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5Lazer Museu e ações educativas

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Sesc | Serviço Social do ComércioSesc | Serviço Social do Comércio
Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer
Lazer, museus e 
ações educativas: 
reflexões e desafios 
no sentido de 
ampliar esta 
articulação
Resumo
Este trabalho de caráter teórico-reflexivo tem como objetivo discutir alguns 
desafios presentes nas inter-relações entre lazer, museus e ações educati-
vas, uma vez que poucos estudos se debruçam a entender o lazer como uma 
possibilidade para elaboração das ações educativas nos museus. A metodo-
logia utilizada para a realização do estudo foi a pesquisa bibliográfica sobre 
os eixos temáticos que orientam este trabalho, a saber: “lazer”, “museus” e 
“ações educativas”, sendo esta desenvolvida como parte integrante de uma 
pesquisa de mestrado, no contexto do Programa de Pós-graduação Inter-
disciplinar em Estudos do Lazer da UFMG. O texto foi estruturado em três 
partes inter-relacionadas: primeiramente, introduz-se a temática central dis-
cutida neste trabalho, apresentando alguns aspectos centrais sobre o lazer. 
Em seguida, discute-se o potencial educativo das experiências de lazer to-
mando como escopo o espaço do museu. Por último, é empreendida uma 
reflexão sobre as ações educativas e o potencial que elas, atreladas ao lazer, 
possuem para a formação dos sujeitos que frequentam esses espaços.
Palavras-chave: Lazer. Museus. Ações educativas.
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Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer
Introdução 
Este texto é parte integrante de uma pesquisa de mestrado mais ampla, realizada 
no contexto do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do La-
zer da UFMG, intitulada: Lazer e educação: um olhar sobre as ações educativas 
desenvolvidas em museus, que investiga e analisa a articulação entre educação 
e lazer durante a preparação das ações educativas realizadas em museus de Juiz 
de Fora, Minas Gerais. A metodologia proposta para a investigação é baseada em 
pesquisa bibliográfica, observação participante e entrevistas. Entretanto, este 
texto prioriza uma discussão teórico-reflexiva sobre “lazer”, “museus” e “ações 
educativas”, alguns dos aspectos centrais da pesquisa bibliográfica realizada.
Feitas essas considerações, é importante esclarecer que o presente texto visa dis-
cutir alguns dos desafios presentes nas inter-relações entre lazer, museus e 
ações educativas, uma vez que poucos estudos se debruçam a essa temática 
por entenderem o lazer como uma possibilidade de intervenção para a elabora-
ção das ações educativas nos museus. 
Como ponto de partida para essa discussão é importante destacar que, cada vez 
mais, é premente a necessidade de aprofundar os estudos que relacionem o 
lazer aos museus. Tal articulação é relevante não apenas para a captação de pú-
blico nesses espaços, mas, sobretudo, pela contribuição para a elaboração de 
políticas públicas capazes de torná-los mais acessíveis e inclusivos. Um exem-
plo dessa tendência são os museus que, desde o século passado, vêm ganhan-
do maior notoriedade, sendo considerados, em muitos casos, como lugares pro-
pícios para o aprendizado, compreendidos como esferas capazes de promover a 
participação social. Nessa perspectiva, os espaços museais são transformados 
em locais de (re)interpretação e de novas leituras do mundo. 
No que tange ao lazer na atualidade verifica-se que, segundo Marcellino (1996), 
a temática vem ganhando cada vez mais destaque em nossa sociedade. Ao 
abordar o crescente emprego do termo “lazer” e a diversidade de situações em 
que ele é utilizado, o autor aponta que, frequentemente, ele é pauta “nas reivin-
dicações das associações de moradores, nos luminosos das lojas, nos anúncios 
de imobiliárias, nas propostas dos candidatos a cargos públicos, nos títulos das 
revistas, nas seções de jornais” (MARCELLINO, 1996, p. 7). Esse uso frequente 
do termo é verificado também quando nos referimos aos museus, que em suas 
cartilhas educativas, propagandas de ações museais e propagandas televisivas 
tendem a reproduzir a importância do lazer nos museus e, também, como este 
pode vir a ser um espaço de lazer.
Nota-se, também, que nos últimos tempos alguns estudiosos do campo da mu-
seologia e algumas instituições que se dedicam à organização e elaboração de 
políticas públicas nesses espaços, reconhecem a importância da relação lazer e 
museus, como, por exemplo, o ICOM, IBRAM (2011), Leite (2006), Cavaco (2002), 
Messias (2004) etc.
