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Muitos de nós escolhemos a carreira errada. A maioria padece muito por isso e acha que não há mais tempo hábil para recomeçar em outra área . Alguns poucos buscam um meio-termo, simplesmente aceitam que escolheram mal e aprendem a conviver com isso sem se desmotivar. Há situações em que não foi a escolha da carreira que não deu certo, mas a escolha da empresa. Profissionais apaixonados pela profissão se veem trabalhando num ambiente de pressão desmedida, de perseguição, de assédio moral, de falta de reconhecimento e.... perdem o tesão pela atividade que um dia juraram defender. Este e-book é voltado para esses grupos e também para aqueles que, apesar de estarem satisfeitos com a profissão e com as empresas em que atuam, desejam imprimir mais qualidade em seu dia-dia profissional. É um e-book breve, com conteúdo leve e bastante prático, como são todos os livros desenvolvidos pelo Carreira +. Boa leitura. Você vai gostar :) Agradecimentos Não sou normal. E tenho pagado um alto preço por minhas anormalidades. Mas há gente que consegue ser ainda mais louca do que eu: aqueles que insistem em andar comigo. São verdadeiros guerreiros e guerreiras (rs). Quero dedicar esse livro a uma incrível pessoa que faz parte desse pequeno grupo de loucos. Dedico esse livro a você, Jana. Não mereço sua amizade. Não aguenta mais seu emprego? Tire pequenas férias dele. Como? Com pausas bem pensadas e bem aproveitadas. É bem verdade que algumas orientações que citarei aqui não poderão fazer parte de sua realidade devido às suas condições de trabalho. Mas, ainda que não sejam aproveitáveis para você, creio que poderão servir de modelos para que você tenha ideias aplicáveis ao seu dia-dia profissional. Pausa 01 Pausa para informações. Separe de cinco a dez minutos de sua manhã (preferencialmente antes de iniciar as atividades) para se atualizar quanto às notícias do dia em algum site especializado. #Cultura Pausa 02 Aproveite as interrupções. Sempre há alguma pessoa (não seja como essa pessoa) que gosta de puxar conversa (política, violência, economia, futebol e novela) no trabalho para quebrar aquele clima de seriedade e silêncio. Se a interrupção vier em momento propício, aproveite. Imprima qualidade na conversa. Ria. Mas não deixe que a conversa dure mais do que cinco minutos. #relacionamentos Pausa 03 A pausa do café. Você tem direito a uma pela manhã e uma pela tarde, ok? Concentre-se no que vai fazer. Não se levante até entrar na vibe de que você vai tomar um delicioso café que vai proporcionar aquela sensação que somente um bom café pode trazer. Ah.... café Não o leve para sua mesa. Tome-o ali mesmo, próximo à mesinha . Quem sabe alguém não apareça e em dois minutinhos você teve mais alguma conversa... #café Pausa 04 Água e banheiro. Tente fazer os dois na mesma pausa. Na verdade, o melhor é que você tenha uma garrafinha de água em seu local de trabalho para não se esquecer. Leve seu celular e seu fone ao banheiro. Faça o que tem que fazer e, se o banheiro não for repulsivo (hehe), coloque o fone e ouça uma musiquinha de uns três minutos. Como funciona.... #música Pausa 05 Nossa última orientação. Chega, né? Tem que trabalhar também, uai! Se você trabalha com computador, procure se alongar a cada uma hora e meia de trabalho. Além de ser excelente para sua saúde , será mais um minutinho para cuidar da mente. #alongue-se Com essas sugestões você poderá ter cerca de trinta minutos de pausa durante o dia. Se você encarar isso como pequenos momentos de férias, será mais feliz. :) E aí? Está desmotivado(a)? Lembre-se que sua vida está lá fora! Somos uma geração marcada por leituras que afirmavam e afirmam que temos que ser realizados no trabalho e essa inverdade gera uma enorme população de gente frustrada e estressada que coloca trabalho na frente de tudo e se ferra bonito. Vamos conversar sem rodeios, ok? Sua