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1 DOMINGO NA CIDADE: DO COTIDIANO AO FANTÁSTICO Francisco Fabio costa Paes Hoje é Domingo, missa e praia céu de anil Tem sangue no jornal, bandeiras na Avenida Zil. Lá por detrás da triste linda Zona Sul Vai tudo muito bem, formigas que trafegam sem por que. Raul Seixas, S.O.S INTRODUÇÃO O dia nasce preguiçoso como todos os outros, ou até mais do que os outros, pois é domingo. O que poderia ser considerado um dia como qualquer um dos outros da semana tem um significado quase que mágico no imaginário de toda uma massa de indivíduos que perambulam para a esquerda ou direita, para o sul ou para o norte, enfim, após longos seis dias e pelo menos quatro vezes ao mês, como se fosse combinado por todos, há essa repetição de coincidências do cotidiano. O que poderia ser encarado como primeiro dia da semana, como de fato é, se apresenta para a maioria das pessoas ou por quase todas como um dia impar que existe para descansar, relaxar depois de uma longa semana de trabalho, estudo, trabalho e estudo, as obrigações com o lar e com os filhos, com tudo que se possa considerar uma obrigação do dia a dia. Digo esse dia nasce preguiçoso por que todos se permitem acordar um pouco mais tarde do que o de costume, dona Maria vai levantar em outro horário que não é o mesmo da semana para varrer a calçada, não se escuta os gritos agudos das mães brigando com os filhos para que se apressem se não irão se atrasar para a escola, os mais velhos demoram um pouco mais antes de ir tomar café na porta de casa, e o desempregado que tecnicamente falando não tem muitos afazeres vai dormir um pouco mais até por que não se procura emprego aos domingos, não se oferta emprego aos domingos. Esse é o dia para que os “homens da casa” agora de folga se encontrem para conversar sobre os mais diversos temas, política, religião, futebol, entre tantos outros. Evita-se um pouco falar do emprego, do trabalho de tudo que foi cansativo, repetitivo e chato durante a semana até por que se trata de um momento diferente e sabe-se que o dia seguinte recomeçará tudo novamente, é a rotina morrendo e nascendo sempre e para todo o sempre num ciclo muito bem organizado. A preguiça começa a ceder território para a alegria e o espírito do lazer, vem chegando as “doces obrigações” de preparar a 2 casa para as visitas. “Bota água no feijão que meus irmãos estão chegando”. O que diabos a tua mãe vem fazer aqui?”exclamações e interrogações que compõem o começo da manhã de domingo. Este ensaio tem como objetivo analisar o todo ou o quase nada que acontece com todos nós, com todos os indivíduos, com a massa desordenada que marcha para todos os lados e contempla o mundo que o cerca. O foco principal desta observação do tudo e do ninguém dará maior ênfase ao dia de domingo, este começo que também é fim que faz nascer ou morrer a semana. Seja na conversa ao pé da calçada de trabalhadores de folga ou das crianças privadas de seu sono devido à escola matutina que agora correm no meio da rua levantando poeira para o desespero das mães que nunca descasam. Esta analise do domingo também irá se basear no estudo do ontem e do antes de ontem, sexta e sábado, e também do amanhã, segunda-feira, para melhor compreensão deste dia tão peculiar em nossas vidas. ONTEM Hoje é sábado, amanhã é domingo A vida vem em ondas, como o mar Os bondes andam em cima dos trilhos E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar. Hoje é sábado, amanhã é domingo Não há nada como o tempo para passar Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal. Vinicius de Moraes, Dia da criação Sábado nasce de múltiplas formas dependendo de para quem este irá surgir. Ele sempre vem de pelo menos duas formas: nasce ainda do cansaço do de correr da semana com a doce sensação de prazer, pois, logo ao amanhecer a lembrança do dia seguinte, o domingo, faz tudo melhorar. Para os trabalham nesse dia vem à lembrança de que irão largar mais cedo do expediente. E os que estudam estão felizes pelo fato de não ter aula. O dia de sábado é de certa forma o rito de passagem para o domingo, tudo que acontece é de forma impar se comparar com os de mais dias da semana. O transito se apresenta com menos ferocidade do que os demais dias que passaram, todos podem optar por dormir dez ou vinte minutos a mais sem a preocupação de perder a condução para o trabalho. Quando ligamos a televisão para vasculhar as mesmices rotineiras sentimos um toque bem diferente um tanto quanto sutil. O apresentador do jornal não é 3 o mesmo dos outros cinco dias, e alguns canais optam até por não ter jornal logo cedo, seria essa