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ESTUDO DIRIGIDO TEMAS AGENDA INTERNACIONAL

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ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA 
TEMAS DA AGENDA INTERNACIONAL E DO BRASIL 
 
Bacharelado em Ciências Políticas 
Bacharelado em Relações Internacionais 
 
REFERÊNCIA 
Rotas de Aprendizagem 1 a 6 
Videoaulas 1 a 6, com prof. Caroline Cordeiro 
RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira; SILVA, André Luiz Reis. Relações Internacionais 
da Ásia e da África. Curitiba: Intersaberes, 2015. 
 
Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas 
diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos 
abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão 
maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema 
avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que 
juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico 
que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. 
 
Bons estudos! 
 
 
Tema: Fome no Mundo 
A preocupação brasileira com a redução da fome e da pobreza não é nova. Apesar 
disso, o combate a essas mazelas foi por muito tempo quase que exclusivamente uma 
preocupação interna. O governo de Fernando Collor de Mello assumiu contornos 
predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo governante 
(o primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país) trouxe um discurso 
de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com a ideia do 
Estado mínimo, o período foi marcado pela redução dos programas sociais. 
Tendo em vista esse contexto, o governo de Itamar Franco busca, logo no início, 
reverter a imagem negativa deixada pelo presidente anterior. Isso ocorre também no 
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que se refere ao combate à fome e à pobreza. Assim, o novo presidente assume o 
compromisso de implantar a Política Nacional de Segurança Alimentar. Em 1993, 
foram lançados o Plano de Combate à Fome e à Miséria e a proposta do Conselho 
Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA). 
Já no governo de Fernando Henrique Cardoso observou-se que os programas de 
alimentação e nutrição até então existentes continuaram sendo desenvolvidos. FHC 
incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nesses programas sociais, 
defendendo um Estado mínimo. Apesar disso, cumpre destacar a criação do 
Programa Bolsa Alimentação, que seria um precursor do Bolsa Família. 
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A preocupação brasileira com a redução da fome e da pobreza não é nova. Apesar 
disso, o combate a essas mazelas foi por muito tempo quase que exclusivamente uma 
preocupação interna. Porém, gradativamente, a política externa passou a ser invadida 
pelo tema, recebendo uma atenção substancial. 
O governo Fernando Henrique, assim como o governo Collor de Mello, apresentaram 
contornos liberais. Com um enfoque mais liberal que Itamar Franco, FHC incentivou a 
participação da iniciativa privada e de ONGs nesses programas sociais, defendendo 
um Estado mínimo. Apesar disso, cumpre destacar a criação do Programa Bolsa 
Alimentação, que seria um precursor do Bolsa Família. 
--- 
Quando falamos em fome no mundo, vemos a emblemática situação dos EUA: 
considerado o país mais rico do sistema internacional, traz sua colaboração com 
diversas ações para o combate à fome e à pobreza. No entanto, apresenta também 
seus problemas internos, derivados da densidade populacional e da relativa 
desigualdade regional. Assim, vemos que estabelece ações de cooperação com os 
países em desenvolvimento, mas também é visto como vilão, diante de políticas 
unilaterais egoístas que agravam o problema da fome no mundo. 
Os EUA são os maiores contribuintes da FAO e se preocupam especialmente com 
ações de emergência, conservação do solo, segurança alimentar e agricultura 
sustentável. As mudanças climáticas e seu impacto na fome são objeto de projetos 
visando a adaptação agrícola e resistência às variações do clima. Também financiam 
o fortalecimento de capacidades em áreas com monitoramento via satélite, agricultura 
de conservação e coordenação de atividades em relação a choques climáticos. 
Um exemplo de cooperação da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento 
Internacional) se dá com Bangladesh e seu Ministério do Meio Ambiente e Florestas, 
fortalecendo-o em suas capacidades para enfrentar desafios ambientais, florestais e 
climáticos. 
