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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 1 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Na aula de hoje, comentarei exercícios sobre o assunto “Classificação das Constituições”, que integra a chamada teoria geral do Direito Constitucional. O meu objetivo será apresentar as variadas denominações criadas pela doutrina para singularizar as diferentes espécies de Constituição, a partir de suas características marcantes. Serão apresentadas não só as denominações reiteradamente cobradas em provas, mas também aquelas que não têm sido cobradas - afinal, nada impede que amanhã estas últimas apareçam no seu concurso. Vamos aos exercícios. 1) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) As constituições classificadas quanto à forma como legais são aquelas sistematizadas e apresentadas em um texto único. Item ERRADO. Comentário. Nesse enunciado, a Esaf cobrou uma classificação das Constituições pouco tradicional, apresentada pelo Professor André Ramos Tavares. Para ele, as Constituições podem ser Codificadas ou legais. As Constituições codificadas são aquelas sistematizadas em um único documento. As Constituições legais são aquelas integradas por documentos diversos, fisicamente distintos, como foi o caso da Terceira República Francesa, formada por inúmeras leis constitucionais, redigidas em momentos distintos, tratando cada qual de elementos substancialmente constitucionais. Como se vê, o enunciado está errado, pois ele apresenta a definição de Constituição codificada, e não de Constituição legal. 2) (ESAF/AFC/STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido político, formulada por Carl Schmitt, há uma identidade entre o conceito de constituição e o conceito de leis constitucionais, uma vez que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política fundamental do Estado. Item ERRADO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 2 Comentário. O constitucionalista Carl Schmitt é o responsável pela concepção política de Constituição, segundo a qual a Constituição é uma decisão política fundamental. Para Schmitt, a Constituição surge a partir de um ato constituinte, fruto de uma vontade política fundamental de produzir uma decisão eficaz sobre modo e forma de existência política de um Estado. Essa visão política de Schmitt está assentada numa distinção entre Constituição e leis constitucionais, nestes termos: a Constituição disporia somente sobre as matérias de grande relevância jurídica, sobre as decisões políticas fundamentais do Estado; as demais normas integrantes do texto da Constituição seriam, tão-somente, leis constitucionais. Como se vê, o enunciado está errado porque, em vez de referir-se à distinção entre Constituição e leis constitucionais estabelecida por Schmitt, afirma que haveria, para o autor, uma identidade entre Constituição e leis constitucionais. 3) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em sua concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias consideradas como de conteúdo constitucional e que deveriam integrar obrigatoriamente o texto positivado. Item ERRADO. Comentário. Esse enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto ao conteúdo, que as divide em: materiais e formais. Na concepção material (ou substancial) de Constituição, são constitucionais as normas – escritas ou não escritas – que estabelecem os elementos básicos de organização do Estado, vale dizer, as normas que tratam de matérias substancialmente constitucionais, tais como: as formas de aquisição e exercício do poder, a estruturação e as finalidades do Estado e os direitos fundamentais. Nessa concepção, leva-se em conta, para identificar uma norma constitucional, o seu conteúdo (não importando, em nada, o seu processo de elaboração). Na concepção formal de Constituição, são constitucionais todas as normas que integram o texto de uma Constituição escrita, solenemente elaborada, por um processo distinto daquele de elaboração das demais leis (constituição rígida), independentemente de seu conteúdo. Nessa CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 3 concepção, leva-se em conta, para identificar uma norma constitucional, o processo de sua elaboração (não importando, em nada, o seu conteúdo). Veja que a primeira parte do enunciado está correta, pois, de fato, na concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, haja vista que a Constituição, na concepção material, é identificada a partir do conteúdo das normas. Porém, a parte final do enunciado está errada, ao afirmar que é pacífico na doutrina quais seriam as matérias substancialmente constitucionais, e que, por isso, deveriam integrar obrigatoriamente o texto das constituições. Ora, essas concepções jurídicas – material e formal – são muito subjetivas, e não há nenhum consenso sobre quais seriam as normas materialmente (ou substancialmente) constitucionais. Os juristas de índole socialista certamente defenderão a presença de normas e mais normas de cunho social no texto das Constituições, enquanto os liberais defenderão a presença de princípios econômicos, de valorização da iniciativa privada etc. O erro do enunciado está, portanto, em afirmar que é pacífico na doutrina o entendimento sobre quais seriam as normas materialmente constitucionais. 4) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a classificação das Constituições, adotada por Karl Lowenstein, uma constituição nominativa é um mero instrumento de formalização legal da intervenção dos dominadores de fato sobre a comunidade, não tendo a função ou a pretensão de servir como instrumento limitador do poder real. Item ERRADO. Comentário. O constitucionalista alemão Karl Loewenstein (houve um erro de digitação da Esaf, que omitiu a letra “e” no nome do jurista!) desenvolveu uma classificação para as Constituições levando em conta a existência, ou não, de correspondência entre o texto constitucional e a vida política do Estado, dividindo as Constituições em três grupos: normativas, nominativas e semânticas. Para ele, em alguns países há uma perfeita correspondência entre o que diz a Constituição e o que, de fato, ocorre na vida política do Estado, isto é, a Constituição consegue efetivamente normatizar a vida política do Estado, limitando a ingerência deste e estabelecendo direitos aos indivíduos. Nesse caso, em que há correspondência entre Constituição e vida política do Estado, temos a chamada Constituição normativa. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 4 Em outros países, a Constituição tem o objetivo de regular a vida política do Estado, mas não consegue cumprir o seu papel. A Constituição, nesse caso, é chamada de nominativa. Já em outros países, a Constituição sequer tem por objetivo limitar a ingerência estatal em favor do indivíduo, mas somente legitimar os atos de determinados governantes, servindo aos exclusivos interesses dos atuais detentores do poder. Nesse caso, a Constituição é chamada de semântica. O enunciado está errado porque o conceito nele apresentado refere-se à Constituição semântica (e não à Constituição nominativa, como afirmado). 5) (ESAF/AFC/CGU/2003) As Constituições outorgadas, sob a ótica jurídica, decorrem de um ato unilateral de uma vontade política soberana e, em sentido político, encerram uma limitação ao poder absoluto que esta vontade detinha antes de promover a outorga de um texto constitucional.Item CERTO. Comentário. O enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto à origem, que as divide em: outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas. As Constituições outorgadas são aquelas elaboradas unilateralmente por um agente revolucionário, sem a participação popular. As Constituições promulgadas (democráticas ou populares) são aquelas elaboradas com a participação popular, normalmente por intermédio de uma Assembléia Nacional Constituinte - ANC. As Constituições cesaristas são aquelas elaboradas unilateralmente, mas submetidas à aprovação ulterior do povo, mediante a realização de um referendo. As Constituições pactuadas são aquelas resultantes de um pacto de governabilidade celebrado entre a monarquia (em processo de decadência) e a nobreza (em processo de ascensão). O enunciado está correto porque, de fato, sob a ótica jurídica, as Constituições outorgadas são resultado de uma vontade unilateral soberana (do agente revolucionário). Por outro lado, em sentido político, representam a decisão desse agente revolucionário em fixar certos limites ao seu próprio poder, até então absoluto. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 5 É verdade que, convenhamos, os golpistas não outorgam uma Constituição, limitando em parte sua soberania, preocupados com os direitos dos indivíduos! A preocupação, normalmente, é com a manutenção do seu próprio poder! No intuito de perpetuarem no poder, dão uma de “bonzinhos” e outorgam uma Constituição, limitando, em parte, sua soberania e “legitimando” seu governo antidemocrático! Para finalizar, é importante saber que, no Brasil, tivemos Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988). 6) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a tendência constitucional moderna de elaboração de Constituições sintéticas se deve, entre outras causas, à preocupação de dotar certos institutos de uma proteção eficaz contra o exercício discricionário da autoridade governamental. Item ERRADO. Comentário. Esse enunciado versa sobre a classificação das Constituições quanto à extensão, que as divide em: sintéticas e analíticas. As Constituições sintéticas (concisas, resumidas, breves, sumárias ou sucintas) são aquelas de texto abreviado, que se limitam a estabelecer os princípios basilares da organização do Estado. Um bom exemplo é a Constituição dos EUA, composta de apenas algumas dezenas de artigos. As Constituições analíticas (largas, prolixas, extensas ou amplas) são aquelas de texto extenso, que tratam de variadas matérias, e não somente de matérias substancialmente constitucionais. É o caso, por exemplo, da Constituição Federal de 1988. O enunciado está errado porque a tendência moderna não é de elaboração de Constituições sintéticas, mas sim de elaboração de Constituições analíticas. Constituição sintética, de texto abreviado, é coisa do passado. Essa tendência moderna de elaboração de Constituições analíticas é decorrência, sobretudo, de dois fatores: a) conferir maior estabilidade a certas matérias, levando-as para o texto da Constituição, no intuito de limitar a discricionariedade do Estado sobre elas; e b) assegurar uma maior proteção social aos indivíduos (a partir do surgimento do Estado social, as Constituições passaram a ter conteúdo extenso, de cunho social e programático, estabelecendo não só as bases CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 6 de organização do Estado, mas, também, fixando programas e diretrizes de política social para a concretização futura pelos órgãos estatais). 7) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na história do Direito Constitucional brasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode ser classificada, quanto à estabilidade, como uma constituição semi-rígida. Item ERRADO. Comentário. Esse item nos remete à classificação das Constituições quanto à estabilidade (ou alterabilidade), em que, a depender da maior ou menor dificuldade para modificação do seu texto, as Constituições podem ser: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas. As imutáveis são aquelas que não admitem nenhuma modificação do seu texto. Esse tipo de Constituição está em absoluto desuso nos tempos modernos. As rígidas são aquelas que admitem modificações no seu texto, desde que por um procedimento especial, mais difícil do que aquele de elaboração das demais leis do ordenamento. É a espécie predominante na atualidade. As flexíveis são aquelas que admitem modificações no seu texto pelo mesmo procedimento de elaboração das demais leis do ordenamento. As semi-rígidas (ou semiflexíveis) são aquelas que exigem um procedimento especial para a modificação de parte do seu texto (parte rígida), e permitem a modificação de outra parte do seu texto por um procedimento simples (parte flexível). No Brasil, todas as Constituições foram do tipo rígidas, exceto a Constituição Imperial de 1824, que era semi-rígida. Como funciona uma Constituição semi-rígida? Como sabemos que parte do seu texto é rígida, e que parte é flexível? Bem, a própria Constituição traz um dispositivo que indica qual é a sua parte rígida (e que, portanto, exige um processo especial para sua modificação) e qual é a sua parte flexível (que pode ser modificada por processo legislativo simples, igual ao de elaboração das leis). No caso brasileiro, a Constituição de 1824 apresentava essa regra no seu artigo 178, nos termos seguintes: “Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias.” CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 7 Veja que este artigo estabelecia uma distinção no tocante às formalidades necessárias para a alteração dos diferentes dispositivos da mesma Constituição: a) os dispositivos substancialmente constitucionais (limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos e os Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos) só podiam ser modificados por um procedimento especial (parte rígida da Constituição); b) os demais dispositivos, considerados não-constitucionais, podiam ser modificados pelo processo legislativo ordinário (parte flexível da Constituição). Além dessa classificação tradicional, o Professor Alexandre de Moraes refere-se à Constituição “Super Rígida”. Para ele, a Constituição Federal de 1988, por exemplo, seria super rígida, pois, além de exigir um processo especial para modificação do seu texto (CF, art. 60, § 2º), possui algumas matérias inabolíveis, que são as cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4º). Essa referência do Professor Alexandre de Moraes à Constituição super rígida não tem sido exigida em provas de concursos, mas, como ele é um dos constitucionalistas de renome da atualidade, é bom você ficar de olho nessa expressão... 8) (ESAF/AFC/CGU/2003) A existência de supremacia formal da Constituição independe da existência de rigidez constitucional. Item ERRADO. Comentário. A supremacia formal das Constituições decorre, precisamente, da rigidez do seu texto. Vejamos como nasce a supremacia formal. A rigidez, ao exigir formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, posiciona a Constituição em um patamar de superioridade hierárquica em relação a todas as demais normas do ordenamento, em virtude da exigência dessas formalidades especiais. Essa superioridade hierárquica da Constituição, decorrente da exigênciade formalidades especiais para elaboração de suas normas, é, precisamente, a chamada supremacia formal (isto é, supremacia decorrente de forma, decorrente das formalidades especiais exigidas para a elaboração das normas constitucionais). Aliás, é por esse motivo que só se pode falar em supremacia formal das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento num CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 8 sistema de Constituição rígida. Afinal, se estamos num sistema de Constituição flexível, não há distinção entre os processos legislativos de elaboração das normas constitucionais e das leis ordinárias. Ora, se no regime de Constituição flexível não há formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, não podemos falar em supremacia formal (que decorre, justamente, da exigência de formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais). Essa noção de supremacia formal, resultante da rigidez constitucional, não pode ser confundida com o conceito de supremacia material da Constituição, decorrente da dignidade do conteúdo das normas constitucionais. Fala-se em supremacia material da Constituição quando se tem em conta a superioridade da norma constitucional em razão da dignidade de seu conteúdo (sem nenhuma relação com o seu processo de elaboração). Por exemplo: diz-se que a norma constitucional que assegura o direito à vida é uma norma dotada de supremacia material, devido à dignidade de seu conteúdo, por tratar de matéria substancialmente constitucional (direito fundamental individual à vida). Assim, num sistema de Constituição não-escrita, costumeira, flexível, não podemos falar na presença de supremacia formal das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, pois não há diferença “de forma” entre elas (ambas são elaboradas pelo mesmo processo legislativo). Porém, mesmo nesse tipo de Constituição, podemos falar na existência de supremacia material das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, em razão da “superioridade” do conteúdo daquelas sobre estas. Melhor explicando. Imagine a Inglaterra, que adota Constituição não- escrita, costumeira, em que não há um processo legislativo especial para a elaboração de suas normas constitucionais (não há, portanto, rigidez constitucional). Ora, se não há um processo especial para a elaboração das normas constitucionais, como se distingue, na Inglaterra, uma lei ordinária de uma lei constitucional? Se tivermos pela frente duas leis inglesas (Lei “A” e Lei “B”), elaboradas pelo mesmo parlamento, pelo mesmo processo legislativo, como saberemos qual delas é constitucional e qual é ordinária? Ah, essa distinção é feita levando-se em conta o conteúdo das duas normas. Como assim? Muito fácil: a Lei “A” será constitucional se versar sobre matéria considerada substancialmente constitucional pelo Estado inglês; a Lei “B” será ordinária se tratar de matéria que nada tenha a ver com a organização do Estado inglês. Nesse caso, a Lei “A” (constitucional) é dotada de supremacia em relação à Lei “B” (ordinária), mas não em razão de formalidade, do processo legislativo CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 9 de sua elaboração. A Lei “A” é dotada de supremacia sobre a Lei “B” em razão da dignidade do seu conteúdo (em razão da matéria). Temos, aí, a chamada supremacia material (decorrente do conteúdo da norma). Muito interessante esse tema, bonito mesmo, de emocionar! E, além de emocionante, é importantíssimo numa prova você saber distinguir “supremacia formal” (presente somente nas Constituições que adotam a rigidez constitucional, por resultar do processo especial de elaboração das normas constitucionais) de “supremacia material” (decorrente da dignidade do conteúdo das normas substancialmente constitucionais sobre as demais leis do ordenamento). É comum, após a apresentação desse assunto, surgir a seguinte indagação: “e numa Constituição do tipo semi-rígida, podemos falar em supremacia formal dos seus dispositivos sobre as demais leis do ordenamento?” A resposta é afirmativa. Se estivermos diante de uma Constituição semi-rígida, poderemos falar em supremacia formal das normas constitucionais que integram a parte dessa Constituição que é rígida (parte que só pode ser alterada por um procedimento especial). Em relação à parte flexível (que pode ser modificada por procedimento simples, de elaboração das demais leis), não há que se falar em supremacia formal. Poderemos, neste último caso, falar, apenas, em supremacia material. 