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Direito Processual Penal - Renato Brasileiro

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROFESSOR RENATO BRASILEIRO
BIBLIOGRAFIA: Eugênio Paccelli de Oliveira; Guilherme de Souza Nucci; Fernando Capez; Denilson Feitosa Pacheco.
INQUÉRITO POLICIAL
1) Conceito: procedimento administrativo inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração da infração penal e de sua autoria, a fim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Quando alguém pratica um delito surge para o Estado o direito de punir, devendo ser realizada uma série de atividades que tem seu início com o inquérito policial para levantar uma série de informações (provas).
2) Termo Circunstanciado de Ocorrência: compreende um procedimento bastante simplificado semelhante a um Boletim de Ocorrência. É cabível em relação às infrações de menor potencial ofensivo, isto é, em se tratando de infrações e crimes de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima não seja superior a dois anos, cumulado ou não com multa, sujeitos ou não a procedimento especial.
Ex.: desacato (pena de deis meses a dois anos).
3) Natureza Jurídica: trata-se de procedimento administrativo, um procedimento preliminar de investigação. A relevância dessa natureza jurídica compreende eventuais vícios constantes do inquérito não afetam a ação penal a que der origem. Ex: Delegado não comunicou a prisão; não expediu a certidão de direitos constitucionais.
Se tivermos uma prova ilícita a prova deverá ser desentranhada dos autos, mas o processo não será nulo.
4) Presidência do Inquérito Policial: o inquérito policial é presidido pela autoridade policial exercendo as funções de polícia investigativa.
Polícia Judiciária é diferente de Polícia Investigativa.
Polícia Judiciária compreende a polícia quando atua auxiliando Poder Judiciário no cumprimento de suas ordens. Ex.: cumprimento de mandado de prisão temporária; cumprimento de mandado de busca e apreensão; etc.
Polícia Investigativa compreende a policia quando atua na apuração de infrações penais e de sua autoria. Ex.: crime de falsificação de moeda (crime federal investigado pela Polícia Federal); etc.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
Quem investiga o crime!
Observar a competência para julgamento do delito.
5) Atribuição da Polícia Investigativa:
Crime de competência da Justiça Militar da União: Forças Armadas através do Inquérito Policial Militar. A autoridade delegante nomeia um encarregado.
Crime de competência da Justiça Militar Estadual: Polícia Militar investiga através do Inquérito Policial Militar.
Crime de competência da Justiça Federal ou Eleitoral: Polícia Federal.
Crime de competência da Justiça Estadual: Polícia Civil.
A Polícia Federal também pode investigar crimes de competência da Justiça Estadual.
As atribuições da Polícia Federal são mais amplas que a competência criminal da Justiça Federal. A própria Constituição Federal comprova tal assertiva.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas (competência criminal da justiça federal), assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (competência da justiça estadual) (Lei 10.446 de 2002).
A Lei Nº 10.446 / 2002, que Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, acerca do tema aduz:
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.
Crime envolvendo Direitos Humanos é, em tese, julgado pela Justiça Estadual.
6) Características do Inquérito Policial: 
6.1) Inquérito policial compreende uma peça escrita. Art. 9, CPP.
Art. 9o  Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Poderia haver a gravação de um inquérito policial através da utilização de sistema áudio-visual.
Alguns doutrinadores já estão trabalhando com o Art. 405, parágrafo primeiro do CPP. Alterado pela Lei 11.719. Regula a fase processual.
“Art. 405.  Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. 
§ 1o  Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. 
§ 2o  No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.” (NR) 
Então, alguns doutrinadores estão sustentando a possibilidade de gravação por método de gravação áudio-visual.
6.2) Inquérito Policial compreende uma peça instrumental: em regra o inquérito é o instrumento utilizado pelo Estado para colher elementos de informação quanto a autoria e materialidade do crime.
6.3) O inquérito é uma peça dispensável. Caso o titular da ação penal tenha peças de informação diversas (Ex: Sindicância, apurações sumárias, etc.) poderá dispensar o inquérito.
        Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba aação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
        § 5o  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
6.4) O inquérito policial é sigiloso: o Art. 20 do CPP aduz:
      Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
        Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. (Incluído pela Lei nº 6.900, de 14.4.1981)
Quem é que tem acesso aos autos apesar dos sigilo: Juiz, MP e advogado.
Constituição Federal Artigo 5:
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Ainda, o Estatuto da OAB regula: examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos (Art. 7º, XIV).
Quando houver quebra de sigilo de dados no inquérito apenas o advogado com procuração nos autos pode ter acesso ao conteúdo do inquérito. Tais dados são ligados a sua intimidade, vida privada.
O advogado tem acesso às informações já introduzidas no inquérito, mas não em relação às diligencias em andamento. Ex.: interceptação telefônica.
Ler informativos do STF e STJ.
STF: HC 82.354 e HC 90.232
Em caso de negativa de acesso aos autos do inquérito policial o remédio constitucional compreende:
enquanto advogado – mandado de segurança. O delegado está privando o advogado do exercício de um direito líquido e certo;
o Habeas Corpus deve ser impetrado em nome do cliente;
Para o STF sempre que puder resultar, ainda que de modo potencial, prejuízo à liberdade de locomoção, será cabível o Habeas Corpus. A liberdade de locomoção de maneira indireta está afetada, visto que não será possível exercer a defesa. 
Foi objeto de questão de prova a quebra do sigilo de dados bancários, a decisão do juiz foi ilegal, pode ser utilizado o habeas corpus. A quebra ilegal pode ser utilizada no processo e, em conseqüência, pode restar prejuízo à liberdade de locomoção. 
6.5) Inquérito policial é inquisitivo: no inquérito policial não há exercício do contraditório e ampla defesa. Quando é colhida a declaração do réu no inquérito policial, bem como a colheita de depoimento das testemunhas, não há necessidade da presença do advogado. Entretanto, a inquisitoriedade do inquérito vem sendo mitigada. Prova compreende o acesso aos autos como um direito líquido do advogado.
Exemplo: Artigo 306, parágrafo primeiro do CPP.
        Art. 306.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007).
        § 1o  Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007).
Na hora de lavrar o APF não há necessidade da presença de advogado.
6.6) Inquérito policial também é informativo: visa a colheita de elementos de informação relativos a autoria e materialidade do crime.
Não se pode utilizar prova dentro do inquérito. Qual é a diferença entre elementos de informação e provas?
Elementos de informação compreendem aqueles colhidos na fase investigatória, que se caracteriza por ser uma fase inquisitorial. Tais elementos de informação não estão sujeitos ao contraditório e ampla defesa. Portanto, qual é a utilidade desses elementos de informação? prestam-se para a fundamentação de medidas cautelares e para a formação da opinio delicti (opinião do titular da ação penal).
Prova: em regra a prova não é produzida na fase investigatória, e sim judicial. Neste sentido, estão assegurados o contraditório e ampla defesa (sistema acusatório, com presença do acusador, acusado e magistrado). 
Agora no Processo Penal também se adota o princípio da identidade física do juiz. Aquele Juiz que presidiu a instrução deve sentenciar. Art. 399, parágrafo segundo do CPP.
        Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
        § 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        § 2o  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Na produção da prova exercer-se-á o contraditório e ampla defesa.
Será que os elementos de informação produzidos na fase investigatório podem fundamentar uma condenação ?
Qual é o valor probatório dos elementos de informação?
Constituição Federal, Art. 5, LV.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Na fase judicial a prova é produzida assegurando-se o contraditório e ampla defesa.
Os elementos de informação que não são produzidos sob a égide do contraditório e ampla defesa podem servir de elemento para na sentença fundamentar a condenação?
Existem duas correntes:
Corrente pro reo: elementos de informação colhidos na fase investigatória não podem fundamentar uma condenação, pois não foram produzidos sob o crivo do contraditório e ampla defesa. Defendida por Auri Lopes Júnior.
