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Recurso Extraordinário sobre IPI e isenção de insumos

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RE 212484Ementa e Acórdão (1)
COORD. DE ANÃLISE DE JURISPRUD2NCIA D.J. 27.11.98 
EMENTÃRIO NQ 1 9 3 3 _ O 4 
·723 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORD:CNÁR:CO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
REDATOR PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL 
ADVOGADO: PFN - DOLIZETE FÁTIMA MICHELIN RECORRIDO: VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA DE PORTO ALEGRE REFRESCOS S.A. 
ADVOGADO: MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA ADVOGADOS: ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E OUTROS 
EMENTA: CONST:CTUC:CONAL. TR:CBUTÁR:CO. :CP:C. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATJ:V:CDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. 
Não ocorre ofensa à 
contribuinte do IPI credita-se 
insumos adquiridos sob o regime 
Recurso não_ 8onhecido. 
CF (art. 153, § 3°, II) quando o do valor do tributo incidente sobre de isenção. 
A~C Ó R DÃO 
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessao Plenária, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em não conhecer do recurso extraordinário. 
Brasilia, 05 de março de 1998. 
• 
BE])aTQR,.pf 
O ACÕRDÃO 
Relatório (2)
72G 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTBAORDINÁRI:O N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
REDATOR PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM 
RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL 
ADVOGADO: 
RECORRIDO: 
ADVOGADO: 
ADVOGADOS: 
PFN - OOLIZETE FÁTIMA MICHELIN 
VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA DE PORTO ALEGRE 
REFRESCOS S.A. 
MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA 
ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E OUTROS 
R E L A T Ó R I O 
O SENHOR MINISTRO II.MAR GALVÃO (Rel.ator) : Trata-se de 
recurso extraordinário que, na forma do art. 102, III, a, da 
Constituição, foi interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão do 
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que autorizou contribuinte 
do IPI a creditar-se do valor do tributo incidente sobre insumos 
adquiridos sob o regime de isenção. 
Sustenta a recorrente haver a referida decisão ofendido a 
norma do art. 153, § 3°, II, da Constituição, segundo a qual a 
compensação do tributo, que é não-cumulativo, deverá ocorrer entre o 
que for devido, em cada operação, e o que for exigido nas operações 
anteriores, inexistindo disposição que autorize a compensação entre 
o que for devido, em cada operação, e o que devesse ser pago, nas 
operações anteriores, não estivesse ela coberta por isenção. 
o recurso, admitido na origem, foi regularmente 
processado. /' 
/ 
RE 212.484-2 RS 
727 
A douta Procuradoria-Geral da República, em parecer do 
Dr. Vicente de Paulo Saraiva, opinou no sentido do 
não-conhecimento. 
É o relatório. 
* * * * * * * 
/.✓ 
{ 
/ / 
-~ 
dfm 
2 
Voto - ILMAR GALVÃO (4)
728 
05/03/98 TRI:BUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDI:NÁRJ:O N. 212.484-2 IUO GlUUU>E DO SUL 
V O TO 
O SENHOR MINISTRO II.MAR GALVÃO - (Relator): A Constituição 
Federal, no art. 153, § 3º , II, estabelece que o IPI será 
não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com 
o montante cobrado nas anteriores. 
Objetiva a norma, por esse meio, impedir a tributação em 
''cascata", assegurando que, no preço da venda do produto ao 
consumidor final, a parcela alusiva ao referido tributo 
corresponderá a percentual que não exceda ao da alíquota deste. 
Tal o sentido do princípio da não-cumulatividade do 
tributo, que também se aplica ao ICMS (art. 155, § 2°, I, da CF). 
Encontra-se enunciado no art. 153, § 3°, II, de molde a 
não oferecer dúvida: " ... compensando-se o que for devido em cada 
operação com o montante cobrado nas anteriores." 
A compensação só se dá com o que for cobrado, sendo 
intuitivo admitir que, se nada foi cobrado na operação anterior, não 
haverá lugar para ela. Não importa que o consumidor final não tenha 
sido beneficiado pela não-exigência do tributo em uma das etapas do 
ciclo econômico, posto que conta, a seu favor, com a garantia da 
observância do princípio da não-cumulatividade. 
Aliás, a isenção na aquisição da matéria prima não visa a 
beneficiar o consumidor, visto apenas diferir a incidência do 
RE 212.484-2 RS 
729 
imposto para a operação de venda do produto acabado, mas, 
tão-somente, a empresa industrial, na medida em que a exonera da 
obrigação de desembolsar, quando da aquisição de matéria prima, o 
valor alusivo ao tributo. 
