1496178017Guia Prtico como acabar com o rudo do vizinho

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João Tavares
Como acabar com o ruído do vizinho
GUIA PRÁTICO DE ACÚSTICA
ACÚSTICA
EM FOCO
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................... 2 
2 AS PROPRIEDADES DO SOM .......................................... 3 
3 AS FREQUÊNCIAS .......................................................... 3 
4 VELOCIDADE DO SOM ................................................... 5 
5 AS ONDAS SONORAS .................................................... 5 
6 O DECIBEL – NÍVEL DE RUÍDO ...................................... 10 
6.1 TEMPO DE EXPOSIÇÃO DIÁRIA ................................ 11 
7 O ISOLAMENTO .......................................................... 14 
7.1 A TRANSMISSÃO DO SOM ........................................ 14 
7.2 COMO ISOLAR UM RUÍDO? ...................................... 15 
7.3 COMO SABER O MATERIAL DE MINHA PAREDE? ..... 16 
8 A ABSORÇÃO .............................................................. 20 
8.1 CAIXA DE OVOS TRAZ SOLUÇÃO ACÚSTICA? ............ 22 
8.2 ISOPOR FUNCIONA PARA ACÚSTICA? ...................... 23 
8.3 A CORTIÇA FUNCIONA? ........................................... 24 
9 ECO E REVERBERAÇÃO ................................................ 24 
10 REVESTIMENTOS ACÚSTICOS DISPONÍVEIS ............... 26 
11 PORTAS E JANELAS ACÚSTICAS ................................. 27 
11.1 PORTA ACÚSTICA ................................................... 27 
11.2 JANELA ACÚSTICA .................................................. 28 
12 SENSIBILIDADE AUDITIVA HUMANA ......................... 29 
 
 
2 
1 INTRODUÇÃO 
Em primeiro lugar, queremos agradecer pelo seu 
interesse em receber gratuitamente este guia prático da 
Acústica em Foco, que tem a intenção de fornecer 
informações importantes para entender o conceito acústico 
em ambientes. 
O objetivo deste guia prático de acústica é transmitir 
conhecimento básico desta área, apresentando soluções 
acústicas aplicáveis em casas, sobrados, e apartamentos, 
relacionados aos ruídos transmitidos pelos vizinhos. 
Este guia prático lhe trará uma visão mais ampla dos 
problemas que geralmente nos deparamos com os vizinhos, 
e nas explicações você será capaz de identificar o tipo de 
ruído e saber qual a solução correta e ideal, pois será 
fornecida base suficiente em gerar soluções para estes 
inconvenientes do ruído. 
Ressaltamos que a função deste guia prático é 
fornecer informações. Portanto, orientamos que seja 
executado por uma empresa ou profissional especializado 
com o manuseio dos materiais mencionados. 
Conte sempre comigo, abraços! 
João Tavares 
Especialista em Acústica 
 
3 
2 AS PROPRIEDADES DO SOM 
 Som ou ruído é qualquer percepção captada pelos 
ouvidos. É uma energia que se propaga em ondas sonoras, 
que sentimos por meio de nosso organismo. O ouvido é o 
órgão que capta os sons, que é identificado na sua 
transmissão para o cérebro. 
 O ramo da física que estuda os sons é chamado de 
Acústica. Os sons são gerados por uma fonte sonora 
produzindo vibração, transmitidos através de meios 
materiais e elásticos (ondas mecânicas), que precisam de 
um meio para se propagar, seja este meio sólido, líquido ou 
gasoso. A forma mais comum de captação de sons é através 
do ar. 
3 AS FREQUÊNCIAS 
 Os sons são medidos em Decibels (Decibéis), cuja 
abreviação é dB, cada som possui uma frequência diferente. 
 O aparelho auditivo humano é sensível a sons 
cujas frequências estão entre 20 Hz a 20.000 Hz. Os Sons 
entre 20 Hz até 20.000 Hz são divididos em frequências, 
chamadas resumidamente de subgrave, grave, média e 
aguda. 
Infrassom: < 20 Hz Médios: 201 Hz a 3 kHz 
Subgraves: 20 Hz até 60 Hz Agudos: 3 kHz a 20 kHz 
Graves: 60 Hz a 100 Hz Ultrassom: > 20 kHz 
Médios graves: 101 Hz a 200 Hz 
 
