iria acabar qualquer discussão. Todavia na tramitação do projeto um senador fez uma objeção e a parte final foi suprimida, inclusive pela Súmula 377 do STF (súmula com base em um artigo que não foi repetido no CC/02).
Também porque foi suprimida da redação projetada do 1641, CC a regra da incomunicabilidade, em homenagem à súmula 377 do STF.
O STJ mesmo depois da entrada em vigor do CC/02 que não repetiu o dispositivo continua a aplicar a súmula 377 do STF.
Na separação legal comunicam-se os aquestos. Já na comunhão parcial comunicam-se os bens do artigo 1600 (aquestos; adquiridos por fato eventual e outras três categorias). São parecidos, mas não idênticos.
Princípio da mutabilidade motivada do regime de bens: justamente porque há um obstáculo na discussão pelo casal do regime de bens por constrangimento, possibilita-se a alteração, pois descobrem o melhor regime para o seu caso posterior ao casamento.
Durante o casamento é possível a alteração do regime de bens mediante:
a-) se ambos pedem e indicando os motivos: pedido motivado de ambos;
b-) apuração das razões invocadas pelo juiz.
c-) mediante ressalva dos interesses de terceiros: para eles a mudança prejudicial será ineficaz.
Logo que o CC entrou em vigor surgiu uma dúvida já superada com relação ao dispositivo da ADCT –para casamentos anteriores ao atual CC no que toca o regime de bens são aplicáveis as regras do CC antigo. E uma dessas regras era a imutabilidade do regime de bens. Os casados antes de 11 de janeiro de 2003 não poderiam alterar um regime. Mas não há razão para impedir a mutabilidade de um instituto moderno que melhora a vida do casal. 
A disposição do ADCT quis dizer que um regime inteiro de bens que existia foi suprimido, de sorte que continua valer para quem casou sob este regime (o regime dotal). Haveria ultratividade deste regime para aqueles que assim se casaram sob a égide do CC/16.
Admite-se a mudança, se presentes os requisitos ainda que se trate de casamento celebrado na vigência do CC/16.
Outra dúvida que surgiu quando o CC/02 entrou em vigor era a questão da separação obrigatória ou legal. E a pergunta que se começou a formular é que se pessoas que se casam sob a separação obrigatória podem alterar o regime? A primeira resposta da doutrina foi a imutabilidade (impossibilidade de mudança).
Isso predominou por um bom tempo até que em 2004 – examinador do MP/SP – disse que é vedada em qualquer circunstância de mutabilidade na separação obrigatória. Mas a mudança de entendimento foi a percepção que a conclusão que se chegou em primeiro momento partia de uma premissa falsa de que a separação obrigatória seria uma pena.
O legislador não quer punir ninguém, mas proteger alguém (menor, herdeiro, idoso), mas não quer punir ninguém. E se aquele a cuja a proteção foi destinada e poderá mudar, deixar mudar.
Admite-se a mudança presentes os requisitos, ainda que se trate de separação obrigatória de bens, em especial quando superado o motivo que justificou a imposição do regime.
Ex. a viúva que tinha filhos do casamento anterior casou antes de efetivada a partilha e uma semana depois que se casa faz inventário e partilha. O motivo que justificou a presença da separação obrigatória não está mais presentes e se preenchidos os requisitos pode mudar o regime. Assim também o menor que casou com 15 anos agora tem 35 anos e quer um regime melhor com sua cônjuge. 
O motivo do maior de 70 não é a idade, mas que seria explorado. O sujeito de 70 casa com a mulher mais nova e ela passa a ser rica.
REGIMESEM ESPÉCIE.
1. Regime da Comunhão Parcial de Bens: neste regime podem existir três massas patrimoniais compostas de bens exclusivos dele, bens exclusivos dela e bens comuns. Também é regra da aplicação da união estável ou homoafetiva.
É o regime que se caracteriza pela possibilidade de existência de três massas patrimoniais: uma de bens exclusivos dele, outra de bens exclusivos dela (são os bens incomunicáveis que não serão objeto de partilha) e outra massa formada pelos bens comuns (partilháveis).
