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Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer MINERAIS Introdução Os minerais são os principais constituintes das rochas, que são parte essencial da crosta terrestre, e de fundamental importância para o desenvolvimento tecnológico da humanidade. Normalmente as pessoas pensam que os minerais são cristais que encontram-se em museus, gemas valiosas ou metais, mas grãos de areia, flocos de neve e partículas de sal são também minerais, que tem muito em comum com o ouro e os diamantes. O que dá as rochas e aos minerais as qualidades necessárias e a beleza para que possam ser utilizados no dia-a-dia? Uma parte da resposta vem da estrutura dos minerais, isto é, do arranjo atômico diferenciado dos elementos que entram na sua composição conferindo a eles propriedades diferentes. A outra parte da resposta é a origem geológica dos minerais que compõem as rochas e como e onde esses minerais se formaram: na crosta, manto ou superfície. Compreender as propriedades e origens geológicas das rochas e minerais nos ajuda a selecionar estes materiais, bem como os depósitos onde podem ser encontrados e explorados e o tipo de matéria-prima que se obtém de cada um deles. 1. O que são minerais? São elementos ou compostos químicos inorgânicos com composição química definida dentro de certos limites, cristalizados e formados naturalmente como resultado de processos geológicos na Terra ou em corpos extraterrestres. Entende-se por: - Inorgânico: um mineral deve ser formado, geralmente, por processos inorgânicos, ou seja, com uma origem a partir de processos geológicos. Por esta definição o carvão mineral, e o petróleo não são considerados minerais, por serem materiais orgânicos e, no caso do petróleo, por não ser um sólido cristalino. Existem, porém, divergências quanto a esta definição, pois alguns autores consideram que as substâncias puramente biogênicas, produzidas por processos biológicos na origem, podem ser incluídas também na definição Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer de mineral, desde que respeitam as demais condições preestabelecidas. Exemplos: conchas de moluscos e recifes de coral. Lembre-se que o carvão mineral é um combustível fóssil natural extraído da terra por processos de mineração. É composto primeiramente por átomos de carbono e magnésio sob a forma de betumes. Dos diversos combustíveis produzidos e conservados pela natureza sob a forma fossilizada, acredita-se ser o carvão mineral o mais abundante. - Composição química definida: os minerais podem ser constituídos por um único elemento químico, tais como o ouro (Au) e o diamante (C). Entretanto, a maioria dos minerais são compostos formados por dois ou mais elementos, alguns com composição química mais simples e outros mais complexas. Exemplo: halita (NaCl) sal de cozinha. - Cristalizados com estrutura química definida: os minerais possuem um arranjo atômico interno bem definido, no qual os átomos encontram-se distribuídos ordenadamente formando uma rede tridimensional. Essa rede é gerada por unidades atômicas ou iônicas que se repetem tridimensionalmente e que vai servir de base para a construção do retículo cristalino (estrutura cristalina). A figura 1 ilustra a relação entre estrutura cristalina e clivagem da Halita (NaCl). Figura 1. Relação entre estrutura cristalina e cllivagem. Fonte: SKINNER, B. J.; PORTER, S. C. (1987, p. 52). Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer - Formados naturalmente: São consideradas minerais apenas as substâncias formadas espontaneamente na natureza. Substâncias produzidas em laboratórios, como diamantes artificiais e zircônia, por exemplo, mesmo apresentando as características físicas e químicas de seus equivalentes naturais, não são minerais. São exemplos de minerais, a Galena (PbS) e a Halita (NaCl). A composição química e as propriedades cristalográficas bem definidas do mineral o tornam único dentro do reino mineral, recebendo, assim, um nome característico. Você deve ficar atento, pois, os termos: mineral, minério, mineralóide, cristal e gemas, representam coisas diferentes. Saiba Mais: Minérios: O termo minério é utilizado apenas quando o mineral ou a rocha apresentar importância econômica. Nos minérios associam-se dois tipos de