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RE 212484Ementa e Acórdão (1) COORD. DE ANÃLISE DE JURISPRUD2NCIA D.J. 27.11.98 EMENTÃRIO NQ 1 9 3 3 _ O 4 ·723 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORD:CNÁR:CO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL REDATOR PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL ADVOGADO: PFN - DOLIZETE FÁTIMA MICHELIN RECORRIDO: VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA DE PORTO ALEGRE REFRESCOS S.A. ADVOGADO: MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA ADVOGADOS: ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E OUTROS EMENTA: CONST:CTUC:CONAL. TR:CBUTÁR:CO. :CP:C. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATJ:V:CDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. Não ocorre ofensa à contribuinte do IPI credita-se insumos adquiridos sob o regime Recurso não_ 8onhecido. CF (art. 153, § 3°, II) quando o do valor do tributo incidente sobre de isenção. A~C Ó R DÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessao Plenária, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em não conhecer do recurso extraordinário. Brasilia, 05 de março de 1998. • BE])aTQR,.pf O ACÕRDÃO Relatório (2) 72G 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTBAORDINÁRI:O N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL REDATOR PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL ADVOGADO: RECORRIDO: ADVOGADO: ADVOGADOS: PFN - OOLIZETE FÁTIMA MICHELIN VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA DE PORTO ALEGRE REFRESCOS S.A. MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E OUTROS R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO II.MAR GALVÃO (Rel.ator) : Trata-se de recurso extraordinário que, na forma do art. 102, III, a, da Constituição, foi interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que autorizou contribuinte do IPI a creditar-se do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. Sustenta a recorrente haver a referida decisão ofendido a norma do art. 153, § 3°, II, da Constituição, segundo a qual a compensação do tributo, que é não-cumulativo, deverá ocorrer entre o que for devido, em cada operação, e o que for exigido nas operações anteriores, inexistindo disposição que autorize a compensação entre o que for devido, em cada operação, e o que devesse ser pago, nas operações anteriores, não estivesse ela coberta por isenção. o recurso, admitido na origem, foi regularmente processado. /' / RE 212.484-2 RS 727 A douta Procuradoria-Geral da República, em parecer do Dr. Vicente de Paulo Saraiva, opinou no sentido do não-conhecimento. É o relatório. * * * * * * * /.✓ { / / -~ dfm 2 Voto - ILMAR GALVÃO (4) 728 05/03/98 TRI:BUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDI:NÁRJ:O N. 212.484-2 IUO GlUUU>E DO SUL V O TO O SENHOR MINISTRO II.MAR GALVÃO - (Relator): A Constituição Federal, no art. 153, § 3º , II, estabelece que o IPI será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Objetiva a norma, por esse meio, impedir a tributação em ''cascata", assegurando que, no preço da venda do produto ao consumidor final, a parcela alusiva ao referido tributo corresponderá a percentual que não exceda ao da alíquota deste. Tal o sentido do princípio da não-cumulatividade do tributo, que também se aplica ao ICMS (art. 155, § 2°, I, da CF). Encontra-se enunciado no art. 153, § 3°, II, de molde a não oferecer dúvida: " ... compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores." A compensação só se dá com o que for cobrado, sendo intuitivo admitir que, se nada foi cobrado na operação anterior, não haverá lugar para ela. Não importa que o consumidor final não tenha sido beneficiado pela não-exigência do tributo em uma das etapas do ciclo econômico, posto que conta, a seu favor, com a garantia da observância do princípio da não-cumulatividade. Aliás, a isenção na aquisição da matéria prima não visa a beneficiar o consumidor, visto apenas diferir a incidência do RE 212.484-2 RS 729 imposto para a operação de