vida é infinitamente maior do que seu trabalho. As coisas mais lindas que você vai viver nessa vida estarão bem distantes de seu trabalho. Sua vida é bem maior do que o que você faz oito horas por dia . (Oito?) Vamos pensar um pouco sobre a vida, senhores. Pensemos primeiro na espiritualidade, em sua conexão com o sobrenatural, em sua fé. Não há coisa mais importante do que compreender o sentido da vida e buscar viver conforme suas crenças. Quantas situações maravilhosas você poderá viver nessa área! Seja mais disciplinado(a) em suas orações, rezas ou meditações. Não comece seu dia de trabalho sem fazê-lo. Você verá como seu dia começará diferente. Antes de entrar em sua sala/ loja/balcão/carro, ou qualquer outro local de trabalho, experimente entrar num banheiro, respirar e se conectar, relacionar-se com aquilo em que acredita. Veja quanta vida há lá fora! :) Falemos agora sobre família. Nossa família é a que mais paga caro por nossas escolhas profissionais. Se você compreender isso, passará a dar menos trela para os problemas que tem em seu trabalho. Comece a viver o que realmente importa e o desgosto que você tem em relação ao seu trabalho não te afetará tanto. Por isso, imprima qualidade em suas relações familiares. Como gostamos de dar soluções práticas, vamos a algumas dicas que você pode executar desde já : Prepare café da manhã especial (principalmente se você for homem, hunf!) nos finais de semana. Faça com que isso vire rotina. Deixe bilhetinhos pela casa. É uma forma de se fazer presente, de se fazer conectado, ainda que distante. Crie a rotina de ligar , ao menos uma vez ao dia, para cada filho, para os pais e para o(a) companheiro(a). Não ligue somente para saber se tudo está bem. Conecte-se. Fale sobre saudade, sobre gratidão, sobre sentimentos. Invista no fim-de-semana. Passem a semana programando o que farão. Isso gera aquela expectativa gostosa que fará com que você seja menos impactado pelos problemas de trabalho. Vai por mim. Clube da pipoca! Escolha um dia no meio da semana para aquela série ou filme e aquele baldão de pipoca. Não há quem não ame fazer isso em família. Faça com que isso vire rotina. Faça a vida em família ser tão colorida quanto deveria ser. Almoce com os seus no meio da semana. Sei que nem todo mundo pode fazer isso. No entanto, imagine quão especial é sair daquela manhã de trabalho caótica e ir almoçar com o maridão ou com a esposona para esquecer o stress e dar boas risadas... vale a pena tentar ao menos uma vez por mês. Veja quanta vida há lá fora! :) Falemos agora sobre cultura? Isso mesmo. Invista em boas leituras em seu horário de almoço. Quem sabe não dê para assistir a um episódio de trinta minutos daquela série que está bombando no Netflix. Vale saidinha do trabalho direto para o cinema. Vale sair por aí fotografando. Vale investir numa playlist sensacional. Ôpa! Preciso investir mais palavras aqui. Que tal blues na segunda? E black music na terça ? A quarta vai ser pesada? Mande de rock e chegue ligado no 220. Ah... o trajeto para o trabalho pode ser sensacional. Veja quanta vida há lá fora! :) Acho que consegui ser claro quanto ao que pretendia dizer. Quanto mais qualidade você investir no que está fora do seu trabalho, menos será afetado pelos percalços da atividade profissional. Sua vida não é seu trabalho. Você jamais deve viver por ele. Durante três anos da minha vida fiquei cinco horas por dia dentro de um ônibus para ir e voltar dotrabalho. Havia dias em que passava dezenove horas do dia fora de casa. E essa loucura, além de não me fazer rico, fez com que eu perdesse a família. Aprenda com meu erro. Há tanta vida lá fora... Suas oito horas de trabalho são ferramentas para te proporcionar a renda necessária para que você aproveite bem as outras dezesseis horas. Não espere mais do que isso. Se vier algo a mais será lucro. Não aguenta mais o seu trabalho? Invista no que gosta. Quanto