9) (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) As Constituições classificadas como não-escritas, produto de lenta síntese histórica, são compostas exclusivamente por normas costumeiras, jurisprudência e convenções. Item ERRADO. Comentário. Esse item nos remete à classificação das Constituições quanto à forma, em que são divididas em: escritas e não-escritas. As Constituições escritas são aquelas solenemente elaboradas num determinado momento, resultando num documento escrito único do qual constam todas as normas constitucionais. É o caso da Constituição Federal de 1988, que foi formalmente elaborada num determinado momento (1987/1988), por um órgão especial (Assembléia Nacional Constituinte) e em que todas as normas constitucionais estão consolidadas num único documento escrito. As Constituições não-escritas são aquelas que surgem com o lento passar dos tempos, como resultado de lenta síntese da evolução CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 10 histórica do Estado. São integradas por leis escritas esparsas, jurisprudências, normas costumeiras e convenções. É o caso da Constituição da Inglaterra. O enunciado está ERRADO porque afirma que as Constituições não- escritas são compostas exclusivamente por normas costumeiras, jurisprudência e convenções. A expressão “exclusivamente” invalida a assertiva, porque num regime de Constituição não-escrita temos, também, leis escritas esparsas. A diferença é que, num regime de Constituição não-escrita, as leis constitucionais escritas não foram formalmente elaboradas como tais, por um processo especial, num determinado momento, tampouco estão consolidadas num único documento. Foram elas elaboradas como leis comuns, estão espalhadas pelo ordenamento jurídico e, com o lento passar dos tempos, em razão da importância que assumiram para o Estado, passaram a ser consideradas leis constitucionais. Vejamos como surge uma lei constitucional na Inglaterra, que adota Constituição não-escrita. Uma lei constitucional na Inglaterra não surge a partir da sua elaboração solene por um órgão constituinte, que receba competência especial para essa tarefa. A lei é elaborada normalmente pelo parlamento inglês, como norma ordinária e, com o passar do tempo, caso essa norma assuma relevância para o Estado inglês, os Tribunais passam a considerá-la uma norma constitucional, isto é, em razão de a lei, com o tempo, assumir relevância para o Estado inglês, ela é alçada ao nível de norma constitucional. 10) (CESPE/TJMT/2005) A Constituição flexível é aquela que somente admite a sua reforma por meio de emenda à constituição. Item ERRADO. Comentário. Constituição flexível é aquela que permite a sua modificação por procedimento legislativo simples, empregado para a elaboração das demais leis do ordenamento. Num sistema de constituição flexível, o texto constitucional poderá ser modificado pela edição de uma lei ordinária. Nesse sistema, se uma lei ordinária contrariar o texto constitucional, não teremos uma inconstitucionalidade, mas sim a alteraçãoda Constituição. 11) (CESPE/TJMT/2005) A Constituição é sempre fruto de um processo democrático, não havendo constituição nos países onde há a usurpação de poderes por meio de golpes militares ou revolucionários. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 11 Item ERRADO. Comentário. Vimos que as Constituições poderão ser elaboradas com a participação do povo (constituições promulgadas, democráticas ou populares) ou sem essa participação (constituições outorgadas). Num ou noutro procedimento, teremos Constituição. Se houver usurpação do poder do povo por meio de golpes revolucionários, a Constituição resultante será do tipo outorgada. 12) (ESAF/AFRF/2000) Numa Constituição classificada como dirigente, não se encontram normas programáticas. Item ERRADO. Comentário. Esse enunciado se refere à classificação das Constituições quanto aos fins (ou quanto à finalidade), que divide as Constituições em três grupos: garantia, balanço e dirigente. As Constituições do tipo garantia são aquelas de texto abreviado (sintéticas) que se limitam a estabelecer as garantias individuais frente ao Estado. São também chamadas “constituições negativas”, pois sua preocupação é com a fixação de limites à atuação do Estado, em respeito às garantais dos indivíduos. As Constituições balanço são aquelas elaboradas para retratar a vida do Estado por um período certo de tempo. A Constituição retrataria a evolução do Estado num determinado período de tempo, findo o qual, far-se-ia um “balanço” dessa evolução e seria elaborado um novo texto constitucional, para um novo período. Existiram na antiga URSS, como meio de acompanhamento da evolução do antigo Estado comunista russo. As Constituições dirigentes (ou programáticas) são aquelas de texto extenso (analíticas) que, além de estabelecerem as garantias individuais frente ao Estado, preocupam-se também com a fixação de programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais, normalmente de cunho social. Nasceram com o surgimento do chamado Estado social, e passaram a introduzir no texto constitucional verdadeiros programas sociais a serem concretizados no futuro pelos órgãos estatais. Esses programas, em sua maioria de cunho social-democrático, correspondem às chamadas “normas programáticas”. Portanto, podemos afirmar que a marca de uma Constituição dirigente é a presença nela de normas programáticas. Tanto é assim que alguns CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 12 autores denominam esse tipo de Constituição de “Constituição programática ou dirigente”. O enunciado está ERRADO porque diz justamente o contrário: que numa Constituição dirigente não teríamos normas programáticas. Vale lembrar que a tendência moderna é de elaboração de Constituições dirigentes, recheadas de programas sociais para concretização futura, como a nossa Constituição Federal de 1988. Por sua vez, essa tendência de introduzir cada vez mais programas sociais nos textos das Constituições é que fez com que os textos destas passassem a ser cada vez mais extensos, dando origem às chamadas Constituições analíticas. Entenderam? A tendência moderna é de elaboração de Constituições analíticas, de textos extensos. Por quê? Porque com a elaboração de Constituições do tipo dirigentes, com a inserção de programas e mais programas de cunho social para concretização futura, os textos constitucionais foram ficando cada vez mais extensos. 13) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições semi-rígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado. Item ERRADO. Comentário. Constituições semi-rígidas são aquelas que permitem a modificação de parte do seu texto por procedimento simples (parte flexível da Constituição), mas exigem um procedimento especial, mais dificultoso, para a modificação da outra parte do seu texto (parte rígida da Constituição). Veja que, ao contrário do que afirma o enunciado, todo o texto constitucional de uma Constituição semi-rígida poderá ser modificado, embora por procedimentos legislativos distintos: uma parte por procedimento simples, outra parte por procedimento dificultoso. 14) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições populares são aquelas promulgadas apenas após a ratificação, pelos titulares do poder constituinte originário, do texto aprovado pelos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte. Item ERRADO. Comentário. Constituições populares são aquelas elaboradas com participação popular. A regra é a convocação de uma Assembléia Nacional CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 13 Constituinte (ANC) ou Convenção para, em nome do povo, elaborar o texto constitucional. Com a aprovação da Constituição pelos representantes do povo, não há necessidade de ulterior ratificação do texto pelo povo. Veja o que aconteceu em 1988: a Constituição Federal foi aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte (representantes do povo) e não houve nenhuma ratificação popular ulterior do texto aprovado (não houve referendo para aprovação do texto aprovado pela ANC). 