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ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 189 associação nacional de hospitais privados associação nacional de hospitais privados anahp anahp anahp associação nacional de hospitais privados anahp anahp anahp ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL Melhores práticas entre as instituições Anahp ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL Melhores práticas entre as instituições Anahp associação nacional de hospitais privados associação nacional de hospitais privados anahp anahp anahp associação nacional de hospitais privados anahp anahp anahp O livro “Organização Assistencial | Melhores práticas entre as instituições Anahp” é resultado do trabalho do Grupo Organização Assistencial Anahp. AGRADECIMENTOS Membros do Grupo de Trabalho Organização Assistencial da Anahp Conselho de AdministrAção Francisco Balestrin | H. Vita Curitiba (PR) Presidente Antônio C. Kfouri | H. do Coração – HCor (SP) Vice-Presidente Eduardo Amaro | H. e Maternidade Santa Joana (SP) Fernando Torelly | H. Sírio-Libanês (SP) Francisco Eustácio Vieira | H. Santa Joana Recife (PE) Henrique Neves | H. Israelita Albert Einstein (SP) José Ricardo de Mello | H. Santa Rosa (MT) José Roberto Guersola | H. Barra D’Or (RJ) Maria Norma Salvador Ligório | H. Mater Dei (MG) Carlos Figueiredo Diretor Executivo Imagens Shutterstock Diagramação Luis Henrique Lopes SãO PAuLO Rua Cincinato Braga, 37 - 4º andar São Paulo - SP 01333-011 Telefone / Fax: + 55 11 3178.7444 anahp@anahp.com.br BRASíLIA SH/Sul Quadra 06, Conjunto A, Bloco E - SALAS 805 e 806 Edifício Business Center Park Brasília - DF 70322-915 Telefone / Fax: + 55 61 3039.8421 brasilia@anahp.com.br A Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp é uma entidade representativa dos principais hospitais privados de excelência do país. Criada em 11 de maio de 2001, du- rante o 1º Fórum Top Hospital, em Brasília, e fundada em 11 de setembro do mesmo ano, a Anahp surgiu para defender os interesses e necessidades do setor e expandir as me- lhorias alcançadas pelas instituições privadas para além das fronteiras da Saúde Suple- mentar, favorecendo a todos os brasileiros. Atualmente, a entidade ocupa uma fun- ção estratégica no desdobramento de temas fundamentais à sustentabilidade do sistema. Representante de hospitais reconhecidos pela certificação de quali- dade e segurança no atendimento hos- pitalar, a Anahp está preparada para fortalecer o relacionamento setorial e contribuir para a reflexão sobre o papel da saúde privada no país. Sobre a ANAhP ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 5 Aos leitores Francisco Balestrin Presidente do Conselho da Anahp Repensar o modelo de gestão nos servi- ços de saúde – ampliando a qualidade dos cuidados, a segurança dos pacientes e o combate ao desperdício - é uma das prin- cipais responsabilidades das instituições de saúde. Na assistência direta aos pacientes - que envolve a maior parte dos profissionais e das ações realizadas nos hospitais - o en- tendimento e o desenvolvimento integrado e eficiente, a fim de garantir o cumprimen- to dos padrões de excelência desejáveis e necessários são premissas fundamentais. Há pouco tempo, as unidades hospitalares eram constituídas basicamente pelas áreas médica, de enfermagem e alguns poucos nutricionistas e fisioterapeutas. Este cená- rio mudou, e vários profissionais foram in- corporados à assistência, o que demanda grande esforço de gestão, para que sejam contemplados os conhecimentos de cada área e respeitados os limites nos papéis de cada um e a sensação construtiva de que todos fazem parte de uma equipe. Tudo isso deve ser realizado dentro de um mo- delo que mantenha o paciente como pon- to central do processo assistencial. O Grupo de Trabalho Organização Assis- tencial é um dos grupos mais jovens da Anahp e nasceu a partir deste novo cená- rio na assistência, com o objetivo central de incentivar a organização do time assis- tencial dos hospitais para assegurar a ex- celência dos serviços prestados, com foco no paciente. Em 2013, o Grupo acumulou um conjunto de experiências, revisões científicas e bus- ca de novas práticas, que resultaram em um primeiro documento com recomenda- ções que, alinhadas, subsidiam a organiza- ção do time assistencial. Hoje, o Grupo de Trabalho Organização Assistencial dá mais um passo importan- te e compartilha com o mercado de saú- de uma série de práticas de sucesso im- plementadas nas instituições membros da Anahp, com o intuito de contribuir com os modelos de organização assistencial das instituições de saúde brasileiras. A Anahp (Associação Nacional de Hospi- tais Privados), desde a sua fundação, tem como premissa a busca constante pela melhoria contínua nos serviços hospita- lares. Neste sentido, o Grupo de Trabalho Organização Assistencial (GTOA), criado em 2012, e constituído por profissionais da equipe multidisciplinar, cumpre um papel extremamente importante na discussão de problemas, identificação de oportunidades e compartilhamento de experiências rela- cionadas à prática assistencial. O objetivo central do GTOA é incentivar a assistência de excelência por meio da orga- nização do time assistencial e de sua prá- tica, colocando sempre o paciente como foco principal de todas as reflexões. Com este horizonte, em 2014 o Grupo pro- pôs recomendações relacionadas à cons- trução de um modelo assistencial com foco no paciente e na família, às competências do time com foco na integração e à matriz de processos com foco na segurança e na divisão do trabalho. Em 2015, influenciados pelos desafios do cenário econômico, temas relacionados à produtividade e desenvolvimento de pes- soas foram recorrentes nas atividades do GTOA. E, em 2016, como fruto desta traje- tória, vários cases foram elaborados pelos associados participantes do Grupo, rela- PreFácio ivana siqueira Coordenadora do Grupo de Trabalho Organização Assistencial (GTOA) tando experiências relacionadas às melho- res práticas do cuidado, produtividade, gestão de pessoas, qualidade e seguran- ça, cultura organizacional e modelos as- sistenciais. Os cases foram cuidadosamente edita- dos para que, de forma clara e objetiva, as boas práticas vivenciadas pelas instituições membros da Anahp pudessem contribuir com o setor. Alinhado aos objetivos estratégicos da Anahp, o Grupo de Trabalho Organização Assistencial tem um importante papel na construção de um modelo eficiente de as- sistência, em que o desperdício e a ocio- sidade devem ceder lugar à eficiência e inovação. Elas devem ser motivadas, cada vez mais, para que soluções com impactos positivos na saúde brasileira sejam imple- mentadas. Para entender melhor o trabalho desen- volvido pelo Grupo de Trabalho ao longo dos últimos anos, sugerimos a leitura do apêndice deste livro de cases, com as Re- comendações para o Modelo de Cuidado Centrado no Paciente. A Anahp espera que com esta publicação, a entidade possa contribuir com a imple- mentação de práticas assistenciais saudá- veis e sustentáveis para as organizações de saúde. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 7 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO CORPO CLÍNICO DO HOSPITAL MÁRCIO CUNHA IMPLANTAÇÃO DA RASTREABILIDADE DE MEDICAMENTOS NO HOSPITAL MÁRCIO CUNHA IMPLANTAÇÃO DE CONTATO PÓS ALTA PELA EQUIPE DE FISIOTERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADEMIA DO CORAÇÃO: UMA ALTERNATIVA EFETIVA PARA LINHA DE CUIDADO PROGRAMAS DE CUIDADOS CLÍNICOS EM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E EM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA MELHORIA DO CUIDADO AO PACIENTE PROGRAMA DE GESTÃO DE PROJETOS: ASSISTÊNCIA EM FOCO 18 22 30 40 34 26 MELHORA NA ADESÃO AO PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO POR MEIO DO ENGAJAMENTO DAEQUIPE DE ENFERMAGEM 14 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA META INTEGRADA DO CUIDADO PELA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 46 SALA HÍBRIDA NEURO: INTEGRAÇÃO DA EQUIPE MELHORA O TEMPO CIRÚRGICO E A TRANSFERÊNCIA DE PACIENTES NA BRAIN SUITE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE MANEJO DA HIPOGLICEMIA ADESÃO AO PROTOCOLO INSTITUCIONAL DE SEPSE ROUND DE SEGURANÇA: INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DE SEGURANÇA OTIMIZAÇÃO DO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO IMPORTÂNCIA DO OSMÔMETRO NA MESURAÇÃO DA OSMOLALIDADE EM PACIENTES HOSPITALIZADOS50 54 62 70 66 58 AUMENTO DA CAPACIDADE VIRTUAL DE LEITOS: MAIOR EFICIÊNCIA ENTRE AS ETAPAS DE ALTA MÉDICA E A DISPONIBILIDADE DO LEITO PARA UMA NOVA OCUPAÇÃO 76 PEQUENOS PASSOS, UMA GRANDE DIFERENÇA: O CASO DA PREVENÇÃO DE QUEDAS MELHORIA NA EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE ADMISSÃO DO PACIENTE CIRÚRGICO ELETIVO COM FOCO NA DIMINUIÇÃO DO ATRASO CIRÚRGICO REESTRUTURAÇÃO DA PASSAGEM DE PLANTÃO: IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA SBAR EFICIÊNCIA OPERACIONAL EM FISIOTERAPIA HOSPITALAR USO DA MATRIZ DE RESPONSABILIZAÇÃO PARA ANÁLISE DE EVENTOS ADVERSOS COMO INSTRUMENTO BALIZADOR NA CULTURA JUSTA PADRONIZAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DE POSOLOGIA MEDICAMENTOSA EM PRONTUÁRIO ELETRÔNICO 80 88 92 96 98 84 IMPLEMENTAÇÃO DA VISITA MULTIDISCIPLINAR DIÁRIA COMO FATOR DE MELHORIA DOS INDICADORES ASSISTENCIAIS E FINANCEIROS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 102 GERENCIAMENTO DO USO DE ANTIMICROBIANOS IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA DO PRONTO- ATENDIMENTO INTEGRAÇÃO DE EQUIPES A SERVIÇO DA QUALIDADE E SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL MODELO DE GESTÃO FOCADO