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Daniel Amorim Assumpc,;ao Neves Mestre e Doutor em Direito Processua! Civil pela USP Professor assistente do Prof Antonio Carlos Marcato na USP, nos curses de gradua~ao, mestrado e doutorado Professor de Processo Civil do Curso Forum (Rio de Janeiro) e LFG (Sao Paulo). Advogado em sao Paulo, Rio de Janeiro e Natal. >> Site pessoal: www professordanielneves.com.br >> Twitter: danielnevescpc >> Periscope: @danielnevescpc >> Facebook: DanieiNevesCPC Manual de PROCESSO COLETIVO VOLUME UNICO DANIEL AMORIM ASSUMPCAD NEVES Manual de PROCESSO COLETIVO VOLUME UNICO 3a Edic;ao I revista e atualizada 2016 I );I EDITORA f JusPODIVM www editorajuspodivm com .br I JJI EDITORA f JusPODIVM www editorajuspodivm. com br Rua Mato Grosso, 175- Pituba, CEP: 41830~151 -Salvador- Bahia Tel: {71) 3363~8617/ Fax: (71) 3363~5050 ·E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br Copyright: Edh;:Oes JusPODIVM Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr.leonardo de Medeiros Garda, Fredie Didier Jr., Jose Henrique Mouta, Jose Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt JUnior, Nestor Tavera, Robt?rio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamp!ona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogt?rio Sanches Cunha Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenajardim com br) Dlagramat;ao: Marcelo 5. Brandiio (santibrando@gmail com) • A Editora JusPODIVM passou a publicar esta obra a partir da 3. 3 edh;:ilo. N5llm Neves, Daniel Amorim Assumpc;iio. Manual de processo co!etivo: volume Unico I Daniel Amorim Assumpc;ao Neves - 3. ed rev. atuat e amp\ -Salvador: Ed JusPodivm, 2016 560p. Bibl!ografia .. ISBN 97B-85-442·095S-4. 1 Dlreito Processual Civil. 2. Processo Coletivo,_ I. Neves, Daniel Amorim Assumpc;ao. 11 Titulo. CDD341.46 Todos as dlreitos desta edic;ilo reservados a Edic;6es JusPODIVM E term!nantemente proib!da a reproduc;iio total ou parcial desta obra, por qualquer me!o ou processo, sem a expressa autorizac;iio do aut ore da Edic;Oes JusPOD!VM A v!olac;ao dos direltos autorais caracteriza crime descrito na Jegislac;iio em vigor, sem preju!zo das sanc;6es civis cab!veis A minha querida avO Olga Amorim, escritora, poetisa valorosa e avO carinhosa e Unica. Como singela homenagem, sua bibliografia resumida e urn haicai de sua autoria: PRINCIPAlS PREMIA<;OES 2° pri:mio - 1 o concurso Haicai Brasileiro - Sao Paulo - 1997; Pri:mio - Publicai\=iiO XIV Antologia Poetica - Helio Pinto Ferreira - 2002; Haicai - 5° Iugar - Trofeu 25" Sao Paulo - Sendai 1anabata Matsuri - 2003; !pes amarelos Amlncio da primavera 0 sol vence a chuva. Poeta olha a ceu No ceu estrela cadente Pedido mental No cair da tarde Nuvem de passarinhos Coreografia. livros publicados Dedas de prosa Passa poesia 0/ho d'agua Aventura do sapo Jamuirio Voo de libe/u/as Revoada 0 sopro de agosto ... Caderna Zashi, Jamal Nippo-Bmsil Siio Paulo - SP - Classificada entre as 10 melhores trabalhas de 2003; VII Festival do Japiio Concurso de Haicai - 2005 - 411 colocai\=iio; 23° Concurso Liter3.rio Yoshio Takemoto Haicais - Mem;:iio honrosa - 2006; Poesia livre - Premia Especial 25° Concurso liter3.rio - Yoshio 'Takemoto - 2007 - Sao Paulo - SP. NOTA DO AUTOR A 3.a EDI~Ao Nesta terceira edi~iio, o Manual de Processo Coletivo teve que ser reescrito em raziio do Novo C6digo de Processo CiviL Ainda que o unico dispositivo que tratava de forma expressa de processo coletivo em tal diploma legal tenha sido vetado ( conversiio da a~iio individual em a~ao coletiva), e inegavel que ha reflexos no processo coletivo. Nessa realidade, houve a necessidade de adapta~iio de praticamente todos os capitulos do presente livro. Alem da devida atualiza~iio, realizei uma profunda revisiio e atualiza~iio jurisprudencial, fornecendo ao leitor o que ha de mais atual em nossos tribunais superiores a respeito do processo coletivo. Espero que a obra atenda a sua finalidade, que e fomentar a discussiio sobre o tema. APRESENTA~AO Apresentar uma nova obra de Daniel Amorim Assump<;ao Neves e, para mim, uma renovada alegria. Anteriormente, eu ja tivera a oportunidade de prefaciar seu livro sabre o arduo tema da competencia no Direito Processual Civil, obra que ja alcan<;ou merecido Iugar de destaque na literatura sabre o tema. Agora, encarrego-me de apresentar seu mais novo livro, este Manual de Processo Coletivo. Neste livro, depois de uma breve referenda ao Direito Comparado e a evolu<;ao hist6rica do processo coletivo, o autor trata do relevante tema da tutela jurisdicional coletiva, apresentando-o como manifesta<;ao da tutela juris- dicional diferenciada, que ja foi apontado por relevantes doutrinadores como uma das maiores conquistas cientificas do Direito Processual Civil da segunda metade do seculo XX. Em seguida, e ap6s uma descri<;ao da legisla<;ao vigente no Brasil para tratar do tema, Daniel Amorim Assump<;ao Neves fala sabre as diversas especies de processo coletivo, analisando institutos como a a<;ao popular, o mandado de seguran<;a coletivo, a a<;ao de improbidade adminis- trativa, o mandado de injun<;ao coletivo e os processos de controle abstrato da constitucionalidade, acolhendo a distin<;ao, proposta originariamente por Gregorio Assagra de Almeida, entre processo coletivo comum e processo cole- tivo especial. Apresenta o autor, em seguida, uma profunda analise dos principios que regem o processo coletivo, os quais sao responsaveis por conferir harmonia ao microssistema tratado nesta obra, servindo como vetores hermeneuticos para o interprete. Ha, depois, urn importantissimo capitulo dedicado ao exame dos direitos tutelaveis por meio dos processos coletivos, em que o autor analisa e diferencia os diversos interesses supraindividuais. Trata, em seguida, da cornpetencia, terna no qual - como tive oportunidade de dizer antes - ja se tornou uma das mais reconhecidas autoridades brasileiras. Logo na sequencia, h;:\ urn importante capitulo dedicado ao estudo da legitimidade para as demandas coletivas. Este e, certamente, urn dos temas mais relevantes do Direito Processual Coletivo, e a ele Daniel Amorim Assump- <;ao Neves dedica todo o esfor<;o necessaria para torna-lo palatavel ao leitor. 10 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VOLUME tiwco - Daniel Amorim Assumpt;Oo Neves Reconhece o autor que a legitimidade ativa para as demandas coletivas e extraordim!ria, nao sem enfrentar a polemica a respeito da necessidade ou nao de se ado tar, para o Direito Processual Coletivo, a figura da legitimidade autonoma para a condu~ao do processo. Examina, entao, em seguida, todos os legitimados ativos para as demandas coletivas, enfrentando todas as po!emicas existentes sabre tao relevante assunto. Trata a obra, depois, da rela~ao entre o processo coletivo e o pro- cesso individual, alem de examinar a relevante participa~ao do Ministerio Publico no processo coletivo. Daniel Amorim Assump~ao Neves examina, em seguida, como se manifestam, no processo coletivo, o litiscons6rcio e a interven~ao de terceiros, examinando ai, tambem, a participa~ao do amicus curiae, sujeito cuja participa~ao e extremamente importante para a amplia~ao do contradit6rio e, por conseguinte, da legitima~ao democn\tica do resultado do processo coletivo .. Posteriormente, dedica-se o autor ao exame de aspectos procedimen- tais diferenciados e dos meios de impugna~ao das decis6es proferidas no processo coletivo, para, imediatamente ap6s, tratar da coisa julgada, tema que - ao !ado da legitimidade das partes - ocupa posi~ao especialissima no microssistema do processo coletivo. Ha, ainda, espa~o dedicado a liquida- ~ao de senten~a e a execu~ao, assim como a tutela de urgencia e aos meios alternatives de resolu~ao de conflitos. Os ultimos capitulos do livro se dedicam a examinar aspectos ligados ao custo economico do processo, ao inquerito civil, ao modernissimo tema do processo coletivo passive e a prescri~ao e decadencia. Daniel Amorim Assump~ao Neves brinda, assim, a comunidade proces- sual e juridica brasileira com mais uma obra que se destina a marcar epoca entre nos. E se e indubitavel que o Brasil ocupa posi~ao de destaque no cenario internacional em materia de processes coletivos, a obra de Daniel Amorim Assump~ao Neves se destina a ultrapassar fronteiras, ajudando todos os operadores a compreender melhor o funcionamento do sistema processual coletivo. Este Manual aparece em momenta extremamente importante para o Direito Processual Brasileiro. Vivemos em uma epoca de profundas trans- forma~6es, em que se elabora urn novo C6digo de Processo CiviL E nao se pode negar que, nos dias de hoje, com a massifica~ao de conflitos e a repeti~ao de processes em serie, imp6e-se uma difusao cada vez maior da cultura da coletiviza~ao do processo e da tutela jurisdicionaL Para isso, e fundamental que as novas gera~6es de juristas e de proflssionais do Direito e do Processo tenham conhecimento de todas as potencialidades do Direito Processual Coletivo. E