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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO, DA 
FAMÍLIA E DA ESCOLA 
 
 
 
 
 
 
POR: ZILENI DE ANCHIETA DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
ORIENTADOR 
 PROFESSORA MARIA ESTHER DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2009 
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES 
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO, DA 
FAMÍLIA E DA ESCOLA 
 
 
 
 
Apresentação de monografia à Universidade 
Cândido Mendes como requisito parcial para 
obtenção do grau de especialista em 
Psicopedagogia. 
Por: Zileni de Anchieta do Nascimento 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
Sou grata a Deus por me dar a oportunidade de 
conhecer pessoas tão especiais, pessoas que me 
incentivaram e ajudaram sempre. Talvez, 
agradecê-los seja muito pouco diante do tanto que 
fizeram por mim. Mas fica aqui meu 
agradecimento: à minha mãe Leone (meu tudo, 
minha vida); meus irmãos Geanderson, Zilma, 
Paulo, Val, Penha, Carlos, Joel, Elza, Eglacy, 
Naldo (incluo aqui meus cunhados e cunhadas); 
agradeço também aos meus sobrinhos que estão 
sempre ao meu lado, principalmente, Jani, Jéssica 
e Nícolas (meus grandes amores). 
Como agradecer aos amigos6 NOSSA!!!6sou 
muito agradecida por tê-los. Vai meu obrigada 
enorme para: Vinícius, Cláudio, Sandra, Eliana, 
Marcelo, Dulce, Rose Adriane, Aline e Érica6 
vocês sempre estiveram ao meu lado, me 
ajudaram a percorrer o caminho até aqui6 amo 
vocês!!! Agradeço aos meus professores, grandes 
mestres6 obrigada à Carly Machado, Matha 
Relvas, Maria Esther e Fabiane Muniz, aprendi 
muito com vocês. 
4 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedico este projeto à minha fonte de 
 inspiração e eterno Salvador: DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
Este trabalho foi realizado visando esclarecer as fases do 
desenvolvimento infantil e a importância do imaginário, da família e da escola 
nesse processo. Diante do quadro que se estende à vista de todos, percebe-se 
que pais e educadores precisam estar cientes dos processos de 
desenvolvimento de suas crianças e com isso ajudá-las a desenvolver suas 
habilidades e capacidades intelectuais, morais e físicas. Para que isso se dê de 
forma equilibrada - em todas as fases do desenvolvimento - é preciso que 
todos que rodeiam as crianças estejam prontos para propiciar-lhes um 
ambiente favorável, dando-lhes a oportunidade de construir-se como indivíduo 
de uma sociedade. Nesse processo, é muito importante levar a criança a 
conhecer o ambiente dos contos de fadas, pois é aqui que ela aprenderá de 
maneira mais simples a lidar com problemas complexos e a buscar respostas 
para questões diversas. Sendo assim, este trabalho buscou mostrar a 
importância da construção do imaginário e o quanto isso interfere na vida de 
cada pessoa, para tanto é preciso deixar a criança experimentar, conhecer e 
explorar o mundo à sua volta. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
METODOLOGIA 
 
 Para a realização desta monografia foi muito útil o empréstimo de livros 
da biblioteca da Universidade Cândido Mendes, sem os quais não seria 
possível obter as informações necessárias para tal trabalho; e ainda, as 
orientações da professora Maria Esther de Araújo, que esteve sempre pronta 
para esclarecer dúvidas e ajudar nesse duro processo de pesquisa. 
 
 Assim, foram utilizadas as referências bibliográficas de autores 
conceituados e consagrados no assunto, tais como: Bruno Bettelheim, Ellen G. 
White, Yves de La Taille, Clara Regina Rappaport, Vygotsky, etc. As 
informações foram complementadas com pesquisas feitas em sites, como: 
 
Ÿ http://www.centrorefeducacional.com.br/wallon.htm, 
Ÿ http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Paul_Hyacinthe_Wallon, 
Ÿ http://www.webartigos.com/artides/8668/1/a-teoria-do-desenvolvimento-
psicossocial-de-erik-erikson/pagina1.html 
 
Além do já mencionado, foi usado para esse trabalho anotações das 
aulas de Psicologia do desenvolvimento (Fabiane Muniz) e Prática dos jogos 
(Dirce Morrissy), visto que as professoras mencionadas têm um vasto 
conhecimento no assunto e indicaram vários autores que escreveram sobre 
desenvolvimento infantil, só para citar alguns: Lacombe, La Taille, Rappaport, 
Vygotsky. 
 
 Vale ressaltar, que nesse processo de pesquisa foram lidas algumas 
monografias e artigos que tratavam do assunto escolhido, trazendo assim, 
muitos esclarecimentos da forma como escrever sobre um assunto tão 
relevante para pais e pessoas ligadas à educação, como professores, 
psicopedagogos, etc. 
7 
 
 Por fim, o livro de Marco Antônio Larosa e Fernanda arduini Ayres, 
Como produzir uma monografia, ajudou muito nesse processo de realizes 
deste trabalho. 
8 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 
1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL ................................................................. 11 
1.1 FREUD ................................................................................................... 11 
1.1.1 Fase Oral.......................................................................................... 13 
1.1.2 Fase Anal ......................................................................................... 15 
1.1.3 Fase Fálica ....................................................................................... 15 
1.1.4 Fase de Latência .............................................................................. 16 
1.1.5 Fase genital ...................................................................................... 17 
1.3 HENRI WALLON ..................................................................................... 17 
1.3.1 Estágio Impulsivo-Emocional ........................................................... 20 
1.3.1 Estágio Sensório-Motor e Projetivo .................................................. 20 
1.3.3 Estágio do Personalismo .................................................................. 21 
1.3.4 Estágio Categorial ............................................................................ 21 
1.3.5 Estágio da adolescência .................................................................. 22 
1.4 ERIK ERIKSON ...................................................................................... 22 
1.4.1 Confiança X desconfiança ................................................................ 24 
1.4.2 Autonomia X vergonha e dúvida ...................................................... 24 
1.4.3 Iniciativa X culpa .............................................................................. 25 
1.4.4 Diligência X Inferioridade ................................................................. 25 
1.4.5 Identidade X Confusão de Identidade .............................................. 26 
1.4.6 Intimidade X Isolamento ................................................................... 26 
1.4.7 Generatividade X Estagnação .......................................................... 27 
1.4.8 Integridade X Desespero .................................................................. 27 
1.5 VYGOTSKY ............................................................................................ 28 
1.5.1 Estágios do Desenvolvimento .......................................................... 29 
1.5.2 Zona de Desenvolvimento Proximal .................................................30 
1.5.3 Pensamento e Linguagem ............................................................... 31 
1.5.4 Síntese ............................................................................................. 31 
1.5.5 Mediação .......................................................................................... 31 
2 O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 34 
2.1 A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS ................................................ 34 
2.2 A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
 ...................................................................................................................... 35 
2.3 A ESCOLA E A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS .................................. 36 
2.4 “A LUTA PELO SIGNIFICADO” .............................................................. 39 
3. A FAMÍLIA E A ESCOLA NO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO 
INFANTIL ......................................................................................................... 41 
3.1 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ................ 42 
3.2 O PAPEL DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............... 44 
3.2.1 Interação Social ................................................................................ 46 
3.2.2 O objetivo da Educação ................................................................... 48 
CONCLUSÃO ................................................................................................... 50 
LIVROS ......................................................................................................... 51 
SITES ........................................................................................................... 52 
FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 53 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho pretende fazer um estudo a respeito da 
importância do imaginário nos estágios do desenvolvimento infantil e qual 
a relação entre o imaginário, a formação da mente e o processo de 
aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo explorar o fator construção do 
imaginário infantil com o propósito de contribuir para a atuação dos 
profissionais da educação tanto em sala de aula quanto na escola, verificando 
como os contos de fadas influenciam essa construção e, como a 
Psicopedagogia pode fazer uso disso para atuar na escola. Para teóricos como 
Freud, Vygotsky, Piaget, Wallon e Erikson a criança passa por estágios de 
desenvolvimento. Nesses estágios é muito importante que a criança seja 
estimulada de maneira a desenvolver suas potencialidades como indivíduo de 
uma sociedade. 
 
Tem-se visto muitas crianças e adolescentes se enveredando para o 
mundo do crime e, embora, muitos fatores contribuam para isso, devemos levar 
em conta o processo de construção do imaginário infantil e o seu 
desenvolvimento. Sabendo que o imaginário, sabiamente construído, tem uma 
grande influência sobre o processo de aprendizagem da criança, capacitando-a 
a resolver problemas de âmbitos diversos e que o seu desenvolvimento 
depende do meio em que se encontra e das possibilidades dadas a ela para 
experimentar, conhecer e explorar o mundo à sua volta. 
 
Espera-se que este trabalho traga contribuições ampliando a 
percepção de que dedicar tempo às crianças lhes dá oportunidade de 
desenvolvimento, oferecendo às crianças, na fase inicial de seu 
desenvolvimento, estímulos que despertarão suas habilidades e 
potencialidades. Para tanto, faz-se necessário entrar em contato com 
instrumentos que lhes despertará a curiosidade, que lhes levará a experimentar 
10 
 
o "mundo mágico" dos contos de fadas e, enquanto a mente se desenvolve, 
elas aprendem, por um lado, a resolver seus problemas, e por outro, a criar 
maneiras de escapar de situações adversas. 
11 
 
1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Segundo Rappaport, Fiori e Davis (1981), a preocupação com o estudo 
da criança é bastante recente na história da humanidade. Até a época próxima 
ao século XX, as crianças eram tratadas como pequenos adultos. Recebiam 
cuidados especiais apenas em tenra idade. Já aos três/quatro anos 
participavam de atividades predominantemente adultas. Isso despertou a 
consciência de alguns estudiosos, que passaram a refletir acerca do assunto e 
no século XIX e início do século XX, observa-se uma preocupação mais ampla 
e sistemática com o estudo da criança e com a necessidade de uma educação 
formal para esta. Do ponto de vista social, o estudo encontrou grande 
dificuldade para afirmar-se como uma área séria, científica e útil. 
 