EM RESOLUTIVIDADE DA ASSISTÊNCIA PELA QUALIDADE E SEGURANÇA DO PACIENTE SEGURANÇA DO PACIENTE: UM NOVO OLHAR LINHA DE CUIDADO NEUROLÓGICA 106 110 128 122118 114 ATUAÇÃO DO TIME DE RESPOSTA RÁPIDA EM HOSPITAL DE GRANDE PORTE 132 MELHORA DO PROCESSO DE CONTROLE DO USO DE ANTIMICROBIANOS IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE SEPSE PENSAMENTO LEAN APLICADO AO PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE DOR TORÁCICA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E MÉTODO LEAN SIX SIGMA EM MEDICINA NUCLEAR ESTRATÉGIA DE UTILIZAÇÃO DE UM MÉTODO INOVADOR NA IDENTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS POR MEIO DE EQUIPAMENTO DE ESPECTOMETRIA DE MASSA (MALDI-TOF-MS) COM IMPACTO EM REDUÇÃO DE TEMPO E DE CUSTO 136 144 152148 140 OTIMIZAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DO POOL DE PROFISSIONAIS E CÉLULUA DE CONTROLE UM NOVO MODELO DE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RESULTADO DA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO INSTITUCIONAL DE QUEDA STEWARDSHIP DE ANTIMICROBIANOS EM HOME CARE A IMPORTÃNCIA DA GESTÃO DA QUALIDADE NA ATENÇÃO DOMICILIAR AUDITORIA: O ÊXITO DE UM OLHAR CRÍTICO REDUÇÃO DE TRABALHOS ATRAVÉS DA AUTOMAÇÃO DE LANÇAMENTOS: LUVAS DE PROCEDIMENTOS 156 160 168 178 180172 164 APêNDICE ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 14 INSTITuIçãO: A.C. Camargo Cancer Center (SP) AuTORES: Diana Lima Villela de Castro Isabel Miranda Bonfim Maria das Graças Matsubara EIXO: Assistência MELhORA NA ADESãO AO PROTOCOLO DE PREvENçãO DE ÚLCERA POR PRESSãO POR MEIO DE DE ENGAjAMENTO DA EquIPE DE ENfERMAGEM RESUMO O objetivo principal deste projeto foi aprimorar o conhecimento da equipe de enfermagem frente às medidas pre- ventivas para úlcera por pressão, bem como avaliar se estas medidas estão sendo implementadas corretamente, segundo o protocolo institucional. Como objetivo secundário, o projeto visava a aumentar o número de notifica- ções espontâneas de UP desenvolvidas durante a internação. Foram realizadas auditorias em 2015 e 2016, a partir de 15 elementos selecionados, que serão abordados a seguir. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 15 INTRODUÇÃO A úlcera por pressão (UP) é um evento adverso re- latado no Programa Nacional de Segurança do Pa- ciente (ANVISA), e a sua notificação pelos membros da equipe multiprofissional é fundamental para que a gestão da qualidade tenha conhecimento das lesões desenvolvidas no hospital. Porém, não é possível sa- ber o quadro real de eventos, se a adesão da equipe em notificar espontaneamente não for garantida. Estudo nacional identificou 9 pacientes com UP em uma UTI, sendo que apenas 3 (33,3%) estavam noti- ficados(1); outro estudo nacional em CMC identificou apenas 16,6% de lesões notificadas (6 de 36 UPs).(2) Com o objetivo de promover a adesão ao protocolo de prevenção de UP, bem como garantir a notificação espontânea correta, foi proposta a capacitação para a equipe de enfermagem das CMCs e das UTIs, bem como auditorias setoriais para verificar se o protoco- lo estava sendo implementado. Em auditoria setorial realizada em março de 2015, foi possível identificar adesão ao protocolo de prevenção de UP em 45,06% dos pacientes da CMC e 81,15% dos pacientes da UTI. Para chegar a esses resultados, foram avaliados 15 itens, sendo: (1) Avaliação de Braden, (2) Risco iden- tificado corretamente, (3) Prescrito “Aplicar proto- colo de prevenção UP”, (4) Diagnóstico de enferma- gem “Risco de UP”, (5) Anotação das mudanças de decúbito, (6) Prescrição para mudança de decúbito conforme risco identificado, (7) Prescrição de hidra- tação da pele, (8) Superfície de suporte adequada, (9) Com calcâneos elevados, (10) Uso de película em região sacra, (11) Uso de coxins adequados, (12) Forro na altura do ombro, (13) Paciente e ou acompanhante conhece o risco de UP e medidas preventivas, (14) Colaborador responsável pelo cuidado tem ciência que o paciente esta no protocolo de risco para UP, e (15) Colaborador responsável pelo cuidado sabe identificar as medidas preventivas para UP. OBJETIVO O objetivo principal deste projeto foi aprimorar o co- nhecimento da equipe de enfermagem frente às me- didas preventivas para úlcera por pressão, bem como avaliar se estas medidas estão sendo implementa- das corretamente segundo o protocolo institucional. Como objetivo secundário, aumentar o número de notificações espontâneas de UP desenvolvidas du- rante a internação. METODOLOGIA O “Grupo Oncológico de Pele e Estomas (GOPE)” do AC Camargo Cancer Center é composto por 42 en- fermeiros (CMC e UTI) com expertise em prevenção de lesão de pele, sendo responsáveis pela avaliação das lesões, complicações com estomas, bem como a prescrição de medidas terapêuticas. Em agosto de 2015, esses enfermeiros foram realoca- dos nos setores com a finalidade de serem multipli- cadores das suas equipes frente às medidas preventi- vas, bem como ser a referência do setor para dúvidas e prevenção ativa de UP. Realizou-se também reuni- ões com a equipe multiprofissional para disseminar a cultura de prevenção de pele, com desenvolvimento da “Campanha de Prevenção de UP” na terceira se- mana de novembro de 2015 para todos os colabo- radores. Os gestores das áreas foram convocados para uma reunião com o GOPE, com a finalidade de apresentar as novas atividades de cada integrante em seu setor, bem como tê-los como colaboradores dessa ação. Uma vez por mês o GOPE se reúne para atualizações científicas, discussão de casos clínicos e proposta de melhorias dos processos assistenciais, segundo as dificuldades apresentadas na prática clínica. Nes- sas reuniões, a coordenadora do GOPE os atualizava ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 16 quanto às notificações ativas e a importância de en- volver a equipe de enfermagem na cultura de pre- venção de UP. Em março de 2016 foi realizada uma nova auditoria nas CMCs e nas UTIs, no mesmo modelo da audito- ria de 2015, para verificar se a adesão ao protocolohavia aumentado. Para a auditoria, o estagiário de enfermagem da Educação Continuada identificava os pacientes com risco moderado, risco alto ou risco altíssimo, segundo a avaliação da Escala de Braden (sinalizada no documento diário do enfermeiro), e verificava por meio de registros no prontuário e visita ao leito do paciente as evidências da implementação do protocolo. A amostra foi composta por 20% dos pacientes internados no momento da auditoria. RESULTADOS Foram incluídos 45 pacientes com risco de UP, sen- do 8 pacientes das UTIs e 37 da CMCs. O instrumen- to contendo 15 itens foi aplicado, sendo identifica- da adesão ao protocolo em 79,4% dos pacientes da CMCs e em 89,05% das UTIs, resultando em aumento de 34,34% e 7,9% respectivamente. Ao avaliar a adesão à notificação das UPs, em 2015 o Departamento de Gerenciamento de Risco recebeu 208 notificações relacionadas à UP, sendo 72 de ja- neiro a abril. Nesse mesmo período de 2016 foram notificadas 133 UPs, o que representa 63,9% do total de notificações de 2015 e 84,7% no mesmo período. Como a instituição não possui busca ativa das UPs, e consequentemente desconhece o número real de UPs, é possível concluir que houve um aumento no número de eventos notificados. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 17 DISCUSSÃO Entre os 15 itens avaliados, os que apresentaram maior adesão foram: (15) Colaborador responsável pelo cuidado sabe identificar as medidas preventivas para UP e (8) Superfície de suporte adequada, com 100% de adesão; e (1) Avaliação de Braden, com 97% de adesão. Em 2016, 15 itens de avaliação foram man- tidos, e a (1) Avaliação de Braden alcançou 100% de adesão, e o item (8) Superfície de suporte adequada reduziu para 71,4%. Com 89,3% de adesão, identifi- cou-se os itens (4) Diagnóstico de enfermagem Ris- co de UP e (14) Colaborador responsável pelo cuida- do tem ciência que o paciente esta no protocolo de risco para UP. Ao verificar os itens menos implementados, em 2015 o item “(9)Com calcâneos elevados” obteve 0,0% (zero) de adesão, os itens “(10)Uso de película em região sacra” e “(11)Uso de coxins adequados” tive- ram 12,5% e 15,6% respectivamente. Em 2016, os três REFERÊNCIAS 1. Pinto MJS, Guedes NMS, Bohomol E. Análise dos registros de enfermagem sobre úlcera por pressão em unidade de terapia intensiva. Rev Norte Mineira Enferm 2014; 3(1):33-42. 2. Santos CT, Oliveira MC, Pereira AGS, Suzuki LM, Lucena AF. Indicador de qualidade assistencial úlcera por pres- são: análise de prontuário e notificação de incidentes. Rev Gaúcha Enferm 2013; 34(1):111-118. itens mantiveram-se com menor adesão com 38,5%, 23,8% e 52,9% respectivamente; mostrando melhoria significativa nessas medidas preventivas. Apesar da adesão ao protocolo ter aumentado em 34,34% dos pacientes da CMCs e em 7,9% dos pa- cientes das UTIs, evidencia-se em 100% dos pacientes avaliados com risco de UP a identificação por meio da Escala de Braden. Uma vez que o enfermeiro tem consciência que o paciente possui risco de algum evento adverso, é de sua responsabilidade garantir que as medidas preventivas sejam implementadas. Mesmo com a melhora na adesão, faz-se necessá- rio manter as estratégias gerenciais com auditorias mais freqüentes, comunicando sempre os resultados às equipes e sugerindo melhorias de processo para facilitar a aplicação do protocolo pelas equipes mul- tiprofissionais. