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Aula 05 Política e Sociedade Brasileira II

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Aula 05
Atualidades p/ PM-BA (Soldado) - Com videoaulas
Professor: Leandro Signori
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AULA 05 ± Política e Sociedade Brasileira ± II 
 
 Sumário Página 
1. A nova dinâmica demográfica brasileira 2 
1.1 Tendências recentes da fecundidade 2 
1.2 Tendências recentes da mortalidade e expectativa de 
vida 
2 
1.3 A transição demográfica 3 
1.4 Mudanças nos perfis da estrutura etária e impactos 
sobre as políticas públicas 
3 
2. Migrações 5 
3. IDH 6 
4. Saúde 8 
5. Violência e segurança pública 15 
5.1 Mudança de perfil 18 
5.2 Causas da violência 20 
5.3 Violência policial 21 
5.4 Rebeliões e massacres em presídios 23 
5.5 Situação do sistema prisional brasileiro 24 
5.6 Plano Nacional de Segurança 28 
5.7 Violência contra a mulher 29 
5.8 Drogas 31 
5.9 Redução da maioridade penal 33 
6. Trabalho escravo 35 
7. O racismo nas redes sociais 36 
8. A educação brasileira 37 
8.1 Avaliação da educação brasileira 38 
8.2 Desafios da educação brasileira 39 
8.3 A reforma do ensino médio 42 
8.4 A polêmica do Escola sem Partido 43 
9. Temas diversos 44 
10. Questões Comentadas 50 
11. Lista de Questões 90 
12. Gabarito 111 
 
 
 
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 1. A nova dinâmica demográfica brasileira 
O Brasil tem a quinta maior população do mundo, mas seu ritmo de 
crescimento vem se desacelerando fortemente nas últimas quatro 
décadas. Com data de referência em 1º de agosto de 2010, o censo contou 
uma população de 190.755.799 pessoas. Em relação ao último censo, de 2000, 
a população brasileira cresceu 12,3%, o que corresponde a uma expansão de 
1,17% ao ano, a menor taxa já observada pelas contagens do IBGE. 
 
1.1 Tendências recentes da fecundidade 
A principal razão para a desaceleração do crescimento da população é o 
declínio da taxa de fecundidade (ou fertilidade/natalidade), ou seja, o 
número médio de filhos tidos por mulher em idade fértil. A demografia considera 
que a taxa de fertilidade necessária para apenas manter estabilizada uma 
população é de 2,1 filhos. Isso porque cada par de adultos estaria gerando seus 
dois sucessores, e a parcela residual está ligada a fatores como a mortalidade 
infantil, adultos que não têm filhos, entre outros motivos. 
A taxa de fecundidade total para o Brasil passou de 2,14 filhos por mulher, 
em 2004, para 1,74 filho por mulher em 2014. Para se ter uma ideia da 
amplitude do declínio da taxa, na década de 1960, a média de fertilidade era de 
6,3 filhos por brasileira. 
O padrão de fecundidade também se modificou entre os censos de 
2000 e 2010. Os levantamentos anteriores registravam maior concentração da 
fecundidade entre as mulheres mais jovens, o que motivou uma preocupação 
geral com a questão da gravidez na adolescência. Os números do último censo 
revelam que, em média, as mulheres estão tendo filhos mais velhas em 
relação a uma década atrás. 
O fato de a taxa de fecundidade atual ser inferior à necessária para a 
reposição da população não implica na estagnação do crescimento, porque 
existe larga faixa da população em plena idade reprodutiva. 
 
1.2 Tendências recentes da mortalidade e expectativa de vida 
A evolução da taxa de mortalidade está relacionada com o perfil etário da 
população, fatores biológicos, melhorias médico-sanitárias, desenvolvimento 
socioeconômico, entre outros fatores. A expectativa ou esperança de vida ao 
nascer é determinada pelos fatores mencionados acima, e expressa o número 
médio de anos de vida que se espera que um recém-nascido viva, ao manter o 
padrão de mortalidade observado no período. 
A expectativa de vida do brasileiro vem crescendo nos últimos 
anos, o que reflete a melhoria geral das condições de vida e saúde no 
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país. Em 2004, a expectativa de vida ao nascer para o brasileiro era de 71,6 
anos de vida, passando a 75,1 anos em 2014. 
Muitos fatores contribuem para o aumento da longevidade dos brasileiros, 
como maior acesso à água potável e à rede de esgoto, ampliação da renda e da 
alimentação (melhor nutrição), maior acesso a serviços de saúde, campanhas 
de vacinação e de prevenção de doenças, além dos avanços da medicina e do 
aumento da escolaridade e do acesso à informação. 
 
1.3 A transição demográfica 
Caso seja mantida a atual configuração demográfica do país, com a 
redução gradual da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida, a 
população brasileira continuará crescendo lentamente até 2042 ± 228 milhões 
de habitantes - quando entrará em declínio gradual e estará em torno de 218 
milhões em 2060. Esta previsão consta do estudo Projeção da População do 
Brasil por Sexo e Idade para o Período 2000/2060, IBGE (2013). 
 
 
 
A teoria da transição demográfica explica a redução nas taxas de 
crescimento populacional, fenômeno que não ocorre só no Brasil, mas no mundo 
inteiro. Transição demográfica é o processo pelo qual as sociedades passam do 
estágio de altas taxas de natalidade para o de baixas taxas de natalidade e de 
mortalidade. 
 
1.4 Mudanças nos perfis da estrutura etária e impactos sobre as 
políticas públicas 
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Se compararmos a distribuição da população por faixa de idade nas últimas 
décadas, é possível constatar um progressivo envelhecimento da população 
do país. Como mostra o gráfico a seguir, a pirâmide etária brasileira vem 
apresentando uma base menor a cada década, ou seja, menor proporção de 
crianças, e um topo cada vez mais ampliado, representando a maior participação 
de idosos na população. 
A representatividade de todos os grupos etários com idade até 25 anos 
caiu na última década, enquanto os demais grupos etários tiveram sua presença 
aumentada. A participação relativa da população com 65 anos ou mais subiu de 
4,8% em 1991 para 5,9% em 2000 e, finalmente, para 7,4% em 2010. O 
principal motivo para isso é o aumento da longevidade do brasileiro (expectativa 
de vida). 
 
 
Fonte: IBGE 
Base menor ± Note como a base da pirâmide, na qual se mostram as porcentagens de jovens, 
está se estreitando, enquanto a metade superior da figura se alarga aos poucos: há mais idosos 
entre os brasileiros. 
 
A queda da taxa de fertilidade, juntamente com o aumento da expectativa 
de vida, aponta para importantes modificações na estrutura etária da população 
brasileira, com implicações econômicas e também nos gastos públicos com 
educação, saúde e previdência social. Nas próximas décadas, o Brasil enfrentará 
os dilemas de diversos países desenvolvidos, nos quais uma proporção 
declinante de adultos em idade produtiva financia, com suas contribuições, 
sistemas previdenciários públicos que devem atender a uma proporção 
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crescente de aposentados. Por outro lado, a expansão da proporção de idosos ± 
e do seu número absoluto ± oferece novas possibilidades para as empresas, emsetores como serviços de saúde, lazer e turismo. 
O envelhecimento populacional e o encolhimento da força de trabalho ± 
com consequente pressão sobre serviços de saúde e previdência ± são questões 
que já preocupam países da Europa. A razão de dependência mede a 
porcentagem das pessoas consideradas dependentes (crianças entre 0 e 14 anos 
e pessoas com mais de 64 anos) sobre a parcela potencialmente produtiva 
(população entre 15 e 64 anos). Quanto mais alta, maior é o peso do número 
de crianças, jovens e idosos em relação à população economicamente ativa. 
Uma grande parte dos países em desenvolvimento ainda pode desfrutar 
do bônus demográfico, caracterizado pela maior proporção de pessoas em 
idade ativa em relação à parcela considerada dependente, na medida em que 
ainda vê crescer a parcela de sua população integrante da força de trabalho. O 
Brasil está nesse período, do bônus demográfico, que deve durar até 2050. A 
partir daí, a razão de dependência entre pessoas economicamente ativas e de 
crianças e idosos voltará a crescer gradativamente. 
 