Entretanto, grandes teóricos passaram a estudar os estágios do 
desenvolvimento humano, sob aspectos diversos, dando respaldo ao que antes 
era ignorado. Neste capítulo, trataremos sobre estes estudiosos e suas 
contribuições para a área da educação. 
 
 
1.1 FREUD 
 
Freud nasceu em Freiberg, Moravia, em 1856. Ingressou na 
Universidade de Viena em 1873, aos dezessete anos, tendo sido aprovado em 
seus exames médicos finais em 1881. Sua permanência na universidade foi 
prolongada pela curiosidade científica que o levava a acompanhar os cursos de 
grandes cientistas e pensadores. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud) 
Freud dedicou-se a estudar o ser humano sob o aspecto psicanalítico, 
dando ênfase ao inconsciente. Essa idéia despertou oposição tanto dentro dos 
12 
 
círculos médicos, quanto dos leigos. O próprio Freud reconheceu ser difícil 
para o ser humano aceitar, naturalmente, a idéia de que somos dominados por 
processos que desconhecemos, e a descoberta do inconsciente, que tira do 
homem o domínio sobre sua própria vontade, causou um mal-estar em 
médicos e leigos. 
 
Embora pudessem explicar a dimensão do conflito interno, a definição 
do consciente e inconsciente não respondia a algumas questões, então estes 
conceitos dão lugar a três construtos psicanalíticos que constituem a 
estruturação da personalidade: Id, Ego e Superego. 
 
O Id é o reservatório de energia do individuo. É constituído pelo 
conjunto dos impulsos instintivos inatos, que motivam as relações do 
individuo com o mundo. O organismo, desde o momento do 
nascimento, é uma fonte de energia que se mobiliza em direção ao 
mundo, buscando a satisfação do que necessita para seu 
desenvolvimento. (RAPPAPORT, FIORI E DAVIS, 1981, p. 20/21) 
 
O Ego surge como uma instância que se diferencia a partir do Id, serve 
de intermediário entre o desejo e a realidade. 
 
Para Freud, o ego se estrutura como uma nova etapa de adaptação 
evolutiva do sujeito. Isto o leva a afirmar que o Ego é acima de tudo 
corporal, ou seja, biológico. (1981, p. 25) 
 
O terceiro construto é o Superego, 
 
[...] responsável pela estruturação interna dos valores morais, ou seja, 
pela internalização das normas referentes ao que é moralmente 
proibido e o que é valorizado e deve ser ativamente buscado. (1081, p. 
28) 
 
13 
 
Freud estuda, também, os mecanismos de defesas do indivíduo, 
processo psíquico cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de 
angústia. Os mecanismos de defesa são funções do Ego, portanto 
inconscientes. Em seu estudo, Freud, fala ainda da sexualidade e libido. 
 
A libido é a energia afetiva original que sofrerá progressivas 
organizações durante o desenvolvimento, cada uma das quais 
suportadas por uma organização biológica emergente no período. 
Cada nova organização da libido, apoiada numa zona erógena 
corporal, caracteriza uma fase de desenvolvimento. (1981, p. 33) 
 
A libido é uma energia voltada para obtenção de prazer. E neste 
sentido é definida como uma energia sexual e caracteriza cada fase do 
desenvolvimento infantil como uma etapa psicossexual.Para a compreensão 
desse processo, passemos a tratar das fases de desenvolvimento propostos 
por Freud. 
 
 
1.1.1 Fase Oral 
 
Ao nascer, o bebê perde a ligação simbiótica que tinha com a mãe 
quando no útero. Com o corte do cordão umbilical, a separação é inevitável e 
irreversível, e a criança inicia sua adaptação ao meio. O bebê começa a lutar 
pela vida. A luta entre os instintos de vida e morte já é um combate neste 
momento. “É preciso reagir, imaginar, introjetar o mundo externo. Ou se recebe 
o externo, ou se deixa de viver.” (1981, p. 36) 
 
Sendo assim, a estrutura sensorial mais desenvolvida é a boca. É pela 
boca que o bebê começará a provar e a conhecer o mundo, é pela boca que 
descobrirá a ligação afetiva que terá com a mãe, através do seio. 
14 
 
“Neste momento a libido esta organizada em torno da zona oral.” 
(1981, p. 36) e a modalidade de relação oral será a incorporação. Na fase 
inicial da vida a criança precisa de um elemento concreto. Então, incorpora o 
leite e o seio, e sente a mãe em si. “Tudo que a criança pega é levado à boca: 
é comendo que ela conhece o mundo e que as identificações podem ser 
estabelecidas.” (1981, p. 36) A incorporação lança os fundamentos da 
identificação, é a etapa concreta da introjeção e a organização primitiva da 
identificação. 
 
Freud descreve, ainda, uma sexualidade oral infantil. Ele percebe que, 
além da necessidade física da alimentação, a criança sente prazer no ato de 
mamar, pois o movimento de sucção continua mesmo depois de satisfeita. “O 
prazer oral é um modalidade que se estabelece anacliticamente ao prazer 
alimentar, mas que dele se separa.” (1981, p. 37) 
 
Rappaport, citando K. Abrahan, diz que ele propõe duas etapas do 
desenvolvimento da libido na fase oral. A primeira etapa vem antes da dentição 
e é chamada de etapa oral de sucção, quando a modalidade de relação é 
incorporativa. A segunda etapa surge com a eclosão dos dentes, é denominada 
etapa oral sádico-canibal, pela primeira vez a criança é posta em uma posição 
de controle. 
 
De um lado, ama, e amar significa a incorporação oral. De outro, o 
mastigar e comer atualiza fantasias destrutivas. Se o desenvolvimento 
afetivo for normal, o amor será estabelecido como sentimento básico. 
Se o desenvolvimento for dominado por angústias, a agressividade 
(ódio) será predominante, restando o sentimento de que tudo que é 
amado e incorporado é inevitavelmente destruído. (1981, p. 38) 
 
 
 
15 
 
1.1.2 Fase Anal 
 
No segundo ano de vida, a libido passa da organização oral para a anal, 
neste período (entre o segundo e terceiro ano de vida) dá-se a maturação do 
controle muscular na criança, isto é, dá-se a organização psicomotora de base. 
Neste período inicia-se o andar, o falar e em se estabelece o controle de 
esfíncteres. 
 
Este período é denominado fase anal, porque a libido passa a 
organizar-se sobre a zona erógena anal. A fantasia básica será ligada 
aos primeiros produtos, notadamente ao valor simbólico das fezes. 
Duas modalidades de relação serão estabelecidas: a projeção e o 
controle. (1981, p. 39) 
 
Segundo Rappaport, Abrahan e Freud subdividem a fase anal em duas 
etapas. 
 
 A primeira é biologicamente caracterizada pelo domínio dos processos 
expulsivos, sobre os quais se assentará o mecanismo psicológico da 
projeção. A segunda etapa é retentiva, o que propiciará a base para os 
mecanismos psicológicos ligados ao controle. (1981, p. 40) 
 
 
1.1.3 Fase Fálica 
 
 Por volta dos três anos de idade, a libido inicia uma nova organização. A 
zona erógena passa para os genitais, 
 
 
 
16 
 
[...] desenvolve-se o interesse infantil por eles, a masturbação torna-se 
freqüente e normal e a preocupação com as diferenças sexuais entre 
meninos e meninas passam a contaminar até a percepção dos 
objetos... Esta discriminação sexual não caracteriza a existência de 
dois genitais, o masculino e o feminino, mas apenas a presença ou 
ausência de pênis. A vagina é e continuará sendo desconhecida ainda 
por muito tempo. Os homens, e o gênero masculino, são definidos pela 
presença do órgão fálico, ao passo que as mulheres identificam-se pela 
sua ausência. (1981, p. 41) 
 
 Nas duas primeiras fases, oral e anal, vê-se que cada uma delas tem 
uma erotização corporal, uma fantasia particular e uma modalidade de relação 
de objeto. Na fase fálica, a libido erotiza os genitais. A fantasia é fálica e a 
tarefa básica deste momento consiste em organizar os modelos de relação 
entre o homem e a mulher. É importante ressaltar que tudo isso se refere à 
organização da fantasia infantil. Portanto, nada tem a ver com a reação de 
pessoas adultas em relação às fantasias. A criança precisa vivenciar essas 
fantasias para se desenvolver de forma plena. 
 
 
1.1.4 Fase de Latência 
 
 Neste período há uma repressão da energia sexual. Mas ela não pode 
simplesmente ser eliminada ou reprimida, é preciso que ela seja canalizada 
para outras finalidades, assim essa energia é canalizada para o 
desenvolvimento intelectual e social da criança. Este processo é chamado de 
realizações socialmente produtivas de sublimação. 
 