a obra de Daniel Amorim Assump~ao Neves, escrita em linguagem simples e acessivel - mas sem perder a densidade ou com- APRESENTA(AO 11 prometer a qualidade -, certamente servira para divulgar ainda mais este tema tao importante. Toda a comunidade juridica brasileira esta, hoje, de parabens P?r ga- nhar este presente: urn Manual de Processo Coletivo_ ~oderno, atuahzado, apto a contribuir para a melhoria da sociedade brasileira. Alexandre Freitas Camara Desembargador no T'JRJ Professor de Dircito Processual Civil da Escola da Magistmtura do Estado do Rio de Janeiro. Membra do lnstituto Brasileiro de Direito Processual e da Associa~tii.o lntemacional de Direito Processual PRE FACIO E voz corrente na academia e no foro que urn dos principais males que assolam o Sistema de )usti~a brasileiro e o da inaptidao do processo e do Poder )udich\rio para a tutela dos direitos, Afinal, alem de o Poder judich\rio nao ser capaz de solucionar todos os processos que !he sao submetidos em tempo razoavel, mesmo ap6s a prola~ao da decisao os instrumentos proces- suais capazes de satisfazer o direito da parte vencedora sao, muitas vezes, insuficientes para evitar ou reparar os danos causados. Certamente, muito dessa culpa e do modelo de processo e de justi~a Civil que temos no BrasiL Nitidamente formatados para a tutela de conflitos individuals, as leis processuais e o Poder )udiciario ainda nao sao capazes de solucionar, a contento, conflitos relativos a direitos metaindividuais (difusos e coletivos) ou de satisfazer direitos individuals de modo coletivo (molecu- larmente). Apesar dos inegaveis avan~os conquistados neste temario com o advento das Leis 7.347/1985 (Lei de A~ao Civil Publica) e 8.0'78/1990 (C6- digo de Defesa do Consumidor}, e de tantos outros diplomas que vieram a compor aquila que se tern nominado microssistema processual coletivo, ainda ha muito a se evoluir. Na verdade, o que parece ainda nao ter restado muito claro para boa parte dos operadores do Direito no Brasil (e, tambem, para a classe political e que a solu~ao da crise do judiciario e do processo passa, necessariamente, pelo aperfd~oamento e amplia~ao do modelo de tutela jurisdicional coletiva, antes, ainda, do aperfei~oamento do processo individuaL Nao que nao tenham certa importancia o debate e a constru~ao de urn novo C6digo de Processo Civil para a solu~ao de conflitos individuals (algo que ocorre no presente momenta), mas muito mais importante do que isso seria o debate em torno da constru~ao de uma verdadeira legisla~ao proces- sual coletiva brasileira, a modernizar o processo coletivo e a permitir que o Poder judiciario ou os representantes da coletividade pudessem, por meio de uma ou algumas poucas a~6es coletivas, tutelar adequadamente e eficazmente nao s6 os direitos difusos e coletivos, mas tambem os direitos individuals de centenas de milhares de pessoas (demandas individuals repetidas). 14 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO " VowME ON!co - Daniel Amorim Assump~ilo Neves Par isso, recebi com enorme alegria a noticia de que o meu colega da Rede LFG/Anhanguera, Professor Doutor DANIEL AMORIM ASSUMP- <;:AO NEVES, estava dedicando-se a estudar e a elaborar urn Manual de Processo Coletivo, alegria que foi redobrada quando recebi o convite para prefaciar a obra" Pais, de tato, ao produzir urn Manual que alia profundidade, clareza e didatica, o autor contribui nao so para a exata compreensao do fenomeno processual coletivo par estudantes e profissionais do Direito, mas especial- mente para a difusao do conhecimento da disciplina, alga indispensavel para conscientizar a todos da importancia que o processo coletivo deve assumir no Sistema de Justi~a brasileiro" A obra aborda praticamente todo o conteudo da nominada teoria geral do processo coletivo .. Passa pela constru~ao hist6rica do processo coletivo e da legisla~ao vigente, apresentando, ainda, as especies eo objeto do processo coletivo (direitos e interesses difusos, coletivos e individuals homogeneos); os principios referentes ao tema; as regras de competencia e coisa julgada das a~oes coletivas; a rela~iio delas entre si e com as demandas individuals de objeto correspondente ou decorrente; a legitimidade coletiva e os aspectos processuais e procedimentais diferenciados; as tutelas de urgencia no ambito coletivo; o inquerito civil; os meios alternativos de solu~ao dos conflitos metaindividuais; a prescri~ao e a decadencia das demandas (sic) coletivas. Alem disso, o autor, ao desenvolver seu pensamento, nao deixou de chamar, quando entendeu necessaria, a aten~ao para particularidades de algumas a~oes coletivas com regime diferenciado, como e o caso do man- dado de seguran~a coletivo e da a~ao civil de improbidade administrativa. Temas polemicos tambem nao foram negligenciados pela fina pena do autor: a a~ao coletiva passiva e seus desdobramentos; o controle, pelo Judichirio, das politicas publicas; a problematica da coisa julgada nas a~oes coletivas (especialmente para a tutela dos interesses individuals homoge- neos) e da legitimidade ativa para a propositura da a~ao (representa~iio adequada); a competencia para o julgamento da a~ao civil de improbidade administrativa - entre tantos outros - mereceram competente tratamento. Contudo, o que realmente chama a aten~ao no Manual de Processo Coletivo, do Professor DANIEL AMORIM ASSUMP<;:AO NEVES, e o htto de ele nao apresentar uma obra puramente neutra. Embora sempre seja revelado o panorama jurisprudencial e doutrinario de todos os temas tra- tados, em momenta algum deixou o autor de externar seu posicionamento (muitas vezes cdtico e diverso do nosso) a respeito dos assuntos tratados, alga que engrandece profundamente o debate e torna a obra referendaL PREFAC!O 15 0 que me resta a fazer, entiio, e cumprimentar o autor pela qualidade do produto que ora e apresentado a comunidade juddica, de indiscutivel utilidade para a academia, para as !ides forenses e para aqueles que se pre- param para os mais diversos concursos publicos. Certamente este Manual seguira o mesmo sucesso de publico e de critica dos demais trabalhos do festejado autor. Sao Paulo, setembro/2012 Fernando da Fonseca Gajardoni Professor Doutor de Dircito Proccssua! Civil c Co!ctivo da Faculdade de Direito da USP- RibeirJo Prcto (FDRP-USP) e do programa de Mcstrado em Direitos Difusos e Coletivos da UNAERP (Univcrsidadc de RibeirJo Prcto) Doutor e Mestre em Direito Proccssual pcla Faculdade de Dircito da USP (FD-USP) Membra da comissii~ de juristas nomeada pelo MinistCrio da Justir;a que claborou o PL 5 139/2009 (Nova Lc1 de Ar;iio Civil PUblica). Juiz de Dircito no Estado de Silo Paulo SUMARIO LIST A DE ABREVIATURAS ,,,., ............................ ""''"'"""""'""'" ...................... , ... , ...................... 29 1. BREVE HISTQRICO .................. , ............... ,,................................. ..................... 33 U. Paises da familia da civil law ............ . 1.2. Paises da familia da common law .... .. 34 13. Evolu~ao do processo coletivo no Brasil ............... 35 2. TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA ............................................ , .................. , .. ,,, 37 2 L lntrodu~ao ,,,,,,,,,, ....... 37 2.2. Origem da tutela jurisdicional coletiva 39 2.3. Microssistema Coletivo ,, ............... <<< , .................. , ,,,,,,,,,,.,,, ....... 42 23.1. Conceito ,, .. , ................................................. " ............................................ , 42 2.3.2. Casuistica ............ , ................................... " .......... .. . ............ 45 2.4. Marcos legislativos 3. LEGISLA<;AO VIGENTE •. ,.,,.,,, .. , .......... ,.,,.,,., ......... '" ••..... ,. ..... _..,., .......................................... _.. 3.L introdu~ao ......... """' ............... ., ............................ ., ................ , 3.2. Lei das Pessoas Portadoras de Deficiencia (Lei 7.853/1989) 3.3. Lei de defesa dos investidores do mercado de valores mobiliarios (Lei 53 53 53 7 913/1989) . . ....... , ... ,. .... , . . . """"" " . ............ . ................... ," < 55 3.4. Estatuto da Crian~a e do Adolescente (Lei 8 069/1990) .................... .,,.. ............... 56 3.5. Lei de lmprobidade Administrativa (Lei 8.429!1992) ......... ,. .. ,. .................. , ., .. , .... 58 3.6. Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) ............. ,. ............................................. 64 3]. Estatuto do ldoso (Lei 10.741/2003) . ., .... , ................................ . 66 3.8. Lei do Mandado de Seguran~a (Lei 12.016/2009) .......... ,,, ........... , .... .,,.,. ................ 68 18 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO ·VoLUME lJNito - Daniel Amorim 3.9. Lei de defesa da ordern econ6rnica (Lei 12529/2011) 310. Lei Anticorrup<;ao (Lei 12846/2013) Neves 69 71 4. ESPECIES DE PROCESSO COLETIVO ................ ' ........... 75 4.. 