4 
 Conforme envelhecemos, os aspectos fisiológicos 
de nosso ouvido vão perdendo a percepção, tanto dos 
graves como dos agudos, ficando claramente mais sensível 
nas frequências agudas (altas – entre 2000 e 5000 Hz), ou 
seja, os sons graves e médios deixam de ser fielmente 
percebidos com o passar dos anos. 
 Os sons abaixo de 20 Hz não são capitados pelo 
ouvido humano (infrassom), bem como os sons acima de 
20.000 Hz (ultrassom – isso mesmo, é o nome do aparelho 
usado para fazer exames em laboratórios, que usam 
frequências nesta faixa, que através do retorno (eco) do 
sinal emitido tem a resposta gerada em imagens das partes 
internas do corpo). 
A voz masculina tem frequências que variam de 100 
a 700 Hz, já a feminina de 400 a 1200 Hz, entende-se por 
essas frequências que a voz humana vai do grave - 100 Hz 
(homens), até os médios – 1200 Hz (mulheres). 
 Para obter melhor entendimento e 
exemplificar as frequências, usaremos os sons gerados por 
uma bateria acústica, assim cada parte representa um tipo 
de frequências, vejamos: 
BUMBO Frequência grave 
 TONS / CAIXA Frequência média 
PRATOS / CHIMBAL Frequência aguda 
 
5 
 Em resumo, as frequências graves são sons 
encorpados, médias são sons mais comuns no dia-a-dia e as 
agudas são aquelas que chegam a irritar os ouvidos. 
4 VELOCIDADE DO SOM 
 A velocidade do som pela transmissão gasosa (ar) 
varia de acordo com a temperatura do ar, considerando a 
temperatura de 20°C, a velocidade do som é de 344 m/s. 
Exemplificando: o som de um raio chegou a nós em 3 
segundos, entende-se assim que o raio caiu a cerca de 1 km 
de distância, pois 344 metros por segundo X 3 segundos = 
1032 metros, ou seja, 1 quilômetro de distância. 
5 AS ONDAS SONORAS 
 A onda sonora, quando vista em uma tela de 
computador, tem a aparência um monitor cardíaco, mas 
neste caso, medindo as frequências do som. Mas o que 
significam essas ondas? 
Adobe Audition CC 
 
6 
 Repare que estas ondas exemplificadas na tela são 
bastante irregulares, pois estão ilustrando várias 
frequências e intensidades diferentes. Podemos 
exemplificar como o resultado de uma gravação de 
instrumentos musicais misturado com as vozes. 
 
 Para entender uma onda sonora, costumo 
exemplificar a onda do mar, que todos já viram e muitos já 
sentiram no corpo. Quando estamos na praia, as ondas 
pequenas, que conseguimos reter em nosso corpo, as 
fraquinhas, são como as ondas de frequências médias e 
agudas, não sentimos em nosso corpo sua intensidade 
(exceto que poderá irritar os ouvidos), porém, aquelas 
ondas do mar mais fortes, que pela força nos empurram 
para trás ou até nos derrubam, são como as ondas graves e 
subgraves; ou seja, mais encorpadas, pesadas. 
 
Veja neste gráfico um exemplo da forma de uma 
onda sonora, a primeira é uma onda na frequência grave, 
mais comprida, longa, e a segunda na frequência média, 
que são mais juntas umas das outras. 
Ilustração de ondas sonoras 
 
7 
Já na outra imagem, conseguimos visualizar o 
comprimento de uma onda sonora em algumas 
frequências, como 1 Hz, 10 Hz, 100 Hz e 200 Hz. 
 
NA PRÁTICA: Quanto mais em frequência grave for o ruído 
que seu vizinho está produzindo, mais difícil será 
solucioná-lo, isolar ruídos deste tipo é muito complicado, e 
vamos explicar o porquê. Já os ruídos de frequências 
médias e agudas são mais simples e fáceis. 
 