O período de latência caracteriza-se pela canalização das energias 
sexuais para o desenvolvimento social, através das sublimações. O 
período de latência não é, portanto, uma fase... É um período 
intermediário entre a genitalidade infantil (fase fálica) e a adulta (fase 
genital). (1981, p. 45) 
17 
 
1.1.5 Fase genital 
 
 Para Freud, alcançar a fase genital constitui atingir o pleno 
desenvolvimento do adulto normal, 
 
As adaptações biológicas e psicológicas foram realizadas. Aprendeu a 
amar e a competir. Discriminou seu papel sexual. Desenvolveu-se 
intelectual e socialmente... É capaz de amar num sentido genital amplo. 
(1981, p. 45) 
 
 Nessa fase a perpetuação da vida é uma finalidade. Os filhos serão 
fontes de prazer. O indivíduo será capaz de trabalhar e produzir, sendo que 
produzir é a sublimação do gerar. 
 
 
1.3 HENRI WALLON 
 
Wallon nasceu em Paris, no dia 15 de junho de 1789. Tornou-se 
conhecido por seu trabalho científico sobre Psicologia do Desenvolvimento, 
voltado principalmente à infância, em que assume uma postura interacionista. 
Em 1989, Wallon é admitido na Escola Normal Superior. Aos 23 anos formou-
se em Filosofia e, logo após, formou-se em Medicina. De 1908 a 1931 
trabalhou com crianças portadoras de deficiência mental. 
 
A obra de Henri Wallon é perpassada pela idéia de que o processo de 
aprendizagem é dialético: não é adequado postular verdades 
absolutas, mas, sim, revitalizar direções e possibilidades. 
Uma das consequências desta postura é a crítica às concepções 
reducionistas: Wallon propõe o estudo da pessoa completa, tanto em 
relação ao seu caráter cognitiva quanto ao caráter afetivo e motor. 
Para Wallon, a cognição é importante, mas não mais importante que a 
afetividade e motricidade. 
 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Paul_Hyacinthe_Wallon 24.06.09) 
18 
 
Para Wallon o fator orgânico é a primeira condição para o 
desenvolvimento do pensamento, mas ressalta a importância da influência do 
meio. O indivíduo, para ele, seria o resultado de influências sociais e 
fisiológicas, portanto o estudo do psiquismo deve considerar os dois aspectos 
do desenvolvimento humano. Por outro lado, Wallon considera que as 
potencialidades psicológicas dependem especialmente da interação sócio-
cultural. 
 
Portanto, a psicogenética de Wallon está dividida em duas partes. A 
primeira descreve as primeiras etapas do desenvolvimento psicomotor; e a 
segunda tem o indivíduo como um ser organicamente social,isto é, “sua 
estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar.” (DANTAS, 
1992, p.36) Assim a teoria do desenvolvimento, na concepção de Wallon, é 
centrada na psicogênese da pessoa como um todo e não em apenas um 
aspecto do desenvolvimento humano. Então, “o desenvolvimento do sistema 
nervoso não seria suficiente para o pleno desenvolvimento das habilidades 
cognitivas.” (24/06/09) 
 
Para Wallon, a cognição está alicerçada em quatro categorias de 
atividades cognitivas específicas, às quais se dá o nome de ‘campos 
funcionais’. Os campos funcionais seriam o movimento, a afetividade, 
a inteligência e a pessoa. (24/06/09) 
 
O movimento é um dos primeiros campos funcionais que se 
desenvolve e serve de base para os demais. Enquanto atividades cognitivas, 
os movimentos estão divididos em: movimentos instrumentais (ações 
executadas para alcançar um objetivo imediato) e movimentos expressivos 
(tem uma função comunicativa e está associado a outros indivíduos). 
Wallon acredita que o movimento tem grande importância na atividade 
de estruturação do pensamento no período que antecede a aquisição da 
linguagem. 
 
19 
 
A afetividade, por sua vez, seria a primeira forma de interação com o 
meio ambiente e a motivação primeira do movimento. À medida que o 
movimento proporciona experiências à criança, ela vai respondendo 
através de emoções, diferenciando-se, para si mesma, do ambiente. A 
afetividade é o elemento mediador das relações sociais primordial, 
portanto, dado que separa a criança do ambiente. (24/06/09) 
 
As emoções são a base do desenvolvimento da inteligência, sendo 
este o terceiro campo funcional descrito por Wallon. 
 
Em sua obra, a inteligência tem um significado específico, estando 
relacionada a duas atividades cognitivas: o raciocínio simbólico e a linguagem. 
À medida que a criança aprende a pensar nas coisas que estão fora do seu 
campo de visão, o raciocínio simbólico e o poder de abstração se 
desenvolvem. Ao mesmo tempo, e relacionados, as habilidades linguísticas 
surgem no indivíduo, potencializando sua capacidade de abstração. 
 
Wallon dá o nome de pessoa ao quarto campo funcional. Este campo 
coordena os demais e é responsável pelo desenvolvimento da consciência e da 
identidade do eu. 
 
As relações entre estes três campos funcionais não são harmônicos, 
de modo que constantemente surgem conflitos entre eles. A pessoa, 
como campo funcional, cumpre um papel integrador importante, mas 
não absoluto. A cognição desenvolve-se de maneira dialética, em um 
constante processo de tese, antítese e síntese entre os campos 
funcionais. (24/06/09) 
 
Ainda em seu estudo, 
 
Henri Wallon reconstruiu o sue modelo de análise ao pensar no 
desenvolvimento humano, estudando-o a partir do desenvolvimento 
psíquico da criança. Assim, o desenvolvimento da criança aparece 
descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da 
maturação e das condições ambientais, provocando alterações 
qualitativas no seu comportamento em geral [6] Nesse sentido, a 
passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, 
20 
 
por ampliação, mas por reformulação, instalando-se no momento da 
passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da 
criança. (http://www.centrorefeducacional.com.br/wallon.htm 13/05/09) 
 
Sendo assim, são cinco os estágios de desenvolvimento segundo 
Wallon e sucede-se em fases afetivas e cognitivas. 
 
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de 
atividades e de interesse da criança [6] onde cada fase predominante, 
incorpora as conquistas realizadas pela outra fase construindo-se 
reciprocamente, num permanente processo de integração e 
diferenciação. (13/05/09) 
 
 
1.3.1 Estágio Impulsivo-Emocional 
 
Do nascimento até próximo ao primeiro ano de vida, a criança passa 
por uma fase denominada estágio impulsivo-emocional. Nesse estágio 
predomina a afeição, e a emoção é o principal instrumento de interação com o 
meio. 
 
Trata-se nitidamente de uma fase de construção do sujeito, onde o 
trabalho cognitivo está latente e ainda indiferenciado da atividade 
afetiva [6] Ele consiste essencialmente na preparação das condições 
sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão ao longo do 
segundo ano de vida, a exploração intensa e sistemática do ambiente. 
(DANTAS, 1992, p.40) 
 
 
1.3.1 Estágio Sensório-Motor e Projetivo 
 
De um ano até aos três anos de idade, a criança passa pelo estágio 
sensório-motor e projetivo. Nessa fase há uma predominância da inteligência e 
o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos. A inteligência, nesse 
21 
 
período, é dividida entre inteligência prática (a interação do objeto com o 
próprio corpo) e a inteligência discursiva (apropriação da linguagem e 
imitação). 
 
Este sim será o momento em que a inteligência poderá dedicar-se à 
construção da realidade, tendo obtido certa diferenciação, tornar-se-á 
aquilo que Wallon chamou de inteligência prática ou das situações, e 
cuja extrema visibilidade a tornou tão bem conhecida com o nome de 
sensório-motora. 
Quase simultaneamente, a função simbólica, alimentada pelo meio 
humano, vem despontando: no final do segundo ano a fala e as 
condutas representativas são inegáveis, confirmando uma nova forma 
de relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro 
perceptivo imediato. Esta função é frágil no início, apóia ainda muito 
tempo nos gestos que a transportam, ‘projeta-se’ em atos: por isso 
Wallon a chama projetiva. (DANTAS, p.42, 1992) 
 
 
1.3.3 Estágio do Personalismo 
 
Nesse estágio, que se estende dos três anos aos seis/sete anos de idade, há 
uma predominância afetiva sobre o indivíduo. Este é um período importante 
para a formação da personalidade da criança e da sua autoconsciência. 
 
Uma consequência do caráter auto-afirmativo deste estágio é a crise 
negativista: a criança opõe-se ao adulto. Por outro lado, também se 
verifica uma fase de imitação motora e social. 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Paul_Hyacinthe_Wallon 24.06.09) 
 
1.3.4 Estágio Categorial 
 
Neste estágio, entre os sete e onze anos de idade, a criança começa a 
desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias. 
 
É aqui que se formam as categorias mentais 
22 
 
 
Conceitos abstratos que abarcam vários conceitos concretos sem se 
prender a nenhum deles. [6] 
No estágio categorial, o poder de abstração da mente da criança é 
consideravelmente amplificado. Provavelmente por isto mesmo, é 
nesse estágio que o raciocínio simbólico se consolida como ferramenta 
cognitiva. (24/06/09) 
 
 
1.3.5 Estágio da adolescência 
 
A partir dos onze/doze anos, a criança começa a passar por mudanças 
físicas e psicológicas, próprias da adolescência. Este é um estágio com 
características afetivas, onde a criança passa por conflitos internos e externos. 
Os grandes marcos desse período é a busca pela auto-afirmação e o 
desenvolvimento da sexualidade. 
 
Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência. 
Em verdade, para Wallon o processo de aprendizagem sempre implica 
na passagem por um novo estágio. O indivíduo, ante algo em relação 
ao qual tem imperícia, sofre manifestações afetivas que levarão a um 
processo de adaptação. O resultado será a aquisição de perícia pelo 
individual. O processo dialético de desenvolvimento jamais se encerra. 
(24/06/09) 
 
 
1.4 ERIK ERIKSON 
 
Erik Homburguer Erikson nasceu em Frankfurt, no dia 15 de junho de 
1902 e faleceu em Harwich em 12 de maio de 1994. Foi psiquiatra e um dos 
teóricos da Psicologia do Desenvolvimento. 
 
23 
 
Em 1933 naturalizou-se americano e passouparte da sua vida morando 
na reserva dos índios Sioux, as suas experiências pessoais em antropologia 
deram-lhe uma perspectiva social marcante. As investigações com os índios 
confrontaram-no com o sentimento de desenraizamento e de ruptura que estes 
experienciavam entre a história do seu povo e a cultura americana. Em 1936 
começou a estudar a influência de fatores culturais no desenvolvimento 
psicológico. 
 
A Teoria do desenvolvimento Psicossocial foi desenvolvida por Erikson. 
 
Ele é considerado o primeiro psicanalista infantil americano. Tornou-se 
psicanalista após trabalhar com Anna Freud, porém, em seus estudos, 
não focou no Id e nas motivações conscientes como os demais 
psicanalistas, mas nas crises do ego no problema da identidade. 
(http://www.webartigos.com/artides/8668/1/a-teoria-do-
desenvolvimento-psicossocial-de-erik-erikson/pagina1.html 
26/06/2009) 
 
A teoria de Erikson é dividida em oito fases, com algumas 
características peculiares, tais como: o foco está no ego; outras etapas do ciclo 
vital são estudadas (além da infância, a adolescência, idade adulta e velhice 
são valorizadas); a crise do ego, que pode ser positivo ou negativo, perpassa 
as oito fases; de um desfecho positivo surge um ego mais forte e estável, 
enquanto o desfecho negativo gera um ego mais fragilizado; após cada crise 
do ego há uma reformulação e reestruturação da personalidade. 
Sendo assim, os estágios são chamados de Estágios Psicossociais e 
correspondem às oito crises do ego que servem para fortificá-lo ou fragilizá-lo, 
dependendo do desfecho. As crises dão nome aos estágios psicossociais 
descritos abaixo. 
 
 
24 
 
1.4.1 Confiança X desconfiança 
 
 Esta fase é análoga à fase oral da Teoria de Freud. Nela o bebê 
mantém seu primeiro contato social - com seus provedores - que, 
geralmente é a mãe. Para ele, a mãe é um ser supremo, mágico, 
aquele que fornece tudo o que ele necessita para estar bem. 
Quando a mãe falta, o bebê experimenta o sentimento de esperança. 
Ele começa a esperar que sua mãe volte e, quando isso ocorre com 
freqüência, há o desfecho positivo e a confiança básica é 
desenvolvida. Do contrário, se a mãe não retorna ou demora a fazê-lo, 
o bebê perde a esperança, há o desfecho negativo e o que se 
desenvolve é a desconfiança básica. 
É necessário, portanto, que os provedores tratem a criança com muita 
atenção, carinho e paciência para que a confiança, a segurança e o 
otimismo se consolidem. Sem esses sentimentos, a criança crescerá 
insegura e desconfiada. [6] (26/06/2009) 
 
1.4.2 Autonomia X vergonha e dúvida 
 
Com o controle de seus músculos a criança inicia a atividade 
exploratória do seu meio. É neste momento que os pais surgem para 
ajudar a limitar essa explores. Há coisas que a criança não deve fazer. 
Então os pais se utilizam de meios para ensinar a criança a respeitar 
certas regras sociais. Esta crise culminará na estruturação da 
autonomia e pode ser comparada à fase anal freudiana. 
Os pais fazem uso da vergonha e do encorajamento para dar o nível 
certo à autonomia à criança enquanto aprendem as regras sociais [6] 
se a criança é exposta à vergonha constante ela pode reagir com o 
descaramento e a dissimulação e tornar-se um adulto com o 
sentimento frequente de vergonha e dúvida sobre suas potencialidades 
e capacidades. (26/06/2009) 
 
Nesta fase se desenvolve a vontade. À medida que as capacidades da 
criança se desenvolvem, ela tende a ter vontade de conhecer e explorar o 
mundo à sua volta. Porém, como ela começa a assimilação de regras sociais, é 
preciso ter cuidado para que a vontade não seja substituída pelo controle. Os 
pais devem dar à criança o grau certo de autonomia, se é exigida demais (ela 
não dará conta), sua auto-estima vai baixar; se é pouco exigida, a criança tem 
a sensação de abandono e de dúvida sobre suas capacidades. 
 
 
25 
 
1.4.3 Iniciativa X culpa 
 
Essa fase é comparada à fase fálica freudiana, neste período é 
somada à confiança e à autonomia, adquiridas nas fases anteriores, a 
iniciativa. Esta se manifesta quando a criança deseja alcançar uma 
meta e, planejando sua ação, utiliza-se de suas habilidades motoras e 
intelectuais para alcançá-la. A iniciativa surge para atingir metas que, 
muitas vezes, tornam-se fixação. É nesse período que as crianças 
ampliam seus contatos, fazem mais amigos, aprendem a ler e escrever 
(fruto da energia proveniente da iniciativa). (26/06/2009) 
 
 Durante essa Terceira crise do ego, a criança pode desenvolver o senso 
de responsabilidade. Ela sente a necessidade de realizar tarefas e cumprir 
papéis. Sendo assim, os pais devem dar oportunidades aos filhos para 
realizarem tarefas condizentes com seu nível motor e intelectual. 
 
 
1.4.4 Diligência X Inferioridade 
 
Quando a criança se torna confiante, autônoma e desenvolve a 
iniciativa para objetos imediatos, passa à nova fase do 
desenvolvimento psicossocial - aquela que na Teoria Freudiana (fase 
de latência) teve menos destaque - onde a criança aprende mais sobre 
normas sociais e o que os adultos valorizam. 
Aqui, tarefas realizadas de maneira satisfatória remetem à ideia de 
perseverança, recompensa em longo prazo e competência no trabalho. 
O ego está sensível, uma vez que se falhas ocorrerem ou se o grau de 
exigência for alto, ele volta a níveis anteriores de desenvolvimento, 
implantando o sentimento de inferioridade na criança. (26/06/2009) 
 Nessa etapa surge o interesse pelas profissões, por isso pais e 
professores devem estimular a representação social da criança para valorizar e 
enriquecer sua personalidade, além de facilitar suas relações sociais. 
 
 
26 
 
1.4.5 Identidade X Confusão de Identidade 
 
 É na adolescência que surge a confusão de identidade. 
 
Questões como: O que sou? O que serei? Sou igual aos meus pais? 
São levantadas e, somente quando forem respondidas, terá sido 
superada esta crise do ego. 
O adolescente se influencia facilmente pelas opiniões alheias, isso faz 
com que ele assuma posições variadas em intervalos de tempo muito 
curtos. Este estágio pode fazer o ego regredir como forma de fuga ao 
enfrentamento desta crise. (26/06/2009) 
 
 Se as crises anteriores forem bem vividas, se torna mais fácil a 
superação da crise de identidade. 
 
 
1.4.6 Intimidade X Isolamento 
 
Nesse estágio, a identidade está estabilizada, o ego fortalecido e o 
individuo aprenderá a conviver com o outro ego. As uniões surgem nessa fase. 
Mas se as crises anteriores não tiverem desfechos positivos, o individual tende 
ao isolamento como forma de preservar seu ego frágil. 
 
 
O isolamento pode ocorrer por períodos curtos ou longos. No caso de 
um período curto, não podemos considerar negativo, já que o ego 
precisa desses momentos para evoluir. Mas quando o isolamento é 
longo e duradouro o desfecho dessa crise está sendo negativo [6] 
Erikson definiu o elitismo também como desfecho negativo desta fase. 
O elitismo consiste numa espécie de narcisismo comunal, ou seja, a 
formação de grupos fechados de pessoas com egos semelhantes, 
caracterizando a incapacidade de conviver com outros egos e, 
portanto, não superando esta crise. (26/06/2009) 
 
27 
 
 
1.4.7 Generatividade X Estagnação 
 
Caracteriza-se pela necessidade que o indivíduo tem de gerar. Gerar 
qualquer coisa que o faça sentir produtor e mantenedor de algo. Pode 
ser filhos, negócios, pesquisas, etc. o sentimento oposto é o da 
estagnação. 
Quando a pessoa olha para sua vida e vê tudo o que produziu, sente a 
necessidade de ensinar tudo o que sabe e tudo o que viveu, o 
desfecho é positivo. Por outro lado, o não-compartilhamento de suas 
“gerações” com os outros gera o que Erikson chamou de estagnação,o que pode ser considerado um desfecho negativo. (26/06/2009) 
 
 Aqui, percebe-se a necessidade que o indivíduo tem de mostrar-se útil 
para si mesmo e para o mundo. Para tanto, ele precisa “gerar”, pois isso 
mostrará sua potencialidade como ser humano. 
 