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 18 INSTITuIçãO: Fundação São Francisco Xavier - Hospital Márcio Cunha (MG) AuTORES: Adriana Wandekoken Emmanuel Gomes Glaucia Barbosa Juliana Lana Miranda Jussara Cesárea Karolina Nascimben Kenia Coeli EIXO: Modelos de organização do trabalho Maria Lúcia Ferreira Maiara Fagundes Meirilaine Andrade Natália Peixoto Pollyana Almeida Renato Prado Santos Tatiane de Almeida AvALIAçãO DE DESEMPENhO DO CORPO CLíNICO DO hOSPITAL MáRCIO CuNhA RESUMO Ferramenta que permite à instituição mensurar indicadores de qualidade e produtividade de cada uma das clínicas e de cada médico. O sistema se baseia em quatro perspectivas alinhadas ao mapa estratégico da Fundação: Resul- tados (sustentabilidade), Processos Internos (performance clínica e segurança assistencial), Clientes e Parceiros (sa- tisfação do cliente externo) e Pessoas (desenvolvimento profissional). Os resultados obtidos podem ser visualizados em dashboards específicos, criados com tecnologia moderna e visual atraente, informando diversos indicadores. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 19 INTRODUÇÃO O ano de 2014 foi decisivo para o Hospital Márcio Cunha aprimorar processos operacionais e de gestão, ao tomar como meta a conquista da certificação in- ternacional DNV International Accreditation Standard (DIAS). Desenvolvida a partir dos padrões norte-ame- ricanos de segurança assistencial e de infraestrutura, a DIAS é a norma de acreditação hospitalar baseada na National Integrated Accreditation for Healthca- re Organizations (NIAHO), que é formalmente reco- nhecida pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos. O Hospital Márcio Cunha preparava-se então para ingressar no seleto grupo com apenas seis hospi- tais brasileiros a alcançar essa conquista. Nesse amplo processo, uma das demandas traçadas pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX) para que esse objetivo fosse alcançado pelo Hospital, foi instituir no ambien- te hospitalar uma avaliação que pudesse demonstrar o desempenho dos profissionais médicos na assistên- cia ao paciente. OBJETIVOS O Sistema de Avaliação de Desempenho do Corpo Clíni- co busca fortalecer a atuação das clínicas médicas, pro- porcionar análises comparativas e evolutivas do desem- penho, trabalhar o envolvimento e o alinhamento dos médicos à gestão do Hospital Márcio Cunha, fortalecer práticas internas com foco na segurança e na efetivida- de assistencial, além de dar visibilidade ao desempenho individual do profissional e possibilitar sua autocrítica. METODOLOGIA Em 2014, o maior desafio do projeto era implantar uma ferramenta para Avaliação de Desempenho do Corpo Clínico em um prazo máximo de 10 meses, antes da auditoria de certificação internacional DIAS/NIAHO no Hospital Márcio Cunha. Para isso, Diretorias da FSFX e do HMC, Gerência de Assistência e Assesso- ria de Desenvolvimento Estratégico e Qualidade uni- ram forças. Para o desenvolvimento da metodologia, várias reuniões de consenso ocorreram. Nestas reu- niões discutiam-se a metodologia, rol de indicadores destinados aos médicos (tanto indicadores comuns a todo Corpo Clínico como também os considerados de cunho específico das clínicas), critérios de cálculos entre outros. A partir destas reuniões surgiu o projeto piloto com desenvolvimento de um software e partici- pação das clínicas de pediatria e ginecologia, escolhas pautadas pelo grande volume de atendimentos. Como resultado do projeto piloto, definiu-se por uni- ficar os dados de resultados do corpo clínico de for- ma clara e consistente, para que a alta direção visua- lizasse os desempenhos específicos de cada médico, bem como o desempenho da clínica e consequente desempenho geral. Após o segundo teste piloto os parâmetros foram valida- dos. Neste momento, foram entregues os primeiros resul- tados do Desempenho do Corpo Clínico para a Diretoria Executiva, consolidando-se como ferramenta de gestão. RESULTADOS Dentre os resultados obtidos, destacam-se: Maior engajamento do corpo clínico e melhor es- truturação das clínicas, contribuindo com o cresci- mento dos serviços; Maior cuidado com prontuários bem preenchido, como prescrição médica, infecção relacionada à assistência à saúde; Diminuição do cancelamento de consultas; Estímulo à autoavaliação profissional; Feedback dado pelo hospital e pelos colegas, bem como o comparativo com outras clínicas; Maior adesão e aumento no índice de consecuçãode altas hospitalares antes das 11h; Aumento no número de participações em con- gressos e eventos científicos. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 20 Jan Jan Jul Jul 2014 2014 2015 2015 Jan Jan Abr Abr 3 1 1,5 2 2,5 4 5 6 7 Out Out Abr Abr Ago Ago Fev Fev Ago Ago Fev Fev Mai Mai Nov Nov Mai Mai Set Set Mar Mar Set Set Mar Mar Jul Jul Jun Jun Dez Dez Jun Jun Out Out RESULTADO - DISPONIBILIDADE PARA MARCAÇÃO EXAMES RESULTADO - TAXA DE INFECÇÃO HOSPITALAR Avaliação Desempenho Avaliação Desempenho ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 21 DISCUSSÃO Um dos grandes avanços neste processo de avalia- ção de desempenho foi substituir a inserção de da- dos manuais por um método automatizado. A ferra- menta hoje realiza busca dos dados e indicadores de produtividade e qualidade do Hospital Márcio Cunha no sistema de gestão da Fundação São Francisco Xa- vier, dando mais segurança, precisão e agilidade nos processos. Destacam-se também como inovações do software a conectividade de diversas bases de da- dos (planilhas, csv, txt, XML, etc) e a portabilidade, por ter acesso em dispositivos móveis, como tablets e smartphones. O trabalho de Avaliação de Desempenho do Corpo Clínico envolve ainda reuniões mensais entre o supe- rintendente do hospital e os coordenadores das clí- nicas, apresentando os resultados individuais e geral, e propondo planos de ação corretivos sempre que é identificado algum problema nos resultados da clíni- ca/individual. A meta para 2016 é utilizar os resultados da avalia- ção de desempenho para otimização de processos no HMC, além de iniciar um piloto de remuneração médica dentro dos relatórios de desempenho do Corpo Clínico. Outra vantagem é a inovação gráfica da ferramenta, que amplia e facilita a leitura e análise. REFERÊNCIAS Envolvidos: Diretoria Executiva, Superintendência do Hospital Márcio Cunha, Coordenadores de Clínicas e integran- tes do Corpo Clínico. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 22 INSTITuIçãO: Fundação São Francisco Xavier - Hospital Marcio Cunha (MG) AuTORES: Ana Paula Barbosa Diniz Ariane Valeska Vieira Carvalhais de Souza Daniela Aparecida de Carvalho Maria Inês Romano Teixeira Ricardo Souza Menezes Valéria Barbosa Pires Guerra EIXO: Modelos de organização do trabalho IMPLANTAçãO DA RASTREABILIDADE DE MEDICAMENTOS NO hOSPITAL MARCIO CuNhA RESUMO O projeto do Hospital Márcio Cunha (HMC) de dispensação e administração por códigos de barras, utilizando o coletor de dados sem fio Personal Digital Assistant (PDA), nasceu da necessidade de identificar e monitorar o medicamento desde o momento em que é entregue pelo fabricante até a administração ao paciente, reduzindo sensivelmente o risco de ministrar doses ou medicamentos errados a partir da minimização da interferência hu- mana nos processos de checagem e captura de informação. As etapas de desenvolvimento do projeto envolveram revisão dos processos, alterações no sistema informati- zado, aquisição de equipamentos, instalação de rede sem fio e treinamento da equipe envolvida, e implantação. Inicialmente, ocorreu a implantação da rastreabilidade de medicamentos e checagem beira-leito dos pacientes. Para garantir o controle de recebimento, distribuição, dispensação e administração, com dados precisos sobre lotes e validades, a Fundação São Francisco Xavier vem incorporando tecnologia e promovendo mudanças em diversos setores. O resultado se traduz em processos mais eficientes, que conferem mais segurança e qualidade na assistência aos pacientes. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 23 INTRODUÇÃO Não há estatísticas oficiais no Brasil, mas segundo o Ins- titute of Medicine, nos Estados Unidos, mais de sete mil pessoas morrem anualmente e outros um milhão e meio de pessoas sofrem graves danos por erros de medica- ção no país. O projeto do HMC de dispensação e administração por códigos de barras, utilizando PDA, nasceu da necessida- de de identificar e monitorar o medicamento, desde o momento em que é entregue pelo fabricante até a ad- ministração ao paciente, e reduzir sensivelmente o risco de ministrar doses ou medicamentos errados a partir da minimização da interferência humana nos processos de checagem e captura de informação. Antes do projeto ser implantado na farmácia, a dispen- sação de medicamentos passava pelas etapas de pre- paração e dispensação por meio de relatórios impres- sos que sugeriam o medicamento, o lote a ser separado (primeiro que vence), dose e quantidade. Este processo não garantia a segurança e a rastreabilidade dos me- dicamentos, pois o colaborador poderia não seguir as informações contidas no relatório; assim, era necessária uma etapa de conferência que por ser manual não bar- rava todos os erros. Na enfermagem havia o risco de falhas assistenciais, pois a preparação dos medicamentos não era realizada a beira do leito e não havia código de barra na pulseira de identificação do paciente. Além disso, os horários de checagem não eram lançados em tempo real. OBJETIVOS Os objetivos do projeto foram garantir a segurança assistencial na administração de medicamentos, pro- porcionar a rastreabilidade dos lotes, aprimorar o aten- dimento, controlar de forma eficaz o nível de estoque dos medicamentos, e garantir os 9 certos da medicação (paciente, medicamento, via, dose, horário, documenta- ção, ação da droga, forma do medicamento e resposta do paciente). METODOLOGIA O Projeto foi desenvolvido em etapas que envolveram - revisão dos processos, alterações no sistema informa- tizado, aquisição de equipamentos, instalação de rede sem fio, treinamento da equipe envolvida e implantação. Foi criado um grupo de trabalho que estudou e definiu como deveriam ser a rotinas, especificou as alterações do sistema informatizado para adaptação da leitura do código Data Matrix via PDA e decidiu pela implementa- ção do projeto em duas fases, sendo a primeira na far- mácia e em seguida na enfermagem. Os investimentos iniciais foram aquisições dos PDA’s e ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 24 instalações de redes sem fio. Para implantação do pro- cesso na farmácia, foi necessário a unitarização e eti- quetagem dos medicamentos com código de barras e contratação de 4 colaboradores. Foi realizada capacitação de todos os colaboradores para utilização do novo processo. A farmácia passou a dispensar os medicamentos através da visualização da prescrição no PDA e leitura do códi- go de barras utilizando este equipamento. Após finalizar a leitura de todos os medicamentos, o sistema gera uma etiqueta com o código de barras que contém os dados do paciente e, neste momento, retira o medicamento do estoque, registra o lote e lança na conta do paciente. O profissional de enfermagem realiza a leitura do código de barras da etiqueta de identificação da bolsa de me- dicamentos enviados pela farmácia e confere eletronica- mente antes de ser dispensado ao paciente. No quarto do paciente, o medicamento é preparado à beira-leito. Realiza-se a leitura do código de barra da pulseira do paciente e dos medicamentos. Esta ação checa o medicamento, confirma o lote e grava o nome do profissional que realizou o procedimento e hora real em que foi realizado. RESULTADOS A atuação das equipes, aliada à infraestrutura de rede sem fio, possibilitou ao HMC aprimorar a segurança as- sistencial na administração de medicamentos através da implantação da pulseira de identificação do paciente com código de barras; maior segurança quanto ao his- tórico do lote e validade do medicamento, prescrição, dispensação e administração da medicação ao paciente com informação online no PDA; preparação dos medi- camentos beira leito; dupla checagem como sistema, conferindo o que está sendo lido com o prescrito, emi- tindo sinais de alerta através de mensagens para valida- des expiradas, medicamentos, dose ou hora de adminis- tração incorretos. O processo tornou-se mais ágil, pois foram eliminadas etapas de impressão dos relatórios de preparação e dispensação, conferência e registros no sistema; fatura- mento e estorno automático na conta do paciente dos medicamentos não utilizados; processo de leitura à beira leito com o lançamento do horário real da checagem. Houve redução de custos referente à eliminação de 100% de impressões na farmácia devido à visualização direta da prescrição no PDA e um maior controle do es- toque originado por 83% de erros a menos na separação de medicamentos. Assim, a implantação do sistema de rastreabilidade e checagem beira-leito, por meio da leitura do código de barras com tecnologia PDA, permite acompanhar a origem e trajetória dos itens dispensados aos pacientes internados e profissionais envolvidos no processo, por meio de tecnologia de captura, armazenamento e trans- missão eletrônica de dados. É a integração completa e precisa das informações do paciente e da medicação aplicada à prescrição médica e dispensação da farmácia e checagem pela enfermagem. MÉDIA DE ERROS DE DISPENSAÇÃO/MÊS 35 6 Média antes da Implantação PDA Média antes após Implantação PDA ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 25 DISCUSSÃO A rastreabilidade/checagem dos medicamentos beira -leito objetiva a segurança do paciente. Muitas melho- rias no sistema e fluxos de trabalho foram necessárias, e ainda acontecem, como medicamentos administrados em emergência e fracionados. Há indicadores implantados que monitoram a dispen- sação, validade e tempo para administração de medi- camentos críticos. Ações complementares estão sendo avaliadas, como a criação de kits de materiais a serem dispensados com medicamentos e a implantação do painel eletrônico para maior agilidade na visualização e atendimento das novas prescrições. A partir deste projeto outros processos se beneficiam da utilização do PDA, como a cobrança de materiais pela enfermagem e controle de higienização de leitos. Está REFERÊNCIAS ZANETTI.A.C.G.et AL. A medicação prescrita na internação hospitalar: o conhecimento do cliente. Revista cientifica para profissionais da saúde. São Paulo, v.12, n.135, p20-27,2003 em desenvolvimento a checagem/rastreabilidade das bolsas de hemocomponentes, e em análise o projeto que permite a visualização e execução de exames labo- ratoriais e de diagnóstico por imagem. Os desafios têm sido propulsores das nossas conquistas e, novamente, a organização proveu os recursos para realizar as transformações necessárias. A consolidação do projeto de rastreabilidade de medicamentos no Hos- pital Márcio Cunha, que permitiu conhecer o caminho de cada item desde a aquisição até o uso efetivo, exem- plifica a capacidade da instituição de inovação, evitando desperdícios e permitindo mais segurança no cuidado aos pacientes. A ampliação e a modernização do hospi- tal reforçam o compromisso com uma assistência segu- ra e de qualidade. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 26 INSTITuIçãO: Fundação São Francisco Xavier - Hospital Márcio Cunha (MG) AuTORES: Antônio Lourenço Luís Márcio Araújo Ramos Marjory Caroline Andrade Guimarães Mauro Oscar Soares de Souza Lima EIXO: Modelos de organização do trabalho RESUMO Em 2010, o Hospital Márcio Cunha (HMC) identificou, por meio de consultoria independente (parte de uma revisão em seu modelo de gestão), que as ações da organização eram essencialmente focadas na gestão administrativa dos processos hospitalares, sendo necessário voltar o olhar para a assistência. O diagnóstico possibilitou estruturar um Programa Corporativo, onde são estabelecidos projetos estratégicos direcionados ao cuidado ao paciente: o “Assistência em Foco”. A iniciativa visa estruturar ações de melhoria e apurar o reflexo das mesmas no desempenho assistencial do HMC, por meio de indicadores ou dados qualitativos. Em linhas gerais, o Programa possibilitou es- tabelecer protocolos assistenciais, reduzir a taxa de cesárea e o tempo de atendimento médico no pronto-socorro. PROGRAMA DE GESTãO DE PROjETOS: ASSISTêNCIA EM fOCO ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 27 INTRODUÇÃO No ano de 2010, o HMC passou por mudanças em seu corpo diretivo, gerando necessidade de reconheci- mento do modelo de gestão vigente para prover as melhorias necessárias em suas diretrizes e resultados. Como parte integrante desta mudança, uma consulto- ria técnica realizou um diagnóstico da assistência no hospital, apontando a necessidade de buscar assime- tria nas condutas médicas entre clínicas e interclínicas, verticalizar a assistência médica, reavaliar a relação institucional com a categoria médica, adequar as fun- ções das enfermeiras, tendo como foco a assistência, aperfeiçoar soluções para pacientes de longa perma- nência, melhorar a gestão dos centros cirúrgicos e do pronto-atendimento e fortalecer o relacionamento e negociação com o poder público. Estes pontos de atenção foram incorporados a um programa corpo- rativo de gestão de projetos, denominado “Assistên- cia em Foco”, baseado nas premissas do PMBOK, que compreende as fases de iniciação, planejamento, exe- cução, monitoramento e controle e encerramento. OBJETIVOS Alinhar os projetos à estratégia da Instituição; Valorizar a atividade fim e seus profissionais; Buscar maior adesão aos processos de melhoria assistencial; Fortalecer o processo decisório com participação e envolvimento; Resgatar e fortalecer todas as clínicas; Intensificar o canal de comunicação entre os profis- sionais e a Diretoria; Desenvolver “um olhar diferenciado” para a assistência; Assegurar o alinhamento das diretrizes assistenciais (HMC e Usisaúde – Plano de Saúde Próprio). METODOLOGIA A estruturação do modelo de atuação do Programa Assistência em Foco foi construída com base no Guia PMBOK. Na fase de iniciação, foi estabelecida a estru- tura funcional do programa, que conta com: Patrocinador e Líder do Programa, funções ocu- padas respectivamente pelo Diretor Executivo da FSFX e pelo Superintendente do HMC, que tem por responsabilidade acompanhar o desenvolvimento dos projetos e resultados, viabilizar recursos estra- tégicos, realizar “Check Point” (verificação in loco da implantação e consolidação das ações). Apoio da Gestão, ocupado pela Assessoria de De- senvolvimento Estratégico e Qualidade, responsável por garantir a aplicação da metodologia, apoiar o tratamento de não conformidades, garantir a incor- poração de novas práticas ao Sistema de Gestão da Qualidade. Líder de Projeto e sua equipe de trabalho, cuja fun- ção é gerenciar a execução das atividades e recur- sos, e promover os resultados esperados. Ainda na fase de iniciação, os projetos potenciais são inventariados e submetidos a uma avaliação que possibilita identificar aqueles que são estratégicos e prioritários para a assistência. Esse mecanismo avalia, numa escala de 1 a 3, o alinhamento estratégico e be- nefícios, os recursos necessários e os riscos inerentes ao projeto. Ressalta-se que o tempo de execução tam- bém contribui para a sua pontuação. A etapa seguinte configura-se pelo planejamento dos projetos selecionados, sendo então detalhado pela equipe de projeto e aprovado pelo Patrocinador e Lí- der do Programa o escopo, resultados esperados, in- dicadores