uma forma de tentar tirar das pessoas a preocupação cotidiana com o mundo? Trocar as informações por desenhos animados antigos, do tempo em que éramos apenas crianças e a maior preocupação era sempre do iríamos brincar quando acabasse a aula. Retomando o assunto sobre o sábado como um dia de trabalho penso na analogia de que o nó é sempre mais frouxo, e diferente do que diz aquele comentarista, a regra não é clara meu caro. Estamos sempre a fim de burlar as regras dos outros dias da semana, não vamos ao trabalho com as roupas de trabalhar, mas com as roupas de sair de casa, sim existe muitas diferenças na vestimenta das pessoas, dos comuns e ordinários, roupas de usar em casa, roupas de ir à escola, quando esta não obriga o uso do uniforme, roupas de trabalhar, de ir à missa e por fim de sair de casa. Os trabalhadores estão em uma grande passarela imaginária onde desfilam com roupas que já perderam o titulo de roupa de sair de casa, mas ainda não assumiram o de usar em casa, roupas de se trabalhar aos sábados são sempre “midways”. Com o fim do expediente para os que trabalham a sensação é sempre de extremo prazer, o gozo entre os dentes, “acabou, acabou!” a frase clássica de Galvão Bueno sempre surge em nossa cabeça, é a alforria do final de semana que nos liberta da escravidão optativa. Descanso para os que são de família, farra para os que não são. O transito mais calmo, como já foi mencionado anteriormente, faz surgir na lembrança de se pode chegar mais cedo ao lar e desfrutar do descanso necessário, assistir filmes, caldeirão do Hulk ou futebol na televisão, tarefas leves e agradáveis para aguardar a chegado do dia de domingo. Mas o “ontem à noite” sempre nos trás ótimas expectativas, sábado como rito de passagem para o domingo deixa entardecer de forma poética, contemplamos o seu céu que pode ser escarlate, a cor do desejo e do pecado, pecado esse que protagonizaremos durante sua noite, all nigth long, como diz na velha canção de rock and roll. Somos frutos deste pecado que resulta de nossos vícios. O sábado a noite está ai para anunciar o domingo como bem lembra o velho poeta Vinicius de Morais em O dia da criação, tudo de diferente pode acontecer assim ele diz: “Hoje é sábado, amanhã é domingo/ Amanhã não gosta de ver ninguém bem/ Hoje é que é o dia do presente/ O dia é sábado/ Impossível fugir a essa dura realidade/ Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios/ Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas/ Todos os maridos estão funcionando regularmente/ Todas as mulheres estão atentas/ Porque hoje é sábado”. 4 Sábado é a noite do pecado, é o que eu exclamava nos tempos em que cantava rock noite a fora pela cidade, nos rendemos a luxuria e permitimos extravagâncias, nos tornamos irresponsáveis por uma noite, todos os erros cometidos durante a noite precisam ser esquecidosno domingo de manhã, seja na missa, na ressaca ou na desculpa da amnésia alcoólica. Nesta noite tudo pode acontecer, e todos se permitem viver os momentos agradáveis que são permitidos, citando novamente o poeta tudo isso acontece “por que hoje é sábado!” ANTES DE ONTEM “Hoje é sexta-feira! Traga mais cerveja. Tô de saco cheio, tô pra lá do meio da minha cabeça”. Leandro & Leonardo, cerveja É assim que começa a musica da antiga dupla sertaneja Leandro & Leonardo, nos lembrar que devemos jogar todos os papeis para o alto e extravagar, esquecer dos problemas cotidianos. Ir ao bar com os amigos e tomar cerveja gelada, chega de aluguel, chega de patrão, sim a sexta-feira começa sempre no seu fim e todos nos estamos sempre querendo tirar proveito disso. No trabalho tudo que se fala é no fim do expediente, e a alegria é maior para os afortunados que não trabalham sábado e domingo. A noite de sexta feira tem esse caráter mágico que sempre nos remete ao alivio, ela, à noite, se diferencia das de mais no decorrer da semana. Tudo é festa, as propagandas na televisão, os cartazes nos muros da cidade nos lembram da algazarra de mais tarde, até mesmo nas rádios a programação é diferenciada. Não há programas com musicas calmas e românticas que sempre nos faz adormecer para acordar e trabalhar. Assim como o fascínio da sexta, passando pelo sábado e chegando até o domingo, toda essa idéia atribuída a algum dia da semana precisa ser estruturada, por nos legitimada, como diz Maffesoli em A conquista do presente sobre o caráter da socialidade, fala ele que “a socialidade em seus vários aspectos, ao lado de sua inscrição temporal, possui igualmente uma dimensão espacial que não se pode negar a importância. Tudo o que se pode dizer de sua estrutura e de seu desenvolvimento, sua pluralidade, seu imoralismo, seu ludismo, etc., encontra sua incarnação num espaço determinado que estrutura, ele também, as situações que suporta. O hedonismo de todos os dias tem necessidade de um território para irromper e exprimir-se.”