Outros órgãos do governo dos EUA também contribuem para o combate à fome em 
escala global, com projetos florestais, de recursos genéticos, segurança alimentar e 
nutricional, preparação e resposta a desastres, avaliação de riscos microbiológicos, 
doenças animais, gerenciamento de águas, controle alimentar, erradicação de pestes, 
inteligência em relação a doenças e alerta global. Além disso, apoia a conservação 
dos oceanos, pesca e aquicultura. 
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Outro país que recebe contribuição dos EUA contra a fome é o Timor Leste, por meio 
do incentivo à agricultura sustentável. Na Etiópia, o reforço ao setor agrícola ocorre 
principalmente em relação a desastres e conservação do solo. O sul da África também 
recebe financiamentos direcionados à agricultura sustentável. Na Namíbia e na 
Angola, por exemplo, a prioridade é o apoio às comunidades agropastoris afetadas 
pela seca e outros desastres naturais. 
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O estudo do papel da Europa no combate à fome passa também pela análise da 
posição da União Europeia e de seus principais membros. Há uma visão própria dos 
países europeus sobre o assunto, como a Alemanha, França, Reino Unido e Itália, 
Mas como podemos descrever, a atuação e posição do bloco (ou seja da EU) em 
relação ao combate à fome e a pobreza? A preocupação dos europeus com a fome e 
a pobreza, assim como em outras partes do mundo, inicialmente fez parte da política 
interna dos países. Externamente, ganhou ênfase no nível regional por meio do 
processo de integração, com a Política Agrícola Comum, para depois alcançar o nível 
global. A União Europeia em muitas situações atua conjuntamente nas relações 
internacionais. No âmbito da FAO, sua posição coesa foi reconhecida em 1991, 
quando o bloco foi admitido como membro da organização. Desde então, a UE vem 
apoiando os esforços de combate à fome por meio de cooperação em segurança 
alimentar, desenvolvimento rural sustentável, nutrição, resistência a desastres 
naturais, gênero, qualidade dos alimentos, mudanças climáticas, além de estatísticas 
e troca de informações. Uma das principais críticas à UE no âmbito do combate à 
fome parece ser a PAC (Política Agrícola Comum). Essa política tem como 
preocupação central garantir a segurança alimentar dos europeus, e tem como 
resultado o uso de subsídios aos agricultores, para que os preços praticados pelos 
produtores europeus de alimentos consigam competir com aqueles de outras partes 
do mundo. Segundo os críticos, tais subsídios provocam uma alta global dos preços, 
prejudicando os países mais pobres e agravando o problema da fome no mundo. 
--- 
 
Tema: Desenvolvimento 
O desenvolvimento é um dos principais objetivos dos países, afetando tanto a política 
interna como a política externa dos Estados. O tema desenvolvimento afeta de 
diversas maneiras os diferentes países do mundo. Além disso, existem também 
diferentes visões a respeito da luta pelo desenvolvimento. Os EUA, como um dos 
países mais ricos do sistema internacional, colaboram para diversas ações 
desenvolvimentistas no mundo. Apesar disso, o Estado também possui problemas 
internos. 
Os EUA, como um dos países mais ricos do sistema internacional, colaboram para 
diversas ações desenvolvimentistas no mundo. Apesar disso, o Estado também 
possui problemas internos, derivados especialmente de sua densidade populacionale relativa desigualdade social e regional. Desse modo, se por um lado o país 
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estabelece ações de cooperação com os países em desenvolvimento, por outro é visto 
como vilão, diante de políticas unilaterais egoístas que perpetuam a dependência e 
retardam o desenvolvimento do resto do mundo. 
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Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem 
grandes países emergentes, representativos de sua região que, por serem países 
intermediários, tanto recebem como fornecem ajuda internacional para o 
desenvolvimento. Além disso, são líderes da cooperação Sul-Sul, bem como, tendem 
a ser preocupados com o desenvolvimento, por se identificarem como emergentes. 
A Federação Russa ocupa lugar no ranking do PNUD entre as nações de IDH 
elevado, a maior melhora de 1980 a 2014, porém, ficou por conta da educação. A 
expectativa de vida, que sofreu quedas sucessivas em toda a década de 1990, vem 
melhorando desde os anos 2000. Ao mesmo tempo, a desigualdade de renda é 
bastante elevada na Rússia, havendo maior equilíbrio em relação à educação e 
expectativa de vida. 
