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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Escola de Direito Disciplina: Políticas Públicas em Direitos Humanos Professora: Ana Paula Sciammarella Acadêmico: Beatriz Silva de Moura Matrícula: 20172361058 HERRERA-FLORES, Joaquín. A (re)invenção dos direitos humanos. Florianópolis: Fundação Boiteux; IDHID, 2009. Joaquín Herrera Flores, em sua obra “A reinvenção dos Direitos Humanos”, coloca uma visão crítica e uma nova forma de olhar para tais direitos. Ele alega que esses direitos são processos institucionais e sociais que possibilitam a abertura e a consolidação de espaços de luta pela dignidade humana de modo que possuem uma natureza emancipatória; o autor critica essa natureza, que afirma ser “híbrida” e “impura”, devido ao seu contexto de criação e suas motivações. Ademais, propõe uma ruptura da visão do “universalismo abstrato” dos Direitos Humanos, pois não são todos que os tem acesso. O autor limita que os direitos humanos são a firmação da luta dos indivíduos para verem suas necessidades e desejos cumpridos. Além disso, afirma que a visão tradicionalista dos Direitos Humanos não deve mais ser aceita, pois o atual contexto é diferente ao qual foi criado. Herrera Flores afirma que os direitos humanos devem ser vistos como “processos institucionais e sociais que possibilitem a abertura e a consolidação de espaços de luta pela dignidade humana”, questionando a universalidade desses direitos, já que é possível visualizar que alguns grupos têm certos privilégios em relação a outros. “A globalização da racionalidade capitalista supõe a generalização de uma ideologia baseada no individualismo, competitividade e exploração.” Os Direitos Humanos buscam uma nova ótica e uma nova racionalidade a qual atenda às necessidades de cada ser humano. O conteúdo que ele traz ao efetuar essa crítica mostra como é simplista é a teoria dos Direitos Humanos. Os Direitos Humanos não estão fundamentados em uma regulamentação jurídica internacional, mas sim na sua finalidade de garantir a todos e a todas condições de vida dignas, mas sem estabelecem um bem a proteger, não falam sobre as condições e como alguém conseguiria lutar e alcançar o exercício pleno de tais direitos. Herrera Flores deixa bem claro que, embora os direitos estejam estabelecidos no papel e sejam de conhecimento geral, é fato que a maior parte da população não consegue exercê-los por falta de condições materiais. E a partir desta analise ele propõe a particularização desses direitos em três níveis: o do “o quê”, o “por quê” e o “para quê”. No primeiro, ele afirma que tais direitos são processos resultados da luta dos seres humanos para ter acesso aos bens materiais e imateriais necessários a vida. Assim, ele estabelece uma visão de que, ao falar sobre o assunto, estamos falando de todo um processo de construção e luta social para atingir metas que estão de fora do próprio direito. Após compreender o primeiro nível, é importante que se pergunte qual a necessidade de luta por tais direitos e porque não podem se resumir ao direito de ter direitos. Se vistos dessa forma, não se sabe quais direitos, quantos direitos, nem como tais direitos podem ser conquistados. O que o autor fala é que o acesso as riquezas não é o mesmo para toda a população, e o indivíduo reconhece que a divisão humana é injusta e desigual, então, os interpretes sociais se veem na conjuntura de ter obrigação de conquistar os bens materiais e imateriais, além do mais, se não houver alguém que lute e defenda esses ideais, não haverá direitos. O terceiro nível fala sobre o motivo das lutas que almejam alcançar os direitos humanos. Tal objetivo nada mais é do que a dignidade humana. A dignidade pressupõe o acesso igualitário, generalizado e não hierarquizado dos bens de forma material e imaterial, deixando de lado a separação humana descabida do mundo atual. Por fim, ele estabelece que o conteúdo básico dos direitos humanos não é o que chamamos de “direitos a ter direitos”, mas é “o conjunto de lutas pela dignidade, cujos resultados, se é que temos o poder necessário para isso, deverão ser garantidos por normas jurídicas, por políticas públicas e por uma economia aberta às exigências da dignidade.” Dessa forma, após o entendimento do texto, fica evidente que há sim uma necessidade em novas interpretações críticas dos Direitos Humanos, pois, a visão atual é muito simplista e ideal, não passa a realidade de fato. É importante reconhecer os atores e atrizes por trás da conquista de direitos e suas motivações, para que, assim, o exercício deles possa ser melhor alcançado.
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