(2001, p.79) 5 Pensando novamente de forma analógica e usando o exemplo do mito da criação do mundo por um Deus todo poderoso que fez tudo em seis dias e descansou no sétimo, sexta-feira se assim pensar seria o final do expediente para o criador que já pensando em seu descanso terminou tudo mais cedo a fim de curtir sua folga. Então se até Deus teve seu descanso no final de semana porque nós mortais também não podemos ter. Sexta-feira se não mais o tem já teve o aspecto de dia da não proibição onde os pecados banais estavam sempre em maior evidencia, beber, namorar, separar e etc. Nos tempos em que a internet não era popular ou praticamente não existia para algumas pessoas se esperava ansiosamente a noite de sexta nem que fosse apenas para ficar sentado em frente à televisão. O adolescente aguardava ansiosamente a noite para assistir filmes eróticos baratos que não mais mostravam uma porção de seios e nádegas desnudas, era a noite do diabo que se personificava por meio do erotismo da madrugada. DA SEXTA SEXY À MADRUGADA DO DIVINO Chegava a noite de sexta-feira e com ela vinha o desejo faminto e indecente de muitos adolescentes de saciar sua fome de sexo por meio do voyerismo televisionado. Algumas emissoras de televisão dedicavam esta noite para exibir produções com forte apelo sexual, podiam ser as brasileiras pornôs-chanchadas, com enredos que por vezes mesclavam o absurdo do cotidiano ou desfechos surreais sempre regados com doses bem humoradas de sem-vergonhice e canalhismo, ou produções internacionais bem mais pautadas em desfechos policiais. Todas estas produções estavam pautadas no erotismo, mas não ao sexo explicito, existia uma ética quanto o grau de nudez e vulgaridade a ser explorado, o que fazia com o que o telespectador tivesse eximia malicia em saber qual cena seria mais explorada, mais demorada e com maior grau de erotismo, de nudez e desempenho dos atores. Uma vez que o VHS nunca foi muito popular, isto é, nunca atingiu as camadas sociais mais pobres e o DVD era utopia para estes só restava aguardar as quentes noites de sexta-feira e de sábado. O erotismo da madrugada se apresentava seja no sexta sexy ou no tão saudoso cine prive. Aquilo que não se fazia se assistia, se imaginava, éramos garanhões indomáveis em meio a orgias que transpassavam a retina e iam em de encontro ao tubo de imagens. Michel de Certeau em se u livro A cultura no plural nos fala um pouco sobre a ficção erótica. “É a sexualidade-ficção. O leitor encontra nas imagens e nas “legendas” uma história daquilo que ‘não se faz’, uma história ausente. 6 De onde uma primeira constatação: aquele que entra nessa linguagem é aquele que sai da vida cotidiana e que a existência não mais proporciona, seja pelo cansaço, seja porque não se ousa mais pensar numa mudança do possível. Por isso deve-se contentar em sonhar com ele. Ou em vê-lo, a falta de fazê-lo [...] O desenvolvimento do imaginário é a recíproca de uma “civilização” em que se multiplicam os voyeurs e os contemplativos. ”(1995, p. 42-43) Hoje a noite é sagrada e a madrugada é do divino, com o crescimento da religião evangélica protestante no Brasil, o aumento do poder aquisitivo destas e a ideologia de levar a salvação do espírito, de purificar o corpo e divulgar o evangelho por todas as partes tais religiões não se contentaram apenas com o aumento do numero de templos espalhados por todo país, e depois de dominar boa parte de rádios FM miraram seus olhos ungidos e santificados pelas trombetas de Jericó para a televisão. Sob o argumento do melhor para a família brasileira e prezando pela moral e os bons costumes houve a higienização da programação, principalmente noturna, o exorcismo da televisão aberta. A priori o aluguel de horários, depois a compra de algumas emissoras. É obvio que não se deve atribuir a culpa toda pelo fim do erotismo na televisão aberta no Brasil à evangelização. A própria modernidade deu conta disso, a popularização das mídias digitais teve grande importância, da mesma forma que a banalização da internet e seus sites que exploram o sexo explícito ao alcance de qualquer um, bem mais interessante do que filmes onde pouco da nudez era explorado, censurado ou interrompido pelas propagandas comerciais. Assim a madrugada erótica dos voyers de ontem foi substituída pela banalização da imagem do sagrado. ALMOÇO DE FAMILIA Hoje é domingo no pé do