venda do produto acabado, mas, tão-somente, a empresa industrial, na medida em que a exonera da obrigação de desembolsar, quando da aquisição de matéria prima, o valor alusivo ao tributo. Justamente porque exonerada dessa obrigação, fica esta sem crédito a compensar. É claro que nada impede a instituição, pela União, em favor dos industriais, a título de incentivo, do direito ao crédito do imposto presumido, desde que o faça por lei, o que não é o caso dos autos. O mesmo se dá com o ICMS, conforme estabelece o inciso I do art. 155, § 2°, da Carta. O referido dispositivo, no inciso II, assentou que "a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação": "a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes". A Constituição de 1988, nesse passo, limitou-se a transcrever a ressalva que, recorde-se, já havia sido inserida no art. 23, II, da Carta de 1969, pela EC nº 17/80 e que, por redundante, infirmaria o raciocínio acima exposto, não se houvesse revelado necessária para inviabilizar a aplicação da teoria do crédito pelo tributo presumido, que se achava consagrada pela jurisprudência do STF, e para estabelecer a possibilidade de o benefício fiscal, em relação ao ICMS, ser instituído por meio de lei 2 /~ RB 212.484-2 RS 730 complementar federal (cf. inc. XII, bl, sem excluir, é óbvio, a hipótese de fazerem-no os próprios Estados, por meio de convênio. Se em relação ao ICMS, que contava com o beneplácito jurisprudencial, a própria Constituição previu, possivelmente por isso mesmo, a necessidade de o benefício vir a ser instituído por lei, ou, obviamente, por meio de convênio, deveria haver sérias razões, aqui não demonstradas, para que se pudesse chegar a conclusão contrária no concernente ao seu símile, o IPI, que nunca foi contemplado, pelo julgador, com o crédito do imposto presumido. (fl. 167) enunciar O acórdão, destoando dessa orientação, decidiu, varbis " ... Enquanto a não-cumulatividade do ICMS está restringida pelo regime aplicável aos casos de isenção ou não-incidência, que não geram crédito para compensação com o montante devido nas operações seguintes e anulam o crédito gerado em operações anteriores, a não- cumulatividade do IPI não se sujeita a essa nem a nenhuma outra limitação constitucional.H Partiu, assim, do entendimento de que a Constituição, ao o princípio da não-cumulatividade (" o imposto será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores"), utilizou a expressão "montante cobrado" para referir, não apenas o imposto efetivamente devido, mas também o que seria devido, na ausência de isenção ou de não- 3 RE 212.484-2 RS 731 incidência, o que não é possível aceitar, em face do que restou exposto. No caso sob exame, como resultou demonstrado nos autos, inexiste autorização legal para o benefício do crédito pelo imposto presumido, razão pela qual o acórdão não tem condição de subsistir. Meu voto, portanto, conhece provimento, para o fim de cassar o mandado * * * * * * * dfm 4 do recurso e de segurança. /? // / ~/ lhe dá Voto - NELSON JOBIM (5) 732 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 21.2.484-2 RIO GRANDE DO SUL TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 212.484 VOTO SR. MINISTRO NELSON JOBIM - Sr. Presidente, o ICMS e o IPI são impostos, criados no Brasil, na esteira dos impostos àe valor agregado. A regra, para os impostosde valor agregado, é a não- cumulatividade, ou seja, o tributo é devido sobre a parcela agregada ao valor tributado anterior. Assim, na primeira operação, a alíquota incide sobre o valor total. Jà na segunda operação, só se tributa o diferencial. O Brasil, por conveniência, adotou-se técnica de cobrança distinta. O objetivo é tributar a primeira operação de forma integral e, apôs, tributar o valor agregado. No entanto, para evitar confusão, a alíquota incide sobre todo o valor em todas as operações sucessivas e concede-se crédito do imposto recolhido na operação anterior. Evita-se, assim, 733 Ora, se esse é o objetivo, a isenção concedida em um momento da corrente não pode ser