2. Migrações 
É cada vez maior o número de estrangeiros que residem em território 
nacional. Contribuem para isso as últimas ações da diplomacia brasileira, de 
acolher migrantes vítimas de catástrofes naturais ou que fogem de guerras. O 
Brasil, apontado como uma economia emergente, atrai um número cada vez 
maior de migrantes internacionais. É a lógica do país de futuro, em que o 
migrante encontra uma chance de começar vida nova e promissora. O maior 
número é de migrantes vindos do Haiti, seguido da Bolívia. Além dos latino-
americanos, desses e de outros países, aumentou também o número de asiáticos 
e africanos, principalmente de países como Síria, Senegal, Nigéria e Gana. Os 
sírios chegam ao Brasil com o status de refugiados, fugindo da guerra civil do 
seu país. 
Internamente, os brasileiros têm migrado menos. Hoje, menos gente se 
transfere de uma região a outra. São razões para isso a lenta redistribuição das 
indústrias para outras regiões, o avanço da urbanização e o surgimento de novos 
polos de desenvolvimento, em cidades médias de todas as regiões, que 
diminuem o poder de atração das grandes regiões metropolitanas como São 
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 
 
 
 
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 3. IDH 
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) surgiu em 1990, no 
Primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD/ONU. O índice varia 
em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH. No 
ranking os países são divididos em quatro categorias: nações com índice de 
desenvolvimento "muito alto", "alto", "médio" e "baixo". 
O IDH leva em conta três indicadores principais: 
Educação - Duas taxas são usadas para medir a qualidade da educação 
de um país. O primeiro é a média de anos de educação de adultos (pessoas 
com mais de 25 anos de idade). O segundo é a expectativa de anos de estudo 
para crianças. 
Longevidade - A expectativa de vida ao nascer é utilizada para medir 
a longevidade da população de um país. Esse número leva em conta todas as 
mortes precoces que ocorrem no país para chegar a uma expectativa de quantos 
anos viverá um recém-nascido. Ou seja, tem relação com fatores como as 
condições de saúde, a taxa de mortalidade infantil e a violência nacionais. 
Renda - O terceiro componente do IDH é determinado pela renda per 
capita nacional. Para chegar à renda per capita, você deve dividir todo a renda 
nacional pelo número de habitantes de um país. Para evitar distorções na 
análise, a renda per capita é medida em dólar, considerando ainda a paridade 
do poder de compra (um método que revela quanto a moeda local é capaz de 
comprar no âmbito internacional, desconsiderando o custo de vida local). 
O último relatório do IDH dos países é de 2017, com informações do ano 
de 2015. Nessa lista, o Brasil está em 79º lugar, com índice de 0,754, 
mantendo a classificação de alto IDH. Em comparação com o IDH de 2014, o 
Brasil não evoluiu, manteve o mesmo índice. Conforme o relatório da Pnud, esta 
foi a primeira vez desde 2010 que o IDH do Brasil se manteve no mesmo 
patamar. 
De acordo com o último relatório do desenvolvimento humano, os dez 
países de maior desenvolvimento humano são: Noruega (0,949), Austrália 
(0,939), Suíça, (0,939), Alemanha (0,926), Dinamarca (0,925), Cingapura 
(0,925), Holanda (0,924), Irlanda (0,923), Islândia (0,921) e Canadá (0,920 ± 
mesmo resultado dos Estados Unidos). 
Já entre os países de menor desenvolvimento humano estão a República 
Centro-Africana (0,352), Níger (0,353), Chad (0,396), Burkina Faso (0,402) e 
Burundi (0,404). 
De um modo geral, Europa e América do Norte predominam entre os 
países de desenvolvimento muito alto; países latino-americanos e do leste 
europeu aparecem na categoria de desenvolvimento alto; países do norte 
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africano e do sudeste asiático predominam entre os de desenvolvimento médio; 
e boa parte dos países africanos figura entre os países de desenvolvimento 
baixo. 
 
 
Ao elaborar o Relatório de Desenvolvimento Humano, o Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento também divulga o "IDH ajustado à 
desigualdade (IDHAD)". Nem todos os países têm esse índice medido pela ONU. 
A partir disso, o resultado dos países é corrigido para baixo. O 
IDHAD sempre fica menor do que o IDH original porque a desigualdade social 
ainda é uma realidade em todos os países (mesmo que mais intensa em alguns 
países). 
No caso do Brasil, o Pnud afirma que, se for levado em conta o "IDH 
ajustado à desigualdade", o índice de desenvolvimento humano do país cairia de 
0,754 para 0,561 e o Brasil cairia 19 posições no ranking mundial. 
Entre os 20 primeiros países do ranking, classificados entre as nações com 
desenvolvimento humano "muito alto", somente Países Baixos, Islândia, Suécia 
e Luxemburgo ganhariam posições, se levada em conta a desigualdade social. 
Estados Unidos, Dinamarca e Israel, por exemplo, cairiam. 
 
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4. Saúde 
 
Dengue, Chikungunya, Zica Vírus, Microcefalia e Guillain-Barré 
 A dengue é uma velha conhecida dos brasileiros. Em 2015, o Brasil bateu 
o recorde histórico no número de notificações da doença. Foram 1,6 milhões de 
casos. 
A Região Sudeste foi a campeã no número de casos de dengue notificados: 
64% do total do país. Um dos Estados mais afetados pela epidemia, São Paulo, 
concentrou cerca de metade dos registros do país. Além do maior número de 
casos, o Brasil também teve recorde no número de mortes em decorrência da 
doença em 2015. 
O alto índice de contaminação desafia os serviços públicos de saúde, 
principalmente em regiões de estrutura mais precária. 
A dengue é uma infecção viral, transmitida pela picada do mosquito Aedes 
aegypti, e mais raramente pelo Aedes albopictus. O mosquito macho não pica 
seres humanos. A fêmea de ambas as espécies torna-se o vetor do vírus ao picar 
uma pessoa contaminada e passa o vírus ao picar outras pessoas. Os sintomas 
clássicos da doença são erupções na pele, dores musculares e de cabeça, 
comprometimento das vias respiratórias superiores, febre e inchaço dos gânglios 
linfáticos. Mas pode se manifestar também como febre hemorrágica, com 
sangramentos gastrointestinais,na pele, nas gengivas e pelo nariz. Se não for 
tratada adequadamente, a doença leva à morte em 20% dos casos. 
O mosquito Aedes aegypti é originário da Ásia e da África e acredita-se 
que chegou ao Brasil nas caravelas dos colonizadores. Os primeiros relatos sobre 
a doença no Brasil aparecem no século XIX, mas acreditou-se que ela estava 
erradicada em nosso território nos anos de 1940. 
Já há uma vacina contra a dengue, a dengvaxia. Primeira vacina contra 
a dengue disponível no Brasil, produzida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, 
é uma imunização recombinante tetravalente, para os quatro sorotipos 
existentes da doença. 
Ela poderá ser aplicada em pacientes de 9 anos a 45 anos, que deverão 
tomar três doses subcutâneas com intervalo de seis meses entre elas. Fora desta 
faixa etária, os estudos demonstram que sua eficácia é baixa e, portanto, não 
está indicada. Está contraindicada em gestantes e em pessoas com a imunidade 
comprometida. 
A vacina não tem 100% de eficácia. Os testes apontaram uma redução de 
81% das internações e 93% dos casos graves. Em média, 66% dos pacientes 
com os quatro sorotipos ficaram imunizados - 2 em cada 3 pessoas, segundo a 
Sanofi. 
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O Instituto Butantan, de São Paulo, também está desenvolvendo uma 
vacina. Atualmente está na fase de testes clínicos, última etapa antes que a 
vacina possa ser submetida à avaliação da Anvisa, agência do Governo Federal, 
para registro. 
Outra frente de combate ao mosquito, se dá por meio da sua modificação 
genética TXH�LPSHGH�R�GHVHQYROYLPHQWR�GDV�ODUYDV��'HQRPLQDGR�GH�³PRVTXLWR�
GR�EHP´�RX�³$HGHV�GR�EHP´��R�H[SHULPHQWR�HVWi�VHQGR�WHVWDGR�HP�3LUDFLFDED 
(SP). 
Antes de chegar à fase adulta, o inseto morre e, quando liberado, o macho 
de DNA alterado busca a fêmea para fecundação, mas as larvas não se 
desenvolvem, diminuindo a população de mosquitos, incluindo as fêmeas, que 
são as responsáveis pela transmissão de doenças por meio das picadas em seres 
humanos. 
O Aedes aegypti tem sido pródigo em trazer infecções para o 
brasileiro. Em 2014, o mosquito começou a espalhar outra doença, já em ritmo 
de epidemia ± a febre chikungunya. Essa febre é também uma doença 
infecciosa, com sintomas semelhantes aos da dengue, associados a fortes dores 
nas articulações. Daí vem o nome: a palavra chikungunya tem origem numa 
língua falada no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique, na África, e 
VLJQLILFD� ³DTXHOH� TXH� VH GREUD´� GH� GRU�� 2� YtUXV� GR� FKLNXQJXQ\D� �&+,.9�� IRL�
isolado pela primeira vez nos anos 1950, na Tanzânia. A doença também é 
transmitida pelo Aedes albopictus. 
Hoje se conhecem quatro cepas, cada uma delas batizada conforme sua 
região de origem ou maior ocorrência: Sudeste Africano, Oeste Africano, Centro-
Africano e Asiática, essa última é a que circula pelo Brasil. 
O Nordeste é a região do Brasil que mais sofre com o vírus, segundo o 
Ministério da Saúde. O Rio Grande do Norte é o Estado que tem maior incidência 
de chikungunya do país. Pernambuco é o Estado líder em mortes pela doença 
no Nordeste. 
Não há vacina para a chikungunya. 
O mosquito Aedes é também responsável pela febre do Zika vírus. 
A febre do Zika ainda é pouco conhecida e seus sintomas também lembram os 
da dengue. O vírus foi detectado pela primeira vez em 1947, em macacos na 
Floresta Zika, em Uganda, África. 
Atualmente não há vacina ou medicamento para o zika. 
Por fim, o zika vírus está ligado à microcefalia, uma condição rara em 
que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Na maior 
parte dos casos, a microcefalia é causada por infecções adquiridas pela mãe, 
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especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do 
bebê está sendo formado. 
Em 90% dos casos a microcefalia vem associada a um atraso no 
desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor. O tipo e o nível de gravidade 
da sequela variam caso a caso, e em alguns casos a inteligência da criança não 
é afetada. Déficit cognitivo, visual ou auditivo e epilepsia são alguns problemas 
que podem aparecer nas crianças com microcefalia. 
Cientistas e organismos de saúde têm afirmado que já é possível 
comprovar a relação da microcefalia com o zika vírus. Ou seja, mulheres que 
foram picadas pelo mosquito, contraíram o zika vírus e pouco tempo depois 
engravidaram, deram à luz a bebês que nasceram com microcefalia. 
Por fim, cientistas e organismos de saúde tem afirmado que o zika vírus 
pode ser transmitido por relações sexuais. Para alguns já há comprovação 
científica; várias pesquisas estão em andamento neste sentido. 
Outra doença que causa preocupação no Brasil é a síndrome de Guillain-
Barré��(VSHFLDOLVWDV�YHHP�XPD�³IRUWH�HYLGrQFLD´�GH�TXH�R�DXPHQWR�GH�FDVRV�GD�
síndrome de Guillain-Barré em algumas regiões tem relação com a chegada do 
zika vírus ao Brasil. A síndrome afeta o sistema nervoso e pode provocar 
fraqueza muscular e paralisia dos membros. Até o momento, porém, o 
Ministério da Saúde não confirma a correlação. 
 A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou emergência de 
saúde pública internacional pela microcefalia e outras anormalidades 
neurológicas relacionadas ao zika vírus. 
Na América, 26 países já reportaram casos de zika vírus. A OMS acredita 
que com exceção do Chile e do Canadá, o vírus zika se espalhará por todo o 
continente americano. Os Estados Unidos emitiram alerta para que gestantes 
não viajassem a países onde circula o zika vírus e alguns governos nacionais 
aconselharam mulheres a não engravidar. 
 Diante da ampliação da epidemia de dengue e da gravíssima situação das 
demais enfermidades causadas pelo aedes aegypti, o Governo Federal publicou 
Medida Provisória (MP), autorizando os agentes de saúde a forçarem a entrada 
em imóveis públicos ou particulares para destruir focos do mosquito, mesmo 
quando o dono não for localizado ou o local estiver abandonado. A MP também 
prevê que os agentes de saúde poderão pedir ajuda à polícia, quando for 
necessário, para entrar em algum local com suspeita de ter criadouros do Aedes. 
 