 Quando o ruído que nos incomoda é de vozes, 
televisão em volume alto, gritos, latidos de cachorros, 
choro de crianças e similares, o isolamento que vamos 
ensinar neste guia terá maior resultado satisfatório, mas os 
ruídos com frequências abaixo de 300 Hz, que são as 
chamadas vibrações ou ruído estrutural, darão mais 
trabalho para atingir o isolamento desejado. 
 
POR QUEACONTECE ISSO? 
Como mencionamos, há várias frequências de ondas 
sonoras, e cada onda tem sua característica, e cabe lembrar 
que quanto mais grave for a frequência da onda, mais 
encorpado/pesado será o som e mais força para empurrar 
Ilustração de ondas sonoras - comprimento 
 
8 
o ar eles possuem, que por sua vez, tem maior facilidade em 
propagar-se no ar, como também maior facilidade de 
contornar objetos. 
 
E AGORA? 
Calma, temos soluções para qualquer problema, mas o 
resultado poderá não acompanhar o seu desejo de alcançar 
sossego total. 
 
Exemplificando o que significa uma frequência grave: ao 
passar em frente a uma casa noturna, é comum não 
ouvirmos os gritos ou cantorias dos frequentadores, 
ouvimos os sons graves (o tum tum tum), pois estes passam 
com mais facilidade pelas paredes, que em muitos casos, 
mesmo devidamente tratadas acusticamente, ainda assim 
poderão vazar para o lado de fora. 
 
 
 
Exemplo de paredes grossas para conter os graves das músicas 
 
9 
Outro exemplo que todos já presenciaram: carros com 
som grave em alto volume. Eles usam autofalantes que 
funcionam em frequências muito graves, abaixo de 100 Hz, 
chamadas de subgraves, que seu efeito chega a tremer as 
janelas e portas, e até sentimos a batida nos empurrando. 
Esse som é um grande problema quando desejamos isolar, 
isto ocorre porque este tipo de ruído, por serem 
encorpados e terem um comprimento de onda longo, 
quando encontram obstáculos como paredes, piso ou teto, 
eles “andam” por essas superfícies, perdendo a força ao 
decorrer da distância percorrida. 
 
 
 
 
 
Exemplos de ondas sonoras em senoides 
Exemplos de ondas sonoras em senoides 
 
10 
 6 O DECIBEL – NÍVEL DE RUÍDO 
 O decibel, cuja abreviatura é dB, é a unidade de 
medida usada para medir a intensidade de um som. 
 Veja alguns sons comuns e seus índices de 
decibéis, medidos com proximidade à fonte, lembrando 
que a distância afeta a intensidade do som. 
Nível de 
Decibéis 
Exemplos 
250 Som dentro de um tornado; bomba nuclear 
180 Foguete 
150 Tiro de rifle 
130 Buzina de trem 
120 Concerto de rock; jato decolando 
110 Motocicleta em alta velocidade 
100 Furadeira pneumática 
90 Caminhão 
80 Aspirador de pó grande 
70 Barulho de tráfego 
60 Som no interior de escritório ou restaurante 
50 Restaurante silencioso 
40 Área residencial à noite 
30 Interior de cinema, sem barulho 
10 Respiração humana 
 
11 
 A acústica não é aritmética (50+50=100), ela é 
logarítmica (50+50=52). Por isso que em acústica não existe 
isolamento em percentual, ou seja, quantos por cento vai 
isolar esta parede com este tratamento acústico? 
Às vezes até falamos nesta linguagem para proporcionar 
entendimento para as pessoas acompanharem o raciocínio. 
6.1 TEMPO DE EXPOSIÇÃO DIÁRIA 
 Tanto os ouvidos humanos quanto dos animais 
suportam determinado nível sonoro sem danificar os 
tímpanos, no caso do ser humano, o máximo para não 
sofrer lesões na audição é de 85 dB por um período de até 
8 horas, conforme a norma NB-15 do Ministério do 
Trabalho com exigências para a saúde dos trabalhadores 
em locais ruidosos. Quanto mais alto o nível de ruído, 
menos tempo podemos ficar expostos a ele sem prejudicar 
nossa saúde auditiva. 
 