mais atividades bacanas fizerem parte de seu cotidiano, menos você será afetado por seu trabalho. A ideia é ser tão feliz, tão feliz fora do trabalho que você realmente não precisará mais de ser realizado profissionalmente para se sentir completo (a). Não acredito em realização profissional. Acredito em busca por ser alguém melhor e ser um melhor profissional faz parte disso. Só se frustra profissionalmente quem esper a ser feliz no trabalho. Pronto. Filosofei. Mergulho. Teatro. Dança. Caminhada. Corrida. Vinhos. Cervejas artesanais. Coleções. Filmes franceses (argh). Aeromodelismo. Treinamento funcional. Pilates. Artesanato. Voluntariado. Atividades com os filhos. Culinária. Decoração. Poesia. Banda de garagem. Pôquer . Pelada com os amigos. Viagens curtas de fim-de-semana. Maratona de séries. Shows alternativos. Mangá. Games. Ioga. Happy-hour. Se você só se sente vivendo quando é final-de- semana, isso significa que você não está sabendo aproveitar bem a vida. Mexa-se. Durante algum tempo eu corria na orla da praia em meu horário de almoço, tomava uma água de coco e voltava ao trabalho com a mente leve, leve. Dava pausa no trampo para ver jogo do Barcelona. Sei quem nem todo mundo pode fazer algo assim. Mas coisas menores podem ser feitas. Busque isso. Mexa-se. Viva! Tem gente que trabalha de frente para o mar e nunca parou sua rotina para pôr os pés na areia! Pare de jogar copas em seu PC e vá viver, brother! Você não aguenta mais seu emprego. Já deve ter sonhado com infinitas maneiras de como assassinar seu chef e as segundas-feiras são deprimentes. Você chora antes de iniciar o trabalho. Se pudesse, pediria demissão hoje mesmo. Mas sabemos que não pode ser assim. Saída de um emprego tem que ser algo muito bem pensado, principalmente com a atual recessão. Até que um novo horizonte esteja bem definido, você precisará segurar a onda. Neste capítulo me proponho à difícil tarefa de te ajudar a suportar por mais algum tempo - pelo tempo que for necessário - até que surja a oportunidade de continuar a jornada em outro lugar. Para isso, terei que compartilhar com você uma terrível experiência profissional que tive. É bem provável que você se identifique com o que escreverei nas próximas linhas. Meu primeiro emprego com assinatura em carteira veio quando eu tinha dezenove anos. Aceitei desesperado. A proposta era totalmente contrária às leis trabalhistas no que compete à admissão: eu deveria trabalhar por três meses numa espécie de período de experiência e somente depois desse período minha carteira poderia ser assinada. Eu tinha consciência dos meus direitos. Tinha consciência de que se uma empresa peca feio na admissão, é bem provável que peque muito mais nos estágios seguintes. Mas o desespero falou mais alto e, assim como muitos jovens desesperados por aí, aceitei . Foi um festival de ilegalidades: remuneração diferente da disposta na carteira de trabalho e no contra-cheque; jornada de trabalho que excedia em muito às 44h limítrofes semanais; o benefício do transporte era pago em espécie; e o pagamento nunca era realizado no quinto dia útil. Ficou com pena de mim? Calma . Tem mais. Para que você imagine bem a cena, preciso registrar que o trabalho era como instrutor de informática em uma rede de cursos profissionalizantes bastante conhecida no estado de São Paulo. Havia pressão para que nenhum aluno desistisse do curso. Não só nos preocupávamos com a aula, mas tínhamos que fazer contato telefônico com os alunos faltosos fora de nosso horário de trabalho. Um dos diretores era extremamente arrogante (daqueles capazes de deixar um ambiente na cor cinza) e especialista em assédio moral. Para deixar a coisa mais dramática, a estrutura do local estava cada vez pior. Dois banheiros para trezentos alunos. Salas com vinte computadores e sem ar- condicionado. Imagine aqueles ventiladorezinhos de vinte centímetros em cima dos gabinetes dos