A globalização das doenças 
Os fluxos migratórios e o aumento das locomoções intercontinentais, 
favorecido pela globalização e as mudanças ambientais são fatores que 
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contribuem para que as doenças infecciosas espalhem-se cada vez mais 
rapidamente pelo mundo. Doenças infecciosas são aquelas transmitidas por 
microrganismos como vírus, bactérias, fungos ou parasitas. Essas doenças 
podem ser contagiosas ± passadas de um ser humano para outro, como a gripe, 
a tuberculose e a aids ± ou transmitidas por vetores, como o mosquito aedes 
aegypti. 
Migrantes contaminados carregam consigo vírus de doenças infecciosas, 
nos seus deslocamentos pelo mundo. Na atualidade, há um número recorde de 
migrantes pelo mundo, seja de migrantes econômicos ou de refugiados. 
Quanto ao aumento das locomoções intercontinentais, em 2015, mais de 
3,5 bilhões de pessoas viajaram de avião, muitas delas trazendo em seu corpo 
doenças infecciosas. Dessa forma, os vírus podem dar a volta ao mundo em 
questão de horas e se disseminar com uma velocidade impressionante sem 
serem inicialmente detectados. Em alguns casos, a simples viagem de uma 
pessoa infectada aoutro país é suficiente para iniciar um ciclo que pode dar 
origem a uma pandemia mundial. 
Os grandes navios, que abastecem o intenso comércio internacional, 
também levam microrganismos patogênicos (transmissores de doenças) no 
casco, nos tanques de água de lastro, na própria carga transportada ou 
tripulação. Por tudo isso, as autoridades médicas consideram inevitável o 
surgimento de novas pandemias. 
As doenças infecciosas são muito comuns em regiões tropicais e 
equatoriais, nas quais o clima úmido e quente favorece a proliferação de vetores. 
O frio é uma barreira natural para a disseminação de muitas doenças. Ao elevar 
a temperatura média de determinadas regiões do planeta, o aquecimento global 
poderá propiciar o espalhamento de doenças como a malária e a dengue para 
áreas que antes estavam "protegidas" dessas epidemias pelo frio e outras 
condições climáticas. 
 
Surto de febre amarela 
 O Brasil iniciou o ano de 2017 com um grande surto de febre amarela. É 
o maior surto, desde que começaram os registros da doença, pelo Ministério da 
Saúde, em 1940. 
 Até o final de março, o surto atingia 3 regiões ± Sudeste, Nordeste e Norte. 
Cinco estados têm casos confirmados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de 
Janeiro, São Paulo e Pará. O número de casos confirmados chegou a 574, com 
187 mortes, até o final daquele mês. 
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Minas Gerais é o Estado mais afetado pela doença desde o início do surto, 
com 422 casos confirmados. Em segundo lugar está o Espírito Santo, com 139 
registros. O Rio de Janeiro passou o Estado de São Paulo no número de 
confirmações da febre amarela: foram seis casos, contra cinco em terras 
paulistas. O Pará também teve dois pacientes com a doença. 
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um 
arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), que pode levar à morte em cerca 
de uma semana, se não for tratada rapidamente. 
Os casos de febre amarela no Brasil são classificados como febre amarela 
silvestre ou febre amarela urbana, sendo que o vírus é o mesmo, assim como 
a doença, que se manifesta nos dois casos. A diferença entre elas é o mosquito 
vetor envolvido na transmissão. Na febre amarela silvestre, os mosquitos dos 
gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus, e os macacos são os 
principais hospedeiros. Nessa situação, os casos humanos ocorrem quando uma 
pessoa não vacinada adentra uma área silvestre e é picada por mosquito 
contaminado. 
Na febre amarela urbana, o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes 
aegypti ao homem, mas esta não é registrada no Brasil desde 1942. 
O surto atual é de febre amarela silvestre. A doença não é contagiosa, ou 
seja, não há transmissão de pessoa para pessoa. É transmitida somente pela 
picada de mosquitos infectados com o vírus da febre amarela. 
A prevenção à febre amarela é feita com uma dose da vacina injetável, 
que deve ser aplicada dez dias antes de visitar locais de possível incidência da 
doença. A imunidade passa a ser para a vida inteira, mas no Brasil a 
recomendação do Ministério da Saúde é receber duas doses da vacina para maior 
garantia, e a vacinação é recomendada para praticamente todo o território 
interior. As exceções são o litoral e grande parte do Nordeste. 
A febre amarela tem esse nome porque ao atacar o fígado provoca 
icterícia, deixando amarelados os olhos e a pele do enfermo. O período de 
incubação pode ser de três até 15 dias. Os sintomas são bastante variados, o 
que prejudica o diagnóstico. Nos primeiros três dias de sintomas, ela pode 
provocar de simples prostração, febre, calafrios, dor de cabeça e muscular, até 
náusea e vômito. Passado esse período, o enfermo costuma ter súbita melhora, 
que pode se estender por algumas horas ou até dois dias inteiros, deixando a 
impressão de que a doença se foi. Mas, se ela retorna, voltam a febre e o vômito, 
pode haver hemorragias, insuficiência hepática e renal graves, e a morte. 
 
 Mutação genética inédita 
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Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) finalizaram o 
sequenciamento completo do genoma do vírus responsável pelo atual surto de 
febre amarela no país. A partir dessa análise, eles encontraram variações 
inéditas em algumas de suas sequências genéticas. Não há registro anterior 
dessas mutações na literatura científica mundial, de acordo com a instituição. 
A equipe de cientistas informa, no entanto, que a vacina usada atualmente 
protege contra diferentes genótipos do vírus, incluindo o sul americano e o 
africano, e que as alterações detectadas no estudo não tiram a eficácia de quem 
tomou uma dose. 
Desde o aumento de casos no Brasil, a Fiocruz fez os primeiros 
sequenciamentos do vírus. Foram utilizadas duas amostras de macacos bugios 
do Espírito Santo, mortos em fevereiro de 2017. Os resultados foram publicados 
na revista científica "Memórias do Instituto Oswaldo Cruz". 
Um resultado inicial apontou que esse vírus da febre amarela pertence ao 
subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que atua no Brasil 
desde 2008. No entanto, com o final da análise completa, os cientistas 
conseguiram detectar as variações genéticas, que estão associadas a proteínas 
envolvidas na replicação viral. 
De acordo com os pesquisadores, os impactos da descoberta para a saúde 
pública ainda precisam ser investigados e apontam a necessidade de que mais 
amostras sejam sequenciadas, relativas a outros lugares do Brasil e com coletas 
em humanos, macacos e mosquitos. 
Uma possibilidade para a mutação ter ocorrido é a capacidade do vírus se 
modificar geneticamente com frequência (não tanto como o da gripe), e também 
devido à baixa cobertura vacinal antes do surto na região do Rio de Janeiro e 
Espírito Santo. 
 