Intensidade Tempo max. de exposição diária 
85 dB 8 horas 
90 dB 4 horas 
95 dB 2 horas 
100 dB 1 hora 
105 dB 30 minutos 
110 dB 15 minutos 
115 dB 7 minutos 
120 dB 3 minutos 
> 120 dB Risco de perdas auditivas irreversíveis 
 
12 
Como identificar se o nível sonoro está próximo a 85 dB? 
Quando você tiver de aumentar a voz para outra 
pessoa conseguir te ouvir é sinal que o som está próximo a 
este nível. Se você se expuser a um som de 90 dB, por 8 
horas, pode causar danos aos seus ouvidos; mas se a 
exposição for a um som de 140 dB, um segundo já é o 
bastante para causar danos, chegando a causar dor e perda 
auditiva. 
Como podemos nitidamente notar, o nível de ruído 
que nos expomos poderá comprometer nossa audição pelo 
resto da vida – e pode ser irreversível. 
Uma dica importante para sua saúde auditiva: 
nunca ficar exposto ao som alto por muito tempo, exceto 
com a utilização de protetores auriculares de ruído. 
 
Lembre-se: valorize a sua audição 
Protetores auriculares de ruído. 
 
13 
 As condições de conforto acústico são 
normatizadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas 
Técnicas), que fixou a norma especifica com as condições 
exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em 
comunidades, independentemente da existência de 
reclamações. 
A norma criada para o Controle de Nível de Ruído para 
Conforto Acústico é a NBR 10151, 
Obs.: estes valores podem variar entre municípios 
 Muitos lugares são acionados pela autoridade 
competente do município por causa de ruído acima do 
permitido por esta norma, em São Paulo é a Lei do Psiu - 
PROGRAMA SILÊNCIO URBANO – Lei nº 16.402, que já 
fechou muitos estabelecimentos, como bares, casas 
noturnas, igrejas, fábricas, etc., pela irregularidade nos 
níveis sonoros máximos estipulados. 
TIPOS DE ÁREA 
DIURNO 
/NOTURNO 
Sítios e Fazendas 40/35 
Residencial, Hospitais e Escolas 50/45 
Mista, predominante residencial 55/50 
Mista c/ vocação Comercial 60/55 
Industrial 70/60 
 
14 
 Mediante uma reclamação, quando as 
autoridades são chamadas para verificar o nível de ruído, é 
medido este nível em decibéis na propriedade do 
reclamante, não interessa qual o nível de ruído dentro do 
local originador, e sim no reclamante. 
7 O ISOLAMENTO 
 Primeiramente, vamos deixar muito claro que 
isolar é diferente de absorver. Isolar é impedir que o som 
ultrapasse um obstáculo (parede, vidro, porta, etc.) e seja 
transmitido para o outro lado, e absorver é eliminar a 
reverberação (eco), as reflexões do som em um ambiente. 
 
7.1 A TRANSMISSÃO DO SOM 
 Transmissão é a propriedade sonora que permite 
que o som passe de um lado para outro de uma superfície, 
continuando sua propagação. Fisicamente, a onda sonora, 
Ilustração da reflexão do som 
 
15 
ao atingir uma superfície, faz com que ela vibre, 
transformando-a em uma fonte sonora, que gera som em 
sua outra face. 
7.2 COMO ISOLAR UM RUÍDO? 
 Esta pergunta está na boca de muitas pessoas que 
desejam isolar o ruído de vizinhos ou dentro da própria 
casa, como por exemplo, isolar um quarto com uma bateria 
acústica ou com música em volume alto, ou ainda deseja 
mais privacidade, isolar o ruído do vizinho que mora ao lado 
e sua parede é geminada (grudada) com a dele. 
 
As paredes são as responsáveis pelo isolamento do ruído, 
reduzindo ou impedindo sua transmissão para outro lado. 
 
