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DIREITOS HUMANOS ELISA MOREIRA DPC MG

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1 
 
 
 
2 
 
DIREITOS HUMANOS 
Prof.ª ELISA MOREIRA 
 
PONTO 1. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS DO HOMEM, 
DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS 
 
Direitos do Homem: são aqueles direitos jusnaturais, que já estão com o homem pela simples 
condição de ser ele homem, de ser ele pessoa humana, por ter nascido. O ser humano, portanto, já 
nasce com esses direitos, são inatos e independentes de qualquer condição ou positivação na ordem 
interna ou externa. 
 
Ex.: Direito à vida, que é inato ao ser humano. 
 
Direitos Fundamentais: São aqueles direitos mais importantes ao ser humano, que estão 
positivados no ordenamento jurídico interno. 
 
Ex.: A previsão do direito à vida na Constituição. 
 
Direitos Humanos: São aqueles direitos protegidos na esfera internacional por tratados, pactos, 
acordos ou cartas. Portanto, estão positivados no ordenamento jurídico externo. 
 
Ex.: Proteção à vida no Pacto de San José da Costa Rica. 
 
Muito embora a essência seja a mesma, há a característica da positivação nos direitos fundamentais 
e direitos humanos, sendo os primeiros previstos na ordem interna e os últimos na ordem externa. 
 
PONTO 2. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
Dupla função: UNIFICADORA e HERMENÊUTICA. 
 
a) Unificadora: é o eixo axiológico da Constituição Federal (é inclusive fundamento da República 
Federativa do Brasil – art. 1º, inciso III, CF/88) e a razão de ser dos tratados internacionais sobre 
direitos humanos, no contexto posterior à Segunda Guerra Mundial. Trabalha os valores. 
 
3 
 
 
b) Hermenêutica: inspira e limita a interpretação e a aplicação do direito (p. ex., de nada adianta 
garantir o direito à vida se não houver uma vida digna para o indivíduo. 
 
PONTO 3. GERAÇÕES, DIMENSÕES OU FAMÍLIAS DE DIREITOS HUMANOS 
 
1ª DIMENSÃO (Século XVII – Século XIX): Direitos de LIBERDADE. Passagem do Estado Absolutista 
para o Estado Liberal. Protagonismo do indivíduo, que deve ter, sozinho, a capacidade de 
implementar esses direitos. O Estado deve se abster de agir na esfera privada do indivíduo (não-
fazer estatal). São as liberdades negativas. Expressão-chave: igualdade formal, a igualdade perante 
a lei. 
 
Ex.: direito à vida, à propriedade, ao voto, à nacionalidade etc. 
 
Documentos internacionais: 
- Bill of Rights (Inglaterra - 1689); 
- Declaração de Independência do Estado da Virgínia/ Declaração do Bom Povo do Estado da Virgínia 
(Estados Unidos - 1776); 
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França - 1789). 
 
Documentos no Brasil: 
- Constituição do Império (1824); 
- Constituição da República (1891). 
 
2ª DIMENSÃO (Início Século XX): Direitos de IGUALDADE. Agora, a igualdade não é mais 
meramente formal, mas material (igualdade de fato), que se dá através das liberdades positivas. O 
Estado deverá atuar para a garantia dos direitos do indivíduo (exige o fazer estatal). 
 
Ex.: direito ao trabalho, ao lazer, à educação, à saúde. 
 
Documentos internacionais: 
- Constituição Mexicana (1917); 
- Constituição de Weimar (1919); 
- Tratado de Versalhes (1919). 
 
Documentos no Brasil: 
 
4 
 
- Constituição da Era Vargas (1934). 
 
3ª DIMENSÃO (pós II GM): Direitos de FRATERNIDADE. Os direitos de terceira geração estão ligados 
à ideia de fraternidade ou solidariedade. Esses ideais surgiram após tudo aquilo que fora cometido 
durante a segunda guerra mundial, após todas as atrocidades do regime nazista. Por isso, foi 
necessário que esses abusos fossem repelidos na esfera internacional, em uma ideia de união dos 
Estados. São direitos dos quais a coletividade tem a titularidade, direitos difusos e coletivos, 
transindividuais, que são pertencentes a todas as pessoas independentemente de quaisquer 
condições. 
 
Ex.: autodeterminação dos povos, meio ambiente digno, saudável, proveitoso, direito à paz etc. 
 
Principal documento internacional: 
- Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). 
 
Documentos no Brasil: 
- Constituição de 1946; 
- Constituição de 1988. 
 
ATENÇÃO: A partir da 4ª geração, pode-se dizer que todos os direitos são um desdobramento dos 
demais. Há doutrinadores que falam até mesmo em direitos de 6ª, 7ª, 8ª e 9ª gerações, mas para 
efeitos de prova (primeira etapa), devemos nos ater às três primeiras e conhecer, 4ª, 5ª e 6ª. 
 
4ª DIMENSÃO: Surgiram com a modernidade e a globalização dos DH e são fundados na defesa da 
dignidade humana contra intervenções abusivas, seja do Estado ou de particular. Desenvolvimento 
da Internet. 
 
Ex.: bioética, biodireito, genética, direito à participação democrática (democracia direta), 
pluralismo, acesso à Internet. Lembre-se dos termos pós-modernidade ou globalização. 
 
5ª DIMENSÃO: São os direitos à paz e à segurança internacionais. Lembre-se do termo paz universal. 
Desenvolvimento da Internet (transita entre 4ª e 5º dimensões). 
 
Observação: Paulo Bonavides insere a paz na 5º geração, mas na definição tradicional de Karel Vasak 
o direito à paz estaria na 3ª geração. 
 
 
5 
 
6ª DIMENSÃO: Direito de acesso à água potável. 
 
PONTO 4. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
 
1) Relatividade: Para o STF, os direitos fundamentais não são absolutos e podem ser flexibilizados 
em situações de conflito. O sopesamento ocorre no caso concreto e com base na proporcionalidade 
é possível saber qual direito deve prevalecer. 
 
Ex.: direito à vida flexibilizado em épocas de guerra, aborto permitido legalmente, excludentes de 
ilicitude. 
 
STF X DUDH: A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) entende que existem dois direitos 
absolutos (artigos 4º e 5º da Declaração): proibição à escravidão e proibição à tortura. Todavia, 
lembrar que o STF não reconhece a existência de direitos de caráter absoluto. 
 
2) Universalidade: todas as pessoas são titulares de DH pela simples condição de serem pessoas 
humanas (e isso independe de sexo, nacionalidade, religião, cor, raça, etnia ou qualquer outra 
condição). 
 
Outra análise sobre a universalidade dos DH: a noção de dupla proteção. Estado passa a ter sua 
soberania relativizada, o que permite ao indivíduo que pleiteie perante as instâncias internacionais 
sua proteção em caso de falha do ordenamento interno. 
 
3) Complementariedade: relação de interdependência dos DH. As gerações, dimensões ou famílias 
de direitos humanos (direitos individuais, sociais e difusos) se confundem, fortalecem e 
complementam, não sendo observadas de forma estanque. 
 
4) Historicidade: os DH são fruto de lento processo de evolução e têm grande carga histórica, de 
acordo com as transformações sociais. 
 
5) Indisponibilidade ou Inalienabilidade: ausência de conteúdo econômico dos DH. Não há 
valoração econômica porque, se os DH são universais e, por isso, todos têm os mesmos direitos, não 
existem as noções de oferta e procura, estão fora do âmbito comercial (era diferente na época da 
escravidão, por exemplo). A inalienabilidade é verificada com base na dignidade da pessoa humana 
(têm a característica da inalienabilidade aqueles direitos que resguardam potencialidade e 
autodeterminação humanas, direitos que têm como objetivo a proteção da vida biológica, 
 
6 
 
condições de saúde física e mental e liberdade de tomar decisões com blindagem à coerção 
externa). 
 
6) Essencialidade: os DH são básicos, essenciais e fundamentais ao desenvolvimento da vida com 
qualidade. 
 
7) Imprescritibilidade: os DH não se perdem com o decurso do tempo, não têm prazo, com exceção 
de limitações impostas por tratados internacionais (limitações que estipulam prazos para quedeterminados direitos sejam gozados pelas partes, as ferramentas processuais). 
 
8) Irrenunciabilidade: em regra, os direitos fundamentais não podem ser objeto de renúncia por 
seu titular, pois não importam apenas ao sujeito ativo, como também a toda coletividade. É a 
eficácia objetiva dos direitos fundamentais, que veremos adiante. 
 
O STF admite renúncia excepcional e temporária a direitos como privacidade e intimidade (ex.: 
reality shows em que os participantes renunciam temporariamente a alguns direitos durante a 
exibição do programa). 
 
9) Inexauribilidade: Os DH são inexauríveis. Assim, há a constante possibilidade de ampliação, 
mutação e desenvolvimento dos DH. 
 
10) Vedação do Retrocesso: todas as conquistas alcançadas pelo ser humano em relação ao Estado 
devem ser mantidas, não havendo possibilidade de diminuição da proteção pelo Estado (ex.: 
proibição do restabelecimento da pena de morte no art. 4º do Pacto de São José da Costa Rica). É 
o chamado efeito cliquet (de origem francesa, a expressão faz alusão aos alpinistas, traduzindo-se 
na ideia de que a partir de um ponto da escalada não é possível retroceder, sendo possível apenas 
a subida). 
 