desconhecida quando da operação subsequente tributável. O entendimento no sentido de que, na operação subsequente, não se leva em conta o valor sobre o qual deu- se a isenção, importa, meramente em diferimento. Agora, examino o caso concreto. Trata-se de produção de Coca-Cola. O que se passa com a sua produção no Brasil? Vejamos. Os produtores de Coca-Cola dependem, para a produção de seu refrigerante, de um xarope. Para efeitos de redução de custos, as empresas produtoras de xarope de Coca-Cola transferiram a sua produção para a Zona Franca de Manaus. Lá, gozam de isenção de IPI. Os produtores de outros xaropes, insumo para outro tipo de refrigerantes, não se transferiram para a zona franca de Manaus. Não se transferiram porque não desejaram ou porque era economicamente impossível. Não iwporta. Esse fato criou um sério problema de mercado. A fabricação de xarope sofria, até fevereiro ou março do ano passado, a incidência de uma alíquota de 40%. Portanto, como se tem a isenção do IPI sobre o xarope produzido na Zona Franca de Manaus, os produtores de Coca-Cola disputariam no mercado produtores de guaraná, por de forma privilegiada exemplo.) em relação aos 2 Em razão disso, procedeu-se uma alteração na lei que regulamentou os sucos no Brasil. Reduziu-se em 50% a alíquota relativa a refrigerantes oriundos de extratos concentrados de suco de fruta ou de semente de guaraná, de 40%. Foi a forma pela qual tentou-se equilibrar a concorrência_ Os produtores de Coca-Cola não pagam IPI sobre o xarope, mas são obrigados pela incidência da alíquota de 40% sobre o refrigerante. Os outros produtores pagam IPI sobre o xarope, mas gozam de uma redução de 50% sobre a alíquota de 40%. Após isso, para estabelecer uma concorrência mais leal, o TIPI - Tabela de Imposto de Produtos Industrializados alíquota sobre o xarope de 40% para 27%. reduziu a Sei da existência de virtual conflito entre a Fazenda e os produtores de Coca-Cola quanto às margens. Segundo informações, os produtores de xarope teriam aumentado o seu valor para o de obter maior resultado na isenção. Volto ao tema .. Por que os produtores de suco, que não Coca-Cola, têm, hoje, uma redução de cinqüent2. por cento na alíquota? Porque os outros produtores de refrigerantes com xarope oriundo da zona franca - gozariam de um crédito em relação à parte isenta. A isenção, na Zona Franca de Manaus, tem como objetivo a implantação de fábricas que irão :omercializar seus produtos fora dv 735 própria zona. Se não fora assim o incentivo seria inútil. Aquele que produz na Zona Franca não o faz para consumo próprio. Visa a venda em outros mercados. Raciocinando a partir da configuração do tributo, posso entender a ementa dos Embargos em Recurso Extraordinário nº 94.177, em relação ao ICM: "havendo isenção na importação de matéria-prima, há o direi to de creditar-se do valor correspondente, na fase de saída do produtu ... ". Se não fora assim ter-se-ia mero diferimento do imposto. Então, quando os Estados obtiveram a Emenda Passos Porto, vindo posteriormente a matéria para o texto constitucional (§2º do inciso III da letra "ando art. 155), o que ocorreu, na verdade, foi apenas a constitucionalização de uma experiência com o ICMS. Se tivermos, na hipótese, uma decisão no sentido de acompanhar o voto do Ministro-Relator, teremos uma distorção no que diz respeito às alíquotas vigentes do IPI, urna vez que os produtores de sucos teriam uma redução de cinqüenta por cento, mas os produtores não de sucos não teriam a mesma redução. Com a vênia do eminente Ministro-Relator, ouso divergir, com o pressuposto analítico do objetivo do tributo de valor agregado. O que não podemos, por força da técnica utilizada no Brasil para aplicar o sistema do tributo sobre o valor agregado não- cumulativo, é torná-lo cumulativo e inviabilizar a concessão de isenções durante o processo produtivo.; 4 736 'Ienho cautela que impõe a técnica do crédito e não de tributação exclusiva sobre o valor agregado. Tributa-se o total e se abate o que estava na operação anterior. O que se quer é a tributação do que foi agregado e não a tributação do anterior, caso contrário não haverá possibiidade efetiva de isenção; é isento numa operação, mas poderá ser pago na operação subseqüente. Sr. Presidente, com as vênias ao Sr. Ministro Ilmar Galvão e pelas razões expostas, ouso discordar de S. Exa., não conhecendo do recurso extraordinário. 