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enade comentado geografia 2008

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ENADE COMENTADO 2008 
Geografia 
Chanceler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Joaquim Clotet
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Ana Maria Lisboa de Mello
Bettina Steren dos Santos
Eduardo Campos Pellanda
Elaine Turk Faria
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Ir. Armando Bortolini
Jane Rita Caetano da Silveira
Jorge Luis Nicolas Audy – Presidente
Jurandir Malerba
Lauro Kopper Filho
Luciano Klöckner
Marília Costa Morosini
Nuncia Maria S. de Constantino
Renato Tetelbom Stein
Ruth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS
Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor
Jorge Campos da Costa – Editor-Chefe
 
Ana Regina de Moraes Soster 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
(Organizadoras) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENADE COMENTADO 2008 
Geografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2011 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33
Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900 
Porto Alegre – RS – Brasil
Fone/fax: (51) 3320 3711
e-mail: edipucrs@pucrs.br - www.pucrs.br/edipucrs
© EDIPUCRS, 2011
CAPA Rodrigo Valls
REVISÃO TEXTUAL Patrícia Aragão
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Gabriela Viale Pereira
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico.
Questões retiradas da prova do ENADE 2008 da Geografia.
E56 ENADE comentado 2008 [recurso eletrônico] : geografia / 
Ana Regina de Moraes Soster, Teresinha Maria 
Furlanetto Marques (Organizadoras). – Dados 
eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2011.
94 p.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
Modo de Acesso: <http://www.pucrs.br/edipucrs>
ISBN 978-85-397-0118-6 (on-line)
1. Ensino Superior – Brasil – Avaliação. 2. Exame 
Nacional de Cursos (Educação). 3. Geografia – Ensino 
Superior. I. Soster, Ana Regina de Moraes. II. Marques, 
Teresinha Maria Furlanetto. 
CDD 378.81
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, 
microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de 
qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua 
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com 
busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos direitos Autorais).
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 7 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
COMPONENTE ESPECÍFICO − QUESTÕES OBJETIVAS 
QUESTÃO 11 ........................................................................................................... 10 
Antônio Carlos Castrogiovanni 
QUESTÃO 12 ........................................................................................................... 12 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 14 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 17 
Roberto Heemann 
QUESTÃO 15 ........................................................................................................... 21 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 24 
Roberto Heemann 
QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 26 
João Marcelo Ketzer 
QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 29 
Roselane Zordan Costella 
QUESTÃO 19 ........................................................................................................... 32 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 35 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Furlanetto Marques 
QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 37 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 40 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 42 
Ana Regina de Moraes Soster 
QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 44 
Ana Regina de Moraes Soster 
QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 47 
Ana Regina de Moraes Soster 
QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 51 
Ana Regina de Moraes Soster 
QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 55 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 57 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 59 
Roberto Heemann 
QUESTÃO 30 ........................................................................................................... 62 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 64 
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 67 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 70 
Antônio Carlos Castrogiovanni 
QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 72 
Regis Alexandre Lahm 
QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 75 
Regis Alexandre Lahm 
QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 79 
Regis Alexandre Lahm e Roselane Zordan Costella 
QUESTÃO 37 ........................................................................................................... 82 
Antônio Carlos Castrogiovanni 
COMPONENTE ESPECÍFICO − QUESTÕES DISCURSIVAS 
QUESTÃO 38 – DISCURSIVA ................................................................................. 86 
Roselane Zordan Costella 
QUESTÃO 39 – DISCURSIVA ................................................................................. 88 
Antônio Carlos Castrogiovanni 
QUESTÃO 40 – DISCURSIVA ................................................................................. 91 
João Marcelo Ketzer 
LISTA DE CONTRIBUINTES ...................................................................................93 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 7 
APRESENTAÇÃO 
O ENADE comentado de 2008 da prova específica de Geografia é uma 
realização dos professores do Curso de Geografia, da Faculdade de Filosofia e 
Ciências Humanas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Este 
trabalho teve como objetivo contribuir para a análise crítica desta prova. Os 
professores, ao resolverem as questões, seguiram o seguinte padrão: 
 
Tipo de Questão 
Gabarito 
Autor 
Comentários: Identificação dos conteúdos implicados na questão; 
referência a competências/habilidades envolvidas; justificativa para a 
alternativa correta; justificativa das razões para inadequação das 
demais alternativas; considerações sobre a pertinência dos conteúdos 
envolvidos na questão, da realidade acadêmica e profissional do 
estudante. 
Referências Bibliográficas 
 
Esta prova foi constituída de 30 questões de diversos tipos, tais como: 
asserção e razão, escolha simples, escolha combinada de resposta simples, 
questões dissertativas, além da análise de gráficos, gravuras, mapas e imagens. De 
um modo geral, as questões articularam mais de uma área do conhecimento 
geográfico, exigindo do aluno a competência leitora, a competência lógico-
matemática, habilidades para estabelecer relações com as questões do cotidiano, 
clareza a respeito das problemáticas presentes no mundo em geral e no Brasil, em 
particular, análise, interpretação e resolução de problemas, incluindo-se a 
localização espacial. 
É relevante destacar que algumas questões apresentaram enunciados pouco 
claros, induzindo ao erro. 
Ao final de cada questão disponibilizou-se uma referência bibliográfica 
referente ao conteúdo trabalhado. 
8 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Os professores esperam que este trabalho auxilie os alunos que irão realizar 
a prova do ENADE 2011, contribuindo para uma reflexão dos conhecimentos 
construídos durante o curso. 
Bom trabalho! 
 
Ana Regina de Moraes Soster 
Teresinha Maria Furlanetto Marques 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPONENTE ESPECÍFICO 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
10 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 11 
Em 1994, Manuel Correa de Andrade escreveu acerca do processo de globalização: “o 
contexto da universalidade dos problemas e da mobilidade das transformações forçará 
o geógrafo a pensar com mais rapidez e dinamismo; a procurar adaptar e readaptar o 
seu pensamento e a sua reflexão cada vez que houver um desafio; a repensar a sua 
formação filosófica, epistemológica e ideológica e procurar atuar de forma menos 
corporativa, mais interdisciplinar.” Não corrobora com esse pensamento a ideia de que 
 
(A) a geografia não poderá realizar sua tarefa somente com descrições, mas terá 
de realizar um esforço de comparações e de generalizações que lhe permita 
concluir a respeito da globalização. 
(B) a geografia manterá o status de ciência interdisciplinar caso adote, na análise 
ambiental, uma abordagem geossistêmica. 
(C) a geografia dos naturalistas e funcionalistas deverá passar por uma 
modernização inegável, tornando-se mais preparada para interpretar a 
complexidade do espaço geográfico. 
(D) a geografia da racionalidade científica dominará o cenário das pesquisas, 
subvertendo a noção expressa pela relação homem-meio da geografia tradicional. 
(E) o estudo da geografia deverá optar pela compreensão da complexidade do 
espaço a fim de equilibrar dialeticamente a especialização com a generalidade. 
 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta 
Gabarito: alternativa (D) 
Autor: Antônio Carlos Castrogiovanni 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
- Epistemologia da Geografia 
- História do pensamento geográfico 
- Metodologia 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
Compreender questões epistemológicas da geografia e da história do 
pensamento geográfico, a fim de relacioná-las em seu momento histórico, suas 
metodologias e suas proposições. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 11 
Justificativa para a alternativa D ser a correta: 
A questão requer a alternativa que não está de acordo com a proposta da 
citação, nesse caso é a alternativa D, pois esta remete a um momento do 
pensamento geográfico anterior à proposta feita por Manuel Correa de Andrade. 
 
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas: 
As outras quatro alternativas estão incorretas, pois todas dissertam sobre 
tendências do pensamento geográfico relacionadas com a ideia que Manuel Correa 
de Andrade propõe nesse trecho. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
Questão de importância vital para profissionais da Geografia, pois exige que o 
avaliado possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos. 
Além disso, demanda que seja compreendida a história do pensamento geográfico. É 
imprescindível que acadêmicos e profissionais da área possuam um conhecimento 
epistemológico de sua ciência para que compreendam as funções a serem exercidas. 
 