e metas para o projeto, principais marcos/ entregas, prazos e responsáveis (cronograma), tudo isso baseado na complexidade das ações e recursos necessários à sua implantação. Após aprovação, as equipes de trabalho iniciam a execução do planeja- mento, que consiste no desenvolvimento das ações, visando alcançar o resultado estabelecido. ORGANIZAÇÃOASSISTENCIAL 28 Na sequência, acontece o monitoramento e contro- le das entregas planejadas (ações e resultados), que se dá por reuniões mensais de prestação de contas entre líderes e equipe de projetos e patrocinador, lí- der e apoio do programa. A consolidação das ações implantadas é verificada pelos “Check Points”, visitas não programadas e não informadas, realizada pelo Patrocinador do Programa, Líder do Programa e pelo Apoio da Qualidade. Os registros de não conformida- des são relatados à liderança do projeto para que seja dado o devido tratamento aos desvios encontrados. O último estágio do programa é o encerramento. Um projeto é finalizado quando as metas são alcançadas, uma rotina é estabelecida, ações de bloqueio quanto às não conformidades são promovidas e novas ações decorrentes da intervenção são internalizadas e incor- poradas na rotina do dia-a-dia. Para fortalecer o programa institucionalmente, foi criado um mascote e realizadas diversas ações de comunicação (intranet, email marketing, divulgação da evolução dos projetos em painel de verificação afixado no hall de entrada dos colaboradores, entre outros). RESULTADOS O Assistência em Foco estabelece em média 9 pro- jetos/ano para sua composição, gerando inúmeras melhorias relacionadas às diretrizes estratégicas, à valorização profissional e das clínicas e à qualidade dos serviços prestados. A gestão participativa é uma premissa no HMC. Destacam-se os ganhos mais expressivos nos 6 ciclos do Programa (2010 a 2015). Implantação de mais de 100 protocolos assistenciais e medidas de controle; Adequação do Plano de Atendimento a Catástrofes e integração com os órgãos públicos; Estruturação do Núcleo de Ensino e Pesquisa do HMC e do Serviço de Engenharia Clínica; Implantação da Gestão do Risco Assistencial, Medi- cina Hospitalista, Rastreabilidade de Materiais e Me- dicamentos, DRG, Telemedicina; Avaliação do Sistema de Informação Vigente e aná- lise de viabilidade técnica e comercial para sua subs- tituição; Obtenção da Certificação DIAS/NIAHO; Implantação do processo de cirurgia segura; Adequação das doses de radiação sem comprome- timento da qualidade da imagem; Redução da taxa de cesárea. TAXA CESÁREA SUS TAXA CESÁREA CONVÊNIO 2013 41,84 2013 82,17 2014 40,28 2014 75,96 2015 38,64 2015 74,85 ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 29 Aumento da Satisfação no Pronto-socorro Redução do tempo de atendimento médico no Pronto-socorro DISCUSSÃO O Assistência em Foco estabelece em média 9 pro- jetos/ano para sua composição, gerando inúmeras melhorias relacionadas às diretrizes estratégicas, à REFERÊNCIAS PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. Guia PMBOK 4a Ed. - EUA : Project Management Institute, 2009; ONA (Organização Nacional de Acreditação). Manual das Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde, Versão 2014. Manual Brasileiro de Acreditação – ONA, Volume 1. Brasília: ONA; 2014. valorização profissional e das clínicas e à qualidade dos serviços prestados. A gestão participativa é uma premissa de atuação da gestão no HMC. TEMPO DE ATENDIMENTO MÉDICO CLASSIFICAÇÃO VERDE TEMPO DE ATENDIMENTO MÉDICO CLASSIFICAÇÃO AMARELA TEMPO DE ATENDIMENTO MÉDICO CLASSIFICAÇÃO LARANJA ÍNDICE DE SATISFAÇÃO NO PRONTO-SOCORRO 65 34,67 2012 2013 33,17 2014 34,42 2015 2012 85,82 2013 79,83 2014 79,42 2015 83,42 2016 92,16 19,67 2012 67 2013 63,67 2014 33,70 2015 2012 10,25 2013 10,75 2014 10,58 2015 8,18 ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 30 INSTITuIçãO: Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) AuTORES: Carlos Alberto Monteiro Costa Eduardo Baptista de Almeida Fatima Silvana Furtado Gerolin Juliana Santos Amaral da Rocha Sandra de Fatima Vitti Santos EIXO: Assistência IMPLANTAçãO DE CONTATO PóS ALTA PELA EquIPE DE fISIOTERAPIA: RELATO DE EXPERIêNCIA RESUMO Por acreditar na importância da reintegração do paciente em seu ambiente, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) tem como prática o acompanhamento pós-alta de pacientes que atendem critérios estabelecidos. A partir dos pressupostos descritos na fase de Reintegração e Readaptação do Modelo Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mapeou-se os pacientes que seriam beneficiados com o contato pós-alta realizado pela equipe de Fisioterapia. Após validação da proposta pelo gestor da área, elegeram-se os pacientes em Pós Ope- ratório de Prótese Total de Quadril (PTQ). Um roteiro foi elaborado com perguntas realizadas pelo fisioterapeuta de referência. O processo de contato pós-alta interdisciplinar iniciou em 09 de maio de 2016, com 23 acompanha- mentos pós-alta realizados pela equipe de fisioterapia. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 31 INTRODUÇÃO O processo de cuidar no HAOC ocorre em um am- biente físico e social no qual interagem os profissio- nais da equipe interdisciplinar, pacientes e família, cada qual com suas expectativas e conceitos, consti- tuindo o Ambiente do Cuidado que é sustentado por um referencial teórico que reflete a filosofia da insti- tuição. Um dos referenciais teóricos é o de Dorothea Elizabeth Orem, denominado Teoria do Autocuidado, definida como o desempenho ou a prática de ativi- dades da vida diária que o indivíduo realiza, em seu benefício, para manter a vida, a saúde e o bem-estar1. Sendo assim, pacientes e familiares são educados desde o momento em que se estabelece o plano de cuidados até a alta, quando deverá ocorrer a rea- daptação às rotinas interrompidas e o autocuidado continuado. É, portanto, por acreditar na importân- cia da reintegração do paciente em seu ambiente, que o HAOC tem como prática o acompanhamento pós-alta, onde se elegem pacientes que serão acom- panhados conforme alguns critérios estabelecidos. Este contato é realizado pelo profissional da equipe multidisciplinar de referência, conforme preconizado no sistema “Primary Nursing”2, e os dados são regis- trados no prontuário eletrônico. OBJETIVOS Implantar processo de contato pós-alta pela equi- pe de fisioterapia do HAOC, tendo como premissa a capacitação do paciente ortopédico para o autocui- dado, e proporcionando ao paciente e familiar uma significativa experiência na Instituição. METODOLOGIA Descrição do processo de implantação de contato pós-alta interdisciplinar: relato de experiência. A partir dos pressupostos descritos na fase de Rein- tegração e Readaptação do Modelo Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mapeou-se os pacien- tes que seriam beneficiados com o contato pós-alta realizado pela equipe de Fisioterapia. Após apresenta- ção da proposta para o gestor da área, estabeleceu-se que os pacientes em Pós Operatório de Prótese Total de Quadril (PTQ) seriam eleitos para receber o conta- to pós-alta interdisciplinar. A escolha deste grupo de pacientes ocorreu devido à consolidação de um pro- cesso de orientação e educação para o autocuidado, que ocorre desde o início da internação e, neste caso, estendendo-se até o período pós-alta. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 32 RESULTADOS O contato telefônico é realizado pelo fisioterapeuta de referência, mediante o uso de um roteiro, na uni- dade em que o paciente esteve internado. Caso haja necessidade, outros profissionais da equipe assisten- cial também são acionados. O processo iniciou em 09 de maio de 2016, e 23 pa- cientes atenderam o critério de pós-operatório de PTQ. Não foi possível realizar contato com 2 pacien- tes, devido ao telefone informado não estar correto. Observa-se no gráfico 2 que houve uma dúvida rela- cionada aos cuidados em casa, referente à posição para dormir. No gráfico 3, um paciente solicitou con- versar com outro profissional da equipe. Total de Pacientes com critério paracontato pós-alta 23 21 2 1 2 20 1 2 20 Total de contatos realizados Contatos não realizados Não Não Sim Sim Contato não realizado Contato não realizado Gráfico 1 Total de pacientes elegíveis para contato pós-alta pela equipe de fisioterapia X contato realizados no período de 09/05 a 08/06/16 Gráfico 2 Questão 1 realizada pelo fisioterapeuta: Você possui alguma dúvida em relação aos cuidados com sua prótese para não ter risco de luxação? Gráfico 3 Questão 2 realizada pelo fisioterapeuta: Você tem alguma dúvida que gostaria de esclarecer com algum profissional da equipe multidisciplinar? ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 33 DISCUSSÃO A implantação do processo de contato pós-alta pela equipe de fisioterapia contempla a premissa descrita na fase de Reintegração e Readaptação do Modelo Assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde se descreve o acompanhamento pós-alta, mediante alguns critérios pré-estabelecidos, como uma impor- tante ação que busca apoiar o paciente e a família na readaptação às rotinas habituais, considerando uma nova realidade enfrentada mediante a alta hospita- lar. Assim, acredita-se que um processo seguro de alta hospitalar necessita se estender até o período pós-alta, onde é possível constatar possíveis dúvidas do paciente e de sua família, minimizando eventuais ansiedades e preocupações, e proporcionando uma experiência positiva após sua jornada na instituição. Futuramente, se planeja mapear todos os resultados dos contatos realizados, identificando oportunidades de melhorias no processo de orientação e educação do paciente submetido à cirurgia de PTQ. É fundamental a busca por teorias e embasamento científico que norteiem a prática assistencial da equi- pe interdisciplinar, com foco na qualidade e seguran- ça dos processos pelas instituições de saúde. REFERÊNCIAS 1. Orem DE. Nursing: Concepts of practice. 