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Introdução às espermatófitas O próximo grande grupo de plantas a surgir, depois das criptógamas (briófitas e pteridófitas), foram as fanerógamas (ou espermatófitas). Nas espermatófitas a reprodução ocorre por alternância de gerações heteromórficas. Alternância de gerações = ciclo de vida composto por uma fase esporofítica (2n) e uma fase gametofítica (n). Nas espermatófitas, a fase esporofítica é dominante. heteromórficas = o esporófito é diferente do gametófito. Esporófito (2n) Esporos (n) Gametófito (n) Embrião (2n) Gametas (n) Nas espermatófitas a unidade de dispersão é a semente e neste grupo também há a formação do tubo polínico. Semente: apomorfia que permitiu o domínio das espermatófitas. O óvulo depois de fecundado se desenvolve em semente, que protege o embrião, carrega nutrientes em seu interior, facilita a dispersão e é capaz de dormência (manutenção do embrião vivo até que haja condições favoráveis para germinação). Tubo polínico: é o alongamento do grão de pólen em direção ao óvulo, fazendo um caminho para que o gameta masculino, no interior do grão de pólen, fecunde o gameta feminino, no interior do óvulo. Ao chegar na superfície do óvulo, o grão de pólen começa a desenvolver o tubo polínico: no interior do grão de pólen há duas ou mais células, sendo que uma delas orienta o crescimento do tubo polínico em direção ao interior do óvulo e a outra, de fato, é responsável pela fecundação. A figura representa o crescimento do tubo polínico em uma gimnosperma: a célula da ponta orienta o crescimento do tubo. Quanto o tubo atingir a oosfera, os gametas masculinos passarão por este canal e a fecundarão. O surgimento do tubo polínico é muito importante, pois eliminou a dependência de água para fecundação. Gimnospermas Apresentam óvulo e semente, porém, ao contrário das angiospermas, elas não formam flores e nem frutos para abrigarem suas sementes – o nome do grupo refere-se ao fato de suas sementes serem nuas (gimnos = nu, sperma = semente). Apresentam fase esporofítica dominante e fase gametofítica reduzida e dependente e se reproduzem por alternância de gerações sem a dependência de água devido ao surgimento do tubo polínico. As gimnospermas são o primeiro grupo a ocorrer como grandes árvores. Ao olharmos uma árvore de uma gimnosperma, estamos olhando para o esporófito, que é a fase de vida dominante, enquanto o gametófito é reduzido. O esporófito produz esporos por meiose, que originam gametófitos. Os gametófitos originam gametas, que desenvolvem o embrião após a fecundação. Por fim, o embrião se desenvolve no esporófito, completando o ciclo. As gimnospermas apresentam folhas férteis modificadas para reprodução chamadas esporofilos. O prefixo mega indica que a estrutura é feminina, enquanto que micro indica que a estrutura é masculina. Ou seja: Megasporófilos: folhas modificadas para reprodução do sexo feminino Microsporófilos: folhas modificadas para reprodução do sexo masculino As gimnospermas não possuem flor. Nelas, os esporofilos estão organizados em estróbilos. O estróbilo é uma estrutura rígida, não chamativa e frequentemente lenhosa. Nas gimnospermas, a planta pode ser monoica, produzindo estróbilos masculinos e femininos ou dioica, produzindo estróbilos de apenas um sexo. O indivíduo monoico adulto (esporófito) produz estróbilos masculinos e femininos. Ou seja: Estróbilo feminino: megastróbilo Estróbilo masculino: microstróbilo O estróbilo é o conjunto de esporofilos. Cada esporofilo possui: esporângio, que sofre meiose formando esporos. Esses esporos não são mais iguais para os dois sexos: o esporo feminino que dará origem ao gametófito feminino é maior do que o masculino. Os esporos se desenvolvem nos gametófitos