minerais: o mineral de minério, que é aquele que apresenta valor econômico, e o mineral de ganga ou ganga, que não é economicamente aproveitável. Conforme podem ser ou não fonte de substâncias metálicas, os minérios são divididos em duas classes: 1) Minérios metálicos: Corresponde aos minérios que são transformados e utilizados na forma de metais ou ligas metálicas. Exemplos: Cassiterita, Galena, Hematita (link para outra tela com fotos dos minerais) 2) Minerais não-metálicos: São os minerais que podem ser utilizados sem maiores alterações de suas características naturais. Exemplo: Talco, Fluorita, Amianto. Mineralóides: Correspondente às substâncias não-cristalinas de características amorfas ou parcialmente amorfas. Exemplo de mineralóide: Obsidiana ou vidro vulcânico. Cristal: O Cristal corresponde a qualquer sólido com uma estrutura interna ordenada sistemática, a despeito de ele possuir ou não faces externas regulares. Assim, pode-se dizer ‘todos os minerais são cristais, embora nem todos os cristais sejam minerais’, por exemplo, a zircônia e o diamante sintético são cristais, porém não minerais. Gemas: As Gemas são substâncias sólidas trabalhadas para o uso como adornos pessoais. Podem ser naturais (orgânicas ou inorgânicas) ou artificiais. As gemas apresentam determinados padrões estéticos, como cor e forma, além de durabilidade, devido a sua resistência física e química. Exemplos de gemas: diamante, esmeralda, ametista. Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Rochas: São agregados naturais formados de um ou mais minerais. As rochas são divididas, de acordo com a origem, em três grandes grupos: rochas ígneas ou magmáticas, rochas sedimentares e rochas metamórficas. 1.2. Como se formam os minerais? Os minerais são formados a partir da cristalização, ou seja, o crescimento de um sólido a partir de um material que apresenta uma determinada composição química. O processo de cristalização inicia com a formação de um núcleo, ao qual o material vai se aderindo com o conseqüente crescimento do cristal. A cristalização é controlada, principalmente, por pressão e temperatura, uma vez que o processo de cristalização envolve a mudança da matéria de um estado físico para outro. Os minerais podem se formar de diferentes maneiras: a partir de soluções, cita-se como exemplo a cristalização de sais em depósitos evaporíticos; de uma fusão, como a solidificação do magma ou de uma lava; ou mesmo vapor, como a formação de cristais de enxofre, em torno das fumarolas vulcânicas, ou de minerais em rochas metamórficas. 1.3 Classificação química dos Minerais Diz respeito a classificação das espécies minerais baseada na sua composição química, considerando o ânion ou grupo aniônico predominante na fórmula. A classificação dos mineirais pode ser vista no Quadro 1. Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Quadro 1: Classificação dos minerais. Fonte: SGARBI (2007). 2. Principais Minerais Formadores de Rocha Embora existam mais de 2000 minerais identificados, cerca de 95% do volume da crosta terrestre é composta por um grupo de minerais chamado de silicatos. Isto não deveria ser surpreendente, uma vez que o silício e o oxigênio constituem quase três quartos da massa da crosta terrestre e, portanto, devem predominar na maioria dos minerais formadores de rochas. Classe Aniôn Exemplo Elemento nativo Ocorre na natureza no estado elementar.Nenhum (íons sem carga) Cobre (Cu) Ouro (Au) Diamante (C) Sulfetos Resultam da combinação de um elemento metálico ou não-metálico com o enxofre. S-2 Galena (PbS) Pirita (FeS2) Calcopirita (CuFeS2) Óxidos Combinação do oxigênio com um ou mais elementos metálicos; e hidróxidos. O-2 e OH- Hematita (Fe2O3) Magnetita (Fe3O4) Halóides Presença de íons halogênios ligados a um metal Cl-, F-, Br-, I- Halita (NaCl) Fluorita(CaF2) Carbonatos Apresentam o íon carbonato CO3- 2. CO3-2 Calcita (CaCO3) Dolomita [CaMg(CO3)2] Sulfatos SO4-2 Barita (BaSO4) Gipso (CaSO4.H2O) Silicatos Apresentam Silício (Si) e Oxigênio (O) formando um ânion complexo. SiO4-4 Quartzo (SiO2) Piroxênio (MgSiO3) Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Os minerais silicatados são complexos tanto na composição química quanto na estrutura cristalina, entretanto todos contêm um alicerce básico chamado de tetraedro silício- oxigênio, sendo que a polimerização deste tetraedro possibilita classificar os silicatos em grupos, conforme o Quadro 2. Os cátions mais comuns na estrutura dos silicatos são os de potássio, sódio, magnésio, ferro bi e trivalente, alumínio, manganês e titânio. Material de apoio: Veja um tetraedro na animação do link abaixo: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/120px-Tetrahedron-slowturn.gif. Quadro 2: Polimerização dos tetraedros de sílica dividindo os silicatos em grupos. Fonte: SKIMER, B. J.; PORTER, S. C. (1987). Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Os principais minerais ou grupos de minerais formadores de rocha são: quartzo, feldspatos (feldspatos alcalinos e plagioclásios) e minerais ferromagnesianos (micas, piroxênios e anfibólios). 1) QUARTZO – SiO2: é um dos minerais mais abundantes da crosta terrestre. É reconhecida por sua dureza elevada, que é maior que a do vidro e pela fratura conchoidal. O quartzo puro é incolor ou branco, mas pode apresentar impurezas que o torna rosa, roxo, preto, etc. Alguns destes quartzos coloridos são gemas preciosas como no caso a ametista. Por causa de sua resistência elevada o mineral é muito comum nos rios e na maioria das areias das praias. 2) FELDSPATOS: Formam o grupo mais importante como constituintes das rochas. São translúcidos ou opacos e podem apresentar cristais mistos de três componentes: os aluminosilicatos contendo Si, O e Al em combinações com o potássio (K), sódio (Na) ou cálcio (Ca). Quanto a sua clivagem, distinguem-se: Ortoclásio (sistema monoclínico, clivando em ângulo reto) e Plagioclásio (sistema triclínico, clivando em ângulo oblíquo). Os feldspatos são importantes na indústria da cerâmica e do vidro. São geralmente brancos, cinza ou rosa e são de dureza média. Graças às suas direções de clivagem os feldspatos se apresentam nas rochas ígneas com as superfícies brilhantes e planas. É também considerado um mineral duro, que se deixa riscar pelo quartzo, mas que risca o vidro. 3) MINERAIS FERROMAGNESIANOS: são grupos de silicatos em que o Si e o O combinam com o Fe e o Mg. São minerais escuros (verde-escuro, marrom, preto) na maioria das rochas (Ex: mica biotita = mica escura, preta ou marrom). Por não serem muito resistentes ao intemperismo e processos de erosão, os minerais ferromagnesianos tendem a ser alterados ou removidos, relativamente rápido, de seus locais de origem. Eles se alteram rapidamente, combinando com o oxigênio para formar argilominerais e sais solúveis. Este material, quando abundante, pode produzir rochas de baixa resistência. Os Piroxênios e Anfibólios são minerais de aparência muito similar, apresentando cor quase preta e com clivagem segundo dois planos, que são entre si quase perpendiculares nos piroxênios e oblíquos nos anfibólios. 1)Piroxênios: São silicatos de Mg, Ca e Fe, com ou sem Al2O3 e Fe2O3. Em relação às propriedades, apresentam clivagem boa, formando prismas quase retangulares, cor que Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer varia do preto ao verde-escuro, além de brilho vítreo e dureza 5 a 6. A Augita é um dos piroxênios mais comuns. 2)Anfibólios: Quimicamente são muito parecidos com os piroxênios, entretanto possuem (OH) na sua constituição. Possuem clivagem boa segundo 2 planos, formando prismas de seção rômbica, dureza de 5 a 6 e a cor é de verde-escura a preta e opaca. O anfibólio mais comum é denominado Hornblenda. As Micas dizem respeito a um grupo de minerais caracterizados por uma ótima clivagem laminar e boa elasticidade. Distinguem-se duas variedades principais de micas: a) Muscovita ou mica branca: É incolor, transparente, também esverdeada ou amarelada e com brilho vítreo. Apresenta clivagem excelente segundo um plano, podendo apresentar-se sob a forma de pacotinhos hexagonais que se desfolham facilmente com a ponta de uma agulha. b) Biotita ou mica preta: Constitui um silicato complexo, contendo K, Mg, Fe e Al. Apresenta cor preta ou preto-acastanhada, às vezes dourada, quando decomposta. Da mesma forma que a muscovita, possui clivagem perfeita e formas similares à da muscovita. 