Crescem no país os casos de sífilis 
O Brasil enfrenta um crescimento contínuo de casos de sífilis, uma das 
mais antigas e graves doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O aumento 
do número de casos levou o Ministério da Saúde a anunciar, em 2016, um amplo 
programa para tentar conter o avanço dessa doença. 
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e seu risco é 
particularmente preocupante na gravidez: a bactéria pode provocar 
malformação cerebral no feto, inclusive a microcefalia. Pode contaminar os olhos 
do bebê e cegá-lo. Por essa razão, até 2010 eram notificados ao Ministério da 
Saúde apenas os casos diagnosticados de sífilis nas gestantes e nos bebês. 
Porém, com o aumento de novos casos em grávidas e bebês, o governo tornou 
obrigatório notificar também os casos de sífilis em homens e mulheres não 
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gestantes. De 2010 a 2015 foram registrados mais de 227 mil casos de sífilis 
em adultos sem gravidez, além de mais de 169 mil em gestantes. 
A infecção produz ínguas duras, também chamadas cancros, na genitália 
do homem e no interior da vagina. Mas, como essas ínguas não costumam doer, 
nem mesmo durante a relação sexual, a doença pode passar despercebida e 
evoluir para estágios mais graves e perigosos. A boa notícia é que a sífilis é 
facilmente tratável e curável com o antibiótico penicilina. 
Embora a sífilis seja também transmitida por transfusão ou contato com 
sangue contaminado, o surto da doença ocorre principalmente pela práticade 
sexo sem proteção. Com o avanço no tratamento contra o vírus HIV e a aids, a 
percepção de que a doença tornou-se menos letal leva muitas pessoas a deixar 
de usar preservativos. Mas quem deixa de usar camisinha se expõe ao perigo 
de todas as DSTs, como a sífilis e a aids, que continua sendo uma doença muito 
grave e sem cura. Apesar de a quantidade total de novos casos de Aids esteja 
estabilizada no Brasil, entre 2006 e 2015 houve um aumento de novos casos em 
algumas faixas etárias. As taxas são maiores entre os homens jovens de 15 a 
29 anos. 
 
Depressão é tema de campanha da OMS para Dia Mundial da Saúde 
de 2017 
A depressão será o tema da campanha da Organização Mundial de Saúde 
(OMS) para a Dia Mundial da Saúde de 2017. Com o slogan, ³Depressão: vamos 
FRQYHUVDU´, a organização pretende acabar com os preconceitos intricados ao 
transtorno e fazer com que mais pessoas procurem ajuda após entenderem 
melhor o que é a doença e descobrirem que há formas de prevenir e trata-la. 
O transtorno mental é caracterizado por uma tristeza persistente e a perda 
de interesse por atividades que, antes, a pessoa gostava, além de uma 
dificuldade de realizar as atividades diárias por pelo menos duas semanas. Essa 
mudança de comportamento pode causar perda de energia, mudanças no 
apetite e no sono, dificuldade de concentração, indecisão, ansiedade, 
inquietação e sentimentos de inutilidade, culpa e desespero, acompanhados de 
pensamentos de automutilação e suicídio. 
A depressão não escolhe classe social, país de origem e nem idade, mas 
os jovens entre 15 e 29, mulheres no pós-parto e adultos com mais de 60 anos 
são os que mais correm risco de desenvolver o transtorno. Estes três grupos 
serão alvo principal da campanha da OMS. 
'H�DFRUGR�FRP�D�FRQVWLWXLomR�GD�206��D�³VD~GH�p�XP�HVWDGR�GH�FRPSOHWR�
bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou 
HQIHUPLGDGH´�� $� 2UJDQL]ação Pan-Americana de Saúde (Opas) explica que 
³VD~GH�PHQWDO� p� XP�HVWDGR� GH� EHP-estar no qual um indivíduo realiza suas 
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próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar 
de forma produtiva e é capaz de fazer contribuições à suD�FRPXQLGDGH´� 
Fatores como pressões socioeconômicas, mudanças sociais, condições de 
trabalho estressantes, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida 
não saudável, risco de violência, problemas físicos de saúde e violação dos 
direitos humanos podem contribuir para os transtornos mentais. Há também 
causas psicológicas, de personalidade e até biológicas. 
A Opas alerta que as políticas nacionais de saúde mental não devem se 
ater apenas aos transtornos mentais como a depressão, mas também abordar 
questões mais amplas que promovem a saúde mental, envolvendo também os 
setores de educação, trabalho, justiça, transporte, meio ambiente, habitação e 
bem-estar. 
 
5. Violência e segurança pública 
O número total de mortos por causas violentas é muito alto no Brasil, e 
o de homicídios (assassinatos) é o maior do mundo. Relatório publicado pela 
OMS/ONU em 2014, com dados de 2012, informa que 13% por cento dos 
homicídios mundiais ocorrem no Brasil. Considerando a taxa de homicídios por 
100 mil habitantes, o Brasil é o 11º país mais violento do mundo. 
Segundo o Atlas da Violência (Ipea/FBSP), houve pelo menos 59.627 
assassinatos no Brasil em 2014, a maior taxa já registrada no país. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, qualquer taxa acima de 
dez homicídios por 100 mil habitantes ao ano já é considerada uma 
situação de violência epidêmica e, portanto, inaceitável. A taxa de homicídios 
no Brasil, nos últimos anos, tem oscilado entre 25 a 29 homicídios por 100 
mil habitantes ao ano, ou seja, há uma epidemia de violência no Brasil. Em 
2014, foi de 29,1 mortes por 100 mil habitantes. 
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O gráfico abaixo mostra que, em pouco mais três décadas que o número 
total de homicídios e a taxa de homicídios mais que triplicaram no Brasil. Como 
dissemos, em 2014 foram de 59.627 assassinatos e 29,1 mortes por 100 mil 
habitantes. 
 
 
 
Segundo o estudo Diagnóstico dos Homicídios no Brasil, do Ministério da 
Justiça, em 2014, 71% dos homicídios foram cometidos por armas de fogo. 
Mais da metade de todos os assassinatos no Brasil é de jovens (brasileiros 
na faixa etária de 15 a 29 anos), dos quais mais de 90% são do sexo masculino 
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e mais de 70% são negros. A violência é a principal causa de morte de 
jovens ± e a terceira da população em geral. A violência não faz parte do 
cotidiano da juventude só pelo lado do número de vítimas. Mais da metade de 
todos os presidiários do Brasil, tem entre 18 e 29 anos. E também aí, há 
a marca de desigualdades sociais e vulnerabilidade: 61% dos detentos são 
negros e 58% não completaram o ensino fundamental. 
 
 
 
 
Perfil da Criminalidade: 
Faixa etária: jovem (15 a 29 anos) 
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Gênero: masculino 
Classe social: pobre 
Meio social: periferia das cidades 
Cor da pele: preta/parda 
Escolaridade: ensino fundamental incompleto 
 
5.1 Mudança de perfil 
Desde 2002, a taxa de homicídios varia pouco no Brasil. Mas isso não é 
uma boa notícia. Primeiro, porque é um patamar muito elevado de mortes. 
Segundo, porque essa aparente estabilidade disfarça mudanças significativas no 
perfil da violência no país. 
Uma delas diz respeito à distribuição geográfica: há uma interiorização 
dos homicídios, das grandes regiões metropolitanas e conglomerados 
urbanos para capitais menores e destas para cidades do interior. O 
crescimento econômico de cidades do interior sem o adequado investimento em 
segurança pública e infraestrutura é tido como uma das causas para isso. Outro 
motivo é o fato de que muitos pequenos municípios são controlados pelo crime 
organizado por estar em rota de tráfico de drogas e contrabando. 
Há também uma nítida mudança nos índices de violência entre as regiões 
brasileiras. A violência explodiu no Norte e no Nordeste, são as regiões com as 
maiores taxas de homicídios. Depois, seguem o Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 
essa última, a região que apresenta os menores índices do país. Segundo o 9º 
Anuário de Segurança Pública, Alagoas e São Paulo são respectivamente os 
Estados com a maior e menor taxa de mortes intencionais (homicídios, 
latrocínios, lesão corporal seguida de morte e em confrontos com a polícia). 
Alagoas ocupa o primeiro lugar em números absolutos. Já para o Diagnóstico 
dos Homicídios no Brasil, Ceará e Santa Catarina são os Estados com as menores 
taxas de homicídios, e, a Bahia ocupa o primeiro lugar em números absolutos. 
O Sudeste é a região onde as taxas de homicídios tiveram a maior queda, 
puxadas por São Paulo e Rio de Janeiro. O aumento da violência contra o 
conjunto da população negra é outra mudança escondida na taxa média e 
estável do país. Nos últimos anos, o número de homicídios teve queda acentuada 
entre brancos e aumentou na população negra. 
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De acordo com especialistas em segurança pública, a queda de homicídios 
no Estado de São Paulo se deve, fundamentalmente, ao melhor aparelhamento 
da Polícia Civil ± responsável pelas investigações ± e da Polícia Militar. Outra 
causa é um dado demográfico: a população de idosos do Estado aumenta. E os 
homicídios atingem principalmente a população mais jovem, que se envolve com 
mais frequência em situações de risco, como o tráfico de drogas. Assim, 
conforme a população idosa se torna proporcionalmente maior, cai o índice de 
assassinatos. A partir dos 50 anos de idade, inclusive, o homicídio nem sequer 
aparece entre as quatro principais causas de morte de homens e mulheres no 
Brasil. 
 