15) (CESPE/AUDITOR/ES) Em consonância com os critérios adotados para a classificação do texto constitucional, a atual Constituição Federal brasileira é escrita, rígida, promulgada, histórica e material. Item ERRADO. Comentário. A Constituição Federal de 1988 é do tipo escrita (foi solenemente elaborada por um órgão especialmente designado para tal e todas as normas constitucionais estão consolidadas em um único documento), rígida (exige um processo especial para modificação do seu texto, previsto no art. 60, § 2º, da CF/88) e promulgada (foi elaborada com participação do povo, que elegeu a Assembléia Nacional Constituinte). Entretanto, não é do tipo histórica, e sim dogmática. Constituição dogmática é aquela escrita num determinado momento, segundo as idéias (dogmas) então vigentes. É o caso da Constituição Federal de 1988, elaborada num determinado momento, de acordo com os dogmas então reinantes. As Constituições dogmáticas podem ser ortodoxas ou simples (fundadas em uma só ideologia) ou ecléticas ou compromissórias (formadas pela síntese de diferentes ideologias, que se conciliam no texto constitucional). Constituição histórica é aquela não-escrita, formada com o lento passar do tempo, correspondendo a uma síntese histórica da evolução do Estado. É o caso da Constituição não-escrita da Inglaterra. Ademais, a Constituição Federal não é do tipo material, e sim formal: foi formalmente elaborada por um órgão especial e todo o texto constitucional (rígido) está consolidado em um único documento escrito. 16) (CESPE/AGENTE/PF/2000) A constituição material do Brasil é a parte da Constituição da República integrada pelas regras materialmente constitucionais, ou seja, os dispositivos que tratam dos direitos CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 14 fundamentais e da organização do Estado. Já a constituição formal do Brasil é a parte da Constituição da República integrada pelas regras formalmente constitucionais, ou seja, os preceitos que estão presentes no texto constitucional, mas que disciplinam assuntos normalmente regulados pelo poder legislativo constituído, e não pelo poder constituinte originário. Item ERRADO. Comentário. Esse enunciado do Cespe conseguiu confundir muitos candidatos bem preparados, mas a questão é bastante simples, senão vejamos. Vimos que a Constituição Federal de 1988 é do tipo analíticaou prolixa, por possuir conteúdo extenso e tratar de temas variados, muitos deles que nada têm a ver com organização do Estado. Sabe-se também que a Constituição Federal é do tipo escrita, solenemente elaborada e rígida. Por esse motivo se diz que todos os dispositivos da Constituição Federal de 1988 são formalmente constitucionais, pelo simples fato de integrarem uma Constituição do tipo escrita e rígida. Todo e qualquer dispositivo que integra uma Constituição escrita e rígida é, por esse simples motivo, formalmente constitucional (tem forma de norma constitucional, porque foi solenemente elaborado como tal). Entretanto, somente alguns desses dispositivos são, também, materialmente constitucionais, por tratarem de matéria substancialmente constitucional. Aqueles dispositivos da Constituição Federal de 1988 que tratam de matérias substancialmente constitucionais (art. 5º, por exemplo) são material (devido ao conteúdo substancialmente constitucional) e formalmente (por integrarem o texto da Constituição escrita e rígida) constitucionais. Já aqueles dispositivos que tratam de matérias que nada têm a ver com a organização do Estado (art. 242, § 2º, por exemplo) são apenas formalmente constitucionais. Não é correto, porém, por esse motivo, afirmar que a Constituição Federal de 1988 é parte material e parte formal. De jeito nenhum. Não cometa esse equívoco numa prova! Nossa Constituição é do tipo formal, porque todos os seus dispositivos foram solenemente elaborados e são dotados de rigidez constitucional. Qualquer que seja o conteúdo do dispositivo integrante da nossa Constituição Federal é ele formalmente constitucional. Enfim, todos, absolutamente todos os dispositivos da nossa Constituição Federal são formalmente constitucionais, inclusive aqueles integrantes do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 15 O que é correto, então? O correto é afirmar que a Constituição Federal de 1988 é do tipo formal, possuindo algumas normas que são material e formalmente constitucionais (por integrarem o texto da Constituição rígida e tratarem de matérias substancialmente constitucionais) e outras que são apenas formalmente constitucionais (por integrarem o texto da Constituição rígida, mas tratarem de matérias que nada têm a ver com a organização do Estado). 17) (ESAF/AFC/2000/ADAPTADA) Apresenta característica típica de Constituição rígida aquela que a) somente admite mudanças no seu texto por meio de procedimentos mais demorados e difíceis do que o procedimento comum de elaboração das leis. b) resulta de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, sendo por isso mesmo dotada de maior estabilidade, decorrente do prestígio social das suas prescrições. c) não consagra direitos fundamentais no seu texto, em razão de ter sido elaborada sem nenhuma participação popular. d) não admite a reforma do seu texto por meios institucionais. e) possui conteúdo abreviado, versando somente sobre matérias substancialmente constitucionais. Gabarito: “a” Comentário. Constituição rígida é aquela que exige um procedimento especial, mais dificultoso do que aquele de elaboração das demais leis, para a modificação do seu texto. São dois os principais mecanismos para se outorgar rigidez a uma Constituição: (a) exigência de um procedimento mais árduo, mais demorado (exigência de dois turnos de votação, por exemplo); e (b) exigência de uma deliberação qualificada para a aprovação da matéria (exigência de três quintos dos votos dos integrantes do Legislativo, por exemplo). A Constituição Federal de 1988 adotou os dois mecanismos (CF, art. 60, § 2º): exigência de um procedimento mais demorado (dois turnos de votação em cada uma das Casas do Congresso Nacional) e de uma deliberação qualificada para aprovação da matéria (votos de três quintos dos integrantes das Casas Legislativas). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 16 A assertiva “a”, portanto, responde perfeitamente ao enunciado da questão. A assertiva “b” está ERRADA porque apresenta o conceito de Constituição histórica, que não é elaborada por procedimento especial, dificultoso. A assertiva “c” está ERRADA porque Constituição elaborada sem nenhuma participação popular é a outorgada, e esse aspecto não tem nenhuma relação com a rigidez constitucional (isto é, tanto Constituições democráticas quanto Constituições outorgadas podem ser rígidas). A assertiva “d” está ERRADA porque Constituição que não admite a reforma do seu texto por meios institucionais é do tipo imutável. A rigidez admite modificações do seu texto, desde que por procedimento especial. A assertiva “e” está ERRADA porque Constituição que possui conteúdo abreviado, versando somente sobre matérias substancialmente constitucionais é a sintética, aspecto que não tem nenhuma relação com rigidez constitucional (isto é, tanto Constituições sintéticas quanto Constituições analíticas podem ser rígidas). 18) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Em relação à supremacia material e formal das constituições, podemos afirmar: a) a formal é reconhecida nas constituições flexíveis b) a material está relacionada à produção de um documento escrito c) a material tem a ver com o modo como as normas constitucionais são elaboradas d) a formal resulta da situação da Constituição no topo da hierarquia das normas, independentemente da matéria tratada e) a jurisdição constitucional está concebida para proteger a supremacia material, mas não a supremacia formal da Constituição Gabarito: “d” Comentário. Conforme vimos antes, a supremacia formal das normas constitucionais decorre da rigidez constitucional, que posiciona a Constituição num patamar de superioridade em relação às demais leis do ordenamento. Portanto, a supremacia formal decorre do processo especial de elaboração da Constituição e, portanto, só está presente nas Constituições que possuem conteúdo rígido. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 17 Por sua vez, a supremacia material decorre da dignidade do conteúdo da norma constitucional, isto é, do fato de a norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. A supremacia material independe do processo de elaboração da norma e, por isso, está presente também nas Constituições flexíveis, não-escritas, históricas e costumeiras. Feita essa breve revisão, passemos ao exame das assertivas da questão. A assertiva “a” está ERRADA porque afirma que a supremacia formal está presente nas Constituições flexíveis, o que não é verdade. Afinal, a supremacia formal é decorrência da exigência de um procedimento especial para a modificação do texto constitucional, o que não existe em um sistema de Constituição flexível. A assertiva “b” está ERRADA porque a supremacia material não tem nenhuma relação com o processo de elaboração da norma constitucional, com o fato de a Constituição ser, ou não, escrita. A supremacia material decorre unicamente da dignidade do conteúdo da norma constitucional, seja ela escrita ou não-escrita. A assertiva “c” está ERRADA porque a supremacia material não tem nada a ver com o modo como as normas constitucionais são elaboradas. Decorre, como vimos, da dignidade do conteúdo da norma constitucional, isto é, do fato de tratar de matéria substancialmente constitucional. A assertiva “d” é a CERTA, pois, de fato, a supremacia formal decorre do fato de a Constituição posicionar-se no topo da hierarquia das normas, em razão da rigidez constitucional, nada importando a matériatratada pela norma. É o que temos, por exemplo, na Constituição Federal de 1988: todos os seus dispositivos são dotados de supremacia formal em relação às demais leis do ordenamento porque a Constituição está, por força da rigidez, posicionada no topo do ordenamento jurídico brasileiro. A letra “e” está ERRADA porque a jurisdição constitucional, integrada por todos os juízes e tribunais do Poder Judiciário, está concebida para proteger, especialmente, a supremacia formal da Constituição. No Brasil, por exemplo, os órgãos do Poder Judiciário – juízes e tribunais – realizam o controle de constitucionalidade levando em conta a supremacia formal da Constituição. Com efeito, independentemente do conteúdo da norma, se ela integra o texto da Constituição Federal, não poderá ser desrespeitada pelas leis inferiores, sob pena de inconstitucionalidade. Ou, em outras palavras: ainda que seja uma norma apenas formalmente constitucional (dotada, portanto, somente CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 18 de supremacia formal), não poderá ela ser desrespeitada pela legislação inferior, sob pena de inconstitucionalidade. 19) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como: a) Constituição democrática, histórica, programática e analítica. b) Constituição semi-rígida, promulgada, programática e dogmática. c) Constituição flexível, sintética, promulgada e democrática. d) Constituição rígida, promulgada, escrita e programática. e) Constituição rígida, dogmática, analítica e histórica. Gabarito: “d” Comentário. A assertiva que responde ao enunciado é a letra “d”, pois a Constituição Federal de 1988 é do tipo rígida (porque exige um procedimento especial para modificação do seu texto), promulgada (porque foi elaborada com participação popular), escrita (porque está consubstanciada em um único documento escrito, solenemente elaborado num determinado momento) e programática (porque está recheada de normas programáticas, que estabelecem programas e diretrizes de ordem social para a atuação futura dos órgãos estatais). As assertivas “a” e “e” estão ERRADAS porque afirmam ser a Constituição Federal histórica; a assertiva “b” está ERRADA porque afirma ser a Constituição Federal semi-rígida; e a assertiva “c” está ERRADA porque afirma ser a Constituição Federal flexível e sintética. 20) (CESPE/AGENTE/PF/2000) Toda Constituição escrita é rígida. Item ERRADO. Comentário. Embora, em regra, as Constituições escritas sejam do tipo rígida, essa relação não é absoluta. Nada impede que uma Constituição escrita seja flexível, permitindo a modificação do seu texto por um procedimento legislativo simples. Já tivemos, na Itália, Constituições escritas e flexíveis. 21) (CESPE/AGENTE/PF/2000) A Supremacia material e formal das normas constitucionais é atributo presente tanto nas constituições rígidas quanto nas flexíveis. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 19 Item ERRADO. Comentário. Conforme vimos, a supremacia formal das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento é decorrência da rigidez constitucional. A Constituição passa a ocupar uma posição de superioridade hierárquica em relação às demais leis do ordenamento em virtude das formalidades especiais exigidas para a modificação do seu texto. Portanto, não se pode falar em supremacia formal da Constituição flexível em relação às demais leis do ordenamento, porque nesse tipo de Constituição não há formalidades especiais para elaboração do seu texto. 22) (CESPE/AGENTE/PF/2000) A rigidez das constituições é o pressuposto do controle de constitucionalidade. Item CERTO. Comentário. Vimos que a rigidez situa a Constituição num patamar de superioridade hierárquica em relação a todas as demais leis do ordenamento jurídico. Significa dizer que todas as demais normas inferiores somente serão válidas se estiverem de acordo com os comandos constitucionais. Nenhuma norma inferior poderá desrespeitar os comandos constitucionais, sob pena de inconstitucionalidade. Vale dizer, a Constituição passa a atuar como fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico. Enfim, a Constituição passa a ser dotada de supremacia formal sobre todas as demais leis do ordenamento. Surge, então, a necessidade de se criar um processo de fiscalização dessa compatibilidade das normas inferiores com o texto constitucional. Esse processo especial é o chamado controle de constitucionalidade das leis. Portanto, o controle de constitucionalidade nada mais é do que o mecanismo criado pelo legislador constituinte para a fiscalização da validade das leis em confronto com a Constituição. Ora, só existe o mecanismo de controle de constitucionalidade das leis frente à Constituição porque esta está num patamar de superioridade hierárquica em relação àquelas. E a Constituição situa-se num patamar de superioridade hierárquica em virtude da rigidez constitucional. Logo, a rigidez é pressuposto do controle de constitucionalidade. Ou, em outras palavras: o controle de constitucionalidade é decorrência da rigidez constitucional. Conforme veremos mais adiante, no estudo do controle de constitucionalidade das leis, em um regime de Constituição flexível não há que se falar, propriamente, em controle de constitucionalidade das CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 20 leis. Se no regime de Constituição flexível a lei constitucional e a lei ordinária são elaboradas pelo mesmo processo legislativo, como poderá ocorrer a fiscalização de uma frente à outra? Importantíssimas estas noções: a rigidez constitucional é o pressuposto para o controle de constitucionalidade das leis; o controle de constitucionalidade das leis é decorrência da rigidez constitucional; logo, não se pode falar em controle de constitucionalidade em um regime de Constituição flexível. 23) (CESPE/AGENTE/PF/2000) Apenas as normas das constituições escritas possuem supremacia. Item ERRADO. Comentário. Vimos que as normas das Constituições não-escritas possuem supremacia material sobre as demais leis do ordenamento, em razão da dignidade de seu conteúdo. Nos regimes de Constituição flexível só não podemos falar em supremacia formal, porque esta é decorrência da rigidez constitucional. A assertiva estaria certa se a afirmação fosse que apenas as normas das Constituições escritas possuem supremacia formal. Porém, como a assertiva não especificou o tipo de supremacia, a afirmação está errada (afinal, nas Constituições não-escritas temos supremacia, desde que do tipo material). 24) Uma das classificações das constituições leva em consideração os mecanismos previstos para a mudança delas, do que resultam as categorias de constituições rígidas, flexíveis e semi-rígidas; as flexíveis são aquelas que não exigem mecanismos especiais de alteração, mais solenes e complexos que os aplicados à produção do direito infraconstitucional; em todas essas espécies, devido à supremacia formal da Constituição, deve haver mecanismos adequados de controle de constitucionalidade. Item ERRADO. Comentário. A parte inicial da assertiva está correta, até a apresentação do conceito de Constituição flexível. Porém, a parte final invalida a assertiva, ao rezar que em todas as espécies de Constituição, devido à supremacia formal das normas constitucionais, deve haver controle de constitucionalidade. Ora, vimos CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 21 que nas Constituiçõesflexíveis não há supremacia formal das normas constitucionais sobre as demais leis do ordenamento, tampouco existe controle de constitucionalidade (este instituto está presente somente nas Constituições do tipo rígida). 25) (FCC/ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA/MPU/2007) Conforme a doutrina dominante, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é classificada como a) formal, escrita, outorgada e rígida. b) formal, escrita, promulgada e rígida. c) material, escrita, promulgada e imutável. d) formal, escrita, promulgada e flexível. e) material, escrita, outorgada e semi-rígida. Gabarito: “b” Comentário. A Constituição brasileira é classificada como escrita, democrática, dogmática eclética, rígida, formal, analítica, dirigente e normativa. Abaixo, faremos apenas uma breve análise das classificações necessárias para que respondamos corretamente à questão. Quanto ao conteúdo, a Constituição de 1988 é formal, pois foi solenemente elaborada por um órgão especialmente criado para esse fim, mediante processo especial, distinto daquele de elaboração das demais leis do ordenamento. Como se vê, na concepção formal de Constituição, leva-se em conta o processo de elaboração das normas constitucionais. Quanto à forma, a Constituição brasileira de 1988 é escrita, pois, como sabemos, ela foi elaborada num determinado momento, por um órgão que recebeu a incumbência para esta tarefa (Assembléia Nacional Constituinte), sendo as suas normas formalizadas e reunidas de forma sistemática num documento escrito e único. Quanto à origem, a nossa Constituição é classificada como promulgada (popular ou democrática). Isso porque foi produzida com a participação popular, mediante democracia representativa, com a escolha, pelo povo, de representantes que integraram a Assembléia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar a Constituição. Quanto à estabilidade, a Constituição brasileira é rígida, pois exige um processo legislativo especial para modificação do seu texto, mais difícil do que o processo legislativo de elaboração das demais leis de nosso ordenamento jurídico. Esse processo legislativo especial, exigido para a modificação da Constituição, consiste em: votação em dois turnos nas CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 22 duas Casas do Congresso Nacional e aprovação de, pelo menos, três quintos dos seus membros. Após esses comentários, podemos concluir que a resposta da questão é a assertiva “b”, que apresenta as seguintes classificações para a Constituição Federal de 1988: formal, escrita, promulgada e rígida. 