1 _ Processo coletivo comum 4l1 lntrodu<;ao 4.1.2. A<;ao popular 75 "' ..... , 75 77 4.1.2.1. Hip6teses de cabirnento ',,,,,,,,,,,,,. '''''''''''"• 77 41 .2. 2. llegalidade e lesividade do ato administrative ..... . . . , ......... , 80 4.1.3 Mandado de seguran<;a coletivo .......... , ...... 83 4.1.3.1 Requisites comuns de cabimento do mandado de seguran<;a individual e coletivo . , , ....... . 83 41 .3.2 Direitos tutelaveis pel a mandado de seguran<;a coletivo ..... 86 4.1 A. A<;ao de improbidade administrativa ....................... , ... . 86 4.1.41. Patrirn6nio publico e moralidade administrativa .... ...... 86 4.1 .4. 2 .. Natureza civil da a<;ao de improbidade adrninistrativa ., 87 4. 1.6. Man dado de injun<;ao coletivo 4.2. Processo coletivo especial 4.2. 1. lntrodu<;ao .... ,, ............. 87 88 '' ..... '' ........ 90 90 4.2.2. A<;ao direta de inconstitucionalidade ,,,,,,,,,,,, ,, '' ............. ''" ......... 91 4.2.3. A<;ao direta de inconstitucionalidade par omissao 91 4.2.4. A<;ao declarat6ria de constitucionalidade ......... . .. ......... ,, ........ 92 4.25, A<;ao de descurnprirnento de preceito fundamental 4.2 5 1, Objeto da impugna<;ao ................. . 4.2.5.2. Carater subsidiario 4.3.. Processes pseudocoletivos (a<;6es pseudocoletivas) 4.4. A<;6es pseudoindividuais 5. PRINC[PIOS DO PROCESSO COLETIVO 5. 1. Acesso a ordern juridica justa ............................. .. 5.2. Principia da participa<;ao 5.3. Ativisrno judicial ..... 53.1 . Sistemas processuais dispositive e inquisitive 5.3 . .2. Sistema processual no processo coletivo e poderes do juiz 5.3.3. Processo coletivo e a irnplernenta<;ao de politicas publicas 94 94 .............. ,, 97 98 107 107 112 113 113 114 117 SUMARIO 5.3.4. Dever do juiz na pratica de atos processuais (prazos impr6prios) SA. Contradit6rio 55. Economia processual 5.6 Interesse no julgamento de merito 5 .. 6.1. Principia de teoria geral do processo 5.62. Especificamente a processo coletivo 5.6.2.1 lntrodu<;ao 5.6 . .22. Sucessao na hip6tese de ilegitimidade ativa 5.6.2.3. Fungibilidade 19 120 122 125 128 128 130 130 130 131 5.6.2A Curnula<;ao de pedidos na a<;ao de irnprobidade adrninis- trativa . . ........... .. ............................. , 134 5.6.3. Interesse no melhor julgamento de rnerito possivel 5.7. Disponibilidade rnotivada 5.8. Obrigatoriedade de prorno<;ao da defesa dos direitos coletivos Jato sensu? 5.9. Obrigatoriedade da execu<;ao 5.10 Nao taxatividade da tutela coletiva 5.11. Cornpetencia adequada 6. DIREITOS TUTELADOS PELO MICROSSISTEMA COLETIVO .. , ............. .. 6J. Direitos ou interesses? 6.2. Direito difuso . 63 Direito coletivo 6.4. Direitos individuals hornogeneos 65. Direitos individuals indisponfveis 6.6. ldentidades e diferen<;as entre as direitos coletivos lata sensu 7. COMPET~NCIA ...................... , ............................................................................ . 7.1. lntrodu<;ao ....... "'"""'"""""'"""" ""'""'""''"'""'"'"'"'"'''"""'"'"'"""'"" 7.2. Competencia da Justi<;a brasileira 73. Competencia originaria dos tribunals superiores e 6rgaos atfpicos 7.3.1. Processo coletivo especial ... , ...... 7.3.2 .. A<;ao popular e a<;ao civil publica 7.3.3. A<;ao de improbidade administrativa 7.3.4. Mandado de injun<;ao coletivo ....... 7.35. Mandado de seguran<;a coletivo 7.3.6 .. Processo de impedimenta 135 136 142 143 145 147 151 151 153 155 157 160 162 167 167 .... 168 169 169 170 170 173 173 174 20 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO • VoLuME Druce - Daniel Amorim Assumpr;tlo Neves 7 4. Competencia de Justi~a Especializada 75. Competencia da Justi~a Comum 7.6. Regrade Competencia Absoluta 7.6. 1. Competencia absoluta: funcional au territorial? 7..62. Local do dana ................ .. 7.63. ECA e Estatuto do ldoso 7.6.4. Mandado de seguran~a coletivo 7.6.5 A~ao popular ........... .. 7..6.6. A~ao de irnprobidade administrativa 7.7. Competencia de juizo ........................ . 174 175 178 178 179 182 182 183 185 186 8. LEGITIMIDADE 187 81 Especies de legitimidade 8.2. Legitimados ativos 821. Cidadao 8 2.2. Ministerio Publico 8.2.3. Associa~ao 82.3.1. lntrodu~ao ' ............. 187 190 190 ''''' 194 200 8.2.3.2. Constitui~ao nos termos da lei civil ha pelo menos um ana 200 200 202 8.23.3. Pertinencia tematica 82.3 .4. Representac;ao adequada (adequacy of representation) ........ 203 8 .. 234. 1. lntrodu~ao 8.2.3.4.2. Sistema ope iudicis (common law) 8.2.3.4.3. Sistema ope legis (civil law) 8.2.344. Situa~ao atual no Brasil ....... 203 203 ''' 204 ''' '" 206 8.2.35. Legitimidade extraordinaria ou representac;ao processual? 208 8.2.4. Pessoas juridicas da administra~ao publica ' .......................... 211 8.25. Defensoria Publica 213 8.3. Legitima~ao ativa no mandado de seguran~a coletivo ''''"""""'"'"'' '' ., ',,.,, '" 220 8.4 Legitimac;ao ativa na a~ao de improbidade administrativa ........ '''"''"' 223 223 84.1. lntrodu~ao ......... 8.4.2. Pessoa juridica interessada 8.4.3. Ministerio Publico 85. Processo coletivo especial 8.6. Legitimados passives ........................... . ''' ,, .................... '' 223 ''"'""""'"""'"'"0"''' ""'"'""'"'"""""""""'""'"·"' '' 225 227 231 SUMAR!O 8.6. 1. lntrodu~ao 8. 6.2. A~ao popular 8.6.3. A~ao de improbidade administrativa .. .. 8.6.4. Mandado de seguranc;a coletivo ......... .. 8.6.5. Legitima~ao passiva no processo coletivo especial ...... 8.7. Legitima~ao bifronte da pessoa juridica de direito publico 8.7.1 A~ao popular ....................... .. 8.7.2 .. A~ao de improbidade administrativa ... 8.8. Classifica~ao da legitimidade e litiscons6rcio 21 231 232 234 236 240 243 243 244 246 9. RELA<;AO ENTRE A A<;Ao COLETIVA E INDIVIDUAL 9.1. lntrodu~ao ..................................... 249 92. Litispendencia 9.3. Conexao e continencia 9.3. 1. Conceito 9.3.2. Objetivos pretendidos com a reuniao de a~6es conexas ...... 93.3. Obrigatoriedade ou facultatividade na reuniao de processes em razao da conexao .. ----" ......... ., , 93.4. Materia de ordem publica .............................................. . 9.35. Especificamente na rela~ao entre ac;ao coletiva e individual 9.4. Suspensao do processo individual 9.5 Extin~ao do processo individual ...... 10. PARTICIPA<;AO DO MINISTERIO POBLICO 10.1 Parte 101.1Poloativo .. 10. 1.2. Polo passive 1 0.13. Litiscons6rcio 10.2 Fiscal da Ordem Juridica .... 10.2..1 Mandado de seguran~a coletivo 10.2.2 A~ao popular ..................... . 10.3 .. Sucessao processual 249 249 251 251 252 253 254 255 257 259 261 261 262 262 264 264 266 267 271 11. LITISCONS6RCIO E INTERVEN<;AO DE TERCEIROS ................................ ; ........ 273 11.1. Litiscons6rcio ............. , .. 112. Litiscons6rcio no polo ativo 273 274 22 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO · VowM£ Owco - Daniel Amorim Neves 11 .2.1. Facultativo 11.2.2. Unitario ...... . 1 1.2.3. Litiscons6rcio ativo ulterior? ................................. ''" ...... . 11.2.3. 1. Processo coletivo comum ..... '""'""""'"'"""'"'""" ...................... . 11 ,2.3.2. Processo coletivo especial ....... , '"'"""""""""""" .................... . 274 275 276 276 279 113. Litiscons6rcio no polo passive 11.3. 1. lntrodu~ao ...... , .. "'"'''''''''''''''""'''" .... ''"'"'""'''"''" 281 11.3.2, A~ao popular ......... . ' '"""""'" . 281 .. '"""'"""" . 281 11.3.3. A~ao de improbidade administrativa ............................................... '" ... . 282 11 4. lndividuo como "litisconsorte" nas a~6es coletivas de direito individual homogeneo ... ........ . . .. .............. 284 11.5. lnterven~ao de terceiros 11 .6. Assistencia 11.6.1 Assistencia simples 11.6.2 Assistencia litisconsorcial 11.7. Denuncia~ao da lide . 11.7 1. Denuncia~ao da I ide no C6digo de Defesa do Consumidor ............. . 11.7.1.1. lntrodu~ao ............................... ,,.,, 11.7.1.2. Raz6es da veda~ao legal 11.7.1.2.1. lntrodu~ao 11.7.1.2.2. Retardamento procedimental 11.7.1.2.3. Nova causa de pedir em razao da denuncia~ao da lide ..... '" ........................ '"'"' ................... . 11.7.1.2.4. Abrangencia da veda~ao legal""'"" ....... , .. , .... , .... . 11.8. Chamamento ao processo ................................. . 11.8.1. Especie atipica de chamamento ao processo 11.8. 1.1, A~ao diretamente pro pasta contra a seguradora 11 .9. Amicus curiae 1 1.9.1. lntrodu~ao 11.9.2. Interesse institucional 11.9.3. Requisitos 286 287 287 288 288 289 289 290 290 290 293 294 295 296 297 298 298 299 300 11.94. Aspectos procedimentais ........ .. ........ " 301 1110. lncidente de Desconsidera~ao da Personalidade Juridica ' "'"'"""""" '"'" 303 11.1 o. 1. lntrodu~ao ............................... '"""" ··'"·--·--·--···--................................... . 303 11, 10.2. Momenta ...................................................... '""'"""""' ....................... , ....... 305 SUMAR!O 23 11103 Procedimento 306 1 UOA Forma de defesa do s6cio (au da sociedade na desconsidera~ao inver sa} ,,.,. . 11. 