Por outro lado, o Estado invoca a reserva do possível (quando alega que não pode cumprir a 
obrigação porque está impossibilitado, orgânica ou financeiramente, por exemplo). Todavia, 
devemos ter em mente que a reserva do possível pode ser utilizada para o não cumprimento, mas 
não para permitir ao Estado a violação, o que será analisado e decidido pelo Poder Judiciário caso a 
caso. 
 
PONTO 5. DIMENSÕES SUBJETIVA E OBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
7 
 
Dimensão subjetiva: É a imposição jurídica do indivíduo em relação ao Estado, o que é feito de duas 
formas: a uma, exige do Estado uma atuação negativa, de não intervenção (Estado mínimo); a duas, 
exige uma prestação positiva (Estado social de direito). É a dimensão relativa aos sujeitos. Portanto, 
diz respeito aos direitos de proteção (negativos) e de exigência de prestação (positivos) por parte 
do indivíduo em face do poder público (perspectiva subjetiva). 
Dimensão objetiva: Década de 50 (Tribunal Constitucional Alemão). Traz a ideia de que nenhum 
ramo do direito pode ser analisado e interpretado se não estiver em conformidade com os direitos 
fundamentais. Trata-se da eficácia irradiante dos direitos fundamentais, a capacidade que eles têm 
de alcançar os poderes públicos no desempenho de suas atividades principais, em todos os ramos 
do Direito. 
Em resumo: 
Sob a ótica subjetiva, os direitos fundamentais possibilitam ao indivíduo (sujeito) conseguir do 
Estado a satisfação de seus interesses juridicamente protegidos, seja pela atuação ou não atuação. 
Sob a ótica objetiva, os direitos fundamentais reúnem os valores sociais elementares, sendo que 
seus efeitos são irradiados a todo o ordenamento jurídico, demandando a atuação dos órgãos 
estatais. 
 
PONTO 6. OS QUATRO STATUS DE JELLINEK 
 
Desenvolvidos no início do Século XX por George Jellinek e ligados à dimensão subjetiva dos direitos 
fundamentais (relação entre Estado e indivíduo). Todo indivíduo inserido no âmbito de convivência 
social está vinculado ao Estado e com este se relaciona a partir de quatro status: 
 
PASSIVO: É o indivíduo com um conjunto de deveres frente ao Estado. É a primeira ideia em que se 
pode pensar quando tratamos sobre as relações entre Poder Público e indivíduo. No Estado 
Absolutista, as decisões políticas emanavam da vontade do rei, do soberano, que tinha fundamento, 
por sua vez, na vontade divina. Assim, o status passivo traz à tona os ideais desta época, 
representando os deveres que o indivíduo tem em relação ao Estado. O sujeito está em posição de 
subordinação quanto ao Poder Público. Representa a ausência de garantias e liberdades individuais 
e coletivas do cidadão. Palavra-chave: DEVERES. 
 
NEGATIVO: Estado Liberal de Direito (Estado como “vigilante noturno” ou nightwatcher). São 
assegurados os direitos individuais e coletivos por meio das liberdades negativas, do não fazer 
estatal. Aqui, o Estado não interfere nas relações privadas. O status negativo preserva o indivíduo 
 
8 
 
quanto à interferência arbitrária estatal, garantindo um espaço de liberdade. Assim, o cidadão pode 
exercer determinados poderes estabelecidos nos limites jurídicos do Estado, sofrendo a intervenção 
deste apenas quando houver abuso. Guarda relação com os direitos de primeira dimensão. 
Expressão-chave: ATUAÇÃO NEGATIVA/ABSTENÇÃO. 
 
POSITIVO: Fruto dos movimentos sociais em busca de prestações positivas pelo Estado, é o direito 
conferido ao indivíduo de exigir do poder público prestações de ordem material, com o escopo de 
alcançar direitos constitucionalmente assegurados. Neste ponto, ao contrário do status negativo, o 
Estado age, posicionando-se positivamente para realizar a prestação pretendida. É o que ocorre na 
segunda geração de direitos. Expressão-chave: ATUAÇÃO POSITIVA. 
 
ATIVO: Traduz a participação política da sociedade nas decisões dos Estados. O indivíduo tem o 
direito de participar dos caminhos políticos, da coisa pública; ou seja, o indivíduo influencia a 
vontade estatal. São os direitos políticos, que devem ser considerados formal e materialmente. 
Neste ponto, estabelece-se um paralelo com os direitos de quarta dimensão, que trazem o 
pluralismo político e a democracia direta. Palavra-chave: PARTICIPAÇÃO. 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS EM RELAÇÃO ÀS FUNÇÕES (atualização dos quatro status de Jellinek): 
 
1) Direitos de defesa: Direitos do indivíduo exigindo do Estado uma atuação negativa. Corresponde 
ao status NEGATIVO. Ex.: Art. 5º, II, CRFB/88 (proteção contra ingerência e abusos do próprio 
Estado). 
2) Direitos de prestação (prestacionais): O indivíduo demanda uma atuação positiva do Estado 
(direitos sociais). Direitos de segunda dimensão. Corresponde inicialmente ao status POSITIVO, mas 
há um bônus: as prestações exigidas podem ser materiais (Ex.: art. 6º, CRFB/88) e jurídicas (Ex.: art. 
5º, XLI, CRFB/88). Atenção à reserva do possível, conceito trabalhado no tópico “características dos 
direitos fundamentais”. 
3) Direitos de participação: O indivíduo deve participar da vida do Estado e da sociedade (Ex.: art. 
14, CRFB/88). 
 
PONTO 7. TEORIA DOS LIMITES DOS LIMITES 
 
Sabemos que os direitos fundamentais estão previstos na Constituição e são relativos. Em alguns 
casos, a própria Constituição traz a restrição; em outros, não, sendo a restrição colocada em normas 
infraconstitucionais. 
 
 
9 
 
Assim, pergunta-se: uma norma infraconstitucional pode restringir um direito fundamental? 
 
Segundo a teoria clássica, não. No entanto, há duas outras teorias, mais modernas, que tratam sobre 
o assunto. São elas: 
 
- Teoria interna: Não. A única forma de restringir um direito fundamental é própria, imanente ao 
próprio direito. Desta teoria decorre a ideia da teoria dos limites imanentes. 
 
- Teoria externa: Sim. Uma lei pode restringir direito fundamental previsto na Constituição, desde 
que a limitação venha para desenvolver, e não para prejudicar o direito. Assim, tal limitação deve 
passar por quatro parâmetros. É a chamada teoria dos limites dos limites. Vejamos. 
 
1) Não pode violar a dignidade da pessoa humana (núcleo essencial dos direitos fundamentais); 
2) A limitação deve ser clara, expressa. 
3) Deve ser geral e abstrata (não pode se destinar a um grupo específico de indivíduos); 
4) Deve respeito ao princípio da proporcionalidade**. 
 
** O princípio da proporcionalidade é um princípio constitucional implícito. 
 
Funções: 
- Vedação do excesso; 
- Vedação da proteção insuficiente.Subprincípios: 
- Adequação (relação entre meio e fim, sendo o meio escolhido apto a atingir a finalidade desejada); 
- Necessidade (busca pelo meio menos gravoso); 
- Proporcionalidade em sentido estrito (ideia de custo-benefício, ônus-bônus). 
 
Ex.: Determinado Estado brasileiro edita uma lei obrigando as empresas de gás a pesar os botijões 
na presença do consumidor. Esta disposição passa pela teoria dos limites dos limites? Vejamos: 
 
1) A limitação (pesagem dos botijões) viola a dignidade da pessoa humana? Não. 
2) A limitação é clara, expressa? Sim (está prevista em lei). 
3) A limitação é geral, abstrata? Sim (serve a todos, não é para um grupo ou pessoa específica, não 
é para uma empresa de gás destacadamente). 
 
10 
 
4) Passa pelo princípio da proporcionalidade? A) É adequada? Pesando o botijão de gás na presença 
do consumidor, atinge-se a finalidade de protegê-lo de comprar menos gás do que pagou; B) É 
necessária? É o meio menos gravoso; C) Proporcionalidade em sentido estrito: não. O ônus é maior 
que o bônus (traz transtornos na prática). 
 
Proporcionalidade X Razoabilidade: são a mesma coisa? 
 
Para Luís Roberto Barroso, muito embora a proporcionalidade tenha origem alemã e a 
razoabilidade, americana, tais princípios são intercambiáveis, fungíveis. 
 
Todavia, para a maioria da doutrina, proporcionalidade e razoabilidade NÃO são a mesma coisa 
(Bernardo Gonçalves Fernandes, Ingo Wolfgang Sarlet). Cuidado com o direcionamento de sua 
prova! 
 
PONTO 8. EFICÁCIA VERTICAL, HORIZONTAL E DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Eficácia VERTICAL: quando da criação dos direitos fundamentais, estes eram aplicados somente 
para proteger os particulares do arbítrio estatal. Esta é justamente a eficácia vertical, a aplicação 
dos direitos fundamentais às relações entre Estado e particulares, a relação de subordinação que o 
particular tem com o Estado. 
 