Justamente porque exonerada dessa obrigação, fica esta sem 
crédito a compensar. 
É claro que nada impede a instituição, pela União, em 
favor dos industriais, a título de incentivo, do direito ao crédito 
do imposto presumido, desde que o faça por lei, o que não é o caso 
dos autos. 
O mesmo se dá com o ICMS, conforme estabelece o inciso I 
do art. 155, § 2°, da Carta. 
O referido dispositivo, no inciso II, assentou que "a 
isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da 
legislação": "a) não implicará crédito para compensação com o 
montante devido nas operações ou prestações seguintes". 
A Constituição de 1988, nesse passo, limitou-se a 
transcrever a ressalva que, recorde-se, já havia sido inserida no 
art. 23, II, da Carta de 1969, pela EC nº 17/80 e que, por 
redundante, infirmaria o raciocínio acima exposto, não se houvesse 
revelado necessária para inviabilizar a aplicação da teoria do 
crédito pelo tributo presumido, que se achava consagrada pela 
jurisprudência do STF, e para estabelecer a possibilidade de o 
benefício fiscal, em relação ao ICMS, ser instituído por meio de lei 
2 /~ 
RB 212.484-2 RS 
730 
complementar federal (cf. inc. XII, bl, sem excluir, é óbvio, a 
hipótese de fazerem-no os próprios Estados, por meio de convênio. 
Se em relação ao ICMS, que contava com o beneplácito 
jurisprudencial, a própria Constituição previu, possivelmente por 
isso mesmo, a necessidade de o benefício vir a ser instituído por 
lei, ou, obviamente, por meio de convênio, deveria haver sérias 
razões, aqui não demonstradas, para que se pudesse chegar a 
conclusão contrária no concernente ao seu símile, o IPI, que nunca 
foi contemplado, pelo julgador, com o crédito do imposto presumido. 
(fl. 167) 
enunciar 
O acórdão, destoando dessa orientação, decidiu, varbis 
" ... Enquanto a não-cumulatividade do ICMS está 
restringida pelo regime aplicável aos casos de isenção ou 
não-incidência, que não geram crédito para compensação com 
o montante devido nas operações seguintes e anulam o 
crédito gerado em operações anteriores, a não-
cumulatividade do IPI não se sujeita a essa nem a nenhuma 
outra limitação constitucional.H 
Partiu, assim, do entendimento de que a Constituição, ao 
o princípio da não-cumulatividade (" o imposto será 
não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com 
o montante cobrado nas anteriores"), utilizou a expressão "montante 
cobrado" para referir, não apenas o imposto efetivamente devido, mas 
também o que seria devido, na ausência de isenção ou de não-
3 
RE 212.484-2 RS 
731 
incidência, o que não é possível aceitar, em face do que restou 
exposto. 
No caso sob exame, como resultou demonstrado nos autos, 
inexiste autorização legal para o benefício do crédito pelo imposto 
presumido, razão pela qual o acórdão não tem condição de subsistir. 
Meu voto, portanto, conhece 
provimento, para o fim de cassar o mandado 
* * * * * * * 
dfm 
4 
do recurso e 
de segurança. /? 
// / 
~/ 
lhe dá 
Voto - NELSON JOBIM (5)
732 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 21.2.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 212.484 
VOTO 
SR. MINISTRO NELSON JOBIM - Sr. Presidente, o ICMS e o 
IPI são impostos, criados no Brasil, na esteira dos impostos àe 
valor agregado. 
A regra, para os impostosde valor agregado, é a não-
cumulatividade, ou seja, o tributo é devido sobre a parcela agregada 
ao valor tributado anterior. Assim, na primeira operação, a alíquota 
incide sobre o valor total. Jà na segunda operação, só se tributa o 
diferencial. 
O Brasil, por conveniência, adotou-se técnica de cobrança 
distinta. 
O objetivo é tributar a primeira operação de forma 
integral e, apôs, tributar o valor agregado. No entanto, para evitar 
confusão, a alíquota incide sobre todo o valor em todas as operações 
sucessivas e concede-se crédito do imposto recolhido na operação 
anterior. Evita-se, assim, 
733 
Ora, se esse é o objetivo, a isenção concedida em um 
momento da corrente não pode ser desconhecida quando da operação 
subsequente tributável. O entendimento no sentido de que, na 
operação subsequente, não se leva em conta o valor sobre o qual deu-
se a isenção, importa, meramente em diferimento. 