10.5. Recorribilidade 11.10.6. Fraude a execu~ao 12. RELA<;:AO ENTRE A<;:OES COLETIVAS 12.1 . lntrodu~ao 12.2_ Conexao e continencia 12. 2.1, Conceito e efeito 12.22. Determina~ao do juizo prevento 12.2.3. Prejudicialidade externa 308 311 312 313 313 ''' . , ... 314 314 315 316 12.3. LitispendEmcia e seu efeito .............. ,.w ..................... " .. '"""'''". 318 12.4 Limita~ao territorial do art 16 da LACP .................................. , .•.. 319 320 12S lndevida confusao entre continencia e litispendencia parcial 13. MEIOS DE IMPUGNA<;:Ao 13.1, Recursos e sucedimeos recursais 13.2 Cabimento 13.2.1. lntrodu~ao 13,2,2. A~ao popular 13.23 .. Man dado de seguran~a coletivo .. 323 323 325 325 326 '"'"""'""""""' "" 326 13.2.4. Processo coletivo especial ................ , ................... , .... . 328 329 133. Legitimidade recursal 13.3.1. lntrodu~ao 133.2 .. A~ao popular ''"'""' ''' .. ''' ..... , ....... 329 . '""'"''"""" ''" 330 13.3.3. Mandado de seguran~a coletivo "'"'". .. 331 332 332 13.4. Efeitos 13.4.1. lntrodu~ao 134.2 A~ao civil publica 13.4.3. A~ao popular 13 5. Desistencia e renl.incia 13.6. Reexame necessaria 13.6 1. lntrodu~ao 13.6.2. A~ao popular 13.6.3. Mandado de seguran~a coletivo .. """"""""''" 332 335 """" 336 340 340 ' 342 ... '"'"'""""""'"'"' ... '''''"'"'"'"""""""'""""'""' 343 24 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO • VowME Owco - Daniel Amorim Assump~iio Neves 13.7. A~ao rescis6ria ............. . .... . ............. .. 13.72 Processo coletivo comum 13.7.3. Processo coletivo especial . 13.8. Pedido de suspensao de seguran~a 344 344 346 346 348 14. COISA JULGADA 14.1 .. lntrodu~ao 355 355 355 360 14.2. Coisa julgada secundum even tum probationis ......................... . 14.3 Coisa julgada secundum eventum litis 14.4 Limita~ao territorial da coisa julgada 362 14.5 Coisa julgada na a~ao de improbidade administrativa 367 14 .. 6. Coisa julgada no mandado de seguran~a coletivo .......................................... 368 15. LIQUIDA~AO DE SENTEN~A ,.. ................................................. .. 15.1. Conceito de liquidez e obriga~iies liquidaveis .................................................. . 15.2. Natureza juridica da liquida~ao 371 371 372 15.3 Legitirnidade ativa ... . ...... . ... .. . . . • .. . ............... .. . ..................... ' ....... 374. 15.4. Competencia 15.5. Especies de liquida~ao de senten<;a ................................ . 15 .. 6. Direito difuso e coletivo ......................................................................................... . 15.7. Direito individual homogeneo ....... .. 15.8. Liquida~ao individual das senten~as de direito difuso e coletivo 374. 376 378 . 378 379 16. EXECU~AO .............................................................................................................. 381 16.1. lntrodu<;ao .............................................................................. . 16J .1. Processo de execu~ao e curnprimento de senten~a 16J .2. Execu~ao par sub-roga<;ao e indireta 16.2. Legitirnidade ativa ...................................... . 381 381 384. 390 163. Direitos difusos e coletivos . . ..................................... , . .............. 392 16.4. Direitos individuais homogeneos ........................................................... 393 16.4.1. lntrodu~ao ........................................................................................ . 393 16.4.2. Execu~ao par fluid recovery ................... . ..................... .. 394 16.4.3. Legitirnidade .................................................................................................... 398 16.5. Regime juridico das despesas e custas processuais .. .... .............. .................. 400 SUMARIO 25 17. TUTELA PROVIS6RIA 17.1. lntrodu~ao ... 17.2 Tutela antecipada ............................................................................... 403 403 .................... 405 17.3. Lirninar .................. .. ' .... 408 17.3. 1. Processo coletivo com urn .... 411 17 .3.2. Mandado de seguran~a coletivo 414 17.3.2.1. Natureza juridica . . ........... 414 17.3..2.2. Presta~ao de garantia para a concessao da lirninar ..... 416 17.3.23. Comunica~6es ............... . ................................................ 416 17.3 .2.4. Veda~ao a concessao de lirninares ................................... .. 417 173..2.5. Efeitos da liminar ............... .. 17.3.2.6 Peremp<;ao ou caducidade da liminar 17.4. Cautelar ......... ,0"'' ........... "'"'""o'"' "·'" ....... , •••••. ,. ....... ., .... M ................ "'"""""'" 17.4. 1. Processo coletivo cornum ' ............. 418 419 ... 421 .... 421 17.4.2 Cautelares nominadas na Lei de lmprobidade Adrninistrativa .......... 423 17.4.2 1. lntrodu~ao ...... 423 17 4.2.2. lndisponibilidade de bens . . .......................... .. . .............. 424 17.4.2.2.1. Natureza juridica ...... .. . ............................. 424 17.4.2.2.2. Atos de improbidade e indisponibilidade .............. 426 17.4.2.2.3 Legitimidade ativa ...... . • ....................... 427 17.4..2.2.4. Objeto da garantia ................................................ 429 17.4.2.2.5. Lirnites impastos ao ato de constri~ao ................ 430 17.4.2..2.6. Forma de pedido de indisponibilidade ........ 432 17.4.2.2.7. Concessao liminar de medida cautelar .............. 433 17.4.2.2.8. Requisites para a concessao ................................. 435 17.4.2.2.9. Prazo para a propositura da a~ao principal ..... 436 17.4.2.3. Sequestra ......... ...................... . ................... 438 174.2.3. L Natureza juridica . .. ................. ... . ............ .. 438 17 4.2.3.2. Atos de improbidade e sequestra 440 17 .42.33. Legitirnidade ativa 441 17.4.23.4 Objeto de constri~ao ................................ , .............. 442 17.42.3.5. Limites impastos ao ato de constri~ao ' 17.4.23.6 Forma do pedido de sequestra ............ .. 17.4.2.3.7. Concessao liminar ........................ "' ..................... .. 442 443 443 26 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VotuME Ur.1CO - Daniel Amorim Assump~ao Neves 17A.2.3.K Requisites para a concessao ..... , .••.... 174.2.3.9. Prazo para a propositura da ac;ao principal 444 444 17A2A Afastamento provis6rio do cargo, emprego ou func;ao 445 17.4.2.4. 1. Natureza juridica ............................. 445 17A2A2 Requisites para a concessao 174.2.4.3.. Tempo de durac;ao ......... .. 17.4.2.44 Sujeitos passivos da medida 17.4.245. Excepcionalidade do pedido ...... .. 1743. Processo coletivo especial ..... 446 447 '' , .. ,. ' ' 448 ' '" 449 450 17.4.3. L Ac;ao direta de inconstitucionalidade "''""'"""'"'"""'"'""'"'" 450 174.3.2. Ac;ao direta de inconstitucionalidade por omissao ........ 454 17.4.3.3. Ac;ao declarat6ria de constitucionalidade 456 17 4.3 4 Arguic;ao de descumprimento de preceito fundamental .... 457 175. Tutela da evidencia 17.5. L lntroduc;ao 1752. Hip6teses de cabimento "459 459 . ,,,, " 460 175.2. L Abuso do direito de defesa ou manifesto prop6sito pro- telat6rio do reu ''' """"'' .. "'" '"'' ' 460 175.2.2. Fato provavel e tese juridica pacificada nos tribunais superiores . . . . ............. . .................................... 462 175 2.3 Prova documental em ac;ao reipersecut6ria . 464 175.2.4.. Prova documental sem prova do reu capazde gerar duvida razoavel ao juiz . . ...................................... 464 175.3. Procedimento ............................................. . '" 465 18. MEIOS DE SOLUc;:Ao DOS CONFLITOS ......................................................... 467 18.1. lntroduc;ao '' """' '""'"""'""'·' "" ................................................... ,.. 467 18.2. Jurisdic;ao .......... ............. .. . . ... .. .. .. ........... . ...... ............. . ..................................... . 467 18.3. Equivalentes jurisdicionais 18.3.1. Autotutela 18.3.2. Autocomposic;ao 183.2.1 Diferentes especies . .. ......... . 18 3 .2.2. Termo de ajustamento de conduta 18.3.2.3. Transac;ao durante o processo coletivo ....... ' ,, "" ... 468 468 "'""" 469 469 471 "'"""'"'"""""'"'"'"""' 476 18.3.2.4. Vedac;ao expressa a transac;ao na Lei de lmprobidade Administrativa 477 SUMAR10 18.3.3. Mediac;ao 18.3A Arbitragem ' ,. "~· ....... ~ ........ ' " .. >0 "' ""' '"' "' 18.34.1. Generalidades .... " ....... "' .. " .. '"'~ ' .... ~·" ... 18.3.4.2. Cabimento na tutela coletiva ................. .. 18.34.2 L lntroduc;ao .............. . 27 " "' 478 "'" 480 480 " 482 482 18.3.4.2.2. Vedac;ao expressa a arbitragem no C6digo de Defesa do Consumidor 482 19. GRATUIDADE 191. lntroduc;ao ..................... , .. '""""'"'""""'"'""'"'""'""''"·""""''"'""'" '""""'"'"'"''""""'' 19.2 lsenc;ao de adiantamento 19.3. Condenac;ao em verbas de sucumbencia '"'"'"'"' 485 485 485 '489 20. INQUERITO CIVIL 20.1 . lntroduc;ao """'"""'"""''""" "'" 493 20.2. Natureza juridica do inquerito civil 20.2.2. Legitimac;ao exclusiva do Ministerio Publico .............. .. 