Corrente que tem prevalecido nos tribunais: elementos de informação isoladamente considerados não podem fundamentar uma condenação. Porém, não devem ser desprezados, podendo se somar a prova colhida em juízo, servindo como mais um fator na formação da convicção do juiz.
Julgados: STF RE287658 e RE AGR 425734.
        Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Diferenças entre:
a) Provas cautelares: são aquelas em que existente um risco de desaparecimento do objeto em virtude do decurso do tempo. Ex.: interceptação telefônica, busca e apreensão, etc. Na prova cautelar o contraditório é diferido, por isso é chamada de prova e não de elementos de informação.
Quando eu faço a interceptação telefônica de alguém esse alguém não é comunicado. Quando encerrada a colheita da prova as conversas serão degravadas, permitindo a juntada aos autos para que o acusado possa exercer o contraditório diferido (postergado).
b) Provas não repetíveis: são aquelas colhidas na fase investigatória porque não podem ser produzidas novamente no curso do processo. Ex.: exame de corpo de delito de um local de crime; etc. O contraditório é exercido em sua modalidade diferido.
Atualmente há possibilidadede assistente técnico no Direito Penal, mas apenas na fase processual.
c) Provas antecipadas: em razão de sua urgência e relevância são produzidas antes de seu momento processual oportuno, e até mesmo antes de iniciado o processo, porém com a observância do contraditório real. Ex.: Art. 225 do CPP.
        Art. 225.  Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
Tal depoimento antecipado é denominado ad perpetuam rei memorium.
6.7) O inquérito policial é uma peça indisponível: não pode ser arquivado pelo Delegado. Somente o juiz mediante pedido do MP pode arquivar o inquérito.
6.8) O inquérito policial é discricionário: a autoridade policial possui discricionariedade quanto as diligencias a serem realizadas. A autoridade policial a depender do crime ocorrido pode decidir a respeito das melhores diligências probatórias.
Já há julgados no STJ afirmando que como no curso do inquérito pode haver momentos de violência e coação ilegal, é possível que o investigado requeira a oitiva de testemunhas e a realização de exames periciais (STJ HC 69405).
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FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
Devemos tomar cuidado com as espécies de ação penal.
a) Se o crime ensejar ação penal privada o inquérito tem início com o requerimento do ofendido ou seu representante legal.
b) Ação penal pública condicionada: o inquérito tem início está atrelada à representação do ofendido ou de uma requisição do Ministro da Justiça.
c) Ação Penal Pública Incondicionada: o Estado possui ampla liberdade de instauração do inquérito policial, podendo este ser instaurado de ofício; mediante requisição do juiz ou do MP.
A maioria da doutrina entende que não é possível o juiz requisitar a instauração de inquérito policial, visto que tal medida viola a inércia da jurisdição e imparcialidade. 
O MP requisitou a instauração do inquérito o Delegado é obrigado a instaurá-lo? Correntes:
Requisição é sinônimo de ordem, isto é, o Delegado é obrigado atendê-la.
Requisição não pode ser entendida como uma ordem, pois não há hierarquia entre MP e Delegado. O Delegado atende a requisição porque está observando a obrigatoriedade da ação penal pública.
d) Requerimento do ofendido ou seu representante legal: o Delegado é obrigado a atender? Se o Delegado indefere requerimento cabe recurso? Sim, contra o indeferimento do Delegado cabe recurso para o Chefe de Polícia (Art. 5, parágrafo segundo, CPP).
        § 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
Em alguns Estados o Chefe de Polícia compreende o Delegado Geral, Secretário de Segurança Pública e Superintendente da PF.
e) Auto de prisão em flagrante delito;
f) Notícia oferecida por qualquer do povo (delatio criminis).
A chamada delatio criminis anônima ou inqualificada pode ocorrer? O Delegado neste caso deve instaurar o inquérito? O Delegado não deve instaurar de imediato, deve confirmar as informações. Antes de instaurar o inquérito policial deve a autoridade policial verificar a procedência e veracidade da notícia.
É importante saber como o inquérito teve início para a identificação da autoridade coatora.
Autoridade coatora para fins de Habeas Corpus: sempre que o inquérito for instaurado pelo Delegado este será a autoridade coatora. Neste caso, o Habeas Corpus é direcionado ao Juiz de primeiro Grau.
Se por acaso o inquérito tiver tido origem em uma requisição do MP: o promotor de justiça será a autoridade coatora, devendo o Habeas Corpus é o TJ ou TRF.
Já a prisão em flagrante PE um misto de um ato administrativo (autoridade coatora compreende o Delegado – Juiz de primeiro grau julga) e jurisdicional (após a comunicação em vinte e quatro horas e conseqüente homologação do APF, passando o magistrado a figurar no papel da autoridade coatora, devendo o Habeas Corpus ser julgado pelo TJ ou TRF).
NOTITIA CRIMINIS
Conceito: é o conhecimento pela autoridade espontâneo ou provocado de um fato delituoso. Nada mais é do que a notícia do crime.
Espécies: 
notitia crimins de cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. Não ocorre provocação, a autoridade atua de ofício. Ex: PM encontra um cadáver;
notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): a autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de um expediente escrito.
notitia criminis de cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento do fato pela apresentação do indivíduo preso em flagrante.
DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS
O Delegado de polícia tem certa discricionariedade na realização de diligências, entretanto, os Arts. 6 e 7 do CPP, aduzem:
a) preservação dos vestígios deixados pela infração penal (corpo de delito). O exame de corpo de delito agora é feito por um só perito, e não mais por dois (Art. 159, CPP), se o perito for oficial. Caso o perito não seja oficial permanece a exigência de dois peritos.
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.  (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Cuidado com o Art. 1 da Lei 5970 de 1973 – Acidente de veículo envolvendo vítima, para que não haja um prejuízo social, a vítima pode ser removida da forma devida. O objetivo é não haver uma retenção do tráfego.
b) apreensão dos objetos que tiverem relação com os fatos: é o chamado auto de apreensão. Os objetos são apreendidos para futura exibição; necessidade de contraprova e eventual perda em favor da união como efeito da condenação (confisco).
c) colher todas as provas;
d) ouvir o ofendido: o Delegado pode determinar a condução coercitiva do ofendido? Sim, trata-se de peça inquisitiva, podendo o delegado determinar a condução coercitiva.
O Delegado pode obrigar a vítima a se sujeitar ao exame de corpo de delito.
e) interrogatório do investigado: não há o contraditório e a ampla defesa. A presença do advogado não é obrigatória. Para o menor de 21 anos não precisa de curador. O curador coexiste para índios não adaptados e inimputáveis do Art. 26, caput, do CPP.
Cuidado para não confundir o interrogatório policial como o interrogatório que é procedido na fase judicial. O interrogatório judicial foi alterado pela lei 10.792 de 2003, sendo o primeiro momento importante a entrevista prévia com o advogado; também deve o juiz fazer o interrogatório sobre a pessoa do acusado; sobre o fato delituoso; as partes que devem estar presentes tem direito a reperguntas. 
f) o reconhecimento de pessoas e coisas: inicialmente a vítima faz a descrição da pessoa, após se procede o reconhecimento formal;
g) a reconstituição do delito: refazimento da dinâmica do crime.
A constituição assegura o direito ao silêncio (Nemo tenetur se detegere): o acusado não é obrigado a praticar nenhum comportamento ativo que possa prejudicá-lo, isto é, incriminá-lo. Ex.: soprar bafômetro, exame de sangue, etc.
O acusado é obrigado a participar da reconstituição do crime? O acusado não é obrigado a participar da reconstituição do crime por demandar comportamento ativo.
No caso do reconhecimento não envolve comportamento ativo, mas sim passivo, sendo o acusado obrigado a participar do ato.
        Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
        I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
        II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
        III - colher todas as provas queservirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
        IV - ouvir o ofendido;
        V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
        VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
        VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
        VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
        IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
        Art. 7o  Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Envolve dois procedimentos: a identificação fotográfica e datiloscópica.