Eficácia HORIZONTAL: também denominada eficácia externa, eficácia em relação a terceiros ou 
eficácia privada. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre os próprios 
particulares. 
 
Teoria da eficácia horizontal direta ou imediata: os direitos fundamentais incidem 
automaticamente sobre todos os destinatários das normas constitucionais, Estado ou particulares. 
Traz a vinculação dos particulares aos direitos fundamentais, sem condicioná-la a qualquer 
mediação legislativa. 
 
Eficácia DIAGONAL: trata-se de um meio-termo. É uma relação entre particulares onde não há uma 
igualdade fática, como o que ocorre nas relações trabalhistas ou de consumo. 
 
PONTO 9. DIREITO DOS TRATADOS – TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E SUA 
POSIÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
11 
 
Paridade normativa: Um tratado internacional que for incorporado ao ordenamento jurídico 
brasileiro terá paridade normativa (ou seja, terá o mesmo status) com as leis ordinárias federais. 
 
Existem duas exceções à paridade normativa: 
 
- Art. 98, CTN: os tratados internacionais em matéria tributária ou alteram a legislação interna sobre 
matéria tributária ou revogam esta legislação (ou seja, não serão recebidos necessariamente com 
status normativo de lei ordinária federal, a depender da legislação que alteram ou revogam). 
 
- Tratados internacionais que versem sobre DH: poderão assumir dois status, vistos a seguir. 
 
a) EC (art. 5º, §3º, CF/88): Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Ou seja, exige-se quórum 
qualificado (3/5 dos votos dos membros de cada casa, em dois turnos de votação) para que os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos tenham status constitucional. 
 
Existe algum documento que foi incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro com status 
constitucional? 
Sim! São três os documentos que foram incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro com status 
constitucional (alguns examinadores têm o entendimento de que os documentos 1 e 2 seriam 
apenas um. Atenção à redação da questão em sua prova!). 
 
Vejamos: 
1) Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (Nova Iorque - 2007); 
2) Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência; 
3) Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas para Pessoas Cegas 
(ratificado pelo Brasil em 2015). 
 
b) Norma supralegal: norma posicionada abaixo da CF, mas em patamar superior ao da legislação 
ordinária. Imagine a pirâmide normativa de Kelsen. A linha que divide o topo (Constituição Federal) 
do restante representa as normas supralegais. Essa discussão veio com o Pacto de San José da Costa 
Rica e com a questão envolvendo o depositário infiel. Antes, eram previstas duas prisões de 
natureza cível: devedor de alimentos e depositário infiel. Todavia, o Pacto vedou a última hipótese. 
Assim, o STF decidiu pela impossibilidade da prisão civil do depositário infiel em nome do princípio 
do pro homine (a regra mais favorável ao ser humano), conhecido ainda como primazia da norma 
 
12 
 
mais benéfica ao ser humano. Essa questão, de tão importante, se tornou a Súmula Vinculante nº 
25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. 
 
PONTO 10. FASES DOS TRATADOS 
 
Os Tratados Internacionais passam por quatro fases, chamadas de Etapas de Formação ou Iter dos 
Tratados. 
 
Vejamos: 
 
1) Negociação + Assinatura: enquanto a negociação é a discussão do texto do Tratado, a assinatura 
significa o aceite precário (o aceite não é definitivo, mas apenas uma manifestação dos Estados no 
sentido de que aceitam o texto e a forma). 
 
Art. 84, VIII, CF – determina que o Presidente da República tem competência privativa para 
assinatura dos tratados, atos e convenções internacionais. Significa dizer que essa competência não 
é exclusiva, ela pode ser delegada aos plenipotenciários, as autoridades que possuem a Carta de 
Plenos Poderes. Tal carta é assinada pelo Presidente da República e referendada pelo Ministro das 
Relações Exteriores. 
 
2) Referendo do Congresso Nacional: apreciação parlamentar. Se o Congresso não der o referendo 
congressual, o tratado não avança. Todavia, se o Congresso disser sim ao tratado, passamos à 
terceira fase, com a emissão de um decreto legislativo. 
 
3) Ratificação: apenas o Presidente da República é habilitado a ratificar (confirmar) um tratado. Ou 
seja: a competência para ratificação de um tratado internacional é exclusiva do Presidente da 
República (e não privativa, como na assinatura). No entanto, o Presidente não se obriga a ratificá-
lo, com base no princípio da discricionariedade (conveniência e oportunidade). 
 
Atenção! Se houver a ratificação, surge a obrigatoriedade de cumprimento no plano Internacional, 
mas não no plano interno. Para que isso ocorra, é necessária a promulgação e a publicação no Diário 
Oficial da União. 
 
4) Promulgação + Publicação no Diário Oficial da União: produz efeitos na ordem jurídica interna. 
 
 
13 
 
O que é reserva? Reserva é a ressalva feita por um Estado em relação a uma ou mais cláusulas de 
um tratado. A reserva só é válida quando o tratado envolver três ou mais Estados (não é admitida 
nos tratados bilaterais) e só é cabível quando o próprio tratado permite. Ex: Estatuto de Roma não 
admite reservas (ou é aceito em sua totalidade ou não é aceito). 
 
O que são as chamadas normas de jus cogens? São normas imperativas do Direito Internacional 
Público que traduzem padrões sedimentadosna comunidade internacional, cuja existência e 
eficácia independem da concordância dos sujeitos de direito internacional, são cogentes, 
obrigatórias. O jus cogens deve ser observado nas relações internacionais e projeta-se, em alguns 
casos, na própria ordem jurídica interna (Ex.: Não é possível fazer tratados sobre a tortura ou sobre 
a explosão de bombas atômicas, são conceitos internalizados na comunidade internacional). 
 
PONTO 11. DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Deve-se fazer uma distinção inicial entre direitos e garantias. 
 
DIREITOS = normas declaratórias. 
GARANTIAS = normas assecuratórias do cumprimento desses direitos. 
 
TITULARIDADE: Quais são os destinatários dos Direitos Fundamentais? 
 
São todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras. A CF disse no caput do art. 5º menos do que deveria 
dizer. A interpretação deve ser extensiva. 
 
Tanto os brasileiros quanto os estrangeiros (residentes ou não, regulares ou clandestinos) são 
titulares dos direitos fundamentais. 
 
Pessoa jurídica é titular de alguns direitos fundamentais! 
 
STF decidiu que não se pode restringir o acesso aos DF tendo como critério a procedência nacional 
do indivíduo, devendo, assim, haver uma interpretação extensiva do artigo para incluir também os 
estrangeiros não residentes no Brasil. 
Ex.: John, cidadão inglês, em visita ao Brasil, foi preso erroneamente. Considerando que sua prisão 
é ilegal e sendo John um estrangeiro não residente no Brasil, poderá ele impetrar um HC? SIM. 
Estrangeiro pode impetrar HC, ainda que não for residente no Brasil e aqui estiver de forma 
clandestina! Repetindo: não se pode impedir o acesso aos direitos fundamentais a qualquer pessoa! 
 
14 
 
Lembrando que o HC deve ser proposto em língua portuguesa, no vernáculo, caso contrário, a ação 
não será recebida. 
 
Mas, atenção! Estrangeiro NÃO pode propor ação popular! E por quê? Porque é legitimado à 
propositura de ação popular o cidadão (nacional), no gozo de seus direitos políticos (e a própria 
Constituição disse que o estrangeiro é inalistável, ou seja, não é portador de direitos políticos no 
Brasil, nem ativos, nem passivos). 
 
Alguns direitos fundamentais mais cobrados em provas: 
 
1) Direito à vida (art. 5º, caput): dupla acepção segundo o STF. A primeira é o direito de permanecer 
vivo sem que ninguém, Estado ou Particular, intervenha na existência. A segunda é no sentido de 
que o direito à vida deve estar atrelado à dignidade. Não é absoluto (lembrar da pena de morte em 
caso de guerra declarada, excludentes de ilicitude etc). 
 