cachimbo, o cachimbo é de ouro que bate no touro, o touro é valente que bate na gente, agente é fraco que cai no buraco, o buraco é fundo acabou-se o mundo Domingo é dia de ver os amigos para botar os assuntos em dia, de jogar bola no campinho de várzea, de assistir globo rural logo cedo, formula 1, esporte espetacular, programas sobre carros que nos faz sonhar com aquilo que às vezes nos faz sonhar em possuir todas aquelas maravilhas automobilísticas. De repente a calmaria da folga que o domingo trouxe é interrompida por um vizinho mais afoito, o som em volume alto mostra que é dia de visita e a faxina é feita aos berros de quem tenta cantar o que se ouve. É dia de visita, almoço de família é sempre igual, o chefe da família vai cedo ao 7 mercado para comprar mercadoria fresquinha e evitar as grandes filas na hora de passar no caixa, o carrinho de compras abarrotado de produtos caros pra não fazer feio com as visitas, coca cola ao invés de refresco em pó, e por mais que durante a semana só se coma ovo de galinha e produtos embutidos (mortadela, salsicha,carne de lata), o homem de casa compra carne, muita carne bovina ou frango inteiro e abatido na hora. A comida é sempre preparada de forma exagerada em panelas grandes para demonstrar ao visitante a fartura que reina naquela casa, mesmo que seja por um único dia, o importante é a teatralidade do banquete, da comida em abundancia. Michel Maffesoli fala em sua obra O mistério da conjunção sobre a mesa, o lugar onde se come, sobre este estar junto durante a refeição, o que faz refletir sobre o almoço de domingo, logo ele entende que o ato de comer com outras pessoas é “uma maneira de enfrentar a morte, mas isso passa, antes, pelo conforto com os outros. Diante da lógica do tempo e da derelição que ele acarreta, trata-se, como espetáculo, de afirmar aos que nos cercam, aos amigos ou aos inimigos, que se pode durar, pois a importância de uma cerimônia como um jantar, de um grande momento desses, está fadada a substituir. Os rituais religiosos (pagãos ou cristãos) e os rituais locais ou folclóricos passam sempre por maratonas gastronômicas.” (2005, p. 93) Neste dia de domingo durante o almoço de família, ou dia do reencontro de relembrar as historias vividas pelos parentes, se divertir com as narrativas engraçadas que sempre expõe o outro ao ridículo, é nesse dia em que os filhos dos outros se encontram e podem brincar juntos, podem extorquir de forma sabia seus pais pedindo dinheiro para comprar besteira, pois se sabe que este não irá negar, ele não pode bancar o sovina na frente de seus convidados. Novamente em O mistério da conjunção Maffesoli fala sobre a importância de se estar junto à mesa, para ele “a mesa pode ser o lugar onde se constitui as mais solidas amizades e os mais suaves laços afetivos, também é o lugar onde explodem e exprimem-se as mais ferozes discórdias. Em torno da mesa, podemos nos amar ou nos dilacerar; em suma, a mesa é o trono do ambíguo e perturbador Dionísio. Os efeitos do vinho, que ele oferece aos homens são muito variados e totalmente imprevisíveis.” (2005, p. 95) O almoço de domingo traz os extremos, como já foi dito anteriormente a mesa deve ser farta e o que se come não é comido nos demais dias, praticamos um dos sete pecados capitais, a gula, nos permitimos comer muito ao ponto de passar mal, uma disputa invisível de quem consegue comer mais. Sobre isso Maffesoli diz: “É por desempenhar esse papel de mediadora que a mesa facilita a conjugação. Por haver 8 confronto coletivo com a parte de sombra, a morte, existe a possibilidade de socialidade [...] O que une a mesa é a estruturação social, ou seja, sem o alimento a casa não é nada; sem a mesa, que teatraliza a violência das relações, esse comércio se autodestrói, nega- se como tal”. (2005, p. 96) DOMINGO: SOL, PRAIA, CERVEJA E FUTEBOL Para aqueles que não estão interessados em aproveitar o domingo almoçando em família como já foi dito acima fica a grande vontade de ir à praia, tomar um banho de mar para expulsar as mazelas do dia a dia. Logo cedo nos pontos de ônibus se vê homens e mulheres cercados de crianças, com sacolas de todos os tamanhos nas mãos e caixas de isopor repletas de bebidas alcoólicas, no cardápio não pode faltar o velho frango com farofa e o baião de dois, estes são os famigerados “farofeiros”, personagens típicos das praias. Não querendo ir à praia opta-se por ficar em casa, reunir os amigos no quintal e fazer aquele churrasco. O sol quente, carvão em brasa e uma fumaceira desgraçada cobrem o quintal e invade as casas vizinhas. O que se ouve é um batuque esquisito de baldes e panelas acompanhado por