Agora, examino o caso concreto. 
Trata-se de produção de Coca-Cola. 
O que se passa com a sua produção no Brasil? 
Vejamos. 
Os produtores de Coca-Cola dependem, para a produção de 
seu refrigerante, de um xarope. Para efeitos de redução de custos, 
as empresas produtoras de xarope de Coca-Cola transferiram a sua 
produção para a Zona Franca de Manaus. Lá, gozam de isenção de IPI. 
Os produtores de outros xaropes, insumo para outro tipo 
de refrigerantes, não se transferiram para a zona franca de Manaus. 
Não se transferiram porque não desejaram ou porque era 
economicamente impossível. Não iwporta. 
Esse fato criou um sério problema de mercado. 
A fabricação de xarope sofria, até fevereiro ou março do 
ano passado, a incidência de uma alíquota de 40%. 
Portanto, como se tem a isenção do IPI sobre o xarope 
produzido na Zona Franca de Manaus, os produtores de Coca-Cola 
disputariam no mercado 
produtores de guaraná, por 
de forma privilegiada 
exemplo.) em relação aos 
2 
Em razão disso, procedeu-se uma alteração na lei que 
regulamentou os sucos no Brasil. Reduziu-se em 50% a alíquota 
relativa a refrigerantes oriundos de extratos concentrados de suco 
de fruta ou de semente de guaraná, de 40%. 
Foi a forma pela qual tentou-se equilibrar a 
concorrência_ 
Os produtores de Coca-Cola não pagam IPI sobre o xarope, 
mas são obrigados pela incidência da alíquota de 40% sobre o 
refrigerante. 
Os outros produtores pagam IPI sobre o xarope, mas gozam 
de uma redução de 50% sobre a alíquota de 40%. 
Após isso, para estabelecer uma concorrência mais leal, o 
TIPI - Tabela de Imposto de Produtos Industrializados 
alíquota sobre o xarope de 40% para 27%. 
reduziu a 
Sei da existência de virtual conflito entre a Fazenda e 
os produtores de Coca-Cola quanto às margens. Segundo informações, 
os produtores de xarope teriam aumentado o seu valor para o de obter 
maior resultado na isenção. 
Volto ao tema .. 
Por que os produtores de suco, que não Coca-Cola, têm, 
hoje, uma redução de cinqüent2. por cento na alíquota? Porque os 
outros produtores de refrigerantes com xarope oriundo da zona 
franca - gozariam de um crédito em relação à parte isenta. 
A isenção, na Zona Franca de Manaus, tem como objetivo a 
implantação de fábricas que irão :omercializar seus produtos fora dv 
735 
própria zona. Se não fora assim o incentivo seria inútil. Aquele que 
produz na Zona Franca não o faz para consumo próprio. Visa a venda 
em outros mercados. 
Raciocinando a partir da configuração do tributo, posso 
entender a ementa dos Embargos em Recurso Extraordinário nº 94.177, 
em relação ao ICM: "havendo isenção na importação de matéria-prima, 
há o direi to de creditar-se do valor correspondente, na fase de 
saída do produtu ... ". 
Se não fora assim ter-se-ia mero diferimento do imposto. 
Então, quando os Estados obtiveram a Emenda Passos Porto, 
vindo posteriormente a matéria para o texto constitucional (§2º do 
inciso III da letra "ando art. 155), o que ocorreu, na verdade, foi 
apenas a constitucionalização de uma experiência com o ICMS. 
Se tivermos, na hipótese, uma decisão no sentido de 
acompanhar o voto do Ministro-Relator, teremos uma distorção no que 
diz respeito às alíquotas vigentes do IPI, urna vez que os produtores 
de sucos teriam uma redução de cinqüenta por cento, mas os 
produtores não de sucos não teriam a mesma redução. 
Com a vênia do eminente Ministro-Relator, ouso divergir, 
com o pressuposto analítico do objetivo do tributo de valor 
agregado. O que não podemos, por força da técnica utilizada no 
Brasil para aplicar o sistema do tributo sobre o valor agregado não-
cumulativo, é torná-lo cumulativo e inviabilizar a concessão de 
isenções durante o processo produtivo.; 
4 
736 
'Ienho cautela que impõe a técnica do crédito e não de 
tributação exclusiva sobre o valor agregado. Tributa-se o total e se 
abate o que estava na operação anterior. O que se quer é a 
tributação do que foi agregado e não a tributação do anterior, caso 
contrário não haverá possibiidade efetiva de isenção; é isento numa 
operação, mas poderá ser pago na operação subseqüente. 