 
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 5.2 Causas da violência 
Até a metade da década de 1950, o Brasil era um país majoritariamente 
rural. A partir desta data passou por um processo de urbanização acelerada, que 
teve como causas um rápido processo de industrialização e o êxodo rural. 
A mecanização do campo liberou grandes contingentes de trabalhadores 
das suas atividades rurais. Esse fator somado a histórica concentração de terras, 
as péssimas condições de vida no meio rural e a maior oferta de emprego nas 
cidades levou milhões de trabalhadores a se deslocarem do campo para a cidade, 
em um período de poucas décadas. 
As cidades não tiveram tempo, nem condições de se adaptarem, 
ocasionado o surgimento de grandes problemas urbanos. Os migrantes do 
campo foram residir na periferia e na periferia da periferia das cidades. Nesses 
lugares faltava quase tudo, infraestrutura, saneamento, áreas verdes e de lazer, 
saúde, educação, transporte de qualidade e moradia. Soma-se a isso tudo a 
carência de emprego e temos um ambiente propício para a explosão da violência 
e da criminalidade. 
A criminalidade tem como causas: 
- Ausência ou omissão do Estado (poder público), principalmente 
nas periferias ± Lembre-se sempre que, educação, saúde, trabalho, moradia, 
lazer e segurança são direitos sociais garantidos constitucionalmente aos 
cidadãos. Cabe ao Poder Público provê-los à coletividade. 
- Exclusão social ou desigualdade social ou má distribuição de 
renda ± Observa-se que a pobreza é a principal causa da criminalidade, mas 
não a única. A relação não é direta, não é de causa e efeito, pois não se pode 
dizer que os ladrões surgem todos da pobreza. Aliás, sabemos disso muito bem 
no Brasil, vide o grande número de larápios provenientes das classes mais 
abastadas. 
- Ação dos traficantes de drogas ilícitas ± O narcotráfico contribui 
significativamente para o aumento da violência e da sensação de insegurança 
nas cidades brasileiras. 
 
Pessoal, sem separar das causas acima, considero importante citar dois 
fatores: 
- Juventude em risco social: Situações como deixar a casa antes dos 15 
anos de idade, não ir à escola, ou ter um lar desestruturado sem pai ou mãe 
afeta diretamente na iniciação do jovem no crime. Segundo o Ministério Público 
de São Paulo, dois em cada três jovens da Fundação Casa vieram de lares sem 
o pai, e grande parcela deles não têm qualquer contato com o pai. 
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- Armamentos: A facilidade de acesso a armas mortíferas, principalmente 
as ramas de fogo. 
 
5.3 Violência policial 
Nos últimos meses, a atuação, considerada, violenta da polícia em 
manifestações populares tem sido objeto de críticas e denunciadas por 
instituições de defesa dos direitos humanos. Essas instituições denunciam 
também um conjunto de violações policiais, onde se incluem crimes por 
vingança, desaparecimento forçados e execuções. 
Segundo o Atlas da Violência, 3.009 pessoas morreram assassinadas em 
ações das polícias Civil e Militar em todo o país em 2014 ± um aumento de 27% 
em relação ao ano anterior. O número é considerado altíssimo nas comparações 
internacionais, evidenciando o uso abusivo da força letal como resposta pública 
ao crime e à violência. 
De modo geral, os assassinatos de civis por policiais aparecem nos boletins 
GH� RFRUUrQFLD� FRPR� ³DXWR� GH� UHVLVWrQFLD´� RX� ³KRPLFtGLRV� GHFRUUHQWHV� GH�
LQWHUYHQomR�SROLFLDO´��R�TXH��HP�WHVH��FDUDFWHUL]DULD�PRUWHV�OtFLWDV�QR�HQWender 
da Justiça, decorrentes de confrontos. Ou seja, parte-se do pressuposto de que 
o policial agiu em legítima defesa. Mas isso nem sempre condiz com a realidade, 
já que a coleta dos dados é feita sem o rigor e a transparência necessários. Em 
muitos casos, essas situações acabam camuflando mortes de civis inocentes. 
Também representam graves casos de violações policiais as chamadas 
execuções extrajudiciais. 
A truculência da Polícia Militar em diversos episódios recentes acaba 
expondo a figura do agente policial, que, na verdade, responde a uma cadeia de 
comando liderada pelos governadores dos estados, que são os responsáveis 
diretos por garantir a segurança da população e combater a criminalidade. Para 
muitos especialistas, os governantes e as autoridades de segurança comportam-
se de forma passiva, tolerando os abusos e não punindo devidamente os 
responsáveis. Em última instância, são os governadores que direcionam a 
atuação dos agentes e impõe ± ou não ± os limites à repressão. 
O que se discute é o padrão operacional das polícias dentro de um modelo 
GH�VHJXUDQoD�SDXWDGR�SHOD�³OyJLFD�GR�HQIUHQWDPHQWR�H�GD�JDUDQWLD�GD�RUGHP�
DFLPD�GH�GLUHLWRV´��GH�DFRUGR�FRP�R�$WODV�GD�9LROrQFLD��(VSHFLDOLVWDV�DSRQWDP�
que a separação das funções das polícias Civil e Militar, adotada durante a 
ditadura militar (1964-1985) é uma das causas da violência policial. Além disso, 
como resquício da ditadura, foi mantida pela Polícia Militar uma postura 
UHSUHVVRUD� H� DEXVLYD� GH� DWDTXH� DR� ³LQLPLJR´�� UHSURGX]LGD� DWp� KRMH� QD� VXD�
atuação e na formação e treinamento dos jovens policiais. 
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Além disso, os policiais estão inseridos em um sistema de segurança que 
não valoriza o trabalho do agente e não garante as condições básicas para a 
atividade. Os baixos salários, a falta de treinamento e equipamentos adequados, 
serviços de inteligência precários e o despreparo psicológico da polícia para lidar 
com situações de extrema tensão acabam potencializando os erros e as 
consequentes mortes nas ações policiais. 
Além de campeão de homicídios, o Brasil detém outro triste título: é um 
dos países em que os policiais mais matam ± e também mais morrem. Conforme 
dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2013, 2.212 pessoas 
morreram assassinadas em ações das polícias Civil e Militar em todo o país. Em 
2014, foram 3.009. Se consideramos de 2009 a 2014, a soma chega a 14.196 
mortes. É uma média de 6,5 pessoas por dia. É um número altíssimo. Para efeito 
de comparação, a média da polícia norte-americana é de pouco mais de 1 pessoa 
morta por dia. Segundo o AQXiULR��HVVD�p�XPD�³HYLGrQFLD�HPStULFD�GH�TXH�DV�
polícias brasileiras mantêm um padrão absolutamente abusivo do uso da força 
OHWDO�FRPR�UHVSRVWD�S~EOLFD�DR�FULPH�H�j�YLROrQFLD´� 
No alvo da violência policial aparecem novamente os negros. Estudo 
divulgado em 2014, pela UniversidadeFederal de São Carlos (UFSCar), mostra 
que a proporção de negros mortos por ações da Polícia Militar de São Paulo, 
entre 2010 e 2011, foi três vezes maior que a de brancos. A pesquisa também 
constatou que a própria vigilância policial é operada de modo diferente. A taxa 
de flagrantes de negros é mais do que o dobro da verificada para brancos. 
Segundo os pesquisadores, os dados demonstram que a vigilância policial 
reconhece os negros como suspeitos criminais em potencial, flagrando em maior 
intensidade as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam de menor 
vigilância da polícia. 
Se, por um lado, o grau de letalidade da polícia brasileira é alto, por outro, 
os policiais também são vítimas desse mesmo sistema. De acordo com o Anuário 
de Segurança Pública, 408 policiais foram mortos em 2013; em 2014, outros 
398 policiais ± média de pelo menos um por dia ± segundo o FBSP. Nos países 
desenvolvidos, como o Reino Unido, dificilmente mais do que uma dezena de 
policiais perdem a vida por ano em decorrência de sua profissão. 
Um dado que chama a atenção é que do total de policiais brasileiros 
assassinados em 2014, 78 estavam em serviço, enquanto 329 não estavam 
trabalhando oficialmente no momento da morte. Uma das explicações para esse 
fenômeno é que, devido à baixa remuneração, muitos policiais prestam serviço 
SRU� FRQWD� SUySULD�� ID]HQGR� ³ELFRV´� SDUD� DXPHQWDU� D� UHQGD�� (VVD� p� XPD� GDV�
situações em que muitos deles perdem a vida, quando estão sem o apoio de 
colegas. Muitos são também mortos por perseguição de facções criminosas fora 
do trabalho. 
 
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Massacre do Carandiru 
Em setembro de 2016, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) 
de São Paulo anulou os julgamentos dos 74 policiais militares condenados em 
primeira instância pelo massacre do Carandiru. 
O episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru aconteceu 
em 2 de outubro de 1992, após uma rebelião de presos na unidade. Ao todo, 
111 detentos morreram após a entrada da Polícia Militar (PM) na casa de 
detenção. 
No total, 74 policiais militares foram considerados culpados pelas mortes 
de 77 presidiários (os outros 34 presos teriam sido mortos pelos próprios colegas 
de celas). Os sentenciados receberam penas que variam de 96 a 624 anos de 
prisão. Somadas, as penas chegam a 20.876 anos. 
 