 
1.4.8 Integridade X Desespero 
 
Esta é a fase final do ciclo psicossocial, e pode ser chamada de 
culminância ou avaliação. Há, então, duas possibilidades: desfecho positivo (o 
indivíduo procura estruturar seu tempo e se utilizar de suas experiências para 
viver bem); ou desfecho negativo (estagnação diante da fase final da vida). Ou 
seja, ao chegar à fase final da vida, o ser humano tem diante de si uma 
escolha: viver bem a experiência adquirida até ali, ou se desesperar diante da 
condição em que se encontra. Essa escolha se deve aos desfechos de cada 
crise da vida, se a criança se desenvolve de forma plena, saberá encarar esta 
fase de maneira correta. 
 
 
28 
 
1.5 VYGOTSKY 
 
Lev Semenovitch vygotsky, nasceu em 17 de novembro de 1896 e 
faleceu em 11 de junho de 1934. Formado em Direito pela Universidade de 
Moscovo em 1918, o bielo-russo Vygotsky era filho de uma família judia. 
Durante o seu período acadêmico estudou literatura e história na Universidade 
Popular de Shanyavskii. 
 
 Vygotsky ministrava um curso de Psicologia no Instituto de Treinamento 
de professores onde criou um laboratório de psicologia. 
 
Sua experiência na formação de professores o levou ao estudo dos 
distúrbios de aprendizagem e linguagem das diversas formas de 
deficiências congênitas e adquiridas. Complementando sua formação 
para estudo da etiologia de tais distúrbios formou-se em Medicina [6] 
seu interesse em Medicina estava associado à manutenção do grupo 
de pesquisa de neuropsicologia com Alexander Luria e Alexei 
Nikolaievich Leontiev. [6] 
Para Vygotsky, os signos, a linguagem simbólica desenvolvida pela 
espécie humana, têm um papel similar ao dos instrumentos: tanto os 
instrumentos de trabalho quanto os signos são construções da mente 
humana, que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e 
a realidade. Por esta similaridade, Vygotsky denominou os signos de 
instrumentos simbólicos, com especial atenção à linguagem, que para 
ele configurava-se um sistema simbólico fundamental em todos os 
grupos humanos e elaborado no curso da evolução da espécie e 
história social. (http://www.wikipedia.org/wiki/lev-vygotsky 26/06/2009) 
 
 A linguagem, para Vygotsky, é capaz de transformar os rumos das 
atividades do indivíduo. Quando se aprende a linguagem específica do meio 
sociocultural, transformam-se os rumos do próprio desenvolvimento. Assim, a 
visão de Vygotsky dá importância à dimensão social e interpessoal na 
construção do sujeito. 
 
 As suas pesquisas sobre aprendizagem tiveram um grande enfoque na 
Pedagogia. Os processos de desenvolvimento chamaram a sua atenção, pois 
29 
 
sempre procurou o aparecimento de novas formas de organização psicológica, 
ao invés de reduzir a estrutura de aprendizagem a elementos constitutivos. 
 As obras de Vigotsky incluem, além das fases da criança, alguns 
conceitos de suma importância para a área do desenvolvimento humano. 
 
1.5.1 Estágios do Desenvolvimento 
 
 
Vygotsky, ao estudar os estágios do desenvolvimento humano, nota 
como as crianças agem em relação àquilo que vê. Como exemplo, cita-se: Aos 
três anos de idade, a criança escreve o nome do pai ou da mãe, praticando a 
Escrita Indecifrável, ou seja, se o pai é alto, ela faz um risco grande, se a mãe 
é baixa, ela faz algo pequeno. 
 
 Já aos quatro anos, a criança passa para uma nova fase, a Escrita Pré-
silábica, semelhante à anterior, mas bem mais elaborada: as letras são 
inventadas; usa letras convencionais de forma aleatória, sem obedecer a uma 
sequência lógica. 
 
 No desenvolvimento, aos quatro ou cinco anos, a criança entra na fase 
da Escrita Silábica, aqui as letras convencionais representam sílabas, mas a 
criança não faz separação entre vogais e consoantes, faz uma mistura e, às 
vezes, escreve só com maiúsculas ou só com minúsculas. 
 Aos cinco anos, a criança entra na fase da Escrita Silábica alfabética. 
Nesta fase a escrita é caótica, faltam letras, mas evolui em relação à fase 
anterior. 
 
30 
 
 Com aproximadamente seis anos, a criança entra na fase da Escrita 
Alfabética. Ela já conhece o valor sonoro das letras, mas ainda comete erros. O 
hábito de ler e escrever é que corrigirão esses erros. 
 
 
1.5.2 Zona de Desenvolvimento Proximal 
 
A ZPD se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue 
realizar sozinha e aquilo que é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma 
pessoa mais experiente. A ZPD é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir 
em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. 
 
 Vygotsky define a Zona de Desenvolvimento Proximal como a distância 
entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de 
resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, 
determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um 
adulto. 
 
Lev Vygotsky diz que o indivíduo não pode transpor um expediente de 
aprendizagem sem algum conhecimento anterior cognitivamente 
relacionado, a fim de conectar e suportar a nova informação. 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/zona_de_desenvolvimento_proximal 
26/06/2009) 
 
 
 
Assim, 
 
O desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, 
de forma a torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu 
conhecimento de forma autônoma. O nível de desenvolvimento real é 
31 
 
dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos do processo de 
aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas 
habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontra-se em 
processo. Isso significa que a dialética da aprendizagem que gerou o 
desenvolvimento real, gerou também habilidades que se encontram 
em um nível menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o 
desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir [6] 
portanto, a ZPD fornece os indícios do potencial, permitindo que os 
processos educativos atuem de forma sistemática e individualizada. 
(26/06/2009) 
 
 
1.5.3 Pensamento e Linguagem 
 
Outro conceito importante é a relação que Vygotsky estabelece entre 
pensamento e linguagem. O que se destaca aqui é a formação de conceitos e 
a compreensão das funções mentais enquanto sistemas funcionais, sem 
localização específica no cérebro de grande plasticidade e dinâmica, variando 
ao longo da história da humanidade e do desenvolvimento individual. 
 
 
1.5.4 Síntese 
 
Vygotsky define a síntese não só como a soma ou a justaposição de 
dois ou mais elementos, e sim como a emergência de um produto totalmente 
novo, gerado a partir da interação entre os elementos anteriores. 
 
1.5.5 Mediação 
 
Vygotsky particulariza o processo de ensino e aprendizagem na 
expressão obuchenie, uma expressão própria da língua russa que 
coloca aquele que aprende e aquele que ensina numa relação 
32 
 
interligada. A ênfase em situar quem aprende e, aquele que ensina 
como partícipes de um mesmo processo [6] (26/06/2009) 
 
 Assim, aparece o conceito de mediação, como um pressuposto da 
relação eu – outro social. 
 
A relação mediatizada não se dá necessariamente pelo outro corpóreo, 
mas pela possibilidade de interação com signos, símbolos culturais e 
objetos [6] para vygotsky a aprendizagem relaciona-se ao 
desenvolvimento desde o nascimento, sendo a principal causa para o 
desabrochar do desenvolvimento. (26/06/2009) 
 
 Pode-se ver queapesar de haver alguns pontos divergentes entre as 
teorias destes grandes homens, todos estavam preocupados com o 
desenvolvimento da criança. Freud preocupa-se coma psique, Piaget com o 
desenvolvimento intelectual, Wallon com o aspecto social, Erikson com um 
desfecho positivo para cada nova etapa da vida e Vygotsky com uma 
concepção de formação social. 
 
 Vários aspectos estão envolvidos nos estágios do desenvolvimento 
infantil, e pode-se dizer que um estágio está interligado a outro, ou seja, a 
criança começa a construir seu conhecimento a partir do momento em que 
nasce. Assim, ela vai “sofrendo” influência de seus pais, do ambiente em que 
vive e da cultura na qual está inserida. 
 
 Daí pode-se definir o desenvolvimento 
 
Como mudanças nas estruturas físicas e neurológicas, cognitivas e 
comportamentais que emergem de maneira ordenada e são 
relativamente duradouras. (MUSSEM, 1995, p.3) 
 
 Vale ressaltar que a criança precisa de estímulos para que seu 
desenvolvimento se dê de forma completa. Em cada fase da vida, ela precisa 
33 
 
experimentar e vivenciar diversas situações, pois estas a farão entrar numa 
nova etapa de maneira mais autônoma, e assim, estará pronta para encarar as 
diferenças que lhe espera. Tudo isso parece acontecer num ciclo: a criança 
está sempre experimentando, aprendendo e retendo o conhecimento; daí entra 
num novo estágio: experimenta, aprende, retém o conhecimento e o acumula 
junto ao já adquirido na fase anterior, e isso ocorre em cada fase e a isso se 
chama construção de conhecimento. 
 
 No entanto, para se entender de forma clara o desenvolvimento infantil é 
preciso levar em conta três aspectos básicos: as mudanças são universais, há 
diferenças individuais e o comportamento da criança é influenciado pelo 
contexto ou situação ambiental. Assim, o desenvolvimento humano não é 
apenas biológico, é também social. 
34 
 
2 O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NO 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
 Para falar em desenvolvimento infantil não se pode deixar de fora a fala 
do imaginário. As crianças ao se desenvolverem precisam conhecer o mundo 
através de histórias que vão lhes proporcionar experiências com o mundo 
irreal, mas que para elas será uma forma de aprendizagem. Aprenderão 
através dos contos de fadas, a encontrar saídas para seus problemas e muitas 
vezes encontrarão respostas para suas indagações. Visto que para se ter um 
desenvolvimento completo, a imaginação da criança precisa ser bem 
trabalhada, de forma que ela nem deixará de ter “ilusões” e nem será “iludida” 
demais. Portanto, é importante que pais e educadores saibam trabalhar essa 
questão do imaginário nas fases do desenvolvimento infantil para que a criança 
desenvolva seu potencial criativo e saiba resolver problemas de âmbitos 
diversos. 
 