O legislador estabeleceu tanto os bens incomunicáveis (1659 e 1661) e os bens comunicáveis (1660).
I-) Bens comunicáveis (artigo 1660) – são cinco categorias:
a-) os bens que o casal adquire durante o casamento, com o detalhe, por título oneroso – os bens adquiridos durante o casamento ou união estável por título oneroso ainda que em nome de um só dos cônjuges.
Ex. se penhorado o bem por dívida do marido, poderá a esposa ingressar com embargos de terceiro.
Se comunicam porque há presunção absoluta de colaboração – não há necessidade de ser colaboração material ou direta, mas pode ser indireta, moral ou imaterial. A comunicação decorre da presunção de que houve esforço comum ainda que exclusivamente moral ou imaterial. 
Ex. o marido trabalha e junta dinheiro e compra dinheiro com o que juntou se presume que a esposa tenha colaborado de forma moral, imaterial, apoio, afeto.
b-) os bens adquiridos por fato eventual (sorteios; prêmios; loterias): ainda que sem a colaboração do outro. A justificativa é a idéia de que são consortes e se um teve sorte, a sorte é do outro também.
c-) previsão inócua – os bens recebidos por doação ou herança em favor de ambos. 
d-) as despesas e obras realizadas em coisa já existentes – benfeitorias é uma classe de bens acessórios. Bem acessório segue a sorte do principal. Logo se a esposa tem um imóvel incomunicável e faz uma pequena reforma em que há valorização a benfeitoria deveria pertencer exclusivamente a ela. Mas se a esposa pode durante o casamento investir no imóvel foi porque o marido tenha ajudado e sobre a benfeitoria há partilha.
Comunicam-se as benfeitorias realizadas durante o casamento nos bens particulares de cada um deles.
Sobre o bem em si não é meeiro, mas sobre a benfeitoria tem participação (a rigor até pagamento de tributo, contribuição condominial constituiria benfeitoria necessária).
Trata-se de exceção à regra de que o acessória segue a sorte do principal.
e-) um bem exclusivo alugado e ela nunca colocou a mão no dinheiro decorrente do aluguel de seu bem incomunicável. O bem é dos dois (mais uma exceção). Os aluguéis são espécies de frutos (frutos civis) e como acessório deveria seguir a sorte do principal. 
E se foi possível deixar o imóvel alugado e não mexer no dinheiro é porque houve ajuda do consorte.
Os frutos recebidos ou vencidos durante o casamento gerados pelos bens comuns cai na regra geral de que o acessório segue o principal ou particulares (exceção).
II-) Bens incomunicáveis: parte do patrimônio que pertencem exclusivamente a um dos consortes.
O artigo mais importante do tema é o 1659 e composto de sete incisos, mas o I e II tratam da mesma coisa quase.
a-) incisos I e II ao mesmo tempo: a principal categoria dos bens comunicáveis é a dos adquiridos onerosamente durante o casamento (aquestos). Assim os bens adquiridos antes do casamento são incomunicáveis assim como aqueles adquiridos durante o casamento, mas a titulo gratuito.
Não se comunicam os bens anteriores ao casamento, os posteriores adquiridos por título gratuito (doação ou herança) bem como (a esposa possuía imóvel anterior ao casamento ou decorrente de herança e troca o imóvel em dinheiro da venda e compra outro imóvel que é um imóvel adquirido a título oneroso durante o casamento de sorte que aparentemente é comunicável, mas o dinheiro empregado na conta do imóvel decorreu de imóvel incomunicável o que há subrrogação) os subrrogados em seu lugar.
Não se comunicam os bens anteriores ao casamento, os posteriores adquiridos a título gratuito, bem como os subrrogados em seu lugar.
A subrrogação pode ser parcial (vendeu o imóvel incomunicável por 200 e comprou o outro por 300 e em relação ao excedente há comunicabilidade pela presunção de auxílio do outro consorte).
O grande problema da subrrogação é a prova porque nem sempre fica comprovado o nexo da venda do bem incomunicável e a compra do bem que substituiu aquele. A maior sugestão é que se estiver nesta situação leve o cônjuge no ato da aquisição e participar da escritura, mas como interveniente como sendo cônjuge para constar que o interveniente declara que está ciente que o dinheiro utilizado para a compra deste decorreu da venda de bem incomunicável.