A Índia por sua vez, tem sérios problemas de desenvolvimento. A expectativa de vida 
dos indianos ainda deixa a desejar, mas, de 1980 a 2014, vem ajudando a melhorar o 
IDH. 
A China, por sua vez, está colocada entre as nações com IDH elevado. Entre 1980 e 
2014, os componentes do IDH chinês sofreram evolução, porém com certa 
desigualdade. O PNB per capita foi o que mais evoluiu, porém ainda está atrás da 
expectativa de vida. A educação, apesar de ter melhorado, ficou para trás e, hoje, é o 
pior dos indicadores. 
--- 
O desenvolvimento é um dos principais objetivos dos países, afetando tanto a política 
interna como a política externa dos Estados. O Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) é uma das mais reconhecidas formas de se mensurar o grau de riqueza dos 
países (embora não o único), permitindo que os países sejam comparados em relação 
a esse quesito, auxiliando na melhora dos números em nível global. O tema em 
questão afeta de diversas maneiras os diferentes países do mundo. Além disso, 
existem também diferentes visões a respeito da luta pelo desenvolvimento. 
A preocupação brasileira com o desenvolvimento é bastante antiga. Desde a época 
da colonização, desenvolver o Brasil foi motivo de discussões, uma vez que o pacto 
colonial impedia políticas desenvolvimentistas, garantindo que a colônia 
permanecesse dependente da metrópole. 
Após a independência, governos sucessivamente deram mais ênfase ao tema. A 
diferença no tratamento desses temas se deu, principalmente, em relação ao maior 
ou menor intervencionismo estatal na economia. Vamos, aqui, detalhar esse processo 
historicamente, iniciando com a presidência de Fernando Collor de Mello, passando 
por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso até chegar a Luiz Inácio Lula da 
Silva. 
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O governo de Fernando Collor de Mello, como já destacado anteriormente, assumiu 
contornos predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo 
governante, primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país, trouxe um 
discurso de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com 
a ideia do Estado mínimo, houve grande redução dos recursos financeiros para 
políticas sociais, o que afetou setores importantes para o desenvolvimento, como 
saúde e educação. Desse modo, o período foi marcado pela redução dos programas 
sociais e pela corrupção nos que permaneceram. 
O descaso com o desenvolvimento também afetou a política externa, que priorizou a 
abertura econômica e a aproximação com os países desenvolvidos, especialmente 
EUA, Japão e Europa. Assim, o modelo nacional-desenvolvimentista que 
predominava até então estava sendo substituído por um Estado mais liberal. 
O governo de Itamar Franco busca, logo no início, reverter a imagem negativa do 
governo anterior, adotando políticas desenvolvimentistas. A contraposição a Collor 
também se reflete no âmbito externo, em que as políticas neoliberais dão lugar à 
priorização do desenvolvimento nacional. 
Fernando Henrique Cardoso se elege como sucessor de Itamar Franco, tendo como 
uma de suas principais conquistas a estabilização econômica com o Plano Real, 
implementado quando era seu Ministro da Fazenda. Com enfoque mais liberal que 
Itamar Franco, FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nos 
programas sociais, defendendo um Estado mínimo. A política externa do período, ao 
seu turno, esteve mais voltada para outros temas, como a defesa da democracia, a 
abertura ao exterior e a estabilidade econômica. Desse modo, o discurso do 
desenvolvimento deixa de ser prioridade da política externa brasileira do período, 
afastando os temas sociais para um segundo plano. 
No governo de Lula, percebe-se uma retomada na priorização das políticas sociais 
no país, priorizando, portanto, o desenvolvimento. Para encerrarmos essa seção, 
cabem algumas análises a respeito do desenvolvimento por parte do Brasil nos 
últimos quatro governos e seus reflexos internacionais. 
