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Responsabilidade Civil do Estado - Direito Administrativo em questões

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CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
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AULA 8 – RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRA-CONTRATUAL DO ESTADO 
 
Olá, amigos, tudo bem? Diante mão, registramos que resolvemos fazer pequena 
alteração de rumo no conteúdo do curso, em razão das três últimas aulas, que 
foram bastante longas. Assim, na aula de hoje trataremos “apenas” da 
responsabilidade civil do Estado (ou da Administração, como preferem alguns). O 
assunto é um dos mais debatidos nos meios acadêmicos, em razão das inúmeras 
novidades que lhe dizem respeito. Ressaltamos que, apesar de apaixonante, o 
tema vai ser abordado com a precisão de sempre, ou seja, dentro do que é 
necessário para que não percamos nenhum item em prova que seja relacionado 
ao conteúdo. Observamos que na aula de hoje terão de ser feitas muitas 
referências doutrinárias e, sobretudo, jurisprudenciais, pois as posições dos 
Tribunais Superiores a respeito do tema têm evoluído bastante. Então, 
preliminarmente, pedimos licença para as citações de decisões que terão de ser, 
forçosamente, feitas. 
Nesta aula serão vistos os seguintes assuntos: 
I – Evolução Doutrinária das Teorias de Responsabilidade Civil do Estado 
II – Responsabilidade Civil da Administração no Direito Brasileiro 
III – Responsabilidade Civil na Constituição Federal 
IV - Responsabilidade Civil por Atos Legislativos 
V - Responsabilidade Civil por Atos Judiciais 
VI - Responsabilidade Subjetiva 
VII – Responsabilidade Civil por Danos Decorrentes de Obra Pública 
VIII – Ações de Reparação do Dano 
IX – O Direito de Regresso da Administração 
Passemos aos itens, então. 
 
(2007/CESPE/Pref. De Vitória/Procurador) Quanto à evolução doutrinária 
da responsabilidade civil da administração pública e à reparação do dano causado 
pelos agentes públicos, julgue os itens a seguir. 
1 - A doutrina da culpa administrativa representa um estágio de transição entre 
a doutrina da responsabilidade civilística e a tese objetiva do risco administrativo. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Comentários: 
Essa primeira questão (e a próxima) servirão para que repassemos 
sinteticamente a evolução doutrinária a respeito da responsabilidade civil do 
Estado até os dias atuais. 
De forma geral, a responsabilização civil do Estado encontra origem no Direito 
Civil, ramo do direito que trata da matéria. Pela teoria da responsabilização, 
aquele que causou o prejuízo tem a obrigação de indenizar o dano patrimonial 
causado por um fato lesivo voluntário. Constitui, então, modalidade extra-
contratual de responsabilização, visto que não há um pacto dessa natureza (um 
contrato) a sustentar o dever de reparar. Sinteticamente, podem ser apontados 
como elementos necessários para a definição da responsabilidade civil extra-
contratual do Estado: 
I) o fato lesivo causado pelo agente em decorrência de culpa em 
sentido amplo, a qual abrange o dolo (intenção) e a culpa em sentido 
estrito, que engloba a negligência, a imprudência e a imperícia; 
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II) a ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e, 
III) o nexo de causalidade entre o dano havido e o comportamento do 
agente, o que significa ser necessário que o dano efetivamente haja 
decorrido, direta ou indiretamente, da ação ou omissão do agente 
Em síntese: fala-se em responsabilização CIVIL da Administração Pública quando 
há ocorrência de dano causado à alguém. 
A doutrina aponta responsabilidade patrimonial extra-contratual do Estado como 
a correspondente à obrigação de reparar dano causados a terceiros em 
decorrência de comportamentos comissivos (ação) ou omissivos (inação), 
materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos. Difere a 
responsabilidade civil das responsabilidades penal e administrativa. As três são 
independentes entre si, com sanções específicas a serem aplicadas em cada uma 
dessas esferas, quando for o caso. Relembramos que já traçamos algumas 
distinções quanto a tais campos de responsabilização na aula pertinente aos 
agentes públicos (aula 7). 
Não há que se falar, necessariamente, de ação ilícita por parte do Estado para 
que este seja responsabilizado civilmente. Regra geral, haverá correlação: fato 
ilícito X responsabilização civil do Estado, conforme será visto no devido tempo. 
Mas, repita-se, nem sempre o ilícito estará presente. Por exemplo: a indenização 
decorrente da realização de uma cirurgia pelo Estado, que embora lícita, tenha 
causado prejuízo a imagem do administrado. 
Registramos que preferimos a expressão Responsabilidade Civil do Estado à 
Responsabilidade Civil da Administração Pública pela 1ª ser mais acertada. De 
fato, a idéia passada pela 2ª é de que só o desempenho das tarefas de 
Administração Pública poderiam levar à responsabilização civil, o que é um 
equívoco. Veremos que mesmo atos legislativos ou jurisdicionais podem levar à 
responsabilização civil do Estado, a depender das circunstâncias. 
Pois bem. Superada essa rápida introdução para delinearmos o que se deve 
entender quanto à expressão “Responsabilidade Civil da Administração Pública”, 
passemos à questão, que trata da evolução histórico-doutrinária do tema. 
O conceito e a fundamentação da responsabilidade civil do Estado são 
extremamente dinâmicos e não podem ser encarados, por exemplo, à luz dos 
fundamentos jurídicos do século XIX. Diversas são as concepções doutrinárias a 
respeito da evolução do instituto ora tratado, que se apresenta, resumidamente, 
logo a seguir, indo da irresponsabilidade do Estado até a Teoria do Risco Integral 
(que não é adotada no direito brasileiro, de acordo com a visão que o CESPE tem 
do assunto, ressaltamos). 
1ª Teoria: A irresponsabilidade do Estado 
No princípio, o Estado não era responsabilizado pelos danos causados por seus 
agentes. Valia, então, a máxima: The King can do no wrong (o rei não erra), ou, 
ainda, le roi ne peut mal faire (o rei não pode fazer mal), para os franceses. 
Adotada na época dos estados absolutistas, evidentemente que tal teoria caiu em 
desuso, dado o seu evidente caráter injusto, uma vez que o Estado, guardião do 
Direito que é, não poderia deixar de ser responsabilizado pelos danos causados a 
terceiros. 
Mesmo nos países em que se resistiu com intensidade ao abandono desta teoria 
(Inglaterra e EUA, até meados do sec. XX), ela não mais se sustenta nos dias 
atuais. 
2ª Teoria: A Responsabilidade com Culpa Civil do Estado (subjetiva) 
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Após a superação da teoria da irresponsabilidade do Estado surge a teoria da 
responsabilidade com culpa civil do Estado. Por meio dessa teoria, o Estado 
responderia apenas pelos prejuízos decorrentes de seus atos de gestão, 
desprovidos de supremacia estatal, praticados pelos seus agentes, não 
respondendo, contudo, pelos atos de império (protegidos pela posição 
diferenciada do Estado na sociedade), regidos por normas de direito especial, 
exorbitantes do direito comum e decorrentes da supremacia do Estado. 
Pela teoria baseada na culpa civil do Estado, este responde pelos danos causados 
por seus agentes, ao praticarem atos de gestão, no caso de culpa ou dolo. Ao 
particular prejudicado, além de individualizar o causador do dano, incumbiria 
demonstrar a existência dos elementos de culpa em sentido amplo do agente). 
Ainda que tenha atenuado a irresponsabilidade do Estado, os preceitos da Teoria 
da Responsabilidade com Culpa são de difícil aplicação, dada a dificuldade, por 
vezes, impossibilidade, de fazer separação entre atos de império ou de gestão do 
Estado. 
3ª Teoria: A Teoria da Culpa AdministrativaEsta teoria representa um estágio evolutivo da responsabilidade do Estado, do 
tipo subjetivo para o objetivo, hoje adotada pela maioria dos países do ocidente. 
Um estágio de transição, como apontado na questão, entre a teoria da culpa 
civilista (baseada na necessidade de comprovação da culpa) para o risco 
administrativo (objetiva, que independe da necessidade de comprovação de 
culpa), que será visto logo a seguir. Daí, CORRETO o item. 
O principal acréscimo da teoria de que se trata agora foi quanto à 
desnecessidade de se fazer diferença entre os atos de império e os de gestão. 
Independente de qual categoria de ato se tratasse (império ou gestão), 
ocorrendo o prejuízo, o Estado responderia por este, desde que possuísse culpa 
objetiva quanto à situação, é dizer, o interessado possuía o dever de provar a 
culpa do Estado, mesmo que não fosse possível identificar o agente 
causador do prejuízo. Dessa maneira, a doutrina alcunhou a teoria como da 
“culpa anônima ou da falta do serviço”, a faute de service, na doutrina francesa, 
inspiradora da nossa. 
Chamamos atenção para o fato de que a falta do serviço pode consumar-se de 
três modos diversos: inexistência, mau funcionamento ou retardamento do 
serviço. Ressaltamos que os fundamentos dessa teoria ainda servem de subsídio 
para responsabilização do Estado em algumas situações, como na omissão 
administrativa. Esclareceremos melhor o assunto em questões posteriores. 
4ª Teoria: Teoria do Risco Administrativo 
De acordo teoria, o Estado tem o dever de indenizar o dano sofrido de forma 
injusta pelo particular, independente de falta do serviço ou de culpa dos agentes 
públicos. Existindo o dano (o FATO do serviço e não a FALTA), o Estado tem a 
obrigação de indenizar. A teoria do risco administrativo (surgida com a CF/1946) 
encontra fundamentos, em nossa ordem jurídica, a partir do § 6º do art. 37 da 
CF/88, que assim dispõe: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso 
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. O dispositivo também será 
melhor desdobrado nas questões mais abaixo, mas já é possível trazer duas 
importantes observações: 
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I) o risco administrativo não se aplica a todas as hipóteses em que 
órgãos/entidades do Estado causem prejuízos a terceiros, mas tão só nos casos 
em que a AÇÃO (não omissão) de uma PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
ESTATAL venha a causar dano a particulares; 
II) as prestadoras de serviço público, independente de serem entidades 
administrativas estatais ou não, se submetem às regras de responsabilização civil 
válidas para o Estado (com algumas ressalvas). É assim porque estas entidades 
assumem o RISCO da atividade estatal (administrativa), em contrapartida aos 
rendimentos que auferirão em decorrência da prestação dos serviços. Como 
exemplo: a teoria do risco administrativo vale para concessionárias e 
permissionárias de transporte coletivo. 
Ainda que a teoria do risco administrativo não exija que o particular comprove a 
culpa da Administração, é possível que o Poder Público demonstre a culpa da 
vítima para excluir ou atenuar a indenização. Essa é a fundamental diferença 
com relação ao risco integral, como veremos mais abaixo. Assim, permite-se que 
a Administração possa comprovar a culpa do pretenso lesado no evento danoso, 
o que eximirá o erário, integral ou parcialmente, do dever de indenizar. 
5ª Teoria: A Teoria do Risco Integral 
O risco integral consiste em uma modalidade exacerbada, por assim dizer, da 
teoria risco administrativo. Na modalidade risco integral, a Administração fica 
obrigada a indenizar os prejuízos suportados por terceiros, ainda que resultantes 
de culpa exclusiva da vítima. 
A maior parte da doutrina brasileira entende não ser aplicável o risco integral em 
nossa ordem jurídica, em razão do exagero contida em sua construção 
conceitual. Essa, inclusive, é a posição tida por correta pelo CESPE, como 
veremos logo abaixo. 
 