um coral desafinado que tenta cantar pagode, muitas vezes sem talento e sucesso algum. Ninguém se importa com essa tortura auditiva o álcool faz relativizar tudo, daí todos estão bêbados e cantando juntos numa misteriosa harmonia ébria trazida pelo dia de domingo. Para os atletas de final de semana o dia é de mostrar toda a habilidade nos campos de várzea espalhados pela cidade, o time existe porem não há treino durante semana, os jogadores jogam por que sabem jogar, temos então pedreiros atacantes, goleiros que são policiais, zagueiro motorista e etc. Falando de futebol domingo é dia de assistir o time do coração jogar, isso passa todas as tardes, é fácil ver homens e mulheres desfilando pelas ruas vestindo as camisas de seu time, como se anunciassem de forma silenciosa o jogo que será televisionado. Para os menos ortodoxos isso é o que resta, banho de mar, bater uma bola no campinho da esquina, comer músculo bovino na brasa, se embriagar, assistir jogo, domingão do Faustão, programa Silvio Santos, Fantástico, ficar cansado e com sono, ir dormir e se preparar para o amanhã que está chegando. 9 CONCLUSÃO Depois de acordar tarde, de assistir o globo rural, de comer churrasco, almoçar com a família, jogar futebol, ir à praia, se embriagar é hora de se preparar para despedir do domingo. Os parentes começam a ir embora deixando a casa bagunçada para seus donos limpar, os coletivos repletos de pessoas vermelhas de tanto pegar sol retornando da praia, os jogadores voltam narrando as melhores jogadas ou criticando os que erraram muito. As mulheres andando de bar em bar a procura de seus maridos, e quando em casa estiverem vão jantar o que sobrou do almoço. Prepara a marmita do marido com lascas generosas de carne, arruma a roupa dos filhos para escola de amanhã logo cedinho. O dia passou rápido assim como todo domingo costuma fazer. Café da manhã, almoço de família, churrasco e cerveja, merenda da tarde, janta requentada. O Fantástico já está acabando anunciando à hora de deitar e dormir, semana que vem tem mais, essas repetições de coincidências do cotidiano. Amanhã quer ver todo mundo preguiçoso, bocejando, trancando as portas para ir ao trabalho, as mães novamente gritando com os filhos, os locutores das rádios AM e FM exclamando bom dia a todos os ouvintes que ouvem e pensam como seria bom se o ontem não tivesse nunca terminado, a vida inteira como um dia de domingo. Pode ser a segunda-feira preguiçosa, a terça-feira de ruby, quarta dos amigos com cerveja e futebol, quinta do carangueijo, sexta-feira ninguém mais segura, sábado a noite do pecado e domingo já foi muito bem dito. Incrível como atribuímos características aos dias da semana que sempre tem o mesmo numero de minutos para passar. Damos vida aos dias que nos fazem viver de domingo a domingo. 10 REFERENCIAS CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. Campinas, SP: Papirus, 1995. MAFFESOLI, Michel. O mistério da conjunção: Ensaios sobre comunicação, corpo e socialidade. Editora Sulina, Porto Alegre, 2005. MAFFESOLI, Michel. A conquista do presente. Natal: Argos, 2001. disponivel em <http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/s-o-s.html#ixzz2nUDVhU4R Acesso 14/12/2013 disponivel em <http://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/dia- dacriacao.html#ixzz2nUGyCDZd Acesso 14/12/2013 disponivel em <http://www.vagalume.com.br/leandro-leonardo/cerveja.html Acesso 14/12/2013 11 SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................................... 1 Ontem ................................................................................................................................ 2 Antes de ontem ..................................................................................................................4 Da sexta sexy à madrugada do divino ............................................................................... 5 Almoço de familia ............................................................................................................. 6 Domingo: sol, praia, cerveja e futebol ............................................................................... 8 Conclusão .......................................................................................................................... 9 Referencias ...................................................................................................................... 10 12 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS FRANCISCO FÁBIO COSTA PAES DOMINGO NA CIDADE: DO COTIDIANO AO FANTÁSTICO 13 FORTALEZA 2013
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