 Collor: nota-se descaso com o assunto, tanto no plano interno como externo 
 Itamar: implementa um número maior de políticas sociais e retoma o discurso 
desenvolvimentista do passado na política externa 
 FHC: apesar de não abandonar o desenvolvimento, defende políticas 
neoliberais no campo internacional 
 Lula: consegue conciliar políticas públicas desenvolvimentistas com uma 
política externa que valoriza os temas sociais 
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O estudo do papel da Europa no desenvolvimento global passa também pela análise 
da posição da União Europeia e de seus principais membros. Os europeus, apesar 
de, juntamente com os EUA, controlarem as instituições financeiras internacionais, 
também têm precisado de seus recursos, diante da crise que se abateu no continente. 
Desse modo, se de um lado temos a Alemanha, que se alinha aos EUA com suas 
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políticas de austeridade nos termos do Consenso de Washington, de outro temos 
países como a Grécia, que discordam disso 
Quando olhamos para a Alemanha separadamente, podemos pensar no país como, 
além de contar com a maior economia e população da UE, também possui IDH 
bastante elevado. Os relatórios passados apontam um contínuo aumento do IDH 
alemão desde 1980. Em saúde e educação, as melhoras têm sido crescentes. Já em 
relação ao PNB per capita, após o ápice, em 2012, houve queda nos anos seguintes, 
impedindo o aumento do IDH. 
Em comparação com as outras duas maiores economias da UE, a Alemanha está em 
melhor situação, possuindo IDH acima da França e do Reino Unido, especialmente 
por conta de um elevado PNB per capita. O índice de desigualdade alemão também 
é o menor entre os três países. Além disso, está em melhor situação que a média da 
OCDE e dos países com IDH muito elevado. 
Entretanto, tem menores índices que França e Reino Unido no desenvolvimento das 
mulheres, porém melhores que OCDE e países com IDH muito elevado. Com relação 
aos indicadores trabalhistas, a Alemanha possui, em geral, índices melhores que a 
média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Exemplos disso são: 
 Baixo emprego na agricultura 
 Baixo desemprego total, de longa duração e de jovens 
 Alta produtividade 
 Baixa taxa de trabalhadores domésticos 
 Alta taxa de recipientes de seguro desemprego, de aposentadoria, de usuários 
de internet e telefone celular 
Apesar disso, não apresenta bons números em quesitos como emprego no setor de 
serviços, empregados com Ensino Superior e licença maternidade. 
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Tema: Segurança Internacional 
O governo de Fernando Collor de Mello buscou aproximação com vizinhos sul-
americanos: “o Brasil fortaleceu a cooperação com a Argentina noComunicado de 
Buenos Aires – que ressaltou a importância dos programas nucleares dos dois países 
e sinalizou o interesse em aprofundar a cooperação” (JESUS, 2012, p. 29). 
Além disso, foi aprovada “a Declaração de Política Nuclear Comum Brasileiro-
Argentina de Foz do Iguaçu – que aprovou um Sistema Comum de Contabilidade e 
Controle de Materiais Nucleares” (JESUS, 2012, p. 29). No ano seguinte, foi assinado 
o “Acordo de Guadalajara para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear 
que estabeleceu um sistema de inspeções mútuas” (JESUS, 2012, p. 29-30). 
Ademais, “o Brasil e a Argentina criaram a Agência Brasileiro-Argentina de 
Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC)”. Por fim, “Brasil, Argentina, 
ABACC e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinaram o Acordo 
Quadripartite para Aplicação de Salvaguardas em 1991, em vigor desde 1994” 
(JESUS, 2012, p. 30). 
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Toda a área de relações internacionais no Brasil e fora, EUA e Europa, é vinculada a 
ciência política isso porque ela é vinculada ao estudo da política, da sociedade, da 
grande área das ciências humanas. Especificamente tenta-se entender porque as 
sociedades entram em guerra, porque comportando-se em sociedade, no cenário 
internacional, acontece a guerra. É assim que inicia a disciplina de RI começa a ser 
desenvolvida como uma área única, como uma área de conhecimento, e por isso o 
tema de segurança é muito importante para a disciplina. 