e estes originam os gametas. Da mesma forma: Esporângio feminino: megasporângio, que forma os megasporos, que originam megagametófitos que armazenam o gameta feminino. O megasporângio é protegido pelo óvulo. Atenção: o óvulo não é o gameta feminino. Esporângio masculino: microesporângio, que forma os micrósporos, que se desenvolvem em microgametófitos, que armazenam os gametas masculinos. Analisando o indivíduo como um todo (esporófito): *leia observando o quadro no final. Esporófito produz megastróbilo que é formado por megasporófilos que abrigam megasporângios, que são protegidos pelo óvulos. O megasporângio gera o megasporo, que se desenvolve em megagametófito, que produz oosfera (gameta feminino). Atenão: óvulo é diferente de oosfera. Esporófito produz microstróbilo que é formado por microsporófilos que abrigam microsporângios. O megasporângio gera o micrósporo, que se desenvolve em microgametófito, que produz o núcleo espermático (gameta masculino). Observe que o gametófito é tão reduzido que nem sai de dentro do esporângio! Esporófito (2n) Esporos (n) Gametófito (n) Embrião (2n) Gametas (n) Grão de pólen Megagametófito Tubo polínico Megasporângio Núcleos espermáticos Óvulo Célula vegetativa Oosfera Tradicionalmente as gimnospermas formavam um grupo parafilético, pela ausência de características que unem os grupos. Outras hipóteses sustentam Gimnospermas como grupo monofilético. As ordens que compõem Gimnosperma são: Cycadales, Ginkgoales, Pinetales e Gnetales. 1. ORDEM CYCADALES Família Cycadaceae Folhas pinadas, lembrando as palmeiras. Os microsporofilos estão organizados em um microstrobilo, já a parte feminina possui os megasporofilos não organizados em estróbilo. Os gametas masculinos são flagelados e dependentes de água. Os indivíduos são dioicos (plantas masculinas e femininas). A polinização é através de besouros (cantarofilia). O megasporofilo produz uma semente grande e brilhante e o embrião possui dois cotilédones. 2. ORDEM GINKGOALES Família Ginkgoaceae Constituída por apenas uma espécie: Ginkgo biloba Os indivíduos desta espécie são árvores de até 30m e são decíduas (perdem suas folhas em determinada estação do ano). Suas folhas possuem forma de leque com nervação dicotômica. Os indivíduos são dioicos. Os gametas masculinos são multiflagelados e dependentes de água e o crescimento do tubo polínico é haustorial (o tubo cresce como se estivesse parasitando). O embrião é constituído de dois ou três cotilédones. O megastróbilo possui dois óvulos carnosos, alaranjados e odoríferos, com importância medicinal. O microstróbilo é semelhante a uma inflorescência em cacho. 3. ORDEM PINALES São as árvores vulgarmente chamadas de coníferas, onde seus estróbilos são chamados de cones. O megasporófilo é geralmente lenhoso e associado a brácteas (estéreis). Família Pinaceae Maior família de Gimnospermas com 11 gêneros e 220 espécies. A maioria das espécies de Pinaceae são nativas de áreas temperadas e algumas são comerciais (indústria madeireira), como Pinus e Cedrus. Ocorrem como árvores que podem alcançar 100 metros, raramente arbustos. Os indivíduos são monoicos (possuem microstróbilo e megastróbilo). Cada escama do megastróbilo é composto por duas sementes aladas. A polinização ocorre pelo vento (anemofilia), o tubo polínico é completo, tornando a fecundação independente de água, porém da polinização até a fecundação pode levar 1 ano. O embrião é composto de 3 a 24 cotilédones. Família Araucariaceae Possui apenas 3 gêneros com 41 espécies. Gênero Araucaria mais comum no hemisfério Sul. Seus indivíduos são monoicosou dioicos, dependendo da planta. Megasporofilo composto por apenas um óvulo, sendo este internalizado por brácteas que se soldam, formando o pinhão. O tubo