Assim, este texto parte de uma análise acerca do lazer, buscando salientar a im-
portância dessa prática social e discute, na sequência, o potencial educativo 
das experiências de lazer tomando como escopo o espaço do museu. Poste-
riormente, compreende-se a instituição museal como um significativo espaço 
para a vivência do lazer que, ao longo da história, vem sendo ressignificado. Por 
último, passar-se-á à discussão sobre as ações educativas, entendendo que mu-
seu é um espaço multifacetado e que, por intermédio das práticas educativas, 
atreladas ao lazer contribui-se para a formação dos sujeitos que frequentam 
esses espaços.
Ampliando os olhares: lazer, museus e ações 
educativas
Apesar do debate e discussão acerca dos processos de construção histórica e dos 
significados do lazer, sabe-se que este apresenta uma especificidade. Por isso, 
torna-se relevante reconhecer que o lazer, enquanto uma prática social, ao lon-
go dos tempos e em cada contexto, adquiriu múltiplos significados e sentidos, 
sobretudo em decorrência das mudanças sociais, culturais, políticas e econô-
micas que marcam as diversas realidades ocidentais. Ao entender o lazer como 
dimensão da cultura, percebe-se que ele afeta e é afetado por diversas práticas 
e valores. Com isso, é possível afirmar que as concepções de lazer são mutáveis 
em diferentes épocas, determinados grupos, sociedades e espaços. Portanto, 
para compreendê-lo é de fundamental importância a sua contextualização em 
cada dinâmica sociocultural.
Além disso, torna-se necessário reconhecer a complexidade que envolve a pre-
sença do lazer na vida humana, como vem sendo destacado em obras recentes 
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que versam sobre o tema. Marcellino (2008), por exemplo, organizou o livro Lazer 
e sociedade, obra em que diferentes autores se dedicam a dissertar sobre as 
relações entre o lazer e as diversas esferas da dimensão humana, tais como a 
família, as fases da vida, a religião, o trabalho, a saúde, o gênero e a qualidade 
de vida (CASTILHO, 2013, p. 55). Outro livro recente que também que se dedica 
ao tema evidencia a diversidade abarcada por este fenômeno e a sua relação 
dialógica com a vida humana, foi publicado por Gomes e Elizalde (2012), intitula-
do Horizontes latinos americanos do lazer. Na referida obra, os autores reconhe-
cem que “o lazer é uma prática social complexa que pode ser concebida como 
uma necessidade humana e como uma dimensão da cultura caracterizada pela 
vivência lúdica de manifestações culturais no tempo/espaço social” (GOMES; 
ELIZALDE, 2012, p.30).
Nesse bojo de discussões, Castilho (2013) ao se referir ao lazer ressalta que:
O lazer está presente em todas as fases da existência humana e vai muito além 
do simples brincar de uma criança ou de uma atividade distrativa e sem im-
portância. É uma característica fundamental da condição do ser humano e cor-
relaciona-se, diretamente, com a cultura, portanto, tem sido analisada a partir 
de diversas perspectivas disciplinares [...]. (CASTILHO, 2013, p.56).
Assim, é possível perceber que o lazer representa uma prática social e cultural-
mente construída, complexa, polissêmica e interdisciplinar, que ao se relacio-
nar comos saberes produzidos em diferentes áreas do conhecimento possibilita 
interlocuções que ultrapassam áreas específicas, desafiando os estudos sobre 
o tema e, por vezes, gerando acalorados debates. Porém, além das pesquisas 
acadêmicas, o lazer e suas relações dialógicas com as distintas esferas da vida 
explicitam valores, símbolos, preconceitos e preceitos vivenciados pelos sujeitos.
Compreender o lazer enquanto uma dimensão da cultura implica em reconhecer 
que ele participa da complexa trama social, revelando “contradições sociocultu-
rais profundamente inseridas na nossa cultura” (GOMES; FARIA, 2005, p. 54). A 
compreensão de cultura, nesse ínterim, ultrapassa o entendimento de cultura 
apenas como o conjunto de manifestações e produções culturais, sobretudo as 
tangíveis. Tampouco entende-se cultura como sinônimo de conhecimento ou 
erudição. 