5 Voto - MAURÍCIO CORRÊA (2) 737 05/03/98 TRIBUNAL PLENO ' ~ RECURSO EXTRAORDINARIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA - Sr. Presidente, em face da explanação feita nos votos que me antecederam, limito-me à leitura do inciso I, § 2", letra "b", do art. l55 da Constituição Federal, que dispõe sobre o ICMS: relação ao existência "§ 2º- (. .. ) .I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores ... " Essa é uma disposição constitucional específica em ICMS e que poderá exigir, para efeito do crédito, a de lei complementar. Todavia, o dispositivo do artigo 153, § 3º , II, é inteiramente distinto da regra do ICMS. Disse o constituinte: "Art. l53. Compete à União instituir impostos sobre: ( . . . ) § 3" - O imposto previsto no inciso IV: II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anterioresi"• RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL 738 Ora,' se não há tributo a ser cobrado na operação anterior, não ·se pode dizer que terá que haver compensação a ser efetivada nas posteriores. Por essa razão, peço vênia ao eminente Ministro Ilmar Gal vão para entender que o acórdão recorrido realmente não feriu essa disposição, senão deu-lhe interpretação correta, a meu ver, independentemente de qualquer lei a ser regulamentada. Esse dispositivo se auto-explica. Com essas breves considerações, na linha do voto do eminente Ministro Nelson Jobim, não conheço do recurso extraordinário. 2 Voto - MARCO AURÉLIO (4) 739 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL y_ Q I Q O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhor Presidente, durante dezoito anos, tivemos o tratamento igualitário, em se cuidando da não-cumulatividade, dos dois tributos: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e o Imposto sobre Produtos Industrializados. Isto decorreu da própria Emenda Constitucional n-"- 18/65 - e colho este dado do memorial claríssimo, corno devem ser todos os memoriais, distribuído pela Recorrida. O que houve, de • novo, então, sob a óptica constitucional'? Veio à balha a Emenda Constitucional n-"- 23, de 1983, a chamada Emenda Passos Porto, e aí alterou-se unicamente a disciplina conce:r'nente ao ICM para transformar-seo crédito que era regra em exceção, dispondo-se que o tributo incidiria sobre "operações relativas à circulação de mercadorias realizadas por produtores, industriais e come imposto que não será cumulativo e do qual se abaterá ... " RE 212.484-2 RS O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Continuo a leitura da Emenda: .. nos termos do disposto em lei complementar, o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado". Deu-se a transformação da regra em exceção, como disse: a isenção ou a não-incidência não implicará crédito - e estou ' modificando a ordem das expressões - "não implicará" - é a regra - "crédito de imposto para abatimento daquele incidente nas operações seguintes, salvo determinação em contrário da legislação". o crédito, portanto, tão-somente no tocante ao ICM, só poderia decorrer de disposição legal. Houve modificação, em si, quanto ao IPI? Não, o IPI continuou com o mesmo tratamento que conduziu esta Corte a assentar uma jurisprudência tranqüilíssima no sentido do direito ao crédito . Não houve mudança. A Emenda Constitucional • o n- 23 apenas alterou o preceito da Carta então em vigor que regulava o ICM. Ora, isenta-se de algo, de início~ devido, e, para não se chegar à inocuidade do benefício, deve haver o crédito, sob pena, também, de transformarmos a isenção em simples diferimento, apenas projetando no tempo o recolhimento do tributo. Na contabilidade alusiva a débito e crédito, no campo do ICM, inexiste a