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1 ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA TEMAS DA AGENDA INTERNACIONAL E DO BRASIL Bacharelado em Ciências Políticas Bacharelado em Relações Internacionais REFERÊNCIA Rotas de Aprendizagem 1 a 6 Videoaulas 1 a 6, com prof. Caroline Cordeiro RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira; SILVA, André Luiz Reis. Relações Internacionais da Ásia e da África. Curitiba: Intersaberes, 2015. Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! Tema: Fome no Mundo A preocupação brasileira com a redução da fome e da pobreza não é nova. Apesar disso, o combate a essas mazelas foi por muito tempo quase que exclusivamente uma preocupação interna. O governo de Fernando Collor de Mello assumiu contornos predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo governante (o primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país) trouxe um discurso de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com a ideia do Estado mínimo, o período foi marcado pela redução dos programas sociais. Tendo em vista esse contexto, o governo de Itamar Franco busca, logo no início, reverter a imagem negativa deixada pelo presidente anterior. Isso ocorre também no 2 que se refere ao combate à fome e à pobreza. Assim, o novo presidente assume o compromisso de implantar a Política Nacional de Segurança Alimentar. Em 1993, foram lançados o Plano de Combate à Fome e à Miséria e a proposta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA). Já no governo de Fernando Henrique Cardoso observou-se que os programas de alimentação e nutrição até então existentes continuaram sendo desenvolvidos. FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nesses programas sociais, defendendo um Estado mínimo. Apesar disso, cumpre destacar a criação do Programa Bolsa Alimentação, que seria um precursor do Bolsa Família. --- A preocupação brasileira com a redução da fome e da pobreza não é nova. Apesar disso, o combate a essas mazelas foi por muito tempo quase que exclusivamente uma preocupação interna. Porém, gradativamente, a política externa passou a ser invadida pelo tema, recebendo uma atenção substancial. O governo Fernando Henrique, assim como o governo Collor de Mello, apresentaram contornos liberais. Com um enfoque mais liberal que Itamar Franco, FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nesses programas sociais, defendendo um Estado mínimo. Apesar disso, cumpre destacar a criação do Programa Bolsa Alimentação, que seria um precursor do Bolsa Família. --- Quando falamos em fome no mundo, vemos a emblemática situação dos EUA: considerado o país mais rico do sistema internacional, traz sua colaboração com diversas ações para o combate à fome e à pobreza. No entanto, apresenta também seus problemas internos, derivados da densidade populacional e da relativa desigualdade regional. Assim, vemos que estabelece ações de cooperação com os países em desenvolvimento, mas também é visto como vilão, diante de políticas unilaterais egoístas que agravam o problema da fome no mundo. Os EUA são os maiores contribuintes da FAO e se preocupam especialmente com ações de emergência, conservação do solo, segurança alimentar e agricultura sustentável. As mudanças climáticas e seu impacto na fome são objeto de projetos visando a adaptação agrícola e resistência às variações do clima. Também financiam o fortalecimento de capacidades em áreas com monitoramento via satélite, agricultura de conservação e coordenação de atividades em relação a choques climáticos. Um exemplo de cooperação da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional) se dá com Bangladesh e seu Ministério do Meio Ambiente e Florestas, fortalecendo-o em suas capacidades para enfrentar desafios ambientais, florestais e climáticos. Outros órgãos do governo dos EUA também contribuem para o combate à fome em escala global, com projetos florestais, de recursos genéticos, segurança alimentar e nutricional, preparação e resposta a desastres, avaliação de riscos microbiológicos, doenças animais, gerenciamento de águas, controle alimentar, erradicação de pestes, inteligência em relação a doenças e alerta global. Além disso, apoia a conservação dos oceanos, pesca e aquicultura. 