A identificação criminal é obrigatória? 
A identificação criminal antes da constituição de 1988 era obrigatória. Prova disso compreende a Súmula 568 do STF. A súmula citada é anterior à CF de 88.
Atualmente, não há obrigatoriedade em decorrência do Art. 5, LVIII, o que antes era regra se tornou exceção.
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
A identificação criminal deverá ser prevista em lei para ser procedida. Podemos citar as seguintes leis que regulam o tema:
Art. 109 da Lei 8069 de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
Art. 5 da Lei 9.034 de 1995 (organizações criminosas);
Art. 3 da Lei 10.054 de 2000.
Para o STJ, como a Lei 10.054 de 2000 não dispôs sobre a identificação criminal de pessoas envolvidas com o crime organizado, o Art. 5 da Lei 9.034 de 1995 teria sido revogado.
INDICIAMENTO
Pressuposto: prova da materialidade e indícios suficientes de autoria.
Indiciamento Direto: aquele que é feito na presença do acusado.
Indiciamento indireto: corre quando o indiciado está ausente.
Indiciamento é ato privativo da autoridade policial.
Qualquer pessoa pode ser indiciada: Quem é o sujeito passivo do indiciamento.
Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. 
Exceções: 
Membros do Ministério Público (Lei 8.625 – Lei orgânica do Ministério Público - Art. 41, II).
Membros da Magistratura: não podem ser indiciados. Cópia dos autos são remetidas ao Presidente do Tribunal de Justiça.
Pessoas com prerrogativa de função podem ser indiciadas? Para o STF pessoas com foro por prerrogativa de função não podem ser indiciadas sem prévia autorização do Ministro Relator ou Desembargador Relator.
Até mesmo a instauração de um inquérito policial, no caso de autoridade com foro por prerrogativa de função, não pode ocorrer sem autorização do Ministro / Desembargador Relator (Inquérito 2411).
INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO
O preso não poderia se comunicar com ninguém em razão do que preconiza o Art. 21, CPP:
        Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
       Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)
Teria sido o citado artigo recepcionado pela Constituição Federal? Não, posicionamento majoritário. Se no Estado de defesa, que é o estado de exceção, não se admite a incomunicabilidade, o que dizer em um Estado de Direito (normalidade).
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
(...)
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
(...)
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
Para o professor Damásio e Greco Filho, a incomunicabilidade é possível.
O Regime Disciplinar Diferenciado existe a incomunicabilidade? Agendamento e organização de visitas não significa incomunicabilidade. Ver art. 52 da LEP.
PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Há um prazo quando o indivíduo está preso. 
CPP – indivíduo preso: 10 dias.
CPP – indivíduo solto: 30 dias.
No caso do prazo afeto ao réu solto, 30 dias, o prazo pode ser prorrogado.
No caso do réu preso o prazo de 10 dias não pode ser prorrogado e caso haja um excesso abusivo, a prisão deve ser relaxada, sem prejuízo da continuidade do processo.
Como se dá a contagem do prazo? Em se tratando de prazo penal o dia do início é contado. Já em se tratando de prazo processual penal o dia do início não é contado. Em se tratando do inquérito do réu solto o prazo compreende um prazo processual penal, excluindo-se o dia do início. Em se tratando de réu preso há duas correntes: há uma corrente que entende que em se tratando de réu preso tal prazo tem natureza penal. A contrário sensu, outra corrente entende que tal prazo é processual.
Temos algumas leis especiais, extravagantes, com prazo diferenciado:
Código de Processo Penal Militar: prazo de 20 dias para o réu preso e 40 dias para o réu preso. 
Lei de Drogas: réu preso- 30 dias e réu solto 90 dias. Esses prazos podem ser duplicados.
Justiça Federal: réu preso 15 dias; réu solto 30 dias. Esses prazos podem ser duplicados.
Lei da Economia Popular (Lei 1.521/51): prazo de 10 dias para o réu preso ou solto.
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
A conclusão do inquérito policial ocorre com a confecção do denominado Relatório.
A autoridade policial deve confeccionar o Relatório que compreende uma peça descritiva: diligencias realizadas, resumo dos depoimentos, diligencias que não puderam ser concretizadas. 
Pode o Delegado exarar um juízo de valor no Relatório? Não é necessário um juízo de valor a ser exarado pela autoridade policial, em razão de tal medida ser atribuição exclusiva do titular da ação penal.
Em qual hipótese o Delegado é obrigado a um juízo de valor? Em se tratando de drogas a autoridade policial deve esclarecer porque enquadrou a conduta em tráfico de drogas ou simples consumo. Vide Art. 52 da Lei de Drogas.
O Relatório é uma peça indispensável? Não, visto que até mesmo o próprio inquérito policial pode ser dispensado.
Concluído o inquérito policial para onde os autos são remtetidos? Em conformidade com o Art. 10, parágrafo primeiro, do CPP os autos são remetidos ao juízo competente.
        Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
        § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
Em alguns Estados há portarias de tribunais que determinam a remessa do inquérito ao Ministério Público.
De acordo com o CPP a remessa do inquérito é feita ao juízo competente, mas em alguns Estados coexistem Portarias ou Resoluções dos tribunais de justiça determinando que a remessadeve ser feita ao Ministério Público (Centrais de Inquérito).
Ao receber os autos do inquérito o magistrado deve adotar as seguintes medidas:
Crime de ação penal pública: os autos são remetidos ao MP;
Crime de ação penal privada: autos ficam em cartório aguardando a iniciativa da vítima.
VISTA AO MP
O MP após receber os autos deve adotar qual medida?
a) Oferecer a denúncia;
b) Requerimento de diligências complementares, somente se estas diligências forem indispensáveis ao oferecimento da denúncia;
        Art. 16.  O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
E se o magistrado indefere o pedido de diligencias? Não, caso o magistrado indefira o pedido de devolução dos autos à autoridade policial pode o MP pugnar pela correição parcial e requisição direta do MP à autoridade policial (Art. 13, II, CPP).
        Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial:
(...)
        II -  realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
c) Arquivamento do Inquérito Policial;
d) Alegação de incompetência do juiz, requerendo a remessa dos autos ao juízo competente.
e) Suscitar conflito de competência ou conflito de atribuição.
CONFLITO DE COMPETENCIA
Compreende um conflito que irá se estabelecer entre órgãos do Poder Judiciário.
Pode ser um conflito de competência positivo ou negativo.
Conflito de competência positivo: duas ou mais autoridades judiciárias consideram-se competentes para apreciar o caso concreto.
 Conflito negativo: duas ou mais autoridades se consideram incompetentes para julgar o caso concreto.
Quem é que decide um conflito de competência: órgão que integra a estrutura do Poder Judiciário de hierarquia superior ao órgãos envolvidos no conflito.
Exemplo: Juiz Estadual de São Paulo x Juiz Estadual de São Paulo = TJSP;
Juiz Federal do MS x Juiz Federal de São Paulo = tanto o Estado do MS e SP estão dentro do jurisdição do mesmo TRF da Terceira Região, sendo este o órgão competente para solucionar o conflito.
Juiz Federal do MS x Juiz Federal do Amazonas = o Estado do MS e AM não estão dentro da jurisdição do mesmo TRF sendo o conflito solucionado pelo STJ.
STM x Juiz Federal do RJ = Sempre que envolver um Tribunal Superior, quem decidirá o conflito compreende o STF (CF, Art. 102, o).
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
Conflito de Competência entre Juizado Especial e Juízo Comum é julgado pelo STJ. Súmula 348 do STJ.
CONFLITO DE ATRIBUIÇÃO
Compreende uma divergência estabelecida entre órgãos do MP acerca da responsabilidade para a persecução penal.
Qual autoridade tem competência para solução do conflito de atribuição? 
MP SP x MP SP = Procurador Geral de Justiça.
MPF SP x MPF MG = quem decide é a Câmara de Coordenação e revisão do MPF, com recurso para o Procurador Geral da República.