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O estudo do papel da Europa na segurança internacional passa também pela análise 
da posição da União Europeia e de seus principais membros. A posição da União 
Europeia, por sua vez, é em grande medida dominada por essas quatro potências: 
Alemanha, França, Itália e Inglaterra. Quando elas discordam, a UE possui 
dificuldades em tomar decisão, como foi o caso da invasão do Iraque em 2003, em 
que britânicos e italianos apoiaram a invasão, enquanto que franceses e alemães se 
opuseram. Nessa ocasião, a crise gerada pela divisão foi tamanha que desestabilizou 
países apoiadores da invasão, derrubando os governos de direita da Itália e Espanha, 
por exemplo, que, substituídos pela esquerda, acabaram retirando as tropas da 
coalizão invasora. Desde então, os europeus têm se apresentado mais unidos na cena 
global, destacando-se em questões como a do Irã, em que lideram o P5+1 por meio 
da chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, contato direto das 
autoridades iranianas. 
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Tema: Cooperação Internacional 
As principais escolas de relações internacionais sofrem uma divisão fundamental em 
relação à cooperação internacional. Para os realistas, a cooperação seria dificultada 
pela anarquia, a ausência de um governo superior aos Estados, fazendo com que os 
países tendessem a relações conflituosas. Já de acordo com os teóricos liberais, a 
cooperação seria possível e até mesmo a melhor solução para sanar os efeitos 
perversos da anarquia, evitando o caos. 
A cooperação técnica internacional, envolve a cooperação em áreas específicas, 
como educação, saúde, agricultura, transportes etc. Por muito tempo, a cooperação 
técnica foi paga pelo país receptor dos benefícios. Porém, com a Guerra Fria, isso se 
alterou, fazendo com que os países doadores (em grande medida EUA e URSS) 
arcassem com os custos dos projetos. Após o fim da bipolaridade, porém, os custos 
passaram a ser divididos entre os países doadores e receptores. 
A cooperação técnica é a evolução da cooperação vertical, são cooperações que 
acontecem entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento. Não se vê um grau de submissão, são cooperações que não 
envolvem questões tão vitais, são questões técnicas, são importantes, mas são 
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questões que se retiras a cooperação os países não ficam tão a mercê de seus 
destinos. 
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A compreensão da política externa brasileira em relação à cooperação internacional 
remonta à época de Dom Pedro I. Desde essa época, o Brasil demandava por 
cooperação internacional, pagando por isso. Entretanto, durante a Guerra Fria, isso 
se inverteu, e os países ricos capitalistas e socialistas passaram a oferecer e bancar 
a cooperação, na disputa por esferas de influência. O Brasil, se aproveitou disso, 
principalmente em relação aos Estados Unidos, mas chegou a receber cooperação 
de outros países, como a Alemanha, em sua política externa “pendular” (ameaçando 
deixar o bloco capitalista e cooperar com a União Soviética). Porém, após o fim do 
sistema bipolar, o Brasil passou a dividir as despesas da cooperação. Além disso, 
deixou de ser somente receptor de cooperação e passou a ser também doador, no 
que é conhecido como cooperação Sul-Sul. 
O principal órgão do governo brasileiro responsável pela cooperação técnica é a 
Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério de Relações 
Exteriores. Desse modo, apesar de serem órgãos compostos por funcionários 
técnicos, eles seguem as orientações de seus superiores, indicados pelo Presidente 
da República. Por tal motivo, a divisão por governos também se revela importante. 
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Hoje, os grandes fornecedores de cooperação ainda são os países desenvolvidos, 
especialmente os membros do G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, 
Itália e Canadá). Apesar disso, a chamada cooperação Sul-Sul (ou horizontal) vem 
ganhando espaço, tendo destaque os BRICS como principais fontes da colaboração 
entre os países emergentes. 
A Alemanha, além de ter a maior economia e população da UE, em termos de 
cooperação internacional também merece destaque. A política de ajuda ligada à 
segurança nacional da época da Guerra Fria não é mais praticada. Segundo Milani 
(2012, p. 220), nesse período, “a República Federal da Alemanha, ao se tornar um 
importante doador a partir dos anos 1960, passou a exigir contrapartidas relativas à 
sua segurança nacional”. 