Antes, opta-se aqui pela abordagem de cultura elaborada por Geertz (1989) 
e Menezes (1996). O primeiro sugere um conceito de cultura fundamental-
mente semiótico, critica a ideia de cultura enquanto “[...] complexos padrões 
concretos de comportamento – costumes, usos, tradições, feixes de hábitos” 
(GEERTZ, 1989, p. 56), lançando as bases para uma compreensão de cultura 
mais holística. Já o segundo considera que a cultura abarca tanto aspectos 
materiais como imateriais, ela nasce na realidade empírica da experiência co-
tidiana, ou seja, nas vivências do dia a dia de cada pessoa. Tais sentidos, em 
vez de simples reflexões, são parte efetiva das representações com as quais 
mantemos e orientamos nossa prática ou vice-versa e, utilizando os supor-
tes materiais e imateriais, buscamos produzir inteligibilidade e reelaboramos 
simbolicamente as estruturas materiais de organização social – legitimando- 
as, reforçando-as ou contrapondo-as e transformando-as. Então, podemos 
considerar que a cultura se torna uma condição de produção e reprodução 
da sociedade, e que, certamente, se reflete no lazer, em suas vivências, seus 
anseios e contradições.
Desse modo, em face da compreensão de lazer aqui enunciada, considera-se que 
a cultura é o interstício entre as necessidades humanas e o conjunto das reali-
zações materiais, envolvida por uma amálgama de valores, tradições, costumes 
e ideias. Assim sendo, “o lazer não é um fenômeno isolado e se manifesta em 
diferentes contextos de acordo com os sentidos e os significados culturalmente 
produzidos e reproduzidos pelos sujeitos em suas relações com o mundo” (GO-
MES; ELIZALDE, 2012, p. 82).
Nesse sentido, o lazer é constituído por três elementos relevantes para os estu-
dos correlacionados aos museus: ludicidade, manifestações culturais e tempo/
espaço. Gomes e Elizalde (2012) assinalam que esses elementos envoltos pelo 
lazer podem contribuir para o processo de transformação da nossa sociedade, 
tornando-as mais humanas e inclusivas. Nesse âmbito, eles consideram que a 
ludicidade pode ser compreendida como a “capacidade homo ludens – em sua 
essência cultural disposta a brincar, jogar, imaginar, compartilhar, desfrutar, 
rir, se emocionar, de elaborar, apreender e expressar significados” (GOMES; 
ELIZALDE, 2012, p. 82). Com isso, consideramos a ludicidade como expressão 
humana de significados construídos e partilhados no contexto cultural, referen-
ciada no brincar consigo, com o outro e cerceada por vários fatores: normas 
políticas e sociais, princípios morais, regras educacionais, condições concretas 
de existência (GOMES, 2004).
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A ludicidade associada às ações museais possibilita ampliação da atuação desse 
espaço na dinâmica social. Através da ludicidade, o museu pode ser ressignifi-
cado, colaborando com a participação social, podendo ser um elemento capaz 
de integrar diversas faixas etárias. Afinal, as práticas culturais não são lúdicas 
em si mesmas, elas são construídas na interação dos sujeitos com a experiên-
cia vivida, como salientado por Gomes (2004).
As manifestações culturais são práticas sociais complexas permeadas por aspec-
tos simbólicos e materiais que integram a vida da pessoa e a cultura de cada 
povo (GOMES; ELIZALDE, 2012). Os autores apontam que as manifestações cul-
turais acontecem em um tempo e espaço situados, por isso a dimensão tempo/
espaço pode ser considerada “um produto das relações sociais e da natureza e 
constitui-se por aspectos e objetivos, subjetivos, simbólicos, concretos e mate-
riais, evidenciando conflitos, contradições e relações de poder” (GOMES; ELI-
ZALDE, 2012, p. 84). 
Diante desses elementos, é importante destacar ainda que o lazer, muitas vezes, 
reflete os contrassensos presentes em nosso contexto, podendo reforçar o status 
quo, estereótipos e valores excludentes, consumistas e alienantes, ou contribuir 
com a constituição de uma nova sociedade, mais justa, mais humana e com-
prometida com os princípios democráticos (GOMES, 2004). Com isso, não se 
pode descartar que, em muitos casos, instituições educativas buscam, através 
do lazer, formar sujeitos criativos, autônomos e conscientes de si e do mundo. 