Ex. embora o bem seja particular e vende e aplica o dinheiro, sobre os rendimentos (Juros) há meação.
b-) não se comunicam as dívidas anteriores ao casamento, logo as posteriores se comunicam pois se presume que tenha sido adquirida em proveito da família.
c-) não se comunicam as obrigações proveniente de ato ilícito, ainda que o ato ilícito tenha ocorrido depois do casamento. O legislador faz uma ressalva, salvo se tiver beneficiado o outro.
O ato ilícito que um cometeu trouxe benefício e vantagem para o outro cônjuge. Ex. o marido pratica o esbulho e depois de invadido a família vem a morar.
d-) não se comunicam os bens de uso pessoal (roupas, jóias), livros e instrumentos para o exercício da profissão.
Ex. coleção de jóias, relógios podem ser caracterizados como investimento e portanto comunicáveis.
Se os bens de uso pessoal puderam ser considerados como verdadeiro investimento serão comunicáveis.
e-) são os proventos do trabalho pessoal de cada um dos cônjuges: 
ex. o casal em que durante todo o casamento combinaram que quem trabalharia fora era ele e ela cuidaria dos filhos e da casa. O marido alega que tudo que foi comprado foi comprado com o suor do próprio trabalho (proventos do trabalho pessoal) e como os proventos são incomunicáveis os bens seriam incomunicáveis (isto não se aceita).
O que o legislador quis dizer: o que não se comunica é o direito em si ao recebimento de tais verbas, mas tudo aquilo que a este título for recebido ou vencido durante o casamento, bem como os bens adquiridos com tais valores são comuns (recebeu o dinheiro na conta o dinheiro é dos dois).
Se um conseguiu receber, poupar, comprar é porque o outro ajudou.
Ex. um casal em que o marido trabalha e a mulher estudando para concurso e passa para registro de imóveis (dois milhões por mês). Continuam casado por mais dois meses e no outro mês se divorciam. Divide os quatro milhões, mas depois não tem direito de mais nada.
f-) não se comunicam as verbas de natureza previdenciária. O que não se comunica é o direito em si, mas o que a este título for vencido ou recebido se comunica é a mesma observação do inciso anterior.
g-) Ainda há o artigo 1661 que trata de bens incomunicáveis: este dispositivo esclarece que não se deve se iludir na data em que o bem é entregue ou recebido. Antes de concluir pela comunicação ou não deve investigar a razão jurídica pela qual o bem se deu. 
Se a razão jurídica for anterior ao casamento, mas entregue depois do casamento o bem é incomunicável.
São incomunicáveis os bens que, embora “recebidos” durante o casamento tenham tido como causa jurídica da aquisição algum fato ocorrido antes do matrimônio, portanto, a rigor, o bem é anterior e foi adquirido antes de casar, mas a vantagem prática a entrega se deu antes do casamento.
Ex. proveito econômico de demanda judicial que tem a ver com fato anterior ao casamento.
Imóveis financiados: um firmou financiamento do imóvel e durante três anos pagou sozinho e após se casa e continua a ser pago o financiamento (ainda que com exclusividade de um). O imóvel é objeto de partilha? Em parte sim. Nestes casos o que se faz é uma divisão proporcional. A proporção do preço paga antes do casamento é bem incomunicável. Já a parte que pagou durante o casamento é comunicável pois se presume a colaboração.Quando se tratar de bem adquirido ao longo do tempo (por exemplo sistema financeiro de habitação) a partilha deve ser feita na proporção do percentual do preço que foi pago durante o matrimônio, ainda que o pagamento tenha se dado com recursos de um só deles.
Outra observação: uma coisa é a personalidade jurídica das pessoas natural dos sócios e outra coisa é a personalidade jurídica da pessoa jurídica. É possível a desconsideração da personalidade jurídica. E por obrigações assumidas pelas pessoa jurídica respondem os bens dos sócios.
