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Artrópodes de importância clínica Profa. Dra. Irene Soares Disciplina Parasitologia Clínica, FCF/USP 1°semestre/2005 Importância dos artrópodes • O filo Arthropoda é o maior de todos: >80% da vida animal • Parasitas e vetores • Transmissão mecânica ou biológica • Reações de hipersensibilidade imediata ou tardia à picada • Perda de sangue • Infecção bacteriana secundária nos locais lesados pelas picadas • Inoculação de toxinas ou venenos • Perdas na produtividade animal Classificação dos artrópodes Filo OrdemClasse Arthropoda Arachnida Insecta Acari (ácaros, carrapatos) Hemiptera (percevejos e triatomíneos) Anoplura (piolhos) Siphonaptera (pulgas) Diptera (moscas e mosquitos) (1) Patas (2) Cefalotórax (3) Abdome • Aracnídeos: possuem cefalotórax (fusão da cabeça com o tórax), abdome e 4 pares de patas • Insetos: possuem o corpo dividido em 3 partes (cabeça, tórax e abdome), 3 pares de patas, 1 par de antenas Principais diferenças morfológicas Classe Aracnida • Ordem Acari: compreende os ácaros e carrapatos • Os ácaros são importantes causadores de dermatoses humanas Ex: Sarcoptes scabiei→ causador da escabiose ou sarna Morfologia: Sarcoptes scabiei (A) dorsal (B) ventral Tamanho: 0,2 – 0,4 mm Forma ovóide 4 pares de pernas em forma cônica Na extremidade dos dois primeiros pares de pernas existem ventosas que estão fixas à apêndices pedunculados Ciclo biológico: Sarcoptes scabiei Deposição de ovos por fêmeas adultas grávidas ovos Eclosão dos ovos e liberação das larvas Larvas sofrem mudas e dão origem as ninfas Diferenciação em machos e fêmeas ↓ copulação Mecanismo de transmissão: Sarcoptes scabiei Transmissão por contato direto entre pessoas Áreas em destaque são os principais sítios de oviposição das fêmeas ��������� ��� �� ������������ � ������ Escabiose ou sarna Patogenia e sintomatologia: os adultos perfuram galerias ou túneis na epiderme→ reação inflamatória, escoriações, vesículas, urticária e prurido intenso (manifesta-se principalmente à noite) Fêmea de S. scabiei em “galeria” na pele Escabiose ou sarna Diagnóstico • Aplicação de fita gomada sobre as crostas para adesão do S. scabiei→ lâmina→ microscópio (10 e 40X) • Raspagem profunda da epiderme no limite das crostas e pele sã→ lâmina→ NaOH ou lactofenol (para clarificar) → microscópio (10 e 40X) Clínico Parasitológico: Classe Insecta • Ordem Hemiptera: percevejos e triatomíneos (barbeiros) • Ordem Anoplura (piolhos sugadores de sangue): Pediculus humanus humanus, Pediculus humanus corporis (pediculose), Pthirus pubis (ftirose) • Ordem Siphonaptera (pulgas): Tunga penetrans (tungíase) Pulex irritans (pulga do homem) Xenopsylla cheopis (pulga do rato – peste bubônica causada por Yersinia pestis) • Cabeça: olhos antenas peças bucais (tipo mastigador, picador- sugador ou lambedor) • Tórax: - Formado por 3 segmentos: protórax mesotórax metatórax - Apresentam 3 pares de patas - Com ou sem asas • Abdome: formado por 8 a 10 anéis Morfologia externa Triatoma infestans * Ordem Hemiptera Triatomíneos (barbeiros) * Principal vetor do Tripanosoma cruzi na América do Sul Tamanho: 1 – 4 cm Cor negra com manchas amarelas Cabeça cilíndrica Aparelho bucal picador-sugador e probóscida curta e retilínea 1 par de antenas Triatomíneos Hemimetábolos (metamorfose incompleta) Estágios evolutivos: Ovo Ninfas Adulto A ninfas vivem no mesmo ambiente e têm o mesmo