De acordo com o referido autor, segundo essa doutrina, “o governo federal alemão 
demandava (e isso perdurou até os anos 1980) que os países beneficiários de sua 
ajuda não reconhecessem a República Democrática Alemã” (MILANI, 2012, p. 220). 
Apesar da mudança nessa política, os alemães ainda hoje oferecem menos ajuda 
individual que franceses e britânicos. Isso pode ser amenizado se considerarmos que 
a Alemanha é a maior contribuinte do orçamento da União Europeia, grande destaque 
em termos mundiais. 
A Itália, apesar de ser membro do G-7, não configura entre os grandes contribuintes 
mundiais, perdendo para países europeus com economias menores, como Holanda e 
Suécia. Apesar disso, os italianos são grandes contribuintes para o orçamento 
europeu, o que pode, em certa medida, compensar esse desequilíbrio. 
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Tema: Meio Ambiente 
“Os países passaram a considerar a aprovação de Kyoto um emblema em favor de 
uma ordem mundial baseada na negociação multilateral, em desacordo com a política 
unilateralista do governo Bush” (VIOLA, 2002, p. 31). 
Com a adesão dos japoneses e, principalmente, dos russos à solução multilateral, o 
Protocolo de Kyoto entra em vigor, fortalecendo a posição europeia. Os europeus 
também lideraram os esforços na criação de uma organização internacional autônoma 
para tratar de temas ambientais 
Na década de 1970, o meio ambiente começa a figurar como tema da agenda 
internacional. Em 1972 estava agendada uma conferência, a conferencia de 
Estocolmo, que tinha como objetivo discutir a poluição mundial, e principalmente a 
chuva ácida. Porém nessa época é lançado um relatório pelo Clube de Roma, 
chamado Os Limites Do Crescimento que aplica conceitos da matemática (PA e PG) 
para mostrar que a população humana cresce em uma progressão geométrica 
enquanto os recursos naturaiscrescem em uma progressão aritmética. O resultado é 
um momento em que não teremos recursos naturais suficientes para alimentar a 
população que continua a crescer. Se concilia o cálculo matemático com a temática 
ambiental e mostra-se a urgência do tema, levantando a possibilidade de não ter 
recursos para a população humana. 
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Os europeus tentaram criar uma organização internacional autônoma para tratar da 
questão ambiental mas não obtiveram sucesso nessa empreitada: os países da 
“União Europeia eram favoráveis a uma iniciativa institucional, mas o resto do mundo 
via com desconfiança a criação de uma instituição com objetivos ambientais 
construídos a partir da percepção do Norte” (BARROS-PLATIAU, 2004, p. 116). 
No âmbito europeu, a atuação do bloco, na área ambiental, é pautada pela discussão 
das mudanças climáticas, atualmente. Os países membros da União Europeia são, 
tradicionalmente, líderes em questões ambientais. A luta contra o aquecimento global 
aparece como principal bandeira do bloco em relação ao tema. Símbolo dessa 
liderança foi a presidência, por parte da Suécia, da Conferência de Estocolmo de 
1972, primeira grande reunião de Estados para tratar do assunto. 
Na segunda grande conferência ambiental, a Rio-92, iniciou-se a discussão sobre 
diminuição na emissão de carbono. Durante os trabalhos preparatórios da reunião: 
“Apenas os países escandinavos, a Holanda e a Alemanha tinham posições definidas 
em favor de estabelecer metas obrigatórias de redução”. (VIOLA, 2002, p. 29). Ou 
seja, somente países europeus defendiam essa posição, que hoje é consensual na 
comunidade internacional. 
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A política externa desses países europeus do Norte acabou contaminando os demais 
membros da União Europeia, fazendo com que o bloco assumisse uma posição coesa 
em relação ao meio ambiente nas negociações do Protocolo de Kyoto. 