2) Direito à igualdade (isonomia): O STF estabeleceu três concepções sobre a igualdade. São elas 
(Informativo 868, STF): 
a) Igualdade formal: perante a lei. Seu objetivo é o de combater tratamentos privilegiados a 
determinados grupos de pessoas, combater as regalias. 
b) Igualdade material: a ideia é a de redistribuir a riqueza buscando a justiça social. Ações afirmativas 
são práticas estatais que têm por objetivo combater desigualdades, conferindo tratamento 
igualitário a determinados grupos historicamente hipossuficientes (mulheres, negros, índios). 
c) Igualdade como reconhecimento: respeito às minorias (identidade, diferenças etc). O 
instrumento para alcançá-la é a transformação cultural e simbólica. Seu objetivo é o de construir 
um mundo aberto à diferença. 
Tal discussão surgiu com o julgamento da ADC 41 (8/6/2017), questionando a Lei nº 12.990/14 (Lei 
de Cotas – 20% das vagas em concursos públicos para negros). 
Atenção: Súmula 683, STF: Idade máxima para concursos públicos. Só será admitida a fixação de 
limite se houver a previsão em lei (não basta que a previsão esteja no edital). Outra exigência: 
relação com a natureza das atribuições do cargo. 
3) Direito à liberdade: 
 
15 
 
a) Liberdade de ação: Princípio da legalidade e suas duas vertentes, para o particular (autonomia da 
vontade, art. 5º, II) e para a Administração Pública (legalidade estrita, art. 37, caput). 
b) Liberdade de pensamento e manifestação: vedação ao anonimato por conta dos excessos. Direito 
de resposta proporcional ao agravo, assegurado o direito ao dano moral, material ou à imagem. 
Observação: Marcha da Maconha – O STF decidiu que é uma manifestação legítima, porque 
trabalha com dois direitos, a saber, o direito de reunião (liberdade meio) e o direito à liberdade de 
expressão (direito fim). 
 
c) Liberdade de consciência e de crença: o Brasil é um Estado laico, que respeita o direito de crença 
e o de não crença, há a separação entre Estado e Igreja. Observação ao preâmbulo e à expressão 
“sob a proteção de Deus” (não tem força normativa) e a aposição de crucifixos em órgãos públicos 
(manifestação cultural). 
Art. 201, § 1º: Ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental é de matrícula 
facultativa. 
Art. 5º, VIII: escusa de consciência. Ninguém pode se eximir de obrigação fixada em lei alegando sua 
crença (serviço militar obrigatório, p. ex.). No entanto, caso a obrigação imposta em lei de alguma 
forma avilte as convicções de determinada pessoa, o Estado Brasileiro exige uma prestação 
alternativa. Se a pessoa deixa de cumprir a prestação alternativa (art. 15, inciso IV, CF), terá seus 
direitos políticos perdidos ou suspensos. 
d) Liberdade de profissão (inciso XIII): norma constitucional de eficácia contida (eficácia direta e 
imediata, mas a lei poderá restringir o acesso a determinadas profissões, p. ex., aprovação no Exame 
de Ordem para o exercício da Advocacia). Observação: o registro em conselhos profissionais é 
obrigatório quando houver potencial lesivo na atividade. O STF já afirmou que para a profissão de 
músico não se exige o registro no conselho profissional. 
e) Liberdade de locomoção (inciso XV): HC é o remédio constitucional que tem por objetivo 
combater violações ao direito de locomoção. O estado de sítio (art. 137, CF) relativiza a liberdade 
de locomoção. 
f) Liberdade de reunião (inciso XVI): direito de manifestação e protesto. Não é autorização, é aviso 
à autoridade competente. A reunião deve ser pacífica e sem armas, em locais abertos ao público. 
Uma reunião não pode frustrar outra anteriormente convocada para o mesmo local. 
 
16 
 
g) Liberdade de associação (inciso XVII-XXI): na liberdade de associação, o caráter é mais estável que 
o da reunião. Atenção ao inciso XIX! Tanto na dissolução compulsória da associação quanto na 
suspensão de suas atividades é necessário que se tenha autorização judicial, mas no primeiro caso 
exige-se trânsito em julgado. Inciso XX: necessidade de autorização expressa (individual ou em 
assembleia geral) para representação judicial ou extrajudicial de seus associados (exceções: MS 
coletivo e MI coletivo). 
4) Direito à privacidade: 
a) Intimidade, vida privada, honra e imagem: ADI 4815 (segundo o STF, as biografias não autorizadas 
são admissíveis). 
b) Inviolabilidade de domicílio (XI): exceções. 
- Dispõe que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial. 
 
A CF relativizou o direito fundamental da inviolabilidade domiciliar em duas situações: 
- A qualquer hora do dia ou da noite: flagrante, desastre ou prestar socorro. Prescinde de 
autorização judicial. 
- Durante o dia: demais situações. Necessária autorização judicial (submete-se à cláusula de reserva 
de jurisdição). 
 
Conceito de casa: deve ser entendida em sentido amplo. É todo compartimento sem acesso irrestrito 
ao público, conforme entendimento do STJ. 
 
Crimes permanentes: a entrada na casa poderá ocorrer a qualquer hora,sendo prescindível a 
autorização judicial. Nos crimes permanentes, a consumação e o flagrante se protraem no tempo, 
autorizando o Delegado de Polícia a ingressar na casa a qualquer hora e sem autorização judicial 
(Ex.: receptação, tráfico de drogas na modalidade guardar/ter em depósito). 
 
Busca em veículo automotor: equipara-se à busca pessoal e não exige mandado de busca e 
apreensão (exceto se o veículo for utilizado como casa ou morada, necessitando, assim, de ordem 
judicial. Informativo 555, STJ). 
 
Boleia de caminhão: o STJ decidiu que caminhão (assim como o táxi) não é equiparado a casa (o 
caminhoneiro não tem o ânimo definitivo de moradia) ou ao local de trabalho (representa 
 
17 
 
instrumento de trabalho). Assim, em tese, caso uma arma seja encontrada dentro da boleia do 
caminhão, resta caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo (se de uso permitido ou 
restrito, dependerá do calibre, caracterizando art. 14 ou 16 da Lei nº 10.826/03), não se exigindo 
mandado para adentrar no veículo – REsp 1219901, STJ). Há, todavia, um posicionamento do STF 
discorrendo sobre a necessidade de mandado de busca e apreensão (no caso específico, o 
caminhoneiro estava parado em um posto de abastecimento, dormindo dentro da boleia do 
caminhão, com cortinas fechadas), no sentido de se seguir o regime jurídico de casa (exigindo-se 
autorização judicial para realizar a busca dentro da boleia e, se encontrada arma na boleia do 
caminhão, configurará posse ilegal de arma de fogo). Em resumo, a questão não é pacífica e o aluno 
deve ficar atento à tendência da prova. 
 
c) Direito ao sigilo: correspondência, comunicações telegráficas, dados (ex.: WhatsApp), 
comunicações telefônicas (neste caso, relativização pela Lei nº 9.296/96 – ordem judicial e para fins 
de investigação criminal). Lembrar do sigilo de correspondência e do preso (possibilidade de 
relativização). Observação: Transferência do sigilo da órbita bancária para a órbita fiscal – o direito 
à privacidade traz uma discussão interessante a respeito da Lei Complementar 105/01 (artigo 6º), 
que fala do sigilo bancário e do sigilo fiscal. O sigilo bancário está sujeito à cláusula de reserva de 
jurisdição, mas vem o fisco e solicita esses dados bancários para si. Essa solicitação é válida, segundo 
o STF, porque o que ocorre é tão somente a transferência do sigilo da órbita bancária para a órbita 
fiscal, o que não quebra a cláusula de reserva de jurisdição e nem fere o direito à privacidade. 
 
PONTO 12. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 
 
Para estudarmos controle de convencionalidade devemos ter como base o controle de 
constitucionalidade. Neste, a norma constitucional – ou o chamado bloco de constitucionalidade, 
para tratarmos também sobre outras normas com força constitucional – serve como parâmetro de 
aferição de toda a ordem jurídica. 
 
Seguindo este raciocínio temos, em linhas gerais, a primeira ideia sobre controle de 
convencionalidade: a utilização de um novo parâmetro para conformidade do ordenamento 
jurídico interno, as normas internacionais. 
 
Para o Professor Valerio Mazzuoli, autoridade no assunto, os Tratados Internacionais sobre Direitos 
Humanos (TIDH) ou são materialmente constitucionais, em observância ao §2º do art. 5º, CRFB/88, 
ou são formal e materialmente constitucionais, caso sigam o rito presente no §3º do mesmo artigo. 
Assim, podemos concluir inicialmente que, para o doutrinador, os tratados que versem sobre 
 
18 
 
Direitos Humanos têm, sempre, força constitucional. Ressalte-se: esta não é a posição majoritária, 
nem a adotada pelo STF. 
 
Voltando ao entendimento do citado professor, que servirá de esteio para nossa abordagem do 
assunto, temos que só poderíamos falar em controle de constitucionalidade quando a norma 
parâmetro fosse a própria Constituição. 
 
Explicamos. De acordo com o art. 5º, §3º da CRFB/88, já sabemos que os TIDH incorporados ao 
nosso ordenamento jurídico em dois turnos de votação em cada Casa do Congresso Nacional, por 
aprovação de 3/5 de seus membros, têm equivalência com as emendas constitucionais (status de 
emenda constitucional). Tais normas são consideradas pela doutrina majoritária como integrantes 
do já mencionado bloco de constitucionalidade. Ocorre que, nos ensinamentos de Valerio Mazzuoli, 
não podem ser utilizadas como parâmetro para o controle de constitucionalidade, apenas para o 
controle de convencionalidade. Assim, tanto as normas materialmente constitucionais (art. 5º, §2º) 
quanto as que são formal e materialmente constitucionais (art. 5º, §3º) podem ser utilizadas para o 
controle de convencionalidade. 
 
Em resumo: segundo esta corrente doutrinária (VM), todo o ordenamento jurídico interno deverá 
ser analisado com base nos TIDH, quer em observância ao §2º, quer seguindo o procedimento do 
§3ºdo art. 5º da CRFB/88. 
 
Avançamos. Então, por qual razão o legislador estabelece a finalidade de emenda constitucional às 
normas incorporadas segundo o art. 5º §3º? São três as conclusões que nos interessam. 
 
