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AULA 9 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS.

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CENTRO UNIVERSIÁRIO ESTÁCIO DE BRASÍLIA Campus Estácio Brasília
CURSO DEDIREITO
DISCIPLINA 
DIREITO CIVIL I (ESTACIO)
Plano de Aula: Dos Negócios Jurídicos
DIREITO CIVIL I
Título
Dos Negócios Jurídicos
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
AULA 9 
 
DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS (art. 104 a 137 CC) 
Objetivos
Conceituar e classificar os negócios jurídicos
Fornecer noções substanciais a respeito dos os planos de existência, validade e eficácia do negócio jurídico.
Estabelecer a conceituação do instituto da representação. Enumerar e distinguir os elementos essenciais e acidentais dos negócios jurídicos.
Estrutura do Conteúdo
DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
1. Negócio jurídico (conceito e classificação).
2. Noções sobre os planos de existência, validade e eficácia do negócio jurídico.
3. Da representação. 
4. Elementos acidentais (condição, termo, encargo ou modo): conceitos, espécies e efeitos jurídicos.
1. NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1.1. Conceito. É uma espécie do gênero  ato jurídico em sentido amplo. Pode ser entendido como toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses. Nele há uma composição de interesses. Os atos praticados pelos agentes foram previstos em lei e desejados por eles. Segundo  Caio Mário de Silva Pereira - são declarações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente. Continua: O fundamento e os efeitos do negócio jurídico assentam, então, na vontade, não uma vontade qualquer, mas aquela que atua em conformidade com os preceitos ditados pela ordem legal.
1.1.1. Para que o negócio jurídico seja válido são necessários os seguintes elementos essenciais: (a) agente capaz; (b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; (c) forma prescrita e não proibida pela lei (CC, art. 104).
 
1.2. REQUISITOS PARA A VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Para que o negócio jurídico produza seus efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos pressupostos ou requisitos essenciais:
A) Ordem geral, comum a todos os atos e negócios jurídicos: Art. 104 e 166 CC.
A1- A capacidade do agente (CC art. 1º 5º, 104, I e 166), 
A2 - O objeto lícito, possível, determinado ou determinável (cc art. 104, II), e; 
A3- A forma prescrita e não defesa em lei (CC art. 107, 108 e 109)
B) O consentimento recíproco ou acordo de vontades.
Agente capaz: Para que o negócio jurídico ganhe plena eficácia produzindo todos os seus efeitos, exige a lei que ele seja praticado por agente capaz. Por agente capaz há que se entender a pessoa capaz ou emancipada para os atos da vida civil. 
 A licitude: A licitude está inserida no conceito. É mister que o alcance visado pelo ato não seja ofensivo à ordem jurídica. A sua liceidade é condição essencial à eficácia do negócio jurídico, que sempre tem por finalidade produzir efeitos jurídicos através da manifestação de vontade. Esta tem que ser sempre voltada para fins legítimos, possíveis, determinados ou determináveis. Quando o efeito não for legítimo ou possível, apesar de existir a vontade, caracteriza-se um ato ilegítimo, ilícito. 
Forma prescrita ou não defesa em lei: Todo negócio jurídico tem uma forma. A vontade, manifestada pelas pessoas, pode ser verbal, por escrito, ou através de gestos. Em numerosos casos a lei exige das partes uma forma especial. A regra geral é a forma livre. A validade da declaração de vontade. Diz o art. 107 do CC - não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Isto significa que todas as exceções devem ser respeitadas, ou seja, se a lei impuser forma especial, esta deverá ser atendida. Por exemplo, a compra de uma casa à vista, deve ser através da escritura pública. Se realizada por instrumento particular, não tem validade, porque a lei impõe uma forma (artigo 108, CC). 
2. INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Dispõe o art. 112 do CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Estabelece, pois, uma regra de interpretação destacando o elemento intenção sobre a literalidade da linguagem. Cabe ao intérprete investigar qual foi a real intenção dos contratantes na elaboração da cláusula contratual duvidosa ou obscura. 
Finaliza o art. 113 do CC, Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (Vide art.422, CC) O objeto típico do negócio jurídico é o CONTRATO.  O negócio jurídico é o principal instrumento para que as pessoas possam realizar seus negócios privados. 
3. ELEMENTOS ACIDENTAIS: Sem os elementos essenciais o negócio jurídico não existe, por consequência, não é válido. São elementos acidentais: (a) condição (art. 121 a 130, CC); (b) termo (131 a 135, CC); (c) encargo (art.136 a 137, cc). 
3.1. CONDIÇÃO: Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. A condição é uma cláusula. E essa cláusula (condição) subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Entenda o que significa esse efeito. Os efeitos do negócio jurídico podem ser: (a) eficácia e (b) ineficácia.
	EFEITO:
	EFICÁCIA=tornar-se eficaz = produzir efeito
	INEFICÁCIA=tornar-se ineficaz= parar de produzir efeitos
Se, o negócio jurídico contemplar uma condição, o efeito (eficácia ou ineficácia) do negócio jurídico fica subordinado a um evento futuro e incerto. Ou seja, somente quando o evento futuro e incerto ocorrer, o negócio jurídico vai produzir efeito (que pode ser eficácia ou ineficácia). 
A condição se subdivide em: (a) Condição Suspensiva e (b) Condição Resolutiva.
	Condição Suspensiva
	Condição Resolutiva
	Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
	Subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
	