Sr. Presidente, com as vênias ao Sr. Ministro Ilmar 
Galvão e pelas razões expostas, ouso discordar de S. Exa., não 
conhecendo do recurso extraordinário. 
5 
Voto - MAURÍCIO CORRÊA (2)
737 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
' ~ RECURSO EXTRAORDINARIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA - Sr. Presidente, em face 
da explanação feita nos votos que me antecederam, limito-me à 
leitura do inciso I, § 2", letra "b", do art. l55 da Constituição 
Federal, que dispõe sobre o ICMS: 
relação ao 
existência 
"§ 2º- (. .. ) 
.I - será não-cumulativo, compensando-se o que 
for devido em cada operação relativa à circulação de 
mercadorias ou prestação de serviços com o montante 
cobrado nas anteriores ... " 
Essa é uma disposição constitucional específica em 
ICMS e que poderá exigir, para efeito do crédito, a 
de lei complementar. 
Todavia, o dispositivo do artigo 153, § 3º , II, é 
inteiramente distinto da regra do ICMS. Disse o constituinte: 
"Art. l53. Compete à União instituir impostos 
sobre: 
( . . . ) 
§ 3" - O imposto previsto no inciso IV: 
II - será não-cumulativo, compensando-se o que 
for devido em cada operação com o montante cobrado nas 
anterioresi"• 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 738 
Ora,' se não há tributo a ser cobrado na operação 
anterior, não ·se pode dizer que terá que haver compensação a ser 
efetivada nas posteriores. 
Por essa razão, peço vênia ao eminente Ministro Ilmar 
Gal vão para entender que o acórdão recorrido realmente não feriu 
essa disposição, senão deu-lhe interpretação correta, a meu ver, 
independentemente de qualquer lei a ser regulamentada. Esse 
dispositivo se auto-explica. 
Com essas breves considerações, na linha do voto do 
eminente Ministro Nelson Jobim, não conheço do recurso 
extraordinário. 
2 
Voto - MARCO AURÉLIO (4)
739 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
y_ Q I Q 
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhor Presidente, 
durante dezoito anos, tivemos o tratamento igualitário, em se 
cuidando da não-cumulatividade, dos dois tributos: o Imposto sobre 
Circulação de Mercadorias e o Imposto sobre Produtos 
Industrializados. Isto decorreu da própria Emenda Constitucional n-"-
18/65 - e colho este dado do memorial claríssimo, corno devem ser 
todos os memoriais, distribuído pela Recorrida. O que houve, de 
• 
novo, então, sob a óptica constitucional'? Veio à balha a Emenda 
Constitucional n-"- 23, de 1983, a chamada Emenda Passos Porto, e aí 
alterou-se unicamente a disciplina conce:r'nente ao ICM para 
transformar-seo crédito que era regra em exceção, dispondo-se que o 
tributo incidiria sobre "operações relativas à circulação de 
mercadorias realizadas por produtores, industriais e come 
imposto que não será cumulativo e do qual se abaterá ... " 
RE 212.484-2 RS 
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Continuo a leitura 
da Emenda: .. nos termos do disposto em lei complementar, o 
montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado". 
Deu-se a transformação da regra em exceção, como 
disse: a isenção ou a não-incidência não implicará crédito - e estou 
' modificando a ordem das expressões - "não implicará" - é a regra -
"crédito de imposto para abatimento daquele incidente nas operações 
seguintes, salvo determinação em contrário da legislação". o 
crédito, portanto, tão-somente no tocante ao ICM, só poderia 
decorrer de disposição legal. 
Houve modificação, em si, quanto ao IPI? Não, o IPI 
continuou com o mesmo tratamento que conduziu esta Corte a assentar 
uma jurisprudência tranqüilíssima no sentido do direito ao crédito . 
Não houve mudança. A Emenda Constitucional • o n- 23 apenas alterou o 
preceito da Carta então em vigor que regulava o ICM. 
Ora, isenta-se de algo, de início~ devido, e, para não 
se chegar à inocuidade do benefício, deve haver o crédito, sob pena, 
também, de transformarmos a isenção em simples diferimento, apenas 
projetando no tempo o recolhimento do tributo. 
Na contabilidade alusiva a débito e crédito, no campo 
do ICM, inexiste a especificação da mercadoria. A conta é 
abrangente. Não há como, depois de produzida uma certa merca o 
2 
741 
RE 212.484-2 RS 
separar-se do valor dessa mercadoria a quantia referente à matéria-
prima que lá atrás diz-se isenta. 