MP SP x MP RS = Supremo Tribunal Federal.
MPF MG x MP MG = Supremo Tribunal Federal.
Os dois últimos se fundamentam no Art. 102, Art. 1,f, da Constituição Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
STF Pet 3528 e PET 3631.
CONFLITO VIRTUAL DE JURISDIÇÃO OU COMPETENCIA
Compreende um possível conflito entre os juízes perante os quais atuam os Membros do MP em conflito de atribuições.
Exemplo: MP SP x MP MG (conflito de atribuições) = Supremo Tribunal Federal decidirá. Caso os dois promotores resolvam atuar, peticionarão aos juízes de São Paulo e de Minas Gerais.
Trata-se de um conflito de atribuições se convolando em um conflito de competência.
Nesse caso órgão responsável pela solução da controvérsia compreende o STJ.
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL.
a) Natureza jurídica do arquivamento: o CPP ao se referir ao arquivamento aduz:
        Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
        I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
Será que o arquivamento compreende um mero despacho? Não, o arquivamento do inquérito policial compreende uma decisão judicial. O arquivamento somente pode ser procedido pelo Juiz mediante pedido do MP.
b) Fundamentos que autorizam o arquivamento do Inquérito Policial: 
- em razão da atipicidade formal ou material da conduta;
- excludentes da ilicitude;
- excludente da culpabilidade, salvo a inimputabilidade;
- causa extintiva da punibilidade;
- ausência de elementos informativos quanto à autoridade e materialidade.
Na dúvida da existência de tais elementos o MP deve oferecer a denúncia.
C) Coisa Julgada: ocorre quando a parte não recorre e, ainda, quando o interessado recorre e o recurso não seja conhecido ou o Tribunal negue provimento ao recurso.
Espécies:
coisa julgada formal: compreende a imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida. A decisão já não pode mais ser alterada dentro do processo em que essa decisão foi proferida, nada impedindo a impetração de nova ação.
coisa julgada material: é a imutabilidade da decisão fora do processo no qual a decisão foi proferida.
O arquivamento faz coisa julgada formal e material sempre? O arquivamento faz coisa julgada forma e material nas seguintes hipóteses: atipicidade, excludentes da ilicitude e culpabilidade e causas extintivas da punibilidade.
Quando o arquivamento só faz coisa julgada formal? O arquivamento por ausência de elementos informativos somente acarreta em coisa julgada formal.
Arquivamento por ausência de elementos informativos: somente acarreta em coisa julgada formal. A decisão pelo arquivamento de falta de elementos informativos é tomada com base na cláusula “rebus sic stantibus”, isto é, modificado o panorama probatório dentro do qual foi proferida a decisão, nada impede o oferecimento de ação penal (denúncia em desfavor do acusado). A denominada prova nova compreende aquela substancialmente inovadora, ou seja, aquela capaz de produzir uma alteração do contexto probatório. 
Alguns doutrinadores fazem diferenciação entre forma substancialmente nova e prova formalmente nova.
Prova substancialmente nova: é a prova inédita, ou seja, aquela que estava oculta ou inexistente quando do arquivamento. Ex: arma utilizada para a prática do crime que é localizada após o arquivamento do inquérito.
Prova formalmente nova: compreende aquela que já era conhecida e até mesmo já fora utilizada pelo Estado, mas que ganhou nova versão. Ex: oitiva de testemunha que estava sendo ameaçada e após revela este fato alterando o conteúdo de seu depoimento, etc.
Qual a diferença entre prova nova e nova prova? Nenhuma, trata-se da mesma coisa.
Desarquivamento: Súmula 524 do STF.
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
O desarquivamento tem como pressuposto a notícia de prova nova.
No momento do início da ação penal não bata a notícia de prova nova, faz-se necessária a existência efetiva de prova nova.
O inquérito policial é desarquivado por determinação do juiz mediante pedido da autoridade policial ou MP.
PROCEDIMENTO DO ARQUIVAMENTO
a) Procedimento do arquivamento na Justiça Estadual: O MP dirige ao magistrado um pedido de arquivamento.
O magistrado, então, concorda com o arquivamento do inquérito policial; não concorda com o pedido de arquivamentoe determina 
Pode o juiz discordando do pedido de arquivamento determinar a realização de outras diligências? Não, em razão do princípio da inércia da jurisdição. O magistrado deveria aplicar o Art. 28 do CPP remetendo os autos ao Procurador Geral de Justiça.
O Procurador Geral de Justiça pode requerer diligências, oferecer denuncia; designar outro órgão do MP para o caso (caso pudesse haver designação do mesmo órgão haveria violação da independência funcional) e, ainda, insistir no pedido de arquivamento (nesse caso o juiz está obrigado a aceitar o pedido de arquivamento).
O outro órgão do MP atuará como uma longa manus (delegação) do Procurador Geral de Justiça, não podendo invocar a independência funcional para não oferecer a denúncia.
        Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Quando o magistrado aplica o Art. 28 como se denomina esse princípio? O magistrado age acobertado pelo princípio da devolução. É aplicado quando o juiz devolve a apreciação do caso ao chefe do MP, ao qual compete a decisão final sobre o oferecimento ou não da denúncia.
O juiz exerce uma função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade.
b) Arquivamento no âmbito do Distrito Federal e Distrito Federal: O Procurador da República faz o pedido de arquivamento ao Juiz Federal.
O magistrado pode concordar com o arquivamento ou discordar do arquivamento remetendo os autos à denominada Câmara de Coordenação e Revisão do MPF que opina acerca do procedimento, sendo a decisão final do Procurador Geral da República.
c) Justiça Militar da União: O MPM remete o pedido de arquivamento ao Juiz-auditor que pode discordar do pedido e, por conseguinte, remete os autos à Câmara de Coordenação e Revisão do MPM (órgão consultivo), permanecendo o poder decisório ao Procurador Geral da Justiça Militar (decisão). Entretanto, se o Juiz-auditor concordar com o arquivamento deve remeter os autos para o Juiz-auditor Corregedor que, em aquiescendo esta autoridade com o arquivamento, determina o efetivo arquivamento.
Entretanto, se o Juiz-Auditor Corregedor discordar do arquivamento pode interpor uma correição parcial ao Superior Tribunal Militar.
Se o STM der provimento à correição parcial os autos são remetidos à Câmara de Coordenação e Revisão do MPM, sendo ouvido o Procurador Geral de Justiça Militar.
Para a pouca doutrina do processo penal militar essa interposição do recurso pelo juiz-auditor corregedor viola o sistema acusatório.
d) Procedimento do arquivamento na Justiça Eleitoral: Na justiça eleitoral não existe o cargo de promotor de justiça eleitoral. Quem exerce tal munus compreende o promotor de justiça eleitoral.
Se o MP SP requisita arquivamento ao Juiz Estadual e este por sua vez não concorda com o arquivamento, para onde os autos serão remetidos? Serão remetidos ao procurador regional eleitoral (trata-se de membro do MPF que atua exercendo função no Tribunal Regional Eleitoral).
e) Procedimento do Arquivamento nas hipóteses de atribuição do Procurador Geral (de Justiça ou da República):
Um Deputado Federal está sendo investigado, caso a acusação seja procedente, será julgado pelo STF. 
O Procurador Geral entende que é caso de arquivamento. O Procurador Geral terá que submeter tal procedimento à apreciação do STF? Não, no caso de atribuição do Procurador Geral de Justiça, a decisão deixa de ser judicial e passa a ser administrativa. 
Nesse caso, o arquivamento será uma decisão administrativa do PGJ ou do PGR. 
Quando se tratar de hipóteses de atribuição originária do PGJ ou quando se tratar de insistência de arquivamento na forma do Artigo 28 do CPP.
Portanto, nessas hipóteses não é necessário que o PGJ ou PGR submeta sua decisão ao Poder Judiciário. (STF Inquérito 2054 e também STJ HC 64564).