	
3.1.1.(A) Condição Suspensiva: o negócio jurídico SÓ se torna EFICAZ (só produz efeito) se ocorrer o evento futuro e incerto. Exemplo: o pai realiza um negócio jurídico com o filho, compra um carro e faz uma doação. Caso o filho seja aprovado no vestibular para o curso de Direito, recebe o carro. Está posta a condição no negócio jurídico. Nesse caso, a condição suspensiva, como o próprio nome diz, suspende tudo: a aquisição do carro, bem como o exercício. (dirigir o carro) ficam suspensos, até que o evento futuro e incerto (passar no vestibular) venha a ocorrer. Suspende a aquisição e o exercício do direito.
3.1.2. (B) Condição Resolutiva: o negócio jurídico se torna Eficaz (produz efeito) imediatamente com a realização do negócio jurídico. Quando ocorrer o evento futuro e incerto, o negócio jurídico se torna Ineficaz (para de produzir os efeitos). Exemplo: um sobrinho realiza um negócio jurídico (empréstimo) com seu tio, nesses moldes: o tio empresta seu apartamento (em outra cidade) ao sobrinho que foi lá aprovado no vestibular de medicina e não tem aonde morar; a condição é que no momento em que “colar grau” (evento futuro e incerto), devolverá o imóvel. Note que o sobrinho imediatamente inicia sua moradia no imóvel. Isso porque a condição resolutiva não suspende nada! Não suspende a aquisição nem o exercício do direito.
	Condição Suspensiva
	Condição Resolutiva
	Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
	Subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
	SUSPENDE TUDO: Suspende a aquisição e o exercício do direito
	NÃO SUSPENDE NADA! Não suspende a aquisição nem o exercício do direito
3.2. TERMO: Termo é a cláusula que subordina os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e certo. Termo inicial. O termo inicial (dies a quo, ex die), dilatório ou suspensivo é o que fixa o momento em que a eficácia do negócio deve ter início, retardando o exercício do direito.Assim sendo, o direito a termo será tido como adquirido.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. O termo inicial é um evento futuro e certo que condiciona o início dos efeitos do negócio jurídico.
Exemplo: a compra de um veículo em uma concessionária. O financiamento é aprovado, o comprador paga um sinal (aquisição), mas o veículo na cor preta só será entregue do dia 20 do mês seguinte a data da compra (termo inicial para o exercício ao direito). O TERMO não suspende a aquisição; Suspende o exercício ao direito. Nesse caso, o carro foi adquirido, porém o sujeito só vai exercitar o seu direito de dirigir, usar o veículo no dia 20 do mês seguinte.
3.3. ENCARGO/MODO: cláusula acessória à liberalidade (doação), pela qual se impõe um ônus, uma obrigação, a ser cumprida pelo beneficiário. Gera direito adquirido a seu destinatário, que já pode exercer o seu direito, ainda que pendente o cumprimento da obrigação que lhe fora imposta. 
Exemplo: uma pessoa (doador) que faz uma doação de um imóvel (terreno) a uma Prefeitura, mas com o encargo (obrigação, ônus) de construir uma escola para crianças carentes, um hospital, ou um asilo para velhinhos, ou o que quer que seja. Impõe sempre uma obrigação ao beneficiário da doação. No encargo, o beneficiário adquire imediatamente a doação. O Encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito (regra):
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. 
Caso o doador venha a doar o terreno como condição suspensiva, SUSPENDE-SE A AQUISIÇÃO , bem como o EXERCICIO DO DIREITO até que o beneficiário (Prefeitura) venha a construir a escola, ou hospital, enfim que cumprir a obrigação.
4. RESERVA MENTAL. O que o agente deseja é diferente do que ele declarou. Sua declaração é para enganar a pessoa com quem celebrou o negócio jurídico ou a terceiros.
Há reserva mental quando um dos contratantes reserva-se, secretamente, a intenção de não cumprir o contrato. A reserva mental é combatida no Código Civil no seu art. 110, CC, onde dispõe que "a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento". Alguns doutrinadores a chamam de "Simulação Unilateral". 
Exemplos: (1) um autor declara que o produto da venda de seus livros será para fins filantrópicos, mas faz isso unicamente para granjear simpatia e assim fazer com que a venda seja boa; não poderá depois voltar atrás e não destinar o valor auferido para o fim anunciado; (2) Alguém vende imóvel supondo que a venda será anulada por vício de forma, como por exemplo a ausência de escritura pública; a venda do imóvel poderá até não estar perfectibilizada, mas a relação obrigacional persistirá.
 