especificação da mercadoria. A conta é abrangente. Não há como, depois de produzida uma certa merca o 2 741 RE 212.484-2 RS separar-se do valor dessa mercadoria a quantia referente à matéria- prima que lá atrás diz-se isenta. O SR. MINISTRO NELSON JOBIM - Sr. Ministro, observo que a Emenda Passos Porto disciplinou a relação entre os Estados. A isenção dada em um Estado não se transferia para outro, salvo havendo Lei Complementar em contrário. Ou seja, o Estado do destino não dá crédito de isenção. Assim, o Estado do destino acaba tributando a parcela isenta. Ou seja, a isenção concedida em um Estado não se transferia para outro. A isenção, com a emenda Passos Porto, se restringia ao território do Estado que concedera a isenção. Foi uma forma de tratar a guerra fiscal entre Estados. " O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhor Presidente, por isso, deu-se a pacificação da jurisprudência pelo direito ao crédito, na hipótese de isenção. A Segunda Turma, julgando o Recurso Extraordinário n~ 106. 844, que versou, é certo, sobre ICM, mas quando o ICM tinha a mesma disciplina do IPI, concluiu, até a edição da Emenda Constitucional 23, que "havendo isenção na importação da matéria- prima, há direito ao crédito do valor correspondente à hora da do produto industrializado" . Aludi, também, à decisão do Ple 3 742 RE 212.484-2 RS da lavra do Ministro Djaci Falcão, reportando-se a pronunciamentos reiterados das duas Turmas, no sentido do acórdão atacado mediante este extraordinário. Em suma, não podemos confundir isenção com diferimento, nem agasalhar uma óptica que importe em reconhecer-se a ' possibilidade de o Estado dar com uma das mãos e retirar com a outra. Dessa forma, sem que haja norma de estatura maior em tal sentido, porquanto o princípio da não-cumulatividade é constitucional, impossível é concluir-se pelo alijamento, em si, do crédito. Por isso, peço vênia ao nobre Ministro-Relator, embora reconheça que S. Exa. está sendo fiel à orientação que sempre adotou na Justiça Federal, no Federal de Recursos e 60 Superior Tri 1 de Justiça, para, no caso, não conhecer do recurso pela União. É o meu voto. 4 Voto - SEPÚLVEDA PERTENCE (1) 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 RIO GRANDE DO SUL VOTO O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: Sr. Presidente, não desconheço a seriedade dos argumentos com os quais o eminente Ministro-Relator se opõe à jurisprudência formada - é certo - sobre o ICMS, mas à luz de disposição literalmente idêntica à que regulava a não-cumulatividade do IPI. No entanto, não vejo como revê-la após a Emenda Constitucional 23, que só ganha sentido na medida em que, para o ICMS, e só para o ICMS, veio a dispor em sentido contrário, trazendo inovação mantida também só para o ICMS pela Constituição de 1988. Por isso, peço todas as vénias ao eminente Relator para acompanhar o voto do Ministro Nelson Jobim e dos que o seguiram e não conhecer do recurso extraordinário. CRI Voto - OCTAVIO GALLOTTI (1) 744 05/03/98 TRIBUNAL PLENO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212,484-2 RIO GRANDE DO SUL V O l'. O O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: Sr. Presidente, também eu peço vênia para acompanhar os votos emitidos a partir do eminente Ministro Nelson Jobim, que estão coerentes com a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal a respeito do ICM, e nada recomenda, a meu ver, seja alterada somente por se tratar, agora, de cobrança de IPI. Por isso, não conheço do recurso. J..s,.., l~,.. vccca\ Voto - SYDNEY SANCHES (1) 745 05/03/98 RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 TRIBUNAL PLENO RIO GRANDE DO SUL YQIQ O SR. MINISTRO SYDNEY SANCHES: - Sr. Presidente, confesso uma grande dificuldade em admitir que se possa conferir crédito a alguém que, ao ensejo da aquisição, não sofreu qualquer tributação, pois tributo incide em cada operação e não no final das operações. Aliás, o inciso II, § 3º do art. 153, diz: "II - será não-cumulat:ivo, compensando-se o que for devido em cada