Se a decisão de arquivamento é atribuição do Procurador Geral de Justiça, cabe pedido de revisão ao Colégio de Procuradores.
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
Doutrina do Professor Afrânio da Silva Jardim.
Ocorre o arquivamento implícito quando o titular da ação penal deixa de incluir na denuncia algum fato investigado (arquivamento implícito objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento implícito subjetivo), sem expressa manifestação ou justificação desse procedimento.
Este arquivamento consuma-se quando o juiz não se pronuncia na forma do Artigo 28 do CPP, com relação ao que foi omitido na peça acusatória.
Esse arquivamento implícito não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência. Argumentam que o arquivamento depende de decisão fundamentada.
ARQUIVAMENTO INDIRETO
Ocorre quando o magistrado, diante do não oferecimento de denúncia pelo MP, por razões de incompetência jurisdicional, deve receber tal manifestação como se tratasse de um pedido de arquivamento, remetendo os autos ao Procurador Geral caso discorde do pedido de arquivamento.
RECURSOS CABIVEIS NAS HIPÓTESES DE ARQUIVAMENTO
Em regra, a decisão de arquivamento é irrecorrível.
Cabe ação penal privada subsidiária da pública diante do arquivamento? Não, a ação penal privada subsidiária somente é cabível em caso de inércia do MP.
Diante do arquivamento não cabe ação penal privada subsidiária da pública.
Exceções: Nos casos de crimes contra a economia popular ou saúde pública, existe previsão de recurso de ofício. Ainda, nas contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo, cabe Recurso em Sentido Estrito. Enfim, se o juiz arquiva inquérito de ofício é cabível correição parcial.
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
No momento do arquivamento o que ocorre é o pedido do MP dirigido ao Juiz.
Pode ocorrer que o paciente, vítima de um constrangimento ilegal (por exemplo, cola eletrônica com conseqüente abertura do inquérito policial), impetre um habeas corpus buscando o trancamento do inquérito.
O trancamento do Inquérito Policial é medida de natureza excepcional, somente sendo possível quando não houve qualquer dúvida sobre a atipicidade da conduta, presença de causa extintiva da punibilidade ou até mesmo a ausência de justa causa.
INVESTIGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
A resposta acerca desta questão deve ser vinculada ao tipo de concurso que estamos prestando, pois cada banca, dependendo do concurso, é contrária ou favorável a realização de investigação pelo MP.
Argumentos Favoráveis:
- Teoria dos Poderes Implícitos: essa teoria, como outras teorias do processo penal, como outras teorias, tem origem na Suprema Corte Americana, num procedente conhecido como McCullock Vs. Maryland. Esta teoria consiste em: a constituição a conceder uma atividade fim a um determinado órgão ou instituição, implícita e simultaneamente concede a ele todos os meios para atingir àquele objetivo, ou seja, se o MP é o titular da ação penal, ele teve ter os meios para realizá-la da melhor forma;
- Procedimento Investigatório Criminal (PIC): é uma realidade em todo os ministérios públicos. É um instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurando e presidido por um órgão do MP, com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, fornecendo elementos para o oferecimento ou não da peça acusatória. Este conceito de PIC consta da Resolução n.º 13 do CNMP.
- Importante é frisar novamente: Polícia Judiciária é a policía quando atua no cumprimento de ordens do poder judiciário (exclusiva da Polícia Federal e Civil); Polícia Investigatória: Polícia que realiza investigações acerca de delitos.
Argumentos Desfavoráveis:
- Atenta contra o sistema acusatório:entende-se que averia um desiquilibrio entre a acusação e a defesa;
- O MP não pode presidir o inquérito policial: não há previsão legal e instrumento apto para a investigação. Outo ponto é que o inqueríto policial é privativo dos delegados de polícia.
- A atividade policial exclusiva: cabe a Polícia Civil e Polícia Federal o exercício da atividade de polícia judiciária;
- Art. 129 da CF: o MP, caso queira realizar alguma diligência investigatória, poderá requisitá-las e requisitar a instauração de ínquérito policial.
Posição Jurisprudencial Atual
No âmbito do STJ a questão é pacífica (Súmula 234/STJ), pois este Tribunal autoriza a investigação realizada pelo MP.
No STF devemos voltar um pouco no tempo, pois no HC 81326/03, ele se manifestou contrário à investigação pelo MP. Já no Inquérito 1968, o STF em votação realizada, ficou em 3x1. Por último no HC 93.224, o STF manifestou-se favoravelmente à investigação pelo MP de suspeito titular de foro por prerrogativa de função. Outros dois julgados importantes: RE 464.893 - o STF entendeu como válido o oferecimento de denúncia com base em inquérito civil presidido pelo MP; HC 84.548, onde o tema está sendo decidido, e o STF dará uma decisão definitiva sobre o tema, havendo uma tendência a se autorizar a investigação pelo MP.
AÇÃO PENAL
CONCEITO
É o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto.
2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO
a) A doutrina aponta que a ação penal é um direito público, no sentido de que a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Por isso, é que quando dissemos Ação Penal Privada, consideramos essa expressão infeliz, sendo o ideal é utilizar Ação Penal de Iniciativa Privada;
b) É direito subjetivo, pois o titular tem o direito de exigir do Estado a prestação jurisdicioanl;
c) É direito autônomo, pois não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;
d) É um direito abstrato, pois independe da procedência ou improcedência do pedido. Assim, mesmo que julgado procedente ou improcedente o direito de ação terá sido exercitado;
e) É direito específico, porque se vincula a um caso concreto, não podendo ser iniciada ação penal sem os elementos concretos necessários.
3. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
Apesar de autônomo e abstrato, o exercício do direito de ação exige o implemento de determinadas condições:
3.1 Condições Genéricas
Condições que deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal. A doutrina majoritária importa as condições do processo civil. São elas:
a) Possibilidade Jurídica do Pedido: O pedido formulado, deve encontrar amparo no ordenamento jurídico. Ex.: Denúncia contra menor de 18 anos, requerendo penal de restrição de liberdade não encontra amparo no ordenamento jurídico.
b) Legitimidade para Agir: Também conhecida como legitimatio ad causam, que consiste na pertinência subjetiva da ação. 
Na ação penal pública o polo ativo é ocupado pelo MP.
Na ação penal privada o pólo ativo é ocupado pelo ofendido (querelante ou representante legal
Na ação penal privada e na pública, o pólo passivo é ocupado pelo provável autor do fato delituoso (maior ou igual a 18 anos).
Legitimação Ordinária e Extraordinária:
Não podemos confundir legitimação ordinária, com legitimação extraordinária.
- Legitimação Ordinária: Alguém postula em nome próprio a defesa de interesse próprio. É a regra;
- Legitimação Extraordinária: Alguém postula em nome próprio a defesa de interesse alheio. Somente ocorre nos casos previsto em lei.
O art. 6º do CPC informa a regra da legitimação extraordinária, onde se informa que nínguem pode postular em nome alheio em casos não previsto em lei.
No processo penal temos legitimação extraordinária em duas hipóteses:
- Na ação penal privada: o direito de punir pertence ao Estado, que transfere ao ofendido a titularidade da ação penal;
- Ação civil ex-delicto proposta pelo MP em favor de vítima pobre: art. 68 do CPC, permite que o MP impetre ação civil se a vítima do delito for pobre. Aqui o MP atua em nome próprio em interesse alheio. Este artigo foi contestado no STF, pois questionou-se se o MP poderia defender este tipo de interesse, que não teria enquadramento entre seus desígnios constitucionais, sendo que o STF decidiu que o art. 68 é dotado da chamada inconstitucionalidade progressiva (enquanto não houver Defensoria Pública na comarca, o MP pode pleitear a reparação do dano em favor de vítima pobre – RE 135.328)
Na ação penal pública, o MP age em nome e interesse próprio, pois é o titular da ação penal.