4. ed. Saint. Louis, Mosby, 1991. 2. Manthey M. A Prática do Primary Nursing. São Paulo. Tradução. 2ª Edição. 2014. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 34 INSTITuIçãO: Hospital Cardiológico Costantini (PR) AuTORES: Alessandro Costantini Costantino Ortiz Costantini Costantino Roberto Frack Costantini Marcia Rangel de Abreu Rafael Michel de Macedo Rodrigo Maingue EIXO: Assistencial RESUMO O Hospital Cardiológico Costantini possui como princípios fundamentais a assistência de excelência, o incentivo à produção técnica e científica e promoção à saúde. Desde a sua fundação, a Instituição realiza ações preventivas, tais como o Clube do Coração (Programa de Heart Care) e a caminhada do coração. Além disso, com objetivo de estabelecer uma linha de assistência foi criada a Academia do Coração. Um espaço intra-hospitalar destinado à prática de exercícios físico por pacientes portadores de doença crônica não transmissíveis, em especial as car- diovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo. Atualmente, centenas de pacientes beneficiam-se deste espaço que contribui para a melhora dos resultados intervencionistas a médio e longo prazos, além de aumentar a sobrevida dos pacientes e fidelizá-los à instituição. ACADEMIA DO CORAçãO, uMA ALTERNATIvA EfETIvA PARA LINhA DE CuIDADO ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 35 INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença cardiovascular (DCV) é responsável por 33% do total de óbitos que ocorrem por ano no mundo1. Somente no Brasil, em 2011 foram registra- das mais de 900.000 mortes em indivíduos acima dos 30 anos. Apesar disso, o número de pacientes com mais de 60 anos que sobrevivem a um evento cardiovascular e necessitam de atenção secundária tem aumentado ano após ano2. Desta forma, a práti- ca do exercício físico regular passa a ser fundamental para a redução da mortalidade e das comorbidades associadas à doença 2,3,4. Com o objetivo de manter a linha de assistência e a continuidade do tratamento após a alta hospitalar, o Hospital Cardiológico Costantini (HCC) criou a Aca- demia do Coração (AC). Uma Academia intra-hospi- talar composta por equipe multidisciplinar, que tem como principal objetivo melhorar a capacidade fun- cional dos seus pacientes mediante a prática de exer- cícios, reduzindo a mortalidade relacionada à DCV. Para tanto, foi necessário construir um espaço espe- cífico, estruturado para prática de exercícios e assis- tência à emergência, associado à criação de uma me- todologia própria de treinamento, fundamentada em conceitos de fisiologia e prescrição clínica do exercí- cio e de periodização do treinamento físico5. OBJETIVOS Melhorar o nível de aptidão física de pacientes co- ronariopatas submetidos a programas de treinamen- to físico supervisionado, e acompanhamento de sua evolução após a alta hospitalar. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 36 METODOLOGIA Para a criação da Academia do Coração foi destinado um espaço intra-hospitalar de 700 m2, composto por: Área de treino cardiovascular para pacientes de baixo e moderado risco, área de treino cardiovascular para pacientes oxigeno dependentes e de alto riso, área de fisioterapia para tratamento das alterações crôni- cas degenerativas articulares que podem prejudicar a adesão ao tratamento, área de treino resistido (mus- culação), sala de avaliação física, sala para teste de es- forço cardiopulmonar, consultório para avaliação nu- tricional, de psicologia e de ortopedia, e uma sala de parada, equipada com monitor desfibrilador, carrinho de emergência com elevador exclusivo de acesso ao atendimento de emergência do Hospital (Figura 01). A figura 02 apresenta a metodologia periodizada da academia, onde os pacientes são submetidos a uma avaliação físico e funcional inicial, sendo repetida após 3 meses de treinamento. Para adequada avaliação de capacidade funcional, os pacientes seguem a seguinte rotina: 1) avaliações periódicas com os seus cardiolo- gistas clínicos; 2) Teste de esforço cardiopulmonar; 3) Teste de composição corporal; 4) Força muscular. Esta metodologia é repetida: na admissão, três meses após o início do treinamento, seis meses após a realização da reavaliação, e um ano após a última avaliação. figura 01: Apresentação da ilustração esquemática da estrutura física da academia do coração. SALA DE PARADA TREINO CARDIOVASCULAR ESPAÇO PACIENTE ALTO RISCO CENTRO REAB . ORTOPEDICA ERGOESPIROMETRIA CONSULTÓRIOS VESTIÁRIOS TREINO RESISTIDO SALA DE TREINO FUNCIONAL E ESPECIALIDADES ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 37 Onde: = data das avaliações; = Semana em que ocorre a progressão da carga de treinamento. Intensidade 1= intervalo entre FC do LV1 + Δ LV2-LV1/2; Intensidade 2 = intervalo entre FC LV2 - Δ LV2-LV1/2; MESES TREINAMENTO RESISTIDO MACROCICLOS OBjETIvOS DO TREINO MICROCICLOS AvALIAçõES INTENSIDADE 1 INTENSIDADE 2 PROGRESSõES DE CARGA SOBRECARGA DE vOLuME (TEMPO DE EXERCíCIO min) TREINAMENTO AERóBICO D u R A ç ã O D O E ST íM u LO ( M IN ) IN TE N SI D A D E & C A R G A T E ST E R M 1 5 92 100 50 90 40 80 30 70 20 60 10 100 50 90 40 80 30 70 20 60 10 6 103 7 114 8 12 MêS 1 SOBRECARGA DE PESO (EM kG) ADAPTAçãO Coord. Neuromuscular MêS 2 fuNDAMENTAL Melhora Limiar anaeróbico MêS 3 ESPECífICO Melhora VO2 pico ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 38 Gordura Corporal (%) Gordura Acima do Ideal (%) Peso em kg Cadeira Extensora (kg) Cadeira Flexora (kg) Supino Reto Triceps Biceps Polia Alta Costa 24,0±3,5 6,7±3,2 85,9±11,7 11,6±5,8 7±3,4 11,2±5,3 7,7±3,8 7,5±2,9 13,6±6,5 21,9±3,6 * 4,8±2,9 * 77,4±9,7 * 19,7±8,7*11,8± 5,3* 17,8±7* 12,7±5,1* 11,2±4* 23,5±9,9* GRuPO GP Pós TABELA 02: COMPARAÇÃO INTRA E INTERGRUPOS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL. TABELA 03: COMPARAÇÃO INTRA E INTERGRUPOS DA FORÇA MUSCULAR. Pré *Diferença significativa intragrupo. *Diferença intragrupo. RESULTADOS As medidas de desfecho deste estudo são: Taxa de adesão (cálculo % entre o número de pacientes que completam o programa, dividido pelo número de pa- cientes que iniciaram o programa, multiplicado por 100), aumento do Vo2 pico (medido de força direta pela ergoespirometria), redução do % de gordura cor- poral (medido pelo protocolo de pregas e circunfe- rências de Faulkner), e aumento da força muscular (medido pelo teste de 1 RM). CFA (% da predita) VO2 pico (ml/kg/min -1) VO2 LV2 VO2 LV1 FC Máxima Atingida FC LV2 FC LV1 Vel. Máxima Atingida (km/h) Vel. LV2 (km/h) Vel LV1 (km/h) % Inclinação Máxima (graus) % Inclinação LV2 (graus) % Inclinação LV1 (graus) Onde: CFA= Capacidade funcional atingida; FC= fre- quência cardíaca; Vel.= velocidade; * Diferença intra- grupo; † Diferença entre grupos. 82,3±12,6 24,3±6 20,9±4,7 15,1±2,8 146±20,6 † 126,0±19,4† 100,1±14,2 7,3±2,4 6,3 ±1,8 4,8 ±1,5 12±5,9 10,9 ±5,3 7,5 ±4,1 95,7±14* † 28,3±7* † 25,1±5,8* † 18,6±4,5* † 149±18,6† 131,9±20,3† 103,6±14,9 8±2,9* 6,9±2* 5,4 ±1,9* 13,2±6,5* 11,9±6,4* 9 ±5,2* TABELA 01: RESULTADOS COMPARATIVOS ENTRE OS TESTES REALIZADOS PRÉ E PÓS TREINAMENTO. GRuPO GRuPO GP GP Pós Pós Pré Pré ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 39 DISCUSSÃO Os principais pontos de atenção deste estudo, são: 1) A taxa de adesão de pacientes foi superior a descrita pela literatura; 2) Os pacientes submetidos ao treina- mento proposto pela nova metodologia da AC melho- raram de forma significativa o VO2 pico, apresentaram redução significativa do % de gordura corporal e au- mentaram de forma significativa a força muscular 4,5,6. Programas de treinamento físico supervisionados, considerados de sucesso, são aqueles que atingem entre 40-50% de adesão. Na Academia do Coração, a taxa de adesão é de 68%. Atribui-se a isto o fato da academia ser intra-hospitalar, o que pode transmitir uma maior segurança ao paciente que, após um even- to cardiovascular, sente-se inseguro em iniciar ou rei- REFERÊNCIA 1. Joliffe JA, Rees K, Taylor RS, Thompson D, Oldridge N, Ebrahim S. Exercise-based rehabilitation for coronary artery disease. Cochrane DatbaseSyst Rev1: CD001800. 2. MANSUR, Antonio de Padua and FAVARATO, Desidério.Mortality due to cardiovascular diseases in Brazil and in the metropolitan region of São Paulo: a 2011 update.Arq.Bras.Cardiol.2012: vol.99: n.2: pp. 755-761. ISSN 0066-782X. 3. Guidelines forcardiopulmonary and metabolic rehabilitation: practical aspectsand responsibilities.Arq. Bras.Car- diol.:2006: vol.86: n.1: pp. 74-82. ISSN 0066-782X. 4. American College os Sports Medicine.Resource manual for guidelines for exercise testing and prescripition. Wolters Kluwer: Lippincoutt Williams and Wilkins, Baltimore (2010) MD: 559-571. 5. Macedo RM. Cardiorespiratoryphysiotherapy. a new concept for the treatment in the hospital phase. Curitiba: Ed. Juruá 2012.ISBN:978-85-362-3918-7. 6. Macedo RM, Faria-Neto JR, Costantini CO, Olandoski M, Casali D, Macedo ACB, Muller AP, Costantini CR, Ama- ral VF, Carvalho KAT, Guarita-Souza LC.A periodized model for exercise improves the intra-hospital evolution of patients after myocardial revascularization: a pilot randomized controlled trial ClinRehabil: 2012:26: 982-989.doi: 10.1177/0269215512439727. 