4) OUTROS MINERAIS IMPORTANTES FORMADORES DE ROCHA: Além dos silicatos, outros minerais formadores de rochas importantes são os óxidos, carbonatos, sulfetos e elementos nativos. A terra contém minerais (especialmente metais) que podem ser extraídos sendo chamados de minérios. Os metais mais importantes para a sociedade industrial são o Ferro e o Alumínio que são extraídos de minérios que contém óxidos de Fe e Al como a Hematita (Fe2O3) e a bauxita (Al2O3). A magnetita (Fe3O4) é também um óxido de ferro, porém economicamente menos importante que a hematita. O Carbonato mais importante é a calcita (CaCo3). Este mineral é o maior constituinte dos calcários e mármores. Durante o intemperismo de tais rochas, a água dissolve a calcita produzindo cavernas, buracos subterrâneos. 3. Principais Propriedades Físicas dos Minerais Os minerais, por se tratarem de corpos físicos, possuem uma grande diversidade de propriedades físicas e morfológicas decorrentes de suas composições químicas e estruturas cristalinas. Cada mineral se distingue por apresentar características especiais, as quais permitem diferenciá-lo dos demais. As principais propriedades físicas dos minerais: Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer 1) Cor: A cor de um mineral resulta da absorção seletiva da luz. O simples fato de o mineral absorver mais um determinado comprimento de onda que os outros faz com que os comprimentos de ondas restantes se componham numa cor diferente da luz branca que chegou ao mineral. Os principais fatores que contribuem para a absorção seletiva da luz são a presença de elementos químicos de transição (cobre, ferro, níquel, cromo, etc.) na composição química do mineral, os defeitos na sua estrutura atômica, e a presença de pequenas inclusões de minerais, dispersas através dos cristais. Alguns minerais têm cores bem características, sendo chamados de idiocromáticos, (por exemplo, o enxofre, amarelo). Outros são alocromáticos, isto é, sua cor varia amplamente. A turmalina e o quartzo, por exemplo, ocorrem em muitas cores. Consequentemente, a cor do mineral nem sempre é propriedade confiável na sua identificação. 2) Brilho: É a capacidade de reflexão da luz incidente pela superfície de um mineral. Os minerais que refletem mais de 75% da luz incidente exibem brilho metálico, sendo opacos à luz natural, e compreendem os metais nativos e a maior parte dos sulfetos, sulfossais e óxidos. Os minerais com brilho não-metálico apresentam, geralmente, cores claras e transmitem a luz em várias intensidades, em fragmentos delgados. São utilizados diversos adjetivos para descrever os diferentes tipos de brilho não-metálico, comovítreo, perláceo, sedoso e adamantinado. 3) Estrutura/Hábito: Pode ser entendida como a forma geométrica externa, habitual, exibida pelos cristais de minerais. Pode ser observada quando o mineral cresce em condições geológicas ideais. Os hábitos mais comuns são: geminado, radial, geodo, terroso, fibroso, foliáceo, prismático e dendrítico. Já o Sistema Cristalino, que fornece a estrutura externa do mineral, formado pelo conjunto dos hábitos, pode ser classificado em sete: cúbico, tetragonal, trigonal, hexagonal, rômbico, monoclínico e tetraclínico. 4) Fratura: Chama-se de fratura a superfície irregular e curva resultante da quebra de um mineral. É uma propriedade utilizada nos minerais de clivagem muito difícil e imperceptível. As superfícies de fratura, obviamente controladas pela estrutura atômica interna do mineral, podem ser irregulares ou conchoidais. Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer 6) Clivagem: é a propriedade dos minerais se romperem, segundo planos paralelos e em determinadas direções, formando faces ou planos lisos, denominados de planos de clivagem. A clivagem pode ser muito fácil de se obter, como no caso das micas e calcitas, como pode ser apenas percebida por linhas paralelas na superfície do cristal, no caso dos feldspatos. A direção de clivagem está relacionada com a estrutura interna ou atômica do mineral, sempre paralela aos planos de maior agrupamento dos átomos. 