26) (CESPE/GESTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS - ACRE/2006) Ainda quanto à Constituição Federal de 1988, assinale a opção correta. a) A Constituição de 1988 é um exemplo de Constituição flexível. b) A Constituição de 1988 é, entre as outorgadas, aquela que mais sofreu emendas. c) A Constituição é rígida quando sua alteração está condicionada à realização de processos, solenidades e exigências formais específicas, ao contrário das leis ordinárias ou complementares, cujo processo de formação é bem menos complexo. d) Embora democrática, a Carta de 1988 não se classifica como uma Constituição popular. Gabarito: “c” Comentário. A assertiva “a” está errada porque, como vimos, a Constituição Federal de 1988 não é do tipo flexível, mas sim, uma Constituição do tipo rígida. Isso porque exige, para sua modificação, um processo legislativo especial, mais difícil que o processo de elaboração das demais leis existentes em nosso ordenamento. A assertiva “b” está errada porque a Constituição de 1988 não é uma Constituição do tipo outorgada. Nossa Constituição é do tipo promulgada, podendo também ser chamada de democrática ou popular. Essa classificação diz respeito à sua origem e significa dizer que foi elaborada com participação popular. A assertiva “c” está certa e é a resposta desta questão. A assertiva apresenta o conceito de uma Constituição rígida, qual seja: uma Constituição que, para ser modificada, está condicionada a um processo legislativo especial (realização de processos, solenidades e exigências formais específicas), mais dificultoso e complexo que o processo de alteração das leis ordinárias ou complementares. A assertiva “d” está errada porque a Constituição de 1988 classifica-se como popular ou democrática, pois, para sua elaboração, houve participação popular. Essa participação se deu por democracia representativa, mediante a escolha, pelo povo, de representantes que CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 23 integraram a Assembléia Nacional Constituinte, incumbida da elaboração da Constituição. 27) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AM – 2003) Em tema de classificação das constituições, pode-se afirmar que, quanto ao modo de elaboração, elas se classificam em a) dogmáticas e históricas. b) rígidas, semi-rígidas e flexíveis. c) escritas e não escritas. d) materiais e formais. e) democráticas e outorgadas. Gabarito: “a” Comentário. Quanto ao modo de elaboração, que é o tipo de classificação abordado por essa questão da Fundação Carlos Chagas, as Constituições podem ser classificadas em dogmáticas ou históricas. A questão pede apenas os tipos possíveis de classificação da Constituição quanto ao seu modo de elaboração, sendo a resposta da questão, portanto, a apresentada na assertiva “a”. Apesar de não ser indispensável para a resposta da questão, façamos agora uma pequena revisão sobre a classificação das Constituições quanto ao seu modo de elaboração. As Constituições dogmáticas são aquelas elaboradas num dado momento, por um órgão constituinte, segundo as idéias e os dogmas então reinantes. Tais Constituições são sempre escritas e tendem a ser mais instáveis, por terem sido elaboradas momentaneamente, segundo as idéias então reinantes. A Constituição Federal de 1988 é um exemplo de Constituição dogmática. As Constituições históricas são aquelas que surgem com o lento passar do tempo, como resultado dos valores consolidados no âmbito da própria sociedade. Tais Constituições são não-escritas e, por resultarem do amadurecimento e da consolidação de valores da sociedade, tendem a apresentar uma maior estabilidade. Um exemplo de Constituição histórica é a Constituição inglesa. 28) (ESAF/AFC/CGU/2006 - MODIFICADA) Sobre Teoria Geral da Constituição, Poderes do Estado e suas respectivas funções e Supremacia da Constituição, assinale a única opção correta. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 24 a) Nem toda constituição classificada como dogmática foi elaborada por um órgão constituinte. b) Uma constituição rígida não pode ser objeto de emenda. c) A distinção de conteúdo entre uma norma constitucional em sentido formal e uma norma constitucional em sentido material tem reflexos sobre a aplicabilidade das normas constitucionais. d) Uma constituição é classificada como popular, quanto à origem, quando se origina de um órgão constituinte composto de representantes do povo. e) Segundo a doutrina, não há relação entre a rigidez constitucional e o princípio da supremacia da constituição. Gabarito: “d” Comentário. A assertiva “a” está errada porque as Constituições dogmáticas são necessariamente escritas e, como tais, são elaboradas por um órgão constituinte. Tais constituições são elaboradas num determinado momento, por um órgão constituinte, segundo os dogmas e idéias então reinantes. A assertiva “b” está errada, pois uma Constituição rígida pode sim ser objeto de emenda. Essasmodificações, entretanto, deverão se dar por um processo legislativo especial, mais complexo que o processo de alteração das demais normas do ordenamento. A assertiva “c” está errada porque, num sistema de Constituição formal, como é o nosso, as normas constitucionais se equivalem em termos de dignidade, independente de terem conteúdo materialmente constitucional ou não. Isso se deve ao fato de terem sido elaboradas segundo um procedimento mais solene do que aquele de elaboração das demais leis, sendo todas elas dotadas, portanto, de supremacia formal. Dessa forma, num sistema de Constituição rígida como o nosso, não há que se falar em diferenciação da aplicabilidade das normas constitucionais em razão de seu conteúdo. A assertiva “d” está certa porque Constituição popular é aquela originada de um órgão constituinte formado por representantes do povo. A assertiva “e” está errada porque, segundo a doutrina, o princípio da supremacia formal da Constituição decorre da rigidez constitucional, isto é, da existência de um processo legislativo distinto, mais complexo, para elaboração da norma constitucional. Portanto, ao contrário do que afirmado o enunciado, a supremacia (formal) da Constituição decorre diretamente da rigidez constitucional. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 25 29) (FCC/AUDITOR TRIBUTÁRIO/PREFEITURA DE JABOATÃO DOS GUARARAPES/2006) Considerados os critérios de classificação das Constituições segundo sua estabilidade e extensão, a Constituição brasileira vigente é a) semi-rígida e histórica. b) rígida e analítica. c) flexível e sintética. d) dogmática e outorgada. e) imutável e promulgada. Gabarito: “b” Comentário. O enunciado da presente questão trata de duas formas de classificação das Constituições: segundo a estabilidade e segundo a extensão. Quanto à estabilidade, as Constituições são classificadas em: imutáveis, rígidas, semi-rígidas ou flexíveis. Quanto à extensão, as Constituições são classificadas em: analíticas e sintéticas. O enunciado trata da Constituição de 1988, que, como vimos, é classificada, quanto a estabilidade, como rígida e, quanto a extensão, como analítica. Portanto, a resposta da questão é a assertiva “b”. 30) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja reconhecida a condição de textos constitucionais. Item ERRADO. Comentário. Conforme já visto, em um regime de Constituição não-escrita, há as seguintes normas constitucionais: convenções, jurisprudência, leis esparsas e normas costumeiras. Portanto, não só de normas costumeiras é formada uma Constituição não-escrita; temos, também, no regime de Constituição não-escrita, textos escritos de natureza constitucional (convenções, jurisprudência e leis esparsas). 31) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ - BA/2005) A propósito da classificação das constituições quanto à forma, a grande vantagem das CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 26 escritas sobre as não-escritas é a estabilidade que as primeiras propiciam, pois, devido à ausência de suporte escrito, as constituições não-escritas são muito mais facilmente modificáveis. Item ERRADO. Comentário. Ao contrário do afirmado nesse enunciado, em regra as Constituições não-escritas são mais estáveis do que as Constituições escritas. Por exemplo: a Constituição inglesa (não-escrita) preserva os mesmos princípios há séculos; a Constituição brasileira, de 1988, já passou por várias modificações substanciais, mediante a aprovação de emendas. Isso porque, num sistema de Constituição não-escrita, as normas constitucionais surgem a partir da lenta evolução da própria sociedade, quando tais normas assumem relevância para o Estado e, por isso, passam a ter status de normas constitucionais. Já no sistema de Constituição escrita, o texto constitucional é elaborado num determinado momento, segundo as idéias então reinantes. 32) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 5ª REGIÃO/2005) A constituição dirigente é aquela que, além de legitimar e limitar o poder estatal em face da sociedade, define metas para o futuro mediante a instituição de normas programáticas. Item CERTO. Comentário. O conceito de Constituição dirigente desse enunciado está perfeito: é aquela que, além de se preocupar em limitar o poder estatal, já define programas e metas para a atuação futura dos órgãos estatais, por meio das chamadas normas programáticas. 33) (CESPE/PROCURADOR DE 1ª CATEGORIA/PROCURADORIA-GERAL DO AMAPÁ/2006) A Constituição brasileira de 1946 era semi-rígida porque continha algumas normas que poderiam ser alteradas por emendas constitucionais e outras que, por serem cláusulas pétreas, eram insuscetíveis de alteração por ato do poder constituinte derivado. Item ERRADO. Comentário. Conforme vimos, de todas as Constituições brasileiras, a única que foi semi-rígida foi a imperial, de 1824. Todas as demais foram rígidas. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 27 34) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Na concepção materialista de Constituição, é dada relevância ao processo de formação das normas constitucionais, que, além de ser intencional, deve produzir um conjunto sistemático com unidade, coerência e força jurídica próprias, dentro do sistema jurídico do Estado. Item ERRADO. Comentário. Na concepção material de Constituição, é dada relevância ao conteúdo da norma, isto é, só serão normas constitucionais aquelas que tratarem dos elementos essenciais de organização do Estado – nada importando o processo de sua elaboração. 35) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Constituições rígidas são as que possuem cláusulas pétreas, que não podem ser abolidas pelo poder constituinte derivado. Item ERRADO. Comentário. Constituições rígidas são aquelas que só admitem a mudança do seu texto mediante processo especial, mais árduo do que aquele de elaboração das demais leis. A Constituição pode ser rígida e não possuir cláusula pétrea (isto é, pode exigir um procedimento especial para a modificação do seu texto, permitindo, porém, desde que obedecido esse procedimento, a abolição de qualquer matéria constitucional). 36) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menor estabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional. Item ERRADO. Comentário. Ao contrário do afirmado no enunciado, as Constituições sintéticas são mais estáveis e apresentam uma maior facilidade para a sua atualização/adaptação em face da evolução da sociedade. Isso porque, como ela praticamente se restringe à apresentação dos princípios basilares de organização do Estado, a atualização do seu conteúdo é facilmente efetuada, por meio da interpretação constitucional. Bem diferente de uma Constituição analítica ou prolixa, como a nossa, de 1988, que, para qualquer atualização, exige modificação formal do seu texto, mediante a aprovação de emenda constitucional. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 28 37) (FCC/PROCURADOR DE CONTAS DE 2ª CLASSE – AMAZONAS – 2006) A Constituição é formal e rígida porque a) suas normas são imutáveis pelo poder de reforma constitucional. b) contém normas formal e materialmente constitucionais. c) editada em documento solene por um poder constituinte originário, somentepode ser alterada consoante o procedimento especial e a forma nela estabelecidos. d) não está subordinada hierarquicamente ao direito supra-estatal. e) tem como conteúdo matérias exclusivamente constitucionais. Gabarito: “c” Comentário. Como vimos, uma Constituição é formal pelo fato de ter sido solenemente elaborada por um órgão constituinte, e é rígida por só admitir modificações no seu texto pelo procedimento especial nela previsto, mais árduo do aquele de elaboração das demais leis. 38) (FCC/PROCURADOR DO MUNICÍPIO 2ª CLASSE – PREFEITURA DE SALVADOR - 2006) Considerando o conceito de Constituição e sua classificação, é correto afirmar que a) o conceito formal de Constituição aplica-se apenas àquelas Constituições que acolhem normas com hierarquia de lei ordinária. b) a Constituição inglesa é um exemplo de constituição inteiramente costumeira, vale dizer, resultante apenas do costume popular. c) as Constituições flexíveis são sempre costumeiras. d) a história brasileira não tem exemplos de Constituições outorgadas. Todas foram promulgadas, ainda que num contexto político não- democrático. e) a Constituição-dirigente tem como uma de suas características a existência de numerosas normas programáticas. Gabarito: “e” Comentário. A assertiva “a” está errada porque o conceito formal de Constituição aplica-se a toda Constituição que tenha sido solenemente elaborada, por processo legislativo especial, distinto daquele de elaboração das demais leis do ordenamento. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 29 A assertiva “b” está errada porque a Constituição inglesa, embora seja do tipo não-escrita, não é composta apenas de costume popular. Além das normas costumeiras, temos também textos constitucionais escritos, consubstanciados em convenções, jurisprudência e leis esparsas. A assertiva “c” está errada porque nem sempre as Constituições flexíveis são costumeiras. Já tivemos exemplos, na Itália, de Constituições flexíveis e escritas. A assertiva “d” está errada porque, no Brasil, tivemos Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988). A assertiva “e” está certa porque, como vimos, o que caracteriza uma Constituição como dirigente é justamente o fato de existir nela as chamadas “normas programáticas”, que estabelecem programas para a atuação futura dos órgãos estatais. 39) (FCC/ ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – TRF/4ªRF – 2004) No que diz respeito à classificação das constituições, considerando- se a origem, observa-se que umas derivam do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração, sendo que outras são elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do poder na época. Nesses casos, tais constituições são denominadas, respectivamente, a) analíticas e sintéticas. b) outorgadas e históricas. c) históricas e dogmáticas. d) promulgadas e outorgadas. e) dogmáticas e promulgadas. Gabarito: “d” Comentário. A questão trata da classificação das Constituições quanto à origem. No que diz respeito à origem, as Constituições elaboradas com participação popular são denominadas promulgadas, democráticas ou populares. Já as Constituições elaboradas sem a participação popular são denominadas outorgadas. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 30 40) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRE – PB/2007) Em tema de controle de constitucionalidade, a chamada supremacia formal é atributo das Constituições classificadas como a) analíticas. b) sintéticas. c) dogmáticas. d) históricas. e) rígidas. Gabarito: “e” Comentário. A supremacia formal decorre diretamente da rigidez constitucional. Isso porque a rigidez, ao exigir um processo especial para a elaboração das normas constitucionais, posiciona a Constituição num patamar de superioridade hierárquica em relação a todas as demais normas do ordenamento. Como essa superioridade decorre da exigência de formalidades especiais para a elaboração das normas constitucionais, tal supremacia é denominada formal. 41) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/TRE – PB/2007) O princípio da supremacia formal da Constituição em face das demais normas que compõem o ordenamento jurídico estatal, é característico das Constituições a) sintéticas. b) rígidas. c) flexíveis. d) costumeiras. e) analíticas. Gabarito: “b” Comentário. Como visto na questão anterior, a supremacia formal da Constituição decorre diretamente da rigidez constitucional. 