3 Outro país que recebe contribuição dos EUA contra a fome é o Timor Leste, por meio do incentivo à agricultura sustentável. Na Etiópia, o reforço ao setor agrícola ocorre principalmente em relação a desastres e conservação do solo. O sul da África também recebe financiamentos direcionados à agricultura sustentável. Na Namíbia e na Angola, por exemplo, a prioridade é o apoio às comunidades agropastoris afetadas pela seca e outros desastres naturais. --- O estudo do papel da Europa no combate à fome passa também pela análise da posição da União Europeia e de seus principais membros. Há uma visão própria dos países europeus sobre o assunto, como a Alemanha, França, Reino Unido e Itália, Mas como podemos descrever, a atuação e posição do bloco (ou seja da EU) em relação ao combate à fome e a pobreza? A preocupação dos europeus com a fome e a pobreza, assim como em outras partes do mundo, inicialmente fez parte da política interna dos países. Externamente, ganhou ênfase no nível regional por meio do processo de integração, com a Política Agrícola Comum, para depois alcançar o nível global. A União Europeia em muitas situações atua conjuntamente nas relações internacionais. No âmbito da FAO, sua posição coesa foi reconhecida em 1991, quando o bloco foi admitido como membro da organização. Desde então, a UE vem apoiando os esforços de combate à fome por meio de cooperação em segurança alimentar, desenvolvimento rural sustentável, nutrição, resistência a desastres naturais, gênero, qualidade dos alimentos, mudanças climáticas, além de estatísticas e troca de informações. Uma das principais críticas à UE no âmbito do combate à fome parece ser a PAC (Política Agrícola Comum). Essa política tem como preocupação central garantir a segurança alimentar dos europeus, e tem como resultado o uso de subsídios aos agricultores, para que os preços praticados pelos produtores europeus de alimentos consigam competir com aqueles de outras partes do mundo. Segundo os críticos, tais subsídios provocam uma alta global dos preços, prejudicando os países mais pobres e agravando o problema da fome no mundo. --- Tema: Desenvolvimento O desenvolvimento é um dos principais objetivos dos países, afetando tanto a política interna como a política externa dos Estados. O tema desenvolvimento afeta de diversas maneiras os diferentes países do mundo. Além disso, existem também diferentes visões a respeito da luta pelo desenvolvimento. Os EUA, como um dos países mais ricos do sistema internacional, colaboram para diversas ações desenvolvimentistas no mundo. Apesar disso, o Estado também possui problemas internos. Os EUA, como um dos países mais ricos do sistema internacional, colaboram para diversas ações desenvolvimentistas no mundo. Apesar disso, o Estado também possui problemas internos, derivados especialmente de sua densidade populacionale relativa desigualdade social e regional. Desse modo, se por um lado o país 4 estabelece ações de cooperação com os países em desenvolvimento, por outro é visto como vilão, diante de políticas unilaterais egoístas que perpetuam a dependência e retardam o desenvolvimento do resto do mundo. --- Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem grandes países emergentes, representativos de sua região que, por serem países intermediários, tanto recebem como fornecem ajuda internacional para o desenvolvimento. Além disso, são líderes da cooperação Sul-Sul, bem como, tendem a ser preocupados com o desenvolvimento, por se identificarem como emergentes. A Federação Russa ocupa lugar no ranking do PNUD entre as nações de IDH elevado, a maior melhora de 1980 a 2014, porém, ficou por conta da educação. A expectativa de vida, que sofreu quedas sucessivas em toda a década de 1990, vem melhorando desde os anos 2000. Ao mesmo tempo, a desigualdade de renda é bastante elevada na Rússia, havendo maior equilíbrio em relação à educação e expectativa de vida. A Índia por sua vez, tem sérios problemas de desenvolvimento. A expectativa de vida dos indianos ainda deixa a desejar, mas, de 1980 a 2014, vem ajudando a melhorar o IDH. A China, por sua vez, está colocada entre as nações com IDH elevado. Entre 1980 e 2014, os componentes do IDH chinês sofreram evolução, porém com certa desigualdade. O PNB per capita foi o que mais evoluiu, porém ainda está atrás da expectativa de vida. A educação, apesar de ter melhorado, ficou para trás e, hoje, é o pior dos indicadores. --- O desenvolvimento é um dos principais objetivos dos países, afetando tanto a política interna como a política externa dos Estados. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma das mais reconhecidas formas de se mensurar o grau de riqueza dos países (embora não o único), permitindo que os países sejam comparados em relação a esse quesito, auxiliando na melhora dos números em nível global. O tema em questão afeta de diversas maneiras os diferentes países do mundo. Além disso, existem também diferentes visões a respeito da luta pelo desenvolvimento. A preocupação brasileira com o desenvolvimento é bastante antiga. Desde a época da colonização, desenvolver o Brasil foi motivo de discussões, uma vez que o pacto colonial impedia políticas desenvolvimentistas, garantindo que a colônia permanecesse dependente da metrópole. Após a independência, governos sucessivamente deram mais ênfase ao tema. A diferença no tratamento desses temas se deu, principalmente, em relação ao maior ou menor intervencionismo estatal na economia. Vamos, aqui, detalhar esse processo historicamente, iniciando com a presidência de Fernando Collor de Mello, passando por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso até chegar a Luiz Inácio Lula da Silva. 5 O governo de Fernando Collor de Mello, como já destacado anteriormente, assumiu contornos predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo governante, primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país, trouxe um discurso de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com a ideia do Estado mínimo, houve grande redução dos recursos financeiros para políticas sociais, o que afetou setores importantes para o desenvolvimento, como saúde e educação. Desse modo, o período foi marcado pela redução dos programas sociais e pela corrupção nos que permaneceram. O descaso com o desenvolvimento também afetou a política externa, que priorizou a abertura econômica e a aproximação com os países desenvolvidos, especialmente EUA, Japão e Europa. Assim, o modelo nacional-desenvolvimentista que predominava até então estava sendo substituído por um Estado mais liberal. O governo de Itamar Franco busca, logo no início, reverter a imagem negativa do governo anterior, adotando políticas desenvolvimentistas. A contraposição a Collor também se reflete no âmbito externo, em que as políticas neoliberais dão lugar à priorização do desenvolvimento nacional. Fernando Henrique Cardoso se elege como sucessor de Itamar Franco, tendo como uma de suas principais conquistas a estabilização econômica com o Plano Real, implementado quando era seu Ministro da Fazenda. Com enfoque mais liberal que Itamar Franco, FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nos programas sociais, defendendo um Estado mínimo. A política externa do período, ao seu turno, esteve mais voltada para outros temas, como a defesa da democracia, a abertura ao exterior e a estabilidade econômica. Desse modo, o discurso do desenvolvimento deixa de ser prioridade da política externa brasileira do período, afastando os temas sociais para um segundo plano. No governo de Lula, percebe-se uma retomada na priorização das políticas sociais no país, priorizando, portanto, o desenvolvimento. Para encerrarmos essa seção, cabem algumas análises a respeito do desenvolvimento por parte do Brasil nos últimos quatro governos e seus reflexos internacionais. Collor: nota-se descaso com o assunto, tanto no plano interno como externo Itamar: implementa um número maior de políticas sociais e retoma o discurso desenvolvimentista do passado na política externa FHC: apesar de não abandonar o desenvolvimento, defende políticas neoliberais no campo internacional Lula: consegue conciliar políticas públicas desenvolvimentistas com uma política externa que valoriza os temas sociais --- O estudo do papel da Europa no desenvolvimento global passa também pela análise da posição da União Europeia e de seus principais membros. Os europeus, apesar de, juntamente com os EUA, controlarem as instituições financeiras internacionais, também têm precisado de seus recursos, diante da crise que se abateu no continente. Desse modo, se de um lado temos a Alemanha, que se alinha aos EUA com suas 6 políticas de austeridade nos termos do Consenso de Washington, de outro temos países como a Grécia, que discordam disso Quando olhamos para a Alemanha separadamente, podemos pensar no país como, além de contar com a maior economia e população da UE, também possui IDH bastante elevado. Os relatórios passados apontam um contínuo aumento do IDH alemão desde 1980. Em saúde e educação, as melhoras têm sido crescentes. Já em relação ao PNB per capita, após o ápice, em 2012, houve queda nos anos seguintes, impedindo o aumento do IDH. Em comparação com as outras duas maiores economias da UE, a Alemanha está em melhor situação, possuindo IDH acima da França e do Reino Unido, especialmente por conta de um elevado PNB per capita. O índice de desigualdade alemão também é o menor entre os três países. Além disso, está em melhor situação