7) Dureza: é a propriedade que expressa a resistência que a superfície lisa de um mineral oferece ao risco ou à abrasão, estando relacionada à estrutura interna e à natureza das ligações interatômicas. Numericamente, a dureza consiste em um valor adimensional e relativo, baseado na Escala de Mohs (Figura 2). Figura 2: Escala de Mohs Fonte: http://www.arikah.net/enciclopedia-portuguese/Escala_de_Mohs A dureza se mede por comparação, determinando o grau de dificuldade com que um mineral é riscado. Um mineral sempre é riscado por qualquer mineral mais duro que ele, o contrário não é válido, assim, cada elemento da escala de dureza risca os precedentes e é riscado pelos seguintes. Os minerais de dureza abaixo de 2,5 podem ser riscados pela unha humana, sendo considerados de dureza baixa. Os minerais de dureza 3, 4 e 5 são riscados pelo estilete de aço e não riscam o vidro, sendo considerados de dureza média. Os minerais de dureza acima de 5,5 não são riscados pelo estilete de aço, mas riscam o vidro (com menor ou maior intensidade) e, assim, apresentam dureza alta. O Quadro 3 faz uma relação entre a escala de dureza do mineral e a facilidade em ser riscado por outro material. Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Dureza Mineral 1 TALCO (pode ser arranhado facilmente com a unha) 2 GIPSITA ou gesso (pode ser arranhado com unha com um pouco mais de dificuldade) 3 CALCITA (pode ser arranhado com uma moeda de cobre) 4 FLUORITA (pode ser arranhada com uma faca de cozinha) 5 APATITA (pode ser arranhada dificilmente com uma faca de cozinha) 6 FELDSPATO/ORTOCLÁSIO (pode ser arranhado com uma liga de aço 7 QUARTZO (capaz de arranhar o vidro) 8 TOPÁZIO (a Esmeralda também possui esta dureza) 9 CORINDON (safira e rubi são formas de coridom) 10 DIAMANTE (é o mineral natural mais duro) Quadro 3: Escala de dureza Fonte: http://www.arikah.net/enciclopedia-portuguese/Escala_de_Mohs 8) Traço: O traço é a cor do pó do mineral. Pode ser obtida riscando o mineral contra uma placa ou um fragmento de porcelana, em geral de cor branca. Esta propriedade só é útil como elemento identificador dos minerais opacos ou minerais ferrosos, que apresentam frequentemente traços coloridos (vermelho, marrom, amarelo, etc.). A maioria dos minerais translúcidos ou transparentes exibe traço branco. Exemplificando a propriedade cita-se a hematita, que apresenta cor do traço vermelho, embora sua cor seja preto. Observação: ao provar minerais mais duros (dureza, aproximadamente 7 na escala de Mohs) que a porcelana, o traço resultante não é do mineral, mas sim da porcelana. A cor do pó destes minerais somente pode ser observada por moagem do mineral. 4. Exploração e emprego dos recursos minerais O estilo de vida que herdamos, praticamos e que certamente passaremos para as próximas gerações é inegavelmente dependente do uso e de aplicações de recursos minerais. São muitos os exemplos de situações cotidianas que se viabilizam à base da extração de recursos minerais. Basta olharmos atentamente ao redor de nosso ambiente de trabalho, em nossa casa, na escola e mesmo no lazer para que identifiquemos equipamentos, aparelhos, móveis, utensílios – uma série de objetos – cuja fabricação envolve uma variedade de produtos derivados de bens minerais, alguns exemplos constam no Quadro 4. Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Minerais Derivados e emprego Amianto O amianto é uma variedade fibrosa do piroxênio, sendo empregado na fabricação de material de fibrocimento, como telhas, caixas d’água, tubos e outros. Barita É fonte de obtenção dos sais de bário. A maior utilidade é no preparo de lama pesada para os poços de perfuração petrolífera, com a finalidade de evitar jorros inesperados de petróleo. Também é empregada nas indústrias de tintas, de vidros e de borracha. Ferro O ferro é extraído de minerais como a hematita e a magnetita. Galena Mineral de chumbo. Rutilo Fonte do mineral de titânio, importante para as indústrias de tintas e de eletrodos de soldas. Manganês Material importante na siderurgia de aço. São importantes fontes de manganês: pirolusita, manganita, braunita, rodonita, rodocrosita. Cassiterita Fonte do mineral de estanho, o qual é importante na fabricação das folhas de flandres e na indústria de latas. Cromita Fonte do mineral de cromo, muito importante na indústria de tintas e na fabricação de tijolos refratários para altos fornos siderúrgicos. Níquel e Cobalto O mineral que contém o níquel é a garnierita, e o cobalto é a psilomelana. Fosfatos, Titânio, Nióbio e Vermiculita São fontes de fertilizantes. Quadro 4: Alguns dos principais minerais, seus derivados e emprego. Fonte: FLEURY, J. M., (1995, p. 42). As