Referências 
CASTRO, Iná Elias de & outros. Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 1998. 
MENDONÇA, Francisco; KOZEL, Salete (Org.). Elementos de epistemologia da 
geografia contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. 
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: 
Hucitec, 1999. 
12 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 12 
Entre os conceitos-chave da ciência geográfica, figura o de região, que, marcado por 
diferentes acepções conforme a época ou a corrente do pensamento geográfico, 
frequentemente, ocupa lugar central nos debates acadêmicos. Acerca desse 
conceito, assinale a opção correta. 
 
(A) Conceitualmente, região natural, neste século XXI, ainda constitui, do ponto de 
vista espacial, referência-chave para explicar diferenças no processo de 
desenvolvimento socioeconômico. 
(B) Nos anos 50 do século passado, prevalecia a ideia de que região 
corresponderia à área de ocorrência de uma mesma paisagem cultural, 
caracterizada, portanto, como região-paisagem, ou landscape. 
(C) Conceitualmente, o termo região tem sido empregado para designar uma 
classe de área que apresenta grande uniformidade interna e grande diferença 
em relação ao seu entorno. 
(D) Após a década de 80 do século XX, no âmbito da geografia cultural, região 
passou a ser entendida como organização do processo social vinculada ao 
modo de produção capitalista. 
(E) Conceitualmente, do ponto de vista da geografia crítica, a região assumiu o 
caráter de conjunto específico de relações culturais no qual a apropriação 
simbólica do espaço geográfico é determinada pelo grupo social. 
 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta 
Gabarito: alternativa (C) 
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
O conteúdo avaliado nesta questão é trabalhado na disciplina de Geografia 
Regional e refere-se ao tema-chave para a ciência geográfica, que é o conceito de 
região e seu significado. Além disso, também considera a utilização do conceito 
como critério para a regionalização de áreas. 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de analisar 
as proposições apresentadas nas opções, relacionando-as com as diferentes 
ENADE Comentado 2008: Geografia 13 
escolas de pensamento geográfico, que se sucederam ao longo do tempo, desde o 
século XIX. Cada escola de pensamentogeográfico apresenta um conceito 
particular de região e diferentes formas de regionalização do espaço. 
 
Justificativa para a alternativa C ser a correta: 
A pista para a escolha da opção correta encontra-se nas caracterizações de 
região, nas cinco alternativas. A resposta certa é o conceito de região baseado na 
geografia quantitativa, teorética ou nova geografia. Fundamentada no positivismo 
lógico. Segundo Correa (1986) a região é definida como um conjunto de lugares em 
que as diferenças internas entre esses lugares são menores do que as existentes 
entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de lugares. 
São as técnicas matemáticas e estatísticas que possibilitam obter as 
diferenças e as semelhanças entre os lugares. Essa forma de individualizar regiões 
aboliu toda ideia de processo, de gênese, de origem. 
Definir regiões passa a ser um problema de aplicação eficiente da estatística. 
São, pois, os propósitos do pesquisador que norteiam os critérios a serem 
selecionados para a divisão regional (LENCIONI, 2003). 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
Questão relevante para profissionais da Geografia, pois exige que o avaliado 
possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos. É 
imprescindível que o futuro profissional tenha o domínio do conceito de região e das 
matrizes do pensamento que sustentam suas diferenciações. 
 
Referências 
CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César; CORRÊA, Roberto Lobato. BRASIL: 
Questões atuais do território. São Paulo: Bertrand-Brasil, 1996. 
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização espacial. São Paulo: Ática, 1986. 
LENCIONI, Sandra. Região e Geografia. São Paulo: Edusp, 2003. 
14 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 13 
“Não pensamos que a região haja desaparecido. O que esmaeceu foi a nossa 
capacidade de reinterpretar e de reconhecer o espaço em suas divisões e recortes 
atuais, desafiando-nos a exercer plenamente aquela tarefa permanente dos 
intelectuais, isto é, a atualização dos conceitos”, dizia Milton Santos em 1994. 
Em 1999, o geógrafo afirmava: “a região continua a existir, mas com um nível 
de complexidade jamais visto pelo homem. Agora, nenhum subespaço do planeta 
pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é, de 
individualização e regionalização”. 
Se existe hoje um resgate ou uma continuidade teoricamente consistente para 
os estudos regionais e os métodos de regionalização, ele deve pautar-se em uma 
reconstrução do conceito de região a partir de suas articulações com os processos 
de globalização. Cabe-nos, portanto, à guisa de conclusão, corroborar plenamente o 
pensamento de Milton Santos: devemos empreender uma atualização do conceito 
de região levando em consideração alguns aspectos. 
HAESBAERT. In: GEOgraphia, ano I, n. 1, 1999, p. 32 (com adaptações). 
 
Com base nas ideias apresentadas no texto acima, é correto afirmar que os 
aspectos a serem observados na atualização do conceito de região incluem 
 
I o grau de complexidade muito maior na definição dos recortes regionais, 
atravessados por diversos agentes sociais que atuam em múltiplas escalas; 
II a interação entre os elementos da natureza e os recortes espaciais definidores 
de ambientes uniformes; 
III a mutabilidade muito mais intensa, que altera mais rapidamente a coerência ou 
a coesão regional; 
IV a inserção da região em processos concomitantes de globalização e fragmentação. 
 
Estão certos apenas os itens 
(A) I e II. 
(B) I e III. 
(C) II e IV. 
(D) III e IV. 
(E) I, III e IV. 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 15 
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta. 
Gabarito: alternativa (E) 
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
O conteúdo avaliado nesta questão é trabalhado na disciplina de Geografia 
Regional e que tem como objetivo estudar a evolução do conceito de região e a sua 
aplicação em estudos regionais. É tema-chave para a ciência geográfica; além 
disso, o texto e as afirmativas consideram a evolução do conceito regional e a 
inserção desse conceito no sistema capitalista, que inclui ao mesmo tempo os 
processos de globalização e a fragmentação das regiões. 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de analisar 
o texto e o estabelecimento de relações com as afirmativas. A proposição conduz o 
acadêmico em busca da resposta correta. 
 
Justificativa para a alternativa E ser a correta: 
A pista para a escolha da opção correta encontra-se no texto de Rogério 
Haesbaert e nas quatro afirmativas sobre a evolução do conceito de região, ao 
longo do tempo. 
O conteúdo desta questão é trabalhado na disciplina de Geografia Regional, 
que tem como objetivo trabalhar a evolução do conceito de região e a sua aplicação 
em estudos regionais. 
O estudo do conceito de região é pertinente não só para os alunos da 
Academia como também para as escolas de ensino médio, pois os Parâmetros 
Curriculares Nacionais identificam a necessidade de dar atenção à discussão 
conceitual e explicam os conceitos como sendo 
 
... a representação das características gerais de cada objeto pelo 
pensamento. Conceituar significa a ação de formular uma ideia que 
permita, por meio de palavras, estabelecer uma definição, uma 
caracterização do objeto a ser conceituado. Tal condição implica 
reconhecer que um conceito não é real em si, e sim uma representação 
desse real, construída por meio do intelecto humano (PCN, 1999). 
16 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
O desenvolvimento e a aceleração do processo de globalização dão a impressão 
de que o mundo caminha cada vez mais para uma economia unificada, uma dinâmica 
cultural hegemônica, uma sociedade que só poderá ser compreendida como um 
processo de reprodução social global. Gomes (1995) comenta que alguns autores 
chegam a anunciar o fim das regiões devido à homogeneização dos espaços e à 
uniformização dos processos sociais. No entanto, o geógrafo Milton Santos destaca a 
universalidade do fenômeno da região afirmando que “nenhum subespaço do planeta 
pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é, 
individualização e regionalização” (1988, p. 64-65). As regiões são entendidas como o 
suporte e a condição das relações globais, sem os quais estas não se realizam. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
Como referido na questão 12 que também aborda temas da Geografia 
Regional, a questão é relevante para profissionais da Geografia, pois exige que o 
avaliado possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos. É 
imprescindível que o futuro profissional tenha o domínio do conceito de região e das 
matrizes do pensamento que sustentam suas diferenciações. 
 