Isso é o que se denomina desconsideração: o que vem se admitindo é a desconsideração inversa. Bens que pertencem à empresa na verdade são bens que pertencem ao sócio. E isso é interessante na hora da partilha (o marido coloca todos os bens em nome da empresa e não haverá bens a partilhar).
Tem sido admitida a “desconsideração inversa da personalidade jurídica” afim de que seja considerados como de propriedade do sócio bens que estejam em nome da pessoa jurídica, em especial quando tais bens forem dissociados da atividade exercida pela empresa).
2. Comunhão Universal de Bens: era o regime supletivo até 1977. Hoje se quiser comunhão universal deve fazer por pacto ante-nupcial.
É possível mesmo neste regime alguns bens particulares. 
O regime da comunhão universal é aqueles que são comuns os bens anteriores e posteriores adquiridos por título onero ou gratuito. A não ser que esteja diante de uma hipótese de incomunicabilidade.
A regra da comunicação está prevista no 1667 e os incomunicáveis estão no 1668.
Os bens que um deles receber por doação ou herança, com cláusula de incomunicabilidade (o doador ou testador estabelece que se for ou vier a ser casado pelo regime da comunhão universal não gostaria que se comunicasse com o cônjuge).
Não é muito freqüente que se grave os bens com cláusula de incomunicabilidade. É mais comum gravarem com cláusula de inalienabilidade. O bem doado com cláusula de inalienabilidade, comunica-se?
Prevalece o entendimento de que a cláusula de inalienabilidade é de que o bem não sai do patrimônio do beneficiário e se fosse comunicável sairia do patrimônio e contrariaria a vontade do autor da sua liberalidade (que não saia do patrimônio a título de doação, compra e venda ou comunicação). Prevista cláusula de inalienabilidade implicitamente tem cláusula de impenhorabilidade e incomunicabilidade (1911).
Quem diz inalienável também quer dizer incomunicável e impenhorável. Em testamento pode gravar os bens com estas cláusulas? O herdeiro necessário tem direito à legítima que lhe pertence de pleno direito e alguns doutrinadores já diziam que não poderia ser possível gravar com estas tais cláusulas. 
No atual CC/02 os bens da legítima só podem ser onerados com essas cláusulas se houver justo motivo.
Os bens da legítima só poderão ser clausulados se indicada “justa causa” no testamento. O que não for da legítima pode ser gravado livremente (a parte disponível pode ser gravada livremente).
Também não se comunicam:
a-) os bens gravados de fideicomisso: fideicomisso é fenômeno da sucessão testamentária e quer deixar os bens para determinada pessoa, mas decide qual é o destino destes bens a partir de certo prazo ou de certo evento. Fica primeiro o patrimônio para X e se verificado certo termo ou condição o bem vai para Y.
O fideicomisso é espécie de substituição testamentária pela qual o testador destina os bens primeiro fiduciário e determina que após certo termo ou condição os bens serão entregues ao fideicomissário.
Os bens gravados com fideicomisso não se comunicam porque após um tempo, verificado o termo ou condição o direito de propriedade do fiduciário se resolve para o fideicomissário. O motivo é que o direito do fiduciário é resolúvel. 
b-) os direitos do herdeiro fideicomissário enquanto não realizada a condição suspensiva.
Fez testamento deixou os bens primeiro para A enquanto o X não for nomeado como Ministro do STF. Supondo que aberto o testamento de reúnem os casais de A e os casais de X. Antes do implemento da condição não são comunicáveis (o fideicomissário antes do implemento da condição ou termo tem apenas expectativa de direito). O motivo é o fato de o fideicomissário ter mera expectativa de direito enquanto não realizada a condição.
O legislador limitou muito a utilização do fideicomisso posto que só é possível instituir fideicomisso em favor de prole eventual. Só se admite fideicomisso em favor de prole eventual.
c-) dívidas anteriores ao casamento, exceto as que foram contraídas para os seus preparativos (aprestos).
O grande problema dessas dívidas é que a exigência se faz durante o casamento. A penhora para satisfazer esta dívida deverá recair sobre bens exclusivos do cônjuge (bem incomunicável – ex. bem decorrente de herança com cláusula de incomunicabilidade) A penhora recai sobre os bens particulares do devedor, se houver.