computadores... Pode imaginar. Era assim mesmo. Quase sempre não havia material para os alunos. E todos já haviam pagado o material no ato de matrícula. Era um caos. E a direção, assim como deve ser a sua, jamais enxergou assim. Minaha mente era atacada todos os dias. No lugar da motivação, a estratégia adotada para mover as pessoas rumo a um objetivo era o medo. Com apenas seis meses de trabalho eu já procurava chegar junto com a recepcionista que abria o curso só para ir a uma salinha para chorar. Isso mesmo. Passava quinze minutos chorando e pedindo a Deus para que me desse forças para aguentar mais um dia naquele lugar, que para mim era um inferno. "Por que você não saiu , Rafael?" Por que você não sai do seu? - pergunto. Nossos motivos talvez não sejam muito diferentes. Eu precisava. Ponto. E tive que segurar a onda. E assim fiquei dois anos naquele lugar, alcançando, ainda, uma promoção. "Como você conseguiu segurar a onda?" É o que dividirei com você nas próximas linhas. Primeira onda Primeiro precisei conversar comigo mesmo. Precisei compreender o quanto precisava continuar naquele emprego, enquanto não conseguisse algo melhor e seguro. Talvez não seja o melhor exemplo que posso dar, mas foi o que usei. Então lá vai : pensei nas condições de vida de um escravo e de tudo aquilo a que ele se agarrava para não tentar se matar. Sério. Meio radical, eu sei. Mas foi o que usei. Amor pela vida; fé de que, ainda que passasse por percalços, eu não estava sozinho; a família e a alegria perene e incomparável de ver seus filhos correndo em algum lugar. Enfim, comecei a me apegar as coisas boas da vida, ao que realmente importava. Segunda onda Decidi levantar a cabeça. Enfrentei o medo que tinha de dizer o que pensava. Parei de aceitar tudo. Mas não saí urrando aos quatro ventos sobre o que achava. Fui ler. Li sobre negociação de conflitos, sobre a liderança servidora, sobre inteligência emocional e busquei construir argumentos sólidos para defender meus pontos de vista. No início houve surpresa e revolta por parte da direção. Mas não recuei. Mantive minha opinião a defendendo com educação e com argumentos consistentes. Em pouco tempo colhi resultados positivos. Não que a direção houvesse mudado em suas opiniões intransigentes, mas percebi que havia respeito. Seus chefes e colegas precisam saber que não estão lidando com um imbecil. E isso você não conquista de cabeça baixa , sendo um obediente radical, tampouco como um estouradinho revoltado. Isso é conquistado com posicionamento firme, com inteligência e com educação. Terceira onda Mostrei que era maior. Isto é, comecei a conceber outros projetos. Na verdade, apresentei projetos à direção. Como resposta fui desafiado a colocá -los em prática e não recuei. A resistência diminuiu, mas a desconfiança estava lá no rosto de todos os funcionários. Banquei. Fiz. E mostrei que era maior do que a forma como me tratavam , de que nãoera dependente daquilo, de que tinha capacidade para ir além. Quarta onda Capacitei-me. Talvez tenha sido minha melhor surfada. Ainda que muito cansando (trabalhava de segunda à sexta de 08:00 às 21:30, sábados de 11:00 às 20:00 e domingos de 09:00 às 16:00), busquei capacitações que me tirariam dali. Como aquilo me ajudou.... Cada aula era um prazer, pois representava um degrau a menos na escada que me levaria a outro lugar. E nessas capacitações fui vendo um mundo novo. Aprendi técnicas de departamento pessoal, marketing, Linux, contabilidade, escrita fiscal (tudo de graça na internet ou em apostilas) e, em pouco tempo, estava pronto para sair. Quinta onda Aprendi a lidar com as pessoas difíceis. Eu não poderia mudar o jeito de ser de meu chefe babaca(rs). Mas poderia mudar minha forma de lidar com ele. Não custava tentar. Aprendi a melhor maneira de me opor às suas ideias. Aprendi a buscar um melhor momento para dar más notícias. Aprendi a reconhecer que nele havia alguns