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Trabalho Aptidão Física-Consciência Corporal

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Aptidão Física
O tempo de vida do ser humano tem aumentado significativamente1 e ter uma vida longeva, hoje em dia, já não é uma grande vitória, quando a média atual de expectativa de vida nos países desenvolvidos está em torno de oitenta anos e quando as pesquisas biomédicas encontram dados que as permitem inferir sobre o potencial genético do homem para viver até mais de cem anos. Para se viver muito, níveis dignos de sobrevivência e de direitos humanos devem ser respeitados e o cidadão deve ter acesso aos avanços científicos e tecnológicos das diferentes áreas relacionadas à saúde. Inovações em técnicas, procedimentos, medicamentos, vacinas e novos conhecimentos sobre alimentação e sobre os efeitos agudos e crônicos do exercício físico colaboraram para esse fenômeno. Existe um número cada vez maior de estudos e documentos que comprovam e relatam os benefícios da aptidão física para a saúde. Pesquisadores nas áreas de exercício físico, Educação Física e de Medicina do Exercício e do Esporte, pelos métodos de pesquisa epidemiológica, já demonstraram que tanto a inatividade física como a baixa aptidão física são prejudiciais à saúde. Recentemente, Petrella e Wight verificaram que muito embora o aconselhamento sobre exercício físico seja freqüentemente realizado pelos médicos de família, eles relatavam que o pouco tempo disponível e a falta de conhecimento específico limitavam de certo modo essa prática. Em outro estudo também recente8, observou-se que entre mulheres médicas americanas havia uma tendência a aquelas que estavam melhorando os seus hábitos de exercício físico serem as que mais freqüentemente aconselhavam os seus pacientes. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UGF; Professora Adjunta do Departamento de Didática – Escola de Educação – Centro de Ciências Humanas – Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UGF; Diretor Médico da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex) – Rio de Janeiro. A se exercitarem. Na verdade, até mesmo a população já incorporou a idéia de que o “movimentar-se” faz parte de nossas vidas e que a sociedade moderna tende a ser privada veladamente do seu direito de ir e vir, de seu tempo ativo de lazer, etc., seja por falta de segurança pública, de informação adequada, e de educação, ou ainda por responsabilidade da família e/ou da escola, contribuindo para que se acabe com o hábito natural das pessoas: “exercitar-se”. Programas de incentivo à prática de atividade física precisam ser estimulados por políticas públicas. O ato de exercitar-se precisa estar incorporado não somente ao cotidiano das pessoas, mas também à cultura popular, aos tratamentos médicos, ao planejamento da família e à educação infantil. Essa necessidade se dá por diferentes fatores: do fator social, quando se proporciona ao homem o direito de estar ativo fisicamente em grupo, ao fator econômico, quando se constata que os custos com saúde individual e coletiva caem em populações fisicamente ativas.
Para o termo atividade física, encontramos na literatura diversas definições. A definição apresentada pelo Manifesto do Cirurgião Geral dos Estados Unidos em 1969 considera como atividade física qualquer movimento corporal com gasto energético acima dos níveis de repouso, incluindo as atividades diárias, como se banhar, vestir-se; as atividades de trabalho, como andar, carregar; e as atividades de lazer, como se exercitar, praticar esportes, dançar, etc. Caspersen et al. e, posteriormente, Shephard e Balady, definem atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultem em gasto energético, não se preocupando com a magnitude desse gasto de energia. Estes autores diferenciam atividade física e exercício físico a partir da intencionalidade do movimento, considerando que o exercício físico é um subgrupo das atividades físicas, que é planejado, estruturado e repetitivo, tendo como propósito a manutenção ou a otimização do condicionamento físico. Ainda para Pate et al. e Caspersen et AL. Essas definições podem ser complementadas assinalando que o exercício tem como objetivo melhorar um ou mais componentes da aptidão: condição aeróbica, força e flexibilidade. Complementando essas definições temos as propostas por Fahey et al., nas quais a atividade física define-se como qualquer movimento do corpo realizado pelos músculos que requer energia para acontecer, podendo ser apresentado em um continuum, com base na quantidade de energia despendida. Como exemplos teríamos que subir escadas ou simplesmente caminhar são atividades fáceis que precisam de pouco esforço e gastam pouca energia, considerando que essa realização seja feita por pessoas sadias. Já andar de bicicleta ou correr alguns quilômetros demanda uma habilidade e um gasto energético consideravelmente maior. Exercício físico para eles se diferencia também pela intencionalidade e planejamento, enquanto a expressão aptidão física representaria a habilidade do corpo de adaptar-se às demandas do esforço físico que a atividade precisa para níveis moderados ou vigorosos, sem levar a completa exaustão. Dentro do nosso contexto, a questão da aptidão física é abordada por Guedes em seu capítulo nas “Orientações Básicas sobre Atividades Físicas e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde”, definindo-a como “um estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas, também, evitar o aparecimento