Se não houver nenhum bem particular, tudo são bens comuns. Verifica de quem era os bens antes do casamento. A penhora recai sobre bens que ele levou à comunhão (se já havia dívida os bens não eram dele (devedor), mas dos credores). Sobre os bens comuns que tiverem sido trazidos pelo cônjuge devedor, se houver.
E se todos os bens que integram o patrimônio comum não forem do devedor recai sobre os demais bens comuns, cabendo ao cônjuge não devedor anotar que tem um crédito com o outro cônjuge. Este crédito se apura na partilha. Cabe ao cônjuge não devedor o direito de ser indenizado no momento da partilha pelo valor correspondente à sua meação sobre o bem penhorado.
d-) também não se comunicam as doações antenupciais feitas por um ao outro com cláusula de incomunicabilidade (se está cláusula não estiver prevista a doação será inócua posto que irão casar e há meação).
e-) os bens apontados pelos incisos V, VI e VII do 1659 – não se comunicam na parcial e nem na universal: bens de uso pessoal, livros e instrumentos para uso profissão, proventos do trabalho pessoal de cada um dos cônjuges, proventos.
Observação: O artigo 1669 neste regime é possível que existam bens particulares. Se gerarem frutos, deveria seguir a sorte do principal e ser particulares. Mas há exceção a regra e os frutos dos bens particulares pertencem aos dois. São comuns os frutos gerados pelos bens particulares durante o casamento.
3. Participação Final nos Aquestos: se trata de um regime misto e híbrido mescladas regras de outros regimes. Este é um regime com uma peculiaridade, posto que tem uma fase em que as regras são algumas e tem um instante em que as regras são outras completamente diferentes.
É aquele regime que deve ser analisado, sob dois momentos distintos ou melhor, em dois momentos distintos, o primeiro momento durante o casamento (enquanto estão casados) o segundo momento quando do fim do casamento.
No primeiro momento há duas massas e todos os bens são particulares dele ou dela. Parece separação de bens, mas não é exatamente isto.
Na constância do casamento: existem apenas duas massas compostas de bens particulares compostas pelos anteriores e posteriores adquiridos por título oneroso ou gratuito. Tudo que é dele é dele e tudo e que é dela é dela, mesmo anterior ou depois do casamento a título oneroso.
O cônjuge proprietário tem livre administração dos seus bens e pode até alienar sem autorização do outro os bens móveis (a vantagem que a doutrina passou a afirmar foi conferir a casais que no momento em que unem tem uma certa autonomia patrimonial a vantagem de manter esta independência durante o casamento com liberdade de administração dos seus bens). 
Para imóveis em princípio é exigida a outorga do outro, salvo se incluído no pacto antenupcial cláusula facultativa prevendo a dispensa da autorização para alienação dos imóveis. Quanto aos imóveis só será dispensada a autorização se houver cláusula expressa no pacto (artigo 1656, CC).
Acham justo que no final haja divisão do incremento patrimonial daquilo adquirido a título oneroso (os aquestos).
Segundo momento: dissolução do casamento – apura-seno patrimônio de cada um o valor dos bens que tenham sido adquiridos por título oneroso durante o casamento; o cônjuge que tiver enriquecido mais a esse título deve ao outro metade da diferença. 
A partilha é igual na comunhão parcial, mas a vantagem é que na participação final nos aquestos houve independência e autonomia na administração dos bens particulares. Na comunhão parcial haveria bens comuns que deveriam ser administrados por ambos.
O legislador não se preocupou nas situações em que o divórcio é extremamente litigioso. Exemplo: o marido fez as contas de que enriqueceu mais e chega para um amigo antes do divórcio. O marido propõe ao amigo uma simulação de transferir parte dos aquestos a título oneroso. E não teria que entregar nada para ela.
Esse regime e a cláusula facultativa de dispensa da outorga para o imóvel permite este esvaziamento fraudulento dos aquestos. 
O artigo 1675/1676: o que o legislador buscou foi evitar esta fraude – mecanismo para evitar a fraude em prejuízo do cônjuge. Se a esposa perceber que o marido esvaziou fraudulentamente seus aquestos e poderá buscar por reivindicatória ou por ficção imaginar que os bens estão ai e fazer a partilha.