que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Entretanto, tem menores índices que França e Reino Unido no desenvolvimento das mulheres, porém melhores que OCDE e países com IDH muito elevado. Com relação aos indicadores trabalhistas, a Alemanha possui, em geral, índices melhores que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Exemplos disso são: Baixo emprego na agricultura Baixo desemprego total, de longa duração e de jovens Alta produtividade Baixa taxa de trabalhadores domésticos Alta taxa de recipientes de seguro desemprego, de aposentadoria, de usuários de internet e telefone celular Apesar disso, não apresenta bons números em quesitos como emprego no setor de serviços, empregados com Ensino Superior e licença maternidade. --- Tema: Segurança Internacional O governo de Fernando Collor de Mello buscou aproximação com vizinhos sul- americanos: “o Brasil fortaleceu a cooperação com a Argentina noComunicado de Buenos Aires – que ressaltou a importância dos programas nucleares dos dois países e sinalizou o interesse em aprofundar a cooperação” (JESUS, 2012, p. 29). Além disso, foi aprovada “a Declaração de Política Nuclear Comum Brasileiro- Argentina de Foz do Iguaçu – que aprovou um Sistema Comum de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares” (JESUS, 2012, p. 29). No ano seguinte, foi assinado o “Acordo de Guadalajara para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear que estabeleceu um sistema de inspeções mútuas” (JESUS, 2012, p. 29-30). Ademais, “o Brasil e a Argentina criaram a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC)”. Por fim, “Brasil, Argentina, ABACC e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinaram o Acordo Quadripartite para Aplicação de Salvaguardas em 1991, em vigor desde 1994” (JESUS, 2012, p. 30). 7 --- Toda a área de relações internacionais no Brasil e fora, EUA e Europa, é vinculada a ciência política isso porque ela é vinculada ao estudo da política, da sociedade, da grande área das ciências humanas. Especificamente tenta-se entender porque as sociedades entram em guerra, porque comportando-se em sociedade, no cenário internacional, acontece a guerra. É assim que inicia a disciplina de RI começa a ser desenvolvida como uma área única, como uma área de conhecimento, e por isso o tema de segurança é muito importante para a disciplina. --- O estudo do papel da Europa na segurança internacional passa também pela análise da posição da União Europeia e de seus principais membros. A posição da União Europeia, por sua vez, é em grande medida dominada por essas quatro potências: Alemanha, França, Itália e Inglaterra. Quando elas discordam, a UE possui dificuldades em tomar decisão, como foi o caso da invasão do Iraque em 2003, em que britânicos e italianos apoiaram a invasão, enquanto que franceses e alemães se opuseram. Nessa ocasião, a crise gerada pela divisão foi tamanha que desestabilizou países apoiadores da invasão, derrubando os governos de direita da Itália e Espanha, por exemplo, que, substituídos pela esquerda, acabaram retirando as tropas da coalizão invasora. Desde então, os europeus têm se apresentado mais unidos na cena global, destacando-se em questões como a do Irã, em que lideram o P5+1 por meio da chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, contato direto das autoridades iranianas. --- Tema: Cooperação Internacional As principais escolas de relações internacionais sofrem uma divisão fundamental em relação à cooperação internacional. Para os realistas, a cooperação seria dificultada pela anarquia, a ausência de um governo superior aos Estados, fazendo com que os países tendessem a relações conflituosas. Já de acordo com os teóricos liberais, a cooperação seria possível e até mesmo a melhor solução para sanar os efeitos perversos da anarquia, evitando o caos. A cooperação técnica internacional, envolve a cooperação em áreas específicas, como educação, saúde, agricultura, transportes etc. Por muito tempo, a cooperação técnica foi paga pelo país receptor dos benefícios. Porém, com a Guerra Fria, isso se alterou, fazendo com que os países doadores (em grande medida EUA e URSS) arcassem com os custos dos projetos. Após o fim da bipolaridade, porém, os custos passaram a ser divididos entre os países doadores e receptores. A cooperação técnica é a evolução da cooperação vertical, são cooperações que acontecem entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Não se vê um grau de submissão, são cooperações que não envolvem questões tão vitais, são questões técnicas, são importantes, mas são 8 questões que se retiras a cooperação os países não