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RESUMO “...HOMEM POBRE, MENDIGO, LADRÃO...” Grupo OS SUBVERSIVOS Rodrigo de Almeida Moreira, Rita de Cássia Rolim Xavier, Edjane da Silva Gomes, Cássia Maria Alves da Silva, Almir Rogério S. Silva, Carlos Guedes, Claudiana Maria da Silva, Marluce Maria. Resumo Estudo dirigido do texto “...HOMEM POBRE, MENDIGO, LADRÃO...”, de Leo Huberman, na disciplina de Acumulação Capitalista e Questão Social com a professora Clara Martins. Turma A do 2º período noturno do curso de Serviço Social na Estácio Campus Recife em 14 de agosto de 2014. 1 ÍNDICE 1. RESUMO .............................................................................................................................. 02 1.1. A ELEVADA POPULAÇÃO DE MENDIGOS ............................................................................. 02 1.2. RESUMO VISUAL ................................................................................................................. 02 1.3. A REVOLUÇÃO DOS PREÇOS ............................................................................................... 03 1.3.1. Causas e consequências ............................................................................................... 03 1.3.2. Quem se beneficia e quem sofre? ................................................................................ 04 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 05 3. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 06 2 1. RESUMO A ELEVADA POPULAÇÃO DE MENDIGOS “25% da população de Paris na década de 1630 era constituído de mendigos, e nos distritos rurais seu número era igualmente grande.” É com esse dado que o texto em questão, extraído do livro “A História da Riqueza do Homem” (1936), de Leo Huberman, jornalista e escritor marxista norte-americano, chama a atenção para a elevada população de mendigos na Europa nos séculos XVI e XVII, e passa a analisá-la utilizando-se de elementos históricos, econômicos, políticos e sociais para comentar criticamente causas e consequências. Não obstante citar as guerras como um dos fatores, especialmente a Guerra dos Trinta Anos na Alemanha (1618 – 1648), o autor demonstra como a corrida pela acumulação de capital contribuiu decisivamente para a miséria generalizada vivida na Europa do século XVII. A Idade dos Fugger (também chamada de Idade dos Mendigos) corresponde ao período localizado na Idade Moderna entre os séculos XVI e XVII. Foi assim intitulado pelo próprio Huberman, devido à grande influência dos banqueiros e mercadores, que à época eram quem financiavam as viagens além-mar em busca de riquezas, bem como as guerras. A Família Fugger se destaca pela ampla acumulação de capital, bem como influência na política através de seu poderio monetário RESUMO VISUAL Os quadros que se seguirão irão detalhar de forma esquematizada o esquema abaixo. CORRIDA PELO ACÚMULO DE CAPITAL A Espanha explora os metais preciosos do Peru e México. REVOLUÇÃO DOS PREÇOS Abundância de dinheiro desvaloriza a moeda e eleva os preços QUEM SE BENEFICIOU? 1. Mercadores 2. Arrendatários (despesas fixas) 3. Nobreza latifundiária (no final) 4. Classe dos homens ricos (ascenção política) QUEM SOFREU? 1. Governo 2. Trabalhadores 3. Proprietários de renda fixa 4. Nobreza latifundiária (no início) 5. Camponeses 3 REVOLUÇÃO DOS PREÇOS Causas e consequências CAUSAS CONSEQUÊNCIAS 1) EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPÉIA No século XV, início da Idade Moderna, a Europa via sua economia em crise: o Queda de consumo dos produtos produzidos na zona rural e agrícola; o Dependência da rota comercial do mediterrâneo (mercadores árabes). Os europeus procuraram rotas alternativas para encontrar as Índias (de onde vinham os metais preciosos) e comprar os produtos de forma direta. 2) DESCOBERTA DA AMÉRICA, O MUNDO NOVO A AMÉRICA A Espanha descobre a América do Sul, com todas as suas minas de metais preciosos. RIQUEZA PURA Ao invés de produtos para serem comercializados, a Espanha retorna com quantidades cada vez maiores de riqueza propriamente dita. 3) A ESPANHA EXPLORA OURO E PRATA DO MUNDO NOVO OURO E PRATA A Espanha passa a explorar os metais preciosos (principalmente a prata) do Peru e México, gerando uma grande concentração de dinheiro, primeiramente na Espanha e depois para toda a Europa. 4) REVOLUÇÃO DOS PREÇOS MOEDA DESVALORIZADA A abundância de dinheiro desvalorizou a moeda, diminuindo o seu poder aquisitivo, e, consequentemente, aumentou em toda a Europa os preços de tudo. CUSTO DE VIDA Houve o aumento do custo de vida em proporções assustadoras. ELEVAÇÃO DOS ARRENDAMENTOS A nobreza latifundiária elevou os arrendamentos. Os valores do arrendamento há muito estavam praticamente estacionados. Com a revolução dos preços, o hábito que priorizava a proteção do camponês deu lugar à ambição desmedida dos senhores em arrancar cada vez mais dinheiro de suas terras. Desemprego e os sem-teto subiram vertiginosamente. 