As relações entre lazer e educação foram objeto de estudo de muitos autores 
brasileiros como Marcellino (1996), Requixa (1974) e Mascarenhas (2003), entre 
outros. Contudo, ao longo deste trabalho, considera-se que lazer pode consti-
tuir uma entre muitas ferramentas importantes, que auxiliam na mobilização de 
experiências revolucionárias, contribuindo para uma educação comprometida 
com a mudança social e cultural, capaz de tornar a sociedade mais humana 
e sustentável através da música, da poesia, da dança, da festa, do jogo, etc. 
(GOMES, 2010).
Assim o lazer, enquanto um fenômeno histórico, cultural e socialmente situado, 
problematizador, crítico, sinérgico e transformacional, pode ser uma importante 
ferramenta para movimentar experiências e relações interculturais e educativas 
contra-hegemônicas, contribuindo assim com a aprendizagem para a transfor-
mação social e cultural, como salientado por Gomes e Elizalde (2012). Marcelli-
no (1996) também ressalta o potencial educativo do lazer e o aponta como uma 
importante ferramenta educacional, como um instrumento ativo de mobilização 
e participação cultural, sendo capaz de transpor barreiras socioculturais.
O museu, enquanto um espaço de lazer pode se revelar, através de suas práticas, 
como um lugar que não aloca apenas um conjunto de elementos, objetos e prá-
ticas de valor cultural apenas, mas também que guarda resultados da relação 
do homem com seu tempo/espaço. Nesse âmbito, os museus são espaços de 
produção de novos saberes e oportunidades de lazer, sendo que seus acervos e 
exposições favorecem a construção social da memória e a percepção da crítica 
a sociedade.
Geralmente, os museus são entendidos como instituições sem fins lucrativos, de 
caráter permanente, que são colocados “[...] ao serviço da sociedade e de seu 
desenvolvimento, abertas ao público, que adquirem, preservam, pesquisam, co-
municam e expõem, para fins de estudo, educação e lazer, testemunhos mate-
riais e imateriais dos povos e seus ambientes” (COMITÊ BRASILEIRO DO ICOM, 
2009). Essa compreensão oficial já indica algumas aproximações entre o mu-
seu, a educação e o lazer, temáticas centrais desta pesquisa.
Recuando no tempo, sabe-se que nem sempre foi assim. De acordo com Leite 
(2001), os museus emergiram no século XVIII na dinâmica social europeia 
como guardiões da história, sobretudo da história oficial ou dos grandes fei-
tos/acontecimentos. Além disso, esses espaços museais, sob esta perspec-
tiva, possuíam, ainda, a função de comunicar o poder de uma determinada 
classe social, de uma etnia, ou de umageração aos seus visitantes, pois “[...] 
historicamente, foram criados por e para os setores dirigentes [...]” (LEITE; 
OSTETTO, 2005, p. 25). Contudo, para não serem legados ao ostracismo ou ao 
esquecimento, perceberam que deveriam adotar outras funções sociais, cul-
turais e educativas passíveis de serem assumidas e, com o passar do tempo, 
vêm se transformando. 
Assim, de uma posição excludente em relação às demais manifestações culturais 
presentes no seio das sociedades, o museu, em uma nova conjuntura, começa 
a se transformar em um espaço capaz de favorecer a cidadania, rompendo com 
a estrutura tradicionalista que distanciava o público através de ações sectárias 
que impediam a aproximação de determinadas classes e grupos da sociedade. 
Por outro lado, inserem-se novas práticas situando o museu no contexto social 
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vivenciado pela população, o que certamente, fez com que as sociedades se 
sentissem responsáveis pela preservação e constituição desse espaço.
A expansão da compreensão da estrutura e das funções dos espaços museais 
decorre, também, de uma reconsideração acerca da noção de patrimônio que 
passa a englobar, além de bens materiais, a cultura imaterial (FERREIRA, 2006). 
Posicionamento esse também defendido por Canclini (1994, p. 99), que entende 
que o patrimônio cultural “[...] não abarca apenas os monumentos históricos, o 
desenho urbanístico e outros bens físicos; a experiência vivida também se con-
densa em linguagens, conhecimentos, tradições imateriais, modos de usar os 
bens e os espaços físicos”. O autor esclarece ainda que a noção de patrimônio 
cultural precisa incluir outros aspectos, como as experiências diárias vividas, 
onde está reunido o uso da linguagem e do conhecimento naquela concepção 
de mundo.
Ademais, ao longo dos tempos, o museu passou a assumir um importante papel 
educativo em cada sociedade. Como esclarece Bitter (2009, p. 27), “os mu-
seus chegam ao século 21 como lugares de relativo sucesso entre um público 
muito heterogêneo, oferecendo oportunidades de lazer e de obtenção de co-
nhecimentos”.