valores, ainda que escassos, que poderiam me ensinar alguma coisa. Ganhei o seu respeito. Ele não me elogiava. Mas não me criticava. E assim peguei onda até conseguir sair. Se você tem consciência de que não dá mais para continuar, mas não pode sair agora, comece a preparar sua mente para esse período. Esse momento vai passar. Sua mente precisará ser forte e sábia até lá. Segure a onda e use sua vontade de sair como combustível para conversar consigo, para levantar a cabeça , para mostrar que é maior, para se capacitar e para lidar com as pessoas mais intransigentes que encontrar. Há tanta vida lá fora... Em 2007 li um livro chamado Liderança Radical, de Steve Farber, e dele tirei uma lição que carrego comigo ainda hoje - o amor provoca energia. O apaixonado tem mais força para continuar, para seguir enfrentando as circunstâncias negativas, para perseguir seus sonhos. Tive uma namorada que morava distante da minha casa. Para namorá-la ia de bicicleta até sua casa, mas por um bom período fiquei sem bike e levava meia hora andando, ainda que estivesse chovendo ou fazendo intenso frio. Namorávamos na varanda e sofríamos nas noites frias (o pai não me deixava entrar), mas eu estava lá firme e forte todas as quartas, sábados e domingos. Eu estava apaixonado. Quando se está apaixonado, nada pulsa mais forte em você do que a vontade de se mover pelo objeto de sua paixão. Você enxerga seus problemas como situações contornáveis e escolhe por seguir. Não aguenta mais seu emprego e precisa segurar a onda até conseguir algo melhor? Apaixone-se. "Apaixonar-se por que coisa, se odeio cada metro daquele lugar e cada pessoa daquela selva?" Foi essa a minha reação quando li Steve Farber. Segundo ele, à medida em que eu me apaixonasse por algo dentro do meu trabalho, essa paixão produziria a energia necessária para perseguir meu objetivo, ainda que esse fosse simplesmente aguentar um pouquinho mais até que aparecesse uma boa oportunidade de cair fora. "Vou me apaixonar por que coisa? Pela direção? Impossível. Por meus alunos que estão nem aí para a hora do Brasil? Impossível. Por meu salário? Não e tão bom assim." - pensei. Passei duas semanas observando tudo – pessoas, recursos , estruturas – na ânsia por encontrar alguma coisa pela qual valeria a pena me apaixonar e que, consequentemente, produziria em mim a energia necessária para continuar. "Mas paixão acontece, Rafael. Ninguém escolhe se apaixonar." Discordo. E já pude colocar isso em prática mais de uma vez. Creio que quase um mês depois tive meu insight. "Minhas aulas! Sim. Minhas aulas! Posso me apaixonar por minhas aulas!" E assim comecei a me enamorar por preparar minha aula com capricho, com criatividade. Criei métodos próprios para utilizar em sala de aula, como um sistema de cartazes que os alunos utilizavam para mostrar como estavam se sentindo naquele dia. A minha paixão fazia com que eu esquecesse por alguns bons momentos o que acontecia ao meu redor. A pressão continuava. O ambiente continuava péssimo. Mas eu parava, respirava e pensava: "Nada mais importa agora. Agora é a hora da minha aula. Preparei-me muito para dar essa aula. Vou colher sorrisos desses alunos desinteressados e tudo terá valido a pena." Dei excelentes aulas ali e, pela primeira vez, entendi que estava no caminho certo. Pela primeira vez senti-me professor. De todo meu esforço colhi dois feedbacks positivos de alunos. Pouco, né? Não. Suficiente. Suficiente para me emocionar ainda hoje , para me fazer olhar para trás e perceber o quanto aguentei e o quanto aprendi. Você não precisa enxergar isso agora. Mas há algo em seu trabalho pelo que vale a pena se apaixonar. E quando você descobrir esse algo, que só você pode descobrir, terá a energia necessária para segurar os pontos até o momento tão sonhado de ir embora. Apaixone-se. Há vida lá dentro também. Se você não aguenta mais o seu trabalho não dá pra enfrentar isso