4 Quem se beneficia e quem sofre? QUEM SE BENEFICIA? QUEM SOFRE? MERCADORES Embora suas despesas se elevassem, os lucros de seus negócios aumentaram ainda mais. Pagavam mais pelo que compravam, mas cobravam muito mais pelo que vendiam. ARRENDATÁRIOS Outro grupo beneficiado foi o das pessoas cujas despesas permaneciam fixas, mas cujos produtos aumentavam de preço. Os que tinham um arrendamento a longo prazo, sob quantia há muito fixada, e que podiam vender sua manteiga, ovos, trigo, cevada etc., por preços muito maiores. NOBREZA LATIFUNDIÁRIA (AO FINAL) A solução era “arrancar” mais dinheiro das terras. Para isso, tinha duas alternativas: fechamento das terras e elevação dos arrendamentos. FECHAMENTO DAS TERRAS o “Fechamento positivo” – Cercar as terras com pedras ou sebe deu fim ao sistema de campo aberto, o que resultou na melhoria da produção sem atingir a ninguém (iniciou-se na Inglaterra). o “Fechamento negativo” – O preço da lã subiu antes da revolução dos preços. Com isso, os senhores começaram em massa a investir na criação de ovelhas, que demandavam menos mão de obra. Para os senhores era mais dinheiro e para os lavradores pobres mais desemprego. ELEVAÇÃO DOS ARRENDAMENTOS. o Os valores do arrendamento há muito estavam praticamente estacionados. Com a revolução dos preços, o hábito que priorizava a proteção do camponês deu lugar à ambição desmedida dos senhores em arrancar cada vez mais dinheiro de suas terras. GOVERNO Desequilíbrio entre renda e despesa: A renda era fixa, ao passo que as despesas aumentavam sempre. Os problemas monetários lançavam os reis, cada vez mais, nos braços dos homens ricos, que obtiveram muitas concessões nessa época. As revoluções do período, que trouxeram novo poder político à burguesia, estavam intimamente ligadas à revolução dos preços. TRABALHADORES Não obstante o custo de vida aumentar em proporções assustadoras, o salário dos trabalhadores não acompanhou a revolução dos preços. Houve quem “apertou o cinto” com as despesas, quem lutou por salários mais altos e quem virou mendigo. PROPRIETÁRIOSDE RENDA FIXA Enquanto a renda permanecia a mesma, as coisas que podiam comprar subiam de preço, diminuindo assim a sua capacidade aquisitiva. NOBREZA LATIFUNDIÁRIA (NO INÍCIO) As pessoas com rendas fixas proporcionadas pela terra sofreram bastante, já que os preços só aumentavam. O costumeiro pagamento dos arrendamentos em dinheiro substituiu o costume da prestação de serviços e isso não mais se aplicava com a elevação dos preços. 5 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS DESPOVOAMENTO DE ALDEIAS Com a continuação do fechamento das terras e a elevação dos arrendamentos, aldeias inteiras foram evacuadas, com os habitantes expulsos morrendo de fome, roubando ou mendigando na estrada. O MEDO E O INTERESSE DA COROA NOS CAMPONESES A Coroa realmente se preocupava, já que: o O EXÉRCITO O exército era recrutado principalmente entre os camponeses e os pequenos proprietários; o UMA BOA FONTE DE RENDA Os camponeses cujos meios de vida estavam desaparecendo haviam até então pago impostos e eram uma boa fonte de renda para a Coroa. o REVOLTA POPULAR Os grupos de mendigos constituíam um verdadeiro perigo – ocorreram incêndios, derrubadas de cerca, motins etc. LEIS INEFICAZES E O PODERIO DA ELITE Foram aprovadas leis contra o fechamento de terras durante todo o século XVI, no entanto, os senhores normalmente eram os juízes, favorecendo o descumprimento das normas. MUDANÇA DE VISÃO DE MUNDO: UMA VELHA IDEIA A velha ideia de que a terra era importante em relação ao total de trabalho sobre ela executado desapareceu. O desenvolvimento do comércio e da indústria, e a revolução de preços, tornaram o dinheiro mais importante do que os homens, e a terra passou a ser considerada fonte de renda. O importava tão somente era a oportunidade de ganhar mais e mais dinheiro. (DINHEIRO > SER HUMANO) MÃO DE OBRA BARATA E FRAGILIZADA “O movimento de fechamento de terras provocou muito sofrimento, mas ampliou as possibilidades de melhorar a agricultura. E quando a indústria capitalista teve necessidade de trabalhadores, encontrou parte da mão de obra entre esses infelizes desprovidos de terra, que haviam passado a ter apenas a sua capacidade de trabalho para ganhar a vida.” 6 3. CONCLUSÃO O estudo do texto em questão contribuiu para a compreensão dos processos históricos, econômicos e políticos que estão por trás da miséria (re) produzida pelo mecanismo capitalista de produção, que prioriza o acúmulo de capital em detrimento dos direitos individuais e coletivos. Não obstante tratar de uma realidade vivida na Europa há 400 anos, percebe-se uma lógica muito similar de reprodução na atualidade, que vem se reinventando a partir de práticas antigas. Os dados e as reflexões fornecidas pelo texto, mesmo sendo um fragmento, fortaleceram a compreensão do funcionamento do capitalismo. Este, como um sistema que é, é formado por elementos interconectados que formam um todo organizado. Conhecer a sua origem e as ideologias que o fundamental, bem como a natureza e o funcionamento de seus elementos é essencial para pensá-lo criticamente. E não apenas pensá-lo, mas, principalmente, posicionar- se criticamente diante dele, a fim de interferir positivamente nas diversas expressões do perverso mecanismo capitalista. Este propósito torna-se ainda mais urgente quando considerado no âmbito do serviço social, profissão de caráter sócio-político, crítico e interventivo. Compreender o capitalismo e as consequências políticas, sociais, econômicas e culturais advindas significa ter conhecimento de causa para atuar numa realidade complexa na qual o sistema capitalista tem voz imperativa.
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