polínico é completo. São resiníferas, fornecem a resina fóssil chamada âmbar. Família Podocarpaceae Os gêneros mais diversos são Podocarpus e Dacrydium, sendo que Podocarpus apresenta 3 espécies nativas no Brasil. Essa família cotem a única gimnosperma parasita, pertencente ao gênero Parasitaxus. Ocorrem como árvore ou arbusto, sendo dioicas (raramente monoicas). Apresenta um óvulo por megasporófilo e o tubo polínico é completo. Apresenta cobertura carnosa ao redor da semente, com estróbilo não lenhoso. Família Cupressaceae Gêneros importantes como Cupressus, Thuja, Taxodium e Sequoia. Sequoia giganteum são as são as maiores árvores conhecidas. Industrialmente são aromáticas, ornamentais e madeireiras. Apresentam folhas escamiformes espiraladas ou alternas cruzadas. São monoicas e possuem de 2 a 15 cotilédones. Apresentam desenvolvimento do tubo polínico completo. Megastróbilo chamado de glábula. Família Taxaceae São mais comuns no hemisfério norte. O gênero Taxus fornece taxol, uma substância comprovadamente anticancerígena. São monoicas e díclinas. (monoica = apresenta os dois sexos na mesma planta / díclina = cada estróbilo tem um sexo). O grão de polen apresenta uma adaptação a anemofilia (dispersão pelo vento): possui dois sacos aéreos na parede do grão. O tubo polínico é completo. O estróbilo não é lenhoso, e a semente apresenta cobertura carnosa ao redor, mas não forma fruto. Também pode ser dispersada por pássaros. 4. ORDEM GNETALES Apresenta características compartilhadas com as angiospermas como a presença de elementos de vaso no lenho e dupla fecundação. Família Gnetaceae Possui apenas o gênero Gnetum, com cerca de 30 espécies. São consideradas o elo entre gimnospermas e angiospermas. Suas sementes apresentam envoltórios carnosos mas não forma fruto e algumas espécies ocorrem na Amazônia. São trepadeiras ou árvores com folhas com nervação peninérvea. Família Ephedraceae Arbustos muito ramificados, com folhas escamiformes e caule fotossintetizante. É medicinal, fornecendo a substância efedrina, que atua como vasoconstritor. Família Welwitschiaceae Composta por apenas uma espécie: Welwitschia mirabilis, endêmica da África. Apresenta um caule lenhoso, mas muito curto e não ramificado. Possui apenas duas folhas que persistem por toda a vida da planta, que pode chegar a 100 anos. As folhas apresentam tecido meristemático basal permanente que permite com que elas cresçam até dois metros de comprimento. Introdução às Angiospermas São o próximo grande grupo de espermatófitas a surgir depois das gimnospermas. Ao contrário das gimnospermas, as angiospermas são marcadas pelo surgimento de duas estruturas únicas deste grupo: flores abrigando as estruturas reprodutivas e frutos abrigando as sementes. O nome do grupo refere-se ao fato de suas sementes serem protegidas por fruto (angio = bolsa, sperma = semente). A fase de vida predominante ainda é o esporófito e o gametófito é ainda mais reduzido. Assim como nas gimnospermas, os gametófitos originam gametas, que desenvolvem o embrião após a fecundação. A fecundação é dupla, levando à formação de um tecido de reserva de nutrientes chamado endosperma triploide. Por fim, o embrião se desenvolve no esporófito, completando o ciclo. Este é o ciclo de vida de todas as espermatófitas. As angiospermas apresentam elementos de vaso no xilema ao invés de traqueídes e também possuem elementos de tubo crivado e células companheiras no floema, todos provenientes de uma única célula mãe. O grupo anterior (gimnosperma) não possui estruturas especializadas na proteção de suas partes reprodutivas, por isso seus óvulos ficam expostos. Já nas angiospermas, ao longo da evolução, as margens do megasporófilo se dobraram e se fundiram para proteger os