 Existem alguns tipos de construções (alvenarias 
diferentes) e cada uma tem um determinado poder de 
isolamento do ruído: bloco de cimento (ideal), tijolo 
cerâmico com furos (ineficiente), tijolo de barro 
(excelente), divisória de escritório (péssima), Dry Wall 
(bom, dependendo da quantidade de placas), madeira 
maciça (boa, quando com espessura de pelo menos 20 
mm), etc. 
 
 Ao ser atingido por uma onda sonora, o obstáculo 
vibra, e gera uma nova fonte sonora para o outro lado. A 
fonte sonora geradora é chamada incidente, este som bate 
na parede e reflete na volta para o ambiente, parte dele é 
 
16 
absorvida e ainda tem o som que transmite para o outro 
lado da barreira. 
 
 
 
 
7.3 COMO SABER O MATERIAL DE MINHA PAREDE? 
 O isolamento depende totalmente do material 
que a parede foi construída. Uma maneiraque é utilizada 
para conseguir identificar que tipo de alvenaria (parede) foi 
construída em sua casa, é bater com a mão com o punho e 
sinta o tipo de som que é emitido, se for um som que você 
sente vibrar a parede e fazer barulho, esta parede é feita de 
tijolo baiano (cerâmico furado), porém, se mal for emitido 
som, ficar bem seco, esta parede poderá ser de bloco de 
cimento ou mesmo maciça (tijolo de barro). Sendo a parede 
em tijolo baiano ou similar (pouco isolamento), a 
providencia mais rápida e limpa (alvenaria faz muita 
 
17 
sujeira), é colocar uma “contra parede” (nome técnico do 
material) em Dry Wall duplo com lã no recheio (lã de rocha, 
lã de vidro ou lã de pet, tanto faz o tipo, desde que tenha a 
espessura de 50 mm e peso mínimo de 30 kg/m³). 
A aplicação da lã entre o Dry Wall e a parede serve para tirar 
as reflexões do som, quem tem a função de proporcionar o 
isolamento é o Dry Wall (gesso). 
 
Dry Wall aplicado - interno 
 
 Em apartamentos ou prédios comerciais, quando 
tiver que executar uma obra deste tipo, geralmente será 
exigido um laudo, seguindo a norma em vigor que atende 
este requisito - Norma ABNT 16.280 – Reforma em 
edificações - Sistema de gestão de reformas - Requisitos, 
elaborada pelo Comitê Brasileiro da Construção Civil. Esta 
Norma estabelece os requisitos para os sistemas de gestão 
de controle de processos, projetos, execução e segurança, 
que registra as diretrizes para efetuar manutenções 
prediais, onde um engenheiro ou arquiteto especificará o 
 
18 
tipo de obra e materiais que serão utilizados, se 
responsabilizando que não afetará a estrutura do prédio. 
Parede de Dry Wall Duplo 
Nesta foto temos a parede e teto feitos em Dry Wall, 
composta por duas placas de gesso e lã como recheio. 
O isolamento do ruído é atingido com massa, ou seja, 
quanto mais peso tiver a parede, mais isolamento oferece. 
 
 Uma parede de alvenaria para atingir a faixa de 60 
dB de isolamento deve ter cerca de 20 cm e peso de ± 450 
Kg/m². Por isso que as paredes tipo tijolo cerâmico furado 
oferece pouco isolamento, pois seu peso é bem inferior, e 
é o material que hoje em dia os prédios são construídos. 
 
Exemplos para um bom isolamento: 
• Parede de tijolo maciço 20 cm = 50/55 dB. 
• Parede de Dry Wall = 50/55 dB (dois painéis de 1,25 cm em 
cada lado, separadas por 5 cm com lã como recheio). 
 