Legitimação Ativa Concorrente: 
Mais de uma parte está autorizada a ingressar em juízo, sendo que quem ajuizar primeiro afasta a legitimidade do outro. Ex.: 
- ação penal privada subsidiária da pública depois do decurso do prazo do MP para oferecer denúncia, onde após o decurso do prazo legal reservado ao MP, ambos podem impetrar a ação; 
- sucessão processual, pois o direito de entrar com a ação será repassado ao cônjuge ou companheiro, ascendente, descendente e colateral, não havendo ordem de prioridade; e 
- crimes contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. De acordo com a Súmula 714 do STF, se for praticado um crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções, a legitimidade para entrar com a ação será concorrente, podendo se dar em ação penal privada (ofendido, por intermédio de advogado) ou ação penal pública condicionada à representação. A doutrina entende que este ponto seria espécie de legitimidade concorrente. 
Entretanto alguns doutrinadores (entre eles Paccelli) criticam essa súmula, trazendo o conceito de Legitimidade Alternativa. O STF no Inquérito 1.939 entendeu que oferecida a representação, o servidor estaria optando pela ação penal pública, portanto estaria preclusa a instauração de ação penal privada, portanto na hipótese da Súmula 714 a legitimação é alternativa e não concorrente: enquanto não oferecida representação, o MP não está legitimado a agir de ofício; uma vez oferecida a representação, não mais seria possível o oferecimento de queixa.
267 – CPC qualquer fase do processo, já que é matéria de ordem pública.
c) Interesse de Agir: Importante é saber que a doutrina o divide em um binômio ou em um trinômio. Iremos trabalhar com o trinômio: necessidade, adequação e utilidade:
- Necessidade: é presumida, pois não há pena sem processo penal. Não há muita discussão, pois o processo é necessário. A exceção está por conta dos Juizados, no caso da transação penal, onde o acusado é submetido a um pena, sem passar por um processo.
- Adequação: não é discutida no processo penal, pois o acusando defende-se dos fatos e não da classificação formulada pelo acusador;
- Utilidade: consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Devemos questionar se o processo será útil para satisfazer o interesse do autor. 
Dentro da Utilidade, temos que tratar da Prescrição em Perspectiva ou Virtual, que ocorre quando de maneira antecipada, já é possível visualizar a ocorrência de futura prescrição. Para os tribunais essa prescrição não é admitida, pois parte do princípio da condenação, violando o princípio da presunção de inocência (STF RHC 86.850). Como promotor, deve ser pedido o arquivamento do inquérito, com base na ausência de interesse de agir e não por conta da extinção da punibilidade. 
Ex.:
10 de maio de 2003 – Delito – Furto Simples (Pena 1 a 4) – Menor de 21 anos – Primário e de Bons Antecedentes;
10 de junho de 2005 – Inquérito Policial – MP: deve oferecer denúncia ou solicitar o arquivamento? Se oferecida à denúncia levando-se em conta a pena máxima, a prescrição seria de 4 anos, mas se levarmos em conta a pena mínima, a prescrição seria de 2 anos, e o crime estaria prescrito
d) Justa Causa: Nos ensinamento de Silva Jardim, prevalece esta quarta causa. É um lastro probatório mínimo, indispensávelpara a instauração de um processo penal. Basicamente deve vir com prova de materialidade, mais indícios de autoria.
O art. 395, III do CPP nos informa que a justa causa é fator de inépcia da inicial. Estaria neste inciso para demonstrar sua importância.
3.2 Condições Específicas da Ação Penal
Ao contrário das condições genéricas, que deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal, as condições específicas estarão presentes em algumas ações.
As principais condições específicas são:
Representação do Ofendido;
Requisição do Ministro da Justiça;
Exibição do Periódico nos Crime de Impressa (art. 43 da Lei de Impressa;
Condição de Militar no Caso de Deserção;
A sentença declaratória de falência era condição específica de procedibilidade, mas após a nova Lei de Falências (art. 180 da Lei 11.101/05), tornou-se condição específica de punibilidade.
Qual a diferença entre condição de procedibilidade para uma condição de prosseguibilidade? A primeira é a mesma coisa que condição da ação, que pode ser genérica ou específica, sendo condição exigida para que o processo tenha início. Na segunda o processo já está em andamento e para que possa prosseguir, é indispensável o implemento de uma condição. Ex.: Lei de Juizados quando passou a exigir representação para os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa, ainda não instaurados e nos processos em andamento, a representação passou a ser uma condição de prosseguibilidade.
3.3 Condições da Ação Processual Penal
Alguns doutrinadores buscam as condições da ação penal dentro do próprio processo penal, rejeitando à adoção das condições do processo civil. Seriam elas:
Fato narrado, aparentemente criminoso: Se o juiz percebe que o fato não é criminoso deste o início, rejeita a denúncia e percebe depois, extingue o processo
Punibilidade concreto: havendo causa extintiva de punibilidade, o juiz poderia decretar de plano;
Legitimidade de agir;
Justa causa.
4. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
4.1 Ação Penal Pública
O titular desta ação é o MP, conforme o art. 109 da CF.
Espécies:
a) Incondicionada: é aquela em que o MP não está sujeito ao implemento de qualquer condição. Essa ação, conforme o art. 100 do CP, é a regra;
b) Condicionada: é aquela que o MP fica sujeito ao implemento de condições: representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, conforme § 1º do art. 100 do CP. É a exceção;
c) Pública Subsidiária da Pública: Para alguns doutrinadores (LFG), seria o exemplo do art. 2º, § 2º do Decreto-Lei 201/67 (Crimes de Responsabilidade Praticados por Prefeitos). No entanto para a maioria da doutrina este dispositivo não foi recepcionado pela CF/88, por dois motivos: desloca para a Justiça Federal matéria que não é de interesse da União; e fere a autonomia do MP Estadual.
Art. 2º O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações:
        § 2º Se as previdências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República.
Outro dispositivo de exemplo da espécie de ação penal pública, seria o art. 357, §§ 3 e 4º do Código Eleitoral, pois em crimes eleitorais o MP estadual age por delegação. Logo se o MP estadual permanecer inerte, podo o MPF oferecer denúncia subsidiária (Talles Tácito)
.
4.2 Ação Penal de Iniciativa Privada
O titular é o ofendido (querelante) ou seu representante legal.
Espécies:
a) Exclusiva:
b) Personalíssima: não há sucessão processual, isto é, na ação penal privada personalíssima, ocorrendo a morte do ofendido, estará extinta a punibilidade. Ex.: antigo crime de adultério, onde somente o traído poderia entrar com a ação penal e o art. 236 do CP, que é o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento., onde somente o enganado pode entrar com a ação.
 Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
c) Privada Subsidiária da Pública: só e cabível em face da inércia do MP.
5. AÇÃO PENAL EX-OFFICIO (PROCESSO JUDICIALIFORME)
Essa ação penal tinha início com o auto de prisão em flagrante (APF) ou por portaria da autoridade policial ou judiciária. Ocorria em contravenções penais e lesões corporais culposas.
Essa espécie de ação não foi recepcionada pela CF/88. Para a CF o titular da ação penal é o MP.
6. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES (LIBERDADE SEXUAL)
Nesses crimes sexuais, a regra é que sejam processados mediante ação penal privada.
Exceções:
a) Será de Ação Penal Pública Condicionada à Representação nas seguintes hipóteses:
- Quando a vítima for pobre, mesmo que haja Defensoria Pública na comarca (STF RHC 88.143). A pobreza é comprovada, geralmente, pelo Atestado de Pobreza (este atestado tem força relativa, não bastando estar somente carreado ao processo. Pode ser por prova testemunhal;
b) Será de Ação de Penal Pública Incondicionada:
- Crime cometido com abuso do poder familiar;
- Quando resultar lesão corporal grave ou morte;
- Crime cometido com o emprego de violência real (é aquela que ocorre com o emprego de força física sobre a pessoa). Súmula 608 do STF, que prevê que crime de estupro cometido com violência real, será processado por ação penal pública incondicionada. O fundamento da Súmula 608 está no art. 101 do CP. Para a doutrina todavia não seria possível a aplicação do artigo 101 pois o crime de estupro não é um crime complexo. O art. 101 trás a chamada ação penal extensiva (sendo de ação penal pública o crime elementar constitutivo do crime de ação penal privada opera-se uma extensão da natureza da ação penal pública). 
