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AMELOBLASTOMA PERIAPICAL MIMETIZANDO LESÃO DE 
NATUREZA ENDODÔNTICA 
PERIAPICAL AMELOBLASTOMA MIMICKING ENDODONTIC LESION 
 
Rivadávio Fernandes Batista de AMORIM1, Roseana de Almeida FREITAS2 
1Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte – UFRN.e-mail: rivadavio@patologiaoral.com.br 
2Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte – UFRN.e-mail: roseana@patologiaoral.com.br 
 
Recebido em 02 de junho de 2003 
Aceito para publicação e revisado em 26 agosto de 2003 
 
Resumo 
Dentre os tumores de origem odontogênica, o ameloblastoma se destaca em função de suas características 
clínicas, radiográficas e histopatológicas. Apesar de sua natureza benigna, possui grande potencial de 
invasão nos tecidos adjacentes e tendência a recidivar. No presente trabalho, relata-se um caso de 
ameloblastoma no paciente G.S.M, 54 anos, raça branca, que apresentou lesão radiolúcida unilocular, bem-
delimitada envolvendo o ápice do dente 44 o qual havia sido submetido a tratamento endodôntico 1 ano 
anteriormente. Sob suspeita clínica de cisto radicular não responsivo ao tratamento endodôntico, realizou-se 
a remoção cirúrgica da lesão e o material foi encaminhado para exame histopatológico que revelou tratar-se 
de ameloblastoma. O presente relato fundamenta a necessidade da análise microscópica de todo e qualquer 
material coletado da cavidade oral, uma vez que, mesmo diante de imagens clínicas e radiográficas 
sugestivas de lesões indolentes, outras condições associadas a comportamentos biológicos mais agressivos, 
como o ameloblastoma, podem assim se manifestar. 
 
Palavras-chave: Tumores odontogênicos, ameloblastoma, diagnóstico 
 
Introdução 
O ameloblastoma representa um tumor de 
epitélio odontogênico dos maxilares que se destaca 
pelo seu curso localmente agressivo a despeito de 
sua natureza benigna, o que o torna alvo de 
numerosas investigações (Medeiros et al. 1997, 
Souza et al. 2001, Queiroz et al. 2002, Wakoh et al. 
2002, Kumamoto H et al. 2003, Vered et al. 2003). 
Corresponde a aproximadamente 1% de todos os 
cistos e tumores odontogênicos dos maxilares com 
maior incidência na região posterior da mandíbula 
(Neville et al. 1998). A histogênese da lesão pode 
dar-se a partir de remanescentes do órgão do 
esmalte, do revestimento epitelial de um cisto 
odontogênico ou das células da camada basal da 
mucosa oral (Santos et al. 2000). São reconhecidos 
três diferentes padrões clinico-radiográficos dos 
ameloblastomas, a saber: sólido convencional ou 
multicístico, unicístico e periférico (Martins et al. 
1999, Santos et al. 2001). Podem exibir diversos 
arranjos histológicos não sendo detectadas 
correlações entre o padrão histológico com o 
comportamento clínico tumoral (Neville et al 1998). 
Em função da grande variedade de modalidades 
terapêuticas e variedade clinico-radiográfica, muita 
controvérsia existe acerca da abordagem terapêutica 
mais apropriada para os ameloblastomas, as quais 
destacam-se a ressecção (marginal ou segmental), 
enucleação, curetagem, marsupialização, crioterapia 
ou a associação de algumas destas. As taxas de 
recidiva variam de acordo com a técnica cirúrgica 
aplicada e o tipo clinico-radiográfico (Curi et al. 
1997, Neville et al. 1998, Nakamura et al. 2002, 
Queiroz et al. 2002). 
Numerosas lesões radiolúcidas dos maxilares 
podem apresentar aspectos radiográficos 
semelhantes ao do ameloblastoma (Hollows et al. 
2000, Rosenstein et al. 2001). A localização de 
uma ameloblastoma na região periapical pode, por 
vezes, gerar uma dificuldade diagnóstica com 
conseqüentes implicações terapêuticas e 
prognósticas. O presente trabalho tem como 
objetivo reportar um caso de ameloblastoma 
mimetizando lesão periapical de modo a orientar o 
clínico em uma correta conduta frente a situações 
como esta. 
 