2 - (2007/CESPE/Pref. De Vitória/Procurador) A teoria do risco integral 
jamais foi acolhida em quaisquer das constituições republicanas brasileiras. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Comentários: 
Este item é para realçar o anterior: em nosso país, não adotamos o risco 
integral, E EM NENHUMA DAS CONSTITUIÇÕES DA REPÚBLICA. A despeito das 
controvérsias doutrinárias, esta é a posição que devemos levar para a prova, em 
razão dessa recentíssima questão elaborada pelo CESPE. De fato, não há sentido 
jurídico algum em que o Estado assuma, integralmente, o dever de indenizar 
alguém que seja absolutamente culpado por eventual prejuízo causado a si 
mesmo. 
A controvérsia doutrinária existente é quanto aos acidentes nucleares. Há parte 
da doutrina que entenda que prevalece a tese do risco integral, TESE QUE NÃO É 
ADOTADA PELO CESPE, RESSALTAMOS. Um exemplo: imaginemos um servidor 
público que tenha, em razão de seu cargo, a atribuição de transportar material 
radioativo. Insatisfeito consigo mesmo, o dito servidor resolve por fim a sua 
própria vida. Daí, lança mão de um produto que transporta e acaba se 
suicidando. A pergunta: ainda assim, o Estado estaria obrigado a indenizar a 
família? Ausentes outras informações que poderiam levar a outra conclusão, 
entendemos que não. Ademais, a “vítima” (o servidor suicida), ao fim, é culpado 
(e não vítima), uma vez que responsavelmente, integralmente, pelo prejuízo 
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causado a si mesmo. Então, ficamos assim para nossa prova: NÃO SE ADOTA (E 
NUNCA SE ADOTOU) A TEORIA DO RISCO INTEGRAL NO BRASIL! 
 
3 - (Defensor/AL/2005) A teoria do risco administrativo não exige 
comprovação da falta de serviço, mas só o fato do serviço, isto é, requisita-se a 
prova da responsabilidade sem concurso do lesado. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Caracterização da responsabilidade objetiva. 
Comentários: 
O presente item serve para apontarmos o atual estágio da responsabilidade civil 
do Estado no Brasil, a partir do que estabelecem as normas que tratam do 
assunto. 
O atual Código Civil fixa em seu art. 43: as pessoas jurídicas de direito público 
interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa 
qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os 
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Ainda que em 
consonância com a atual Constituição Federal de 1988, o dispositivo do CC é de 
menor amplitude que o §6º da Carta Magna. Vejamos, de novo, o dispositivo 
constitucional: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. Conforme se depura do dispositivo, duas 
são as regras estabelecidas: a responsabilidade objetiva do Estado, que é quem 
responde pelo prejuízo causado, e subjetiva do agente, que responderá 
regressivamente perante o Estado, após a reparação por este quanto ao prejuízo 
causado. 
Destacamos que o dispositivo constitucional transposto diz respeito às pessoas 
sujeitas à responsabilização objetiva: TODAS as pessoas jurídicas de direito 
público (entes políticos, autarquias e fundações públicas de direito público), 
independente da atividade que exerçam, e, ainda, as pessoas jurídicas de direito 
privado que prestem serviços públicos, sejam ou não integrantes do Estado, 
responderão de forma objetiva em razão deprejuízos porventura causados. 
Desse modo, a regra alcança também os delegatários do Estado que prestem 
serviço público, bem como entidades da Administração Indireta que desenvolvam 
tal tipo de atividade. Diante do exposto, deve-se excluir da responsabilidade 
objetiva, portanto, empresas estatais que explorem atividade econômica, 
como já tínhamos registrado (questão 1). Estas responderão pelos danos 
causados a terceiros da mesma forma que as demais pessoas privadas, regidas 
pelo Direito Civil ou Comercial. 
O Estado responderá de forma objetiva no caso da AÇÃO de seus agentes. É que 
se verifica do trecho ...danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a 
terceiros... (grifo nosso). Ah - a expressão “agentes” não se refere apenas a 
servidores públicos, como pode se pensar em conclusão apressada. De outro 
forma, “agentes” abrangem servidores, empregados celetistas (da indireta ou 
não) e quaisquer outros prepostos do Estado, quando no desempenho de 
atribuições do Poder Público. O verbo “causarem” estabelece a ação como 
fundamento para a responsabilização objetiva do Estado, que não responde 
dessa forma (objetiva), portanto, pela omissão. Nesta, há necessidade de 
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comprovação da culpa subjetiva do Estado (aguardem a próxima questão, 
abaixo). 
Esclarecemos, por oportuno, que o agente do poder público deve estar atuando 
nessa qualidade, isto é, no papel de agente público, para que valha a tese da 
responsabilização objetiva do Estado, sendo irrelevante se tal agente agiu nos 
limites ou fora de sua competência. A arbitrariedade (o vício do excesso de 
competência) só terá o condão de agravar a responsabilidade da Administração, 
em razão da má escolha do agente (a Administração incide na chamada culpa in 
eligendo – por ter escolhido mal um agente seu). É preciso, é verdade, que haja 
nexo de causalidade entre a ação do agente e a atuação em nome do Estado 
para que incida a responsabilidade objetiva. Assim, um policial fardado, ainda 
que fora de seu horário de trabalho, mas agindo em nome do Estado 
(circunstância dada pelo uso da farda pelo policial) levará à responsabilização 
civil objetiva do Poder Público, caso, agindo em nome deste, venha causar 
prejuízo a alguém, resguardando-se o direito de o Estado demandar em ação 
regressiva o agente causador do dano (também veremos mais à frente como 
funciona o direito de regresso por parte do Estado). Nota-se, portanto, que as 
entidades que se submetem às regras da responsabilidade objetiva assumem o 
risco da atividade administrativa (daí o nome RISCO ADMINISTRATIVO): basta 
que o prejudicado comprove que houve, efetivamente, o prejuízo causado pela 
AÇÃO de uma das entidades listadas no § 6º do art. 37 da CF, com o devido nexo 
causal, para que surja seu direito de ser indenizado. Daí, basta que se verifique o 
FATO DO SERVIÇO, sem o concurso do prejudicado (lesado), para que este 
venha a ser indenizado. 
Todavia, ressaltamos, por fim, que a pessoa de Direito Público (ou a prestadora 
de serviço público) será eximida do dever de indenizar caso demonstre a culpa 
exclusiva da vítima que sofreu o dano (que deixaria de ser vítima e passaria a ser 
culpada). O ônus de provar neste caso, entretanto, é da Administração: caso não 
se comprove a culpa da vítima, caberá ao Estado a responsabilidade civil pelo 
dano, que deve ser reduzida, proporcionalmente, à culpa do prejudicado. 
 