ficam tão a mercê de seus destinos. --- A compreensão da política externa brasileira em relação à cooperação internacional remonta à época de Dom Pedro I. Desde essa época, o Brasil demandava por cooperação internacional, pagando por isso. Entretanto, durante a Guerra Fria, isso se inverteu, e os países ricos capitalistas e socialistas passaram a oferecer e bancar a cooperação, na disputa por esferas de influência. O Brasil, se aproveitou disso, principalmente em relação aos Estados Unidos, mas chegou a receber cooperação de outros países, como a Alemanha, em sua política externa “pendular” (ameaçando deixar o bloco capitalista e cooperar com a União Soviética). Porém, após o fim do sistema bipolar, o Brasil passou a dividir as despesas da cooperação. Além disso, deixou de ser somente receptor de cooperação e passou a ser também doador, no que é conhecido como cooperação Sul-Sul. O principal órgão do governo brasileiro responsável pela cooperação técnica é a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério de Relações Exteriores. Desse modo, apesar de serem órgãos compostos por funcionários técnicos, eles seguem as orientações de seus superiores, indicados pelo Presidente da República. Por tal motivo, a divisão por governos também se revela importante. --- Hoje, os grandes fornecedores de cooperação ainda são os países desenvolvidos, especialmente os membros do G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá). Apesar disso, a chamada cooperação Sul-Sul (ou horizontal) vem ganhando espaço, tendo destaque os BRICS como principais fontes da colaboração entre os países emergentes. A Alemanha, além de ter a maior economia e população da UE, em termos de cooperação internacional também merece destaque. A política de ajuda ligada à segurança nacional da época da Guerra Fria não é mais praticada. Segundo Milani (2012, p. 220), nesse período, “a República Federal da Alemanha, ao se tornar um importante doador a partir dos anos 1960, passou a exigir contrapartidas relativas à sua segurança nacional”. De acordo com o referido autor, segundo essa doutrina, “o governo federal alemão demandava (e isso perdurou até os anos 1980) que os países beneficiários de sua ajuda não reconhecessem a República Democrática Alemã” (MILANI, 2012, p. 220). Apesar da mudança nessa política, os alemães ainda hoje oferecem menos ajuda individual que franceses e britânicos. Isso pode ser amenizado se considerarmos que a Alemanha é a maior contribuinte do orçamento da União Europeia, grande destaque em termos mundiais. A Itália, apesar de ser membro do G-7, não configura entre os grandes contribuintes mundiais, perdendo para países europeus com economias menores, como Holanda e Suécia. Apesar disso, os italianos são grandes contribuintes para o orçamento europeu, o que pode, em certa medida, compensar esse desequilíbrio. 9 --- Tema: Meio Ambiente “Os países passaram a considerar a aprovação de Kyoto um emblema em favor de uma ordem mundial baseada na negociação multilateral, em desacordo com a política unilateralista do governo Bush” (VIOLA, 2002, p. 31). Com a adesão dos japoneses e, principalmente, dos russos à solução multilateral, o Protocolo de Kyoto entra em vigor, fortalecendo a posição europeia. Os europeus também lideraram os esforços na criação de uma organização internacional autônoma para tratar de temas ambientais Na década de 1970, o meio ambiente começa a figurar como tema da agenda internacional. Em 1972 estava agendada uma conferência, a conferencia de Estocolmo, que tinha como objetivo discutir a poluição mundial, e principalmente a chuva ácida. Porém nessa época é lançado um relatório pelo Clube de Roma, chamado Os Limites Do Crescimento que aplica conceitos da matemática (PA e PG) para mostrar que a população humana cresce em uma progressão geométrica enquanto os recursos naturaiscrescem em uma progressão aritmética. O resultado é um momento em que não teremos recursos naturais suficientes para alimentar a população que continua a crescer. Se concilia o cálculo matemático com a temática ambiental e mostra-se a urgência do tema, levantando a possibilidade de não ter recursos para a população humana. --- Os europeus tentaram criar uma organização internacional autônoma para tratar da questão ambiental mas não obtiveram sucesso nessa empreitada: os países da “União Europeia eram favoráveis a uma iniciativa institucional, mas o resto do mundo via com desconfiança a criação de uma instituição com objetivos ambientais construídos a partir da percepção do Norte” (BARROS-PLATIAU, 2004, p. 116). No âmbito europeu, a atuação do