atividades industriais modernas em diferentes áreas de metalurgia, química, fertilizante, cimento, construção civil, elétrica, etc. conforme o Quadro 5, usam e transformam bens minerais, gerando produtos manufaturados, inimagináveis pelos nossos antepassados, que permitem a execução de nossas atividades com eficiência e certo conforto. ÁREA DE CONSUMO SUBÁREA EMPREGO BENS MATERIAIS Alimentação Agricultura Salina Indústria alimentar Fertilizantes Tempero culinário Embalagens Fosfato, potássio, Nitrato, clacário, etc. Sal de cozinha Estanho, Ferro, etc (latas); Caulin, Talco, etc. (caixas) Saúde e higiene Indústria de cosméticos Indústria farmacêutica Higiene pessoal Remédios Caulim, talco, alumínio, chumbo, quartzo, calcário. Sais minerais, petróleo, etc. Energia Combustíveis sólidos, líquidos e gasosos. Energia elétrica Automóveis, gás de cozinha, indústrias Iluminação, eletrodomésticos, indústrias, etc. Petróleo, carvão, gás natural, etc. Cobre, ferro, alumínio, brita, calcário, areia, petróleo, etc. Construção civil Habitação Moradia Ferro, zinco, areia, brita, chumbo, cobre, etc. Quadro 5: Emprego dos minerais em diferentes áreas de consumo.Fonte: FLEURY, J. M., (1995, p. 42). Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer Se analisarmos os usos que a humanidade faz dos diversos bens minerais, perceberemos a dependência que temos deles e, se somarmos as quantidades utilizadas, poderemos chegar a númerosno mínimo curiosos em termos de consumo per capita desses bens, que pode ser observado na Figura 3, em particular nos países altamente industrializados. Figura 3: Consumo médio de alguns recursos minerais por pessoa nos EUA. Fonte: TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M. de; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (2000, p. 468). Diferentemente de outros recursos naturais, tais como os de origem vegetal ou animal, a maioria dos recursos minerais não é renovável, e a extração se dá numa velocidade bem maior do que aquela com que eles se formam (milhares ou mesmo milhões de anos). Uma vez lavrados e utilizados, eles podem não mais se formar na escala de tempo da vida humana. Decorre daí a disponibilidade finita de bens minerais, pelo menos em termos dos tipos de depósitos que atualmente conhecemos e que estamos habituados a lavrar. Os aproximadamente seis bilhões de habitantes da Terra estão progressivamente procurando o bem-estar que o consumo mineral pode proporcionar e pressionam para que sejam encontrados e produzidos cada vez mais bens minerais. No entanto, notamos uma distribuição desequilibrada do consumo dos bens minerais, cabendo a maior fatia aos países industrializados, ao passo que um menor consumo caracteriza os menos desenvolvidos. Para estes países é lógico prever que, com o aumento do padrão de vida, passarão a Geologia Aplicada à Engenharia Profª. Andrea Nummer consumir sua parte de minerais, necessária a seu desenvolvimento, levando o consumo mineral per capita a crescer mais rápido e implicando a intensificação da produção mineral. O crescimento populacional é também um fator de aceleração da produção mineral. Embora a taxa de expansão demográfica venha diminuindo globalmente, é evidente que o consumo de vários bens minerais tem crescido mais rápido que a população, tal como é observado com o petróleo. Além disso, estamos nos tornando cada vez mais conscientes de que sua produção e uso devem ser conduzidos preservando o meio ambiente. A produção e uso inadequados do bem mineral podem direta ou indiretamente levar a diferentes formas da degradação ambiental, outrora de efeitos locais e regionais, agora amplos (aquecimento global, chuva ácida, deterioração da camada de ozônio, poluição de reservatórios de água, etc.). Assim, não só a provável futura escassez do bem mineral nos aflinge, mas também as conseqüências nocivas e, às vezes, desastrosas de sua lavra e utilização (TEIXEIRA, W.;TOLEDO, M. C. M. de.; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. p. 468). A Figura .4 procura dar idéia do uso dos recursos minerais em nossa própria casa. Nela podemos identificar um grande número de coisas e de materiais que têm ligação direta com a mineração. Figura 4: Nossa casa vem da mineração. Fonte: CPRM (1995).
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