4 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Prevalece o entendimento de que, nos 
casos de omissão, a responsabilidade extracontratual do Estado é subjetiva, 
sendo necessário, por isso, perquirir acerca da culpa e do dolo. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – por omissão estatal 
Comentários: 
Interessante essa questão do exame da ordem. Conforme dissemos nas questões 
anteriores, a responsabilidade civil objetiva, baseada no risco administrativo, é 
válida para os casos de AÇÂO (não omissão) dos agentes ligados às pessoas 
jurídicas de direito público ou prestadoras de serviço público (neste caso, 
independente da natureza da personalidade). Não é o caso da omissão, que é um 
não agir, um deixar de fazer. Assim, não vale para os casos de omissão Estatal a 
regra da responsabilidade objetiva da Administração Pública. Este é o 
entendimento, tanto doutrinário, quanto jurisprudencial dominante. Vamos nos 
ater ao último caso, a jurisprudência dos Tribunais Judiciais, sobretudo os 
superiores. 
No STJ o tema já foi discutido em diversas oportunidades. Aquela Corte entende 
que, no caso da omissão Estatal, a responsabilidade do Estado é do tipo 
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SUBJETIVA. Apenas para ilustrar, citamos o Recurso Especial provido 602.102, 
de 2005, no qual o STJ deixou registrado: ...Em se tratando de ato omissivo, 
embora esteja a doutrina dividida entre as correntes dos adeptos da 
responsabilidade objetiva e aqueles que adotam a responsabilidade subjetiva, 
prevalece na jurisprudência a teoria subjetiva do ato omissivo, de modo a 
só ser possível indenização quando houver culpa do preposto. 
Notem que o STJ registrou que há (como quase tudo em direito...) divergências 
doutrinárias significativas. Contudo, na jurisprudência, a questão é mais ou 
menos pacífica: na omissão, a responsabilidade civil do Estado é do tipo 
subjetivo, tendo a vítima o dever a culpa do agente da Administração (o preposto 
do Estado, no julgado do STJ) para que possa ter o direito de se indenizado. 
A jurisprudência do STF é no mesmo sentido. Mais um exemplo, então (Recurso 
Extraordinário 369.820, de 2004): Tratando-se de ato omissivo do poder 
público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo 
ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a 
imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode 
ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta do 
serviço — faute du service dos franceses — não dispensa o requisito da 
causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída 
ao poder público e o dano causado a terceiro. (os grifos são nossos). 
Assim, JURISPRUDENCIALMENTE, não resta dúvida: na omissão, a 
responsabilidade do Estado é do tipo SUBJETIVA, baseando-se na necessidade de 
comprovação de culpa do agente que atua da Administração Pública. 
 
5 - (2004/CESPE/STJ/Analista Judiciário) A simples ausência do serviço 
público, quando simplesmente relacionada com o dano ocasionado a outrem, 
caracteriza a existência do dano por omissão do Estado. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – omissão estatal. 
Comentários: 
Conforme dissemos na questão anterior, não há que se falar em responsabilidade 
civil por parte do Estado tendo (não é tendo?) em conta, simplesmente, a 
ausência do serviço. De outro lado, há que se ter presente a conduta CULPOSA 
(em sentido amplo, abrangendo o dolo) do agente da Administração Pública. 
 
6 - (2004/CESPE/PF/Delegado-Regional) A responsabilidade civil do Estado 
por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal pelo não-
cumprimento de dever legal, uma vez que a Constituição brasileira adota para a 
matéria a teoria da responsabilidade civil objetiva. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – omissão estatal. 
Comentários: 
Outra questão de fixação. Mas vamos lançar algumas informações adicionais a 
respeito do assunto. 
Vários doutrinadores brasileiros tecem considerações a respeito da 
responsabilidade civil da Administração Pública no caso de omissão estatal. 
Basicamente, dois são os fundamentos que sustentam a tese de que, no caso, há 
necessidade de que o prejudicado comprove que o agente daAdministração 
Pública agiu com culpa: 
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- De acordo com a Constituição, a responsabilidade civil objetiva somente se 
aplica à conduta COMISSIVA por parte do Estado (releiam o § 6º do art. 37 da 
CF/88). No caso da omissão do Estado, é aplicado o Código Civil (arts. 186 e 
927), que cuida da responsabilidade subjetiva; 
- para que possa haver a responsabilização do Estado em decorrência de 
omissão, a vítima deverá comprovar que houve um descumprimento de dever de 
agir imposto por Lei ao Estado. 
Vejamos um exemplo interessante, para tratarmos da distinção que há da 
responsabilidade civil em razão da omissão da Administração, em homenagem a 
uma terra que tanto gosto e que estive, mais uma vez, recentemente, São Paulo. 
Fato conhecido que na “cidade que não para” são constantes as inundações. 
Imaginem, então, que estamos trafegando próximos a uma marginal (Tietê, por 
exemplo). Vem a chuva, enche tudo, o nosso carro vai embora, levado pelas 
águas... graças a Deus, nossa vida foi preservada. Todavia, insatisfeitos, 
entramos com uma ação judicial contra o Estado (deixem de lado a natureza 
desta, pois não cai mais processo civil – felizmente, na prova). O Estado (o 
município ou o Estado-membro, conforme o caso) mostra que tomou todas as 
cautelas possíveis para a situação (fez as limpezas das “bocas de lobo”, vez 
novos canais de escoamento, etc). Ainda assim, o Estado (a pessoa federativa) 
continuaria a ter o dever de indenizar o particular? Logicamente, não. Nesse 
caso, ficaria excluído o dever de indenizar por parte do Estado, desde que 
demonstrado que este tomou todas as medidas que estavam ao seu alcance. 
A situação que acabamos de descrever, além de bastante interessante, tem 
motivado posições bastante modernas dos tribunais superiores, a partir do que 
se tem chamado de (doutrinariamente, também) reserva do possível. 
O Estado, como não é difícil perceber, tem cada vez mais missões a serem 
cumpridas, em razão das múltiplas tarefas que vem, historicamente, assumindo. 
Vale para o Estado algo que nós (pelo menos a maior parte) sentimos, 
constantemente, em nossas vidas: não há dinheiro para tudo. Ou, como diriam 
alguns economistas clássicos: recursos escassos, necessidades ilimitadas. É o 
que vale, por exemplo, no processo orçamentário. Sabendo que não há 
“orçamento” (recursos, em realidade) para tudo, poderia o Estado alegar 
insuficiência de recursos para se eximir de eventuais responsabilidades por conta 
de sua falta de ação? A resposta é: DEPENDE! (o velho e bom depende...). 
Entende o STF (RE 436.996) que a falta de recursos não pode constituir alegação 
por parte do Estado para que deixe de dar cumprimento a alguns direitos 
fundamentais da pessoa humana, como o que diz respeito à educação, por 
exemplo. Todavia, tal regra não é absoluta. Caso o Estado comprove sua REAL 
impossibilidade de agir (ou seja, tem agido dentro do que é possível), estaria 
afastada seu dever de indenizar alguém, por exemplo, por não ter provido de 
forma adequada serviços de educação. Tem-se daí, regra e exceção, a saber: 
- REGRA: limitações orçamentárias não podem constituir alegação por parte do 
Estado para deixar de fazer o que é seu dever, em especial, no que diz respeito 
ao desempenho de tarefas que se refiram ao cumprimento de deveres 
fundamentais. 
- EXCEÇÃO: nas situações em que fique REALMENTE demonstrada a 
impossibilidade real do Estado agir, em razão de restrições orçamentárias, a 
responsabilidade civil deste ficará afastada. Essa é a aplicação prática, portanto, 
da teoria da reserva do possível. 
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7 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) A vítima de dano causado por ato 
comissivo deve ingressar com ação de indenização por responsabilidade objetiva 
contra o servidor público que praticou o ato. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Da Administração X do Servidor 
Comentários: 
Excelente questão nessa “provinha” da ordem. Ótima, mesmo! Vamos à ela, para 
que possamos refletir sobre novidades jurisprudenciais daquele Tribunal que, 
efetivamente, é nossa referência para concursos públicos: o STF. 
Bom, primeira coisa é lembrarmos que a responsabilidade do servidor será 
sempre subjetiva, já que essa não se confunde com a responsabilidade do 
Estado, que, em alguns casos (boa parte), responde de forma objetiva por 
eventuais prejuízos causados à sociedade, de modo geral. 
Já houve muita discussão a respeito de contra quem poderia (ou deveria) ser 
proposta a ação judicial cabível para que fosse promovida a indenização do 
prejudicado pela atuação estatal. Para fins de concurso público, a questão já foi 
pacificada, todavia, por recentes entendimentos do STF (RE 327.904): a ação de 
indenização há de ser promovida contra a pessoa jurídica causadora do dano e 
não contra o agente público, em si, que só responderá perante a pessoa jurídica 
que fez a reparação, mas mediante ação regressiva. Alguns esclarecimentos. 
Em primeiro lugar, ao lançar tal entendimento, o STF acabou criando uma 
“garantia de mão dupla”: 
I) com a ação judicial de indenização promovida contra a Administração, fica 
(relativamente) protegido o prejudicado, já que, ao menos em tese, terá mais 
chance de ser indenizado, pois o Estado tem mais “força financeira” que o 
servidor. Há, na visão da Corte Constitucional, uma chance maior de indenização 
por parte do Administrado, então; e, 
II) protege-se, também, o servidor, que responderá SOMENTE perante a própria 
Administração, mediante ação regressiva, depois que esta promova a 
indenização do eventual prejudicado. Isso é ótimo para nós, servidores. Pensem 
só comigo: imaginem você, um analista (se Deus quiser!) do TCU. Daí, faz um 
processo apresentando proposta que sejam julgadas irregulares as contas de 
determinado gestor público. O TCU, então, não acata a proposta que você 
formulara. Ato contínuo, o gestor entra com um pedido judicial de indenização 
contra você, alegando “danos morais”, em razão do processo que você, na 
qualidade de servidor, houvera instruído anteriormente. Imaginaram? Aí, lá vai 
você responder judicialmente por tal situação. Muito provavelmente, teríamos (os 
analistas do TCU) problemas de conseguir sobreviver, em razão do sem número 
de processos judiciais que (certamente) acabaríamos ter de responder. Assim, 
muito bom o julgado do STF, que nos traz (servidores, de modo geral) uma certa 
tranqüilidade: se tivermos que responder será SOMENTE mediante em 
decorrência da regressiva intentada pelo Estado. 
Por fim, duas informações adicionais: 
I) a necessidade de a ação judicial para que seja feita a indenização do 
prejudicado ser movida contra a Administração Pública é uma outra decorrência 
do princípio da impessoalidade. De fato, quem responde é a PESSOA à qual liga-
se o agente, independente deste estar agindo dentro ou fora dos limites de sua 
competência. Falta vontade ao Estado, é verdade, vez que, apesar da existência 
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real (em termos jurídicos), é entidade abstrata (não possui existência física). 
Mas, ainda que abstrata, é pessoa o Estado (ou o prestador de serviços 
públicos), que tem seus deveres e responsabilidades. Pouco importa quem é o 
agente, vez que, ausentes outras informações, o Estado agiria daquela forma; 
II) o julgado que destacamos (RE 327.904) muda uma orientação que até então 
orientava o STF: a de que seria possível o litisconsórcio passivo (quem está 
respondendo – veremos na questão abaixo) nas ações de indenização 
promovidas contra a Administração. Hoje, pelo entendimento consignadopelo 
STF, a ação de indenização deve ser movida contra a pessoa jurídica causadora 
do dano e não mais contra o servidor, sequer com este sendo acionado em 
litisconsórcio. Vale a pena rápida transcrição de parte do voto do Ministro relator 
do processo no STF. Vejamos: À luz do dispositivo transcrito [o § 6º do art. 37 
da CF/88) , a conclusão a que chego é única: somente as pessoas jurídicas 
de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem 
serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela 
reparação de danos a terceiros (o comentário e o grifo são nossos). Por mais 
que possamos criticar o assunto, essa é a posição que temos que levar para a 
prova: a ação judicial para fins de indenização em razão de prejuízos causados 
por aqueles citados no § 6º do art. 37 da CF/88 deverá ser intentada tão só 
(somente) contra a pessoa jurídica causadora do dano, não mais se admitindo o 
litisconsórcio passivo em tal situação. 
 