O SR. MINISTRO NELSON JOBIM - Sr. Ministro, observo 
que a Emenda Passos Porto disciplinou a relação entre os Estados. A 
isenção dada em um Estado não se transferia para outro, salvo 
havendo Lei Complementar em contrário. Ou seja, o Estado do destino 
não dá crédito de isenção. Assim, o Estado do destino acaba 
tributando a parcela isenta. Ou seja, a isenção concedida em um 
Estado não se transferia para outro. A isenção, com a emenda Passos 
Porto, se restringia ao território do Estado que concedera a 
isenção. Foi uma forma de tratar a guerra fiscal entre Estados. 
" 
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhor Presidente, 
por isso, deu-se a pacificação da jurisprudência pelo direito ao 
crédito, na hipótese de isenção. 
A Segunda Turma, julgando o Recurso Extraordinário n~ 
106. 844, que versou, é certo, sobre ICM, mas quando o ICM tinha a 
mesma disciplina do IPI, concluiu, até a edição da Emenda 
Constitucional 23, que "havendo isenção na importação da matéria-
prima, há direito ao crédito do valor correspondente à hora da 
do produto industrializado" . Aludi, também, à decisão do Ple 
3 
742 
RE 212.484-2 RS 
da lavra do Ministro Djaci Falcão, reportando-se a pronunciamentos 
reiterados das duas Turmas, no sentido do acórdão atacado mediante 
este extraordinário. 
Em suma, não podemos confundir isenção com 
diferimento, nem agasalhar uma óptica que importe em reconhecer-se a 
' possibilidade de o Estado dar com uma das mãos e retirar com a 
outra. 
Dessa forma, sem que haja norma de estatura maior em 
tal sentido, porquanto o princípio da não-cumulatividade é 
constitucional, impossível é concluir-se pelo alijamento, em si, do 
crédito. 
Por isso, peço vênia ao nobre Ministro-Relator, embora 
reconheça que S. Exa. está sendo fiel à orientação que sempre adotou 
na Justiça Federal, no Federal de Recursos e 60 Superior Tri 1 de 
Justiça, para, no caso, não conhecer do recurso pela 
União. 
É o meu voto. 
4 
Voto - SEPÚLVEDA PERTENCE (1)
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 
VOTO 
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: Sr. Presidente, não 
desconheço a seriedade dos argumentos com os quais o eminente 
Ministro-Relator se opõe à jurisprudência formada - é certo - sobre 
o ICMS, mas à luz de disposição literalmente idêntica à que regulava 
a não-cumulatividade do IPI. No entanto, não vejo como revê-la após 
a Emenda Constitucional 23, que só ganha sentido na medida em que, 
para o ICMS, e só para o ICMS, veio a dispor em sentido contrário, 
trazendo inovação mantida também só para o ICMS pela 
Constituição de 1988. 
Por isso, peço todas as vénias ao eminente Relator para 
acompanhar o voto do Ministro Nelson Jobim e dos que o seguiram e 
não conhecer do recurso extraordinário. 
CRI 
Voto - OCTAVIO GALLOTTI (1)
744 
05/03/98 TRIBUNAL PLENO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212,484-2 RIO GRANDE DO SUL 
V O l'. O 
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: Sr. Presidente, 
também eu peço vênia para acompanhar os votos emitidos a partir do 
eminente Ministro Nelson Jobim, que estão coerentes com a 
jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal a respeito do ICM, e 
nada recomenda, a meu ver, seja alterada somente por se tratar, 
agora, de cobrança de IPI. 
Por isso, não conheço do recurso. J..s,.., l~,.. 
vccca\ 
Voto - SYDNEY SANCHES (1)
745 
05/03/98 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 
TRIBUNAL PLENO 
RIO GRANDE DO SUL 
YQIQ 
O SR. MINISTRO SYDNEY SANCHES: - Sr. Presidente, confesso 
uma grande dificuldade em admitir que se possa conferir crédito a 
alguém que, ao ensejo da aquisição, não sofreu qualquer tributação, 
pois tributo incide em cada operação e não no final das operações. 
Aliás, o inciso II, § 3º do art. 153, diz: 
"II - será não-cumulat:ivo, compensando-se o que 
for devido em cada operação com o mont:ant:e cobrado 
nas anteriores,." 
O que não é cobrado não pode ser descontado. Mas a 
jurisprudência do 
crédito. 