5.4 Rebeliões e massacres em presídios 
³8PD� SLOKD� GH� FRUSRV�� DOJXQV� HVTXDUWHMDGRV�� VHP� EUDoR�� SHUQD� H� VHP�
FDEHoD��XPD�FHQD�GDQWHVFD�´�$�IUDVH�GR�MXL]�/Xts Carlos Valois, do Tribunal de 
Justiça do Amazonas, reproduzida por vários jornais brasileiros, assim descrevia 
uma das rebeliões e massacres ocorridos em penitenciárias de pelo menos sete 
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estados brasileiros, em janeiro de 2017. Apenas nos primeiros 15 dias do ano, 
134 detentos ± ou seja, pessoas sob custódia e responsabilidade do Estado ± 
foram assassinados, a maioria vítima de brigas entre facções criminosas, 
sobretudo no Amazonas, em Roraima e no Rio Grande do Norte. Cenas sórdidas 
desses crimes circularam na internet, e notícias sobre essas atrocidades 
ganharam as manchetes dos principais meios de comunicação do país e do 
exterior. 
A maior dessas tragédias estourou na virada do ano-novo, no Complexo 
Penitenciário Anísio Jobim, o maior presídio de Manaus (AM). Nele, uma disputa 
entre as facções Família do Norte e Primeiro Comando da Capital (PCC) resultou 
na morte de 56 detentos ± a maioria ligada ao PCC, segundo divulgado pelas 
autoridades. 
Apenas cinco dias depois, em 6 de janeiro, 33 presos da Penitenciária 
Agrícola de Monte Cristo, a 10 quilômetros de Boa Vista (RR), foram 
assassinados por detentos que seriam ligados ao PCC, numa espécie de 
represália às mortes ocorridas em Manaus. 
Em mais um confronto de facções, desta vez em Alcaçuz, na Região 
Metropolitana de Natal (RN), 26 homens morreram na rebelião iniciada no dia 
14 de janeiro. De acordo com o governo estadual, a maior parte das vítimas 
pertencia ao Sindicato do Crime, uma dissidência do PCC ± os dois grupos 
lutavam pelo domínio do sistema carcerário no Rio Grande do Norte. Também 
em Natal teria ocorrido uma retaliação às mortes que aconteceram em Manaus. 
Durante duas semanas, a Penitenciária de Alcaçuz fugiu do controle estatal e 
ficou sob o domínio dos próprios detentos. 
 
5.5 Situação do sistema prisional brasileiro 
Por lei, a grande responsabilidade pela manutenção dos presos no país 
está a cargo dos estados. Segundo o Ministério da Justiça (2016, com dados do 
1º semestre de 2014), a população carcerária chegou a 607.731. É o maior 
número da história e, em termos mundiais, o país só fica atrás de Estados Unidos 
(2,228 milhões), China (1,65 milhão) e Rússia (673.818). Ao se considerar as 
prisões domiciliares no Brasil, que totalizam 147.937, segundo dados do CNJ 
(Conselho Nacional de Justiça), o Brasil chega a 775.668 presos, supera a 
população carcerária da Rússia e assume a terceira posição mundial. 
O problema é que o total de vagas disponível no sistema penitenciário é 
de 357.219 (CNJ/junho de 2014). Em outras palavras, há 1,6 presos para cada 
vaga. E o excedente de detentos só cresce, com o aumento das prisões 
provisórias ± realizadas antes do julgamento e condenação ± na última década. 
Segundo o CNJ, 41% dos detentos são presos em situação provisória (sem 
julgamento). Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o 
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Anuário da Segurança Pública, os números elevados de encarceramento 
resultam da política de guerra às drogas em vários estados e da morosidade 
judicial ± há acusados que respondem a todo o processo, presos, às vezes por 
dois anos ou mais. 
Apesar da taxa média de superlotação no país ser de 1,6 presos por vaga, 
ela é maior que isso em 15 estados. A defasagem de vagas é mais grave nas 
regiões mais pobres: Nordeste e Norte, nos Estados de Alagoas, Amazonas, 
Pernambuco, Amapá, Rio Grande do Norte e Bahia. O Tocantins, Espírito Santo 
e Paraná têm o menor déficit do Brasil. 
A superlotação agrava a precariedade das penitenciárias. Celas lotadas, 
em que os presos têm de se revezar para dormir, com falta de condições 
sanitárias, contribuem para a disseminação de doenças, a violência interna e o 
crescimento das facções criminosas, ao facilitar o contato entre presos perigosos 
e os detidos por delitos leves. O excedente de detentos cresce também devido 
a outros fatores, como a lentidão da Justiça e, consequentemente, o aumento 
das prisões provisórias, realizadas antes do julgamento e condenação. 
 
 
 
 
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Especialistas apontam que a saída de um número significativo de presos 
provisórios das prisões diminuiria a superlotação nos presídios. Uma forma de 
encaminhar essa demanda é pelas chamadas audiências de custódia. Nelas, 
a pessoa presa em flagrante comparece perante um juiz, com a participação de 
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública ou de um advogado 
particular, para uma reavaliação da legalidade da prisão e do encarceramento.Mutirões para promover essas audiências têm sido feitos desde 2015, mas não 
são uma constante. A realização de uma audiência de custódia pode levar à 
substituição da prisão em flagrante por outras medidas, à concessão de 
liberdade provisória ou até à suspensão de eventual prisão ilegal. 
 
Posse ou tráfico de drogas 
Outra informação colocada em destaque pelo levantamento do CNJ é que 
o porte ou tráfico de drogas representa a maior parcela (29%) dos processos 
que envolvem os presos provisórios. 
Nos últimos anos, de fato, cresceu o número de pessoas presas por crimes 
ligados às drogas. Um dos motivos para esse aumento pode ser encontrado na 
chamada Lei de Drogas, de 2006, que endureceu a punição para traficantes, 
mas sem apresentar um critério objetivo para diferenciar o traficante de quem 
apenas consome. Com isso, usuários de drogas que compram para consumo 
próprio, mesmo sem antecedentes criminais, passaram a ser presos em 
flagrante e encarcerados. Para isso também conta a falta de investigação 
criminal ± muitas condenações são feitas a partir de uma única prova, o 
testemunho de policiais sobre o ato do flagrante. Pesquisas apontam que dois 
terços dos presos por tráfico de drogas são réus primários (que nunca foram 
condenados por outro crime), estavam desarmados no momento do flagrante e 
não têm vínculos com facções ou quadrilhas. A partir da entrada em vigor dessa 
lei, o número de pessoas encarceradas por tráfico aumentou mais de 300%. 
Foi também a partir da Lei de Drogas que cresceu o número de mulheres 
presas, já que a população prisional feminina é historicamente associada a 
condenações por crimes como tráfico de drogas e associação com o tráfico. Esse 
crime, que responde por menos de 30% das penas em geral, sobe para 64% 
entre as mulheres detidas. 
 
³(VFRODV�GR�FULPH´ 
Uma das consequências da superlotação carcerária é colocar réus 
primários convivendo com condenados e detentos de alta periculosidade e 
também em contato com facções criminosas. A separação entre presos 
provisórios e condenados (e entre estes a divisão por gravidade do crime) está 
prevista na Lei de Execução Penal e em tratados de direito internacionais. No 
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entanto, tal orientação não é cumprida em quase todas as prisões brasileiras. 
(VSHFLDOLVWDV�DSRQWDP�TXH�R�ULVFR�p�FULDU�DV�FKDPDGDV�³HVFRODV�GR�FULPH´� 
As condições precárias e desumanas das cadeias brasileiras, a ausência de 
agentes penitenciários qualificados e de uma política efetiva de ressocialização 
criam um ambiente fértil para o surgimento das facções criminosas ± grupos de 
presidiários que agem dentro das prisões e arregimentam novos detentos, 
oferecendo vantagens, mas impondo suas regras e controlando o cotidiano 
desses espaços. 
Como o Estado falha em prover aos presos proteção e condições 
minimamente dignas de sobrevivência, as facções entram em ação para oferecer 
segurança para sobreviver no presídio, coibindo a violência entre os presos e até 
abusos de agentes penitenciários. Em troca, uma vez reinseridos à liberdade, 
esses ex-detentos devem continuar prestando serviços à organização criminosa, 
ou seja, cometendo crimes, para levar dinheiro à facção. Ex-detentos, já em 
liberdade, e outros criminosos articulam-se no crime organizado, principalmente 
no tráfico de drogas. 
 