 
2.1 A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS 
 
A palavra portuguesa “fada” vem do latim fatum (destino, fatalidade, 
fado, etc). No Brasil e em Portugal, os contos de fadas, na forma como 
são conhecidos hoje, surgiram no fim do século XIX sob o nome de 
contos da carochinha. Esta denominação foi substituída por contos de 
fadas no século XX. 
(http://www.amigodaalma.com.br/conteudo/artigos/contos_fadas.htm 
Artigo de Paulo Urban Publicado na Revista Planeta nº 345 / junho 
2001) 
 
 Os contos de fadas são uma variação do conto popular ou fábula. 
Partilham com estes o fato de ser uma narrativa curta, transmitida oralmente, e 
onde o herói ou heroína enfrentam grandes obstáculos antes de triunfar contra 
o mal. Caracteristicamente envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou 
35 
 
encantamento, e apesar do nome, animais falantes são muito mais comuns 
nessas histórias do que as próprias fadas. 
 
 As versões infantis dos contos de fadas hoje consideradas clássicas 
teriam nascido meio que por acaso na França do século XVII, na corte de Luís 
XIV, pelas mãos de Charles Perrault. Mas vários escritores ficaram conhecidos 
por seus escritos infantis, como: Os irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, 
Lewis Carroll e Carlo Callodi. 
 
 
2.2 A IMPORTÂNCIA DO IMAGINÁRIO NO DESENVOLVIMENTO 
INFANTIL 
 
Segundo Paulo Urban, em seu artigo publicado na revista Planeta em 1991 
(http://www.amigodaalma.com.br/conteudo/artigos/contos_fadas.htm), muitos 
pais desejam ver seus filhos com as cabeças funcionando racionalmente como 
as suas, e acreditam que a maturidade deles dependa exclusivamente do 
ensinamento lógico oferecido pela maioria das escolas que, via de regra, em 
nossa sociedade moderna, nada mais fazem que repassar um conteúdo 
pedagógico desprovido de maiores significados para a vida. Esquece-se de 
explorar os sentimentos como fundamental ingrediente para a formação do 
caráter e, ainda que bem alfabetizem, desconsideram os contos de fadas como 
se estes só gerassem confusões quanto aos conceitos sólidos de realidade que 
devem ser ensinados às crianças. 
 
 Afinal, como se sabe, a sabedoria não é algo que nasce pronto, precisa 
ser construída ao longo da vida, e toda essa construção têm início ainda na 
infância, nos primeiros anos de vida. É nos primeiros anos de vida que o 
indivíduo tem um extraordinário potencial para desenvolver suas 
36 
 
potencialidades, mas isso só ocorrerá num bem explorado e maduro 
psiquismo. Isso leva as crianças a trabalharem a necessidade de conhecer 
seus próprios sentimentos em relação ao mundo e ao outro, e deve ser bem 
trabalhado por pais e educadores. 
 
 Nesse sentido, os contos de fadas cumprem um papel relevante no 
desenvolvimento humano, possuem um rico teor moral que envolve a atenção 
das crianças, despertando-lhes sentimentos e valores intuitivos que as levam a 
um desenvolvimento pleno, tão pleno como possa vir a ser o intelecto. 
 
 Os contos de fadas podem ser vistos como pequenas obras de arte, 
capazes de envolver o indivíduo em seu enredo, instigar-lhe a mente e 
comover-lhe com a sorte de cada personagem. Os contos causam impacto na 
mente, pois tratam das experiências cotidianas, e permitem que a criança se 
identifique com as dificuldades ou alegrias do herói, cujos feitos narrados 
expressam a condição humana frente às provações da vida. Sendo assim, tão 
verdadeiros ao simbolizar o caminho humano de desenvolvimento, e 
apresentando as situações críticas de escolhas que devem ser feitas todos os 
dias, despertam nas crianças um interesse não só de diversão, mas também 
de aprendizado apropriado para sua segurança. Nesse processo, cada criança 
apreende o que de melhor possa aplicar em sua própria história, assim 
ampliam os significados aprendidos tornando-os eficientes, conforme as 
necessidades do momento em que vivem. 
 
 
2.3 A ESCOLA E A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS 
O espaço da escola, principalmente na fase da educação infantil, é 
privilegiado para “sonhar”. O educador tem nas mãos a possibilidade de ajudar 
a criança a sonhar coisas diferentes. 
37 
 
 
 O conto de fadas é um dos eixos condutores do trabalho na educação 
infantil. A história dá margem para desdobramentos de conteúdos e conceitos. 
Através da história a criança pode lidar com seus medos, suas angústias, sua 
raiva: pode significar e resignificar experiências. Os contos falam do 
afastamento da família, de sofrimento, de sair de casa, perder-se para depois 
ser encontrado, ou seja, falam da vida de cada indivíduo. É certo que essas 
histórias atravessam gerações porque tratam desses aspectos da vida, daí a 
importância de se trabalhar essas histórias com crianças, principalmente até os 
seis anos de idade. 
 
 Nos contos de fadas tem sempre o poderoso, o grande, o forte, o 
pequenininho, frágil, aquele em quemninguém acredita e que, muitas vezes, 
resolve as questões. Assim, todos são atingidos pelo enredo e apreende a 
história para aplicar na própria vida. 
 
 Com as histórias infantis, os educadores, podem trabalhar os alicerces, 
a base da construção do imaginário da criança, do seu eu, sua individualidade 
emocional, além da inteligência e da socialização. 
 
 Nas fases do desenvolvimento a criança passa por várias experiências 
que a ajudam a crescer como pessoa. De zero a dois anos ela age sobre o 
mundo, vive a ação daquilo que ouve. A partir dos dois anos, quando aparece a 
linguagem, ela entra no mundo simbólico e pode representar as ações vividas. 
Nesse momento as histórias passam a ter sentido para a criança, assim a 
história é o melhor meio para a construção da imaginação, do mundo 
simbólico. 
 
 Para que ocorra um bom desenvolvimento no que se refere à 
imaginação, a escola precisa ajudar a criança a ampliar seu mundo (que até 
38 
 
então se reduz a sua casa, a casa da vovó, a creche, a escola). O professor 
deve levar a criança a construir espaço e tempo através do imaginário. Sendo 
assim, a história transporta a criança para a floresta, o castelo, o mar. O 
espaço vai sendo ampliado primeiro pela história para depois ser vivenciado 
pela criança. Já em relação ao tempo, a história trabalha num primeiro 
momento o tempo como uma sequência de ações para depois entrar no tempo 
para além desse tempo (há muito tempo atrás, antigamente, a Princesinha 
nasceu, cresceu6), ou seja, trabalha o tempo cronológico. 
 
 Além do já mencionado, os contos trabalham noções matemáticas, 
sequências de ações (cumulativas) e as articulações do pensamento. Portanto, 
antes de pegar o caderno para escrever e ler, o professor deve trabalhar tudo 
isso com a criança, despertando nela o desejo de ler, de se alfabetizar - 
primeiro para o mundo fascinante dos livros, para depois querer contar para o 
outro (aqui entra a comunicação/socialização) - entenda-se esta leitura não 
apenas como ler as palavras, mas ler o mundo que se forma à sua volta, ler a 
imagem, o corpo, os barulhos, os movimentos, enfim, ler suas experiências de 
vida. 
 
 É essa leitura, construída de forma correta na escola, que levará a 
criança a obter respostas para seus medos, suas inseguranças. Através dos 
contos de fadas ela busca responder às questões diárias, aplicando as 
experiências dos “heróis” à sua própria vida. 
 Assim, vale ressaltar, que a leitura dos contos de fadas é de suma 
importância para a formação de todas as crianças, ou seja, escutá-las é o início 
da aprendizagem da criança. 
 
 
39 
 
2.4 “A LUTA PELO SIGNIFICADO” 
 
A criança necessita ter uma verdadeira consciência de sua existência e 
para isso precisa encontrar um significado para a própria vida. É bem sabido 
que a criança passa por crises enquanto se desenvolve - principalmente na 
adolescência - e muita vez perde o desejo pela vida, porque esta lhe parece 
sem significado. 
 
Uma compreensão do significado da própria vida não é subitamente 
adquirida numa certa idade, nem mesmo quando se alcança a 
maturidade cronológica. Ao contrário, a aquisição de uma 
compreensão segura constitui a maturidade psicológica. E esta 
realização é o resultado final de um longo desenvolvimento: a cada 
idade buscamos e devemos ser capazes de achar alguma quantidade 
módica de significado congruente com o “quanto” nossa mente e 
compreensão já se desenvolveram. (BETTELHEM, 1981, p.11) 
 
 Entende-se, assim, o quanto é essencial que família e escola estejam 
preparadas para assistir as crianças durante seu desenvolvimento, pois 
qualquer falha pode torná-la despreparada para exercer suas potencialidades. 
Muitas vezes, vemos crianças e adolescentes se enveredando para o mundo 
do crime e, embora muitos fatores possam ser atribuídos a isso, pode-se dizer 
que o processo de construção do imaginário contribui em muito para que isso 
ocorra. Negar à criança, em suas fases iniciais, a oportunidade de sonhar e de 
“viajar” através dos contos de fadas, é negar-lhe uma oportunidade de 
construir-se como indivíduo. 
 