hábito alimentar dos adultos Triatomíneos • Todos os estágios e ambos os sexos são hematófagos • Hábitos noturnos • Durante o dia, são encontrados nas fendas das paredes de casas não rebocadas, telhados de palha • Vivem no domicílio e região peridomiciliar • Longevidade do adulto: 9 a 20 meses • Durante a picada ocorre a defecação, liberando as formas infectantes (tripomastigotas metacíclicos) Doença de Chagas • Outras formas de transmissão: transfusão sanguínea, transplante de órgãos e ingestão de alimentos contaminados pelas fezes do barbeiro (ex: caldo de cana, açaí). • Doença de Chagas Aguda em SC (2005): Vetor: Triatoma tibiamaculata (barbeiro) Reservatório: gambá Ordem Anoplura Ectoparasitos do Homem - Piolhos Sugadores Cosmopolitas pêlos do púbis Pthirus pubis - piolho do pubis = chato: 1 – 1,5 mm Fitirose ou fitiríase; Pitirose, pitiríase Rickettsia prowazekii: tifo exantemático ou epidêmico Rochalimae quintana (R. quintana): febre das trincheiras Borrelia recurrentis – febre recurrente epidêmica fibras das roupas Pediculus humanus corporis - piolho do corpo, muquirana Pediculose do corpo “doença dos vagabundos” pêlos da cabeça Pediculus humanus humanus (=P. capitis) - piolho: 2 – 3,5 mm Pediculose da cabeça Transmissão de doençasHabitatAgenteParasitose Pediculose • Agentes etiológicos: P. capitis (piolho da cabeça); P. corporis (piolho do corpo ou muquirana) Adultos Ovos (lêndeas) • Presença de antenas • Inseto sem asas • Corpo (achatado dorso-ventralmente): cabeça, tórax e abdome Ciclo biológico: Pediculus humanus ovos ninfa 1 ninfa 2 ninfa 3 adulto Hemimetábolos: metamorfose incompleta Pediculose • Mecanismo de transmissão: Piolho da cabeça: diretamente de pessoa para pessoa Piolho do corpo: transmissão pelas roupas • Patogenia e sintomatologia: reação inflamatória discreta à picada do piolho, com formação de pequenas pápulas pruriginosas P. capitis→ lesões no couro cabeludo P. corporis→ lesões no dorso, axilas, nádegas e coxas Pediculose Diagnóstico • Encontro de ovos (lêndeas) ou os insetos adultos nos cabelos (P. capitis) ou roupas (P. corporis) Deposição de ovos junto à base dos fios de cabelos Adesão decorrente de uma substância produzida pela fêmea Ftirose (Pediculose pubiana) • Agente etiológico: Pthirus pubis (“chato”) • Tórax e abdome com aspecto fusionado • 3 pares de pernas com ganchos • Sem asas Ftirose (Pediculose pubiana) • Mecanismo de transmissão: contato sexual • Patogenia e sintomatologia: irritação mecânica devida à picada do P. pubis, com intenso prurido na região pubiana • Diagnóstico: encontro de P. pubis na região pubiana Ordem Siphonaptera Tungíase • Agente etiológico: Tunga penetrans (pulga da areia, “bicho do pé”) • Tamanho: 1mm (menor das pulgas) • Ausência de asas • Corpo achatado látero-lateralmente • Fronte terminando em ponta aguda Tungíase • Mecanismo de transmissão: penetração ativa da fêmea grávida na pele do homem (principalmente solo plantar, cancanhar e cantos dos dedos) onde ocorre o desenvolvimento dos ovos • Patogenia e sintomatologia: provoca irritação no local que se manisfesta por prurido intenso e “agulhadas”; eventualmente a lesão pode ser foco de infecções bacterianas secundárias (abcessos e supuração) e porta de entrada para tétano e micoses Tungíase Diagnóstico • Inspeção da lesão: pequeno tubérculo como uma ervilha, com um pequeno ponto central característico que é o último segmento