20 23 Facultatividade ... 493 494 494 .. "494 495 20.2.4. Formalidade restrita (inquisitoriedade) - o problema do contradi- t6rio .... . ..... . . .... ..... . . 496 20.25. Publicidade mitigada 20.2.6. Autoexecutoriedade 203. Procedimento preparat6rio 20.4. Procedimento 20AL lntroduc;ao 20.4.2 lnstaurac;ao 498 . ""' '"' '"' 499 500 501 501 502 20.4.3. lndeferimento do requerimento de instaurac;ao do inquerito civil .. 503 2044. lnstruc;ao 20.45. Audiencia publica 2046 Arquivamento . 505 509 509 2047. Recomendac;oes 511 205. A importancia da aproximac;ao entre o inquerito civil e as cautela res pro- bat6rias- o valor e a carga da prova produzida . .... 512 21. PROCESSO COLETIVO PASSIVO ................. . 21.1. Situac;oes juridicas coletivas passivas " 515 515 28 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VoLUME llNICO- Daniel Amorim Assump{cio Neves 21.2. Situa106es juridicas coletivas ativas e passivas .. "' ................................. .. 516 213. Situa,6es juridicas coletivas passivas e processo coletivo passivo ..... 517 213.1. lntrodu,ao ............................ "........................ ................................ 517 213.2 .. Dificuldades praticas na ado10ao do processo coletivo passive ......... 518 21.3.2.1. Legitimidade ... .. ............................................................ 518 21.3.2.2. Coisa julgada ................................................................................. 519 21.3.2.3. Demais quest6es processuais ..... 21.4. A106es coletivas passivas originais e derivadas: indevida confusao ..... 521 524 22. PRESCRit;Ao E DECAD~NCIA .......................................... .. .. ........................................... 527 22.1. lntrodu,ao .................. 527 22 2 Decadencia .............................................................................................................. 528 222.1. Mandado de seguran10a coletivo ........... 528 22..2.2. Habilita,ao individual em senten10a coletiva de direito individual homogeneo .... .. ... .. .. ........... ...... .... ..... ...... ........................ .......... ............. ..... .......... 529 22.3. Prescri10ao 530 22.3. 1. (l":')prescritibilidade da pretensao de ressarcimento de danos ao Era no .......... .. .. . ........................................ ..... ..... . . ... .. ............... ... . ................ ... 530 22.3..2.. A10ao popular ............................................................................................................ 531 223.3. A10ao de improbidade administrativa .................. .. 532 22.3.4. A10ao civil publica ......... ............ ... .. ............ .. . .. .... ............. . .................. 534 ............... 22.4. Prescri,ao da pretensao individual ........................................................................... . 535 22.4.1. Pretensao de conhecimento 22.4.2. Pretensao executiva ....................... 535 536 REFER~NCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................. ,.................................................... 539 USTA DE ABREVIATURAS ACO - A<;iio Civil Origimiria ADC - A<;iio Declarat6ria de Constitucionalidade ADCT - Ato das Disposi<;6es Constitucionais Transit6rias ADln - A<;iio Direta de Inconstitucionalidade ADPF - Argui<;iio de Descumprimento de Preceito Fundamental Ag Agravo AgRg - Agravo Regimental AI - Agravo de Instrumento AO - A<;iio Origimiria APn - A<;iio Penal AR - Agravo Regimental ARE - A<;iio Rescis6ria AREsp - Agravo em Recurso Especial CAC - Compromisso de Ajustamento de Conduta CADE - Conselho Administrative de Defesa Economica CC - C6digo Civil CDC - C6digo de Defesa do Consumidor CF - Constitui<;iio Federal CLT - Consolida<;iio das Leis do Trabalho CNMP - Conselho Nacional do Ministerio Publico CPC - C6digo de Processo Civil 30 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VOLUME Uwco Daniel Amorim Assumpr;iio Neves CPP - C6digo de Processo Penal CVM - Comissao de Valores Mobiliarios DJ - Diario da Justi~a DJe - Diario da Justi~a Estadual ECA - Estatuto da Crian~a e Adolescente EDd - Ernbargos de Declara~ao EREsp - Ernbargos de Divergencia no Recurso Especial E-RR - Ernbargos ern Recurso de Revista FDD - Fundo de Direito Difusos HC - Habeas Corpus INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial j. - julgado ern LACP - Lei da A~ao Civil Publica LAP - Lei da A~ao Popular LC - Lei Cornplernentar LEF - Lei de Execu~ao Fiscal LIA - Lei de Irnprobidade Adrninistrativa LMS - Lei do Mandado de Seguran~a LOMPU - Lei Orglmica do Ministerio Publico da Uniao LONMP - Lei Organica Nacional do Ministerio Publico MC - Medida Cautelar Min. - Ministro(a) MS - Mandado de Seguran~a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil Pet - Peti~ao QO - Questao de Ordem RE - Recurso Extraordinario rel. - Relator (a) REsp - Recurso Especial RHC - Recurso ern Habeas Corpus RIOBDPPP - Revista lOB de Direito Penal e Processual Penal USTA DE ABREVIATURAS 31 RMS - Recurso ern Mandado de Seguran~a RR - Recurso de Revista SLS - Suspensao de Lirninar e de Senten~a ss Suspensao de Seguran~a STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justi~a TAC Terrno de Ajustarnento de Conduta TJ Tribunal de Justi~a TRF Tribunal Regional Federal TST Tribunal Superior do Trabalho 1 BREVE HISTORICO Sumiirio: 1.1. Paises da familia da civil law - 1. 2 Pafses da familia da common law - 1 .3. Evoluc;:ao do processo coletivo no BrasiL 1.1. PAfSES DA FAMILIA DA CIVIL LAW Segundo entendimento da melhor doutrina, a origem da tutela coletiva nos paises de tradi~ao romano-germfmica, que adotam em sua maioria o sistema da civil law, se confunde com a origem das a~oes populares existentes no direito romano 1• Nao obstante ser a regra na actio roman a a existencia de urn direito indivi- dual e pessoal, ja identificado na provoca~ao inicial, as chamadas a~oes populares eram aceitas como exce~ao a essa regra, admitindo-se que urn cidadao buscasse tutela nao por urn direito somente seu, mas de toda a coletividade_ Como aquela epoca nao estava totalmente definido o conceito de Estado, criou-se uma singular rela~ao do cidadao com a res publica, que auxilia a compreensao da admissao excepcional da a~ao popular romana_ Para os romanos, a res publica era de todos os cidadaos, ou seja, todos os integrantes do povo eram considerados coproprieta- rios dos bens publicos, de forma que a a~ao judicial que visava a prote~iio de tais bens, quando ajuizada por urn individuo, apesar de vincular a todos os demais, era entendida como pretensao em defesa de direito proprio do cidadao-autor'. No inicio, a a~ao popular romana voltava-se a pretensoes predominantemen- te de car..iter penal, com pedidos de carater inibidor da conduta lesiva e com a comina~ao de multa ou alguma especie de pena pecuniaria a ser adimplida por parte do transgressor. Com o desenvolvimento do instituto, a a~ao popu\ar romana 1 Leone!, Manual. p. 40; Assagra. Direito, p. 41. l Mancuso, A~ao, p 39-41 ·-------=--=---=··· =~ _____ ......._ __________________ _ 34 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VOlUME Uwco Daniel Amorim Neves passou a tutelar cada vez mais situa~6es de direito transindividual, ainda que forte:nente relacionada a defesa das coisas ptrblicas e de can\ter sacra. A~6es pro bbertate, para a defesa da liberdade, pro tutela, na defesa de interesses do pupilo, e ex lege Hostilia, para prote~ao dos bens de ausente vftima de furta, eram a~6es que se justificavam pelo interesse geral no cumprimento da lei, o que demonstra a natureza transindividual dos interesses tutelados'. Com a queda do Imperio Romano, as actiones populares do direito ro- mano niio resistiram ao direito barbara, permanecendo nao aplicaveis durante o periodo feudal, sem ressonfmcia nas monarquias absolutistas, tampouco no direito canonico. Significa que o direito intermedio representou um periodo sombrio para as a~6es coletivas, sendo apontado pela doutrina como marcos do renascimento da a~ao popular a Lei Comunal, de 30 de mar~o de 1836, na Belgica, e a Lei Comunal, de 18 de julho de 183'7, da Fran~a, que teriam servido de base para a a~ao popular eleitoral italiana de 1859·'. 1.2. PAISES DA FAMILIA DA COMMON LAW A doutrina aponta a origem das a~6es coletivas na Inglaterra medieval do seculo XII, onde e passive! identificar alguns grupos sociais litigando em conjunto por meio da representa~iio de seus lideres5 As a~6es coletivas me- dievais tinham como caracteristicas a defesa em jufzo do direito de membros de uma comunidade, que compartilhavam entre si tal direito, o que pode ser apontado como a origem das a~6es coletivas modernas que tern como base a tutela de direitos difusos e coletivos6• )a no seculo XVII os tribunais de equidade (courts of equity ou courts of chancery), ao perceberem os inconvenientes de exigir a presen~a de todos os interessados no processo - ate mesmo os de fato - para que a decisiio pudesse atingir a todos (compulsory joinder rule ou necessary parties rule), criaram o bill of peace, de forma a permitirem a~6es representativas (representative actions), que podem ser consideradas a origem remota da class action norte-americana', a~ao coletiva voltada a tutela de direitos individuais homogeneos8, As a~6es representativas s6 eram admitidas quando o m\mero de in- teressados gerasse um litiscons6rcio em numero tao excessive que tornasse impossfvel, ou ao menos impraticavel, sua reuniao no processo9 • Assim, urn l Leone!, Manual. p 44-46. 