 v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003 
 
Relato de Caso
Amorim & Freitas. Revista Brasileira de Patologia Oral, v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003 
Ameloblastoma Periapical WWW.PATOLOGIAORAL.COM.BR 
 
37 
Relato do Caso 
Paciente G.S.M., sexo masculino, 54 anos, raça 
branca procurou serviço odontológico para 
atendimento de rotina. Exames radiográficos 
revelaram a presença de imagem radiolúcida na 
região anterior mandibular. Durante a anamnese, o 
mesmo informou ter realizado há cerca de um ano 
uma terapêutica endodôntica do dente 44 a qual não 
promoveu regressão de lesão periapical. Procedeu-
se com a realização de exame clínico intra-oral 
sendo os achados clínicos compatíveis com aspectos 
de normalidade da mucosa oral. Realizou-se exame 
radiográfico panorâmico através do qual 
identificou-se imagem radiolúcida, unilocular, 
circunscrita e bem-delimitada, envolvendo o ápice 
do referido dente, o qual encontrava-se tratado 
endodonticamente, exibindo, ainda, reabsorção 
radicular externa do mesmo (Figuras 1 e 2). Sob 
suspeita clínica de cisto radicular, realizou-se 
remoção cirúrgica da mesma e o material foi 
remetido para exame histopatológico na Disciplina 
de Patologia Oral da UFRN e este revelou tratar-se 
de ameloblastoma (Figuras 3 a 6), sendo 
recomendada, então, a reavaliação e a proservação 
do caso, que até o presente não apresentou recidivas 
após 3 anos de proservação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figuras 1 e 2 -Radiografia panorâmica exibindo 
imagem radiolúcida, circunscrita, bem-
delimitada, envolvendo ápice do 44 que exibe 
reabsorção externa e deslocamento dentário 
 
Figura 3 - Proliferação de células neoplásicas para 
o interior de extensa cavidade cística (HE - 40x) 
Figura 5 - Ninhos neoplásicos com arranjo frouxo 
central e células em paliçada na periferia (HE - 100x) 
 
Figura 4 - Proliferação de células neoplásicas 
delimitando ampla cavidade cística (HE - 40x) 
 
Figura 6 -Detalhe dos epiteliais exibindo 
degeneração cística (HE - 200x) 
Amorim & Freitas. Revista Brasileira de Patologia Oral, v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003 
Ameloblastoma Periapical WWW.PATOLOGIAORAL.COM.BR 
 