Referências: 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares 
Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1999. 
GOMES, Paulo César da Costa. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, 
Iná Elias; ______; CORREA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. 
LISBOA, Sarah S. A importância dos conceitos de Geografia para aprendizagem 
dos conteúdos escolares. Revista Ponto de Vista, Viçosa, v. 4. 
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: HUCITEC, 1988. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 17 
QUESTÃO 14 
 
 
Com uma área de 6.000 km2, omunicípio X apresenta inúmeras nascentes, que 
originam rios cristalinos, constituindo um grande potencial hídrico da região. A 
degradação dos ecossistemas onde estão essas nascentes seguramente causará a 
diminuição do volume de água do rio Y, que corta a cidade. 
 
Com base nessas informações, na análise do balanço hídrico do município X 
(gráfico I), considerada a média de 30 anos, bem como na variação temporal dos 
totais de precipitação pluvial, ao longo de seis anos, no município X, e na variação 
temporal da vazão do rio Y durante os mesmos seis anos (ambas no gráfico II), 
julgue os itens seguintes. 
 
I O período seco, no município X, diminui sensivelmente o aporte de água do rio 
Y, o que exige maior controle não só na distribuição como também na 
fiscalização dos poços artesianos, cuja proliferação poderá causar grandes 
danos ao abastecimento em geral, visto que, a cada perfuração realizada, 
diminui a pressão subterrânea que regula o fluxo da água nas nascentes. 
II No gráfico II pode-se observar que o potencial hídrico do rio Y acompanha a 
sazonalidade das chuvas e apresenta o limite de consumo de suas águas para 
abastecimento humano, comércio, agricultura e outros usos. O limite inferior 
expressa o ponto crítico de controle da demanda para se evitar colapso no 
sistema de abastecimento. 
III O potencial hidrológico do município X, ao longo do ano, apresenta-se uniforme; 
portanto, a disponibilidade de água para os diversos usos humanos é garantida 
mesmo com as intervenções humanas na região. 
IV O comportamento da precipitação pluvial determina a curva de vazão do rio 
Y, com um pequeno deslocamento no tempo, devido à dinâmica de 
infiltração das águas superficiais no solo até serem incorporadas ao curso 
d’água, como demonstrado no gráfico II. 
V A variabilidade temporal da precipitação pluvial no município X, representada 
no gráfico II, pode ser considerada baixa, característica identificável no 
balanço hídrico, mostrado no gráfico I. 
18 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Estão certos apenas os itens 
(A) I e II. 
(B) III e IV. 
(C) I, II e IV. 
(D) II, III e V. 
(E) III, IV e V. 
 
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta 
Gabarito: alternativa (C) 
Autor: Roberto Heemann 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Águas superficiais (nascentes, precipitação pluvial e balanço hídrico), águas 
subterrâneas (taxas de infiltração, zonas de recarga e área de influencia da bacia) e 
hidrogeologia. Avaliação integrada do contexto hidrológico 3D (sistema superficial e 
aquífero) e 4D (fator tempo – períodos secos e sazonalidade das chuvas). 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
Competência lógico-matemática e relacional para análise e interpretação de 
representações gráficas associadas a modelos de precipitação e cursos d’água. 
Justificativa para a alternativa C ser a correta: 
O item I faz referência à relação entre o período seco (município X) e a redução 
do aporte de água do rio Y, fato confirmado pela análise dos gráficos I e II. Com relação 
à segunda parte da afirmativa, “... o que exige maior controle não só na distribuição 
como também na fiscalização dos poços artesianos, cuja proliferação poderá causar 
grandes danos ao abastecimento em geral, visto que, a cada perfuração realizada, 
diminui a pressão subterrânea que regula o fluxo da água nas nascentes.”, ela também 
é verdadeira, porém é importante ressaltar que em qualquer cenário, época e contexto 
hidrogeológico o controle e a fiscalização de poços são fundamentais. 
O item II está correto porque, por meio da interpretação dos gráficos I e II, se 
confirma que o potencial hídrico do rio Y acompanha a sazonalidade das chuvas e 
apresenta o limite de consumo de suas águas. O limite inferior (período de maio a 
ENADE Comentado 2008: Geografia 19 
setembro) expressa o ponto crítico de controle da demanda para se evitar uma 
potencial situação de colapso no sistema de abastecimento. 
O item IV é verdadeiro, pois, por meio da interpretação do gráfico II, o 
comportamento da precipitação pluvial está relacionado com a curva de vazão do rio 
Y, com um pequeno deslocamento no tempo, devido à dinâmica de infiltração das 
águas superficiais no solo (e nos demais horizontes e substrato rochoso) até serem 
incorporadas ao curso d’água. 
 
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas: 
O item III não é correto, pois o potencial hidrológico do município X, ao longo 
do ano, não é uniforme; portanto, a disponibilidade de água para os diversos usos 
humanos depende das taxas de precipitação, vazões, balanço hídrico e do 
monitoramento e da fiscalização (entre outros fatores), considerando-se os limites da 
bacia hidrográfica em questão. 
O item V não é verdadeiro, pois a variabilidade temporal da precipitação 
pluvial no município X (gráfico II) não é baixa, variando até valores >350 mm. 
Também é importante apontar que o balanço hídrico considera a variação do volume 
de água que entra (fluxos positivos – precipitação) e a saída de água (fluxos 
negativos – evaporação e descarga) de uma determinada área durante um intervalo 
de tempo específico, representando a variação no armazenamento. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
A referida questão aborda tópicos fundamentais relacionados ao ensino 
acadêmico aplicado a questões práticas, as quais farão parte da rotina dos futuros 
profissionais no mercado de trabalho. A análise temporal de bancos de dados 
hidrológicos e sua respectiva visualização e interpretação são tarefas frequentes 
executadas em autarquias administrativas, de fiscalização e planejamento. A aplicação 
dos conceitos de balanço hídrico e bacia hidrográfica são fundamentais para o 
estudante elaborar relações entre o meio físico e as interações urbanas e rurais de 
consumo, demanda e preservação ambiental. 
 
20 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Referências: 
PINTO, N.S., MARTINS, J.A.; HOLTZ, A.C.T. Hidrologia de superfície. São Paulo: 
Edgar Blucher, 1973. 
TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia – Ciência e Aplicação. São Paulo: EDUSP, 1993. 
TUCCI, C.E.M.; HESPANHOL, I.; CORDEIRO NETO, O.M. Gestão de água no 
Brasil. Brasília: UNESCO, 2001. 
VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGrawHill do 
Brasil, 1975. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 21 
QUESTÃO 15 
Ao informatizar os dados referentes a internações e atendimentos 
ambulatoriais em sua rede hospitalar a partir do ano 2000, a secretaria de saúde de 
uma cidade observou aumento gradativo no número de atendimentos a pacientes 
com doenças respiratórias no período de outono-inverno, tendo verificado, ainda, 
que os mais afetados eram crianças e idosos. A fim de melhor compreender o 
fenômeno e traçar políticas públicas de combate às patologias do aparelho 
respiratório, o governo local optou por contratar um geógrafo para analisar as 
causas ambientais do problema. Em sua análise, o profissional precisará lidar com 
uma série de variáveis interligadas. 
 