4 Assagra. Manual, p. 346. 5 Mendes, A«;6es coletivas, p .. 43-45; Gidi, A dass, p 42 6 Leal, A«;6es. p 24-25 7 Gidi. A class, p 41-42; Leonel. Manual. p 61. a Leal, At;:C)es, p 25. 9 Mendes. A«;6es coletivas, p .. 47; Pedro Dina marco, A«;3o, p 25; Gidi, A class, p 42. Cap, 1 • BREVE HISTdRICO 35 dos sujeitos que htzia parte do grupo poderia defender o interesse de todos em jufzo, representando o interesse dos membros ausentes. 1.3. EVOLUc;Ao DO PROCESSO COLETIVO NO BRASIL A primeira a~iio coletiva reconhecida no Brasil, muito por influencia do direito portugues, foi a a~ao popular. A doutrina entende que a a~ao popular vigorou no perfodo imperial e infcio da Republica, durante a vigencia das Ordena~6es do Reina, considerando-se a possibilidade de defesa de bens de usa comum pelo cidadiio. Para alguns, estaria inclusive consagrada no art 15'7 da Carta do Imperio de 18241° Como advento do C6digo Civil de 1916, mais precisamente em razao de seu art. 76, a doutrina majoritaria passou a entender que o sistema jurfdico brasileiro niio mais admitia a a~iio popular, ainda que vozes isoladas continuassem a defender a sobrevivencia dessa a~iio coletiva". Em 1934, a a~iio popular foi incluida expressamente na Constitui~ao Federal, por meio do art 113, § 38, para 3 anos depois ser suprimida pela Constitui~ao de 1937, vindo a ser restabelecida pelo art 141, § 38, da Cons- titui~iio de 1946, mantendo-se em todas as Constitui~6es subsequentes (art 150, § 31, da CF de 1967; art 153, § 31, da ECF de 1969 e na atual CF em seu art 5•, LXXIII). No campo intraconstitucional, tambem se considera a Lei de A~ao Po- pular como a primeira a tratar da tutela de direito difuso, no distante ano de 1965, A partir deJa, varias outras foram agregadas ao nosso ordenamento jurfdico, formando atualmente o microssistema coletivo. A descri~iio das leis inflaconstitucionais que versam sabre processo coletivo e feita no Capitulo 3. 10 Alves, Manual, p. 68 11 Mancuso, A~ao, p. 52~54. I ~~.1 ::::~!~~) ~~~:; :,~~:~5 ::y~,;:; /-."•'• iJ 2 TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA Sumario: 2.1 lntrodw;ao-2 2. Origem da tutela jurisdicional coletiva- 2.3 Microssistema Coletivo: 2.3,1 Conceito; 2.3.2. Casuistica- 2.4 Marcos legislativos 2.1. INTRODUl;AO E tradicional a utiliza~ao do termo "tutela coletiva" no dia a dia forense e academico, mas nem sempre tal uso considera com a devida precisao seu sig- nificado. Na maioria das vezes, inclusive, o termo e adotado para designar uma especie de tutela jurisdicional cujo objeto e urn direito coletivo lata sensu, e nesse caso seria ate mais adequado o nome "tutela jurisdicional coletiva". Para a exata compreensao do tema e imprescindivel que se determine primei- ramente o significado de "tutela jurisdicional': Por tutela jurisdicional entende-se a prote~ao prestada pelo Estado quando provocado por meio de urn processo, gerado em razao da lesao ou amea~a de lesao a urn direito material. Como se pode notar desse singelo conceito, a tutela jurisdicional e voltada para tutela do direito material, dai ser corr·eta a expressao "tutela jurisdicional de direitos materiais", empregada por parcela da doutrina. Como existem crises de diferentes naturezas, e natural que o sistema erie e disponibilize as partes diferentes formas de tutelas jurisdicionais, com procedi- mentos distintos e objetivos pr6prios De qualquer forma, apesar dessa diversi- dade, havendo uma amea~a ou uma viola~ao a direito, o Estado e provocado - o instrumento de provoca~ao e o processo -, e, quando ha uma solu~ao a crise juridica descrita, tern-sea concessao de uma tutela jurisdicional do direito material. A tutela jurisdicional pode ser dividida de diferentes formas, bastando para tanto que se adotem diferentes criterios. Assim, tem-se a distin~ao entre jurisdi- ~ao voluntaria e contenciosa, penal e civil, preventiva e ressarcit6ria', comum e especifica etc. Essas classifica~iies, que tern importancia meramente academica, 38 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO ·VOLUME 0NICO - Daniel Amorim Assump~iio Neves considerando-se a unidade da jurisdi~ao, sempre dependerao do criteria esco- lhido pela dontrina, nao sendo diferente com a classifica~ao distintiva existente entre tutela jurisdicional individual e coletiva, que adota como criteria a especie de direito material tutelado. A tutela jurisdicional individual e a tutela voltada a prote~ao dos direitos materiais individuais, sendo fundamentalmente regulamentada pelo C6digo de Processo Civil, alem, e claro, de diversas leis extravagantes, tais como a Lei de Loca~6es, Lei dos Juizados Especiais, Lei de Execu~ao Fiscal etc. A tutela jurisdicional coletiva, entretanto, nao se resume a tutela de direitos coletivos, ainda que admitida a expressao "direitos coletivos lato sensu" para designar as especies de direito material protegidas por essa especie de tutela. Dessa forma, a tutela coletiva deve ser compreendida como uma especie de tutela jurisdicional voltada a prote~ao de determinadas especies de direitos materiais. A determina~iio de quais sejam esses direitos e tarefa do legislador, niio havendo uma necessaria rela~ao entre a natureza do direito tutelado e a tutela coletiva. Significa que mesmo direitos de natureza individual podem ser protegidos pela tutela coletiva, bastando para isso que o legislador expressa- mente determine a aplica~iio desse tipo de sistema processual - microssistema coletivo - a tais direitos. Essa parece ser a op~ao do sistema patrio, ainda que parcela da doutrina te~a criticas a tal amplia~ao do ambito de aplica~ao da tutela coletiva' .. Conforme mais detalhadamente examinado no item 6A, e exatamente o que ocorre com o direito individual homogeneo, que, apesar da natureza indi- vidual, e objeto de tutela coletiva por expressa previsiio do C6digo de Defesa do Consumidor. 0 mesmo ocorre com os direitos individuais indisponiveis do idoso, crian~a e adolescente, desde que a a~iio coletiva seja promovida pelo Ministerio Publico, conforme devidamente analisado no item 8.2.2. As variadas especies de direito material protegidas pela tutela coletiva, tanto de natureza transindividual (difuso e coletivo) como de natureza in- dividual (individual homogeneo e indisponiveis em situa~6es excepcionais), nao desvirtuam a tutela jurisdicional coletiva porque, apesar de limitada a determinados direitos, a tutela jurisdicional coletiva e una, sendo aplicada a todos eles de maneira basicamente indistinta. E natural que existam algumas particularidades que devem ser sempre consideradas no caso concreto', mas nunca aptas a desvirtuar o nucleo duro dessa especie de tutela jurisdicionaL Significa que, apesar de alguma influencia em decorrencia da especie de direito tutelado, as principais regras que comp6em o microssistema coletivo seriio aplicadas a todas as a~6es coletivas, independentemente da especie de direito material tutelado .. 1 Zavascki, Processo. p 40·41. 2 Zavascki, Processo, p 40. Cap. 2 • TUTELA JURJSOICJONAL COLETIVA 39 A tutela jurisdicional coletiva, portanto, nada mais e que urn conjunto de normas processuais diferenciadas ( especie de tutela j~ri~~icion~l dif~renciada'?· distintas daquelas aplicaveis no ambito da tutela JUnsdrcwnal_m~IVJdu~L I~str tutos processuais como a competencia, a conexao e a contmencra, legr~rmrda de, coisa julgada, liquida~ao da senten~a etc., recebem na tutela coletrva ~m tratamento diferenciado, variando o grau de distin~iio do tratamento recebrdo pelos mesmos institutos no C6digo de Processo CiviL Por tutela diferenciada volta-se o processualista as exigencias do direito material apresentadas no caso concreto. Nota-se que, apesar de serem cienc~as aut6nomas, o direito processual e o direito material estao ligados de manerra indissociavel, servindo o processo como instrumento estatal de efetiva prote- ~ao ao direito materiaL Como as varias crises de direito material te~r diversas particularidades, e necessaria percebe-las, adequando-se o procedrmento no caso concreto para que a tutela jurisdicional seJa efetrvamente prestada com a qualidade que del a se espera. Tutela jurisdicioml difer:nci~da, assim, r~presenta a ado~ao de procedimentos e tecnicas procedrmentars drferencradas a luz das exigencias concretas para bern tutelar o direito material·'. Estudar a tutela jurisdicional coletiva e, portanto, estudar as formas e institutos processuais presentes no processo coletivo. 