4 Cap 1 e 2 Suporte social um conceito no campo da saude (3)

Cap. 1 O profissional de saúde: um cuidador O cuida dor so b tensão O profissional de saúde, no seu cotidiano, vê-se compelido a suportar um conjunto de angústias, de conflitos, de obstáculos diante de cada ato, de cada pessoa com quem se defronta na prática. O ser humano doente oferece ao profissional de saúde um desafio quase intran sponível em muitas situações: diagnosticar a razão da enfermidade e tratá-la eficazmente. O cuidador sob te nsão Li dar com o sofrim ento implica, muitas v ezes, reviv er momentos pessoais de sofrimento - implica se identificar com a pessoa que sofre e sofrer junto com ela. O que diferencia os profissionais da saúde dos demais profi ssionais é a natureza do seu trabalho. Conviver com o sofrimento gera sofrimento. Todos são obrigados a conviver com emoções, sentimentos e conflitos intensos presentes nos pacient es, nos familiares e nos próprios pr ofissionais. A exigência da perfeição e da onipotência pe rmanece no dia -a-dia dos profiss ionais de saúde ao lidarem com doentes. O cuidador sob t ensão As tensões decorrentes do trabalho: \uf06e Trabalham com pessoas doentes; \uf06e São mal -remunerados - poucas oportunidades de qualificação; \uf06e São obrigados a atender um número excessivo de pacientes; \uf06e Ambientes e recursos pr ecários; \uf06e O intercâmbio entre pr ofissionais é pequeno. O isolamento contribui para a v isão fragmentada dos pacientes Não é praxe (embor a iss o ocorra) atender em equipe - a díade profissional-paciente é o que predom ina. O ambiente clássico do atendimento ainda é o consultório ou ambulatório e, mesmo numa emergência ou enfermaria, cada profissional atende seu paciente isoladamente . Profissional de saúde-paciente: uma relação cuidador- cuidado Um fator primordial que se coloca é a motivação para cuidar. Por que o profissional de saúde se propõe a cuidar de alguém? \u2013 os motivos não são claros. \uf06e Às vezes o que mot iva aquela ação é o desejo de ser ajudado. \uf06e O desejo de se beneficiar com a ajuda oferecida. \uf06e A necessid ade de ser aceito, reconhecido ou valorizado pelos outros \uf06e A doença pode ainda ser um porta -voz, um interlocutor, ou melhor, um sinal izador ou amplificador. \uf06e Demandar cuidado revela, em princípio, uma vulnerabilidade ou carência que, todavia, pode não ser a revelada: a doen ça. Profissional de saúde-paciente: uma relação cuidador- cuidado O que o sujeito quer não é exatamente ser cuidado da sua doença através de remédios, exames ou cirurgias, mas , antes, ser olhado, tocado, escutado. \uf0d8 Não tem o con vencimento ou as condições internas necessárias e suficientes para o seu enfrentamento. \uf0d8 Habitualmente não foi cuidado satisfatoriamente quando criança. \uf0d8 Quer, prec isa de cuidado, mas não acredita que exista alguém desejoso e capaz de ajudá- lo. \uf06e O fato mesmo de se sentir doente carrega um conjunto de significados adquiridos através da v ida, desde as primeiras experiências infantis, passando pelas normas, crenças e valores introjetados, que faz em o indivíduo reagir de modo absolutamente pessoa l à doença. Profissional de saúde- paciente: uma relaçã o cuidador-cuidado \uf06e O cuida dor carrega o m esmo conjunto de "impressões" que são singu lares, dele, e que, muita s vezes, contrastam com as d o paciente. \uf06e O estresse do profissiona l pode ser tão elevado que o impeça de se ap roximar do paciente ou que o fa ça perder a objetivida de no s cuidado s necessários. O mundo de hoje e s uas reperc ussões sobre profissionais de saúde e seus cli entes. A produç ão biotecnológica tem provocado impactos sobre o indivíduo e a sociedade: \uf0fc Maior exp ectativa de vida, a partir do aprimoramento das técnicas diagnósticas e terapêuticas; \uf0fc Modificações substanciais na estrutura corporal e psicológica, através de intervenções diretas nos órgãos hu manos, na sua possibilidade reprodutiva e, até, no seu código genético. O mund o de hoje e suas repercussões sobre profissionais de saúde e seus clientes. Num mundo tão indivi dualista e competitivo, as pessoas (inclusive os profissionais de saúde) demonstram dificulda des crescentes no ex ercício de vínculos próximos, íntimos e afetivos. Quem lhes oferecerá tal ambiente? Será necessário haver cuidadores de cuidad ores? Afinal, quem cuida do cuidad or? A ques tão: quem cuida do cuidador? Desde a dé cada de 70, segundo Caplan (1976), os profissionai s de saúde vêm sendo estimula dos a funcionarem como suportes sociais para seus pacientes, sej a individualme nte seja em equipe. Grupos de suporte existem voltados para pessoas e situações de doença ou estresse, mas poucos são os trabalhos que enfocam os profissionai s de saúde. Suporte aos prov edores de cuidados: \uf0a7 Cuidadores de cuidadores - em rel ação a familiares de pessoa s idosas \uf0a7 Grupos de reflexão sobre a tarefa profissional como mei o de suporte aos cuidadores \uf0a7 A própria equipe , cuidadora de si mesma \u2013 a teoria de Winni cott sobre holding. \uf0a7 O cuidador dema nda reciprocidade - alguém capaz de funcio nar como suporte.

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