 
19 
Este sistema de Dry Wall vai resolver o problema de 
ruído que o vizinho do andar de cima faz? Se seu vizinho 
estiver gerando ruído no andar de cima de pulos, porta, 
janela e gavetas de armários batendo e ruídos similares 
(ruídos estruturais/vibrações), a melhor solução é fazer o 
isolamento com o Sistema BOX-IN-BOX, ou seja, uma sala 
dentro da outra, que se trata de instalar as 4 paredes e o 
teto em Dry Wall, sendo que aconselho no teto usar 3 
placas de gesso e nas paredes 2 placas. 
 Neste sistema, também vale destacar que o ideal 
é utilizar borrachas EVA de 1 cm entre os montantes, e 
entre as placas de gesso colocar LAMIX ou similar, com 
espessura de 1 mm. Essas borrachas ajudam a isolar os 
ruídos de vibração, complementando o isolamento. 
 
 Lembrando que o ruído estrutural (vibração) é um 
tipo de ruído que “anda” pela estrutura do local: Teto, piso 
Ilustração do peso que cada material 
proporciona em uma parede. 
 
20 
e paredes. Assim sendo, alguns clientes optam em também 
instalar piso acústico, composto de dupla madeira (MDF), 
com lã e borrachas, similar ao Dry Wall. 
 
 Quando mencionamos o poder de isolamento de 
uma parede em alvenaria ou outro material, não podemos 
descartar este ruído sendo transmitido via estrutura (chão 
e teto). A parede pode isolar o ruído em 60 dB, mas se 
considerar a parte estrutural, este isolamento poderá 
reduzir pela metade. 
 
8 A ABSORÇÃO 
 Em primeiro lugar vamos registrar que os 
revestimentos acústicos não isolam o som, apenas 
eliminam a reverberação e ajuda indiretamente no 
isolamento, pois reduz o volume interno no ambiente, mas 
a função de isolar é da parede existente ou parede agregada 
no ambiente. 
 A reverberação é um fenômeno conhecido como 
eco, ocorre quando entramos em um local que está vazio, 
sem materiais para absorção do som, e ao conversamos, as 
vozes se misturam e dificulta o entendimento com clareza. 
 Uma sala sem o devido tratamento acústico tem 
uma resposta de frequência desequilibrada e com possível 
tempo de reverberação alto, chamado de delay (atraso), 
tornando o som ouvido infiel, devido às influências das 
reflexões do som no ambiente. 
 
21 
A absorção acústica é o fato de se absorver 
o som para ele não ser refletido na mesma intensidade, 
eliminando a sua reflexão. Para ter um bom conforto 
acústico, as reflexões devem ser controladas ou anuladas. 
 
Para isso, deve se utilizar materiais próprios para 
absorção do ruído, com superfície porosa, como por 
exemplo o revestimento acústico de espuma, que tem 
acabamento em tecido ou pintado. Vale lembrar que os 
tapetes, sofás, passadeiras e cortinas também ajudam a 
eliminar este eco, pois esses materiais absorvem o som, 
reduzindo a reflexão do som em uma sala, principalmente 
nas médias e altas frequências. 
 Alguns locais têm muita reverberação por causa 
dos materiais de acabamento utilizados, um exemplo são os 
pisos de porcelanato, muitas vezes escolhidos por serem 
pisos que agradam em acabamento e facilita a limpeza, mas 
todo material liso gera alta reflexão do som e 
 
22 
automaticamente eco excedente nos ambientes – similar a 
um espelho, que reflete a imagem quando estamos em 
frente, o som também é refletido gerando as reflexões. 
 
8.1 CAIXA DE OVOS TRAZ SOLUÇÃO ACÚSTICA? 
Absolutamente não. A forma geométrica de uma 
embalagem para ovos gera um resultado imaginável de 
poder de absorção. Como diversos materiais de absorção 
comercialmente vendidos têm superfície não plana, que 
lembra a embalagem, talvez creditem bom desempenho de 
absorção à forma em si, e não ao material. 
O desconhecimento sobre o comportamento 
acústico dos materiais alimenta as opiniões das pessoas. A 
crença de que caixas de ovos têm utilidade para fins de 
adequação acústica de ambientes não é algo específico do 
Paredes e teto com caixas de ovos 
 
23 
Brasil, mas, inacreditavelmente, têm abrangência mundial. 
O resultado final de absorção de uma caixa de ovos não 
passa de 5% (frequências médias e agudas), ou seja, 
praticamente em nada resolve, apenas agrega aconchego e 
procriação de baratas. 
 