0 direito material di~u so e coletivo em urn maior grau e, mesmo com menor mtensrdade, o drrerto individual homogeneo tern uma riqueza incontestavel, mas seriio tratados no presente trabalho somente de forma subsidiaria, naquilo que interessar:m de forma mais direta a cria~ao e ao desenvolvimento do processo coletrvo. 0 presente livro e, portanto, urn livro de direito processual civil coletivo. 2.2. ORIGEM DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA Ainda que se mantenha a conclusao de que os direitos protegidos pela tutela coletiva sao aqueles que o legislador determinar, esperando-se, natu- ralmente, que se fa~a criterioso juizo de oportunidade e conveniencia ao se incluir nessa especie de tutela urn direito de natureza individual, sob P.e~a de desvirtuamento da tutela coletiva, e preciso reconhecer que essa especre de tutela, no momenta de sua cria~ao, era voltada exclusivamente aos direitos transindividuais. Somente em urn momenta posterior passa a tambem tutelar os direitos individuais violados ou amea~ados de viola~ao por atos de grande escala (direito individual homogeneo). E, por fim, os direitos individuals in- disponiveis em limitadas situa~6es expressamente consagradas em lei.. Direitos materiais transindividuais de diferentes naturezas passam a ser protegidos pela tutela coletiva, nao se limitando tal forma de tutela,aos direi- 1 Leone!, Manual. n 4.10, p .. 147. ~ Armelin, Tutela, p. 45; Cruz e Tucci, A~ao. p. 14-1 5; Bedaque. Direito. P 33 40 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO · VOlUME Uwco - Daniel Amorim Aswmpr;Oo Neves tos materiais civis. No direito tributario, eleitoral e trabalhista existem a~iies coletivas, havendo ate mesmo doutrina que defende a natureza coletiva da a~ao penal condenat6ria. Fala-se, inclusive, em direito penal supraindividual, no qual se tutelam bens juridicus coletivos5• Independentemente da natureza do bern da vida tutelado, e por con- sequencia do ramo do Direito, sera admissivel falar em tutela coletiva .. De qualquer maneira, entendo que continua intocavel a ideia de que essa especie de tutela coletiva estan\ destinada aos direitos materiais que o legislador pre- tender tutelar dessa forma diferenciada. Insisto, entretanto, que a origem da tutela coletiva esta associada aos direitos de natureza transindividual, sendo a ampliac;ao do objeto da tutela uma opc;ao do legislador, certamente satisfeito com os resultados pn\ticos gerados pelo novo sistema criado. Esse desenvolvimento da tutela coletiva e compreensiveL Os direitos transindividuais nao podem ser efetivamente protegidos pela tutela individual, a qual, no Brasil, esta essencialmente prevista no sistema processual criado pelo C6digo de Processo CiviL Sem as devidas adaptac;iies de alguns institutos processuais, notadamente da legitimidade ativa e da coisa julgada6, a efetiva tutela dessas especies de direito material seria inviaveL Dai a necessidade im- prescindivel de formac;ao de urn novo sistema, da cria~ao e disponibilizac;ao as partes de uma nova especie de tutela, chamada de tutela coletiva. Nao foi a inviabilidade de prote~ao por meio da tutela individual que ]evou OS direitos individuais homogeneos para 0 ambito da tutela coJetiva, mas uma opc;ao de politica legislativa fundada em variadas raziies, como de- vidamente exposto no item 6.4. 0 direito individual homogeneo, por exemplo, e tradicionalmente admitido como tutelavel pela tutela coletiva diante dos multihrcetarios obstaculos existentes para sua efetiva protec;ao no ambito da tutela individual Ainda assim, e inegavel que tal especie de direito pode ser protegido pela tutela individual, o que, inclusive, ocorre ate hoje, com a exis- tencia de diversas ac;iies individuais que poderiam ser substituidas por uma ac;ao coletiva fimdada em direito individual homogeneo. 0 que se pretende deixar clara e que a tutela coletiva e absolutamente imprescindivel para a protec;ao de direitos difusos e coletivos, e sem ela jamais poderao ser devidamente atendidos com a aplicac;ao da tutela individuaL Nos direitos individuais- homogeneos ou indisponiveis de determinados sujeitos- a tutela individual e abstratamente apta a tutelar o direito, ainda que na pratica, em razao dos inumeros obstaculos existentes, seja altamente recomendavel a aplicac;ao da tutela coletiva. Fazendo uma analogia, valer-se da tutela individual para a protec;iio de urn direito transindividual e o mesmo que exigir que a parte esvazie uma piscina 5 Didier~Zaneti, Curso, p. 44 6 Zavascki, Processo, p. 35 Cap. 2 • TUTELA JURlSD1CIONAL COLETIVA 41 com urn garh A tarefa, naturalmente, sera impassive! de ser cumprida. No direito individual - homogeneo ou indisponivel de determinados sujeitos - disponibiliza-se uma colher para a parte esvaziar a mesma piscina. Sera dificil, trabalhoso, cansativo e demorado, mas a tarefa pode ser cumprida .. Aplicar a tutela coletiva nesses direitos e permitir que a parte abra o ralo da piscina, 0 que fara com que agua escoe de maneira mais rapida e eficaz, obtendo-se o esvaziamento da piscina em menor tempo, com menos esforc;o e de forma mais eficiente. A urgencia na criac;ao de uma nova forma de tutela para proteger os direitos transindividuais e explicada corretamente pela doutrina como forma de atender o principia da inafastabilidade da jurisdi~ao. Consagrado pelo art sa, XXXV, da CF ("a lei nao excluira da aprecia~ao do Poder Judiciario Iesao ou ameac;a a direito"), o principia da inafastabilidade tern dois aspectos: a rela~ao entre a jurisdic;ao e a solu~ao administrativa de conflitos e o acesso a ordem juridica justa, que da novos contornos ao principia, firme no enten- dimento de que a inafastabilidade somente existira concretamente por meio do oferecimento de urn processo que efetivamente tutele o interesse da parte titular do direito materiaL Interessa ao presente estudo o segundo aspecto. 0 que realmente significa dizer que nenhuma lesao ou ameac;a a direito deixara de ser tutelada jurisdicionalmente? Trata-se da ideia de "acesso a or- dem juddica justa", ou, como preferem alguns, "acesso a tutela jurisdicional adequada". Segundo lic;ao corrente na doutrina, essa nova visao do principia da inafastabilidade encontra-se fundada em quatro ideais principais, verdadei- ras vigas mestras do entendimento7: acesso ao processo, ampla participa~ao, decisiies com justi~a e eflcacia das decisiies. Interessa a presente analise a primeira dessas vigas mestras. 0 acesso ao processo dos direitos transindividuais seria impassive! com a aplicac;ao do sistema criado para a tutela individuaL E, nesse sentido, o principia da inafastabilidade da jurisdi~ao consagrada constitucionalmente seria flagrantemente desrespeitado. A unica forma de fazer valer concretamente o principia constitucional nesse caso, portanto, seria - como foi - com a criac;ao da tutela coletiva. Ainda que de maneira mais dificil, demorada e cara, para os direitos in- dividuais atualmente protegidos pela tutela coletiva nao e concebivel falar em impossibilidade de tutela por meio do sistema criado pela tutela individual. Conforme ja afirmado, os obstaculos sao tantos e tao significativos, entretanto, que sacrificam ou tornam extremamente dificil o acesso ao processo, de modo que a inclusao de tal especie de direito no microssistema coletivo tambem pode ser explicada como efetiva~ao do principia do acesso a ordem juridica justa. 7 Cintra~Grinover~Dinamarco, Teoria, p 39-4t 42 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO " VowM£ liwco Daniel Amorim Assumpt;iio Neves 2.3. MICROSSISTEMA COLETIVO 2.3.1. Conceito A ideia de cria~ao de microssistema foi muito bern desenvolvida no campo do direito material, sendo os estudos mais aprofundados sabre 0 tema a~resentados por civilistas .. Tambem em outros campos do direito material tars c?mo o direito trabalhista e penal, existem estudos e aplica~iio da idei~ d~ mrcross_rste~a. Acredito que ate mesmo no direito processual tal ideia nao se hmrta a tutela coletiva, havendo doutrina, por exemplo, que fala em mrcross_rstema processual criado pelas tres leis que regulamentam os Juizados Especrars (Let 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei 12,153/2009)'. A pluralidade de normas processuais que regulamentam a tutela coletiva no direito patrio e alga que naturalmente complica sua aplica~ao no caso ~oncreto: com discussiies ~uitas ~ezes acaloradas sobre qual norma aplicar. E u~ problema que p_odena ter srdo resolvido, mas a op~iio legislativa niio segum o deseJO da mawr parte da doutrina especializada. Existe urn Codigo Modelo de Processes Coletivos para Ibero-America, aprovado nas Jornadas do Institute Ibero-Americano de Direito Processual, na. Venezuela, em outubro de 2004. Contribuiram para a elabora~ao desse ~odrgo Modele especialistas ibero-americanos de diversos paises, sendo bra- srlerros Ada Pellegrini Grinover, Kazuo Watanabe, Antonio Gidi e Aluisio de Castro Mendes. Como o proprio nome sugere, entretanto, trata-se apenas de urn modelo, ~ue serve, quando muito, para