das funções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria de viver”. Propõe também que a aptidão física seria a capacidade de realizar esforços físicos sem fadiga excessiva, garantindo a sobrevivência de pessoas em boas condições orgânicas no meio ambiente em que vivem. Os componentes da aptidão física englobam diferentes dimensões, podendo voltar-se para a saúde e abrangendo um maior número de pessoas, valorizando as variáveis fisiológicas como potência aeróbica máxima, força, flexibilidade e componentes da composição corporal, podendo voltar-se para as habilidades desportivas em que as variáveis, tais como agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e velocidade, são mais valorizadas, objetivando o desempenho desportivo. Shephard e Balady ressaltam ainda, nesse seu artigo recente, a inter-relação e a diferença entre as intensidades de exercício absoluta e relativa, quando definimos a quantidade ou a dose de atividade física ou de exercício de um indivíduo. A dose de exercício se refere à quantidade de energia despendida nas atividades físicas que requerem movimentos musculares e de repetição e pode ser expressa em quilojoules ou quilocalorias. A intensidade absoluta reflete a taxa de energia gasta durante o exercício e pode ser expressa em METs ou kJ.min, enquanto a intensidade relativa se reflete na porcentagem relativa da potência aeróbica máxima que é mantida durante o exercício e é expressa como a porcentagem do consumo máximo de oxigênio. Após definirmos atividade física, exercício e aptidão física, esclarecemos que a saúde não se caracteriza apenas como um estado de ausência de doenças nos indivíduos, mas como um estado geral de equilíbrio no indivíduo, nos diferentes aspectos e sistemas que caracterizam o homem; biológico, psicológico, social, emocional, mental e intelectual, resultando em sensação de bem-estar. A saúde é um continuum com pólos positivos e negativos. Os pólos positivos são associados à capacidade das pessoas de aproveitar a vida e de superar desafios e não apenas ausência de enfermidades, enquanto o pólo negativo é associado com a morbidade e, em seu extremo, com a mortalidade, entendendo a primeira como um estado de saúde, resultado de uma doença específica. Já a mortalidade é usualmente definida em termos específicos para um determinado grupo populacional, levando em conta o sexo e a faixa etária.Quando ouvimos a expressão qualidade de vida, podemos ter uma idéia conceitual sobre ela, mas defini-la não tem sido tarefa das mais fáceis. Adotaremos a postura de discutir um pouco, na medida em que a palavra “qualidade”, para o senso comum, pode significar uma coisa boa. Todavia, se observarmos a definição expressa no dicionário do Aurélio, temos “propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhe determinar a natureza”, observaremos que esse atributo ou condição pode ser positivo ou negativo. Quando falamos na relação entre a atividade física e a qualidade de vida, precisamos estar conscientes de que essa relação pode ser negativa, seja pela ausência de resultados positivos para a saúde, seja pela ausência de atividade física ou também por efeitos deletérios que a atividade física pode causar à saúde e conseqüentemente à qualidade de vida do cidadão. Quando ampliamos os efeitos de uma vida ativa fisicamente para além da saúde e colocamos os efeitos do exercício, adequadamente realizado, como fator indispensável para a melhoria na qualidade de vida de um dado indivíduo, aí estamos partindo da premissa de que alguém inativo e sedentário não tem boa qualidade de vida. Contudo, a classificação de uma qualidade de vida boa ou ruim está diretamente relacionada à maneira do indivíduo entender o sentido da vida. Talvez um indivíduo de 30 anos, artista plástico, fumante moderado, com nível normal de estresse inerente à profissão e sedentário, seja um candidato em potencial para contrair doenças crônico-degenerativas, mas que, se argüido sobre o seu nível de qualidade de vida, responda que o considera bom e que esse o satisfaz. A questão da qualidade de vida passa até mesmo pelas expectativas (baixas ou altas) das pessoas em relação à sua vida e à sua saúde. Neste artigo, toda vez que mencionarmos a palavra qualidade de vida estaremos considerando um nível de qualidade, respeitando as expectativas do indivíduo, mas principalmente considerando os padrões esperados para o seu gênero, idade, condição socioeconômica e valores éticos e culturais. Não podemos considerar apenas as expectativas do indivíduo, uma vez que temos formação para avaliarmos esses padrões de modo profissional e por sabermos que existem pessoas com baixa estima e que têm, naturalmente, expectativas muito baixas para o seu bom nível de qualidade de vida, cabendo aos profissionais da área intervir veementemente para mudar esse quadro, respeitando, naturalmente, o livre arbítrio humano que confere aos indivíduos a capacidade de escolha sobre o que deseja para si, respeitando a sua escolha de interação com o meio ambiente em que vive. Esse fator de interação com o meio ambiente, além de ser genético, influencia sobremaneira tanto a quantidade como a qualidade de vida das pessoas. Qualidade de vida pode ser vista em termos individuais, de grupos ou de grandes populações e os domínios de qualidade de vida mais freqüentemente descritos na literatura dividem-se em quatro categorias: 
a) condição física e habilidades funcionais; 
b) condição psicológica e sensação de bem-estar; 
c) interação social; 
d) fatores e condições econômicas.