sozinho. Cerque-se de gente boa. São raros, eu sei. Mas existem. Na empresa em que passei a odisseia que narrei nos capítulos anteriores tinha duas pessoas com quem podia contar e descarregar meus medos e revoltas, Rosivaldo Souza e Indiara Prado. Na empresa seguinte tive mais uma, a Vivian Santanai. Na outra, mais uma amiga de bagunça e de confidências, Regina Dewing. Depois foi momento de entrar para o serviço público e lá não foi diferente. Pude contar com um camarada que fazia a jornada de trabalho parecer mais leve, Rodrigo Ramos. E assim tem sido em cada lugar. Sempre pude contar com no máximo três pessoas. Achou pouco? É porque quando se está desmotivado e precisa desabafar você não vai em qualquer um, você não vai em colega, você procura um amigo. Aprenda essa lição. (Sei que não era necessário citar os nomes aqui, mas faço questão de que eles saibam o quanto foram e são importantes para mim). Cerque-se de gente boa não somente para dividir as cargas, mas também para se divertirem juntos, fazendo a rotina do trabalho ser mais suave. Cerque-se de gente boa que vai te defender na sua presença ou na sua ausência . Cerque-se de gente que colocará o próprio emprego em risco para defender o que é correto, o que é ético. Cerque-se de gente que gosta de gente. Cerque-se de gente que deseja ver você crescer, que conversa sobre mudança, sobre melhorias, sobre projetos e que não duvida do seu potencial. Cerque-se de gente que nao só critica, mas também constrói. Cerque-se de gente que o(a) admira. Para segurar a onda enquanto não consegue sair é fundamental que você tenha com quem contar, do contrário, irá pirar. Atente para o fato de que você dificilmente atrairá gente boa caso você não seja gente boa também. Leia esse capítulo de novo e analise se você pode ser incluído nesse rol. Tudo o que você quer do mundo você tem que dar primeiro. Por mais que as pessoas sejam problemáticas, são nos relacionamentos que encontramos sentido para a palavra "vida". Não vou me alongar por aqui. Creio que o recado está dado. Mas se você gostaria de ler mais sobre o assunto, sugiro a leitura do meu livro "Gestão Pessoal: em busca de sua melhor versão", em que dedico um capítulo bem mais elaborado sobre o tema "relacionamentos". Há tanta vida para tocar lá fora... Não vou ser inédito aqui. Na verdade, vou lembrá-lo (a) de algo que você já sabe, mas que possui dificuldade de pôr em prática.Se você olhar o trabalho como algo penoso, ruim e sugador, é exatamente isso que ele será. Portanto, a forma como encaramos nossa atividade profissional, nossos clientes, e nossos superiores ditará nossa percepção e nossa reação ao que chamamos de emprego. Sei que para alguns será bem difícil colocar para funcionar o que indicarei aqui, mas é necessário praticar o exercício de ver as coisas boas que há ali. Tem coisa boa. Vai por mim. E para buscar convencê-lo(a) disso voltarei a falar da tal escola de cursos profissionalizantes que foi meu primeiro emprego com assinatura em carteira. Acredito que eu tenha deixado péssimas impressões em você acerca da mesma. Mas, ainda assim, sou muito grato pelo tempo que fiquei ali. Escolhi ser grato. Escolhi enxergar as coisas boas. Gratidão é escolha. Havia tanta coisa boa ali.... fiz amizades ali que me aproximaram de Deus; ali também, acompanhando a vida difícil de uma colega de trabalho, pude ter meus primeiros contatos com o prazer do trabalho social; tive acessos a livros, softwares e conhecimentos que não poderia alcançar por minhas próprias condições; descobri que por mais que aquele diretor fosse um mala, ele havia montado um negócio, era empreendedor e eu poderia aprender algo com ele; as duras situações que passei fizeram com que eu apresentasse uma reação mais equilibrada diante dos problemas que vieram nos empregos posteriores; foi ali também que, apesar de todos revezes, tive uma promoção e me vi pela primeira vez num cargo