8 - (2007/CESPE/TJ-TO/JUIZ) A ação de responsabilidade civil objetiva por 
ato cometido por servidor público pode ser legitimamente proposta contra o 
Estado ou contra este e o respectivo servidor, em litisconsórcio passivo. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Possibilidade de litisconsórcio. 
Comentários: 
Primeira coisa, em linhas gerais, o que devemos entender por “litisconsórcio”, 
que, se tivermos atenção, é uma expressão quase auto-explicativa. 
Litis: litígio, discussão, uma boa briga jurídica. Consórcio - em conjunto, 
somados. Quando se afirma “litisconsórcio” na questão levanta-se a indagação se 
seria possível a impetração de ação judicial, pelo prejudicado, contra a pessoa 
jurídica causadora do dano concomitantemente com o servidor que, 
efetivamente, agira por conta de atribuições públicas. A partir do que expusemos 
na questão anterior, não, conforme entendimentos recentes do STF. Releiam a 
questão acima, para fins de fixação, então. 
 
9 - (2004/CESPE/AGU) Na teoria do risco administrativo, há hipóteses em 
que, mesmo com a responsabilização objetiva, o Estado não será passível de 
responsabilização. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Excludentes de Responsabilização. 
Comentários: 
A questão é simples, a partir do que dissemos anteriormente: em determinadas 
hipóteses, haverá casos em que o Estado será desonerado do dever de indenizar 
o prejudicado. Exemplo disso: culpa exclusiva da “vítima” (que na realidade 
passaria a ser culpado). Vejamos outra ilustração. 
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João, servidor público, vem dirigindo, com cautela, viatura do Estado. Daí, um 
particular qualquer avança o sinal e se joga contra o carro que João vinha, 
adequadamente, dirigindo. Será que o Estado teria o dever de indenizar essa 
“vítima”? por razões óbvias, não, em razão da culpa exclusiva do prejudicado 
quanto ao resultado danoso observado. É nesse sentido a jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, que admite a pesquisa em torno da culpa da vítima para 
abrandar, ou mesmo excluir, o dever de o Estado promover a indenização do 
prejudicado, no caso de culpa exclusiva deste. 
 
10 - (2004/CESPE/PGAM) A ocorrência de certas catástrofes naturais, como 
uma inundação, deve necessariamente ensejar a responsabilização 
extracontratual do Estado, considerando que este tem a competência de fornecer 
serviços públicos de qualidade, que protejam os cidadãos de eventos desse 
gênero. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Excludentes de Responsabilização. 
Comentários: 
A questão está errada pela inserção do DEVE NECESSARIAMENTE... 
Na realidade, não DEVE, mas PODE acabar resultando na responsabilidade civil 
do Estado caso, efetivamente, ficar comprovado que este deixou de dar 
cumprimento de algo que lhe era dever, por conta de ter sido omisso. 
 
11 - (2007/CESPE/CPC Renato Chaves-PA/Téc. Em Info) São cláusulas 
excludentes da responsabilidade civil objetiva do Estado a culpa exclusiva da 
vítima ou de terceiro, caso fortuito ou de força maior. 
Gabarito: CERTO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Excludentes de Responsabilização. 
Comentários: 
Essa questão é muito boa para que possamos discutir as causas de exclusão do 
dever de o Estado indenizar um eventual prejudicado por ações estatais (notem 
que a questão fala em responsabilidade civil objetiva, ou seja, pela ação estatal). 
A doutrina é divergente quanto a essas causas de exclusão da responsabilização 
civil do Estado, sobretudo no que diz respeito à definição de caso fortuito e força 
maior. Absolutamente confusas as posições doutrinárias, o que, obviamente, não 
nos interessa para fins de concurso público. Assim, importa analisar a questão de 
forma objetiva, tendo em conta o pretendido neste curso – ACERTAR AS 
QUESTÕES NA PROVA! Vamos às análises, então. 
Se o prejudicado, efetivamente, é o responsável, integralmente, pelo resultado 
danoso (culpa exclusiva da vítima), na realidade, não é vítima, mas o próprio 
responsável, devendo arcar com os prejuízos (materiais e morais) que causou a 
si mesmo. Ressaltamos, como dissemos na q. 10 acima, que se tem admitido 
jurisprudencialmente (e doutrinariamente também) pesquisa em torno da culpa 
da vítima para atenuar, e até mesmo excluir, o dever de o Estado indenizar o 
prejudicado, conforme o caso. Assim, se há culpa parcial (não exclusiva) da 
vítima, isso reduzirá proporcionalmente o quantum devido pelo Estado a título 
de indenização. 
Há doutrinadores que definem caso fortuito como ato humano. Outros dizem 
que força maior é que seria ato humano. Outros dizem ser o caso fortuito ou a 
força maior, conforme o caso, evento da natureza. Enfim, a doutrina não chega a 
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uma conclusão precisa quanto a um e outro. Não seremos nós, então, que 
faremos essa discussão, ainda mais em curso preparatório para concurso. Nossa 
intenção, creio, não é debater temas (apaixonantes, até) do direito, mas só 
marcar a “bolinha” no local correto. Então, vamos aprender, juntos, o que 
devemos marcar em provas do CESPE, tendo em conta a posição doutrinária que, 
normalmente, a banca tem utilizado em prova, a da Professora Di Pietro. 
Para a referida autora, força maior é acontecimento imprevisível, inevitável e 
estranho à vontade das partes, como catástrofes naturais. Exemplos: uma 
tempestade, um terremoto, raios, “tsunamis”, etc. Não sendo atribuível à 
Administração, não pode incidir a responsabilidade civil do Estado, pois não há 
nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração. 
A Professora ilustra o caso fortuito como a situação em que o dano decorre de 
ato humano. Indica, ainda, que se houve falha da Administração (omissão 
desta), não ocorre a mesma exclusão prevista para a força maior. Tem toda 
razão a autora, mas fazemos observações que justificam a posição da banca no 
item que estamos analisando, tendo em conta, agora, outro doutrinador de peso 
no país, José dos Santos Carvalho Filho. 
Para este último autor, tanto o caso fortuito como a força maior constituem fatos 
imprevisíveis, não imputáveis à Administração. Daí, entende desnecessária essa 
“bifurcação” entre eventos, naturais ou humanos, que são imprevisíveis e que 
rompem a necessária causalidade entre a ação do Estado (a questão fala em 
responsabilidade objetiva, logo, ação estatal) e o dano causado. Rompido o nexo 
causal, não há que se falar em indenização. Muito bem, correta a posição do 
autor e acatada pela banca: tanto o caso fortuito, quanto a força maior, PODEM 
levar à exclusão da responsabilidade civil do Estado. Mas alertamos para uma 
situação: é preciso, na prova (e na prática) analisar com atenção as variáveis 
lançadas peloexaminador na questão, para que cheguemos à conclusão se a o 
Estado responde, ou não, por prejuízos causados no caso de eventos naturais ou 
decorrentes da manifestação da vontade humana. Vejamos com exemplos. 
Inundação em uma cidade. Destruição de objetos, perda de patrimônio, etc. A 
princípio, não responde o Estado por tais prejuízos. Mas se este não tiver feito a 
adequada manutenção na rede de escoamento de águas? Responderá, claro, mas 
de forma SUBJETIVA, em razão da omissão na prestação dos serviços, não em 
razão do evento natural em si. 
Da mesma forma, em uma greve de servidores públicos, fato não imputável ao 
Estado, mas decorrente, da vontade humana, tem que se analisar em que 
medida caberia ao Estado tomar providências para evitar eventuais prejuízos à 
sociedade em geral. Deve-se verificar, mais uma vez, se o Estado foi omisso. 
Não adotando as medidas necessárias, acabará sendo responsabilizado, ao 
menos parcialmente (vejam a questão abaixo, para reforçar). 
No que diz respeito à culpa exclusiva de terceiros, a posição prevalente 
(doutrinária e jurisprudencialmente) é que o fato também é excludente da 
responsabilidade civil da Administração Pública. É o que ocorre, por exemplo, em 
assaltos em ônibus. Se não ficar caracterizada a omissão do prestador do serviço 
público (que não precisa ser, necessariamente, o Estado), não há que se falar em 
indenização de incumbência deste. O próprio prestador é prejudicado, também, 
registre-se pelo infortúnio deste evento tão comum hoje em dia (infelizmente). 
Apesar de cada vez mais e mais pessoas levantarem voz contra essa tese (de 
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que o prestador não responderia por assaltos realizados em coletivos), é a 
posição que vale para fins de concurso público. 
Pois bem. Pode-se dizer que todas as causas de exclusão de responsabilidade 
civil do Estado tem um ponto comum: afastam o necessário nexo causal entre a 
ação do Estado e o prejuízo sofrido por alguém. Sem o “link” (nexo de 
causalidade) entre a ação do Estado e prejuízo causado, não há que se falar em 
indenização (total ou parcialmente) a ser feita ao prejudicado. 
Ficamos assim, nessa questão: SÃO EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE 
CIVIL OBJETIVA DO ESTADO A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA OU DE TERCEIRO, 
CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. Todavia, deve-se analisar se houve 
omissão por parte do Estado (ou do prestador do serviço público) quanto a 
providências de sua incumbência para evitar o prejuízo. Caso fique caracterizada 
a omissão culposa, há direito de indenização por parte do prejudicado. Pedimos 
perdões por tantas citações doutrinárias neste item, mas foram necessárias, em 
razão do “estilo” da questão. Vamos adiante. 
 