abdominal da pulga Vetor da oncocerose S. guianenseSimuliumSimuliidae Vetor do calazarL. longipalpisLutzomiaPhlebotomidae Vetor da elefantiase C. quinquefasciatusCulex NematoceraDiptera Vetor do dengueA. aegyptiAedesCulicidae Vetor de malariaA. darlingiAnopheles ImportânciaEspéciesGênerosFamíliasSubordensOrdem Ordem Diptera Ciclo biológico Holometábolos: metamorfose completa Larvas: aquáticas ou terrestres Adultos: fêmeas hematófagas Anopheles sp Asas com a extremidade arredondadae manchada Anopheles sp • Vetor da malária • Fase sexuada do ciclo do Plasmodium • Espécie mais importante no Brasil: A. darlingi (+ antropofílico) • A. darlingi: hábitos noturnos ou crepusculares • O desenvolvimento de suas formas aquáticas (ovos, larvas e pupas) ocorre em águas profundas (salobra, doce), limpas, pouco turvas e parcialmente sombreadas Aedes sp Asas com a extremidade arredondada: com escamas, sem manchas Aedes aegypti • Principal transmissor da febre amarela urbana e do dengue • Altamente antropofílico • Hábitos diurnos • Vivem no domicílio e peridomicílio humano • Desenvolvimento: água limpa parada (tanques, barris, potes, latas, vasos de flores, caixas de água) Culex sp • Asas com a extremidade arredondada: com escamas, sem manchas • Difere do Aedes pela sua conformação torácica Culex quinquefasciatus • Transmissor da filariose linfática no Brasil • Altamente antropofílico • Hábitos noturnos • Inseto doméstico (mosquito das casas) • Desenvolvimento: água de recipientes artificiais (limpa ou poluída) Lutzomia sp • Insetos pequenos: 2-4 mm • Asas com ponta lanceolada • Não possuem manchas • Vetor da leishmaniose visceral nas Américas • Habita casas em zonas rurais ou periferia de cidades grandes • Atividade crepuscular ou noturna • Tem hábitos zoófilos e antropófilos • Desenvolvem-se em ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica: folhas, raízes e detritos de animais • Os adultos vivem entre 15 e 30 dias Lutzomia longipalpis Simulium sp • Tamanho: 2-4 mm • Cor escura • Pernas e antenas curtas • Asas largas • Aspecto corcunda • Vetor da oncocercose nas Américas • As fêmeas picam a qualquer hora do dia – mais freqüentemente na cabeça e porção superior do tronco • Os ovos são colocados em coleções hídricas de curso rápido, aderidos à pedras (água doce) Simulium sp Classe Insecta • Ordem Diptera Sub-Ordem Cyclorrapha (moscas) Miíases: “Proliferação de larvas de moscas em tecidos vivos” Berne Dermatobia hominis (mosca berneira) Adulto→ mosca com abdome de cor metálica Larva Mecanismo de transmissão: deposição das larvas de Dermatobia hominis na pele do homem e animais através de insetos veiculadores de ovos (pernilongo ou carrapato) Berne • Patogenia e sintomatologia: prurido, “agulhadas” e “ferroadas” no local; tumoração que se assemelha a um furúnculo, com uma pequena abertura com serosidade; podem associar-se ao berne infecções bacterianas secundárias • Diagnóstico: clínico e encontro das larvas nas lesões Bicheira Cochliomyia hominivorax (mosca varejeira) Adulto→ mosca com tórax cor metálica com listras pretas longitudinais Larva Mecanismo de transmissão: deposição direta dos ovos sobre ulcerações e soluções de continuidade do tecido cutâneo Bicheira • Patogenia e sintomatologia: as larvas provocam rápida destruição dos tecidos infectados • Diagnóstico: clínico e encontro das larvas nas lesões
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