de liderança; nesse mesmo emprego descobri a carreira em administração e mudei minha trajetória profissional. Como você pode perceber, o pior emprego que tive também me ensinou preciosas lições. As lições estão lá. Basta que você escolha enxergá-las. Se isso acontecer, você passará a ver seu emprego não apenas como trabalho, mas, principalmente, como aprendizado. E essa mudança de posicionamento, esse enxergar diferente vai produzir em você a calma necessária para contar até dez diante das pressões, das arbitrariedades e do veneno de algumas pessoas. Entenda que não escrevo esse livro para encorajá-lo(a) a ficar em seu emprego mais tempo do que deve. Escrevo para aqueles que estão desesperados para sair, mas que sabem que ainda precisam esperar, seja por estarem aguardando uma proposta, aguardando uma aprovação, devido à situação financeira ou qualquer outro motivo. Se você conseguir colocar em prática o que defendo nesse curto capítulo (que julgo o mais difícil) não passará a ver seu emprego como a sétima maravilha do mundo, mas terá força suficiente para a levantar às seis da manhã e dizer para si mesmo: "Eu posso aguentar". Admiro muito uma amiga que "vive para viajar", conforme suas próprias palavras. Ela se move por isso. No primeiro mês do ano ela já está programando com seu esposo o que farão em dezembro. Decidem sobre como vão economizar. Programam com inteligência o uso das pontuações dos cartões de crédito. E tiram férias de verdade. Conheço gente que há mais de vinte anos não tira férias - uma afronta às leis trabalhistas. Conheço gente que, pasmem, sente saudades de trabalhar quando estão no meio das férias. Conheço gente que leva a família para viajar nas férias e que passa o tempo todo dentro do hotel respondendo e-mails de trabalho. Um dia, e não será muito distante de agora, o direito às férias trabalhistas nos será tirado, e essas pessoas lamentarão bastante. Tire férias de verdade! Não cometa o erro, que eu insistia em cometer, de deixar um monte de reparos domésticos para realizar quando estiver de férias. Você acabará trabalhando muito mais do que se tivesse ido ao emprego. Programe suas férias com expectativas. Passeie. Mostre para sua família que ela é prioridade. Não venda suas férias. Junte dinheiro durante o ano para que não seja necessário fazer isso. Férias de verdade são aquelas em que você não tem contato algum com seu trabalho. A empresa pode funcionar sem você. Seu setor pode funcionar sem você. Só a sua família que não pode funcionar sem você. Pense nisso. Crie essa expectativa em seus familiares. Pergunte a eles que lugar gostariam de conhecer. Faça-os sonharem, pois isso é saudável, e lute para conseguir levá-los ao menos a conhecer alguma cidade dentro de seu estado. Seja criativo. Se a hospedagem pesar, alugue uma casa para um temporada mensal. Alugue um carro no local para economizar com táxi. Programem juntos a viagem durante um bom tempo e perceberão que os momentos da preparação e da expectativa é que são os melhores. Inseri este capítulo aqui porque constatei que a maioria dos desmotivados não conseguem ter férias trabalhistas de verdade. As férias são um direito seu. Aproveite. Utilize-as para recarregar as energias de que você precisará diante dos tempos difíceis que virão. Há tanto lugar para conhecer lá fora.. :) Não aguenta mais seu emprego? Então não fique nele no horário de almoço, oras! Tem gente que almoça em cima da mesa de trabalho, meu. Não rola, né? Tenho algumas dicas boas para seu horário de almoço e todas são possíveis de serem realizadas em uma hora. Portanto sem mimimi, por fa vor. Almoço 1 Faça piquenique. Combine com alguns colegas de trabalho. Cacem um parque ou pracinha mais próxima e vão ser felizes. Você verá como a volta ao trampo à tarde será bem mais leve . Almoço 2 Ainda que você tenha que almoçar na empresa , programe-se para almoçar em quarenta minutos e invista