7. Marzolini S, OH PI, Thomas SG, Goodmann JM. Aerobic and Resistance Training in Coronary Disease: Single ver- sus Multiple Sets. 2008. Medicine & Science in Sports & Exercise 1557-1564. DOI: 10.1249/MSS.0b013e318177eb7f . niciar um programa de treinamento físico. Além disso, os pacientes apresentaram aumento do VO2 pico. Esta variável, considerada padrão ouro para definição de capacidade funcional, também é considerada variável de prognóstico e sobrevida. Quanto maior o VO2, maior a sobrevida de corona- riopatas. Sendo assim, os resultados demonstrados por este estudo justificam a ideia de seguir a linha de cuidado após a alta hospitalar com o projeto da Academia do Coração, uma vez que pode auxiliar nos resultados intervencionistas a médio e longo prazos, além de aumentar a sobrevida dos pacientes e fideli- zá-los à instituição6,7. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 40 INSTITuIçãO: Hospital do Coração - HCor (SP) AuTORES: Barbara Reis Tamburim Carolina Padrão Amorim Evandro Penteado Villar Felix Felix Jose Alvarez Ramires Leopoldo Soares Piegas Nathália Cristina Alves Pereira EIXO: Eficiência PROGRAMAS DE CuIDADOS CLíNICOS EM INfARTO AGuDO DO MIOCáRDIO E EM INSufICIêNCIA CARDíACA NA MELhORIA DO CuIDADO DO PACIENTE RESUMO Buscando estratégias para o enfrentamento dos desafios atuais de eficiência e resultados clínicos na gestão da saúde, o Hospital do Coração implantou em 2011 os Programas de Cuidados Clínicos de Infarto Agudo do Miocár- dio com supradesnivelamento do segmento ST e Insuficiência Cardíaca, visando sistematizar o atendimento aos pacientes acometidos por estas doenças, oferecendo um tratamento multidisciplinar especializado por meio de um cuidado integrado e acompanhamento após a alta hospitalar. Para isto foi organizado um grupo de trabalho multidisciplinar, desenhado o escopo de atendimento, desenvolvido protocolos de assistência e capacitados o corpo clínico e equipe multiprofissional da instituição. Dentre os resultados alcançados pós a implantação estão a melhora dos resultados clínicos aos pacientes como redução das taxas de mortalidade, aumento da eficiência dos processos e de adesão aos protocolos clínicos. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 41 INTRODUÇÃO O crescente custo da assistência e da incorporação tecnológica em saúde, concomitante com envelheci- mento populacional e aumento da incidência e pre- valência das doenças crônicas foram alguns fatores motivadores da busca de estratégias para o enfren- tamento dos desafios da necessidade de aumento da eficiência e de melhora dos resultados assisten- ciais. Mediante isto, em 2011 o Hospital do Coração (HCor) implantou dois programas de gerenciamento de doença: Programa de Infarto Agudo do Miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMST) e Programa de Insuficiência Cardíaca Sistólica (IC). Os programas de gerenciamento de doença (dise- ase management programs) enfatizam a prevenção da exacerbação e complicações clínicas por meio da implantação de protocolos baseados em evidência e desenvolvimento de estratégias de empoderamento do paciente sobre sua doença e tratamento. Seu con- ceito se baseia na melhora do cuidado em saúde por meio de um cuidado multidisciplinar integrado, siste- matizado, com consequente melhoria da qualidade de vida e redução dos custos, evitando-se desperdí- cios de tempo e recursos na assistência ao paciente. Trata-se de uma intervenção proativa, com compo- nente educativo para os pacientes e seus familiares e acompanhamento contínuo de sua condição de saúde, principalmente para grupo de pacientes com doenças crônicas e necessidades similares. OBJETIVOS Os objetivos dos programas são padronizar e sis- tematizar o cuidado aos pacientes acometidos por estas doenças e oferecer um tratamento multidisci- plinar especializado, integrado e centrado nos pa- cientes e de acordo com suas necessidades. Permite, também, a avaliação dos processos do cuidado assistencial por meio do monitoramento e acompanhamento de indicadores de qualidade pré -estabelecidos, que auxiliam no desenvolvimento e implantação de planos de melhorias. ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 42 METODOLOGIAOs programas tiveram como embasamento teórico a metodologia dos Programas de Cuidados Clínicos da Joint Commission International (JCI). Para elaboração dos programas de IAMST e de IC foi organizado um grupo de trabalho multidisciplinar (equipe médica, de enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, farmácia clínica, assistência social, entre outras), que desenhou o escopo de atendimento com critérios de inclusão, exclusão, reinternação e elimina- ção, e desenvolveu protocolos assistenciais, além de todo o fluxo de atendimento intra-hospitalar, desde a entrada do paciente até sua saída, e posterior acom- panhamento após a alta hospitalar. Primeiramente, em 2010 foi realizado o levantamen- to de dados retrospectivo e avaliada a aderência às diretrizes da prática clínica e evolução dos pacientes. Os processos de atendimento foram redesenhados e adequados aos pontos de melhorias necessários e apresentados ao corpo clínico e não clínico. fASE 1. Doença e população 2. Diretrizes clínicas 3. Critérios de inclusão e exclusão 4. Profissionais 5. Protocolos de tratamento 6. Modelo do cuidado assistencial 7. Indicadores 8. Dados epidemiológicos pré-programa 9. Custos e orçamento 10. Fontes de financiamento 11. Acompanhamento e monitoramento DESCRIçãO Definir a doença e a população que poderá ser atendida no programa Buscar na literatura as diretrizes de avaliação e tratamento para as diversas categorias profissionais Definir os critérios de inclusão e exclusão do programa Estabelecer as categorias profissionais que farão parte do atendimento Desenvolver protocolos de atendimento e de avaliação para cada uma das categorias profissionais Desenvolver o fluxo de atendimento dos pacientes Definir os indicadores Buscar dados pré-programa, principalmente epidemiológicos e em relação aos indicadores definidos Definir os custos e orçamento necessários para o programa no curto, médio e longo prazos Definir as fontes de financiamento para o programa no curto, médio e longo prazos Definir a forma e implantação de acompanhamento e monitoramento dos pacientes Identificação de doença passível de implantação do programa Avaliação dos Aspectos Epidemiológicos da Doença no Serviço Identificação dos Aspectos Epidemiológicos da Doença no Serviço Definição da equipe multiprofissional Estabelecimento de protocolos clinico-assistenciais médico e multiprofissional Estabelecimento de indicadores e metas assistenciais. fazer benchmarking Treinamento e capacitação da equipe multiprofissional Início do programa ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 43 A escolha dos indicadores para monitoramento e avaliação dos processos e resultados se deu a partir de referências da literatura, e os sugeridos pela bi- blioteca da JCI. Todos os resultados e planos de me- lhorias desenvolvidos e atualização dos protocolos clínicos são divulgados sistematicamente para toda instituição por e-mail, na intranet e nos quadros de gestão a vista. Os pacientes são acompanhados durante toda hos- pitalização, com forte abordagem educativa, e após a alta é realizado o acompanhamento telefônico por um ano, em intervalos específicos estabelecidos para cada tipo de doença. A cada reinternação reinicia-se o processo de acompanhamento em seus intervalos pré-estabelecidos. De 2011 a 2015 foram incluídos 220 pacientes com IAMST e 492 com IC. Estes últimos totalizaram 1299 internações (somado as reinternações), no mesmo período. RESULTADOS A adesão do corpo clínico aos programas no período de 2011 a 2015 foi de 98,7% no Programa de IAMST e de 82% no Programa de IC, isto trouxe uma melhor aderência aos protocolos assistenciais e diretrizes clí- nicas, sendo a taxa de 81% para o Protocolo de IAMST e de 78% para o Protocolo de IC, no ano de 2015 Em 2010, somente 23% dos pacientes tiveram tempo porta balão (TPB) inferior a 90 minutos, com a oti- mização dos processos. Em 2015 81,6% tiveram TPB inferior a 90 minutos (Gráfico 1). Em decorrência da readequação do protocolo assis- tencial, juntamente com ênfase na educação ao pa- ciente com IC, houve aumento do intervalo de tempo para reinternação, sendo de 27,5 dias em 2011 para 168,9 dias em 2015 (Gráfico 2), e diminuição da taxa de mortalidade de 9% em 2010 para 4,7% em 2015. GRÁFICO 1: COMPARATIVO ANUAL DO % DE CONFORMI- DADE DO TEMPO PORTA BALÃO, HCOR, 2010-2015. GRÁFICO 2: COMPARATIVO ANUAL DO INTERVALO DE TEMPO MÉDIO PARA REINTERNAÇÃO EM DIAS DE PA- CIENTE COM IC, HCOR, 2010-2015. 