Em face da situação apresentada, o procedimento mais completo a ser adotado pelo 
geógrafo é 
 
(A) Utilizar dados referentes aos totais mensais de atendimentos a pacientes com 
doenças respiratórias, separados por tipo de patologia, local de residência e 
faixa etária dos pacientes; dados diários sobre material particulado, fumaça e 
ozônio em suspensão no ar; dados referentes a temperaturas médias, pressão 
atmosférica e umidade relativa do ar. 
(B) Obter dados do local de moradia dos pacientes atendidos, levando em 
consideração as condições desaneamento básico e verificar se os níveis de 
poluição do ar estão acima daqueles definidos pelo Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA). 
(C) Obter os seguintes dados: número diário de atendimentos a pacientes com 
doenças respiratórias; local de residência e idade dos pacientes; níveis diários 
de material particulado em suspensão no ar, fumaça e ozônio, medidos nos 
pontos mais movimentados da cidade; dados de umidade relativa do ar, 
temperatura, precipitação e pressão atmosférica dos horários sinóticos. 
(D) Estabelecer a relação entre os episódios de inversão térmica na cidade e o 
número de atendimentos médicos a pacientes com doenças respiratórias nos 
dias em que ocorreu o fenômeno atmosférico, relacionando esse fato ao local 
de moradia dos pacientes e aos níveis de poluição definidos como aceitáveis 
pela Lei Federal n. 9.436/1997. 
(E) Submeter os pacientes com doenças respiratórias a questionários a fim de 
verificar as condições ambientais a que estão expostos, realizar medições de 
poluentes e partículas em suspensão nas áreas centrais da cidade e 
estabelecer coeficiente de correlação entre as respostas dos pacientes, as 
medições realizadas e as condições atmosféricas da cidade. 
 
22 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta 
Gabarito: alternativa (C) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de 
Estudos de População, Geografia Ambiental, Climatologia. 
 
Referência a competências/habilidades: 
A questão exige do aluno competência leitora e relacional. A habilidade 
exigida do aluno remete a sua capacidade de reconhecer as variáveis mais 
adequadas para o cruzamento de informações e sua posterior interpretação. 
 
Justificativa para a alternativa C ser a correta: 
A alternativa C está correta porque o geógrafo, na sua tomada de decisão, 
cruzou as seguintes informações: o perfil etário da população atendida no posto de 
saúde (crianças e idosos), o local de residência dos pacientes, os dados de 
poluentes presentes na atmosfera nos locais de maior fluxo e os dados 
atmosféricos. Com esse banco de dados, o profissional tem condições de verificar 
se as doenças respiratórias têm como causa as condições de microclima, nas áreas 
de residência da população. 
 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
Na letra A, embora apresente variáveis pertinentes para análise, os valores 
mensais são muito genéricos e não permitem a precisão acurada das correlações. A 
letra B não apresenta as variáveis mais indicadas para a análise, porque o saneamento 
básico é relevante para a saúde pública, mas não é determinante para as doenças 
respiratórias. Na letra D, a inversão térmica, embora possa contribuir para os problemas 
respiratórios, constitui-se em fenômeno eventual e de ampla área de abrangência, o 
que não seria suficiente para explicar o aumento de atendimentos a partir de 2000. Na 
letra E a referência à coleta na área central pode não significar a área de residência dos 
doentes. Além disso, submeter os pacientes à coleta de informação demanda um 
tempo muito maior sem a garantia de obtenção de dados confiáveis. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 23 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
O conteúdo da questão é de suma importância para os geógrafos, pois exige 
a capacidade de analisar, cruzar e avaliar informações e assim auxiliar na solução 
de problemas ambientais que afetam a população em áreas urbanas. 
 
Referências: 
CONTI, José B. Clima e Meio Ambiente. São Paulo: Atual, 1998. 
MENEGAT, Rualdo; ALMEIDA, Gerson (Orgs.). Desenvolvimento Sustentável e 
Gestão Ambiental nas cidades – Estratégias a partir de Porto Alegre. Porto Alegre: 
Editora da UFRGS, 2004. 
MONTEIRO, Carlos A. de F.; MENDONÇA, Francisco. Clima urbano. São Paulo: 
Contexto, 2003. 
SANTOS, Milton. O trabalho do geógrafo no terceiro mundo. São Paulo: Hucitec, 
1986. 
24 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 16 
No contexto atual, com o crescimento das preocupações em relação ao planejamento 
ambiental ou territorial, a geomorfologia assume um novo lugar entre as geociências. 
Embora caracterizada como ambiental ou aplicada, ela mantém-se voltada ao 
tratamento dos processos erosivos que ocorrem ao longo da vertente, dos cursos 
d’água ou da costa e litoral. A esse respeito, analise as asserções a seguir. 
 
O objetivo da geomorfologia aplicada não é prevenir ou reduzir o desenvolvimento e 
uso dos recursos naturais, mas, em vez disso, otimizar tal uso, para a redução tanto 
dos custos quanto dos impactos ambientais 
 
porque 
 
o uso prático da geomorfologia deve priorizar e minimizar as distorções topográficas 
e entender os processos inter-relacionados, tão necessários à restauração e à 
manutenção do equilíbrio natural. 
 
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. 
 
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa. 
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição 
verdadeira. 
(E) As duas asserções são proposições falsas. 
 
Tipo de Questão: asserção e razão 
Gabarito: alternativa (B) 
Autor: Roberto Heemann 
Comentários: 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 25 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Os conteúdos implicados na questão são relativos às disciplinas de 
Geomorfologia e Planejamento Urbano Ambiental. 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato competência leitora e relacional e a habilidade 
de interpretar e analisar criticamente as asserções apresentadas. 
 
Justificativa para a alternativa B ser a correta: 
O objetivo da geomorfologia aplicada é otimizar o aproveitamento dos 
recursos naturais, porém, apesar de verdadeira, a asserção " o uso prático da 
geomorfologia deve priorizar e minimizar as distorções topográficas e entender os 
processos interrelacionados, tão necessários à restauração e à manutenção do 
equilíbrio natural" não justifica a asserção anterior, pois o entendimento dos 
processos morfogenéticos e o equilíbrio natural são características básicas dos 
estudos das ciências geomorfológicas. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
Os conteúdos presentes na questão são relevantes para os graduandos em 
Geografia, pois dizem respeito à importância e às aplicações da geomorfologia para o 
entendimento dos processos morfogenéticos e no planejamento urbano e ambiental. 
 
Referências: 
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. Geomorfologia: uma atualização de bases e 
conceitos. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. 372 p. 
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand Brasil. 
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 372 p. 
26 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 17 
Com relação ao fenômeno da desertificação, analise as asserções a seguir. 
 
Embora a desertificação seja concebida como um fenômeno climático, pode-se 
distinguir outro tipo desse mesmo fenômeno, o ecológico, 
 
porque 
 
a desertificação, do ponto de vista ecológico, pode se desenvolver até mesmo em 
ambiente úmido, podendo o elemento clima não sofrer variação tão perceptível 
quanto aquela do manto vegetal e do solo.Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. 
 
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa. 
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição 
verdadeira. 
(E) As duas asserções são proposições falsas. 
 
Tipo de Questão: asserção e razão 
Gabarito: alternativa (A) 
Autor: João Marcelo Ketzer 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Os conteúdos presentes na questão dizem respeito aos processos de 
desertificação, trabalhado em disciplinas como Águas Continentais e Geografia do 
Rio Grande do Sul. 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 27 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato competência leitora e relacional e a habilidade 
de interpretar e analisar criticamente as asserções apresentadas. 
 
Justificativa para a alternativa A ser a correta: 
Esta questão é confusa e induz o aluno ao erro. Considerando o conceito físico 
de deserto, está errada, inclusive. O conceito de deserto está relacionado a um 
fenômeno climático, em que precipitação anual e taxa de evaporação são variáveis 
fundamentais. Deserto é uma região em que a precipitação é inferior a 250 mm/ano. 
Existe, de forma simples, um “déficit” de umidade. Desertos podem ser frios ou quentes, 
mas sempre muito secos. A causa da baixa precipitação anual pode ser variada, com 
barreiras geográficas à umidade como cadeias de montanhas, correntes oceânicas 
frias, por exemplo. A desertificação é, portanto, um fenômeno que leva à formação de 
um deserto como descrito acima (essa seria uma definição geológica, com fenômenos 
de longo prazo). Ao contrário do que induz a questão, os desertos podem ter uma 
grande biodiversidade. Levando em consideração o exposto acima, a resposta correta 
seria a “E”, sendo as duas asserções falsas. 
O conceito de desertificação, no entanto, tem sido utilizado de forma mais 
ampla (e por isso a questão induz ao erro), no sentido de degradação ambiental, 
notadamente com causas antrópicas. Assim, deserto pressupõe (contrária a uma 
definição física), por exemplo, uma perda de biodiversidade. De acordo com as 
Nações Unidas, a desertificação é a degradação de terra em regiões de clima árido, 
semiárido e subúmido seco. Ainda de acordo com a ONU, “é um processo gradual 
de perda de produtividade do solo e cobertura vegetal causada por atividades 
humanas e variações climáticas”. Mesmo considerando esta definição da ONU, a 
questão acima induz ao erro, pois aceita a desertificação em regiões de clima úmido. 
Assumindo a definição da ONU, a resposta correta poderia ser a “C”, na qual a 
primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição 
falsa, mas não a “A”. 
 
