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NOÇÃO DE TERRITÓRIO

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NOÇÃO DE TERRITÓRIO
O conceito de território ultrapassa inegavelmente a dimensão material e objectiva consubstanciada no espaço físico e no elemento de suporte de actividades humanas. Ele assume-se como uma realidade multifacetada e abrangente, em constante mutação e evolução.
O inafastável conceito: “limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efectivo e exclusivo o poder de império sobre pessoas e bens” (SILVA, 2001);
Ou “porção do espaço geográfico onde são projectadas relações de poder, que geram uma
apropriação e um controle sobre este espaço, independentemente se ele é ou não territorializado por um ou mais agentes” (MMA, 2003)
Gestão do território = papel do Estado
A singularidade do território demarca-se em função de uma identidade construída pela interacção ente o suporte bio-geofísico e a sua transformação sucessiva pelas comunidades que o moldam e adaptam à medida da sua forma de viver, do seu nível de evolução tecnológica e das suas necessidades e aspirações individuais.
O território deve, também, ser analisado enquanto alvo do processo de ordenamento. Para se alcançar um patamar de entendimento do território é necessário o conhecimento da actual realidade sócio-territorial, da sua história, das ideias ou intenções subjacentes. Constitui factor decisivo, para o sucesso das políticas de ordenamento do território e sua implementação concreta, a percepção e conhecimento global e sintetizado do espaço sobre o qual estas vão incidir.
A palavra território é usada com múltiplos sentidos e por diversas ciências. No sentido comum, o termo pode referir uma porção de espaço, não necessariamente bem delimitado e identificado, apropriado por pessoas ou animais. (Alegria 2005). O sentido polissémico da palavra é evidente, o que tem levado a utilizações confusas, mesmo no meio científico.
Marivonne Le Berre (1994) apresenta a seguinte definição de território: porção da superfície terrestre apropriada por um grupo social com a finalidade de assegurar a sua reprodução e a satisfação das suas necessidades.
Desta definição podem extrair-se algumas ilações:
O território é um pedaço mais ou menos extenso da superfície terrestre, com uma dada localização e características naturais que lhe conferem certa especificidade, devida à posição em latitude e longitude, ao clima, à distribuição de terras e mares, relevo, solo, distância a outros lugares, etc.;
Qualquer território resulta de um processo de apropriação de um dado pedaço da terra pelos grupos que o habitam. Essa apropriação pode ficar marcada por lutas mais ou menos violentas com outros grupos sociais que reivindicam direitos sobre o mesmo território. Pode resultar de um processo histórico de descoberta e ocupação, de que resultam certas áreas de extensão delimitada, apropriadas pelos habitantes;
A manutenção do território exige certos tipos de intervenção, de organização territorial, que pode ser entendida como o conjunto de acções de um grupo social, com o objectivo de manter alguma estabilidade e conseguir um uso perdurável do espaço que ocupa;
Cada geração herda territórios específicos que organiza de acordo com determinadas práticas territoriais, necessidades, intenções; o território não é estático e imutável.
O PLANEAMENTO TERRITORIAL
Planeamento, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (2005), é definido como: “a acção ou efeito de planear ou de planificar; trabalho de preparação para qualquer empreendimento, no qual se estabelecem os objectivos, as etapas, os prazos e os meios para a sua concretização.”
Planear é prever necessidades, definir objectivos, estabelecer programas e implementar projectos, numa atitude de reajustamentos sucessivos, de acordo com determinadas previsões e vontades em diversos domínios.
O seu objectivo é o de preparar soluções para o desenvolvimento do espaço humanizado, das comunidades locais e regionais, com propostas para a localização das componentes urbanas e das redes infra-estruturais, de forma coordenada, tanto em termos endógenos como exógenos, e de proceder à gestão do processo.
De acordo com Lopes (2002), o planeamento tem que ser pensado compreendendo a estrutura das ocupações humanas: a sua diversidade, as suas inter-relações e interacções, e a complexidade das razões que justificam cada uma delas.
Para Reigado (2000), planeamento é “um processo de análise (do passado e do presente) de antecipação ao futuro, de programação, de acção/execução, de controlo, de correcção e de avaliação dos resultados”. 
Neste sentido, e ainda segundo este mesmo autor, algumas das características mais importantes do processo de planeamento são:
É feito de tempo;
 É participativo e iterativo;
Tem ordenação lógica, as etapas são relacionadas entre si e integradas mas, sempre com carácter flexível;
Processo estratégico de escolha;
A flexibilidade e a fixação têm de andar lado a lado;
Criação, tratamento e troca de informação;
Aprendizagem, amadurecimento e interrogações constantes;
É cognitivo pois encontra respostas nas dúvidas que surgem.»
Ainda na óptica do mesmo autor, “o planeamento na sua visão mais restrita e tradicional, é uma via para alcançar os objectivos do ordenamento do território e do desenvolvimento sustentável, mediante um conjunto de actividades que detalham aqueles objectivos no espaço e no tempo, geram, avaliam, e seleccionam as diferentes alternativas possíveis para os alcançar, definem os meios necessários e a programação da sua utilização e exercem o controlo e a gestão da execução das acções definidas.
O processo de planeamento é, por isso mesmo, uma actividade contínua, cíclica e deliberada, prescritiva e prepositiva, ligada às decisões e acções, que envolvem julgamentos de valor, face a normas ou “standards” de referência que permitem avaliar a sua eficácia” (Alves 2001).
Sendo o planeamento operativo, o instrumento utilizado é o plano, que concretiza num dado momento, todas as opções e compromissos sobre o que se pretende para uma determinada área. No plano, elaboram-se quadros estratégicos e de diálogo, definidos pelos objectivos do ordenamento do território, para o lançamento de projectos e condicionamento dos seus programas. 
Nesta perspectiva, o conceito de planeamento, consiste na definição de uma estratégia de intervenção com vista a alcançarem-se objectivos de ordenamento, concretizáveis através de projectos e acções (Pardal e Costa Lobo 2000).
O planeamento deve proceder à implementação dos planos de acordo com princípios de justiça e razoabilidade, equilibrando direitos e deveres, seguindo um processo democrático participado sem interrupção e actuando a tempo, se possível antecipando-se às evoluções através da adopção de estratégias adhoc e apoiando-se em instituições competentes, legislação própria e urbanistas, trabalhando em equipas multidisciplinares e recorrendo a consultas sectoriais quando necessário (Condesso 2005).
Objectivos do Planeamento territorial
Tendo como objectivo genérico o desenvolvimento sustentado do tecido urbano, o planeamento territorial encontra-se associado a três grandes objectivos:
Melhorar a qualidade de vida da população, com especial atenção para as camadas mais desfavorecidas;
Assegurar a qualidade de vida tanto para as populações vindouras como para as populações que residem fora desse aglomerado urbano, o que passa por reduzir os impactes negativos das cidades sobre as áreas geográficas próximas e sobre o globo em geral; e
Preservar os recursos naturais e apoiar todas as formas de vida

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