A uma, temos que, assim que incorporadas, estas normas alteram de imediato o texto constitucional 
que com elas conflitar. Isso não ocorre quanto às demais normas de DH internalizadas pelo quórum 
ordinário. 
 
A duas, as normas que passam pelo §3º não podem ser denunciadas pelo Poder Executivo ou pelo 
Poder Legislativo, ou seja, pelo Presidente da República ou pelo Congresso Nacional. É importante 
mencionar, inclusive, que caso o Presidente denuncie uma norma incorporada pelo citado 
procedimento, incorrerá em crime de responsabilidade. E o que é a denúncia? Ocorre quando o 
Estado se desengaja de um compromisso internacionalmente assumido. 
 
A três, citamos que as normas incorporadas como EC são verdadeiro modelo para o controle 
concentrado de convencionalidade. Desta forma, os mesmos legitimados para o controle 
 
19 
 
concentrado de constitucionalidade assim o serão para ingressar com ações perante o STF para 
garantir observância aos tratados internacionais na ordem jurídica brasileira. 
 
Para finalizar: 
 
- O controle de constitucionalidade é realizado considerando a Constituição como parâmetro. Afere-
se a conformidade das normas infraconstitucionais com o texto constitucional. 
 
- O controle de convencionalidade pode ser feito de três formas: 
 
1) Na seara internacional, pelo exercício das cortes internacionais; 
2) Internamente, de forma concentrada pelo STF, quanto aos tratados incorporados conforme o art. 
5º, §3º, CRFB/88; 
3) Internamente, de forma difusa, por todos os tribunais, tanto em relação aos tratados aprovados 
seguindo o §3º quanto aqueles aprovados com quórum ordinário. 
 
PONTO 13. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC) 
 
Inserido pela EC nº 45/04 e previsto no art. 109, §5º, CRFB/88, é também chamado de federalização 
dos crimes contra os direitos humanos. Para sua ocorrência, devemos observar o cumprimento de 
quatro requisitos. Vejamos: 
 
1. Grave violação de direitos humanos (plano externo); 
2. PGR suscita ao STJ (e não ao STF! Pegadinha de prova!); 
3. Em qualquer fase do inquérito ou do processo (note-se que também na fase do inquérito. Outra 
pegadinha de prova!); 
4. Deslocamento da competência que originariamente seria da Justiça Estadual para a Justiça 
Federal. 
 
Ou seja: em caso de grave violação de direitos humanos, o PGR poderá suscitar ao Superior Tribunal 
de Justiça o deslocamento da competência que originariamente seria da Justiça Federal à Justiça 
Estadual, em qualquer fase do inquérito ou do processo. 
 
Objetivo: evitar que a República Federativa do Brasil seja responsabilizada pela violação de direitos 
humanos naesfera internacional. 
 
 
20 
 
PONTO 14. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DH. SISTEMAS DE PROTEÇÃO: GLOBAL E REGIONAIS 
 
Diferença entre Direito Internacional Clássico e Direito Internacional Contemporâneo 
 
Clássico: ideia de SOBERANIA. Estados senhores de si. 
Contemporâneo: ideia de RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA. 
 
Para falar sobre a proteção internacional aos DH precisamos pensar no Direito Internacional 
clássico, que traz a construção da ideia de soberania, que se robustece a partir da chamada Paz de 
Vestfália (1648), um dos primeiros acordos internacionais. Após a Guerra dos 30 anos os países 
resolveram estabelecer uma trégua, respeitando as diferenças e consagrando a ideia de não 
intervenção. Consagraram o princípio da não intervenção. 
 
A proteção aos DH é o que tenta estabelecer uma relativização do princípio da soberania (Direito 
Internacional Contemporâneo). Só se pode pensar na proteção aos DH se pudermos considerar que 
o Estado que cometeu alguma afronta aos direitos humanos seja responsabilizado. 
 
No século XX ocorreu um grande paradoxo: nunca houve tantas afrontas aos DH e, 
simultaneamente, nunca houve tantos documentos protetivos a esses direitos. 
 
Precedentes à Internacionalização *(Primeira Fase) 
 
O primeiro deles é a Cruz Vermelha, criada pela Convenção de Genebra de 1964. Nessa Convenção, 
foi fixado um conjunto de leis para amenizar o sofrimento de soldados prisioneiros, doentes e 
feridos em guerra, bem como para atentar às populações atingidas por conflitos bélicos. 
 
O segundo acontecimento relevante é a luta contra a escravidão, que se intensificou no século XIX, 
cujo documento de destaque é o Ato Geral da Conferência de Bruxelas de 1890. 
 
O terceiro e último precedente histórico é a criação da Organização Internacional do Trabalho em 
1919, logo após o término da primeira Guerra Mundial. A OIT foi criada para ser um mecanismo 
institucionalizados de proteção aos direitos humanos nas mais diversas relações de trabalho. 
 
Direito Humanitário 
O que é o Direito Humanitário? Tem origem na Convenção de Genebra (1864). É o direito a ser 
aplicado nos casos de guerra, com a finalidade de impor limites à violência estatal para assegurar a 
 
21 
 
observância dos direitos humanos. Protege os militares feridos em guerra, os doentes e as 
populações civis. 
 
Assim, o Direito Humanitário impõe regras para o emprego de violência no âmbito internacional, 
representando limites impostos à liberdade e à autonomia do Estado, mesmo em casos de guerra. 
 
Há diferença entre Direito Humanitário e Direitos Humanos? 
Direito Humanitário: situações de guerra. 
Direitos Humanos: situações de “normalidade”. 
 
Sistema Global de Proteção aos DH ou Sistema ONU: Veio pensar os DH como um todo. O primeiro 
documento de importância é a Carta das Nações Unidas (ONU), criada em 1945 e que descentraliza 
o modo de pensar dos DH (nenhum país teria autoridade superior para pensar os DH). Assinada 
inicialmente por 50 Estados. 
 
Os principais princípios trazidos pela Carta da ONU são: 
 
 1) paz mundial; 
2) tolerância entre os povos; 
3) não intervenção e 
4) solução pacífica das controvérsias. 
 
Vale dizer, os países não mais poderão fazer uso da estrutura da guerra para solucionar conflitos! 
 
Dentro do sistema global, há dois grupos de mecanismos de proteção: 
 
1) Mecanismos Convencionais: criados no âmbito de tratados internacionais específicos, a exemplo 
do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Tais instrumentos estabelecem órgãos para 
fiscalizar e monitorar o cumprimento dos tratados. 
 
2) Mecanismos Extraconvencionais: mecanismos existentes no âmbito de organizações 
internacionais, como a ONU. Os mecanismos extraconvencionais também são fundados em 
tratados, mas não em um deles de maneira específica. Os mecanismos extraconvencionais existem 
em razão de: a) conjunto de vários tratados internacionais; b) costumes internacionais; c) princípios 
gerais de Direito. 
 
 
22 
 
Sistemas Regionais de Proteção aos DH: 
Surgem também, junto ao Sistema Global, os Sistemas Regionais de Direitos Humanos, que buscam 
a internacionalização dos DH no plano regional, em particular na Europa, na África e na América. 
 
Destacam-se os seguintes sistemas: o Sistema Interamericano, o Sistema Europeu e o Sistema 
Africano. Esses sistemas regionais apresentam as estruturas existentes nas diferentes regiões do 
globo, trazendo as peculiaridades das referidas regiões. 
 
PONTO 15. SISTEMA GLOBAL E ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) 
 
Criada em 1945 com a Carta da ONU ou Carta de São Francisco (tem este nome porque foi assinada, 
inicialmente, por cinquenta Estados na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos). Foi uma 
segunda tentativa de estabelecer-se a atmosfera de cooperação internacional, de fraternidade 
entre as nações, uma cooperação entre os povos para regular as questões que dissessem respeito 
a todos na comunidade internacional ou, ao menos, à maioria dela. 
 
A primeira tentativa ocorreu com a Liga das Nações, criada após o final da I GM, que não obteve 
êxito. 
 
Falaremos sobre os Órgãos da ONU, mas, antes, faremos a distinção entre órgãos e organismos. 
 
Organismos têm personalidade jurídica própria, não se subordinam à ONU, embora dela façam 
parte (Ex.: Organização Internacional do Trabalho, Organização Mundial do Comércio, Organização 
Mundial da Saúde etc.), ou seja, estão ligados à ONU, mas não têm relação de subordinação com 
esta. 
 
Órgãos estão vinculados à ONU e não têm personalidade jurídica própria. Estudaremos agora os 
mais importantes. Vejamos. 
 
a) Assembleia Geral: É o maior e principal órgão deliberativo da ONU, onde as decisões são 
discutidas, debatidas e tomadas. Importante ressaltar que todos os Estados têm assento na 
Assembleia, cada Estado tem direito a um voto. Associe “Assembleia Geral” com o termo 
“deliberativo”. É onde os principais pontos são discutidos, trazendo à tona grande diversidade 
cultural (paz e segurança, aprovação de novos membros, questões de orçamento, desarmamento, 
cooperação internacional em todas as áreas, direitos humanos, dentre outras). As resoluções – 
votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações. 
 
23 
 
 
b) Conselho de Segurança: É um dos órgãos mais poderosos da ONU, porque tem o direito ao veto 
concedido aos seus membros permanentes. Ele é formado por 15 membros (5+10), sendo cinco 
permanentes (Estados Unidos, França, Rússia, Reino Unido e China) e dez rotativos (mudam a cada 
dois anos). 
 