12 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Não há responsabilidade civil do Estado 
por dano causado pelo rompimento de uma adutora ou de um cabo elétrico, 
mantidos pelo Estado em péssimas condições, já que essa situação se insere no 
conceito de caso fortuito. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Excludentes de responsabilização – caso 
fortuito X força maior 
Comentários: 
Reforço à questão anterior: entendendo-se o caso fortuito como ato humano, 
poderá, EM ALGUNS CASOS, ocorrer exclusão da responsabilidade civil do Estado 
em promover indenização de alguém eventualmente prejudicado em situação 
específica. Contudo, não é caso no item em análise. 
Vejam a variável colocada na questão: adutora em PÉSSIMAS CONDIÇÕES. Sem 
dúvida, omissão por parte do Estado, que, na questão, é responsável pela 
manutenção de tal adutora. Conclui-se, a partir da informação que, no mínimo, 
houve falha na fiscalização por parte da Administração, afastando, assim, a 
alegação de caso fortuito. Restaria ao Estado, então, promover a indenização 
daqueles que fossem eventualmente prejudicados pela situação. Claro que, para 
isso, há que se ter o pedido por parte do interessado. Lembrem-se sempre do 
seguinte: o Direito, normalmente, só existe para aqueles que pedem. 
Administrativamente, é possível o Estado agir de ofício, dispensando-se o pedido 
do interessado. Mas, JUDICIALMENTE, raras são as vezes que os magistrados (ou 
os Tribunais Judiciais) agirão de ofício, em razão da imparcialidade que se espera 
destes. Em síntese, na vida real, o jus sperniandis (o direito de espernear) tem 
que ser exercitado. Como dizem no Maranhão: ninguém sabe o que o calado 
quer... 
 
13 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Proposta a ação de indenização por 
danos materiais e morais contra o Estado, sob o fundamento de sua 
responsabilidade objetiva, é imperioso que este, conforme entendimento 
prevalecente, denuncie à lide o respectivo servidor alegadamente causador do 
dano. 
Gabarito: ERRADO 
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Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Denunciação à lide 
Comentários: 
A gente olha uma questão como essa na hora da prova, e pensa, de imediato: 
VALEI-ME, NOSSA SENHORA DOS CONCURSOS! MAS O QUE É DENUNCIAÇÃO À 
LIDE? Não precisam se preocupar, a questão é relativamente simples, a partir do 
entendimento conceitual do instituto. Mas, inicialmente, partamos de um 
conceito simplificado para “lide”. 
Lide é um litígio, uma questão judicial a ser resolvida, normalmente, em 
processo dessa natureza (judicial). Nos processos judiciais que se refiram à 
responsabilidade civil objetiva tratada no § 6º do art. 37 da CF figurarão no pólo 
passivo do processo (respondendo, sendo processado) a pessoa jurídica de 
direito público ou prestador de serviço público, independente da natureza de sua 
personalidade. Como vimos em questões anteriores (sete e oito) não é possível a 
ação de reparação diretamente contra o servidor/agente responsável direto pelo 
dano (é o que se extrai do já citado RE 327.904, julgado pelo STF). 
 “Denunciar à lide” significa, de maneira simples, trazer para um processo judicial 
alguém que pode (ou deve, em algumas situações) ser trazido. 
Alguns autores entendem que a denunciação à lide do responsável direto pelo 
dano (agente causador) seria obrigatória, em razão de normas constantes do 
Código de Processo Civil. Todavia, essa não é a tese que devemos 
incorporar para fins de concurso público. 
O entendimento que prevalece hoje é de que a denunciação à lide do servidor é 
impertinente, já que amplia, indevidamente, os limites objetivos do processo 
judicial. De fato, com o ingresso do causador do dano no processo, novos 
elementos teriam de ser analisados: a culpa e dolo do agente. Isso, certamente, 
causaria prejuízos processuais ao autor da ação, que teria de esperar (ainda 
mais) para ver solucionada sua causa movida contra o Estado. Todavia, apesar 
de não ser obrigatória a denunciação à lide do causador do dano, ela é 
POSSÍVEL, ante o que tem entendido os Tribunais Judiciais Superiores. Como 
exemplo, vejam o julgado abaixo, do STJ (Recurso Especial 884.676/GO, de 
2007): PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. 
DENUNCIAÇÃO À LIDE. ART. 70, INC. III, CPC. RECURSO ESPECIAL. 
APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 83/STJ. I - A jurisprudência deste Tribunal Superior 
se encontra assentada no entendimento de que "nas ações de indenização 
fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado (CF/88, art. 37, § 
6.º), não é obrigatória a denunciação da lide do agente público 
supostamente responsável pelo ato lesivo" (o grifo é nosso). Agora vejam 
que, pelo julgado, NÃO É OBRIGATÓRIA A DENUNCIAÇÃO A LIDE, MAS TAMBÉM 
NÃO É VEDADA. Ou seja, na linha da jurisprudência que se formou em boa parte 
dos Tribunais Judiciais brasileiros: É POSSÍVEL A DENUNCIAÇÃO À LIDE PELO 
ESTADO (ou prestador dos serviços públicos) DAQUELE QUE É RESPONSÁVEL 
DIRETO PELO DANO CAUSADO AO PREJUDICADO, CONQUANTO NÃO SEJA 
OBRIGATÓRIA.Interessante registrar, ainda que não tão relevante para o Direito Administrativo, 
que a indenização a ser promovida pelo Estado cobrirá não só os prejuízos 
materiais causados ao lesado, mas também a afronta (prejuízo) moral que lhe foi 
causada. Ainda que seja extremamente dificultoso o cálculo da “dor” de um 
prejuízo moral, a indenização paga pelo Estado também deverá cobrir tal dano. 
Isso se dá ao amparo de diversos dispositivos constitucionais (inc. V e X do art. 
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5º, por exemplo). Pôs-se fim a uma longa discussão (doutrinária) anterior se as 
indenizações a serem pagas por eventuais causadores de danos a terceiros 
“cobririam” o dano moral, se não houvesse prejuízo material. A resposta é 
positiva, frente à ordem constitucional atual. 
 
14 - (2007/CESPE/TJ-TO/JUIZ) Conforme entendimento do STJ, a 
denunciação à lide do servidor causador do dano é obrigatória nas ações 
fundadas a responsabilidade objetiva do Estado. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Responsabilidade Civil – Denunciação à Lide 
Comentários: 
Reforço à questão anterior: o entendimento do STJ é exatamente o contrário do 
exposto na questão – É FACULTATIVA A DENUNCIAÇÃO À LIDE DAQUELE QUE É 
RESPONSÁVEL DIRETO PELO PREJUÍZO CAUSADO A PARTICULARES. Assim, a 
conclusão é que: A NÃO DENUNCIAÇÃO À LIDE DO RESPONSÁVEL PELO DANO 
NÃO É CASO DE INVALIDAÇÃO DO PROCESSO, VEZ QUE ISSO É FACULDADE 
COLOCADA À DISPOSIÇÃO DO ESTADO. O processo judicial que se desenvolve 
sem a presença do agente causador do dano é, portanto, válido e eficaz. 
 
15 - (Analista Judiciário/STJ/2004) As empresas estatais não estão 
submetidas à responsabilização objetiva, pois adotam critérios próprios em 
virtude da condição de prestadoras de serviço público. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL – Empresas do Estado 
Comentários: 
Quase perfeita a questão, não fosse a observação que, ALGUMAS EMPRESAS 
ESTATAIS (não todas), estão submetidas às regras de responsabilidade objetiva 
que valem para as pessoas jurídicas de direito público: as Empresas estatais 
PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS. Daí o erro da questão. Relembremos o 
inumeráveis vezes citado § 6º do art. 37 da CF/88: 
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa. 
As Empresas Estatais, PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO, podem responder 
de forma objetiva pelos danos causados a terceiros. Isso ocorre por que o 
prestador de serviços públicos, como dissemos, assume o RISCO 
ADMINISTRATIVO da atividade que desempenha, que, essencialmente, pública, 
em sua natureza (serviços PÚBLICOS). 
 