óvulos, formando a estrutura chamada carpelo. Já o microsporófilo se modificou para sustentar e abrigar os grãos de pólen, formando a estrutura chamada estame. Então: Megasporófilo se fundiu, permitindo o desenvolvimento dos óvulos dentro de um espaço fechado e protegido, chamado carpelo. O ovário pode ser constituído de uma ou mais folhas carpelares. O ovário também possui um prolongamento chamado estilete que apresenta uma extremidade diferenciada que recebe o grão de pólen chamada estigma. Microsporófilo se modificou em estame, uma estrutura composta por uma extremidade que abriga os grãos de pólen (antera) e um cabo sustentador da antera (filete). AGORA AS ESTRUTURAS REPRODUTIVAS ESTÃO INSERIDAS NA FLOR. Como vimos, de modo geral, as diferenças entre gimnospermas e angiospermas são: As sementes são protegidas por fruto; As estruturas reprodutivas são os estames e os carpelos e estão inseridas na flor; O gametófito é ainda mais reduzido; Dupla fecundação formando endosperma triploide; Presença de elementos de vaso no xilema; Elementos de tubo crivado e células companheiras no floema, todas oriundas de uma célula mãe. As angiospermas formam um grupo monofilético. Tradicionalmente, as angiospermas eram divididas em dois grandes grupos: monocotiledôneas e dicotiledôneas. Porém, as angiospermas basais não formam um grupo monofilético. As angiospermas são dispostas atualmente em basais (grado ANITA e clado das magnolídeas) nas monocotiledôneas, compostas por um clado chamado comelinídeas e eudicotiledôneas, que incluem dois grandes grupos, as rosídeas e as asterídeas, além de outras ordens. As rosídeas são compostas, ainda, pelas fabídeas e pelas malvídeas. Já as asterídeas são compostas por euasterídeas I (lamídeas) e euasterídeas II (campanulídeas). Não existem mais as chamadas “dicotiledôneas”. As relações entre as angiospermas não- monocotiledôneas e não-eudicotiledôneas foram esclarecidas por estudos recentes: as angiospermas basais não formam um grupo monofilético, e sim um conjunto de linhagens e tentativas anteriores de incluí-las em uma superordem geram confusão. Portanto elas são compostas por dois grupos: o grado ANITA e o clado das magnolídeas. Resumindo: Angiospermas: Angiospermas basais – Grado ANITA e Magnolídeas Monocotiledôneas – Comelinídeas e outras ordens Eudicotiledôneas – Rosídeas (fabídeas e malvídeas) e Asterídeas (Euasterídeas I e II) AS CHAMADAS “DICOTILEDÔNEAS” NÃO EXISTEM MAIS! Angiospermas basais A julgar pela distribuição dos caracteres, as flores das primeiras angiospermas devem ter sido trímeras, radiais, bissexuais e hipóginas (ovário súpero), com numerosas estruturas reprodutivas livres. Nas angiospermas basais não há diferenciação do perianto – pétalas e sépalas não se diferenciam, sendo chamadas de tépalas. Os estames apresentam deiscência longitudinal e pouca diferenciação entre antera e filete. As margens dos carpelos são soldadas por secreção – as margens não se fundem totalmente. Angiospermas basais: Perianto não diferenciado (tépalas); Muitos estames e muitos carpelos livres entre si; Flores trímeras; Angiospermia por secreção; Peças florais espiraladas ou em verticilos de três; Tipos de angiospermia (soldadura das margens dos carpelos): 1. Por secreção 2. Por fusão parcial e um contínuo canal de secreção 3. Por um canal de secreção parcial e completa fusão dos carpelos; 4. Por completa fusão dos carpelos.1. GRADO ANITA É um grupo de ordens que não formam um grupo monofilético, mas sim um agrupamento não coeso: um grado. Ordem Nympheales Família Nymphaeceae (Vitória-régia, cabomba, ninfeias) São ervas aquáticas com caule e ramos com aerênquima (para flutuação) e folhas com pecíolos longos. As flores são monoclinas, com tépalas petaloides em