operação com o mont:ant:e cobrado nas anteriores,." O que não é cobrado não pode ser descontado. Mas a jurisprudência do crédito. Supremo firmou-se no sentido do direito ao eminente eminente Em face dessa orientação da Corte, sigo, agora, o voto do Ministro Nelson Jobim. ~o Ministro-Relator. q..y/ ~ fora isso, acompanharia o do Voto - NÉRI DA SILVEIRA (2) 05/03/98 RECURSO EXTRAORDINÁRIO 74G TRIBUNAL PLENO Nº 212.484-2/210 - RIO GRANDE DO SUL V O T O O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA: - Sr. Presidente. Ao ingressar nesta Corte, jurisprudência em exame. Ministro Sydney Sanches, compreensão da matéria. em 1981, já encontrei consolidada a Confesso que, como referiu o ilustre sempre encontrei certa dificuldade na De fato, o contribuinte é isento, na operação, mas o valor que corresponderia ao tributo a ser cobrado é escriturado como crédito em favor de quem nada pagou na operação, porque isento. De outra parte, o Tribunal nunca admitiu a correção monetária dessa importância. Certo está que a matéria foi amplamente discutida pelo Supremo Tribunal Federal, especialmente, em um julgamento de que relator o saudoso Ministro Bilac Pinto. Restou, aí, demonstrado que não teria sentido nenhum a isenção se não houvesse o correspondente 747 RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 212.484-2/210 - RIO GRANDE DO SUL crédito, pois tributada a operação seguinte. Firmou-se, desde aquela época, a jurisprudência, e, em realidade, não se discutiu, de novo a espécie. Todas as discussões ocorridas posteriormente foram sempre quanto à correção monetária do valor creditado; as empresas pretendem ver reconhecido esse direito, mas a Corte nega 'a correção monetária. No que concerne ao IPI, não houve modificação, à vista da Súmula 591. A modificação que se introduziu, de forma expressa e em, contraposição à jurisprudência assim consolidada do Supremo Tribunal Federal, quanto ao ICM, ocorreu, por força da Emenda Constitucional nº 23, à Lei Maior de 1969, repetida na Constituição de 1988, mas somente em relação ao ICM, mantidaa mesma redação do dispositivo do regime anterior, quanto ao IPI. Desse modo, sem deixar de reconhecer a relevância dos fundamentos deduzidos no voto do eminente M).nist.ro-Relator, na linhas dessa antiga jurisprudência, reit.erada, portanto, no tempo, - não há senão acompanhar o voto do Sr. Ministro Nelson Jobim, não conhecendo do recurso extraordinário. , ~. ")IW-" 2 Extrato de Ata (1) PLENÁRIO 748 EXTRATO DE ATA RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 212.484-2 PROCED. : RIO GRANDE DO SUL REDATOR RECTE. ADV. RECDO. ADV. ADVDOS. PARA O ACORDÃO: MIN. NELSON JOBIM UNIÃO FEDERAL PFN - DOLIZETE FÁTIMA MICHELIN VONPAR REFRESCOS S.A., SUCESSORA REFRESCOS S.A. MARCOS JORGE CALDAS PEREIRA ANTONIO CARLOS GARCIA DE SOUZA E DE PORTO ALEGRE OUTROS Decisão O Tribunal, por maioria de votos, não conheceu do recurso extraordinário, vencido o Sr. Ministro Ilmar Galvão, Relator. Votou o Presidente. Redigirá o acórdão o Sr. Ministro Nelson Jobim. Falou pela recorrida o Dr. João D. Cordeiro Guerra. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Carlos Velloso e Celso de Mello (Presidente). Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moreira Alves (RISTF, art. 37, I). Plenário, 05.03.98. Presidência do Senhor Ministro Moreira Presentes à sessão os Senhores Ministros Néri da Silveira, Sanches, Octavio Gallotti, Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio, Galvão, Maurício Corrêa e Nelson Jobim. Alves. Sydney Ilmar Procurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro. , k . \ ·- ~-~-- ~· \ -· . ·~--;,,.,:....\. :_::,?._-;--...._ /0• .. ·--· _-. > LJ.ll_z.__T__omüuá t s u _:...------ Secretário RE 212484 Ementa e Acórdão (1) Relatório (2) Voto - ILMAR GALVÃO (4) Voto - NELSON JOBIM (5) Voto - MAURÍCIO CORRÊA (2) Voto - MARCO AURÉLIO (4) Voto - SEPÚLVEDA PERTENCE (1) Voto - OCTAVIO GALLOTTI (1) Voto - SYDNEY SANCHES (1) Voto - NÉRI DA SILVEIRA (2) Extrato de Ata (1)
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