Praticado o crime sexual com emprego de violência real, independentemente se a lesão corporal produzida for de natureza leve, grave ou gravíssima, o delito continua sendo de ação penal pública incondicionada (STF HC 82.206)
Súmula nº 608	
 
No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
A ação penal no crime complexo
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Nos crimes sexuais cometidos em face de violência presumida, consoante art. 224 do CP, a ação penal será privada.
Presunção de violência
Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
a) não é maior de catorze anos;
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
7. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
7.1 Regra
Com relação aos crime contra a honra a regra é que esses delitos sejam processados mediante ação penal privada.
7.2 Exceções:
Constituem exceções a esta regra:
a) Crimes contra a honra durante o período de propaganda eleitoral, que serão processados por ação penal pública incondicionada;
b) Crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República e chefes de governo estrangeiro, que são processados por ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça;
c) Crimes contra a honra praticados contra servidor público em razão do desempenho de suas funções. Neste ponto existe a Súmula 714 do STF, onde indica que a ação podeser:
- Ação penal privada;
- Ação penal pública condicionada à representação.
De acordo com o STF oferecida a representação, o ofendido não pode mais oferecer queixa-crime (Inquérito 1.939)
Súmula nº 714	
 
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
d) Injúria Real (Art. 140 do CP): Se esse delito for praticado mediante vias de fato (violência que não produz lesão), a ação será penal privada; se praticada mediante lesão corporal, a ação penal será pública; se resultar lesão corporal leve, a ação penal será pública condicionada à representação.
O delito de racismo é crime de ação penal pública incondicionada (RHC 19.166 STJ; HC 90187 STF)
8. EMPRIAGUEZ AO VOLANTE
8.1 Regra
Embriaguez ao volante e também participação em competição não autorizada são crimes de ação penal pública incondicionada
9. CRIMES AMBIENTAIS
A chamada Teoria da Dupla Imputação admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, deste que haja a imputação simultânea a pessoa jurídica e a pessoa física que atua em seu nome ou benefício (STJ RMS 20.601)
A denúncia, assim, deve ser fornecida tanto em relação à pessoa física, quanto à pessoa jurídica.
Como pessoa jurídica não é dotada de liberdade de locomoção, não pode figurar como paciente em habeas corpus (STF HC 92.921). O remédio constitucional cabível à pessoa jurídica é o mandado de segurança.
A ação será pública incondicionada.
10. LESÃO CORPORAL LEVE COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
A lesão corporal leve do art. 129 do CP é processada por ação penal pública condicionada, por força do art. 88 da Lei 9.099/95.
A Lei Maria da Penha no art. 41, veda a aplicação aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, da Lei dos Juizados.
Desta forma, a ação será pública incondicionada (STJ HC 96.992).
Em virtude do art. 16 da Lei Maria da Penha, o crime continuaria sendo de ação penal pública condicionada à representação, segundo parte da doutrina.
Há decisões em ambos os sentidos.
11. AÇÃO PENAL POPULAR (QUALQUER DO POVO)
11.1 Habeas Corpus
Alguns doutrinadores entendem que o habeas corpus como sendo uma ação penal popular (ADA).
Entretanto devemos entender o HC, não como ação penal popular, mas como ação libertária, pois não tem a finalidade de incriminar, mas sim libertar.
11.2 Faculdade de Qualquer Cidadão Oferecer Denúncia Contra Agentes Políticos por Crimes de Responsabilidade
Essa posição é criticada também por não constituir ação penal, pois a denúncia se constitui em notitia criminis por infração político-administrativa (crime de responsabilidade).
12. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL
É aquela ação penal proposta contra o inimputável do art. 26, caput, na qual deve ser pedida não a condenação, mas sim a absolvição com a imposição de medida de segurança (absolvição imprópria).
13. AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA
Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto fazem variar a modalidade de ação penal. Ex.: Crimes Sexuais.
14. AÇÃO PENAL ADESIVA
Segundo Nestor Távora, a ação penal adesiva é o litisconsórcio ativo entre o MP na ação penal pública e o querelante na ação penal privada. 
Para Tourinho Filho só existe na Alemanha: O MP ingressa com a ação penal pública, oportunidade em que a vítima ingressa de maneira adesiva, porém com objetivos exclusivamente patrimoniais.
15. PRINCÍPIOS
	AÇÃO PENAL PÚBLICA
	AÇÃO PENAL PRIVADA
	- Ne Procedat Iudex Ex-Offício: Com adoção do Sistema Acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício (processo Judicialiforme ou ação penal de ofício)
	- Ne Procedat Iudex Ex-Offício: Com adoção do Sistema Acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício (processo Judicialiforme ou ação penal de ofício)
	- Ne bis in idem: Ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação.
Exemplos:
a) Agente absolvido como autor de homicídio pode ser processado novamente como partícipe do novo delito.
b) Agende absolvido ou cuja punibilidade foi declarada extinta por justiça incompetente não pode ser processado novamente perante a justiça competente, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem (STF HC 92.912 e 86.806).
	- Ne bis in idem: Ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação.
Exemplos:
a) Agente absolvido como autor de homicídio pode ser processado novamente como partícipe do novo delito.
b) Agende absolvido ou cuja punibilidade foi declarada extinta por justiça incompetente não pode ser processado novamente perante a justiça competente, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem.
	- Princípio da Intranscendência: A ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito.
	- Princípio da Intranscendência: A ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito.
	- Princípio da Obrigatoriedade ou Legalidade Processual: Não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quanto ao oferecimento da denúncia, deste que presentes as condições da ação e elementos informativos quanto a autoria e materialidade.
Exceções:
a) Transação Penal (art. 76 da Lei 9.099/95);
b) Acordo de Leniência (Acordo de Brandura ou Doçura – Lei 8.884/84, art. 36: Delação Premiada em crimes de contra a ordem econômica);
c) Termo de Ajustamento de conduta nos crimes ambientais (está previsto na Lei de Ação Pública): Acordo com MP o proíbe de oferecer denúncia. Obs.: A celebração do Termo de Ajustamento não impede o oferecimento de denúncia na hipótese de reiteração da atividade ilícita (HC 92.921 STF);
d) Parcelamento do débito tributário: A Lei 10.684/03, art. 9º, impede o oferecimento de denúncia contra o acusado.
	- Princípio da Oportunidade ou Conveniência: O ofendido mediante critérios de oportunidade ou conveniência pode optar pelo oferecimento ou não da queixa-crime.
Meios de deixar de exercer o direito de queixa:
a) Pelo decurso do tempo (prazo decadencial de 06 meses);
b) Renúncia expressa ou tácita ao direito de queixa;
c) Arquivamento do inquérito policial
	- Princípio da Indisponibilidade: O MP não pode desistir da ação penal pública e nem do recurso que haja interposto.
Artigos:
a) Art. 42 do CPP (ação);
b) Art. 576 do CPP (recurso);
Exceção:
a) Suspensão Condicional do Processo
	- Princípio da Disponibilidade: A ação penal privada é disponível:
a) Perdão do ofendido: Depende de Aceitação;
c) Perempção;
b) Desistência da Ação: Depende de aceitação.
	- (In) Divisibilidade: Temos duas correntes:
1ª Corrente: Divisibilidade = O MP pode oferecer denúncia contra alguns co-réus, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais (STJ RESP 388.473). (Considerar esta Posição para Prova)
-2ª Corrente: Indivisibilidade = Como desdobramento do princípio da obrigatoriedade, desde que haja elementos de informação, o MP é obrigado a denunciar todos os co-autores (LFG e Capez)
	- Indivisibilidade: O processo de um obriga ao processo de todos. A renúncia e perdão concedidos a um dos co-autores estende-se aos demais (Art. 48 do CPP). A fiscalização desde princípio é o MP.