8.2 ISOPOR FUNCIONA PARA ACÚSTICA? 
Pensando em isolar ou absorver o ruído, este 
material não deve ser utilizado. A incapacidade de distinguir 
materiais com desempenhos distintos está presente em 
pessoas com diferentes níveis de envolvimento com o 
tema, desde o acadêmico até o público em geral. 
O isopor é um excelente material térmico, ou seja, 
ideal para isolar ambientes no quesito temperatura. Mas na 
absorção ele em nada pode contribuir. 
Teto em isopor 
 
24 
8.3 A CORTIÇA FUNCIONA? 
 Antigamente se falava muito em absorver som 
com cortiça, mas o poder de absorção é muito pequeno, 
quase insignificante se comparado a um revestimento 
acústico em espuma. 
9 ECO E REVERBERAÇÃO 
 São termos que tem significado distinto, mas 
similares: o eco é quando o som encontra uma superfície 
sólida, por exemplo, uma parede, e retorna (reflexão 
sonora), chegando ao ouvinte pouco tempo depois do som 
direto (delay). 
Paredes em cortiça 
 
25 
O som direto viaja diretamente da fonte ao 
receptor, e o somindireto são as reflexões misturadas (teto, 
piso e paredes). 
Esse encontro produz reflexões múltiplas que se 
prolongam durante algum tempo depois de cessada a 
emissão. É esse prolongamento que constitui o fenômeno 
da reverberação, que ocorre quando o som refletido atinge 
o observador no instante em que o som direito está se 
extinguindo, ocasionando o prolongamento da sensação 
auditiva, confundindo o som direto e o refletido. 
Ilustração da reflexão sonora 
Ilustração da reverberação 
 
26 
10 REVESTIMENTOS ACÚSTICOS DISPONÍVEIS 
Podemos encontrar no mercado diferentes modelos 
de espumas e espessuras para finalidades distintas. 
Primeiro vamos falar sobre os modelos. 
Encontramos os modelos ondulados (chamados 
popularmente de caixa de ovo, e alguns ainda dizem casca 
de ovo), e cada fabricante de espuma tem sua geometria, 
ou seja, seu desenho; também há os modelos lisos e ainda 
os modelos com acabamentos em tecido, sendo que este 
último somente algumas empresas disponibilizam. 
Modelos liso e em tecido 
Modelo ondulado 
 
27 
As espessuras existentes são geralmente de 20 a 75 
mm, para quaisquer modelos, mas os modelos com 
acabamento em tecido são geralmente de 20 mm. 
Em residências, os revestimentos mais utilizados 
pela estética e resultado na absorção são os modelos lisos 
de 30mm de espessura, disponíveis em várias cores. 
11 PORTAS E JANELAS ACÚSTICAS 
Como já vimos anteriormente, as paredes e o teto 
feitos adequadamente com as especificações acústicas 
oferecem isolamento significativo, mas para garantir 
excelente isolamento dentro do ambiente, a porta e a 
janela deverão ser acústicas, impedindo a entrada ou saída 
de ruídos para o ambiente. Estes produtos são elementos 
essenciais no resultado de controle de ruído. 
11.1 PORTA ACÚSTICA 
O propósito de uma porta acústica residencial é 
isolar os ruídos provenientes da rua ou em apartamentos 
no hall de elevadores, bem como em um quarto que gera 
qualquer tipo de ruído, como instrumentos musicais, 
música em volume alto, etc. 
Há três tipos de matérias na fabricação das portas 
acústicas que encontramos no mercado: madeira, chapa de 
aço carbono e vidro. A mais utilizada é em madeira, por 
causa do acabamento mais adequado a residências. 
 