bloco, na área ambiental, é pautada pela discussão das mudanças climáticas, atualmente. Os países membros da União Europeia são, tradicionalmente, líderes em questões ambientais. A luta contra o aquecimento global aparece como principal bandeira do bloco em relação ao tema. Símbolo dessa liderança foi a presidência, por parte da Suécia, da Conferência de Estocolmo de 1972, primeira grande reunião de Estados para tratar do assunto. Na segunda grande conferência ambiental, a Rio-92, iniciou-se a discussão sobre diminuição na emissão de carbono. Durante os trabalhos preparatórios da reunião: “Apenas os países escandinavos, a Holanda e a Alemanha tinham posições definidas em favor de estabelecer metas obrigatórias de redução”. (VIOLA, 2002, p. 29). Ou seja, somente países europeus defendiam essa posição, que hoje é consensual na comunidade internacional. 10 A política externa desses países europeus do Norte acabou contaminando os demais membros da União Europeia, fazendo com que o bloco assumisse uma posição coesa em relação ao meio ambiente nas negociações do Protocolo de Kyoto. --- Hoje em dia, há um consenso global de que o meio ambiente deve ser preservado, especialmente porque sua destruição estaria levando ao aquecimento global. As principais potências do sistema internacional sofrem uma divisão fundamental em relação ao assunto. Poderíamos resumir a posição oposta em relação ao assunto entre países mais e menos ricos: Para os países em desenvolvimento, os países mais ricos devem pagar pelo custo da preservação, uma vez que destruíram o mundo para enriquecer. Já os países desenvolvidos não querem pagar a conta sozinhos, o que tem gerado tensões nas conferências internacionais sobre o tema. A primeira grande conferência sobre o tema teve lugar em Estocolmo, capital da Suécia, em 1972. --- Para os países em desenvolvimento, os países mais ricos devem pagar pelo custo da preservação, uma vez que destruíram o mundo para enriquecer. Já os países desenvolvidos não querem pagar a conta sozinhos, o que tem gerado tensões nas conferências internacionais sobre o tema. A primeira grande conferência sobre o tema teve lugar em Estocolmo, capital da Suécia, em 1972. Desde então, a cada vinte anos houve um grande debate ambiental, ambos no Rio de Janeiro: a Rio-92 e a Rio + 20, que consolidaram a noção de desenvolvimento sustentável. O Brasil presidiu duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, reafirmando sua autoridade internacional no assunto. segundo Viola, “Os principais instrumentos do regime são a convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, assinada no Rio de Janeiro em junho de 1992, e o Protocolo de Kyoto, assinado em Kyoto em dezembro de 1997” (VIOLA, 2002, p. 26). “Durante Protocolo de Kyoto (1996-2001), o país se opôs a compromissos de redução da taxa de crescimento futuro das emissões de carbono por parte dos países emergentes” (p. 25). Em conjunto com os EUA, propôs a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: “MDL criou a possibilidade de os países desenvolvidos cumprirem parte de suas metas de redução de emissão condicionada ao financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento” (VIOLA, 2002, p. 25). Atualmente, o país vem conseguindo atingir suas metas principalmente por ter conseguido reduzir o desmatamento da Amazônia --- A compreensão da política externa brasileira em relação ao meio ambiente deve levar em conta as características internas do país, especialmente por conta da Amazônia, que credencia a nação como uma potência ambiental. Além disso, o Brasil presidiu 11 duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, reafirmando sua autoridade internacional no assunto. Assim, vemos que a partir de 92 o país adota uma política de preocupação com temas ambientais. Collor coloca na agenda a preocupação com a política ambiental. Até então o Brasil adotava uma política mais desenvolvimentista, sem preocupações ambientais: “A súbita conversão ambientalista de Collor explica-se pela necessidade de ganhar a confiança da opinião pública dos países desenvolvidos para seu programa econômico neoliberal” (VIOLA, 2002, p. 34). A virada na política externa brasileira por parte de Collor também teria outras explicações, uma vez que a escolha do Brasil para sediar a Rio-92: “Efetuada poucos dias antes de sua eleição, lhe dava oportunidade para projetar a si próprio e a seu governo no cenário internacional” (VIOLA, 2002, p. 34). Assim, o Brasil passou a defender “que os problemas ambientais globais eram relevantes e deveriam ser tratados de maneira prioritária pela