 
 
28 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
Os conteúdos presentes na questão são relevantes para os graduandos em 
Geografia, pois as questões ambientais não podem ser desconsideradas nas diferentes 
escalas do planejamento territorial, área na qual a atuação do geógrafo se faz cada vez 
mais presente. 
 
Referências: 
SUERTEGARAY, Dirce. Deserto Grande do Sul - Controvérsia. Porto Alegre: Ed. da 
Universidade/UFRGS, 1998. 
VERDUM, Roberto, BASSO Alberto; SUERTEGARAY, Dirce. (Orgs.). Rio Grande do 
Sul - Paisagens e Territórios em transformação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 
2004. http://www.unccd.int/main.php>. Acesso em: 09 mar. 2010. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 29 
QUESTÃO 18 
Na obra Domínios da Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas, Aziz 
Ab’Sáber discute as paisagens como heranças de processos fisiográficos e 
biológicos e como patrimônio coletivo dos povos que, historicamente, as herdaram 
como território de suas comunidades. A partir desse entendimento, pode-se refletir 
sobre a herança que a sociedade atual irá deixar para as gerações futuras. O mapa 
abaixo apresenta a situação atual das ações antrópicas nos biomas do Brasil, cujos 
percentuais são listados na tabela. 
 
 
Com base nas informações apresentadas no texto, no mapa e na tabela ao lado 
deste, julgue os itens a seguir. 
 
I O bioma Amazônia, por apresentar o menor percentual de antropização, é o 
que tem maiores chances de manter-se como herança. 
II A situação no bioma pampa se agravará se houver investimentos significativos 
nas atividades agrossilvopastoris. 
III O bioma Cerrado sofrerá fortes transformações com a expansão da agricultura 
em decorrência do cultivo de cana-de-açúcar. 
 
Assinale a opção correta. 
(A) Apenas um item está certo. 
(B) Apenas os itens I e II estão certos. 
(C) Apenas os itens I e III estão certos. 
(D) Apenas os itens II e III estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
 
30 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Tipo de Questão: escolha simples 
Gabarito: alternativa (E) 
Autor: Roselane Zordan Costella 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Vegetação, ocupação econômica, preservação ambiental e, de forma indireta, 
a aplicabilidade de conceitos ligados à ética ambiental e sustentabilidade. 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A competência relacional está evidenciada na questão por meio da reflexão, 
leitura espaço-ambiental e resolução de problemas. As habilidades exigidas são: 
localização, relação, reconhecimento de elementos que definem a ocupação 
socioeconômica e interpretação textual. 
 
Justificativa para a alternativa E ser a correta: 
A Amazônia, apesar de apresentar um desgaste ambiental muito grande, não 
representa em relação aos outros biomas um percentual de agressão significativo. 
Pela consciência nacional, pautada na mata arbórea, como a principal fonte de 
recursos, a condição de fiscalização se torna maior, possibilitando maior herança no 
que diz respeito às reservas florestais. A massa biótica é intensa reforçando a ideia 
de que os refúgios florestais serão resgatados. 
Os Pampas, principalmente no sul do país, estão sendo utilizados de forma 
agressiva para o plantio de silviculturas, árvores silvestres como eucalipto, pínus, 
acácia..., e este evento ocupacional mudará a paisagem de forma significativa, 
alterando o solo e as condições naturais do bioma. O plantio deste tipo de cultura 
está voltado para a produção da indústria de celulose. 
O Cerrado está sendo ocupado pela expansão das lavouras de soja e cana-
de-açúcar. O solo desta região é ácido e precisa de constante correção, provocando 
agressões e alterações ambientais, bem como a retirada da vegetação. A ocupação 
da agropecuária neste espaço reforça a condição de um país voltado para a 
produção de matérias-primas. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 31 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
O conteúdo abordado na questão e as competências exigidas pela mesma 
representam parte significativa das reflexões de um futuro profissional em Geografia, 
pois aborda a leitura crítica e relacional do espaço. 
 
Referências: 
BRANCO, Samuel Murgel. O desafio amazônico. São Paulo: Moderna, 2007. 
CASTRO, Iná. Redescobrindo o Brasil. São Paulo: Bertrand Brasil, 2000. 
ROSS, Jurandyr L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. 
32 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)QUESTÃO 19 
 
Figura I – Paisagem urbana do litoral brasileiro. Figura II – Paisagem de manguezal do litoral brasileiro. 
 
Folha de S. Paulo. “Folha Turismo”, 30/10/2000, p. G-14. 
 
Considerando as figuras I e II acima, e a relação homem-natureza no que se refere 
às questões ambientais, sociais e econômicas decorrentes da apropriação dos 
recursos naturais, julgue os itens seguintes. 
 
I O fenômeno verificado na figura I não decorre de fato isolado, mas de um 
conjunto de acontecimentos interligados, resultantes do crescimento urbano e 
dos impactos deste sobre os ecossistemas. 
II O Estatuto das Cidades (Lei Federal n. 10.257, de 10 de julho de 2001) prevê a 
desocupação urbana de áreas de preservação permanentes, como a 
representada na figura II, previstas pela legislação de zoneamento ambiental. 
III Os manguezais, áreas especiais frágeis, são considerados de proteção 
permanente desde a aprovação do Código Florestal brasileiro. 
IV Os manguezais, que se estendem da foz do rio Amazonas até o delta do rio 
Parnaíba (PI), têm recebido monitoramento dos órgãos federais e estaduais 
competentes, que asseguram os limites de ocupação dessas áreas pela 
urbanização. 
 
Assinale a opção correta. 
 
(A) Apenas um item está certo. 
(B) Apenas os itens I e II estão certos. 
(C) Apenas os itens I e III estão certos. 
(D) Apenas os itens II e III estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
 
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta 
Gabarito: alternativa (C) 
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques 
Comentários: 
ENADE Comentado 2008: Geografia 33 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Os conteúdos avaliados na questão se referem ao crescimento urbano, ao 
estatuto das cidades e à presença de manguezais no litoral, desde o estado do 
Amapá até o estado de Santa Catarina. Comenta ainda a relação entre a expansão 
urbana, a ocupação dos manguezais e os efeitos sobre esse ecossistema. O 
conteúdo desta questão é trabalhado nas disciplinas de Geografia do Brasil I e II e 
na disciplina de Geografia Urbana. 
 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato a competência de analisar as figuras I e II, 
estabelecendo relações com itens I, II, III e IV, além do julgamento dos referidos 
itens em busca da resposta correta. 
As pistas para a escolha da opção correta encontram-se nas duas figuras e 
nos quatro itens ali apresentados. 
 