A vantagem de ser membro permanente desse conselho é de ter o direito ao veto, que é o poder de 
vetar qualquer decisão em toda a ONU. 
 
As sanções são uma espécie de bullying na esfera internacional, com bloqueios econômicos, por 
exemplo. 
 
É possível a intervenção militar decretada pelo CS da ONU? SIM! Em casos extremos é possível a 
determinação de intervenção militar pelo CS da ONU. 
 
Objetivos do CS: manter a paz e a segurança internacionais. 
 
c) Conselho Econômico e Social: É um órgão que se parece com um fórum central de discussão das 
questões palpitantes a respeito dos DH. Desenvolve pesquisas e coordena o trabalho econômico e 
social da ONU. A expressão-chave aqui é “fórum de debates”. Composto por 54 membros, eleitos 
pela Assembleia Geral por períodos de três anos. 
 
d) Conselho de Tutela: Desde 1994 (com a independência do último território internacional – as 
Ilhas Palau) está com as atividades suspensas. Composto pelos 5 membros permanentes do CS. A 
função do Conselho de Tutela era tutelar e fiscalizar os Estados que ainda possuíamterritórios 
internacionais, promovendo o progresso dos habitantes dos territórios e desenvolvendo condições 
para a progressiva independência e estabelecimento de um governo próprio. Buscava a 
autodeterminação dos povos. 
 
e) Corte/Tribunal Internacional de Justiça: Tem a sua sede em Haia e é composta por 15 membros 
eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança para um mandato de 9 anos. Não pode 
haver dois juízes de mesma nacionalidade. A Corte aprecia conflitos entre Estados que sejam 
membros da ONU, mas também pode apreciar conflitos de Estados que não fazem parte da ONU. 
Soluciona entraves entre a jurisdição de dois Estados, ou seja, não julga pessoas! 
 
Duas competências: consultiva e contenciosa. 
 
24 
 
 
Além disso, de ser um órgão jurisdicional, a Corte tem uma função consultiva aos demais órgãos, 
ou seja, os demais órgãos podem submeter a ela questões relacionadas ao direito internacional, 
para que ela se manifeste com a melhor solução, como se fosse um parecer. Somente países, nunca 
indivíduos, podem pedir pareceres à Corte Internacional de Justiça. 
 
IMPORTANTE: A Corte Internacional de Justiça não julga indivíduos, julga apenas Estados. 
 
Corte Internacional de 
Justiça 
Tribunal Penal 
Internacional 
Corte 
Interamericana/Europeia/Africana 
Julga ESTADOS (o conflito é 
Estado x Estado) 
Julga PESSOAS Julga conflito entre Estado e Pessoa 
 
f) Secretariado: É o órgão executivo da ONU, com a função burocrática. É chefiado pelo Secretário-
Geral da ONU. Hoje, António Guterres. Tem como principais atribuições: 
 
1) Administrar as forças de paz; 
2) Analisar problemas econômicos e sociais; 
3) Preparar relatórios sobre meio ambiente ou direitos humanos; 
4) Sensibilizar a opinião pública internacional sobre o trabalho da ONU; 
5) Organizar conferências internacionais; 
6) Traduzir todos os documentos oficiais da ONU nas seis línguas oficiais da Organização (inglês, 
francês, espanhol, árabe, chinês e russo.). 
 
PONTO 16. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DAS NAÇÕES UNIDAS 
 
Natureza Jurídica 
 
Há duas maneiras de se analisar a natureza jurídica da DUDH: pelos aspectos formal e material. Em 
relação à FORMA, não há dúvida de que a DUDH não é tratado internacional. Isso porque é uma 
Resolução da Assembleia Geral da ONU. 
 
Sob o aspecto MATERIAL, todavia, há duas correntes sobre a natureza jurídica da DUDH: 
 
- Tradicional: entende que a DUDH não tem qualquer força vinculante, por ser instrumento de soft 
law. Em razão de não haver sanção em caso de descumprimento de suas disposições, trata-se de 
 
25 
 
documento de conteúdo meramente moral (os Estados cumprem se quiserem). Não há força 
cogente pela ausência de mecanismos de monitoramento. 
 
- Moderna: a DUDH é norma de jus cogens. Ainda que não assuma a forma de tratado, é mais que 
tratado, aborda os princípios básicos, mais importantes. É a interpretação autorizada de artigos da 
Carta da ONU (art. 1º, §3º e art. 55) e, como esta Carta apresenta força vinculante, assim também 
seria a DUDH. 
 
A Carta das Nações Unidas tem, sim, força vinculante. Em caso de conflito entre a Carta da ONU e 
qualquer outro tratado, prevalecerá aquela (art. 103). 
 
Pactos de Nova Iorque (assinados em 1966 e entraram em vigor em 1976): após o início da 
promoção e estrutura dos DH, foi necessário criar mecanismos de monitoramento, por maior que 
fosse a boa vontade dos Estados em cumprir as diretrizes da DUDH. 
 
Assim, os mecanismos de monitoramento são mecanismos que permitem implementar e fiscalizar 
os Estados na promoção dos DH. 
 
Pacto de Direitos Civis e Políticos: envolve direitos vinculados à primeira dimensão, liberdades 
negativas, não fazer estatal, promoção da igualdade formal. Duas características sobre seus 
protocolos facultativos: 
 
- o indivíduo que teve seus direitos violados pode acionar diretamente o Sistema Global para a 
responsabilização estatal e; 
- um Estado pode denunciar diretamente o outro por violações aos DH. 
 
Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: envolve direitos de segunda dimensão, 
liberdades positivas, fazer estatal, promoção da igualdade material, de fato. 
 
O momento era a Guerra Fria, com enorme dificuldade de convivência diplomática entre EUA e 
URSS, sendo que, enquanto os primeiros se assemelham em ideais com o Pacto de Direitos Civis e 
Políticos, a URSS como Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
 
Obrigação trazida com os pactos: os países devem remeter relatórios periódicos à ONU acerca da 
implementação de DH no âmbito interno. 
 
 
26 
 
ANÁLISE DO TEXTO DA DUDH 
 
Algumas dicas: 
- Proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948; 
- Sua aceitação NÃO foi unânime, teve abstenções; 
- Fala sobre direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. Direitos coletivos não 
são trazidos pelo texto da DUDH; 
- Não traz o direito à felicidade; 
- Traz a propriedade; 
- Traz o direito de livre circulação no território e fixação da residência; 
- Fala sobre a liberdade de expressão, mas não sobre o anonimato; 
- Instrução gratuita ao menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos e a instrução superior será baseada no mérito; 
- Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. No 
entanto, esse direito não pode ser invocado, entre outros, em caso de perseguição legitimamente 
comprovada por crimes de direito comum. 
- Padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família: alimentação, vestuário e habitação (“casa, 
comida e roupa lavada”). 
PONTO 17. ESTATUTO DE ROMA – TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
 
O Estatuto do Tribunal Penal Internacional foi elaborado no Tratado de Roma. O TPI veio no contexto 
do término da Segunda Guerra Mundial, quando a opinião pública tomou conhecimento das 
atrocidades cometidas pelo Japão, na China, e pela Alemanha contra judeus, ciganos e outras 
minorias. Assim, os governantes das potências vencedoras da II GM perceberam a necessidade de 
estabelecer, pela primeira vez na história, tribunais penais internacionais. 
 
Os tribunais militares internacionais de Tóquio e Nuremberg foram criados para julgar e punir os 
grandes crimes cometidos na II GM. De modo inédito, trouxeram a responsabilização de indivíduos 
acusados de violação de normas internacionais. 
 
 
27 
 
As críticas que recaíram sobre estes tribunais disseram respeito, a uma, à afronta ao princípio da 
anterioridade da lei penal (visto que os fatos julgados por estes Tribunais não eram definidos como 
crimes quando de seu cometimento); a duas, ao grande viés político do Tribunal de Nuremberg, em 
que vencedores julgavam vencidos; a três, por ser um tribunal ad hoc, criado para o ato, precário e 
de exceção; a quatro, pelas penas impostas (pena de morte, por ex.). 
 
O TPI, então, consagra-se apresentando as seguintes características: 
 
- Independência; 
- Permanência; 
- Atuação complementar às Cortes Internacionais. 
 
Tais características representam avanço também por conta da desnecessidade de apreciação pelo 
Conselho de Segurança da ONU, que tem o poder de veto por seus cinco membros permanentes 
(Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França). A independência é necessária por afastar os 
assuntos da influência política destes membros. 
 
O Processo no TPI transcorre em duas fases, quais sejam: 
 
- 1ª: LEITURA DAS ACUSAÇÕES. É a fase em que são lidas as acusações e o acusado poderá se 
declarar culpado ou inocente; 
- 2ª: DEFESA. Fase composta por audiências e apresentaçãode documentação, sempre em 
observação aos princípios instituídos pelo Tribunal Penal Internacional e pelos princípios de direito 
penal internacional. 
 