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Hoje em dia, há um consenso global de que o meio ambiente deve ser preservado, 
especialmente porque sua destruição estaria levando ao aquecimento global. As 
principais potências do sistema internacional sofrem uma divisão fundamental em 
relação ao assunto. 
Poderíamos resumir a posição oposta em relação ao assunto entre países mais e 
menos ricos: Para os países em desenvolvimento, os países mais ricos devem pagar 
pelo custo da preservação, uma vez que destruíram o mundo para enriquecer. Já os 
países desenvolvidos não querem pagar a conta sozinhos, o que tem gerado tensões 
nas conferências internacionais sobre o tema. A primeira grande conferência sobre o 
tema teve lugar em Estocolmo, capital da Suécia, em 1972. 
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Para os países em desenvolvimento, os países mais ricos devem pagar pelo custo da 
preservação, uma vez que destruíram o mundo para enriquecer. Já os países 
desenvolvidos não querem pagar a conta sozinhos, o que tem gerado tensões nas 
conferências internacionais sobre o tema. A primeira grande conferência sobre o tema 
teve lugar em Estocolmo, capital da Suécia, em 1972. Desde então, a cada vinte anos 
houve um grande debate ambiental, ambos no Rio de Janeiro: a Rio-92 e a Rio + 20, 
que consolidaram a noção de desenvolvimento sustentável. 
O Brasil presidiu duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, 
reafirmando sua autoridade internacional no assunto. segundo Viola, “Os principais 
instrumentos do regime são a convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança 
Climática, assinada no Rio de Janeiro em junho de 1992, e o Protocolo de Kyoto, 
assinado em Kyoto em dezembro de 1997” (VIOLA, 2002, p. 26). 
“Durante Protocolo de Kyoto (1996-2001), o país se opôs a compromissos de redução 
da taxa de crescimento futuro das emissões de carbono por parte dos países 
emergentes” (p. 25). Em conjunto com os EUA, propôs a criação do Mecanismo de 
Desenvolvimento Limpo: 
“MDL criou a possibilidade de os países desenvolvidos cumprirem parte de suas 
metas de redução de emissão condicionada ao financiamento de projetos de 
desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento” (VIOLA, 2002, p. 25). 
Atualmente, o país vem conseguindo atingir suas metas principalmente por ter 
conseguido reduzir o desmatamento da Amazônia 
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A compreensão da política externa brasileira em relação ao meio ambiente deve levar 
em conta as características internas do país, especialmente por conta da Amazônia, 
que credencia a nação como uma potência ambiental. Além disso, o Brasil presidiu 
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duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, reafirmando sua 
autoridade internacional no assunto. Assim, vemos que a partir de 92 o país adota 
uma política de preocupação com temas ambientais. Collor coloca na agenda a 
preocupação com a política ambiental. 
Até então o Brasil adotava uma política mais desenvolvimentista, sem preocupações 
ambientais: 
“A súbita conversão ambientalista de Collor explica-se pela necessidade de ganhar a 
confiança da opinião pública dos países desenvolvidos para seu programa econômico 
neoliberal” (VIOLA, 2002, p. 34). 
A virada na política externa brasileira por parte de Collor também teria outras 
explicações, uma vez que a escolha do Brasil para sediar a Rio-92: 
“Efetuada poucos dias antes de sua eleição, lhe dava oportunidade para projetar a si 
próprio e a seu governo no cenário internacional” (VIOLA, 2002, p. 34). Assim, o Brasil 
passou a defender “que os problemas ambientais globais eram relevantes e deveriam 
ser tratados de maneira prioritária pela comunidade internacional” (VIOLA, 2002, p. 
35). Além disso, alega-se “que a responsabilidade se diferenciava tanto pela causa 
quanto pela solução dos problemas ambientais globais, o que aumentava o custo dos 
países ricos” (VIOLA, 2002, p. 35). 