Justificativa para a alternativa C ser a correta: 
Segundo Guimarães de Araújo, Suely (2003) em seu relatório sobre O 
Estatuto da Cidade e a Questão Ambiental, as APPs em áreas urbanas não são 
respeitadas e são muitas vezes ocupadas por assentamentos humanos informais, 
sem estudo prévio de impacto ambiental. Essas áreas não podem ser regularizadas, 
pois as normas de proteção ambiental não permitem a concessão de licença nas 
áreas de APPs. A Constituição Federal de 1988 coloca acima dos interesses 
individuais ou de determinada comunidade, o direito das coletividades em relação ao 
ambiente ecologicamente equilibrado. Mas o Poder Público “não deve e nem de 
perto conseguiria desalojar incontáveis famílias em áreas ambientalmente 
protegidas” (GUIMARÃES DE ARAÚJO, 2003, p. 8). Como se pode observar, esta 
questão não prevê a desocupação, pura e simples, conforme consta no item II. 
Cada situação deve ser estudada em particular e tratada de tal forma que se 
busque uma alternativa para os assentamentos informais, mesmo que para isso seja 
necessário deslocar a população para outras áreas. 
Os manguezais são considerados como áreas de preservação permanente no 
Código Florestal Brasileiro, que data de 1965. Essas áreas incluem-se nas Zonas 
34 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Costeiras e, devido as suas características especiais em termos biológicos, o 
ecossistema manguezal está protegido legalmente contra a degradação. Mas, 
apesar das leis federais e estaduais existentes, os manguezais vêm sofrendo grande 
pressão com seu aterramento para a expansão urbana, desastres ecológicos por 
derramamento de petróleo, poluição por lançamento de esgotos, entre outros 
aspectos, o que se transforma em catástrofe contra essa área de proteção 
permanente e não evidencia controle por parte dos órgãos públicos. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
O conteúdo abordado na questão e as competências exigidas pela mesma 
representam parte significativa das reflexões de um futuro profissional em Geografia, 
pois aborda a leitura crítica e relacional do espaço, analisando o processo de 
urbanização, seus efeitos sobre as áreas ocupadas a as políticas públicas. 
 
Referências: 
GUIMARÃES DE ARAÚJO, Suely. O Estatuto da Cidade e a Questão Ambiental 
(2003). Site consultado: bd.camara.gov.br./bd.estatutodacidade. A autora foi 
Consultora Legislativa da Área XI – Geografia Regional, Ecologia e Desenvolvimento 
Ambiental, Urbanismo, Habitação e Saneamento. 
ROSS, Jurandyr. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. 
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil-Território e Sociedade no início 
do Século XXI. Rio de Janeiro, 2001. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 35 
QUESTÃO 20 
A globalização é o processo de constituição de uma economia mundial, da crescente 
integração dos mercados nacionais e do aprofundamento da divisão internacional do 
trabalho. No que diz respeito a esse processo, assinale a opção incorreta. 
 
(A) A globalização de capitais, proporcionada pelas fusões transnacionais, gera 
gigantes econômicos. 
(B) A etapa atual da globalização fundamenta-se no aumento generalizado das 
barreiras mercadológicas. 
(C) Intensificam-se, nesse processo, as trocas comerciais e a organização dos 
países em blocos econômicos. 
(D) O processo de globalização acentuou as diferenças entre países desenvolvidos 
e emergentes. 
(E) Os megablocos econômicos contribuem para ampliar a escala das atividades 
econômicas e facilitar a centralização de capitais. 
 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta incorreta 
Gabarito: alternativa (B) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Furlanetto Marques 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de 
Geografia da Produção e do Consumo e Geografia Regional. 
 
Referência a competências/habilidades: 
A competência leitora – ler o mundo – é exigida na questão, e a habilidade 
para realizar esta competência é analisar o contexto econômico mundial. 
 
Justificativa para a alternativa correta: 
A alternativa B está incorreta, porque a atual etapa da globalização fundamenta-
se no rompimento das fronteiras e das barreiras mercadológicas. As outras opções 
oferecem informações que caracterizam o contexto mundial a partir dos anos 90, no 
mundo globalizado. 
 
 
36 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
Os conteúdos envolvidos nesta questão são relevantes tanto para o 
licenciado como para o bacharel em Geografia, pois a compreensão do mundo se 
constitui na sua ferramenta de trabalho. 
 
Referências: 
BRENNER, Jayme. O mundo pós-guerra fria. São Paulo: Scipione, 1994. 
HAESBAERT, Rogério. Blocos internacionais de poder. São Paulo: Contexto, 1991. 
HAESBAERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos W. A nova des-ordem 
mundial. São Paulo: Unesp, 2006. 
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 37 
QUESTÃO 21 
Guerra fiscal tira 8,5 mil postos de trabalho do Paraná. 
A agressividade dos incentivos concedidos pelos estados doAmazonas, de 
Santa Catarina e da Bahia enfraquece setores da economia paranaense. 
Madeireiras, confecções e fábricas de plástico são as mais atingidas pela disputa. 
Os programas incluem desconto de até 90% do ICMS por 15 anos, desconto no 
pagamento do imposto de renda das empresas e doação de terrenos e 
infraestrutura; além disso, a mão de obra da região, em geral, é mais barata. 
Somente o setor plástico contabiliza 15 empresas locais que preferiram transferir 
investimentos, segundo o presidente do Sindicato da Indústria Plástica. “Essas 
empresas gerariam, para o estado, cerca de 6 mil empregos”, disse o presidente. 
Gazeta do Povo. Paraná, 8/9/2008 (com adaptações). 
 
A partir das informações acima e com base no conceito de produção do espaço 
geográfico, conclui-se que a expansão do meio técnico-científico-informacional 
 
(A) Apresenta-se como solução para as constantes disputas tributárias no cenário 
nacional. 
(B) Destaca-se nos setores da economia tradicional, pois mantém as diretrizes da 
sociedade local e regional. 
(C) Caracteriza-se pelo aspecto social, visto que procura preservar os saberes 
tradicionais. 
(D) É seletiva, com reforço de algumas regiões e enfraquecimento relativo de 
outras. 
(E) É ordenada e reforça os setores da economia de maneira equilibrada 
e dinâmica. 
 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta 
Gabarito: alternativa (D) 
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques 
Comentários: 
 
Identificação dos conteúdos implicados na questão: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão relacionados com a economia 
brasileira e as disputas regionais para a atração de indústrias (guerra fiscal). A 
expressão “meio técnico-científico-informacional” foi cunhada por Milton Santos, um dos 
mais importantes geógrafos brasileiros. 
38 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
Referência a competências/habilidades envolvidas: 
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de 
analisar o excerto da Gazeta do Povo – PR e as informações ali contidas. Por 
outro lado, a presença de dados percentuais exige a utilização da competência 
lógico-matemática para completar o entendimento e favorecer o julgamento do 
acadêmico, de forma acertada. 
 
Justificativa para a alternativa D ser a correta: 
A pista para a escolha da opção correta encontra-se na raiz da questão e 
também na proposição, que deve ser completada com alternativa adequada. 
Após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 70, observa-se uma profunda 
interação entre a ciência e a técnica nos países desenvolvidos e nos países 
subdesenvolvidos. Essa união entre técnica e ciência ocorre sob a responsabilidade 
do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, torna-se um 
mercado global. E a distribuição da ciência, da técnica e da informação não 
acontece em todos os lugares ao mesmo tempo; ela é seletiva e vai aparecer em 
alguns lugares em detrimento de outros. 
O tema “guerra fiscal” assume importância crescente, frente aos benefícios 
fiscais e financeiros que são concedidos pelos estados às grandes empresas, para 
que estas se instalem em seus territórios. Estes benefícios produzem uma 
concorrência predatória entre os estados, contribuindo para agravar a crise financeira 
em que se encontram. O que se tem, de fato, é um confronto entre interesses 
econômicos dos estados, os quais, através de concessão de benefícios, buscam o 
favorecimento de suas economias. 
 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
Na alternativa A, a expansão do meio técnico-científico e informacional não serve 
como solução para as constantes disputas tributárias entre os estados brasileiros. 
As alternativas B e C sugerem a utilização da ciência, da tecnologia e da 
informação na economia tradicional, na manutenção de uma sociedade local e na 
preservação dos saberes tradicionais. Na realidade, a utilização da tecnociência e 
da informação originam a globalização, a mundialização das ideias, a abertura ao 
novo e o descaso pelos saberes tradicionais. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 39 
A alternativa E sugere que o uso da ciência, da técnica e da informação teriam 
como consequência a ordenação e o reforço da economia de maneira equilibrada e 
dinâmica. Nesse caso ocorre justamente o contrário, ocasiona o crescimento e o 
desenvolvimento de alguns em detrimento de outros. É a lógica do capitalismo. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da 
realidade acadêmica e profissional do estudante: 
O conteúdo desta questão, trabalhado na disciplina de Geografia Econômica e 
Geografia do Brasil, é muito pertinente, pois tem como objetivo a análise da realidade 
brasileira, base que não pode ser desconsiderada pelo acadêmico em Geografia. 
 