Hoje, como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil 
na criação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida. 
Muitas experiências são necessárias para se chegar a isso. A criança, 
à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se 
entender melhor; com isto, torna-se mais capaz de entender os outros, 
e eventualmente pode-se relacionar com eles de forma mutuamente 
satisfatória e significativa. (BETTELHEM, 1980, p.11/12) 
 
40 
 
 Essa capacidade de se entender melhor e entender os outros é o que 
levará a criança a ter uma autonomia e uma auto-realização na vida. A isso, 
Erikson chama de desfecho positivo, ou seja, a capacidade que o indivíduo tem 
de superar as crises e, assim, fortificar-se como pessoa. Portanto, torna-se 
necessário que pais e educadores deem à criança um ambiente que lhe 
transmita segurança e otimismo. Assim, ela não ficará à mercê dos acasos da 
vida, mas terá um desenvolvimento completo de modo que sua emoção, 
imaginação e intelecto se ajudem e se enriqueçam. 
 
Nossos sentimentos positivos dão-nos força para desenvolver nossa 
racionalidade; só a esperança no futuro pode sustentar-nos nas 
adversidades que encontramos inevitavelmente. (BETTELHEIM, 1980, 
p.12) 
 
Vale ressaltar que ao ler um conto de fadas a questão para a criança 
não é quem ela quer ser, mas com quem ela quer se parecer. Daí a 
importância de se trabalhar bem a questão do imaginário na criança, pois ela 
não está apenas aprendendo a ler e escrever, está aprendendo a fazer 
escolhas e a lidar com suas próprias emoções. 
 
 Em seu livro, A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim 
(1980), deixa bem claro que os contos de fadas lidam com os problemas 
existenciais e os dilemas das crianças, suas necessidades de serem amadas 
e o medo de não ter valor para o outro; fala do amor pela vida e do medo da 
morte. Assim, o conto de fadas oferece soluções de maneira que a criança 
possa apreender no seu nível de compreensão, onde ela possa perceber que 
só partindo para o mundo é que o herói - ou seja, ela mesma - pode se 
encontrar; e ao se encontrar, encontrará também o outro com quem será 
capaz de “viver feliz para sempre”; isto é, encontrará a segurança para seguir 
adiante e não terá medo de fazer suas escolhas. 
41 
 
3. A FAMÍLIA E A ESCOLA NO PROCESSO DO 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Dois fatores importantíssimos no que se refere ao desenvolvimento 
infantil são a família e a escola. Esses dois pilares têm nas mãos um trabalho, 
que se feito da maneira errada poderá prejudicar a criança para toda a vida, 
mas em contrapartida podem fazer um trabalho tal que a criança se 
desenvolverá de forma plena e terá a capacidade de tomar as decisões 
corretas e fazer escolhas que lhe permitam ter uma vida bem resolvida. 
 
A mais bela obra já empreendida por homens e mulheres, é lidar com 
espíritos jovens. O máximo cuidado deve ser tomado, na educação da 
juventude, para variar de tal maneira a instrução, que desperte as 
nobres e elevadas faculdades da mente. Pais e mestres acham-se 
igualmente inaptos para educar as crianças, se não aprenderam 
primeiro s lição do domínio de si mesmos, a paciência, a tolerância, a 
brandura e o amor. Que importante posição para os pais, tutores e 
professores! Bem poucos há que compreendam as mais essenciais 
necessidades do espírito, e a maneira porque devam dirigir o intelecto 
em desenvolvimento, os pensamentos e sentimentos crescentes dos 
jovens. (WHITE, Fundamentos da educação cristã, 1996, p.15) 
 
 Diante desse quadro,percebe-se que família e escola têm o “destino” 
das crianças nas mãos e isso lhes dá uma responsabilidade enorme ao que se 
refere ao cuidado com seus filhos e alunos. Muitas vezes o que se vê são 
crianças e adolescentes que parecem bem educados enquanto se encontram 
sob a disciplina, quando, porém, o sistema que as ligou a certas regras se 
rompe, parecem incapazes de pensar, agir ou decidir por si mesmas. 
 
Essas crianças estiveram por tanto tempo sob uma regra de ferro, sem 
permissão de pensar e agir por si mesmas naquilo em que era 
perfeitamente próprio que o fizessem, que não tem confiança em si 
mesmas, para procederem Segundo seu próprio discernimento, tendo 
opinião própria (a tão falada autonomia). (WHITE, 1996, p.16) 
 
42 
 
 É certo que a criança não deve ser deixada a pensar e proceder 
independentemente de seus pais e mestres. Elas devem ser ensinadas a 
respeitar as regras, e serem guiadas pelos pais e professores. As crianças 
devem ser educadas de maneira que desenvolvam suas faculdades 
intelectuais, físicas e morais. Assim, ao saírem de sob a mão guiadora de pais 
e mestres, agirão com confiança, determinação e autonomia. 
 
 
3.1 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
A família desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos 
filhos. A criança passa a maior parte do tempo com a mãe e com o pai, e deles 
apreende muitas noções para que se desenvolva de forma plena. 
 
 Desde muito cedo os pais precisam se conscientizar de que exercem 
influência sobre os filhos e que isto marcará a vida da criança até a idade 
adulta. Portanto, uma atitude impensada, uma palavra mal-dita, pode levar a 
criança a desenvolver desconfiança em relação a si mesma, ao outro e ao 
mundo. 
 
 A família deve ser o maior dentre todos os fatores educativos. É em casa 
que a educação deve ter seu início. Ali está a primeira escola da criança. Ali, 
tendo os pais como instrutores, a criança aprenderá lições que a guiarão por 
toda a vida. Sobre os pais está a responsabilidade de proporcionar 
desenvolvimento físico, moral e intelectual às crianças. Deve ser objetivo de 
cada família “alcançar” para seus filhos um desenvolvimento bem equilibrado. 
 
 As instruções dadas pelos pais aos filhos devem ser simples e claras 
para que estes apreendam o que está sendo ensinado por meio da experiência 
43 
 
(acertar ou errar não vem ao caso, o importante é experimentar para apreender 
o valor que se quer atingir). As crianças devem ser ensinadas a cumprir os 
deveres práticos da vida diária 
 
Enquanto ainda são pequenas, deve a mãe dar-lhes alguma tarefa 
simples a fazer cada dia. Levará mais tempo para ela as ensinar do 
que fazê-la ela própria; mas lembre-se de que deve, para a formação 
do caráter delas, lançar fundamento da prestatividade. 
(Ellen G. WHITE, Conselhos aos pais, professores e estudantes, 2000, 
p.122) 
 
 Crianças e adolescentes precisam sentir-se úteis na vida em família, 
pois isso os ajudará em cada fase de seu desenvolvimento. Os pais devem 
procurar despertar nos filhos interesse pelas tarefas e pelo estudo. A vida não 
lhes foi dada para ser vivida em ociosidade e em agradar a si mesmas, mas 
para aprender coisas novas a cada dia e, assim, desenvolverem todo seu 
potencial como individuo. 
 
 Os pais devem levar os filhos a ver que grandes possibilidades são 
postas diante de todos os que desenvolvem suas aptidões, incentivando-os a 
estar sempre em busca de algum novo conhecimento que lhes capacite para a 
vida futura. Por esta razão é de suma importância uma educação que lhes 
permita se desenvolver de forma equilibrada e completa. Habilitar a criança 
para uma vida plena, 
 
[6] requer algo mais que uma educação parcial, unilateral, que 
desenvolva as faculdades mentais com prejuízo das físicas. Todas as 
faculdades da mente e do corpo precisam ser desenvolvidas; esta é a 
obra que os pais, auxiliados pelo mestre, devem fazer pelas crianças e 
os jovens postos sob seu cuidado. (WHITE, 2000, p.145) 
 
 Assim, os pais desempenham um papel muito importante no 
desenvolvimento da criança, são eles que lhes darão as primeiras lições e que 
ajudarão os filhos a resolverem os primeiros dilemas e questões. São os pais 
que levarão os filhos a se reconhecerem como partes importantes de uma 
sociedade e que mostrará aos filhos o quanto é importante desenvolverem 
suas habilidades e capacidades, para que em cada fase de seu 
desenvolvimento cresçam intelectualmente, fisicamente e moralmente. 
44 
 
3.2 O PAPEL DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Ao longo do desenvolvimento a criança passa um longo tempo aos 
cuidados da escola, e esta precisa estar preparada para receber esta criança e 
ajudá-la a desenvolver suas potencialidades como indivíduo. É na escola que a 
criança começa a se socializar de forma mais contundente, e o professor 
precisa estar atento a essa socialização, fazendo com que a criança aja de 
forma correta, para que assim, ela saiba que precisa respeitar o outro. 
 
A socialização é um processo interativo, necessário para o 
desenvolvimento, através do qual a criança satisfaz suas necessidades 
e assimila a cultura ao mesmo tempo em que, reciprocamente, a 
sociedade se perpetua e se desenvolve. [6] dentro deste conceito, a 
escola exerce um papel importante na consolidação do processo de 
socialização, processo esse que ocorre já no início da vida da criança. 
A escola será determinante para o desenvolvimento cognitivo e social 
infantil e, portanto, para o curso posterior de sua vida. 
(http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0351.pdf, 18/08/2009 (O 
papel da escola no processo de socialização infantil, por Juliane 
Callegaro Borsa, documento produzido em 18/07/2007) 
 
 Segundo Mussen, Conger, Kagan e Huston (1995, p.309), o sucesso na 
escola e na vida adulta depende não só das capacidades das pessoas, mas 
também de suas atitudes, motivações, habilidades para o trabalho e reações 
emocionais em relação à escola e outras situações de aprendizado. 
 