Nessa perspectiva o museu, como espaço educativo que é, passa a contemplar ou-
tras formas de interação, valorizando patrimônios materiais e imateriais, demo-
cratizando assim a própria educação. Nesse âmbito Amaral (2003) pontua que 
se a história não for concebida como patrimônio de uma elite, passando a ser
[...] compreendida como uma teia de experiências humanas compartilhadas, 
multifacetada e plural, seria de se esperar que os museus afirmassem, da 
mesma forma, sua vocação democrática e seu diálogo com o tempo. Mesmo 
surgindo dentro de um contexto que apontava para uma homogeneização do 
passado pela via do estado nacional, a crítica da ideologia nacional estimulou 
a recriação do museu. Garantidas as vias pelas quais os diversos grupos se re-
conhecem na história, o museu moderno amplia sua atuação consolidando-se 
como polo cultural e educativo (AMARAL, 2003, p. 12).
Ao reforçar o potencial educativo e social dos museus na contemporaneidade, 
é preciso considerar as transformações conceituais e epistemológicas acerca 
dos seus pressupostos teóricos e práticos, que colaboram expressivamente 
para o processo de ressignificação e dessacralização da instituição e do próprio 
fazer museológico. Para que realmente seja valorizado o aspecto educativo dos 
museus, há de se considerar a pluralidade de linguagens nesses espaços, visto 
que existe uma diversidade de públicos, que possuem faixas etárias e culturas 
distintas. 
Portanto, os museus, tidos como espaços de educação, são instituições que po-
dem, por meio de suas práticas educativas, ao incorporar elementos do lazer, 
ser lidas, interpretadas e estabelecer diálogos, não podendo ser tidos como um 
produto acabado, ainda que histórico-socialmente condicionados (SANTOS, 
2008). 
Assim, entendemos que, nos espaços museais, pode ser desenvolvido um pro-
cesso educativo no qual o sujeito não tem a obrigação, seja por regras ou leis, 
de aprender algo. Percebemos que os museus vêm sendo caracterizados como 
locais que possuem uma forma própria de desenvolver sua dimensão educativa. 
E, cada vez mais, visualizam o lazer como uma, das muitas, ferramentas para 
uma educação considerada não formal, sendo um lugar capaz de interagir com 
os sujeitos, favorecer a participação social e promover a democratização e a 
cidadania. Nessa conjuntura, a relação museu-escola traz a ideia de um espaço 
de encontro, um espaço de debate, que não possui produtos acabados, que se 
comunica e se transforma, visto que o museu já é um espaço de educação e 
lazer por si mesmo. 
Entretanto:
O público chega ao museu com diferentes níveis de possibilidades de com-
preender os temas apresentados, ou seja, com suas redes cotidianas de conhe-
cimentos parcialmente tecidas e abertas à incorporação de outros novos fios. 
Os fatores sociais e as expectativas pessoais dos diferentes visitantes con-
tribuem para a significação que eles darão às narrativas museais (VALENTE apud 
GOUVÊA et al., 2001, p. 171).
Nota-se que a partir do momento em há a aproximação entre o museu e o público o 
museu deixa de ter a sua categorização não sendo mais o de arte, de história, de 
arqueologia, de etnologia ou o de ciências (DE VARINE apud MARTINS, 2006, p. 9).
A instituição museológica, por meio de sua feição pedagógica, pode oferecer uma 
gama de experiências culturais significativas. Assim, os programas educativos 
de diversos espaços museais precisam buscar uma melhor utilização dos recur-
sos de aprendizagem em situações informais, priorizando as novas demandas 
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socioeducacionais e valorizando o museu como espaço, ao mesmo tempo, de 
educação e lazer (HERMETO; OLIVEIRA, 2009).
Dessa forma, um espaço privilegiado para se pensar as possibilidades de lazer nos 
museus, seria a partir da esfera das ações educativas, entendidas aqui como 
práticas sociais e não apenas como procedimentos que promovam a educação. 
Ou seja, como atividades que possibilitem a reflexão crítica, a troca de experiên-
cias e a participação social. Vale ressaltar ainda que a ação educativa, quando 
aplicada nos museus, se torna importante veículo de preservação e valorização 
do patrimônio, além de promover a assimilação da memória cultural, gerando a 
participação, através da reflexão e da criatividade.