28 
Sua característica principal para atingir isolamento é o seu 
peso, pois quanto mais massa agregada, maior o 
isolamento, apesar que envolve uma série de detalhes para 
atingir bom isolamento. 
11.2 JANELA ACÚSTICA 
Similar a uma porta acústica, a janela tem a função 
de isolar os ruídos provenientes da rua, como buzinas de 
carros, barulhos de bares, restaurantes, conversas, crianças 
brincando em playground, etc. 
As janelas acústicas são fabricadas em alumínio ou 
PVC, com vidros duplos ou triplos; e seu peso é maior, 
Portas acústicas de madeira maciça 
 
29 
comparando a uma janela comum, pois tem vidros mais 
espessos e duplos/triplos. 
Um item fundamental para garantir o isolamento 
das portas e janelas acústicas é não passar ar entre a folha 
e o batente (caixilho no caso da janela), pois um princípio 
da acústica para nunca esquecermos é que “onde passa o 
ar, passa também o som”. 
Em suas fabricações, utilizamos materiais que 
obedecem a determinadas leis físicas pertinentes ao 
isolamento acústico. 
12 SENSIBILIDADE AUDITIVA HUMANA 
 Acusticamente falando, cada pessoa possui uma 
sensibilidade auditiva diferente. O ruído resultante em um 
tratamento acústico, por mais eficiente que possa ter sido, 
poderá ficar a contento para algumas pessoas, enquanto 
Janelas acústicas de correr. Embutida e de sobrepor, respectivamente. 
 
30 
para outras, o resultado ficará aquém do esperado. Isto 
ocorre por causa da sensibilidade auditiva de cada um, uma 
vez que engloba a boa audição e a irritabilidade ao ruído, 
sendo neste caso, muitas vezes, passando por tratamento 
tomando remédios antidepressivos. Por isso que fica muito 
difícil falarmos em percentual como resultado de um 
isolamento. Para uns ficará 100% a satisfação e para outros 
apenas 50%, mesmo na maioria das vezes atingindo um 
grau elevado de isolamento. 
 
Mas preste atenção, em edificações ou sobrados/casas 
geminadas, mesmo seguindo todas as dicas possíveis para 
melhorar o isolamento, o som ainda assim poderá ser 
ouvido, pois tendo uma fonte sonora, as paredes, piso e 
teto absorvem este ruído e transmite para os ambientes 
próximos pela alvenaria. 
 
Ilustração da irritabilidade com ruídos 
 
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MAIS DICAS: Se você estiver iniciando a construção de uma 
casa ou sobrado e desejar melhor isolamento, utilize nas 
paredes bloco de cimento e preencha com areia. Isto será 
muito mais eficiente no isolamento, podendo atingir 60 dB. 
E não se esqueça da laje com pelo menos 15 cm de 
espessura com argamassa. 
 
 É isso aí, terminamos nosso guia prático com 
informações preciosas de acústica, mas sempre que 
precisar, contrate uma pessoa especializada ou consultor 
de acústica para identificar e especificar os melhores e mais 
funcionais produtos para isolamento e absorção do som. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grande abraço, conte sempre comigo. 
 
João Tavares 
Especialista em Acústica 
	Capa - EBOOK 2017-2
	GUIA PRÁTICO DE ACÚSTICA
	1 INTRODUÇÃO
	2 AS PROPRIEDADES DO SOM
	3 AS FREQUÊNCIAS
	4 VELOCIDADE DO SOM
	5 AS ONDAS SONORAS
	6 O DECIBEL – NÍVEL DE RUÍDO
	6.1 TEMPO DE EXPOSIÇÃO DIÁRIA
	7 O ISOLAMENTO
	7.1 A TRANSMISSÃO DO SOM
	7.2 COMO ISOLAR UM RUÍDO?
	7.3 COMO SABER O MATERIAL DE MINHA PAREDE?
	8 A ABSORÇÃO
	8.1 CAIXA DE OVOS TRAZ SOLUÇÃO ACÚSTICA?
	8.2 ISOPOR FUNCIONA PARA ACÚSTICA?
	8.3 A CORTIÇA FUNCIONA?
	9 ECO E REVERBERAÇÃO
	10 REVESTIMENTOS ACÚSTICOS DISPONÍVEIS
	11 PORTAS E JANELAS ACÚSTICAS
	11.1 PORTA ACÚSTICA
	11.2 JANELA ACÚSTICA
	12 SENSIBILIDADE AUDITIVA HUMANA