Competência material: O TPI tem a competência para o julgamento de quatro tipos de crimes, 
chamados crimes de jus cogens (normas peremptórias, cogentes, imperativas do direito 
internacional, inderrogáveis pela vontade das partes): 
 
- Genocídio (art. 6º); 
- Crimes contra a Humanidade (art. 7º); 
- Crimes de Guerra (art. 8º); 
- Agressão (embora não haja a definição no Estatuto de Roma, são ações políticas ou militares, por 
alguém que detém o poder, contra outro ente internacional). 
 
Art. 50 → Línguas oficiais: Árabe, Chinesa, Espanhola, Francesa, Inglesa e Russa. 
 
28 
 
Línguas de trabalho: Inglesa e Francesa. 
 
Composição: 18 juízes, indicados em regra para um mandato de 9 anos (art. 36). Devem apresentar 
elevada idoneidade moral, imparcialidade e integridade e serem fluentes em ao menos uma das 
línguas de trabalho do TPI. 
 
Jurisdição complementar: Significa dizer que o TPI somente atua quando o sistema de justiça dos 
Estados for incapaz de apreciar uma demanda submetida à apreciação. Então, nos casos em que o 
Estado não atuou, o caso pode ser levado ao TPI. A ideia é a de combater a impunidade. 
 
Responsabilização Penal Internacional (art. 27): Até mesmo Chefes de Estado e Chefes de Governo 
podem ser processados e julgados pelo TPI. Portanto, deve-se dizer que a responsabilização penal 
internacional independe de cargo ou função ocupados. Devemos nos lembrar de que o TPI não 
julga Estados, mas PESSOAS! 
 
A ratificação do Tratado de Roma não poderá ser feita com reservas (ou o texto é aceito em sua 
integralidade ou não). 
 
Pena máxima admitida (art. 77): A regra é a de 30 (trinta) anos. Excepcionalmente admite-se a 
prisão perpétua considerando-se a extrema gravidade do crime cometido e as circunstâncias 
pessoais do condenado. 
 
O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da alegada prática do crime, não tenham 
ainda completado 18 anos de idade (art. 26). 
 
Embora a natureza do TPI seja eminentemente penal, este pode reconhecer a responsabilidade civil 
dos condenados, impondo a obrigação de reparar os danos causados à vítima e aos seus familiares. 
 
PONTO 18. PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA (Convenção Americana sobre Direitos Humanos) 
Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San José, Costa 
Rica, em 22 de novembro de 1969, razão pela qual foi consagrado este nome. Promulgada no Brasil 
pelo Decreto nº 678/92. 
 
29 
 
Para compreensão: o Brasil integra dois Sistemas de proteção: o Sistema Global (ou Sistema ONU) 
e o Sistema Regional Americano (ou Interamericano da OEA). A Convenção Americana sobre DH 
está prevista no Sistema Regional Americano. 
Destaque-se o art. 26 da Convenção: é um artigo que trata de direitos econômicos e sociais, 
referentes à segunda geração de direitos. Portanto, embora haja predominância dos direitos de 
primeira geração, temos um artigo que trata de direitos econômicos e sociais, de aplicação 
progressiva, ao longo do tempo. São normas programáticas implementadas somente pelo Protocolo 
de São Salvador. 
A segunda parte (art. 33-73) diz respeito aos artigos constritivos, onde encontramos a Comissão e a 
Corte Interamericanas. 
 
Proteção do Direito à Vida no PSJCR: 
 
- Em geral, protegido desde a concepção. 
 
- Caso um Estado tenha abolido a previsão à pena de morte, não é possível restabelecê-la, nem 
mesmo por meio de um poder constituinte originário (art. 4º, item 3). É a chamada vedação ao 
retrocesso ou efeito cliquet. No entanto, embora não haja vedação à pena de morte no Pacto, caso 
já esteja prevista naquele Estado, há limites muito bem estabelecidos. 
 
- A pena de morte só poderá ser aplicada aos delitos mais graves, em cumprimento a sentença final 
proferida por tribunal competente e respeitando os princípios da legalidade e da anterioridade da 
lei penal. 
 
- Em nenhum caso a pena de morte pode ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns 
conexos com delitos políticos. 
 
- Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for 
menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 
 
- Qualquer pessoa condenada à pena de morte tem o direito de pedir anistia, indulto ou comutação 
de pena. Neste caso, não haverá execução enquanto o pedido estiver pendente. 
 
- Quanto à prisão civil, apenas é prevista ao devedor de alimentos (art. 7º, item 7). Por essa razão, 
houve a discussão no âmbito interno sobre a prisão civil do depositário infiel e a posterior edição da 
 
30 
 
Súmula Vinculante 25 (o art. 5º, inciso LXVII da CF traz duas modalidades de prisão civil de forma 
textual). O Pacto de San José da Costa Rica foi recepcionado em nosso ordenamento jurídico como 
norma supralegal (abaixo da CF e acima da legislação ordinária) e prevaleceu em nome do princípio 
do pro homine (norma mais favorável ao ser humano). 
 
Comissão Interamericana de DH: Ler os artigos 34, 41, 44 e 46. Procedimento: 48 a 51. 
 
Composta por 7 membros (comissários), eleitos a partir de uma lista no máximo tríplice enviada por 
cada Estado (um dos indicados deve ser de nacionalidade diferente do Estado proponente), para 
um mandato de 4+4 anos (permite-se uma recondução). 
 
A Comissão tem caráter administrativo, ou seja, procura estabelecer o contato (peticionar) entre os 
interessados na proteção às vítimas e o Estado opressor (Estado que desrespeitou a Convenção). 
Neste contato podem ocorrer fazer relatórios, pedir recomendações ou orientações, ou seja, 
intermediar a resolução daquele caso (sanar a lesão, pagar indenização, confeccionar a lei etc). Pode 
haver a solução já na Comissão, o que não necessitará a intervenção da Corte. QUALQUER PESSOA 
pode levar um caso à Comissão Interamericana, atenção! 
 
Caso a comissão não consiga resolver, poderá denunciar o caso à Corte Interamericana de DH. 
 
Corte Interamericana de Direitos Humanos: Ler os artigos 52, 61, 66, 67, 68 e 69. 
 
Composta por 7 membros (juízes) de nacionalidades diferentes, eleitos por 6+6 anos (uma 
recondução). Quórum: 5 juízes. 
 
A Corte tem dois caráteres, consultivo e jurisdicional (um país precisa aderir à competência 
jurisdicional da Corte, o que o Brasil fez em 1998, pelo decreto legislativo 89. Ou seja, o Brasil é 
obrigado a cumprir uma decisão da Corte Interamericana de DH). 
 
Não se pode ir diretamente à Corte. É necessário passar por um juízo de prelibação, ou seja, a 
Comissão Interamericana deve, antes, tentar solucionar o conflito caso haja condições. A Corte pode 
sentenciar, onde poderá impor pagamento de indenização ou a decisão será de caráter moral. 
 
PONTO 19. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 
 
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 
 
31 
 
 
Após o período ditatorial no Brasil e com a proclamação da Constituição de 1988, a temática dos 
direitos humanos começa a ganhar contornos bem definidos, sendo considerada política oficial do 
Governo. A implantação de políticas públicas com o objetivo de promover e ampliar os direitos 
humanos assume a posição de eixo central do Estado Brasileiro. 
 
A Política Nacional de Direitos Humanos consiste na adoção de uma política que considera os 
direitos básicos das pessoas em consonância com as organizações internacionais que versam sobre 
direitos humanos. 
 
Compete ao Poder Executivo (federal, estadual e municipal) a proteção dos direitos humanos 
estabelecidos na Constituição e nos TIDH dos quais oBrasil faz parte. Ademais, a promoção dos DH 
deve se dar por meio de políticas públicas. 
 
Assim, quais são os deveres do Estado quanto aos direitos humanos? 
 
São dois principais: protegê-los (p. ex.: ECA, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha) e promovê-los. 
 
Para promover os direitos humanos o Estado deve atuar de forma positiva, conferindo tratamento 
especial às pessoas e grupos vulneráveis e implementando políticas públicas. 
 
Portanto, tendo como parâmetro estes deveres do Estado brasileiro quanto aos direitos humanos, 
foram instituídos três Programas Nacionais de Direitos Humanos: 
 
PNDH 1 (1996) 
PNDH 2 (2002) 
PNDH 3 (2010) 
 
Tais Programas Nacionais de Direitos Humanos são fruto da reunião e assunção pelo Brasil da 
Declaração de Viena e Programa de Ação, editado na II Conferência Mundial sobre os Direitos do 
Homem, em 1993, em Viena, onde restou estabelecido que os Estados deveriam agir no sentido de 
criar programas de implementação dos direitos humanos internamente, em seus respectivos países. 
 
Os PNDH são, portanto, programas do Governo Federal criados por decreto do Presidente da 
República que estabelecem diretrizes a serem seguidas por órgãos governamentais de direitos 
humanos. 
 
32 
 
 
Há objetivos específicos nos PNDH. São eles: 
 
PNDH 1 
 
- Decreto Executivo nº 1.904/96; 
- Direitos de primeira dimensão; 
- Ênfase nos direitos civis (direitos relacionados à integridade física, liberdades e garantia dos 
direitos dos grupos vulneráveis ou discriminados); 
- Prevê normas programáticas, mas não há mecanismos de incorporação das propostas. O Estado 
não se manifesta quanto às formas ou meios de execução das políticas de proteção. 
- Pouca efetividade. 
 