Falcão (2009), ao pormenorizar as ações que compõe as práticas educativas em 
museus, elenca as seguintes atividades:
[...] visitas “orientadas”, “guiadas”, “monitoradas” ou mesmo “dramatizadas”, 
programas de atendimento e preparo dos professores, oficinas, cursos e confer-
ências, mostras de filmes, vídeos, práticas de leitura, contação de histórias, ex-
posições itinerantes, além de projetos específicos desenvolvidos para comemo-
rar determinadas datas e servir de suporte para algumas exposições. Além dos 
materiais educativos e informativos editados com a finalidade de servir a estas 
práticas, tais como: edição de livros, jogos, guias, folders e folhetos diversos, 
folhas de atividades, kits de materiais pedagógicos, áudio-guia (guia auditivo), 
aplicativos multimídia, CD-ROM, site institucional na internet, etc. (FALCÃO, 
2009, p. 16).
Como se vê, há uma extensa gama de serviços que são ofertados pelas institui-
ções museológicas. Porém, deve-se avaliar que tais ações devem prezar pela 
relação museu-público, ponderando as características peculiares de cada grupo 
ou indivíduo que visita o museu. 
Portanto, é fundamental considerara educação nos espaços museais como pro-
cessos dinâmicos e não como compartimentos estanques, visto que esta é con-
siderada base essencial para que a ação educativa seja realizada. Dessa manei-
ra, percebe-se que as ações educativas não deveriam ser vistas apenas como 
técnicas que se encerram em si. 
Considerações finais
As reflexões empreendidas ao longo deste texto evidenciam que muitas práticas 
e ações educativas desenvolvidas em museus, na atualidade, necessitam de 
novas formas de ação dialógicas e interdisciplinares, descortinando um desafio 
concernente à criação de novos espaços de aprendizagem. O contexto atual su-
gere que as instituições museais redefinam seus conceitos e práticas para além 
da ideia de depósitos de objetos e protetores da memória. Os museus, enquanto 
espaços plenos de construção e intercâmbio de novos saberes, poderiam se 
aproximar da sociedade com uma linguagem mais popular, mais abertos e de 
fácil entendimento, rompendo, assim com a tônica de um espaço de luxo, im-
ponente e científico.
Por isso, o estudo do lazer e das ações educativas em museus não pode, em 
hipótese alguma, desconsiderar que as práticas e os espaços se encontram 
inseridos em um dado contexto sociocultural, estando histórico-socialmente 
condicionadas (SANTOS, 2008). Portanto, são manifestações culturais constitu-
ídas em espaços-tempos específicos, permeados de uma dimensão simbólica. 
Por isso, constata-se que nenhuma experiência nesse espaço pode ser toma-
da como residual, visto que elas possuem temporalidades e contextos próprios 
(SANTOS, 2006).
É nessa dinâmica que se torna fundamental que os gestores e responsáveis de 
todo e qualquer museu estejam atentos aos saberes que discutem os eixos te-
máticos aqui abordados, para a realização de ações educativas interdisciplina-
res que possibilitem vivências mais enriquecedoras aos seus visitantes. Além 
disso, é necessário que estes compreendam as razões que levam os visitantes 
a procurar esses espaços, bem como o que fazem e como se apropriam deles, 
entendendo que esses locais possibilitam vivências de lazer e educação relevan-
tes para o usufruto dos direitos de cidadania ligados à necessidade e vontade de 
aproximar da memória, do patrimônio e da cultura. Contudo, é de fundamental 
importância que o museu adote uma educação pela liberdade e não pela opres-
são que seja capaz de reconhecer outras aprendizagens como, por exemplo, o 
lazer. 
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Referências 
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de conhecimento. Salto Para o Futuro, ano 19, n. 3, p. 22-28, maio 2009.
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CASTILHO, C. T. Lazer na natureza e atuação profissional: discursos e práticas 
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COMITÊ BRASILEIRO DO ICOM. Disponível em: <http://www.icom.org.br>. Acesso em: 10 
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FALCÃO, A. Museu como lugar de memória. Salto Para o Futuro, ano 19, n. 3, p. 5-9, maio 
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FERREIRA, M. L. M. Patrimônio: discutindo alguns conceitos. Diálogos, v. 10, n. 3, p. 79-88, 
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FRONZA-MARTINS, A. S. Da magia à sedução: a importância das atividades educativas 
não-formais realizadas em museus de arte. Campinas: [s.n.], 2009. Disponível em: <http://
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