38 
Discussão 
Em função de suas características clínicas 
peculiares e diversidade histopatológica o 
ameloblastoma tem sido um dos tumores 
odontogênicos mais estudados encontrado-se 
atualmente uma literatura científica bastante ampla 
com relação aos seus diversos aspectos (Medeiros et 
al. 1997, Souza et al. 2001, Queiroz et al. 2002, 
Wakoh et al. 2002, Kumamoto H et al. 2003, Vered 
et al. 2003). De acordo com Santos et al. (2001) o 
ameloblastoma corresponde à segunda lesão de 
maior ocorrência dentre os tumores de origem 
odontogênica, representando cerca de 30% dos 
casos. 
 O reconhecimento e distinção das diferentes 
formas de apresentação do ameloblastoma são 
fundamentais, pois estão intimamente ligados ao 
tratamento e prognóstico (Neville et al. 1998, 
Queiroz et al. 2002). Assim sendo, 3 tipos são 
estabelecidos: intra-ósseo multicístico ou sólido 
convencional, unicístico intra-ósseo e o tipo 
periférico. No tipo sólido, são reconhecidos 6 
variantes histopatológicas: folicular, plexiforme, 
desmoplásico, acantomatoso, basalóide e de células 
granulares (Neville et al. 1998, Santos et al. 2000). 
Segundo relatos de Neville et al. (1998), os 
ameloblastomas sólidos possuem uma aparência 
radiográfica clássica de multilocularidades descritas 
como “bolhas de sabão” ou “favo demel”. 
Entretanto, algumas lesões sólidas e a maioria dos 
ameloblastomas unicísticos mostram-se como 
lesões radiolúcidas uniloculares bem delimitadas e 
quando presentes na região periapical podem 
enganosamente se assemelharem a patologias de 
origem endodôntica. 
Lesões osteolíticas resultando em uma imagem 
radiográfica radiolúcida na região periapical são 
rotineiramente evidenciadas na prática 
odontológica. Talvez em função desta grande 
freqüência, tais lesões muitas vezes não são 
valorizadas durante o exame radiográfico. 
Entretanto, é valido salientar que não apenas 
tumores odontogênicos, dentre estes o 
ameloblastoma, podem mimetizar simples lesões 
perirradiculares, mas outras patologias também tem 
sido reladas na literatura apresentando-se como 
lesões periapicais, como metástases tumorais, 
tumores intra-ósseos primários tanto benignos 
quanto malignos dentre outras (Seddon et al. 1993, 
Heng & Heng 1995, Hollows et al. 2000, Talacko et 
al. 2000, Abbott 2001, Motamedi 2002). 
Walton (1998) infere que a submissão de 
espécimes oriundos de cirurgias periapicais para 
exame histopatológico possui verdadeiramente 
pouco mais do que interesse acadêmico, mas não 
mostra vantagens para o paciente além dos custos 
adicionais. Este autor ainda coloca outros pontos 
tais como acurada anamnese e pouca qualidade do 
material biopsiado para não justificar a realização 
de exame histopatológico. Discordamos do ponto de 
vista do presente autor, e o presente caso ilustra 
claramente a necessidade de uma maior importância 
na conduta de lesões localizadas na região 
periapical e da necessidade de exame 
histopatológico de todas as lesões provenientes 
desta região uma vez que apenas desta forma um 
preciso diagnóstico poderá ser instaurado. 
 
Abstract 
Ameloblastoma awakes much interest among 
odontogenic tumors due to its clinical, radiological 
and histopathological characteristics. Although its 
benign nature, ameloblastoma is a locally 
destructive tumor with a propensity for recurrence. 
The present paper reports one case of 
ameloblastoma in a male patient GSM, 54 years, 
white race, that presented a well-delimited 
radiolucency involving the apex of the tooth 44 
which had been endodontically treated 1 year 
previously. Under the clinical suspicion of 
radicular cyst, the lesion was excised through 
surgical removal and the material was submitted for 
histopathologic examination that diagnosed 
ameloblastoma. The present case bases the 
necessity of microscopical analysis of any collected 
material from oral cavity since clinical and 
radiological images suggestive of indolent injuries 
can represent other conditions associated to a more 
aggressive biological behavior such as 
ameloblastoma. 
Keywords: Odontogenic tumor, ameloblastoma, 
diagnosis 
 
C o r r e s p o n d ê n c i a p a r a o s a u t o r e s :C o r r e s p o n d ê n c i a p a r a o s a u t o r e s : 
R o s e a n a d e A l m e i d aR o s e a n a d e A l m e i d a F r e i t a s F r e i t a s 
e-mail: roseana@patologiaoral.com.br 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Departamento de Odontologia 
Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral 
Av Senador Salgado Filho 1787 
Cep: 59056-000 
Natal-RN 
Brasil 
 
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Amorim & Freitas. Revista Brasileira de Patologia Oral, v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003 
Ameloblastoma Periapical WWW.PATOLOGIAORAL.COM.BR 
 
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