42) (FCC/AUXILIAR DE CONTROLE EXTERNO /TCE – MG/2007) A Constituição Federal brasileira é uma Constituição CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 31 a) não-escrita, porque dotada de muitos princípios de sentido amplo. b) não-escrita, porque a compreensão de muitas de suas normas depende de manifestação do poder judiciário. c) flexível, porque somente pode ser alterada por procedimento especial nela prevista. d) rígida, porque não pode ser alterada. e) rígida, porque somente pode ser alterada por procedimento especial nela prevista. Gabarito: “e” Comentário. Conforme já exaustivamente estudado nesta aula, a Constituição Federal de 1988 é rígida porque exige um processo especial para a modificação do seu texto, previsto no § 2º do seu art. 60. A partir dos exercícios até aqui comentados, examinamos todas as classificações tradicionais, a saber: quanto à origem (outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas); quanto à forma (escritas e não- escritas); quanto ao modo de elaboração (históricas e dogmáticas); quanto à estabilidade (imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas); quanto ao conteúdo (materiais e formais); quanto à extensão (analíticas e sintéticas); quanto à correspondência com a realidade (normativas, nominativas e semânticas); e quanto aos fins (garantia, dirigentes e balanço). Apresentarei, a seguir, algumas outras denominações utilizadas pela doutrina para designar certas Constituições. São classificações que, embora ainda não cobradas em concursos públicos até esta data, poderão aparecer em certames futuros. Então, não custa nada conhecê- las... Constituição nominalista - é aquela cujo texto da Carta Constitucional já contém verdadeiros direcionamentos para os problemas concretos, a serem resolvidos mediante aplicação pura e simples das normas constitucionais. Ao intérprete caberia tão-somente interpretá-la de forma gramatical-literal (Alexandre de Moraes). Constituições reduzidas - aquelas sistematizadas, cujas normas estão consolidadas em um único código; e Constituições variadas - aquelas formadas por textos esparsos, espalhados no ordenamento jurídico (Pinto Ferreira). Constituições codificadas - sistematizadas em um único documento; e Constituições legais - integradas por documentos diversos, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 32 fisicamente distintos, como foi o caso da Terceira República Francesa, formada por inúmeras leis constitucionais, redigidas em momentos distintos, tratando cada qual de elementos substancialmente constitucionais (André Ramos Tavares). Constituições liberais - são aquelas resultantes do triunfo da ideologia burguesa, dos ideais do Liberalismo, correspondentes ao primeiro período de surgimento dos direitos humanos, que exigiam a não- intervenção do Estado na esfera privadados particulares; e Constituições sociais - correspondem a um momento posterior do constitucionalismo, em que se passou a exigir do Estado atuação positiva, corrigindo as desigualdades sociais e proporcionando o surgimento do Estado do bem comum (André Ramos Tavares). Constituição expansiva – como a Constituição Federal de 1988, que é caracterizada por dois aspectos: (i) a abordagem de novos temas, não presentes nas Constituições brasileiras pretéritas; e (ii) a ampliação do tratamento de temas permanentes, já presentes nas Constituições pretéritas (Raul Machado Horta). Alguns autores referem-se, ainda, à Constituição plástica, embora não haja consenso quanto ao seu significado. Para o Professor Pinto Ferreira, Constituição plástica é sinônimo de Constituição flexível, isto é, que admite modificações no seu texto mediante procedimento simples, igual ao de elaboração das leis infraconstitucionais. Entretanto, para o constitucionalista Raul Machado Horta, o vocábulo “plástica” designa as Constituições nas quais há grande quantidade de disposições de conteúdo aberto, de tal sorte que é deixada ao legislador ordinário ampla margem de atuação em sua tarefa de mediação concretizadora, de densificação ou “preenchimento” das normas constitucionais, possibilitando, com isso, que o texto constitucional acompanhe as oscilações da vontade do povo, assegurando a correspondência entre a Constituição normativa e a Constituição real. Um forte abraço – e até a próxima aula. Vicente Paulo CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 33 LISTA DOS EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA 1) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) As constituições classificadas quanto à forma como legais são aquelas sistematizadas e apresentadas em um texto único. 2) (ESAF/AFC/STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido político, formulada por Carl Schmitt, há uma identidade entre o conceito de constituição e o conceito de leis constitucionais, uma vez que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política fundamental do Estado. 3) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em sua concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias consideradas como de conteúdo constitucional e que deveriam integrar obrigatoriamente o texto positivado. 4) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a classificação das Constituições, adotada por Karl Lowenstein, uma constituição nominativa é um mero instrumento de formalização legal da intervenção dos dominadores de fato sobre a comunidade, não tendo a função ou a pretensão de servir como instrumento limitador do poder real. 5) (ESAF/AFC/CGU/2003) As Constituições outorgadas, sob a ótica jurídica, decorrem de um ato unilateral de uma vontade política soberana e, em sentido político, encerram uma limitação ao poder absoluto que esta vontade detinha antes de promover a outorga de um texto constitucional. 6) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a tendência constitucional moderna de elaboração de Constituições sintéticas se deve, entre outras causas, à preocupação de dotar certos institutos de uma proteção eficaz contra o exercício discricionário da autoridade governamental. 7) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na história do Direito Constitucional brasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode ser classificada, quanto à estabilidade, como uma constituição semi-rígida. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 34 8) (ESAF/AFC/CGU/2003) A existência de supremacia formal da Constituição independe da existência de rigidez constitucional. 9) (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) As Constituições classificadas como não-escritas, produto de lenta síntese histórica, são compostas exclusivamente por normas costumeiras, jurisprudência e convenções. 10) (CESPE/TJMT/2005) A Constituição flexível é aquela que somente admite a sua reforma por meio de emenda à constituição. 11) (CESPE/TJMT/2005) A Constituição é sempre fruto de um processo democrático, não havendo constituição nos países onde há a usurpação de poderes por meio de golpes militares ou revolucionários. 12) (ESAF/AFRF/2000) Numa Constituição classificada como dirigente, não se encontram normas programáticas. 13) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições semi-rígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado. 14) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Constituições populares são aquelas promulgadas apenas após a ratificação, pelos titulares do poder constituinte originário, do texto aprovado pelos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte. 15) (CESPE/AUDITOR/ES) Em consonância com os critérios adotados para a classificação do texto constitucional, a atual Constituição Federal brasileira é escrita, rígida, promulgada, histórica e material. 16) (CESPE/AGENTE/PF/2000) A constituição material do Brasil é a parte da Constituição da República integrada pelas regras materialmente constitucionais, ou seja, os dispositivos que tratam dos direitos fundamentais e da organização do Estado. Já a constituição formal do Brasil é a parte da Constituição da República integrada pelas regras formalmente constitucionais, ou seja, os preceitos que estão presentes no texto constitucional, mas que disciplinam assuntos normalmente CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 35 regulados pelo poder legislativo constituído, e não pelo poder constituinte originário. 17) (ESAF/AFC/2000/ADAPTADA) Apresenta característica típica de Constituição rígida aquela que a) somente admite mudanças no seu texto por meio de procedimentos mais demorados e difíceis do que o procedimento comum de elaboração das leis. b) resulta de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, sendo por isso mesmo dotada de maior estabilidade, decorrente do prestígio social das suas prescrições. c) não consagra direitos fundamentais no seu texto, em razão de ter sido elaborada sem nenhuma participação popular. d) não admite a reforma do seu texto por meios institucionais. e) possui conteúdo abreviado, versando somente sobre matérias substancialmente constitucionais. 18) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Em relação à supremacia material e formal das constituições, podemos afirmar: a) a formal é reconhecida nas constituições flexíveis b) a material está relacionada à produção de um documento escrito c) a material tem a ver com o modo como as normas constitucionais são elaboradas d) a formal resulta da situação da Constituição no topo da hierarquia das normas, independentemente da matéria tratada e) a jurisdição constitucional está concebida para proteger a supremacia material, mas não a supremacia formal da Constituição 19) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como: a) Constituição democrática, histórica, programática e analítica. b) Constituição semi-rígida, promulgada, programática e dogmática. c) Constituição flexível, sintética, promulgada e democrática. d) Constituição rígida, promulgada, escrita e programática. e) Constituição rígida, dogmática, analítica e histórica. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 36 20) (CESPE/AGENTE/PF/2000) Toda Constituição escrita é rígida. 21) (CESPE/AGENTE/PF/2000) A Supremacia material e formal das normas constitucionais é atributo presente tanto nas constituições rígidas quanto nas flexíveis.
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