número de 4 a muitas. Androceu com estames numerosos e presença de estaminódios nos ciclos externos. Carpelos em número de 3 a muitos e fruto geralmente do tipo baga. 2. CLADO DAS MAGNOLÍDEAS É um grupo de ordens que compõe um grupo monofilético: um clado. Ordem Magnoliales Família Annonaceae (fruta do conde, graviola, araticum) Árvores com flores actinomorfas de cálice e corola geralmente carnosos e trímeros, com 3 sépalas e 6 pétalas, estas dispostas em dois ciclos. Estames e carpelos numerosos, livres e dispostos espiraladamente. Anteras pouco diferenciadas do filete. Fruto sincárpico, pseudo-sincárpico ou apocárpico. Ordem Laurales Família Lauraceae (abacate, canela, louro) Flores pequenas reunidas em inflorescências axilares. Apresenta óleos aromáticos e nectários na base dos filetes. Estames em número de 3 a 12 pareados. Geralmente 3 estames internos reduzidos a nectários ou estaminódios produtores de odor. Anteras valvares. Ovário súpero, unicarpelar e uniovular, originando um fruto do tipo drupa com receptáculo persistente. Folhas simples, alternas espiraladas, sem estípula. 6 tépalas (3 externas e 3 internas). Ordem Piperales Família Piperaceae (jaborandi, pimenta do reino) Caule nodoso, inflorescência em espiga espessa e densamente coberta pelas flores. Flores monoclinas ou díclinas, aclamídeas com brácteas mas sem pétalas nem sépalas. Fruto geralmente drupa. Família Aristolochiaceae Plantas herbáceas. As flores são monoclamídeas, apresentando tépalas unidas, dando à flor um aspecto de “S” ou cachimbo (zigomorfas). Ovário ínfero. Monocotiledôneas Seguindo a evolução, é o próximo grupo após às angiospermas basais. As monocotiledôneas formam um grupo monofilético, onde as sinapomorfias do grupo são: Sistema vascular atactostélico: feixes vasculares esparsos (dispersos, e não reunidos); Folhas com nervação paralelinérvea e bainha; Raízes fasciculadas (em cabeleira); Presença de um cotilédone no embrião; Características gerais do grupo: hábito geralmente herbáceo, pólen geralmente monossulcado, presença de brácteas. Ordem Alismatales Família Araceae (copo de leite, antúrios) São ervas terrestres ou epífitas, raramente aquáticas. Apresentam látex e ráfides de oxalato de cálcio. Folhas pecioladas com limbo expandido e filotaxia alterna. Inflorescência em espádice com uma bráctea grande e vistosa chamada espata. Flores monoclinas ou díclinas, tépalas em número de 4 a 6 ou ausentes. Ovário súpero. Fruto baga. Os filetes são unidos (sinândrio). São utilizadas como ornamentais ou podem ser usados na alimentação como no caso do inhame. Ordem Asparagales Família Orchidaceae Segunda maior família de angiospermas com 775 gêneros e 20 mil espécies com distribuição cosmopolita. São ervas perenes, muito frequentemente epífitas com rizomas, raízes tuberosas ou pseudobulbos. As raízes apresentam uma cobertura de epiderme pluriestratificada chamada velame, um tecido de revestimento esbranquiçado. As flores são zigomorfas e ressupinadas (sofreram uma torção de 180º durante o desenvolvimento). Apresentam 3 tépalas externas e 3 internas (alguns classificam como sépalas e pétalas), sendo a tépala mediana interna altamente modificada, recebendo o nome de labelo. Um ou dois estames (raramente três), sendo estes unidos ao gineceu formando a coluna ou ginostêmio. O estigma apresenta uma parte não receptiva chamada rostelo. Tricarpelar, ovário ínfero. Dentro das monocotiledôneas há um grupo monofilético – o clado das comelinídeas: Ordem Arecales (apenas uma família) Família Arecaceae ou Palmae (palmito, coco) Caule monopodial, raramente ramificado. Ápice com grande meristema apical (palmito). Folhas mais frequentemente compostas pinadas, inteiras na fase inicial, mas se dividindo ao longo do