5. OS NEGÓCIOS JURÍDICOS PODEM SER CLASSIFICADOS DA SEGUINTE FORMA:
5.1. Quanto à manifestação da vontade: 
5.1.1. UNILATERAIS: São os negócios jurídicos que criam obrigações unicamente para uma das Partes, como a doação, o mútuo, o comodato, o depósito, o mandato, a fiança. 
5.1.2. BILATERAIS: São os negócios jurídicos que geram obrigações para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte. As obrigações sendo recíprocas são denominadas contratos sinalagmáticos, da palavra grega “sinalagma”, que significa reciprocidade de prestações. Exemplo: Compra e Venda: Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio o bem, e o outro, à pagar-lhe certo preço em dinheiro. (Vide art. 481 CC).
5.2. Quanto às vantagens: 
 5.2.1. GRATUITOS: Os negócios jurídicos Gratuitos são aqueles em que apenas uma das Partes aufere benefício ou vantagem, tal como ocorre na Doação, no Comodato, no reconhecimento de filho, etc. Para a outra Parte, só há obrigação e sacrifício.
5.2.2. ONEROSOS: Nos negócios jurídicos Onerosos ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde a um sacrifício. No caso da Compra e Venda, a vantagem do comprador é representada pelo recebimento da coisa e o sacrifício pelo pagamento do preço. Para o vendedor o benefício reside no recebimento deste (pagamento) e o sacrifício, na entrega da coisa. Ambos buscam o proveito, ao qual corresponde um sacrifício.
 
5.3. Quanto ao tempo em que devam produzir efeitos
5.3.1. Inter Vivos – destinados a produzir efeitos durante a vida dos interessados, como nos contratos de compra e venda.
5.3.2. Mortis Causa – são aqueles pactuados para produzir efeitos após a morte do declarante, a exemplo do testamento.
5.4. Quanto à subordinação: 
5.4.1. PRINCIPAIS: Os negócios jurídicos principais são os que em existência própria, autônoma e não dependem de qualquer outro. Exemplo: Contrato de Compra e venda, Contrato de Locação.
 5.4.2. ACESSÓRIOS: Os negócios jurídicos Acessórios são aqueles que têm sua existência subordinada ao Contrato principal e sua função predominantemente, é garantir o cumprimento das obrigações contraídas. Exemplo: Fiança (Na Locação), Penhor(Na compra e venda Mercantil) , Hipoteca (Na Compra e venda de Imóveis).
 
5.5. Quanto às formalidades: 
5.5.1. SOLENES OU FORMAIS: São os negócios jurídicos que devem obedecer a forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene, e a formalidade se constitui à substância do ato. Exemplo Escritura pública na alienação de imóveis; Pacto antenupcial, Testamento Público, etc. 
OBS > Não observado a formalidade o negócio jurídico é nulo. (Vide art. 166, IV CC, c/c os 108 e 109 do CC). 
5.5.2. NÃO SOLENES OU DE FORMA LIVRE: São os negócios jurídicos celebrados de forma livre. Podem ser celebrados por qualquer forma, por escrito particular ou verbalmente. Exemplo: Contrato de locação; de Comodato; Trato com Taxista; Trato co Jardineiro, etc.. (Vide Art. 107 CC).
 