Serão imputados nos montantes dos aquestos os valores dos bens que um deles tenha alienado sem a necessária autorização do outro, salvo se o prejudicado optar por sua reivindicação.
O grande problema foi uma expressão da lei que atrapalha tudo “sem a necessária autorização do outro” – mas e a cláusula facultativa de dispensa da outorga? O cônjuge pode fraudar o outro e esta regra não vai funcionar posto que esta regra só se aplica se no pacto não houver a cláusula do 1656 (dispensa de outorga) ou se mesmo diante dela houver prova da manifesta intenção fraudulenta (difícil demonstrar este ônus).
Outra observação importante: o artigo 1677 do CC – como a administração patrimonial é exclusiva o cônjuge mau sucedido na administração desses bens. Se as dívidas não forem contraídas em benefícios dos dois, só atinge o patrimônio do que contraiu.
Pelas dívidas contraídas após o casamento e em proveito exclusivo de um dos cônjuges, somente responde o consorte devedor. 
Observação: o artigo 1682 do CC – características durante o casamento do direito à futura meação. Pressupondo que não houve ato fraudulento. Durante o casamento o direito que tem à futura meação na verdade não é direito (posto que ninguém garante que aqueles aquestos estarão lá até o fim do casamento) tem mera expectativa de direito.
É portanto irrenunciável, incessível ou intransferível (não pode renunciar, ceder aquilo que não tem) e impenhorável (por dívidas dela não há possibilidade que os credores dela penhorem o patrimônio dele no que tange o direito (expectativa de direito)da futura meação.
Por fim, o § único do 1681 – é o mecanismo para evitar a fraude e o prejuízo de terceiros. O caput diz que os bens imóveis presumem-se de propriedade do cônjuge em nome de quem o bem está registrado.
Há novidade no § único: impugnada a titularidade deste bem caberá ao cônjuge proprietário demonstrar que adquiriu o bem regularmente. 
O legislador pensou: supondo diante de um casal que são casados por este regime o marido não tem outros bens que não os aquestos. O marido teria que entregar parcela do patrimônio para esposa. Ambos combinam (ambos de má-fé em relação a terceiro). simulam a alienação a título oneroso para a esposa. O marido não tem mais nada. 
Ela terá que entregar metade da diferença e para eles não há diferença. Agora o marido fica com o patrimônio esvaziado contraí dívidas. O credor vai satisfazer o seu crédito no patrimônio do marido e não acha nada. Pesquisa e encontra os aquestos da esposa (ainda não pode penhorar porque o marido tem mera expectativa àqueles aquestos). O credor dele pode pedir para o juiz que seja feita a penhora de determinado imóvel em nome da esposa, impugnando a titularidade (suspeita que o imóvel era dele e foi transferido para ela para prejudicar terceiro). O juiz determina a penhora e a esposa em embargos de terceiro terá que provar a sua legal aquisição. Se a esposa não fizer prova se presume a fraude e o bem dela responde por divida do marido (embargos improcedentes).
Se o credor de um dos cônjuges penhora algum bem do outro, sob a mera e simples alegação de fraude (simples alegação de suspeita de fraude) será do cônjuge proprietário o ônus de provar que o bem foi adquirido regularmente; na falta de tal prova o seu bem responde pela dívida do outro – o legislador criou uma verdadeira inversão do ônus da prova. 
4. Regime da Separação de Bens 
É aquele que existem duas massas de bens particulares em que nada será comunicável, depende de pacto antenupcial. 
A separação de bens pode ser absoluta/total/convencional/pactícia (escolhida pelo pacto). Outra possibilidade é separação obrigatória/legal/necessária de bens – e alei que impõe (artigo 1641 – mais de 70 anos de um dos consortes, suprimento judicial e na vigência de causa suspensiva).
No regime da separação absoluta/total/convencional de bem não precisai de outorga de bens. Se o regime for da separação legal a necessidade de outorga existe.
Na separação convencional o cônjuge concorre com os descendentes na herança.

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