A guerra das facções 
Segundo autoridades que investigam o assunto, mais de 25 facções 
criminosas lutam pelo controle do crime organizado em todo o país, sobretudo 
o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Uma 
complexa e dinâmica rede de aliados e opositores rege as relações entre 
diferentes grupos, que costumam se enfrentar nos presídios na luta pela 
hegemonia do local. 
Principal organização criminosa do país, o PCC surgiu nos anos 1990, no 
presídio de segurança máxima de Taubaté, no interior de São Paulo. Calcula-se 
que cerca de 20 mil detentos ± do total dos 654,4 mil encarcerados do país ± 
sejam ligados ao grupo. Atualmente, a facção já se encontra espalhada por todos 
os estados brasileiros ± PDLV�GH�����GRV�³ILOLDGRV´�VHULDP�GHWHQWRV�GH�IRUD�GR�
estado de São Paulo. 
Um dos motivos que levam a essa expansão doV� ³ILOLDGRV´� VHULDP� DV�
transferências de detentos, principalmente dos líderes dessas facções, para 
presídios em outros estados. Foi isso que ocorreu em 1998. Numa tentativa de 
desarticular o movimento, o governo paulista transferiu alguns dos expoentes 
da facção para o Paraná. Nesse estado, surgiu então o Primeiro Comando do 
3DUDQi��XP�GRV�EUDoRV�GR�3&&��0DV�D�³H[SRUWDomR´�GH�SUHVRV�QmR�JHUD�DSHQDV�
ramificações, como também grupos dissidentes ± caso do Sindicato do Crime, 
no Rio Grande do Norte, que surgiu a partir do PCC. 
O Comando Vermelho (CV), nascido no Rio de Janeiro, já foi aliado do PCC, 
mas hoje é seu principal rival. Alinhado ao CV está o grupo Família do Norte, 
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responsável por parte dos assassinatos de detentos em janeiro de 2017 em 
Manaus. 
O controle das rotas de tráfico, sobretudo de cocaína, na tríplice fronteira 
entre Brasil, Peru e Colômbia, seria o principal motivo da disputa que já ocorria 
entre a Família do Norte e o PCC. Especialistas apontam que a ruptura que 
aconteceu entre PCC e CV, em 2016, impactou também as relações entre as 
facções e seus subordinados, o que agravou as disputas nos presídios. 
 
Massacre do Carandiru 
Em setembro de 2016, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) 
de São Paulo anulou os julgamentos dos 74 policiais militares condenados em 
primeira instância pelo massacre do Carandiru. 
O episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru aconteceu 
em 2 de outubro de 1992, após uma rebelião de presos na unidade. Ao todo, 
111 detentos morreram após a entrada da Polícia Militar (PM) na casa de 
detenção. 
No total, 74 policiais militares foram considerados culpados pelas mortes 
de 77 presidiários (os outros 34 presos teriam sido mortos pelos próprios colegas 
de celas). Os sentenciados receberam penas que variam de 96 a 624 anos de 
prisão. Somadas, as penas chegam a 20.876 anos. 
 
5.6 Plano Nacional de Segurança 
Como resposta às crises penitenciária e de segurança pública que tomaram 
conta do país, o governo federal antecipou para o início de janeiro o anúncio de 
um Plano Nacional de Segurança Pública. Entre os eixos centrais do plano estão 
racionalizar e modernizar o sistema penitenciário e combater o crime organizado 
transnacional. Eis algumas medidas que o plano também prevê: 
x Construir novos presídios federais e estaduais e adquirir 
equipamentos como bloqueadores de celulares e scanners para revistas 
corporais. 
x Realizar varreduras em operações conjuntas da Força Nacional com 
as Forças Armadas para retirar celulares, drogas e armas dos presídios. 
x Rever as prisões provisórias por meio de forças-tarefa estaduais. 
x Separar os presos perigosos e do crime organizado em alas 
diferentes das dos demais. 
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x Melhorar as regras atuais para progressão da pena, favorecendo 
quem não fez nada grave, mas agravando as condições para quem 
cometeu crimes com violência. 
x Ampliar a capacitação de detentos oferecendo cursos profissionais. 
O plano foi recebido com certo ceticismopor especialistas da área, que o 
avaliaram como genérico, paliativo e com medidas reaproveitadas de gestões 
anteriores. Alguns pontos foram alvo de duras críticas, como o de construir mais 
presídios. Os críticos afirmam que, além do alto custo, aumentar o número de 
prisões e de vagas não tem efeito significativo para reduzir a criminalidade. 
Citam como exemplo o próprio aumento de pessoas presas no Brasil, que não 
tem diminuído a quantidade de crimes. Afirmam, pelo contrário, que facilita a 
reincidência e a ação das facções. 
Medidas como a de separar os presos, revisar as prisões provisórias, 
progredir as penas e profissionalizar os presos foram consideradas importantes. 
No entanto, a avaliação é de que deveriam ser atividades permanentes do 
Ministério da Justiça e não ações emergenciais. 
Especialistas da área afirmam que o caminho para solucionar a crise 
carcerária deveria começar pelo fim da política do encarceramento em massa e 
por reduzir a quantidade de pessoas presas. Outras ações seriam revisar a Lei 
de Drogas (principal fator que contribuiu para aumentar o volume de prisões) e 
investir na reabilitação de réus primários e de adolescentes infratores, o que 
poderia reduzir a possibilidade de ingressarem em organizações criminosas. Por 
fim, conceber um sistema que busque, de fato, ressocializar o preso, com 
políticas mais humanizadoras, onde o encarceramento seja a última alternativa. 
 
5.7 Violência contra a mulher 
A taxa de homicídios de mulheres no Brasil é de 4,8 para cada 100 mil 
mulheres, o que coloca o Brasil na vergonhosa quinta posição, entre 83 nações, 
no ranking mundial de proporção de assassinatos de mulheres. Em 2014, ao 
menos 106.824 brasileiras precisaram de atendimento médico por violência 
doméstica e sexual. 
As mulheres negras são as vítimas prioritárias da violência. No período de 
1980 a 2013, o homicídio de mulheres brancas diminuiu 9,8%, enquanto o 
homicídio de negras aumentou 54,2%. 
De acordo com MDWLDV� �������� ³RV� DVVDVVLQDWRV� GH� PXOKHUHV� WrP�GXDV�
características que o distinguem dos homicídios masculinos: os meios utilizados 
e o local onde acontecem. O uso de força física e de objetos cortantes e 
penetrantes indica motivos passionais. E o fato de boa parte dos crimes 
RFRUUHUHP�QD�UHVLGrQFLD�PRVWUD�R�FDUiWHU�GRPpVWLFR�GHVVHV�KRPLFtGLRV´� 
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O estupro é outra forma brutal e comum de violência contra a mulher. Em 
2014, foram registrados mais de 47 mil casos, o segundo maior índice mundial, 
atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, segundo especialistas, o número 
de estupros pode ser até dez vezes maior, ou seja, quase 500 mil casos por ano 
(ESTADÃO, 30-06-2015). Há uma subnotificação, ou seja, o número de 
mulheres que faz o registro da ocorrência do crime nos órgãos policiais é muito 
menor do que os estupros efetivamente ocorridos. 
Em 2016, a Lei Maria da Penha faz 10 anos. O seu nome é uma 
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, cearense, farmacêutica e 
bioquímica foi vítima da violência doméstica por 23 anos durante seu casamento. 
Em 1983, o marido tentou assassiná-la por duas vezes. Na primeira vez, com 
arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e 
afogamento. 
Após essa tentativa de homicídio, ela tomou coragem e o denunciou. O 
processo contra o marido de Maria da Penha demorou 19 anos, ele foi condenado 
a oito anos de prisão. Ficou preso só por dois anos, sendo solto em 2004. 
Revoltada com o poder público, Maria da Penha denunciou o caso à 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA ± Organização dos 
Estados Americanos, em 1988. Na OEA, o Brasil foi condenado por não dispor 
de mecanismos suficientes e eficientes para coibir a prática de violência 
doméstica contra a mulher. 
O país teve que mudar a legislação para proteger as mulheres. Em 07 de 
agosto de 2006, foi sancionada a Lei nº 11.340 que introduziu o parágrafo 9, no 
artigo 129 do Código Penal. A norma possibilita que agressores de mulheres em 
âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão 
preventiva decretada. 
Os agressores também não podem mais ser punidos com penas 
alternativas. A legislação aumentou o tempo máximo de detenção do agressor 
e prevê medidas que vão desde a remoção do agressor do domicílio à proibição 
de sua aproximação da mulher agredida. 
Em um primeiro momento, após a edição da lei, em 2007, ocorreu uma 
queda nos números e nas taxas de violência contra a mulher. Mas, já no ano de 
2008, os índices começaram a aumentar, sendo atualmente bem maiores dos 
que foram registrados no ano de 2008. Só no ano de 2014, 4.832 mulheres 
foram mortas no país, uma média de 13 por dia. 
Outra lei protetiva das mulheres, que entrou em vigor, em 2015, é a Lei 
do Feminicídio, que classifica o feminicídio como um crime hediondo. 
Feminicídio é o assassinato de mulheres motivado apenas pelo fato de a vítima 
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ser mulher. Um feminicida mata a mulher por ódio e pelo sentimento de posse 
sobre ela. 
Conforme a lei, condenados por esse tipo de crime merecem a pena 
máxima de reclusão (30 anos), não têm direito a indulto (perdão) ou anistia, e 
nem a responder a processo em liberdade mediante o pagamento de fiança. 
O Mapa da Violência 2015 ± Homicídios de Mulheres no Brasil aponta a 
impunidade como um dos fatores que explicam a violência de gênero ± o 
índice de elucidação dos crimes de homicídio seria apenas de 5% a 8%. 
Analisando a violência contra as mulheres, o estudo Tolerância Social à 
Violência contra as Mulheres (IPEA, 2014), conclui, entre outros fatores, que o 
ordenamento patriarcal da sociedade permanece enraizado em nossa 
cultura, é reforçado na violência doméstica e leva a sociedade a aceitar 
a violência sexual. 
O Mapa da Violência vai no mesmo sentido. Segundo Waiselfisz, autor do 
HVWXGR��D�³QRUPDOLGDGH´�GD�YLROrQFLD�FRQWUD�D�PXOKHU�QD�OyJLFD�SDWULDUFDO�MXVWLILFD�
e mesmo autoriza que o homem a pratique com a finalidade de punir e corrigir 
comportamentos femininos que transgridam o papel esperado de mãe, esposa 
e dona de casa. Lógica justificadora que também aparece, conforme Waiselfisz, 
nas agressões de desconhecidos contra mulheres que eles consideram 
transgressoras do comportamento culturalmente esperado delas. Em ambos os 
casos, culpa-se a vítima pela agressão sofrida. 
 