comunidade internacional” (VIOLA, 2002, p. 35). Além disso, alega-se “que a responsabilidade se diferenciava tanto pela causa quanto pela solução dos problemas ambientais globais, o que aumentava o custo dos países ricos” (VIOLA, 2002, p. 35). --- O Brasil presidiu duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, reafirmando sua autoridade internacional no assunto. Assim, vemos que a partir de 92 o país adota uma política de preocupação com temas ambientais. Collor coloca na agenda a preocupação com a política ambiental Após essa mudança com Collor, a posição brasileira manteve-se constante: a “política ambiental do Brasil, em consonância com a política externa brasileira e os princípios tradicionais desta, apresenta uma considerável continuidade de orientação e objetivos desde 1990” (PATRÍCIO, 2011, p. 109). A referida autora passa a considerar a política ambiental “uma verdadeira política de Estado” (PATRÍCIO, 2011, p. 109) e não mais de governo. --- Sobre o tema política ambiental, um dos problemas a ser levantado seria: “A politização das questões ambientais, especialmente no tocante aos objetivos dos países ricos em considerar a Amazônia Patrimônio Comum da Humanidade” (PATRÍCIO, 2011, p. 109). Diante desse discurso de “internacionalização da Amazônia”, o brasil sempre se posiciona como detentor da Amazônia e clama por sua soberania nesse território. “Assim, o princípio da soberania sobre os recursos ambientais tem sido – ainda que a custo – respeitado pelos países desenvolvidos” (PATRÍCIO, 2011, p. 109). --- 12 Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem grandes países emergentes, representativos de sua região, unidos inicialmente por questões econômicas. Diante disso, esses países paulatinamente vêm demonstrando serem potenciais aliados em questões ambientais, defendendo conceitos como o desenvolvimento sustentável. Primeiramente, cabe destacar que a Rússia é o único membro do grupo a se comprometer a reduzir sua emissão de poluentes, nos termos do Protocolo de Kyoto. Também merece atenção o fato de ter sido o país responsável pela entrada em vigor do referido acordo, pois sua ratificação atendeu à exigência mínima para a vigência de suas obrigações:“em novembro de 2004, com a ratificação pela Rússia, 132 partes haviam ratificado o Protocolo, incluindo os 38 países com compromissos de redução, representando 61,6% das emissões” (ANDRADE et al. 2008, p. 33). Desse modo, o referido autor destaca que “o Protocolo se tornou efetivo em 16 de fevereiro de 2005. ” (ANDRADE et al., 2008, p. 33) Segundo Viola, a Rússia faz parte do grupo de “Países pertencentes a ex-União Soviética que sofreram uma drástica redução nas emissões de carbono (entre 40% e 60% mais baixas, em 1999, comparadas com 1990) pelo colapso da economia” (VIOLA, 2002, p. 31). A Rússia ainda possui uma emissão de poluentes considerada alta (intensidade de carbono por unidade de PIB). --- O Japão, um dos países mais ricos do mundo, também configura como um dos Estados mais importantes em assuntos ambientais. Sua relevância advém de diversos fatores. Em primeiro lugar o acordo global ambiental mais conhecido na atualidade, o Protocolo de Kyoto, foi negociado sob a presidência japonesa, em 1997. Além disso, como país desenvolvido, o Japão assumiu grandes responsabilidades no referido protocolo, maiores que qualquer país europeu, por exemplo. Na verdade, o Japão pode ser considerado o país mais penalizado pelo acordo, uma vez que a Rússia, maior poluidor com obrigações, possui certa tolerância por ter reduzido suas emissões em virtude do colapso de sua economia com a dissolução da União Soviética. Apesar de tamanha responsabilidade, até 2008 o Japão não estava alcançando as metas, como demonstra a tabela mais adiante. Para agravar a situação, o desastre na usina nuclear de Fukushima, em 2011, provocou uma diminuição no uso na energia nuclear e um consequente aumento no uso de energias poluentes. --- 13 Sumário Tema: Fome no Mundo ............................................................................................... 1 Tema: Desenvolvimento .............................................................................................. 3 Tema: Segurança Internacional .................................................................................. 6 Tema: Cooperação Internacional ................................................................................ 7 Tema: Meio Ambiente ................................................................................................. 9
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