16 - (Analista-Serpro/2005) A responsabilidade civil objetiva do Estado 
alcança também as empresas públicas e sociedades de economia mista que 
exploram atividade econômica. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Responsabilidade Civil – entidades da administração indireta que 
exploram atividades econômicas. 
Comentários: 
Reforço à questão anterior: Empresas Estatais, como as Empresas Públicas e 
Sociedades de Economia Mista, que exploram atividades econômicas não são 
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prestadoras de serviços públicos, logo, não se submetem à regra da 
responsabilidade civil objetiva prevista no § 6º do art. 37 da CF/88. Assim, 
gravem a informação: A REGRA DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA, 
BASEADA NO RISCO ADMINISTRATIVO, NÃO VALE PARA TODAS AS ENTIDADES 
ESTATAIS. VALE TÃO SÓ PARA AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO, 
BEM COMO PARA AS PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO, INDEPENDENTE DA 
NATUREZA DE SUA PERSONALIDADE. 
 
17 - (Analista-Serpro/2005) Considere a seguinte situação hipotética. Aldo 
teve o seu veículo abalroado por ônibus de uma companhia de transportes 
urbano, empresa privada, concessionária de serviço público de transporte 
coletivo de determinado município. Nessa situação, Aldo deverá provar a culpa 
do motorista da companhia de transporte coletivo, com o objetivo de imputar-lhe 
a responsabilidade pelo fato, já que, nesse caso, não haverá a responsabilização 
objetiva do município. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Responsabilidade Civil da Administração Pública – Responsabilidade do 
prestador do serviço público 
Comentários: 
Com essa questão, entramos na questão peculiar da responsabilidade civil do 
PRESTADOR DE SERVIÇOS PÚBLICOS. 
Vimos mais de uma vez na aula de hoje que a regra da responsabilidade civil 
objetiva se estende ao prestador de serviços públicos, independente da natureza 
de sua personalidade ou se o prestador integra (ou não) a Administração Pública. 
Isso se dá em razão de a entidade prestadora de serviços públicos assumir o 
RISCO (administrativo) DA ATIVIDADE PRESTADA, QUE É, SUBLINHE-SE, 
INCUMBÊNCIA DO ESTADO: O SERVIÇO PÚBLICO. Com outras palavras. 
Na aula anterior (aula 7 – serviços públicos) vimos que o serviço público é 
incumbência do Poder Público (art. 175 da CF/88), o qual não necessariamente 
será seu prestador. De fato, a Constituição Federal dá a possibilidade de 
delegação de serviços públicos, como já sabemos. Nesse caso (de delegação), 
junto com os “bônus” do serviço a ser prestado (a tarifa a ser cobrada do 
particular) a entidade que presta o serviço público assume seus “ônus”, ou seja, 
o dever de responder por eventuais danos causados aos USUÁRIOS. Vale para o 
delegatário do serviço as regras que valem para o Estado: RESPONSABILIDADE 
CIVIL OBJETIVA NO CASO DE AÇÃO; SUBJETIVA NO CASO DE OMISSÃO. 
Mas vejam o detalhe que assinalamos: a Responsabilidade civil é objetiva do 
concessionário do serviço com relação aos USUÁRIOS do serviço. No caso da 
questão que estamos analisando, o Aldo é terceiro estranho a prestação do 
serviço. Então, com relação, a responsabilidade civil do prestador do serviço é, 
também, objetiva? A resposta é um sonoro NÃO! 
De fato, há precedentes judiciais que levam à interpretação restritiva de tal 
situação (RE-262.651, julgado pelo STF em novembro de 2004). O entendimento 
que devemos levar para o concurso é de que a responsabilidade objetiva aplica-
se apenas aos usuários, e não a quaisquer terceiros. No caso do amigo Aldo 
da questão, ocorrerá dever deste comprovar a culpa do agente do concessionário 
(do motorista do ônibus) para que possa obter a indenização pertinente, ou seja, 
COM RELAÇÃO A TERCEIROS ESTRANHOS À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO, 
A REGRA DE RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO DELEGATÁRIO DO SERVIÇO É A 
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MESMA QUE VALE ENTRE PARTICULARES DE MODO GERAL, SUBJETIVA, 
BASEADA NA NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CULPA. Um último registro: a 
posição que firmamos aqui é a que vale para fins de concurso público, mas há 
uma série tendência de mudança em período breve. É que há um julgamento 
suspenso no STF (por conta de pedido de vista de um Ministro) no qual se propõe 
a responsabilidade objetiva com relação a terceiros não usuários do serviço, mas 
diretamente afetados por ele. Todavia, como o julgamento não foi finalizado, 
para ESTA PROVA, não deve ser levado em consideração. Portanto, como 
(infelizmente) nem todos do nosso curso serão aprovados no concurso desse ano 
para o TCU (tem mais inscritos neste curso que o número de vagas do edital...), 
ano que vem, provavelmente, as coisas terão mudado. Cuidado, então! 
 
18 - (Cespe – Juiz Federal – 5ª R = 2005) Em obra pública, contratada por 
empreitada global com empresa privada, desaparece a responsabilidade objetiva 
da administração pública. Osdanos causados a terceiros, em razão da obra em 
si, são de responsabilidade exclusiva da empresa contratada. 
Gabarito: Errado 
Tema: Responsabilidade Civil – por obra pública 
Comentários: 
Ainda que longe de pacificado o entendimento acerca do assunto que 
analisaremos, pode-se apontar pelo menos duas situações distintas quanto à 
responsabilização do Estado no que diz respeito a potenciais prejuízos 
decorrentes de obras públicas. 
Em um primeiro caso, estariam danos provocados obra em si (só fato da obra). 
O dano resultante, nessa situação, pela obra em si, levam o Estado a responder 
de modo objetivo, independente de estar, ou não, na execução do 
empreendimento, dado que estão presentes os elementos necessários à 
caracterização de tal tipo de responsabilidade: a ação estatal (direta ou indireta, 
por intermédio de uma empreiteira contratada, por exemplo), o dano decorrente 
e o nexo de causalidade entre ambos. Assim, pelo fato da obra (obra em si), 
como no item que estamos analisando, a responsabilidade é da ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA quanto aos eventuais prejuízos causados a terceiros, independente de 
quem seja o executor da obra. 
De outro lado, há situação em que o dano decorre da culpa exclusiva por parte 
do executor da obra, quando este for um terceiro alheio à estrutura estatal e que 
tenha recebido a incumbência de levar a efeito uma obra, em decorrência de um 
contrato administrativo. Nestes casos, caso hajam problemas quanto à 
QUALIDADE DA OBRA, caberá ao empreiteiro (executor da obra) a 
responsabilidade subjetiva comum (do direito privado) pelos prejuízos 
causados. O Estado responde apenas de forma subsidiária, é dizer, sua 
responsabilidade só estará configurada se o executor não promover a reparação 
dos prejuízos que causou ao prejudicado. Nessa última hipótese, caso o Poder 
Público, como dono da obra, venha a ressarcir aquele que sofrera o prejuízo, 
poderá, com legitimidade, impetrar ação regressiva contra o particular que era 
responsável pela execução dos serviços. 
Por fim, o há possibilidade de que tanto o empreiteiro quanto o Poder Público 
terem contribuído para o fato que resultou em prejuízo ao administrado. Nessas 
situações, ambos tem responsabilidade pelo dano ocorrido, devendo arcar, de 
modo proporcional, com a eventual indenização devida. Assim, o executor e o 
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Poder Público poderão figurar conjuntamente no pólo passivo de uma potencial 
ação judicial impetrada pelo Lesado. Enfim, há distinções entre situações quanto 
à responsabilidade civil decorrente de obras públicas: 
I) Quanto ao fato da obra: responde OBJETIVAMENTE a Administração 
Pública; 
II) Quanto à QUALIDADE da obra (uso de materiais inadequados, por 
exemplo): Responde SUBJETIVAMENTE o empreiteiro. 
Dessa forma, pela obra em si, responde a Administração e não o empreiteiro. 
 
19 - (2007/CESPE/BOMBEIROS-DF) Se o preso se suicida dentro do presídio, 
reconhece-se a responsabilidade objetiva do Estado, que tem o dever de 
proteger os seus detentos, inclusive contra si mesmos. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Responsabilidade Civil – Pessoas sob a guarda do Estado 
Comentários: 
A questão, como se vê, trata da responsabilidade civil do Estado no que se refere 
às pessoas sob a custódia (o presidiário que se suicidou). Nestas situações, 
conforme entendimentos jurisprudenciais, haverá a responsabilidade objetiva do 
Estado, mesmo que o prejuízo não decorra de ação direta de um agente do Poder 
Público, o qual, quando tiver o papel de garantidor da integridade de pessoas, 
responde com base no §6º art. 37da CF. Salvo na ocorrência de algum fato 
inevitável e imprevisível (que não há, na questão), o Estado deverá responder de 
forma objetiva, uma vez que era seu dever zelar pela integridade do preso. 
Apenas para ilustrar, vejamos, sinteticamente, o entendimento revelado pelo STF 
ao apreciar o Recurso Extraordinário 272.839: "Morte de detento por colegas de 
carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob a custódia 
do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do Risco Administrativo. 
Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de 
guarda (art. 5º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda 
que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos." (Os grifos são 
nossos). 
Assim, fica a lição: NO QUE DIGA RESPEITO ÀS PESSOAS SOB CUSTÓDIA DO 
ESTADO (presidiários e pessoas internadas em hospitais, por exemplo) A 
RESPONSABILIDADE CIVIL DESTE É DO TIPO OBJETIVO, CONFORME INDICAM 
POSIÇÕES JURISPRUDENCIAIS. 
 