Supremo firmou-se no sentido do direito ao 
eminente 
eminente 
Em face dessa orientação da Corte, sigo, agora, o voto do 
Ministro Nelson Jobim. ~o 
Ministro-Relator. q..y/ 
~ 
fora isso, acompanharia o do 
Voto - NÉRI DA SILVEIRA (2)
05/03/98 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
74G 
TRIBUNAL PLENO 
Nº 212.484-2/210 - RIO GRANDE DO SUL 
V O T O 
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA: - Sr. Presidente. Ao 
ingressar nesta Corte, 
jurisprudência em exame. 
Ministro Sydney Sanches, 
compreensão da matéria. 
em 1981, já encontrei consolidada a 
Confesso que, como referiu o ilustre 
sempre encontrei certa dificuldade na 
De fato, o contribuinte é isento, na operação, mas o 
valor que corresponderia ao tributo a ser cobrado é escriturado como 
crédito em favor de quem nada pagou na operação, porque isento. 
De outra parte, o Tribunal nunca admitiu a correção monetária dessa 
importância. 
Certo está que a matéria foi amplamente discutida pelo 
Supremo Tribunal Federal, especialmente, em um julgamento de que 
relator o saudoso Ministro Bilac Pinto. Restou, aí, demonstrado que 
não teria sentido nenhum a isenção se não houvesse o correspondente 
747 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 212.484-2/210 - RIO GRANDE DO SUL 
crédito, pois tributada a operação seguinte. Firmou-se, desde aquela 
época, a jurisprudência, e, em realidade, não se discutiu, de novo 
a espécie. Todas as discussões ocorridas posteriormente foram sempre 
quanto à correção monetária do valor creditado; as empresas 
pretendem ver reconhecido esse direito, mas a Corte nega 'a correção 
monetária. 
No que concerne ao IPI, não houve modificação, à vista da 
Súmula 591. A modificação que se introduziu, de forma expressa e em, 
contraposição à jurisprudência assim consolidada do Supremo Tribunal 
Federal, quanto ao ICM, ocorreu, por força da Emenda Constitucional 
nº 23, à Lei Maior de 1969, repetida na Constituição de 1988, mas 
somente em relação ao ICM, mantidaa mesma redação do dispositivo do 
regime anterior, quanto ao IPI. 
Desse modo, sem deixar de reconhecer a relevância dos 
fundamentos deduzidos no voto do eminente M).nist.ro-Relator, na linhas 
dessa antiga jurisprudência, reit.erada, portanto, no tempo, - não 
há senão acompanhar o voto do Sr. Ministro Nelson Jobim, não 
conhecendo do recurso extraordinário. , ~. 
")IW-" 
2 
Extrato de Ata (1)
PLENÁRIO 748 
EXTRATO DE ATA 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 
PROCED. : RIO GRANDE DO SUL 
REDATOR 
RECTE. 
ADV. 
RECDO. 
ADV. 
ADVDOS. 
PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM 
UNIÃO FEDERAL 
PFN - DOLIZETE FÁTIMA MICHELIN 
VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA 
REFRESCOS S.A. 
MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA 
ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E 
DE PORTO ALEGRE 
OUTROS 
Decisão O Tribunal, por maioria de votos, não 
conheceu do recurso extraordinário, vencido o Sr. Ministro Ilmar 
Galvão, Relator. Votou o Presidente. Redigirá o acórdão o Sr. 
Ministro Nelson Jobim. Falou pela recorrida o Dr. João D. Cordeiro 
Guerra. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Carlos Velloso 
e Celso de Mello (Presidente). Presidiu o julgamento o Sr. Ministro 
Moreira Alves (RISTF, art. 37, I). Plenário, 05.03.98. 
Presidência do Senhor Ministro Moreira 
Presentes à sessão os Senhores Ministros Néri da Silveira, 
Sanches, Octavio Gallotti, Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio, 
Galvão, Maurício Corrêa e Nelson Jobim. 
Alves. 
Sydney 
Ilmar 
Procurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro. 
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Secretário 
	RE 212484
	Ementa e Acórdão (1)
	Relatório (2)
	Voto - ILMAR GALVÃO (4)
	Voto - NELSON JOBIM (5)
	Voto - MAURÍCIO CORRÊA (2)
	Voto - MARCO AURÉLIO (4)
	Voto - SEPÚLVEDA PERTENCE (1)
	Voto - OCTAVIO GALLOTTI (1)
	Voto - SYDNEY SANCHES (1)
	Voto - NÉRI DA SILVEIRA (2)
	Extrato de Ata (1)

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