desenvolvimento e formando numerosos folíolos. Inflorescência com flores sésseis, trímeras, radiais e frequentemente díclinas. Cálice não diferenciado da corola (tépalas escamiformes). Androceu com 3 a 6 estames, gineceu com geralmente 3 carpelos, um óvulo por carpelo e ovário súpero. Uma bráctea ou mais muito evidente, sendo chamada de espata. Fruto drupa carnosa ou fibrosa, raramente baga. Endocarpo pétreo, mesocarpo fibroso e epicarpo liso/escamoso/com espinhos. Ordem Poales Família Bromeliaceae Família neotropical com apenas uma espécie na África. Ervas perenes, terrestres ou epífitas com grande capacidade de sobrevivência em diferentes hábitats. Presença de tricomas especializados (importante sinapomorfia da família) para absorção de água e nutrientes. As folhas são rosuladas e apresentam bainhas amplas formando um tanque para reserva de água chamadas de rosetas. Essas características reduzem as raízes apenas à função fixadora. Inflorescência com brácteas vistosas e coloridas, podendo superar a roseta foliar ou ficar inserida nela. Flores monoclinas, diclamídeas, ovário súpero ou ínfero. Estigma espiral-conduplicado (outra sinapomorfia da família). Família Poaceae ou Gramineae (trigo, aveia, milho, arroz (grãos) e cana de açúcar). Família cosmopolita compondo aproximadamente 20% de toda cobertura vegetal do planeta, determinando grandes formações vegetais. Ervas perenes com caule do tipo colmo (fistuloso ou cheio). As folhas apresentam lâmina, bainha e lígula. Inflorescência em espigueta composta por um eixo central chamado ráquila, na qual se inserem as duas glumas, seguidas dos antécios, em disposição altero-dística. O antécio é formado de lema, pálea e flósculo. O flósculo apresenta uma base chamada lodículo. Acima do lodículo encontra-se o ovário (súpero), com dois estigmas plumosos e três estames. Fruto cariopse com uma semente (ligada a parede do pericarpo em toda sua extensão), embrião com cotilédone modificado posicionado lateralmente. . 1. Inflorescência 2. Antécio 3. Flósculo Família Cyperaceae (papiro, tiririca) Caule triangular, inflorescência em espigueta com uma só bráctea na base. Fruto do tipo aquênio (semente ligada à parede do pericarpo por apenas um ponto). Perianto ausente ou reduzido a escamas, tricomas ou aristas. Ovário unilocular e uniovular, com placentação basal. Eudicotiledôneas As eudicotiledôneas são também monofiléticas e, dentre as sinapomorfias que as sustentam, encontramos pólen tricolpado ou modificações a partir desse tipo básico (condições derivadas), a presença de dois cotilédones no embrião e sequências de DNA. Eudicotiledôneas incluem dois grandes grupos, as rosídeas e as asterídeas, além de outras ordens. As rosídeas são compostas, ainda, pelas fabídeas e pelas malvídeas. Já as asterídeas são compostas por euasterídeas I (lamídeas) e euasterídeas II (campanulídeas). Dicotiledôneas não existem mais! Outras características do grupo: Flores cíclicas em verticilos alternados; Filetes delgados com antera diferenciada; Gineceu com completa fusão pós-genital; Receptáculo em forma de prato; Ausência de óleos essenciais. 1. EUDICOTILEDÔNEAS ROSÍDEAS 1.2 CLADO FABÍDEAS Ordem Malpighiales Família Euphorbiaceae (seringueira, mandioca, mamona) Presença de lactíferos (canais produtores de látex). Arbustos, árvores, ervas ou trepadeiras, as vezes com aspecto de cactos. Folhas simples alternas, raramente compostas, como no caso da seringueira. Planta monoica ou dioica com flores díclinas. Carpelos com disco nectarífero. Inflorescência cimosa, racemosa ou ciátio (flor feminina com flores masculinas ao seu redor). Fruto esquizocarpo: seco, proveniente de dois ou mais carpelos unidos, que se separa nos seus elementos constituintes quando maduro, os quais formam