5.6. Quanto à pessoa: 
5.6.1. PERSONALÍSSIMOS OU INTUITU PERSONAE: São os negócios jurídicos em atenção às qualidades pessoais de um dos Contratantes. Por essa razão, o obrigado não pode ser substituído por outrem, pois essas qualidades sejam culturais, profissionais, artísticas ou de outra espécie, tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. Exemplo: Artistas, Especialistas, Médicos, Advogados, Arquiteto, etc..
5.6.2. IMPESSOAIS: São os negócios jurídicos cuja prestação pode ser cumprida, independentemente, pelo obrigado ou terceiro. O importante é que seja cumprida a obrigação, pouco se importando quem executa, pois seu objeto, não requer qualidades especiais do devedor. Exemplo: Contratos de Planos de Saúde, Médico Plantonista, Contratos de Serviços de Limpeza, Contratos de Informática, etc.
6. DA REPRESENTAÇÃO
6.1. O instituto da representação é objeto de poucos estudos monográficos no Brasil, tanto é que o Código Civil anterior, de 1916, sequer lhe deu um tratamento específico, O direito representativo foi tipificado e sistematizado somente no vigente Código Civil, em seus artigos 115 a 120. O estudo deste instituto compete à teoria geral do direito civil e tem conexão e aplicação em vários ramos do direito, como o direito notarial.
Segundo Silvio Venosa, geralmente, é o próprio interessado, com sua vontade, que atua em negócio jurídico. Dentro da autonomia privada, o interessado contrai pessoalmente obrigações e, assim, pratica seus atos da vida civil em geral. Contudo, em uma economia evoluída, há a possibilidade, e muitas vezes se obriga, de outro praticar atos da vida civil no lugar do interessado, de forma que o primeiro, o representante, possa conseguir efeitos jurídicos para o segundo, o representado, do mesmo modo que este poderia fazê-lo pessoalmente.
6.1.1. ART. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
6.1.1.1. Conceito de representação: A representação é a relação jurídica pela qual certapessoa se obriga diretamente perante terceiro, por meio de ato praticado em seu nome por um representante, cujos poderes são conferidos por lei ou por mandato.
6.1.1.1.2. Representante legal: O representante legal é aquele a quem a norma jurídica confere poderes para administrar bens alheios, como o pai, ou mãe, em relação a filho menor (CC, arts. 115, 1.634, V, e 1.690), tutor, quanto ao pupilo (CC, art. 1.747,1) e curador, no que concerne ao curatelado (CC, art 1.774). A representação legal serve aos interesses do incapaz.
6.1.1.1.3. Representante convencional ou voluntário: O representante convencionado é o munido de mandato expresso ou tácito, verbal ou escrito, do representante, como o procurador, no contrato de mandato (CC arts. 115, 653 a 692 e 120, 2a parte).
6.1.2. Art. 116. A Manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
6.1.2.1. Efeitos da representação: A manifestação da vontade pelo representante ao efetivar um negócio em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos jurídicos relativamente ao representado, que adquirirá os direitos dele decorrentes ou assumirá as obrigações que dele advierem. Logo, uma vez realizado o negócio pelo representante, os direitos serão adquiridos pelo representado, incorporando-se em seu patrimônio; igualmente os deveres contraídos em nome do representado devem ser por ele cumpridos, e por eles responde o seu acervo patrimonial.
6.1.3. Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.
6.1.3.1. Anulabilidade de negócio jurídico celebrado consigo mesmo: Se o representante vier a efetivar negócio jurídico consigo mesmo no seu interesse ou por conta de outrem anulável será tal ato, exceto se houver permissão legal ou autorização do representado.
6.1.3.2. Consequência jurídica do substabelecimento: Se, em caso de representação voluntária, houve substabelecimento de poderes, o ato praticado pelo substabelecido reputar-se-á como tendo sido celebrado pelo substabelecente, pois não houve transmissão do poder, mas mera outorga do poder de representação. É preciso esclarecer que o poder de representação legal é insuscetível de substabelecimento. Os pais, os tutores ou os curadores não podem substabelecer os poderes que têm em virtude de lei.
Note-se que é uma exceção, haja vista que, regra geral, o mandatário (representante), não pode atuar em seu próprio interesse, não lhe sendo lícito celebrar contrato consigo mesmo, ainda que não exista conflito de interesse.
Exemplo: "A" outorga procuração para "B", para que esse realize a venda de sua casa. Ocorre que "B" se interessa pelo imóvel e decide adquiri-lo. A celebração do contrato de compra e venda e, da respectiva escritura envolverá apenas uma pessoa: "B", que, de um lado, estará representando "A" e, de outro, os seus próprios interesses.
Em sendo esse o caso, deve-se compreender que, embora fisicamente haja uma única pessoa, são duas as manifestação de vontade, uma, como representante e a outra, como parte do negócio jurídico celebrado.
6.1.4. Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
6.1.4.1. Necessidade de comprovação da qualidade de representante e da extensão dos poderes outorgados: Como os negócios jurídicos realizados pelo representante são assumidos pelo representado, aquele terá o dever de provar àqueles, com quem vier a tratar em nome do representado, não só a sua qualidade, mas também a extensão dos poderes que lhe foram conferidos, sob pena de, não o fazendo, ser responsabilizado civilmente pelos atos que excederem àqueles poderes.
6.1.5. Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
Conflito de interesses existente entre representante e representado: Se, porventura, o representante concluir negócio jurídico, havendo conflito de interesses com o representado, com pessoa que devia ter conhecimento desse fato, aquele ato negocial deverá ser declarado anulável.
Prazo decadencial para anulação de ato efetuado por representante em conflito de interesses com o representado: Pode-se pleitear anulação do negócio celebrado com terceiro, pelo representante em conflito de interesses com o representado, dentro de cento e oitenta dias, contados da conclusão do negócio jurídico ou da cessação da incapacidade do representado.
Papel do curador especial: Havendo conflito de interesses entre representado e representante, os atos negociais deverão, para ser válidos, se celebrados por curador especial.
Exemplo. Represente que exorbita na pratica dos seus poderes outorgados pelo Representado (outorgante), dilapidando o patrimônio deste último, cabendo a este pleitear-se a anulação dos atos prevista neste artigo no prazo de 180 dias.
 