 Para eles, à medida que se desenvolvem, as crianças adquirem 
capacidades mais refinadas para pensar e adotar padrões de desempenho e 
para usar informações sobre o desempenho de outra criança. Assim, durante 
os primeiros anos escolares ocorrem algumas mudanças na vida das crianças: 
 
 
 
45 
 
As expectativas estabelecidas pelas crianças se tornam mais realistas, 
ou seja, mais próximas de seu desempenho real [6]. As crianças 
usam cada vez mais comparações sociais para avaliar seu próprio 
desempenho [6]. As crianças estabelecem níveis cada vez mais 
elevados de aspiração para si próprias, ou seja, elas escolhem tarefas 
mais difíceis. [6] (MUSSEN, CONGER, KAGAN, HUSTON, 1995, 
p.315) 
 
 Isso tudo tem a ver com as fases de desenvolvimento da criança, que ao 
passar de uma fase para outra vê que pode atingir outras metas e não teme se 
arriscar. Assim, quando a criança chega à escola, o professor deve dar a ela a 
oportunidade de crescer como ser humano, de mostrar suas potencialidades e, 
principalmente, de se desenvolver intelectualmente, fisicamente e moralmente. 
Nesse ínterim, entra a brincadeira com outras crianças, este é o primeiro passo 
para o desenvolvimento das relações sociais. Sendo que estas brincadeiras 
não ocorrem com freqüência antes dos dois anos. 
 
Durante os dois primeiros anos, as brincadeiras das crianças mudam 
de respostas primeiramente sensório-motoras tais como correr ou 
bater com um martelo de Madeira, para brincadeiras mais simbólicas e 
solitárias, tais como fazer de conta que está dirigindo um carro ou 
trocar as fraldas de uma boneca [6] Depois de dois anos, os colegas 
se tornam cada vez mais importantes paraa vida social das crianças. 
As interações das crianças aumentam e se tornam mais positivas e 
muitas crianças podem iniciar uma brincadeira, cooperar e aguardar 
sua vez. Geralmente, é a brincadeira que reúne as crianças e fornece 
um ambiente propício para a formação e manutenção de relações 
sociais, incluindo amizades. (1995, p.384) 
 
 Nesse caso o professor tem a responsabilidade de estabelecer o vínculo 
entre as crianças, pois é na escola que essa interação se tornará cada vez 
mais frequente, mais fortalecida, mais social e complexa. Já que um dos pré-
requisitos para estabelecer e manter essas relações é a capacidade de 
controlar seu próprio comportamento, levando em conta as necessidades e 
sentimentos das outras crianças - isso só vai ocorrer de maneira equilibrada se 
o desenvolvimento da criança estiver se construindo de maneira satisfatória. À 
medida que as crianças crescem, elas se tornam mais capazes de agir 
socialmente, se tornam mais hábeis em se colocar na posição dos outros e 
adotar as regras e restrições de sua cultura. 
46 
 
 Nesse sentido, a escola desempenha uma função importantíssima, que 
é a de ajudar a criança a encontrar um equilíbrio nas relações estabelecidas 
sem deixar que isso interfira em seu processo de aprendizagem e 
desenvolvimento. 
 
 
3.2.1 Interação Social 
 
Segundo João carlos Martins, (artigo da PUC -SP, 31/08/2009), todo 
homem se constitui como ser humano pelas relações que estabelece com os 
outros. Desde o nascimento o indivíduo é socialmente dependente dos outros e 
entra em um processo histórico que, de um lado, lhe oferece os dados sobre o 
mundo e visões sobre ele e, de outro lado, permite a construção de uma visão 
pessoal sobre este mesmo mundo. 
 
Como seres humanos e, portanto, ontologicamente sociais, passamos 
a construir a nossa história só e exclusivamente com a participação 
dos outros e da apropriação do patrimônio cultural da humanidade. 
Temos assim um movimento cultural de constituição do Homem que 
passa pela vivência com os outros e vai se consolidar na formação 
adulta de cada um de nós [6] assim, o indivíduo transforma-se de 
criança em adulto processando internamente, por meio do seu livre-
arbítrio, as diversas visões de mundo com as quais convive. [6] 
Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas 
atividades adquirem um significado próprio num sistema de 
comportamento social, e sendo dirigidas a objetivos definidos, são 
refratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do 
objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra 
pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo 
de desenvolvimento profundamentre enraizado nas ligações entre 
história individual e história social. 
(http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p111-122_c.pdf , artigo 
escrito por João Carlos Martins, doctored da PUC -SP 31/08/2009) 
 
 Diante desse pensamento de Vygotsky, citado por Martins, deve-se 
refletir sobre a importância das trocas entre os indivíduos como momentos de 
muito significado no processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem. O 
47 
 
objetivo da educação deve ser criar condições para que os alunos se tornem 
cidadãos que pensem e atuem por si mesmos e, acima de tudo, capacitar as 
crianças para que sejam indivíduos livres de manipulações e conducões 
externas, para que consigam pensar e examinar criticamente as ideias que lhes 
forem apresentadas e a realidade social aonde estão inseridas. 
 
 Para que a criança tenha essa visão de mundo é necessário que a 
escola lhe proporcione meios de investigação e discussão para a internalização 
de funções mentais que garantam a ela a possibilidade de pensar por si. Para 
isso é preciso estimulá-la a operar com ideias, analisar fatos e discutí-los para 
que, na troca e no diálogo, cada um construa o seu ponto de vista para um 
pensar competente e comprometido com a sociedade. 
 
 Desde que as atividades propostas pelo professor tenham por base as 
interações entre sujeito e objeto, essa elaboração de ideias e diálogo com o 
outro garantirá à criança a conquista do conhecimento. 
 
Tais interações permitem ao sujeito ultrapassar a impressão inicial das 
ideias que lhe chegam e buscar o que está além delas, oculto, mais 
profundo e sistematizado, de forma a instrumentalizá-lo para o exame 
da realidade. (31/08/2009) 
 
 Para Vygotsky (1989), tudo que está no sujeito existe antes no social e 
quando é apreendido e devolvido para a sociedade passa a existir no plano 
intrapsicológico, ou seja, a criança vai aprendendo e se modificando através 
das interações com o mundo a sua volta. Vygotsky salienta, ainda, que as 
possibilidades que o ambiente proporciona ao indivíduo são fundamentais para 
que este se contitua como sujeito lúcido e consciente, capaz de alterar as 
circunstâncias em que vive. 
 
48 
 
 Assim, a criança vai conferindo um sentido às coisas e se apropriando 
da palavra, isso lhe permite analisar as relações entre seu pensamento e sua 
linguagem, e é nesse signicado que o pensamento e a fala se unem, criando 
condições para o desenvolvimento intelectual. 
 
adulto e crianças, professores e alunos podem conferir às palavras 
significados e sentido diferentes. Desta forma, os sujeitos mais 
experientes, ao interagirem com as crianças, estimulam-nas não só na 
apropriação da linguagem, como também na sua expansão, 
possibilitando, assim, a elaboração de sentidos particularizados, que 
dependem da vivência infantil e da obtenção de significados mais 
objetivos e abragentes. (31/08/2009) 
 
 As interações sociais permitem pensar um indivíduo em constante 
transformação e construção de si mesmo e do mundo em que vive, e mediante 
essas interações a criança conquista e confere novos significados para a 
sociedade e seu grupo social. 
 
 Assim, as interações das crianças com seus pais e professores é de 
suma importância, pois através dessa interação a criança estará 
desenvolvendo seu potencial como indivíduo de uma sociedade e aprendendo 
a resolver seus próprios conflitos, primeiro mediados por um adulto, para 
depois se tornarem independentes e autônomos. 
 
 
3.2.2 O objetivo da Educação 
 
O verdadeiro objetivo da educação deve ser considerado 
cuidadosamente. Todos tem capacidades e habilidades e devem ser 
valorizados por isso. As crianças, enquanto se desenvolvem, devem ser 
incentivadas a atingir a mais alta capacidade possível para se tornarem úteis, a 
fim de que realizem um bom trabalho para a sociedade em que vivem. 
49 
 
Os pais e educadores devem levar suas crianças a almejarem ter 
propósitos firmes na vida. Sabe-se que muitas crianças enfrentam problemas 
em suas famílias, muitas outras são levadas para o crime, e tantas outras não 
tem sonhos. Falou-se, no capítulo anterior, da importância de um 
desenvolvimento do imaginário, as crianças precisam fantasiar, sonhar e 
idealizar um “mundo” para si mesmas, e aqui entra a importância de uma 
educação para a vida. Aquele que educa não deve se preocupar apenas em 
ensinar a ler e escrever, ele precisa trocar experiências com a criança, ajudá-
las a analisar suas próprias vidas e a terem objetivos elevados, sejam quais 
forem as condições onde vivam. Sabe-se que o ambiente influencia muito a 
vida dos seres humanos, mas no processo de desenvolvimento todos devem 
ser ensinados a superar sejam quais forem as condições. Ao receberem 
incentivos por parte dos educadores, as crianças aprendem a transformar a 
própria vida. 
 
Daí a necessidade do educador saber lidar com cada criança e ajuda-
las em cada fase da vida, amparando-as elas podem atingir qualquer altura que 
desejarem.

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