20 - (2007/CESPE/TJ-TO/JUIZ) Segundo entendimento do STF, ao 
desempenho inconstitucional da função de legislador é aplicável a 
responsabilidade civil do Estado. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Responsabilidade Civil – Por ato legislativo 
Comentários 
Esta questão é um do motivos pelos quais preferimos responsabilidade civil do 
ESTADO em vez de responsabilidade civil da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. É que há 
casos em que o desempenho de outras atividades estatais (legislativas e 
jurisdicionais, por exemplo) podem levar o Estado a arcar com prejuízos 
causados à sociedade de modo geral. Vejamos os motivos. 
A tese doutrinária dominante é que o Estado é chamado a responder (na órbita 
civil) pelos prejuízos causados a terceiros em razão de ATOS ADMINISTRATIVOS. 
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Todavia, no que diz respeito aos atos legislativos típicos do Estado (leis, de modo 
geral), a doutrina e a jurisprudência brasileiras têm admitido a responsabilização 
do Estado em duas hipóteses: 
- Leis de efeitos concretos; e, 
- Leis inconstitucionais 
Destacamos, de plano, que, regra geral, os atos legislativos não levam à 
responsabilização do Estado. O Poder Legislativo, ao atuar em sua função 
precípua de produzir o direito (função legislativa - legiferante), é soberano, tendo 
por limites apenas as restrições impostas pela Constituição. Mas passemos a ver 
as hipóteses que podem levar à responsabilização civil do Estado por atos 
legislativos. 
Leis de efeito concreto são aquelas que não possuem caráter normativo, não 
detém generalidade, impessoalidade e abstração. São leis ditas formais, 
provindas do Legislativo, mas que possuem destinatários certos, determinados. 
No caso de lei que lhe atinja, fica assegurado ao administrado, então, o direito à 
reparação do prejuízo, configurando-se a responsabilidade da pessoa jurídica 
federativa da qual haja emanado a norma. 
A razão para que tais Leis determinem ao dever do Estado arcar com os prejuízos 
causados ao particular é que tais instrumentos (leis de efeitos concretos) são 
apenas FORMALMENTE Leis, mas, MATERIALMENTE, aproximam-se, bastante, de 
atos administrativos, proporcionando, portanto, os mesmos efeitos de atos desta 
natureza (administrativos). 
Com relação às Leis inconstitucionais, destacamos que, em um Estado de Direito, 
a premissa é de que as leis sejam editadas em conformidade com a constituição 
(presunção de constitucionalidade das leis, paralela à presunção de legitimidade 
dos atos administrativos, que estudamos na aula 3). O poder de criar o direito 
por parte do Estado, então, deve respeitar tal premissa exposta, cujo desrespeito 
poderá levar à responsabilização do Estado, a qual dependerá da declaração de 
inconstitucionalidade da norma por parte do STF, tanto no controle concentrado, 
como no difuso (não adentraremos esse assunto – controle de 
constitucionalidade - aqui, visto que é do Direito Constitucional. Se for o caso 
revisem em um bom livro, como o do Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, recém 
lançado – Direito Constitucional Descomplicado). 
Pois bem. A questão estaria resolvida,pois é aplicável, sim, a responsabilidade 
civil do Estado mesmo para atos legislativos. Esse é o entendimento do STF, 
inclusive. Mas aproveitemos para falar da responsabilidade civil do Estado por 
outro ato típico do exercício de função: o jurisdicional. 
A princípio, deixe-se claro que os atos que ora se tratam são os jurisdicionais 
típicos, praticados pelos magistrados no exercício de sua função, tais como 
despachos, sentenças e decisões interlocutórias. Os atos administrativos 
praticados no âmbito da atividade judiciária sujeitam-se às regras de 
responsabilização normais do Estado (do tipo objetivo, com base no risco 
administrativo). 
Os atos jurisdicionais típicos sujeitam-se a regra assemelhada à aplicada aos atos 
legislativos: inexistência de responsabilidade por parte do Estado, via de regra. 
Esse é o entendimento do STF, que, por exemplo, No RE 111.609, afirmou que 
não incide a responsabilidade civil do Estado em relação a atos do Poder 
Judiciário, salvo nos casos expressos em lei. Podem ser distinguidas, 
contudo, duas situações específicas que podem levar a responsabilização do 
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Estado por conta dos atos jurisdicionais: aqueles praticados pelo magistrado com 
intenção de causar prejuízo à parte ou a terceiro (conduta dolosa) e os 
praticados com erro (conduta culposa). 
O Juiz poderá praticar atos jurisdicionais com o intuito deliberado de causar 
prejuízo à parte. Por força do que dispõe o art. 133 do Código de Processo Civil – 
CPC (que não cai mais no TCU, como já dissemos), o magistrado responderá 
por perdas e danos quando, no exercício de suas atribuições, proceder 
dolosamente, inclusive com fraude, assim como quando recusar, omitir ou 
retardar, sem motivo justo, providência que deva ordenar de ofício, ou a 
requerimento da parte. Nessas situações, a responsabilidade é individual do juiz, 
a quem caberá o dever de indenizar os prejuízos causados. 
Com relação ao erro, a atual Carta Magna estabelece que o Estado indenizará o 
condenado por erros judiciários, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença. (CF, art. 5º, LXXV). Tal regra, observe-se, abrange a área 
criminal (penal), mas não a esfera cível, autorizando apenas a denominada 
revisão criminal. Nestes casos, o Estado poderá ser condenado a indenizar na 
esfera cível a vítima do erro ocorrido na esfera penal. Resguarda-se, como não 
poderia deixar de ser, o direito do Estado acionar em regressiva o juiz causador 
do dano, o qual, demonstrada sua culpa, deverá ressarcir o Poder Público pelos 
prejuízos arcados. Logo mais, nas questões abaixo, falaremos da ação 
regressiva, com maior detalhe. 
De qualquer forma, destaque-se que a regra geral continua a ser a da 
inexistência de responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais, a qual, 
contudo, ocorre quando das condenações indevidas. Tal orientação está contida 
em diversos julgados do STF. 
Merece destaque, ainda, o RE 429.518/SC, de 2004, que trata de uma questão 
que tem se tornado muito comum, partir da intensa atuação da Polícia Federal. 
Vejamos a ementa do julgado: 
I. – A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, 
a não ser nos casos expressamente declarados em lei. Precedentes do S.T.F. 
II. – Decreto judicial de prisão preventiva não se confunde com o erro 
judiciário — C.F., art. 5º, LXXV — mesmo que o réu, ao final da ação penal, 
venha a ser absolvido. 
Assim, ainda que o acusado seja posteriormente absolvido, não há erro judiciário 
na prisão preventiva, desde que esta seja adequadamente fundamentada, 
obedecendo aos pressupostos que a autorizam. Interpretação diversa, de acordo 
com o STF, implicaria total quebra do princípio do livre convencimento do juiz, 
afetando de modo irremediável sua segurança para apreciar e valorar provas. 
 
21 - (2005/CESPE/Est. De Alagoas) O dano causado a particular pela 
administração pública pode ser reparado administrativamente desde que as 
partes componham deliberadamente quanto ao valor a ser indenizado. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Responsabilidade Civil – Por ato legislativo 
Comentários 
A reparação do dano causado ao particular pode ocorrer de dois modos: 
administrativa (amigável) e judicial. Assim, correta a questão, quando afirma que 
é possível a reparação administrativa do dano. Claro que, para isso, haverá de 
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ocorrer acordo entre a Administração Pública e o prejudicado quanto ao valor 
indenizatório. 
Por regra geral, a ação indenizatória, quando intentada, deverá ser proposta por 
meio de ação judicial comum, cujo foro dependerá da pessoa jurídica acionada: 
se for a União, empresa pública ou entidade autárquica federal, a competência é 
da justiça federal; caso seja ente ou entidade do Estado de outra natureza, a 
competência será da justiça comum. Deve o potencial prejudicado, então, 
direcionar a ação ao ente causador do prejuízo, o qual, posteriormente, 
demandará em ação regressiva o agente causador do dano. Lembramos que, 
conforme entendimentos jurisprudenciais. Mais uma vez, destaque-se, que é 
resguardado ao Estado demandar o agente causador do dano em ação 
regressiva. 
Na ação movida pelo particular devem estar presentes, para que faça jus à 
indenização, o prejuízo incorrido (dano), a ação estatal e a correlação entre estes 
dois (nexo causal), uma vez que a responsabilidade do Estado é do tipo objetivo, 
como já apontado anteriormente. Permite-se, como também já dito, a pesquisa 
em torno da culpa da vítima. Assim, o Poder Público ficará desobrigado a 
indenizar a vítima, caso esta tenha concorrido, integralmente, para o evento 
danoso, podendo, então ser verificados 3 resultados possíveis: 
I) Se o Estado não conseguir comprovar a culpa ou dolo da vítima, 
responderá integralmente pelo dano, devendo indenizar o particular; 
II) Caso comprove culpa integral do prejudicado, o Estado se exime da 
obrigação de reparar o dano; e, 
III) Na ocorrência de culpa recíproca (particular e Estado contribuíram 
para o resultado danoso), a obrigação de o Estado indenizar será 
reduzida proporcionalmente à culpa do particular. 
Registre-se que o valor indenizatório deve abranger o que a vítima efetivamente 
dispendeu (danos emergentes), bem como o que houvera deixado de ganhar 
(lucros cessantes) em decorrência do ato lesivo resultante da atuação estatal. 
 