 Embora alguns autores estrangeiros citem os fatores sociais e econômicos como uma das categorias que devem ser levadas em consideração quando avaliamos a qualidade de vida de um indivíduo ou um grupo de pessoas, em países em desenvolvimento como o Brasil, devemos provavelmente considerar outro fator: os direitos humanos (isto é, direito à educação, moradia, ao trabalho, ao emprego, à segurança pública...). Sem esses direitos básicos e primários garantidos, não podemos sequer iniciar uma avaliação sobre os níveis de qualidade de vida das pessoas. A qualidade de vida de uma pessoa não pode ser considerada, naturalmente, apenas pela via da saúde. Esse conceito ainda está por amadurecer, mesmo porque, se considerarmos saúde apenas como ausência de doenças, estamos tendo uma visão simplista e sectária desse conceito amplo que envolve outros fatores já citados anteriormente. Consideraremos a boa condição física como um desses fatores importantes para a prevenção e tratamento de doenças e manutenção da saúde, como um instrumento precioso para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Referencias:
Guiselini M. Atividade física e qualidade de vida. Informe Phorte, São Paulo, 1999;1:3
Guedes DP. Atividade física, aptidão física e saúde. In: Carvalho T, Guedes DP, Silva JG (orgs.). Orientações Básicas sobre Atividade Física eRev Bras Med Esporte _ Vol. 6, Nº 5 – Set/Out, 2000 203 Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde e Ministério da Educação e do Desporto, 1996.
Consciência Corporal
Para clarear o entendimento sobre este assunto, recorri primeiramente ao dicionário Houaiss (2001, p. 103), que nos dá o significado de consciência como sendo: “estágio da vida mental percebido pelo individuo”, “conhecimento”, “discernimento”, “estado de quem pode responder por seus atos” “autoconhecimento consciencioso”. Corporal ou corpóreo significa: “próprio do corpo físico”, “material - corporalidade”. Para Melo (1997a), consciência corporal emerge como nível mais complexo e mais refinado na organização da noção do corpo. Segundo o autor, a consciência corporal é o meio mais refinado de se fazer a interagem do homem. Nesse sentido, Bertherat afirma: Nosso corpo somos nós. É a nossa única realidade perceptível. Não opõe à nossa inteligência, sentimento, alma. Ele inclui e dá-lhe abrigo. Por isso, tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro... Pois, corpo, espírito, psíquico e físico e até a força e fraqueza, representam não a dualidade do ser mais sua unidade. Esses autores sugerem que a consciência corporal seja entendida como um processo de interação entre todos os aspectos implícitos no trabalho a ser desenvolvido com o corpo. Para Lê Boulch (1983), esses aspectos consistem em coordenação óculo-manual, coordenação dinâmica geral, lateralidade, interiorização, segmentos corporais, percepção-temporal, percepção-espacial. Em minha pesquisa, esses aspectos, frutos da psicocinética, podem ser observados no aprendizado da dança na infância. Melo informa que, grande foi o interesse pelos estudos da noção do corpo por psicólogos, neurologistas, psiquiatras. Isso fez com que fossem criando nomenclaturas diferentes, mas que, na realidade, podem ser unificadas num mesmo propósito de descobrir os componentes implícitos no desenvolvimento da consciência corporal. Daí o alerta, nos seus estudos, sobre a consciência corporal, nos quais fala dos variados equívocos, em questão de nomenclaturas, como: imagem do corpo, somatognosia, esquema corporal, imagem corporal, esquema corporal, entre outros. Para esta pesquisa, interessa compreender o significado de duas dessas terminologias: esquema corporal e imagem corporal. Visando um melhor entendimento desses dois termos cito: Esquema corporal (é) um termo utilizado por Head apud Gruspun (1983) decorrente de estudos que levaram a localizar o mecanismo da formação da imagem corpo, no sistema nervoso central, [enquanto a] imagem corporal de Schilder (1980) [acrescenta] aos dados neurológicos e fisiológicos de Head e Pick, apud Coste (1981) os dados da psicologia e as experiências de ordem psicanalítica num estudo global do corpo, concebido como uma entidade psicológica e fisiológica indissociável. Fortemente ligado ao termo