5.8 Drogas 
Para o projeto Ameripol, o Brasil se tornou o epicentro do narcotráfico 
mundial. Estudos do projeto indicam que o país é refúgio para chefões do tráfico 
da América Latina em fuga, ponte principal para a distribuição da droga 
produzida no continente para a Europa, provedor de produtos químicos para a 
produção de algumas delas e também tornou-se um importante mercado 
consumidor. Além disso, o país virou a base das grandes novas rotas do tráfico 
mundial, que, segundo o estudo, passa pela África para seguir à Europa e à Ásia. 
O uso de drogas cresce no Brasil e os problemas sociais vinculados 
a ele se agravam. Quase 3 milhões de brasileiros usaram cocaína, aspiraram 
(pó) ou fumaram (crack ou oxi), nos 12 meses anteriores ao Levantamento 
Nacional de Álcool e Drogas no Brasil, realizado em 2012 pela Universidade 
Federal de São Paulo (Unifesp). Esses números representam 20% do consumo 
global da droga e colocam o Brasil como o segundo mercado de cocaína, atrás 
apenas dos Estados Unidos. O Brasil é o maior consumidor de crack do mundo. 
A parte mais visível dosusuários se encontra em regiões degradadas das 
cidades, nDV� FKDPDGDV� ³FUDFROkQGLDV´�� TXH� VH� HVSDOKDP� PXLWR� DOpP� GDV�
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metrópoles. Mas, sabe-se que o conjunto desses usuários abarca um público em 
todas as classes sociais, cujos integrantes têm algo em comum: 80% deles 
afirmam que tiveram acesso fácil à droga, apesar disso ser ilegal. 
Os programas públicos para o tratamento de dependentes químicos 
passaram a incluir a possibilidade da internação de pacientes à revelia de sua 
vontade. O dispositivo já era previsto na legislação brasileira, e, recentemente, 
foram criadas parcerias entre as áreas de saúde, assistência social e justiça para 
que pudesse ser utilizado como política pública. 
Na internação involuntária, parentes podem solicitar a internação do 
paciente, desde que, aceita por um médico psiquiatra. Nesses casos, o Ministério 
Público precisa ser informado da internação e dos motivos. Na internação 
compulsória, a determinação cabe apenas ao juiz, após um pedido formal feito 
por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre suas 
capacidades psicológicas e físicas. 
 
Legal ou ilegal 
A ampliação do tráfico e do uso de drogas coloca em discussão a forma de 
tratar o assunto. A Lei nº 11.343/2006 isentou os usuários da pena de prisão, 
ainda que o porte de drogas seja crime. Ao mesmo tempo, endureceu as 
condenações por tráfico. Ao usuário, a lei prevê três tipos de pena: advertência 
sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade (de cinco a dez 
meses) e medida educativa de comparecimento à programa ou curso. A quem 
produz ou trafica entorpecentes, a lei prevê de cinco a 15 anos de prisão e multa 
de 500 a 1.500 reais. Cabe ao juiz determinar qual a finalidade da droga 
apreendida ± se para consumo pessoal ou tráfico ±, pois a lei não especifica 
quantidades para a diferenciação. Esse ponto é polêmico: a fronteira imprecisa 
entre usuário e traficante favorece a fixação arbitrária da pena. 
Quando se fala sobre a legalização das drogas, está se falando da 
legalização da maconha e não de outras drogas mais. Termos diferentes como 
legalizar ou descriminalizar (descriminar também é correto) têm sido, muitas 
vezes, usados indistintamente no debate da legislação sobre drogas. 
‡� Legalização - Há projetos distintos de legalização: estatizante, 
controlada ou liberal. Nos debates, a legalização de inspiração liberal é a mais 
abordada. Significa colocar as drogas no mesmo patamar do cigarro e do álcool, 
ou seja, produção e consumo regulados e o Estado recolhe impostos sobre essas 
operações. Defensores dessa via argumentam que, ao regulamentar o comércio, 
as drogas sairiam das mãos dos traficantes e a violência seria menor. Essa 
posição era defendida por Milton Friedman (1912-2006), prêmio Nobel de 
Economia, um dos pais do neoliberalismo. Para ele, o mercado regularia o 
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consumo da droga. Mesmo assim, temia que houvesse um aumento expressivo 
de consumidores e viciados. 
‡�Descriminalização - Esse conceito diz respeito ao usuário: é a ideia de 
deixar de caracterizar o porte, a compra e o uso de drogas como crime. Ou seja, 
não cometeria crime quem fosse flagrado consumindo ou portando drogas em 
quantidade compatível com o consumo individual. O crime seria do traficante. 
No Brasil, o movimento pela descriminalização tem a participação do ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso, que preside a organização Comissão 
Global de Políticas sobre Drogas. 
‡� Manter a proibição - A possibilidade de expansão do consumo de 
substâncias que podem causar forte dependência é o principal argumento de 
quem defende manter a proibição ao uso e tráfico de drogas. 
 
 O STF está votando uma ADIN que descriminaliza o porte de maconha 
para consumo pessoal. O processo em análise no STF refere-se à condenação 
de um mecânico que assumiu a posse de 3 gramas de maconha dentro de uma 
cela na prisão em Diadema (SP). A Defensoria Pública recorreu, argumentando 
que o artigo da Lei Antidrogas que define o porte como crime contraria a 
Constituição, pois a conduta é parte da intimidade da pessoa e não prejudica a 
saúde pública. Três ministros já votaram, todos a favor da descriminalização: o 
relator Gilmar Mendes, Luiz Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. 
 
5.9 Redução da maioridade penal 
De tempos em tempos, o tema da redução da maioridade penal ganha 
destaque na política e sociedade brasileira. O tema é objeto de diversas 
Propostas de Emenda à Constituição (PECs) e da Comissão Especial do Senado 
que está analisando mudanças para um novo Código Penal. A maioridade penal 
define a idade mínima pela qual um indivíduo é reconhecido como adulto 
consciente das consequências de seus atos, podendo ser processado pelo 
sistema judiciário. 
A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 19 de agosto, a redução da 
maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos, como sequestro e 
estupro, para homicídio doloso (quando houve intenção de matar) e lesão 
corporal seguida de morte. Como se trata de uma PEC, o texto aprovado ainda 
deve passar por duas votações no Senado para que a Constituição seja alterada. 
Devido a polêmica que o debate está gerando, elencamos a seguir cinco 
argumentos a favor e contra a redução da maioridade penal: 
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Contra A Favor 
1. A redução da maioridade penal fere 
uma das cláusulas pétreas (aquelas 
que não podem ser modificadas por 
congressistas) da Constituição de 
1988. O artigo 228 é claro: "São 
penalmente inimputáveis os menores 
de 18 anos. 
1. A mudança do artigo 228 da 
Constituição de 1988 não seria 
inconstitucional. O artigo 60 da 
Constituição, no seu inciso 4º, 
estabelece que as PECs não podem 
extinguir direitos e garantias 
individuais. Defensores da PEC 171 
afirmam que ela não acaba com 
direitos, apenas impõe novas regras. 
2. A inclusão de jovens a partir de 16 
anos no sistema prisional brasileiro 
não iria contribuir para a sua 
reinserção na sociedade. Relatórios 
de entidades nacionais e 
internacionais vêm criticando a 
qualidade do sistema prisional 
brasileiro. 
2. A impunidade gera mais violência. 
Os jovens "de hoje" têm consciência 
de que não podem ser presos e 
punidos como adultos. Por isso 
continuam a cometer crimes. 
3. A pressão para a redução da 
maioridade penal está baseada em 
casos isolados, e não em dados 
estatísticos. Segundo a Secretaria 
Nacional de Segurança Pública, 
jovens entre 16 e 18 anos são 
responsáveis por menos de 0,9% 
dos crimes praticados no país. Se 
forem considerados os homicídios e 
tentativas de homicídio, esse número 
cai para 0,5%. 
3. A redução da maioridade penal iria 
proteger os jovens do aliciamento 
feito pelo crime organizado, que tem 
recrutado menores de 18 anos para 
atividades, sobretudo, relacionadas 
ao tráfico de drogas. 
4. Em vez de reduzir a maioridade 
penal, o governo deveria investir em 
educação e em políticas públicas para 
proteger os jovens e diminuir a 
vulnerabilidade deles ao crime. No 
Brasil, segundo dados do IBGE, 486 
mil crianças, entre cinco e 13 anos, 
eram vítimas do trabalho infantil em 
todo o Brasil em 2013. No quesito 
educação, o Brasil ainda tem 13 
4. O Brasil precisa alinhar

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