PNDH 2 
 
- Decreto Executivo nº 4.229/02 (Revogou o Decreto nº 1.904/96); 
- Direitos de segunda dimensão; 
- Ideia de indivisibilidade e independência dos direitos humanos; 
- Teve como objetivo consolidar uma cultura de proteção e respeito aos direitos humanos; 
- Ênfase nos direitos sociais, econômicos e culturais (educação, previdência e assistência social, 
trabalho, moradia, meio ambiente, alimentação, cultura, lazer); 
- Diferentemente do PNDH 1, foram implementadas formas de monitoramento das ações abarcadas 
pelos PNDH 1 e 2. Houve a previsão de políticas orçamentárias quanto aos níveis federal, estadual 
e municipal; 
- A finalidade do PNDH 2 foi influenciar a discussão em torno da elaboração do Plano Plurianual 
2004-2007. Serviu, portanto, como parâmetro para a definição dos programas sociais a serem 
implementados no Brasil até 2007; 
- Como foi publicado no último ano do Governo FHC, houve entraves à execução de suas políticas. 
 
PNDH 3 
 
- Decreto Executivo nº 7.037/2009 (revogou o Decreto nº 4.229/02); 
- É o mais amplo dos PNDH, trazendo expressivo rol de medidas a serem adotadas; 
- Visão de transversalidade: diversos órgãos e poderes estatais envolvidos para elaboração e 
monitoramento conjuntos das políticas e ações direcionadas ao PNDH 3. 
 
33 
 
- Envolve diferentes dimensões de direitos (1ª, 2ª e 3ª). O grande desafio foi a integração entre as 
dimensões de direitos, em respeito à indivisibilidade e à interdependência dos direitos humanos; 
- Formado por 6 (seis) eixos orientadores (I, II, III, IV, V e VI), que são conjuntos de assuntos 
considerados fundamentais para a adoção de políticas governamentais. São eles (art. 2º, Decreto 
nº 7.037/2009): 
 
*Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil; 
*Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos; 
*Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdade; 
*Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência; 
*Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos; 
*Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade. 
 
Os eixos orientadores contêm diretrizes, no total de 25 (vinte e cinco). Vejamos: 
 
Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil: 
 
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de 
fortalecimento da democracia participativa; 
Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas 
públicas e de interação democrática; e 
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção 
de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. 
 
Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos: 
Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, 
ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, 
participativo e não discriminatório; 
Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento; e 
Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as 
gerações futuras como sujeitos de direitos. 
 
Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades: 
 
Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, 
assegurando a cidadania plena; 
 
34 
 
Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, 
de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação; 
Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; 
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; 
 
Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência: 
 
Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública; 
Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; 
Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos 
criminosos; 
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução 
da letalidade policial e carcerária; 
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; 
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas 
alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e 
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a 
garantia e a defesa de direitos; 
 
Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos: 
 
Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos 
Humanos para fortalecer uma cultura de direitos; 
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de 
educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras; 
Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos 
Direitos Humanos; 
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e 
Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para 
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e 
 
Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade: 
 
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever 
do Estado; 
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e 
 
35 
 
Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à memória e à 
verdade, fortalecendo a democracia. 
 
Objetivos estratégicos são pretensões específicas inseridas em cada diretriz. 
 
Ações programáticas são ações específicas a seremadotadas para que os objetivos estratégicos 
sejam atingidos. 
 
Conforme o art. 3º do Decreto, as metas, prazos e recursos necessários para a implementação do 
PNDH 3 serão definidos e aprovados em Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais (duas vezes 
por ano). 
 
Embora o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 tenha sido instituído no âmbito federal, 
voltado para a implementação de políticas públicas pelo Governo Federal, o art. 5º do Decreto nº 
7.037/09 prevê a possibilidade de adesão ao PNDH 3 pelos Estados-membros, municípios e órgãos 
dos demais poderes (Legislativo e Judiciário), assim como do Ministério Público. 
 
BASE LEGAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – LEI Nº 9.394/96 
 
De acordo com o previsto na Constituição, uma das finalidades da educação básica está no art. 22 
da Lei nº 9.394/96: A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a 
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir 
no trabalho e em estudos posteriores (grifo nosso). 
 
Em seu artigo 26, a Lei de Diretrizes e Bases determina que Os currículos da educação infantil, do 
ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em 
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida 
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. 
 
Percebe-se a abordagem dos prismas da igualdade material (substancial ou de fato) no art. 26, 
respeitando as diferenças entre os educandos. 
 
O §9º do art. 26 assim dispõe: Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas 
as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, 
nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 
 
36 
 
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de 
material didático adequado. 
 
Temos, portanto, a necessidade de educação, ensino e prevenção quanto às formas de violência 
contra criança e adolescente. 
 
Art. 27, Lei nº 9.394/96: Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as 
seguintes diretrizes: I – A difusão dos valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres 
dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática 
 
É dizer: existe um marco legal expresso que vincula direitos humanos e educação básica, sendo que 
todos os conteúdos curriculares devem ter como norte esta diretriz, trazendo a difusão dos direitos 
e deveres do cidadão. 
 
PONTO 20. CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA 
LEI 
Resolução da ONU – 1979 
Além das forças contidas no art. 144 (segurança pública), há também outros encarregados da 
aplicação da lei, a exemplo das guardas municipais. 
Devemos nos lembrar de que a aplicação da lei pode ensejar abusos, o que traz a importância do 
Código de Conduta, ou seja, como esses agentes devem se portar. 
Art. 1º: Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o dever que a 
lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em 
conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. 
 
Análise da expressão “sempre”, que também pode aparecer como “a todo momento”→ Não se 
exigem atitudes heroicas, devendo o funcionário responsável pela aplicação da lei atuar com 
responsabilidade e avaliar o caso concreto. Muitas vezes o não agir policial poderá ser muito mais 
benéfico que sua atuação. 
 
Todos os agentes da lei que exercem poder de polícia, especialmente captura e/ou prisão, são 
considerados funcionários encarregados da aplicação da lei. 
 
 
37 
 
Art. 2º: No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem 
respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos humanos de todas as 
pessoas. 
 
Lembrar que os direitos humanos não são absolutos, são relativos, segundo a posição do STF. 
Busca pessoal: é possível que a busca pessoal em mulher seja feita por homem? Sim, mas devemos 
preservar a dignidade. Aguardar o melhor momento é sempre bem-vindo. 
 
Art. 3º: Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando 
estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. 
 
Com a evolução social, o uso da força deve ser sempre encarado como exceção, nunca como regra. 
 
Consagração do princípio da proporcionalidade. 
 
O princípio da proporcionalidade é formado por três vertentes: 
 
1) Adequação: relação lógica entre meio e fim. Deve-se perguntar: tal atitude é a mais adequada 
para se chegar ao objetivo? 
2) Necessidade: observância do menor sacrifício possível de um direito fundamental para se atingir 
uma finalidade. Dos males, o menor. 
3) Proporcionalidade em sentido estrito: busca-se a solução mais interessante no caso em concreto, 
isto é, a que projetará mais benefícios do que malefícios. 
 
Todas as medidas possíveis devem ser adotadas para evitar o emprego de armas de fogo, 
especialmente contra crianças. Seu uso se limita, em regra, às hipóteses em que o suspeito oferecer 
resistência armada ou colocar em risco vidas alheias. Ainda assim, deve-se analisar, na medida do 
possível, se o uso de arma de fogo é realmente necessário no caso concreto. 
 
Art. 4º: Os assuntos de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o cumprimento do dever ou 
necessidade de justiça estritamente exijam outro comportamento. 
 
Confidencialidade: a regra é a de que a informação detida pelo policial seja mantida em segredo. 
Pode ser que, ao caso (juridicamente falando), uma informação não tenha qualquer relevância. 
 
38 
 
Todavia, a revelação desta informação pode ferir o direito à intimidade e à vida privada de 
determinada pessoa. Ex.: jogador de futebol famoso com as travestis no motel. 
 
Art. 5º: Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar 
qualquer ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante, 
nem nenhum destes funcionários pode invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais, 
tais como o estado de guerra ou uma ameaça de guerra, ameaça à segurança nacional, 
instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, como justificativa para 
torturas ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
Não serão admitidos quaisquer tratamentos que tragam dor, sofrimento físico ou mental por parte 
dos encarregados da aplicação da lei. A interpretação deve ser extensiva, ampla, de modo a verificar 
quais condutas ou omissões têm o condão de infligir, instigar ou tolerar o sofrimento. No entanto, 
não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de 
sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou dela decorram. 
 
Art. 6º: Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem garantir a proteção da saúde de 
todas as pessoas sob sua guarda e, em especial, devem adotar medidas imediatas para assegurar-
lhes cuidados médicos, sempre que necessário. 
 
Suponha-se que, em uma troca de tiros, um dos suspeitos seja alvejado e permaneça com vida. O 
policial deve tutelar a vida e a segurança individual daquele indivíduo (Ex.: acionamento do serviço 
de emergência médica). O policial atira para fazer cessar a injusta agressão, atua em legítima defesa. 
 
Art. 7º: Os funcionários responsáveis

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