1 23% 77% 45% 55% 56% 44% 74,6% 26,4% 73,7% 26,3% 81,6% 18,4% 2 3 4 5 6 175 150 125 100 75 50 25 2010 2011 2012 Ano 2013 2014 2015 Te m p o m éd io a té r ei n te rn aç ão Tempo porta balão <90min Tempo porta balão >90min ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 44 GRÁFICO 3: TAXA DE MORTALIDADE HOSPITALAR POR IC ENTRE 2010 A 2015 2010 9,0% 3,2% 9,1% 6,0% 4,4% 9,1% 5,0% 4,4% 9,1% 5,0% 4,4% 6,7% 5,2% 4,4% 6,2% 12,6% 4,7% 4,4% 6,6% 12,6% 2011 2012 2013 2014 2015 Mortalidade no programa de IC The Acute Decompensated Heart Failure National Registry (ADHERE) Associação nacional de Hospitais Privados (ANAHP) I Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca - Aspectos Clínicos, Qualidade Assistencial e Desfechos Registros Brasileiros de Insuficiência Cardiáca - Aspectos Clínicos, Qualidade Assistencial e Hospitalares (BREATHE) ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 45 DISCUSSÃO Programas clínicos multiprofissionais especializados proporcionam a oportunidade para revisão do pro- cesso assistencial, maior integração dos profissionais e uma visão sistêmica do cuidado ao paciente. Além disso, a abordagem educativa contínua para os pa- cientes e seus familiares faz com que tenham maior conhecimento sobre sua condição e maior adesão aos tratamentos. A melhora dos indicadores de processo e resultados assistenciais, muitas vezes não se dão imediatamente, mas ao longo do aprendizado e incorporação das práti- cas do gerenciamento de doenças. O aumento da taxa de pacientes atendidos em TPB inferior a 90 minutos e elevadas taxas de adesão aos protocolos em pacientes com IAM, assim como o aumento do tempo para rein- ternação e menores taxas de mortalidade em pacientes com IC, são alguns exemplos disso, com consequente melhoria da qualidade de vida dos pacientes e redução dos custos por complicações e re-hospitalização. Desta maneira, a implantação dos programas clínicos no HCor permitiu, por meio da sistematização do cui- dado em linhas de cuidado específico, sob uma pers- pectiva sistêmica do atendimento as necessidades dos pacientes, acompanhamento contínuo da sua condição de saúde e empoderamento do paciente estimulando o autocuidado, a obtenção de melhores resultados as- sistenciais, agregando valor para o próprio pacientes, à instituição e todo o sistema de saúde. REFERÊNCIAS 1. Albuquerque e cols. BREATHE: Características, Indicadores e Desfechos. Arq Bras Cardiol. 2014; [online]. Dispo- nível em: http://www.arquivosonline.com.br/2015/aop/AOP_6649.pdf. 2. Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Bacal F, Ferraz AS, Albuquerque D, Rodrigues D, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica - 2012. Arq Bras Cardiol 2012: 98(1 supl. 1): 1-33 3. Organização Pan-Americana de Saúde. Doenças crônicas não transmissíveis: estratégias de controle e desafios e para os sistemas de saúde. Ministério da Saúde – Brasília 2011. Disponível em: http://apsredes.org/site2012/wp- content/uploads/2012/06/Condicoes-Cronicas_flavio1.pdf 4. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, Nicolau JC, Mattos LAP, AndradeMD, et al. V Diretriz da Sociedade Brasi- leira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2):1-105 5. Schrijvers G. Disease Management: a proposal for a new definition. Int J Integr Care. 2009 Jan-Mar; 9: e06. Pu- blished online 12 March 2009. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2663707/. 6. Teerlink JR, Alburikan K, Metra M, Rodgers J E. Acute Decompensated Heart Failure Update. Curr Cardiol Rev. 2015 February; 11(1): 53–62. Published online 2015 February. doi: 10.2174/1573403X09666131117174414. 7. Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Observatório ANAHP 2016. 8ª edição. São Paulo SP. I Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca - Aspectos Clínicos, Qualidade Assistencial e Desfechos Registros Brasileiros de Insuficiência Cardiáca - Aspectos Clínicos, Qualidade Assistencial e Hospitalares (BREATHE) ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 46 INSTITuIçãO: Hospital do Coração – HCor (SP) AuTORES: Ana Lucia Capucho Lorena Abrahão Marisa de Moraes Regenga Rita de Cássia Pires Coli Rosana Perim Costa Silvia Maria Cury Ismael Siomara Tavares Fernandes Yamaguti EIXO: Modelos de organização de trabalho RESUMO Identificado ausência da evidência de meta integrada (MI) do cuidado para alinhar o plano terapêutico que até então era proposto individualmente por cada membro da equipe. Para esta finalidade foi implantada Ronda nas unidades de internação (UIs) a exemplo do que já ocorria nas unidades fechadas, e desenvolvido um instrumento para nortear a identificação da MI. Para elaboração do instrumento, foi realizado levantamento bibliográfico com envolvimento e discussão junto às equipes assistenciais para a criação dos critérios e definição de metas men- suráveis; e realizado Workshop com simulação realística para equipe multidisciplinar. Após a implementação do processo e mensuração dos indicadores, observou-se que 80% dos pacientes tiveram meta proposta pela equipe multidisciplinar atingida. PROCESSO DE CONSTRuçãO DA META INTEGRADA DO CuIDADO PELA EquIPE MuLTIDISCIPLINAR ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 47 INTRODUÇÃO O modelo assistencial Cuidado Integrado (CI) esta- belece ação multiprofissional e interdisciplinar, com foco no paciente e família, acolhe e engaja o pa- ciente, respeita seus hábitos e cultura. O paciente é sujeito ativo de seu tratamento, e a partir do plano educacional, é incentivado a participar do seu auto- cuidado.2,5,6 O enfermeiro atua como gestor da equipe, propician- do ambiente colaborativo, respeitando a expertise de cada membro que passa a integrar o time, criando um clima de confiança, e empoderando seus mem- bros na condução do cuidado. Cada membro da equipe realiza a avaliação específi- ca e estabelece prioridades do tratamento que serão norteadoras para definir a MI, em consonância com o desfecho clínico esperado pelo médico responsável, além de propor o plano terapêutico.1,3,4,5 A MI corresponde ao conjunto de ações propostas pela equipe multidisciplinar para o paciente, com tempo de alcance pré-definido, visando suprir as suas necessidades de cuidado. As metas propostas devem ser objetivas e mensu- ráveis, de modo que possibilitem a revisão do plano terapêutico. A discussão, elaboração e reavaliação da MI aconte- cem durante a realização das Rondas nas unidades. OBJETIVO: Aprimorar o modelo de assistência multidisciplinar, já implementado na instituição, de maneira a desen- volver as equipes de cuidado na construção de me- tas integradas com auxilio de um instrumento que direcione a equipe multidisciplinar na construção de metas do cuidado. METODOLOGIA: Foi realizado encontro semanal do grupo de geren- tes assistenciais para identificação das falhas do mo- delo vigente, desenvolvimento de planos de melhoria para integração do cuidado e definição do conceito “Meta prioritária integrada e mensurável”, propondo critérios de inclusão dos pacientes. A partir daí, feito levantamento dos processos sinalizadores que pode- riam contribuir para a definição da meta e desenvol- vimento de um roteiro para auxiliar a equipe multidis- ciplinar no desenvolvimento do raciocínio clínico e na definição de uma MI do cuidado. Proposta a extensão da rotina de definição de MI aos pacientes inseridos nas rondas das UIs após treina- mento da equipe multidisciplinar com “cases” e si- mulação realística. Na sequência, foram construídos indicadores para monitoramento do processo e implantação da rotina na unidade piloto. Após avaliação dos resultados e implantação de ações corretivas, este modelo foi replicado para as demais unidades. Os resultados (indicadores) são apresentados nas reuniões mensais de análise de indicadores institu- cionais (RAI). ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 48 Na Unidade Intensiva Pediátrica e Neonatal obser- vou-se que o indicador obteve resultados próximos às médias obtidas nos anos de 2014 e 2015, à exce- Na Unidade de Terapia Intensiva Adulto os resultados se mantiveram acima da média proposta pelo indicador. (Gráfico 3) GRÁFICO 1: INDICADOR DE META INTEGRADA DO CUIDADO NAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO GRÁFICO 2: INDICADOR DE META INTEGRADA DO CUIDADO NA UNIDADE INTENSIVA PEDIÁTRICA E NEONATAL RESULTADOS: Observou-se nas UIs uma crescente assertividade nas metas propostas comparadas com as médias obtidas nos anos de 2014 e 2015, alcançando em 2016 a superação da meta de 80% proposta para o indicador. (Gráfico 1) ção dos meses de Abril e Maio de 2016, em que o indicador ficou fora da meta. (Gráfico 2) GRÁFICO 3: INDICADOR DE META INTEGRADA DO CUIDADO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO 100 100 94 94 100 100 10091 96 100 86 71 54 82 93 120 100 80 60 40 20 0 100 96 94 90 68 71 Jan/16 Jan/16 Fev/16 Fev/16 Mar/16 Mar/16 Abr/16 Abr/16 Mai/16 Mai/16 2014 2014 Jan/16 Fev/16 Mar/16 Abr/16 Mai/16 2014 2015 2015 2015 120 120 100 100 80 80 60 60 40 40 20 20 0 0 Resultado da meta integrada Meta do indicador Resultado da meta integrada Meta do indicador Resultado da meta integrada Meta do indicador ORGANIZAÇÃO ASSISTENCIAL 49 DISCUSSÃO: Com a implantação da MI foi possível estabelecer maior engajamento e comunicação do grupo nas discussões de casos clínicos nas rondas, a maioria das metas propostas foram atingidas, o plano tera- pêutico integrado foi implantado, e houve melhora na qualidade do planejamento educacional e orien- tação para alta com maior envolvimento do paciente e família. 4,5 Os indicadores com resultados acima da meta pro- posta demostraram crescente habilidade no desen- volvimento do raciocínio clínico pela equipe, possi- bilitando que as metas assistenciais de cada equipe fossem correlacionadas com uma MI para alcance do resultado comum. Na medida em que as equipes se envolveram na construção das MIs, a gestão do cuidado ficou mais eficaz e proporcionou maior autonomia dos profis- sionais na condução da ronda e na tomada de deci- são, propondo ao médico ações que contribuíssem para a melhoria da assistência do paciente e assim buscando a transdisciplinaridade. O monitoramento dos indicadores mostrou a ne- cessidade de revisão da metodologia da coleta nas UIs e que a criticidade das crianças internadas nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal podem interferir no cumprimento da meta proposta. REFERÊNCIAS: 1. DOENGES M.E et al. Diagnósticos de Enfermagem: Intervenções, prioridade e fundamentos. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 2. ISMAEL, S.M.C. O cuidado integrado na melhoria da qualidade da assistência interdisciplinar. In Psicologia Hospitalar: sobre o adoecimento...articulando conceitos com a prática clínica. Silvia Maria Cury
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