os outros vinte em uma volta pelo quarteirão acompanhado(a) de um sorvetinho. Almoço 3 Encurte seu almoço novamente, mas agora cace um lugar isolado. Ouça um bom blues e garanta a ótima sensação de ter aproveitado bem o tempo e a vida. Almoço 4 Caminhada. Dá pra fazer, mas será preciso almoçar algo bem leve ,de rápida absorção pelo organismo. Eu costumava às 11:30 comer uma tapioca com carne seca e água de coco. Era rápido. Só pedia, pagava e comia. Cinco minutos depois já estava de boné e tênis. Não sei se já te disse isso, mas há tanta vida lá fora... :) rs Almoço 5 Cafezinho depois do almoço! Chame aquela companhia especial e invista em um capuccino, um café com leite... café... Almoço 6 Aproveite seu almoço para estudar também. Se você está se preparando para um importante exame não pode dar o mole de perder um tempo tão precioso. Mas aconselho a não estudar matérias difíceis nesse momento. O melhor é apenas aproveitá-lo para dar uma lida nos resumos acompanhado(a) de um chocolate (Aproveito para indicar a leitura do meu livro “Concursos Públicos: não tenho tempo para estudar”, em que abordo diversas estratégias de estudo em momentos diversos do seu dia). Almoço 7 Almoce com pessoas diferentes. Você não enjoa de almoçar todo dia com os colegas de seu setor? Mesmas reclamações, mesmas manias, mesmas sobremesas... Mude. Busque almoçar com pessoas de outros setores também. Além de quebrar a rotina você ainda fará networking. E se você for almoçar com colegas que trabalham em outras empresas, quem sabe não surge um papo sobre uma vaga em aberto e... A vida está nos detalhes. Criei o Carreira + para oferecer suporte a alguns ex-alunos meus. Reuni-me com eles algumas vezes para promover rodas de conversas sobre assuntos ligados ao mercado de trabalhao visando a torná-los melhores seres humanos e melhores profissionais. Começamos a encontrardificuldades para nos encontrar e passei a orientá-los via web. Alguns sumiram depois disso. Tem gente que só consegue funcionar no ao vivo, com a presença física. Não os julgo. Ao realizar o suporte on-line descobri que tinha criado um método e que poderia estendê-lo a um grupo maior de pessoas. Foi aí que começou o movimento, que gosto de chamar carinhosamente de 'revolução': sete livros publicados, centenas de currículos analisados, encaminhamento a empregos, realização de palestras, aprovações em concursos, consultoria para jovens do Brasil, Angola, Moçambique, Portugal e Cabo Verde . Tudo gratuito. Gosto de pensar que estamos apenas começando. Podemos ajudar você também. Algumas pessoas nos contatam simplesmente para desabafar, para falar de suas frustrações no trabalho atual e , apesar de não termos formação em psicologia, temos procurado ajudá -las a enxergar situações positivas que poderão servir de motor para que segurem a onda até conseguir em outro emprego. Dessas demandas surgiu esse pequeno e- book. Deixe-nos ajudá -l (a). Deixe-nos ao menos tentar. Entre em contato conosco. Você não precisa encarar essa barra sozinho(a). Obrigado por embarcar comigo nessa pequena viagem. Não suma :) Espero seu e-mail. carreiramais@gmail.com Rafael de Freitas é servidor público lotado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor em redes privadas de ensino, em que leciona empreendedorismo, marketing e gestão de pessoas. Como escritor , recebeu onze premiações literárias de âmbito nacional e publicou os livros “Sucesso Profissional: aprenda com as mancadas dos outros”, “Concursos Públicos: não tenho tempo para estudar”, “Enem. Não estudei. E agora?” ,”A melhor versão do seu currículo”, “Gestão Pessoal: em busca de sua melhor versão” e“ A carreira em Administração”. É fundador do Carreira +, projeto social que oferece suporte profissional a jovens em início de carreira, a partir de consultorias on- line, livros, treinamentos e palestras. Entre em contato com o autor a partir do carreiramais@gmail.com