22 - (2004/CESPAnalista-TCU/2004) A ação regressiva da administração 
pública contra o agente público causador direto de dano a particular, indenizado 
pela administração por força de condenação judicial, extingue-se, não se 
transmitindo aos herdeiros, no caso de falecimento desse agente. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Responsabilidade Civil – ação regressiva 
Comentários: 
Vejam como o assunto (responsabilidade civil) é exigido em provas para o TCU. 
Gosto sempre de destacar que as provas para o Tribunal, ISOLADAMENTE, não 
são difíceis. O problema é o todo. É bastante conteúdo. Tem que saber dosar o 
tempo. Mas vamos à questão. 
A ação regressiva (ou o direito de regresso) por parte do Estado contra o seu 
agente que, atuando nessa qualidade, tenha causado prejuízos a terceiros 
encontra fundamento no multi-citado § 6º do art. 37 da CF. Aqui, cabe explicitar 
importante diferença no que se referente à responsabilidade do agente perante o 
Estado, quando comparada à responsabilidade deste junto ao particular, no caso 
de prejuízo. 
O agente, pelo prejuízo causado, responderá de forma subjetiva perante o Estado 
e este, como já dito, responde de forma objetiva quanto ao dano causado. 
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Alguns autores têm apontado a necessidade de o Estado haver indenizado a 
vítima pelo prejuízo causado para que, então, possa se voltar contra o agente, 
em regressiva, posto que o direito de regresso nasceria a partir do pagamento 
por parte do Poder Público, que, aliás, é o entendimento que devemos levar para 
a prova: O ESTADO SÓ PODE EXERCER SEU DIREITO DE REGRESSO CONTRA O 
AGENTE CAUSADOR DO DANO CASO JÁ HAJA, EFETIVAMENTE, PROMOVIDO A 
INDENIZAÇÃO AO PREJUDICADO. 
De toda maneira, para que possa responsabilizar o agente, cobrando deste o 
valor da indenização que teve de arcar, o Estado terá o dever de provar que o 
agente atuou com dolo ou culpa com relação ao evento danoso, sendo esta ação 
regressiva, obviamente, de natureza civil. Daí, podem ser extraídas, pelo menos, 
duas conclusões: 
a) Pela sua natureza, a regressiva transmite-se aos herdeiros/sucessores 
do agente causador do dano, os quais poderão ter de promover a 
reparação mesmo após a morte do agente. O limite dado é o valor do 
patrimônio transferido a estes herdeiros/sucessores; e, 
b) Ainda em decorrência da natureza civil da ação, esta poderá ser 
intentada após o término do vínculo entre o servidor e a Administração. 
 
Por fim, é de se destacar que são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao 
erário movidas pelo Estado contra agentes, servidores ou não, que tenham 
incidido em práticas causadoras de prejuízos à fazenda pública. Os ilícitos 
prescreverão, mas não a ação de ressarcimento, por força do § 5º, art. 37 da CF. 
 
Julgue os itens seguintes em relação à responsabilidade civil da administração e 
aos serviços públicos. 
23 - (2005/CESPE/DPU/DEFENSOR) A reparação do dano fundado na 
responsabilidade civil do Estado pode derivar tanto de processo judicial quanto de 
procedimento administrativo; o direito regressivo da administração pública, por 
outro lado, pressupõe, necessariamente, que aquela haja de fato indenizado o 
particular. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Responsabilidade Civil – ação regressiva 
Comentários: 
Essa questão, para fechar, junta as duas anteriores: 
I) a reparação, que pode ser judicial ou administrativa. No último caso, 
necessita de acordo entre o Estado e prejudicado; 
II) a ação regressiva (o direito ao regresso) só pode ser exercido se o Estado 
houver, preliminarmente, o prejudicado. 
 
 
Pois bem, é o fim de mais uma aula. O de praxe: tema de “reflexão”, para 
pensarmos a redação. Mais uma vez, o estilo que, cremos, deverá ser o da 
prova: uma indagação, com justificativa da resposta, em vinte linhas. A de hoje, 
corresponde a uma prova de Juiz, mas não assustem. Bem tranqüila. Seguirá 
abaixo. 
Amigos, para quem não reparou, na semana que vem teremos nossa ÚLTIMA 
AULA TEÓRICA (buáááá! Estamos adorando este prazeroso curso!). Mais, uma 
notícia: como temos uma semana para o concurso após a última aula, abriremos 
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um “super fórum”, relativo a todas outras aulas. Pedimos somente a gentileza de 
encaminharem todos os questionamentos referentes a aulas anteriores no fórum 
da aula da semana que vem, para não termos de vasculhar todos os fóruns em 
busca das perguntas. Solicitamos, ainda, que ao encaminharem questionamentos 
de outras provas indiquem a prova, ano e gabarito da questão, para otimizarmos 
o trabalho. Pedimos, ainda, que se atenham a questões do CESPE, em razão do 
conteúdo do edital. 
Ufa, depois de tantos pedidos, uma informação: não sei se é do conhecimento 
dos senhores, mas foi editada recentemente a Lei Complementar 123, que cuida 
de vários aspectos atinentes às Micro-empresas e Empresas de Pequeno Porte. 
Há alguns regramentos que dizem respeito ao tema e que envolvem licitações. 
Por serem muito novos, ainda não foram abordados em prova. Todavia, tem boas 
chances de serem exigidos no TCU, pela novidade do assunto. Assim. Para evitar 
surpresas desagradáveis no dia da prova, vamos complementar esse curso de 
exercícios com um pequeno texto teórico para cuidar da matéria, ok? 
Informamos, ainda, que após atualizarmos todas as perguntas do fórum desta 
semana, as respostas às próximas indagações serão feitas com a maior 
brevidade possível (tentaremos responder todas as feitas em um dia até o dia 
seguinte). 
Bons estudos e abraço a todos, 
 
Sandro e Cyonil 
 
SUGESTÃO DE DISSERTAÇÃO 
(Prova para Magistratura do Rio de Janeiro, 2002) – Em serviço público, 
terceiro vem a sofrer lesão decorrente de execução da prestação do serviço. 
Pergunta-se, em face do art. 175 da CF/88 e da legislação de regência, quem 
responde civilmente pela reparação dos danos, a concessionária ou concedente? 
** ATENÇÃO (Nota dos autores do curso): teçam considerações sobre o 
assunto, ok? Lembrem-se que, na prova, redigirão em até vinte linhas. 
 
QUESTÕES EM SEQÜÊNCIA 
 
1 - A doutrina da culpa administrativa representa um estágio de transição entre 
a doutrina da responsabilidade civilística e a tese objetiva do risco administrativo. 
 
2 - (2007/CESPE/Pref. De Vitória/Procurador) A teoria do risco integral 
jamais foi acolhida em quaisquer das constituições republicanas brasileiras. 
 
3 - (Defensor/AL/2005) A teoria do risco administrativo não exige 
comprovação da falta de serviço, mas só o fato do serviço, isto é, requisita-se a 
prova da responsabilidade sem concurso do lesado. 
 
4 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Prevalece o entendimento de que, nos 
casos de omissão, a responsabilidade extracontratual do Estado é subjetiva, 
sendo necessário, por isso, perquirir acerca da culpa e do dolo. 
 
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5 - (2004/CESPE/STJ/Analista Judiciário) A simples ausência do serviço 
público, quando simplesmente relacionada com o dano ocasionado a outrem, 
caracteriza a existência do dano por omissão do Estado. 
 
6 - (2004/CESPE/PF/Delegado-Regional) A responsabilidade civil do Estado 
por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal pelo não-
cumprimento de dever legal, uma vez que a Constituição brasileira adota para a 
matéria a teoria da responsabilidade civil objetiva. 
 
7 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) A vítima de dano causado por ato 
comissivo deve ingressar com ação de indenização por responsabilidade objetiva 
contra o servidor público que praticou o ato. 
 
8 - (2007/CESPE/TJ-TO/JUIZ) A ação de responsabilidade civil objetiva por 
ato cometido por servidor público pode ser legitimamente proposta contra o 
Estado ou contra este e o respectivo servidor, em litisconsórcio passivo. 
 
9 - (2004/CESPE/AGU) Na teoria do risco administrativo, há hipóteses em 
que, mesmo com a responsabilização objetiva, o Estado não será passível de 
responsabilização. 
 
10 - (2004/CESPE/PGAM) A ocorrência de certas catástrofes naturais, como 
uma inundação, deve necessariamente ensejar a responsabilização 
extracontratual do Estado, considerando que este tem a competência de fornecer 
serviços públicos de qualidade, que protejam os cidadãos de eventos desse 
gênero. 
 
11 - (2007/CESPE/CPC Renato Chaves-PA/Téc. Em Info) São cláusulas 
excludentes da responsabilidade civil objetiva do Estado a culpa exclusiva da 
vítima ou de terceiro, caso fortuito ou de força maior. 
 
12 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Não há responsabilidade civil do Estado 
por dano causado pelo rompimento de uma adutora ou de um cabo elétrico, 
mantidos pelo Estado em péssimas condições, já que essa situação se insere no 
conceito de caso fortuito. 
 
13 - (2007/OAB/EXAME DE ORDEM) Proposta a ação de indenização por 
danos materiais e morais contra o Estado, sob o fundamento de sua 
responsabilidade objetiva, é imperioso que este, conforme entendimento 
prevalecente,

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