outros tantos frutos parciais designados cocas. No caso das Euphorbiaceae, o fruto é tricoca. Ordem Fabales Família Fabaceae ou Leguminosae (feijão, ervilha, soja, amendoim, pau-ferro, flamboyant, pata de vaca, pau-brasil, jatobá) Folhas compostas pinadas ou bipinadas com pulvino. Flor com pétalas e sépalas geralmente pentâmeras, androceu diplostêmone a polistêmone, gineceu unicarpelar e pluriovular com placentação marginal. Fruto geralmente seco, deiscente em duas valvas (legume), ocasionalmente quebrando em segmentos monospérmicos chamados lomentos, ou indeiscentes (samaroides ou drupáceos). Fabaceae é dividida em três sub-famílias: 1. Mimosoideae Folhas bipinadas com flores reunidas em inflorescências congestas, às vezes formando um glomérulo globoso. Pré-floração valvar, onde as pétalas são parecidas com as pétalas e a parte vistosa e atrativa da flor são os estames em grande quantidade. 2. Papilionoideae Flores zigomorfas com perianto papilionáceo. As pétalas recebem nomes especiais: a pétala adaxial e mais externa é o vexilo ou estandarte; as pétalas laterais são as alas; as pétalas abaxiais são as quilhas, unidas distalmente. No botão floral, o vexilo sobrepõe todas as demais pétalas (pré-floração imbricada descendente). 3. Caesalpinoideae Flores zigomorfas com uma pétala adaxial diferenciada (como ocorre no vexilo das papilionoideas), mas com as extremidades laterais sobrepostas: a pétala adaxial é mais interna, por isso a pré-floração é dita imbricada ascendente. Em resumo: Flores com pétalas e sépalas semelhantes com estames numerosos que correspondem à parte atrativa da flor: sub-família Mimosoideae; Flores zigomorfas com estandarte externo devido à pré-floração imbricada descendente (perianto papilionáceo): sub-família Papilionoideae; Flores zigomorfas com pétala adaxial interna devido à pré-floração imbricada ascendente: sub-família Caesalpinoideae. Ordem Rosales Família Rosaceae Importante economicamente: maçã, pêra e morango. Árvores, arbustos ou ervas. Geralmente com estípulas, flores vistosas com hipanto presente (lembre-se que a maçã é um pseudo-fruto porque a parte comestível corresponde ao hipanto desenvolvido). Corola pentâmera, androceu com estames numerosos e filetes livres, androceu uni a pluricarpelar, diali ou gamocarpelar. Família Moraceae (figo, amora) Plantas com látex leitoso, estípulas presentes e geralmente terminais. Inflorescência com um eixo espessado e modificado e flores pequenas e congestas. Flores díclinas com tépalas. Fruto geralmente drupa ou aquênio. Quando o eixo da inflorescência os envolve, desenvolve-se um fruto chamado sicônio. 1.3 CLADO MALVÍDEAS Ordem Myrtales Família Myrtaceae (eucalipto, goiaba, jabuticaba, cravo da índia, jambo, pitanga) Árvores ou arbustos, caule frequentemente com casca esfoliante. Folhas opostas (alternas nos eucaliptos) com pontuações translúcidas (glândulas produtoras de óleos essenciais) e nervura marginal. Flores com 4 a 5 pétalas livres, muitos estames, ovário ínfero. Fruto baga ou drupa (com uma ou muitas sementes) e cálice frequentemente persistente no fruto. Família Melastomataceae Folhas opostas com nervação curvinérvea (3 ou mais nervuras secundárias divergindo na base e convergindo no ápice). Flores com corolas geralmente tetrâmera a pentâmera, com cor característica róseo-arroxeada. Androceu com anteras poricidas com conectivo expandido. Flores sem nectários: a recompensa é pólen coletado pelas abelhas através de vibração. Fruto cápsula ou baga. Ordem Sapindales Família Anacardiaceae (manga, caju, cajá) Folhas compostas alternas compostas e raramente simples, como no caju e manga. Plantas podem apresentar flores femininas e bissexuais no mesmo indivíduo. Flores geralmente díclinas com cálice e