esquema corporal são os estudos de ordem neurológica, nos quais se observou que os estímulos interoceptivos e proprioceptivos fornecem dados que possibilitam ao indivíduo ter um modelo e um esquema de seu próprio corpo. Informação nesse sentido são apresentadas por Head apud Condemarim et al (1986), em seus trabalhos sobre a noção de esquema corporal e por Wallon (1979), que admite a existência de um “sistema perceptivo normal”, em que havendo alguma lesão cerebral, ocorreriam perturbações no modelo. Para Schilder (1980) a noção de esquema corporal traduzum processo psicofisiológico, que tem origem nos dados sensoriais que são enviados e fornecidos pelas estruturas motoras, resultantes do movimento realizado pelo sujeito. Enquanto a imagem corporal segundo Gruspun (1983), se completa em uma experiência psicológica que coloca em foco as reações e as atitudes do indivíduo frente ao seu próprio corpo e realizam uma integração de experiência do indivíduo, frente ao mundo material e psicológico que o rodeia significando, para Condemarin et al, (1986), a imagem corporal revelada “a experiência subjetiva da percepção de seu próprio corpo e de seus sentimentos com respeito a ele”. Essa maleabilidade da imagem corporal pode ser exemplificada pelo corte de cabelo, retirada de barba, amputação de um membro de nosso corpo, mudança de roupa, cirurgia plástica, entre outros aspectos que alteram nossos sentimentos em relação ao nosso próprio corpo e, conseqüentemente, mudam a nossa imagem corporal. Para Melo (1997a), os autores citados sugerem que devemos entender o esquema corporal como o regulador de nossas ações. Essa regulação revela o dinamismo da ação corporal, indicando sua flexibilidade mediante as transformações do corpo e da relação desse corpo com o meio. Se o esquema corporal é flexível, mutável, então, também sua imagem o é, podendo isso ocorrer a cada momento. Ao “encolher ou se expandir, (esquema corporal e sua conseqüente imagem) pode dar suas partes para o seu mundo externo ou se apoderar de parte dele”. As transformações do corpo são configuradas, no plano da percepção, por meio das imagens desse corpo, projetadas pelo indivíduo de diversas formas, sendo a dança um exemplo físico. A dança colabora com a consciência corporal dos alunos, pois o aluno tomará conhecimento não só de suas raízes fisiológicas, mas também da relação sujeito/mundo , supondo que esse saber o acompanhará durante toda sua vida. O discutido acima, pelos autores citados por Melo (1997a, p. 18), veio esclarecer e ajudou a decidir sobre a nomenclatura que eu deveria escolher para empregar em minha pesquisa. Escolhi “esquema corporal” e imagem corporal, por pensar que esses termos são os que melhor se colocam no tema consciência corporal. Com esta escolha, favoreço-me dos conceitos de Schilder, Gruspun, Lê Boulch e Piaget, como os quais, esboço minha concordância no sentido de entendimento do que seja o esquema corporal. Para celebrar esse entendimento uso as palavras de Lê Boulch. O esquema corporal ou imagem corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou de um conhecimento imediato que temos do nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação de suas diferentes partes entre si, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos circundam. Para conciliar melhor este estudo e dar melhor entendimento do que seja a consciência corporal, optei, ainda, pela abordagem fenomenológica, que foi um dos estudos feito por Melo, denominado, por ele, de seu terceiro caminho sobre a noção do corpo. O autor afirma que “a noção do corpo nesta abordagem é entendida a partir de reflexões inerentes à presença do sujeito no mundo e às relações entre ambas estabelecidas” . O corpoobjeto, neste momento ou desta forma, é abandonado, lançando-se olhares para um corpo que é “o centro das percepções e um agente que no mundo se envolve” . Melo alerta que o assunto sobre a gênese da consciência corporal é bastante discutido, principalmente, devido à sua complexidade. É nesse momento que ele aponta o foco desta discussão de autores, dentre os quais destaco Piaget, e Lê Boulch. Piaget afirma que a criança evolui por estágios, começando pelo nascimento, com respostas sensóriomotoras simples, congênitas e