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Patrimônio Cultural e Artístico do Centro-Oeste

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Aula 7 – Patrimônio Cultural e Artístico Brasileiro: Região Centro-Oeste
A região Centro-Oeste
Com uma área de 1.610.000 km2, a região Centro-Oeste se localiza no grande Planalto Central brasileiro, em meio a terrenos antigos e vitimados pela erosão. Isso resultou na composição atual de chapadões e depressões que, por exemplo, formaram o Pantanal mato-grossense.
O terreno se divide em Planalto Central, Planalto Meridional e Planície do Pantanal. No Planalto Central, são comuns as chapadas, muitas delas contendo rochas cristalinas. No Planalto Meridional, está a famosa terra-roxa (solos muito férteis), localizada no sul de Goiás e em Mato Grosso do Sul. Na Planície do Pantanal, as altitudes variam entre os 100 metros, o que propicia a inundação da área pelo rio Paraguai e seus afluentes.
Durante os séculos XVII e XVIII, os bandeirantes deram início à ocupação da região. Eles estavam atrás de minérios e de índios que servissem de escravos. Já no século XX, a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília fez com que migrantes de várias partes do Brasil se deslocassem para o Centro-Oeste, em busca de terras mais baratas e de melhores perspectivas de trabalho.
Com o acelerado processo de urbanização, houve a necessidade de os governos criarem espaços delimitados para as diversas tribos indígenas que originalmente habitavam a região. Para tanto, importantes áreas foram destinadas aos índios: o Parque Indígena do Xingu, o Parque Indígena do Araguaia e as reservas dos xavantes e dos parecis.
O estado do Mato Grosso
O estado do Mato Grosso, cuja capital é Cuiabá, foi originado da capitania do Mato Grosso, criada em 1748 pelos portugueses. No início, sua ocupação foi marcada pela exploração do ouro. Já no século XIX, devido à escassez do ouro, a economia centralizou-se em torno da pecuária e da exploração da borracha e da erva-mate.
Atualmente, a Secretaria de Estado do Mato Grosso orienta parcerias para revitalização dos patrimônios históricos e culturais do estado. Há, para tanto, o “Programa Estadual de Recuperação e Revitalização do Patrimônio Histórico do Mato Grosso”, que pretende evitar que referências à identidade e à cultura da região se percam.
O restante dos 60 bens foi tombado pelo estado, sendo a maioria representada por bens materiais.
No Mato Grosso, há também uma importante Unidade de Conservação, criada em 1989: o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, administrado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Trata-se de um parque com uma área de 330 km2.
Quanto ao patrimônio imaterial do estado do Mato Grosso, destacamos a viola-de-cocho. Instrumento artesanal, a viola-de-cocho é muito usada no cururu, manifestação cultural na qual duas violas-de-cocho e um ganzá (reco-reco feito de taquara ou de bambu) acompanham cantos populares. As cordas da viola, a título de curiosidade, costumam ser feitas, utilizando-se as tripas de ouriço-cacheiro.
Mato Grosso do Sul
O segundo estado a ser aqui apresentado é Mato Grosso do Sul, criado em 1977, a partir de um desmembramento do antigo estado do Mato Grosso. Sua capital é Campo Grande e representa um estado com natureza privilegiada, abrigando dois terços da Planície do Pantanal.
O patrimônio cultural e natural sul-mato-grossense está sob proteção do governo federal. No aspecto cultural, há, na parte nordeste do estado, forte influência paulista e mineira, ao passo que, na parte oeste, há influências da cultura pantaneira, com aspectos paraguaios, bolivianos, gaúchos e argentinos. No que se refere a bens tombados pelo IPHAN, destacam-se três: as grutas do Lago Azul e de Nossa Senhora Aparecida (na cidade de Bonito), o Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico da Cidade de Corumbá e o Conjunto de Edificações do Forte Coimbra, também na cidade de Corumbá.
A cidade de Bonito representa um exemplo de exploração sustentável do turismo, pois cuida, com equilíbrio, dos seus aspectos ambientais, econômicos, sociais e culturais. Distante 260 km da capital Campo Grande, Bonito oferece rios de completa transparência devido à grande quantidade de calcário no solo, belas cachoeiras e toda a infraestrutura para que a cidade continue sendo um dos melhores destinos para o ecoturismo no Brasil.
Além disso, o governo estadual do Mato Grosso do Sul realizou os tombamentos da Casa do Artesão de Campo Grande (antigo quartel-general da capital do estado), a Casa de Cultura Luiz de Albuquerque, a Igreja de São Benedito e muitas estações ferroviárias ao longo da Rede Ferroviária Federal.
Estado de Goiás
Trataremos agora do estado de Goiás, cuja capital é Goiânia. Seu clima é tropical semiúmido, com temperatura média na casa dos 23ºC. A vegetação predominante de Goiás é o cerrado, que abriga espécies variadas de peixes e anfíbios, além de capivaras, onças, macacos, tamanduás, seriemas e emas.
No entanto, o ecossistema do cerrado está ameaçado diretamente pelo desmatamento, pelas queimadas e pelo avanço da agricultura e da pecuária. Trata-se, portanto, de um patrimônio natural que requer muita atenção.
Existem cidades que recebem muitos turistas, seja pelo patrimônio natural, seja pelo patrimônio cultural. Em Caldas Novas, por exemplo, os turistas podem usufruir das fontes de águas termais. Já em Pirenópolis (uma das primeiras cidades de Goiás) e em Goiás Velho (cidade colonial com influências deixadas pelos índios, pelos negros e pelos colonizadores), os visitantes têm a possibilidade de entrar em contato direto com a identidade da cultura goiana.
Em Pirenópolis, está localizado outro grande patrimônio de relevância para o estado: o seu Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico. Trata-se de uma cidade fundada por garimpeiros em 1727, em uma posição considerada estratégica, pois representava um entroncamento dos caminhos que interligavam os estados da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Em Goiás, também estão três bens naturais reconhecidos como Patrimônio da Humanidade: as Áreas de Proteção do Cerrado (o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional das Emas), o Centro Histórico da Cidade de Goiás e o Plano Piloto de Brasília.
Goiás representa um estado em que os cidadãos podem sugerir tombamentos de bens. Há, para tanto, a Gerência de Legislação e Tombamento, responsável por receber os pedidos de tombamento e por elaborar seus pareceres técnicos. Com isso, Goiás já conta com dezenas de bens tombados pelo estado – a maior parte concentrada em Goiânia (capital) e na cidade de Goiás.
Patrimônio imaterial de Goiás
No tocante ao patrimônio imaterial, destaca-se a culinária baseada no “pequi” (fruta originária do cerrado e da qual se extrai um óleo, o azeite de pequi). Além da peculiar culinária, Goiás ainda conta com comemorações populares e religiosas, como a Cavalhada, as congadas e a dança de fitas e de mascarados. Sobre a Festa das Cavalhadas, sabe-se que ela foi introduzida no Brasil pelos padres jesuítas, durante a colonização, com fins de catequização dos índios, permanecendo como tradição no estado.
Portanto, inferimos que a fundação das antigas cidades da região Centro-Oeste se deu por causa da procura por ouro e diamantes. Com a criação de Brasília e com a sua função como capital brasileira, os centros históricos daquelas primeiras cidades começaram a ser revitalizados. No entanto, ainda merecem atenção e cuidado os patrimônios naturais e imateriais do estado.

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