corola pentâmeros, androceu com estames isso ou diplostêmones, frequentemente com estaminódios. Na manga e no caju apenas um estame é fértil. Gineceu com ovário frequentemente tricarpelar Ordem Malvales Família Malvaceae (algodão, cacau, cupuaçu, hibisco, baobá, paineira, quiabo) Folhas simples alternas, geralmente serrilhadas. Flores solitárias, vistosas monoclinas, ocasionalmente com andróforo (estames aderidos ao gineceu) e calículo (terceiro verticilo protetor além das pétalas e sépalas). Corola pentâmera, diali, estames isostêmones ou polistêmones (numerosos). Frutos podem ser secos (cápsula) ou carnosos (baga ou drupa). 2. EUDICOTILEDÔNEAS ASTERÍDEAS Ordem Ericales Família Lecythidaceae Árvores. Corola dialipétala, androceu polistêmone com estames funcionais com filetes delgados formando uma “língua” sobre o ovário. Gineceu com ovário ínfero e fruto pixídio. 2.1 EUASTERÍDEAS I (LAMÍDEAS) Ordem Gentianales Família Apocynaceae (alamanda, maria-sem-vergonha, jasmim-manga, asclepias) Folhas simples e geralmente opostas. Geralmente com látex e venenosas, flores actinomorfas, pentâmeras e com pré-floração imbricada. Androceu com estames adnatos à corola. Fruto drupa, baga ou cada carpelo formando um frutículo carnoso ou seco. Família Rubiaceae (ixora, café, jenipapo, gardênia) Ervas, arbustos ou árvores. Folhas simples opostas com estípulas interpeciolares. Flores tubulosas (gamopétalas), actinomorfas, tetrâmeras ou pentâmeras. Presença de disco nectarífero, androceu com estames isostêmones e epipétalos, gineceu com ovário ínferno. Fruto baga, drupa ou cápsula. Ordem Lamiales Família Lamiaceae Ervas e trepadeiras, fornecedoras de óleos essenciais. Folhas simples e opostas, geralmente com tricomas secretores de óleos essenciais. Ramos jovens normalmente quadrangulares. Inflorescências com flores monoclinas, diclamídeas, pentâmeras, gamopétala e gamossépala, bilabiadas e geralmente zigomorfas. Androceu com 2 a 4 estames didínamos com conectivo alongado. Gineceu com ovário súpero e com dois carpelos e 4 lóculos, mas 2 deles formados por falsos septos. Família Bignoniaceae (jacarandá, arrabideae, tabebuia) Folhas compostas, opostas e sem estípulas. Flores monoclinas, gamopétalas e gamossépalas e zigomorfas. Androceu com 4 estames didínamos e 1 estaminódio. Ovário súpero e fruto cápsula (síliqua). Ordem Solanales Família Solanaceae (batata, tomate, berinjela, trombeta, dama-da-noite, tabaco) Ervas, arbustos ou pequenas árvores. Folhas simples alternas. Flores monoclinas, actinomorfas,diclamídeas com cálice e corola geralmente pentâmeros e gamossépala/gamopétala. Androceu com 5 estames epipétalos e anteras rimosas ou poricidas. Gineceu com ovário súpero, bicarpelar, bilocular e pluriovulado. Fruto baga ou cápsula. 2.2 EUASTERÍDEAS II (CAMPANULÍDEAS) Ordem Asterales Família Asteraceae Maior família de angiospermas, com distribuição cosmopolita. Ervas ou arbustos com folhas simples, alternas e, às vezes, muito lobadas. Marcada pela inflorescência em capítulo envolvida por brácteas involucrais e flores dispostas sobre um receptáculo discoide. Flores liguladas ou tubulares, pentâmeras, cálice modificado em pappus, que persiste no fruto (aquênio) auxiliando na dispersão pelo vento. Androceu isostêmone com anteras unidas (sinanteria). Protandria (androceu amadurece antes do gineceu). Gineceu com 2 carpelos, ovário unilocular com apenas um óvulo. Tipos de capítulo: 1. Radiados: flores na periferia – flores do raio = liguladas flores do centro – flores do disco = tubulosas. É o caso do girassol. 2. Discoides: apenas com flores tubulosas, como ocorre no gênero Vernonia. 3. Ligulados: apenas com flores liguladas, como ocorre no gênero Dahlia.
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