culminando na adolescência, num modo de funcionamento maduro, como se segue: sensório motor (de 0 até 2 anos de idade); pré-operatório (até 7 anos de idade); operações concretas (até 11 anos de idade) e de operações formais (até a idade adulta). A esse respeito, Lê Boulch estabelece as etapas, a saber: do corpo submisso (de 0 a 2 anos de idade); do corpo vivido (até 3 anos de idade); do corpo descoberto (até 7 anos de idade) e do corpo representado (até 12 anos de idade). Ele explica que a criança evolui por etapas e que, cada uma dessas etapas relacionadas, vão sendo aprimoradas e ampliadas no que diz respeito à construção de esquemas e que, uma vez integrados, esses esquemas estruturam a consciência corporal da criança. Ainda segundo Mel, Lê Boulch entende que seja de grande importância para o desenvolvimento da criança, as pessoas que a rodeiam, pois o conhecimento do mundo exterior e de seu próprio mundo se desenvolve por meio dessa relação. Pelo exposto, é possível perceber que Piaget e Lê Boulch consideram que a consciência corporal é adquirida, fragmentariamente, a começar pelo ato de mamar. Melo amplia esse entendimento quando reitera o pensamento de Ajuriaguerra: Nesse sentido vivendo inicialmente seus diversos fragmentos como totalidades a criança será mais tarde capaz de descobrir que essas diversas partes correspondem a uma totalidade que é seu corpo. Com a evolução maturativa da percepção e a evolução cognitiva, a criança adquirirá uma consciência do próprio corpo. Portanto, o ato de mamar, andar e falar constitui a estrutura do desenvolvimento da consciência corporal. Quando decidi por este estudo, por meio da dança, foi porque a dança tem a missão de desenvolver o conhecimento do corpo pela sensibilidade, partindo do fato de que a criança sente um enorme prazer em se movimentar. Isto faz com ela investigue o mundo ao seu redor, explore objetos e aprenda sobre o meio ambiente. Quando se movimenta, percebe numerosas direções do espaço em volta de si, envolvendo-se nesta relação com outras pessoas e consigo mesma. Observo a importância da dança para a sensibilidade da criança, a partir de que a dança articula uma relação próxima entre homem e natureza. O tamanho, o ritmo e o movimento de objetos e do ser humano são regidos pelos mesmos fatores físicos, assim como: espaço tempo, peso e fluência. “Ao viver esses fatores, a criança reconhecerá o seu potencial físico-mental e estará mais sensível ao mundo que a envolve”. A dança se propõe a criar na criança uma consciência exigente e ativa em relação ao meio ambiente e à qualidade de vida cotidiana. Nesse âmbito, Viana, registra que “a criança é um ser muito sensível, um ser humano em formação, portanto é um ser que necessita de cuidados e esses cuidados devem ser aplicados, principalmente, na sala de aula, aconselhando o professor a incentivar “a curiosidade, as perguntas, o interesse pelas aulas, responder as dúvidas ter cuidado com o tom de voz, explicar, explicar sempre”. O autor critica aqueles que entendem que, entrar em sala de aula, significa deixar os problemas fora da mesma. Concordo fundamentalmente com ele, pois acredito que seja impossível deixar lá fora as angústias, tensões, visto que fazem parte do corpo, dos gestos, para poder aprender, independente de ser criança ou adulto. Alerta ainda que é preciso desestruturar o corpo, afirmando ser necessário que a pessoa descubra a existência de seu corpo, ou seja, que atualmente a mídia quer que seja de um determinado modelo; deve-se criar o próprio código pessoal, não repetindo para sempre aquele código que lhe foi dado ao nascer.
Referencias:
HOUAISS, A.; Villar, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
MELO, José Pereira. Desenvolvimento da consciência corporal: uma experiência da educação física na idade pré-escolar. São Paulo. Ed. da UNICAMP, 1997 a. 
MELO, José Pereira. Do esquema corporal à corporeidade: as influências dos paradigmas na educação física escolar. In: V ENCONTRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, 1997, Maceió/AL. Coletânea ...Ijuí/RS : Unijuí, 1997b. v. I. p. 528-534.
MARQUES, Isabel. Ensino da dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999a.

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