--- 
O Brasil presidiu duas grandes conferências ambientais, a Rio-92 e a Rio + 20, 
reafirmando sua autoridade internacional no assunto. Assim, vemos que a partir de 92 
o país adota uma política de preocupação com temas ambientais. Collor coloca na 
agenda a preocupação com a política ambiental 
Após essa mudança com Collor, a posição brasileira manteve-se constante: a “política 
ambiental do Brasil, em consonância com a política externa brasileira e os princípios 
tradicionais desta, apresenta uma considerável continuidade de orientação e objetivos 
desde 1990” (PATRÍCIO, 2011, p. 109). A referida autora passa a considerar a política 
ambiental “uma verdadeira política de Estado” (PATRÍCIO, 2011, p. 109) e não mais 
de governo. 
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Sobre o tema política ambiental, um dos problemas a ser levantado seria: “A 
politização das questões ambientais, especialmente no tocante aos objetivos dos 
países ricos em considerar a Amazônia Patrimônio Comum da Humanidade” 
(PATRÍCIO, 2011, p. 109). 
Diante desse discurso de “internacionalização da Amazônia”, o brasil sempre se 
posiciona como detentor da Amazônia e clama por sua soberania nesse território. 
“Assim, o princípio da soberania sobre os recursos ambientais tem sido – ainda que a 
custo – respeitado pelos países desenvolvidos” (PATRÍCIO, 2011, p. 109). 
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Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem 
grandes países emergentes, representativos de sua região, unidos inicialmente por 
questões econômicas. Diante disso, esses países paulatinamente vêm demonstrando 
serem potenciais aliados em questões ambientais, defendendo conceitos como o 
desenvolvimento sustentável. 
Primeiramente, cabe destacar que a Rússia é o único membro do grupo a se 
comprometer a reduzir sua emissão de poluentes, nos termos do Protocolo de Kyoto. 
Também merece atenção o fato de ter sido o país responsável pela entrada em vigor 
do referido acordo, pois sua ratificação atendeu à exigência mínima para a vigência 
de suas obrigações:“em novembro de 2004, com a ratificação pela Rússia, 132 partes haviam ratificado o 
Protocolo, incluindo os 38 países com compromissos de redução, representando 
61,6% das emissões” (ANDRADE et al. 2008, p. 33). Desse modo, o referido autor 
destaca que “o Protocolo se tornou efetivo em 16 de fevereiro de 2005. ” (ANDRADE 
et al., 2008, p. 33) 
Segundo Viola, a Rússia faz parte do grupo de “Países pertencentes a ex-União 
Soviética que sofreram uma drástica redução nas emissões de carbono (entre 40% e 
60% mais baixas, em 1999, comparadas com 1990) pelo colapso da economia” 
(VIOLA, 2002, p. 31). 
A Rússia ainda possui uma emissão de poluentes considerada alta (intensidade de 
carbono por unidade de PIB). 
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O Japão, um dos países mais ricos do mundo, também configura como um dos 
Estados mais importantes em assuntos ambientais. Sua relevância advém de diversos 
fatores. 
Em primeiro lugar o acordo global ambiental mais conhecido na atualidade, o 
Protocolo de Kyoto, foi negociado sob a presidência japonesa, em 1997. 
Além disso, como país desenvolvido, o Japão assumiu grandes responsabilidades no 
referido protocolo, maiores que qualquer país europeu, por exemplo. Na verdade, o 
Japão pode ser considerado o país mais penalizado pelo acordo, uma vez que a 
Rússia, maior poluidor com obrigações, possui certa tolerância por ter reduzido suas 
emissões em virtude do colapso de sua economia com a dissolução da União 
Soviética. 
Apesar de tamanha responsabilidade, até 2008 o Japão não estava alcançando as 
metas, como demonstra a tabela mais adiante. Para agravar a situação, o desastre 
na usina nuclear de Fukushima, em 2011, provocou uma diminuição no uso na energia 
nuclear e um consequente aumento no uso de energias poluentes. 
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13 
 
Sumário 
 
 
Tema: Fome no Mundo ............................................................................................... 1 
Tema: Desenvolvimento .............................................................................................. 3 
Tema: Segurança Internacional .................................................................................. 6 
Tema: Cooperação Internacional ................................................................................ 7 
Tema: Meio Ambiente ................................................................................................. 9

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