Referências: 
AFFONSO, Rui de Brito Alves. Guerra Fiscal no Brasil: três estudos de caso. Minas 
Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Série Estudos de Economia do Setor Público. 
FAPESP. Edições FUNDAP, 1999. 
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-
informacional. São Paulo: Hucitec, 1994. 
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil-Território e Sociedade no início 
do Século XXI. Rio de Janeiro, 2001. 
40 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 22 
Analise as asserções a seguir. 
 
No século XX, os anos 70, no Brasil, foram marcados pela modernização da 
agricultura, influenciados pelo desenvolvimento do capitalismo agrário, pela 
expansão das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e pela intensificação dos 
movimentos sociais no campo, 
 
porque 
 
houve, nessa época, a inserção de tecnologias para a agricultura de precisão, 
ampliação do acesso ao crédito agrícola e a forte mecanização em substituição à 
mão de obra tradicional. 
 
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. 
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa. 
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição 
verdadeira. 
(E) As duas asserções são proposições falsas. 
 
Tipo de Questão: asserção e razão 
Gabarito: alternativa (E) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de 
Geografia Agrária, Geografia do Brasil e Geografia da Produção e do Consumo. 
 
Referência a competências/habilidades: 
A questão é difícil e exige do acadêmico a competência leitora e relacional 
para articular no momento histórico identificado, anos 70 do século XX, a conjuntura 
ENADE Comentado 2008: Geografia 41 
política nacional, a forte expansão tecnológica no contexto mundial e as políticas de 
crédito para o setor primário. 
 
Justificativa para a alternativa E ser a correta: 
A letra E corresponde à alternativa correta: a primeira asserção está incorreta 
por afirmar que nos anos 70 houve a intensificação dos movimentos sociais no 
campo. Esse período histórico caracterizou-se pelo aprofundamento da ditadura 
militar no Brasil, impossibilitando a organização de movimentos sociais, tanto no 
campo como na cidade. A segunda assertiva é falsa, pois embora o período citado 
tenha se caracterizado pela introdução de novas tecnologias e mecanização, o 
acesso ao crédito agrícola não ocorreu de forma ampliada para todos os segmentos 
do setor. Nessa época o financiamento era destinado para a introdução de melhorias 
noarmazenamento e/ou comercialização. 
 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
As demais alternativas não são corretas, pois partem do pressuposto de que 
pelo menos uma das asserções é verdadeira. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
Os conteúdos envolvidos são pertinentes e relevantes, porque a compreensão 
da organização territorial do Brasil de hoje pressupõe o conhecimento do processo. 
 
Referências: 
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capitalista de produção e agricultura. São 
Paulo: Ática, 1987. 
______. Geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1988. 
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil território e sociedade no início do 
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. 
42 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 23 
Mediante o Decreto Presidencial n.º 6.040/2007, o governo brasileiro instituiu a 
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades 
Tradicionais, que, no inciso I do seu art. 3º, assim caracteriza esses povos e 
comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem 
como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam 
territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, 
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas 
gerados e transmitidos pela tradição. 
 
A política acima referida inclui, entre os princípios que a norteiam, 
 
I o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e comunidades 
tradicionais. 
II a articulação e integração com o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e 
Nutricional. 
III a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a 
memória cultural e a identidade racial e étnica. 
IV a articulação com o Plano Nacional de Desenvolvimento Agrário e o Plano 
Nacional de Recursos Hídricos. 
 
Estão certos apenas os itens 
(A) I e II. 
(B) I e III. 
(C) III e IV. 
(D) I, II e III. 
(E) II, III e IV. 
 
Tipo de Questão: asserção e razão 
Gabarito: alternativa (D) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de 
Geografia Cultural, Geografia Agrária e Estudos de População. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 43 
Referência a competências/habilidades: 
A questão exige do candidato a competência leitora e relacional e a 
habilidade de analisar as diferentes afirmações em cada uma das alternativas, 
envolvendo comunidades remanescentes do Brasil Colônia e as atuais políticas 
públicas de inclusão. 
 
Justificativa para a alternativa D ser a correta: 
A letra D está correta ao identificar as assertivas I, II e III como corretas. As 
afirmativas I e III estão colocadas na raiz da questão ao esclarecer o Decreto 
Presidencial. A dúvida para o candidato estaria entre as afirmativas II e IV. 
A assertiva II está correta, uma vez que a sustentabilidade desses povos 
passa necessariamente, de um lado, pela garantia alimentar dos mesmos e, de 
outro, pelo aprendizado das relações e práticas por eles realizadas para a 
preservação da biodiversidade. 
A alternativa IV está errada, pois as políticas agrárias não fazem parte 
deste decreto. 
 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
As demais alternativas estão incorretas, pois não contemplam como corretas 
as assertivas, I, II e II, ou indicam a assertiva IV como verdadeira. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
O conteúdo envolvido na questão é pertinente para o acadêmico em 
Geografia, pois tanto o licenciado quanto o bacharel precisam ter o conhecimento e 
a compreensão das diversidades socioambientais bem como das políticas nacionais. 
 
Referências: 
CLAVAL, Paul. A geografia cultural. Florianópolis: Ed. UFSC, 2005. 
CORRÊA, Roberto; ROSENDAHL, Zeny. Paisagem, imaginário e espaço. Rio de 
Janeiro: Ed. da UERJ, 2001. 
YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar. São Paulo: Contexto, 2002. 
 
44 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
QUESTÃO 24 
Analise as asserções a seguir. 
 
No mundo, estima-se que metade da população viva em aglomerados urbanos, em 
um processo de incremento contínuo, no qual já são contabilizadas 17 megacidades 
com mais de 10 milhões de habitantes. As características da urbanização brasileira 
fazem que esse processo seja não só um gerador de problemas ambientais, mas 
também um problema ambiental em si 
 
porque 
 
a urbanização cria não apenas novas paisagens, mas também novos ecossistemas, 
dependendo de grandes áreas externas para obtenção de energia, alimentos, água 
e outros materiais. 
 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
 
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa. 
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição 
verdadeira. 
(E) As duas asserções são proposições falsas. 
 
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta 
Gabarito: alternativa (A) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados à área de Geografia 
Urbana, Organização Territorial e Geografia do Brasil. 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 45 
Referência a competências/habilidades: 
A competência leitora – ler o mundo – é exigida na questão e a 
habilidade para realizar essa competência é analisar o processo de 
urbanização e suas consequências. 
 