Com fiscal deste princípio, não pode o MP aditar a queixa para incluir co-autores, pois não tem legitimidade para tanto. Deve pedir a intimação do querelante para que adite a queixa-crime, sob pena de a renúncia concedida a um dos co-autores estender-se ao demais
	- Princípio da Oficialidade: Consiste na atribuição aos órgãos do Estado.
	Não se aplica
	- Princípio da Autoritariedade: O exercício das funções persecutórias se dá por autoridades estatais.
	Não se aplica
	- Princípio da Oficialidade: Deve a autoridade estatal agir de ofício.
	Não se aplica
16. REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO
16.1 Conceito
É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possuiinteresse na persecução penal do fato delituoso
16.2 Natureza Jurídica
Condição específica de procedibilidade.
Importante: art. 182 do CP (Crimes Contra o Patrimônio contra parentes).
16.3 Direcionamento
Autoridade Policial ou Ministério Público.
Pode ser dirigida ao Juiz, conforme o art. 39 do CPP.
Para os tribunais não há necessidade de formalismo quanto à representação.
Exemplos: Simples boletim de ocorrência, exame de corpo de delito, etc.
16.4 Prazo para Oferecimento da Representação e Prazo para Oferecimento da Queixa-Crime
O prazo é decadencial (gera a extinção da punibilidade) de 06 meses, sendo que é considerado prazo de direito penal (conta-se o dia de início, sendo fatal e improrrogável, não estando sujeito a interrupção e nem suspensão).
Em regra esse prazo decadencial começa a fluir a partir do conhecimento da autoria (art. 38 do CPP). 
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As disposições em contrário são:
a) Lei de Impressa – Prazo decadencial de 03 meses (art. 41, § 1º). Neste lei, esse prazo decadencial está sujeito à interrupção.
b) Crime de Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento – Art. 236 do CP, § único (Ação Penal Privada Personalíssima). Nesse crime, o prazo decadencial não começa a fluir a partir do conhecimento da autoria, mas sim após o trânsito em julgado da sentença civil que anule o casamento.
16.5 Legitimidade para o Oferecimento da Representação e para Queixa-Crime
a) Em se tratando de menor de 18 anos: O legitimado será o representante legal, que é qualquer pessoa que de algum modo seja responsável pelo menor.
Se houver colidência de interesse (no caso do autor ser o representante legal), deve ser nomeado curador especial.
O art. 33 do CPP, que também se aplica ao enfermo e ao retardado mental, disciplina o tema:
Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
O curador especial não está obrigado a ofertar a representação ou queixa, devendo haver uma análise da conveniência.
A decadência para o representante legal atinge o direito do incapaz de oferecer queixa ou representação? Temos duas correntes:
- 1ª Corrente (LFG e Paccelli): A decadência para o representante legal acarreta a extinção da punibilidade, mesmo que o menor não tenha complementado 18 anos;
- 2ª Corrente (Nucci e Capez): Cuidando-se de incapaz, o prazo decadencial não corre para ele, pois não há falar em decadência de um direito que não pode ser exercido. (considerar esta posição para a prova).
b) Maior de 18 anos: Já é dotado de capacidade plena, portanto não precisa de representante para ofertar queixa ou representação;
c) Menor de 18 anos casada: O casamento a emancipa, entretanto não autoriza a oferecer queixa ou representação.
Possibilidades para a oferta de representação ou queixa, visto que a menor, pelo casamento, não possui representante legal:
- Nomeação de curador especial; ou
- Aguardar que ela atinja 18 anos
d) Morte do ofendido: Ocorre a chamada sucessão processual (CCADI – Cônjuge, Companheiro, Ascendentes, Descendentes e Irmão).
A ordem acima é preferencial, e havendo divergência prevalece a vontade de quem tem interesse na persecução penal.
Caso o sucessor tomou conhecimento da autoria na mesma data que a vítima, tem direito ao prazo restante; se não tinha conhecimento da autoria seu prazo decadencial de 06 meses começa a contar a partir do momento em que atingir esse conhecimento.
16.6 Retratação da Representação
Até o oferecimento da peça acusatória a retratação é possível.
Art. 26 do CPP.
Devemos ficar atentos ao art. 16 da Lei Maria da Penha, pois quando este usa a expressão renúncia, o faz de maneira equivocada, pois estamos diante de uma retratação, que é possível até o recebimento da peça da denúncia 
Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
16.7 Retratação da Retratação da Representação
Significa uma nova representação, prevalecendo o entendimento de que é possível, deste que dentro do prazo decadencial.
16.8 Eficácia Objetiva da Representação
Feita a representação contra apenas um dos co-autores, esta se estende aos demais, por outro lado, feita a representação em relação a um fato delituoso, esta não se estende aos demais delitos (STJ HC 57.200).
17. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
17.1 Natureza Jurídica
É condição específica de procedibilidade.
17.2 Requisição
Diante da requisição, o MP não está obrigado a oferecer denúncia, pois neste caso, requisição não é sinônimo de ordem.
 17.3 Prazo
Não está sujeita a prazo decadencial, entretanto o fato delituoso em si está sujeito à prazo prescricional.
17.4 Retratação da Requisição
Temos duas correntes:
- 1ª Corrente (Capez e Paulo Rangel): Não é possível a retratação.
- 2ª Corrente (Nucci e Feitosa): É possível a retratação.
Não há jurisprudência sobre o tema.
19. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
Esta espécie de ação penal somente é cabível em face da inércia do MP. Não podendo se falar nesta ação nos casos em que o MP requisita diligências no inquérito, mas somente quando a inércia dentro do prazo legal desse.
Deve o crime possuir um ofendido individualizado, não havendo como se aplicar em crimes de tráfico, embriaguez ao volante, pois não haverá quem subsidiariamente ofereça a denúncia.
A Lei de Falências (Lei 11.101/05), em seu art. 184, informa que se o MP não denuncia, credor habilitado ou o administrador judicial, podem oferecer a denúncia.
O CDC, nos arts 80 e 82, prevê legitimados para propor ação penal privada subsidiária da pública caso o MP não oferte denúncia no prazo legal.
18.1 Poderes do MP
São poderes do MP nessa ação:
a) Repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva, mesmo estando a queixa perfeita do ponto de vista técnico. 
Se o MP repudia a queixa, está obrigado a oferecer denúncia, não podendo pedir o arquivamento.
b) Aditar a queixa, tanto em nos aspectos formais, quanto nos aspectos materiais (inclusão de co-autores, circunstâncias de tempo e lugar, etc.);
c) Se o querelante for negligente o MP reassume o pólo ativo da ação penal, conhecida como Ação Penal Indireta (art. 29 do CPP).
Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
18. 2 Prazo da Queixa – Subsidiária
Seis meses, a partir do primeiro dia útil após esgotado o prazo do MP.l
Exemplo:
- 06/04/09 – MP vista do inquérito policial, estando o réu solto (15 dias para denúncia, sendo prazo processual);
- 21/04/09 (Feriado) – Repassa para:
- 22/04/09 – Último dia do MP;
- 23/04/09 – Surge o direito de propor queixa - subsidiária;
- 22/10/09 – Decadência do direito de propor queixa – subsidiária. Esta decadência é conhecida como imprópria, pois sendo a ação penal pública, não haverá a geração da extinção da punibilidade, tendo em vista a natureza pública da ação.
19. PEÇA ACUSATÓRIA
a) Denúncia: Peça acusatória da ação penal pública;
b) Queixa-Crime: Peça acusatória da ação penal privada.
19.1 Requisitos
a) Exposição do Ato Criminoso
Consiste na narrativa do fato delituoso, com todas as suas circunstâncias. Em se tratando de crime culposo é imprescindível que seja descrita e

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