6.1.6. Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.
6.1.6.1. Normas disciplinadoras dos efeitos e dos requisitos da representação: Os requisitos e os efeitos da representação legal regem-se pelos arts. 1.634, V, 1.690, 1.747, I e 1.774 do Código Civil e os da representação voluntária pelos arts. 653 a 692 do Código Civil, alusivos ao contrato de mandato.
Representar, portanto, é agir em nome de outrem. Quem age em nome de outrem sem poderes pratica ato nulo ou anulável.
Caso Concreto
Popularmente é comum ouvirmos a expressão: “pago quando puder”. Esta expressão aposta em um negócio jurídico caracteriza: condição, termo ou encargo? Justifique em no máximo cinco linhas indicando qual é a consequência deste tipo de cláusula para o negócio jurídico.
 
Gabarito: Trata-se a expressão de condição simplesmente potestativa e, quando aposta em negócios jurídicos uma vez que subordinam a obrigação à cláusula ‘si volam’ é considerada abusiva e, portanto, nula de pleno direito.
 
OBS > A expressão “pago quando puder“ caracteriza a condição no negócio jurídico, pois subordina o evento à um futuro incerto. Nesse caso, a condição se caracteriza do tipo puramente potestativa, quando a manifestação volitiva (relativo a vontade) fica ao arbítrio de uma das partes, por isso é ilícita. A condição puramente potestativa é caracterizada pela existência da cláusula “si volam” ou “se eu quiser”, o que significa dizer: “faço se eu quiser”.
Desse modo, esta condição retira a seriedade do negócio, sendo uma cláusula ilícita e que nega validade ao próprio negócio jurídico.
Questão objetiva 1
(TJRN 2012) Os negócios jurídicos, para sua validade, dependem de agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. A manifestação da vontade é essencial para os negócios jurídicos, assim: 
I. Os negócios jurídicos celebrados por relativamente incapaz podem ser confirmados. 
II. A reserva mental feita pelo autor e desconhecida do destinatário deve ser considerada na interpretação do negócio jurídico. 
III. O silêncio de uma das partes sempre implica na anuência ou concordância. 
IV. Ao se interpretar um negócio jurídico importa mais a real vontade dos declarantes do que o sentido literal da linguagem escrita. 
Assinale a alternativa correta: 
A ( ) As assertivasI e IV estão corretas.
B ( ) As assertivas II, III e IV estão corretas.
C ( ) As assertivas I e III estão corretas.
D ( ) Apenas a assertiva IV está correta.
Gabarito: A - art. 172 e 112, CC
Questão objetiva 2
(TJRO 2012) Podem compor o negócio jurídico a condição, o termo e o encargo. No entanto: 
A ( )    O negócio jurídico se invalida se subordinado a uma condição ilícita. 
B ( ) Quando um negócio jurídico é subordinado à termo inicial, a aquisição do direito fica suspensa até a sua implementação. 
C ( )    Se ao negócio for aposto um encargo, o exercício e a aquisição do direito ficam suspensos até que seja cumprido, independentemente de ser ou não imposto como condição suspensiva. 
D ( )   As condições impossíveis invalidam o negócio jurídico se resolutivas, e tem-se como inexistentes quando suspensivas.
Gabarito: A - art. 123, CC
Brasília, DF,
Prof. René Dellagnezze
 
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