Justificativa para a alternativa A ser a correta: 
A alternativa A está correta porque as duas assertivas são verdadeiras e a 
segunda é uma justificativa correta da primeira. 
O processo de urbanização é antigo, mas assumiu uma maior velocidade a 
partir do último quartel do século XX. Segundo Davis (2006, p. 13), “em 1950, havia 
86 cidades no mundo com mais de 1 milhão de habitantes; hoje são 400 e em 2015 
serão pelo menos 550.” Ainda de acordo com o referido autor, em tabela 
apresentada em sua obra (2006, p. 15), com dados de maio de 2004 obtidos em 
www.citypopulation.de/world.html, são 19 as cidades com mais de 10 milhões de 
habitantes, na seguinte ordem crescente: Pequim, Istambul, Teerã, Rio de Janeiro, 
Buenos Aires, Xangai, Lagos, Karachi, Manila, Cairo, Calcutá, Daca, Jacarta, Délhi, 
Mumbai, São Paulo, Nova Iorque, Seul e Cidade do México. 
Ao se observar as cidades listadas, verifica-se que a grande maioria são 
cidades presentes em países pobres como o Brasil. No caso brasileiro, o processo 
de urbanização resultou de contextos internos como a Lei de Terras (1850) e a 
abolição da escravatura (1888) que, articulados, orientaram no final do século XIX os 
primeiros movimentos de êxodo rural reforçados ao longo do século XX por 
reorganizações territoriais nas áreas rurais decorrentes entre outros fatores, dos 
modelos agrário e agrícola do país. À medida que há uma ampliação da população 
urbana de forma desordenada, a densificação resultante originou processos de 
favelização e ampliação das distâncias para obtenção das matérias-primas e energia 
necessárias para o atendimento das necessidades das mesmas. Os ecossistemas 
urbanos apresentam uma condição de equilíbrio instável, pela matriz de consumo 
hoje dominante, constituindo-se em problemas ambientais em si também pelo 
volume de produção de resíduos. 
 
 
46 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M.F. (Orgs.) 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
As demais alternativas estão incorretas, pois informam que pelo menos uma das 
assertivas é falsa – letras C, D e E – ou mesmo quando se consideram as duas 
assertivas verdadeiras, caso da letra B, não se estabelece a relação entre ambas. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
A capacidade de ler o mundo, fazendo a relação entre os contextos 
internos e externos, bem como a compreensão dos efeitos desses processos, é 
papel do acadêmico de Geografia. Santos (1994, p. 69) coloca que “Nos 
conjuntos que o presente nos oferece, a configuração territorial, apresentada ou 
não em forma de paisagem, é a soma de pedaços de realizações atuais e 
realizações do passado.” Desse modo, a compreensão da cidade, que é o 
interno, só é possível se compreendermos os seus processos, os quais estão 
vinculados aos contextos externos. 
 
Referências: 
ACSELRAD, Henri (Org.). A duração das cidades. Sustentabilidade e risco nas 
políticas urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 
DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006. 
SANTOS, Milton. Técnica, espaço e tempo: globalização e meio técnico-científico 
informacional. São Paulo: HUCITEC, 1994. 
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 47 
QUESTÃO 25 
 
 
O cartograma acima, que representa a área de polarização de uma cidade 
categorizada como grande cidade média (lugar central), retrata a estrutura 
hierárquica e expressa a organização espacial da rede urbana, assim como a forte 
hierarquização da grande cidade média sobre os demais centros urbanos. Um dos 
propositores da ideia de centralidade dos lugares, consolidada na década de 30 do 
século passado, foi o geógrafo alemão Walter Christaller. Segundo sua teoria, a 
grande cidade média de hoje corresponderia à capital regional, assim como as 
cidades médias, a centros subregionais. 
 
A respeito da teoria das localidades centrais e da estrutura da rede urbana, 
representada no cartograma, julgue os itens a seguir. 
 
48 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
I Segundo Christaller, a centralidade dos lugares seria uma hierarquização da 
função desempenhada por uma cidade em um conjunto de cidades, que não 
seria, obrigatoriamente, uma região. 
II As pequenas cidades geram, via de regra, expressiva densidade de centros 
que se situam a uma pequena distância média entre si, ainda que esta possa 
variar de acordo com a densidade demográfica da região em que se localizam. 
III A hierarquia entre as cidades resultaria da tendência natural de 
centralização em uma rede de interdependência em que várias cidades 
menores estão ligadas à cidade central. 
IV No cartograma, observa-se que o número de pequenos centros é baixo em 
relação aos centros maiores, sendo elevada a distância média entre eles. 
V No cartograma, a localidade central de nível hierárquico mais elevado possui 
ampla região de influência: nela, estão contidos os centros de nível 
imediatamente abaixo. 
 
Assinale a opção correta. 
(A) Apenas os itens I e II estão certos. 
(B) Apenas os itens II, III e IV estão certos. 
(C) Apenas os itens III, IV e V estão certos. 
(D) Apenas os itens I, II, III e V estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
 
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta 
Gabarito: alternativa (D) 
Autor: Ana Regina de Moraes Soster 
Comentários: 
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados à área de Geografia 
Regional, Geografia Urbana e Organização Territorial. 
 
Referência a competências/habilidades: 
A competência leitora e relacional é exigida na questão, através da 
interpretação de um cartograma. A habilidade para realizar esta competência está 
no reconhecimento dos conceitos de região e de hierarquia urbana aplicados. 
Também será necessário que o aluno relacione esses conceitos com os processos 
de constituição das redes urbanas. 
 
 
ENADE Comentado 2008: Geografia 49 
Justificativa para a alternativa D ser a correta: 
A alternativa D está correta, pois informa que as assertivas I, II, III e V 
estão corretas. 
A assertiva I é verdadeira, pois, de acordo com a Teoria das Localidades 
Centrais, todo núcleo urbano, independentemente de seu tamanho, é uma 
localidade central, porém, uma localidade central só terá uma condição de 
centralidade quando as funções centrais (bens e serviços) ali realizadas atenderem 
uma população externa (região complementar) relevante, estabelecendo uma área 
de influência (hinterlândia) significativa. 
Na época da elaboração desta proposta teórica (década de 30), as propostas 
teóricas predominantes estavam associadas ao determinismo ambiental e 
possibilismo. Para a primeira a região (região natural) era definida a partir da 
integração dos elementos da natureza, o que resultaria em uma certa uniformidade. 
Para a segunda, a chamada região geográfica, era resultado da interação entre os 
aspectos humanos e os aspectos de natureza, resultando em uma condição 
harmoniosa e visível, constituindo modos de vida. 
Tanto do ponto de vista do determinismo ambiental quanto do possibilismo, as 
regiões resultantes não coincidem necessariamente com o arranjo hierárquico de 
cidades articuladas a partir das funções centrais de uma delas. 
A assertiva II está correta, porque localidades centrais de pequeno porte, por 
apresentarem reduzida oferta de bens e serviços (funções centrais), complementam-
se umas às outras favorecendo a ocorrência de densificações. 
A assertiva III, por sua vez, é verdadeira, pois a Teoria das Localidades 
Centrais propõe os conceitos de alcance espacial máximo e alcance espacial 
mínimo. Nessa perspectiva, determinadas funções centrais podem ser replicadas em 
diferentes pontos de uma mesma localidade central e em todas as localidades 
centrais, como, por exemplo, é o caso de uma padaria ou farmácia, que apresentam 
alcance espacial mínimo. Porém, funções centrais, como hospitais ou universidades, 
cujo custo de implantação é muito elevado, serão implantadas, de modo geral, em 
localidades centrais com maior contingente populacional e/ou com um maior número 
de funções centrais, apresentando assim um alcance espacial máximo e uma 
região complementar ampliada. 
50 SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.) 
A assertiva V está correta porque o cartograma expressa justamente os 
aspectos analisados nas assertivas anteriores, especialmente na III, pois a grande 
cidade média ali representada se constitui em uma centralidade, com funções 
centrais de alcance espacial máximo. 
A assertiva IV está errada porque o cartograma apresenta, ao contrário do 
que é informado, um elevado número de pequenos centros. 
 
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas: 
A alternativa A está errada, pois não indica todas as assertivas que 
são verdadeiras. 
As alternativas B e C, além de não indicarem todas as assertivas corretas, 
indicam a assertiva IV (falsa) como verdadeira, assim como a E. 
 
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos: 
Os conteúdos envolvidos na questão são muito pertinentes, pois o acadêmico 
de Geografia deve saber ler, analisar e interpretar a constituição das redes urbanas 
e os arranjos espaciais resultantes. 
 
Referências: 
CORRÊA, Roberto L. A Rede urbana. São Paulo: Ática, 1989. 
______. Região e Organização espacial. 8. ed. São Paulo, 2007. 
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1993. 
ENADE Comentado 2008: Geografia 51 
QUESTÃO 26 
Óia o rapa 
 
Tremenda correria 
Some com a mercadoria

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