compara~iio com o direito vigente em nosso pars .. De qualquer forma, trata-se de compila~iio em urn so C6digo de todas as normas processuais da tutela coletiva. Certamente influenciados pelo Codigo Modele de Processes Coletivos para lbe:o-America, ;e:e inicio em terri to rio nacional urn movimento para a elabor a~ao de ~m Codrgo de Process a Civil coletivo Depois de muitas idas e vmdas, o proJeto, _que desistiu da ideia origimiria de novo Codigo e passou a pr.opor uma revrsao substancial da Lei 7.347/1985, para que passasse a ser o drplo:na process~al_ c?letivo (_Projeto de Lei 5.139/2009), foi rejeitado na Comrssao de Conslitm~ao e Jusli~a9, sendo interposto recurso do relator e de outros deputados c~~tra tal deci~~o. Finalmente, em 17 de mar~o de 2010, 0 proJeto de let for reJertado pela Camara dos Deputados. ~sse br~vis~imo histor~~o e importante porque demonstra que houve uma tentatrva l~grslaliva de reumao de todas - ou ao menos da maioria _ as normas processuars da _tuteb coletiva em urn so diploma legaL Ocorr·e, entretanto, que esse ObJelivo n~o for ~lcan~ado, de for~a. que, atualmente, o sistema processual de tutela coletrva esta espalhado par mumeras leis, o que exige do interprete 6 Cimara. Juizados, p 3-5 9 Grinover, C6digo, p. 35-39 Cap. 2 • TUTELA JURlSDlCIONAL COLETlVA 43 o reconhecimento de que o microssistema de processo coletivo resulta da reuniiio de normas distribuidas por tais leis. Registre-se, antes de tudo, que o termo microssistema coletivo niio e tranquilo na doutrina, havendo aqueles que preferem falar em minissistema10 e outros, em sistema unico coletivon Sao diferentes nomenclaturas para prati- camente o mesmo raciocinio, de modo que a ado~iio de uma ou de outra niio gera qualquer repercussiio pnitica relevante. Prefiro o termo "microssistema coletivo" por ser o mais utilizado, sendo, inclusive, consagrado no Superior Tribunal de Justi~a12 0 mais importante e a defini~iio de como as leis que compiiem o microssistema se relacionam e como este se relaciona com o Codigo de Processo CiviL Sao inumeras as leis que compiiem o microssistema coletivo, por exem- plo: Lei 4717/1965 (A~iio Popular); Lei 6.938/1981 (Lei da Politica Nacional do Meio Ambiente); Lei 7.347/1985 (A~ao Civil Publica); Constitui~iio Fede- ral de 1988; Lei 7.853/1989 (Lei das Pessoas Portadoras de Deficiencia); Lei 7.913/1989 (Lei dos Investidores dos Mercados de Valores Imobiliarios); Lei 8.069/1990 (Estatuto da Crian~a e do Adolescente); Lei 8.078/1990 (Codigo de Defesa do Consumidor); Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administra- tiva); Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso); Lei 12 .. 016/2009 (Lei do Mandado de Seguran~a). Apesar da inegavel pluralidade de leis a comporem o microssistema co- letivo, a doutrina parece tranquila no sentido de indicar que o nucleo duro desse microssistema e formado pela Lei de A~iio Civil Publica e pelo Codigo de Defesa do Consumidor13. Para alguns, inclusive, so existiriam o Codigo de Defesa do Consumidor e a a~ao civil publica, regulada pela Lei 7.347/1985 e reafirmada, contrariada ou complementada pelas demais leis mencionadas14. Seja como for, niio ha como negar a relevancia das Leis '7.347/1985 e 8.078/1990 para o microssistema coletivo. No tocante a norma que deve ser aplicada no caso concreto, e passive! pensar em tres interessantes pontes: (i) definir dentro do nucleo duro qual norma deve ser aplicada; (ii) fora do nucleo duro, como normas de outras leis que compiiem o microssistema devem ser aplicadas; (iii) fora do microssistema, como devem ser aplicadas as regras do C6digo de Processo Civil. Quanta ao primeiro ponto, ha corrente doutrinaria que defende serem prioritariamente aplicaveis as normas da Lei de A~ao Civil Publica, deixandose a aplica~iio em segundo plano, no que for cabivel, das normas previstas no 10 Grinover, C6digo, p 33. 11 Gomes Jr e Favreto, Anota<;Oes, p. 530-531 12 STJ, P Turma, AgRg no REsp 1.357.759/GO, reL Min. Napo!eao Nunes Maia Filho, l16/06/2014, OJe 04/08/2014; STJ,4"Turma, REsp 1 .192577/RS. rei. Min. Luis Felipe Sa!omao, j 15/05/2014, DJe 1 5/08/2014; STJ, 1 ~ Turma, REsp 1.221 254/RJ, rei. Min Arnalda Esteves Lima, j. 05/06/2012; DJe 13/06/2012. 11 Andrighi, ReflexOes, p 338; Leonel, Manual, n. 410, p. 148 14 Grlnover. C6digo, p,_ 33~34 ........ ······-·-····-·····-===~-----·i...lc --------------- 44 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VotuM£ tiNICO - Daniel Amorim Assump~iio Neves Codigo de Defesa do Consumidor15, enquanto outra corrente entende que, sendo a rela<;ao de direito material de consumo, a aplica<;ao da Lei de A<;ao Civil Publica deve ocorrer subsidiariamente16 , Levando-se em considera<;ao apenas esses dais entendimentos, o primeiro e preferivel em razao da expressa previsao contida no art 21 da Lei 7347/1985 .. Considem mais correto o entendimento de que nao existe propriamente uma ordem preestabelecida entre os dais diplomas legais. Na realidade, sao raras as hipoteses de conflito entre normas desses do is diplomas legais, servindo o segundo para especificar normas existentes no primeiro, como ocorre, por exemplo, no caso da compet<~ncia, ou para incluir novidades, como se da com a expressa previsao de tutela coletiva aos direitos individuais homogeneos, Normas do diploma mais antigo, modificadas posteriormente, tambem sao aplicaveis no diploma mais recente, como o famigerado art 16 da LACP, ainda que atualmente corretamente interpretado pelo Superior Tribunal de Justi<;a, con forme analisado no item 14,4, Como se nota, ha uma quase perfeita intera<;ao entre os dois diplomas que formam o nucleo duro do microssistema coletivo. Mais complexa e a solu<;iio de conflito entre o nucleo duro fonnado pelas duas leis e as demais leis extravagantes que comp6em o microssistema, Para parcela da doutrina, primeiro deve-se aplicar o nucleo duro, e somente nao havendo norma Ia prevista, as demais leis", enquanto outros entendem que primeiro devam ser aplicadas as leis espedficas, e apenas na hip6tese de omissao se passar a aplica<;iio das regras constantes do nucleo duro". Caso seja necessaria a determina<;iio a priori e de forma abstrata de qual lei deve prevalecer, tern mais 16gica o segundo entendimento, aplicando-se antes a norma prevista em lei espedfica, e, somente diante de sua omissiio, a norma geral prevista no nucleo duro do microssistema coletivo. Nao parece, entretanto, ser sempre essa a melhor solu<;iio, porque e passive! que a norma espedfica seja menos benefica para a tutela do direito material do que aquela prevista de forma generica na Lei de A<;iio Civil Publica e/ou no C6digo de Defesa do Consumidor, Prefiro, portanto, o entendimento de que, dentro do microssistema coletivo, deve ser sempre aplicavel a norma mais benefica a tutela do direito material discutido no processo, sen do irrelevante se determinada por norma espedfica ou geral, anterior ou posterior, ou qualquer outra forma de interpreta<;iio de normas19• Esse entendimento tern como merito uma prote<;iio mais efetiva ao direito material coletivo lata sensu, independentemente da especie de direito e do diploma legal criado pelo Jegislador para tutela-Jo, porem gera relativa 15 Carvalho Filho. Ac;ao, p .. 479; Didier-Zaneti, Curso, p. 53. 16 Nery Jr., C6digo, p 221 17 Didier-Zanet/, Curso, p 53 18 Assagra, Direito, p 547; Gajardoni, Comenti3rios, p. 112-113; Klippei-Neffa Jr .. , Comentarios, p, 340-341,- 19 Gajardoni. Direitos I, p. 51 Cap., 2 " TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA 45 inseguran<;a juridica par niio criar bases objetivas para aferi<;iio da norma aplidvel ao caso concreto, dependendo sempre da casuistica. Por fim, a aplica<;ao das normas existentes no C6digo de Processo Civil sen\. imprescindivel, mas para isso e indispensavel que niio exista norma expressa aplidvel ao caso concreto dentro do proprio microssistema20 Alem disso, a norma processual presente no Codigo de Processo Civil niio pode afrontar os prindpios do processo coletivo estudados no Capitulo 5, o que leva a doutrina a afirmar que a aplica<;iio nao deve ser subsidiaria, mas sim eventuaL 2.3.2. Casuistica Sao variados os exemplos de aplica<;iio das normas presentes nas leis que comp6em o microssistema coletivo e mesmo da aplica<;iio residual do Codigo de Processo Civil, mas nem sempre a realidade confirma uma op<;iio unissona de interpreta<;iio de qual a norma a ser aplicada. 0 presente item se presta a enumerar algumas dificuldades, sem qualquer pretensiio de ser exaustivo, ate porque os conflitos entre leis do microssistema podem ser encontrados em diversas passagens da presente obra., A doutrina ressalta que a convivencia da a<;iio popular e da a<;iio civil pu- blica traz interessantes e polemicas dificuldades na praxe forense, deixando em diversas oportunidades duvidas a respeito da norma aplicavel ao caso concreto. Como foi desenvolvido no item 8.2.1, a unica a<;iio coletiva que preve a legitimidade ativa do individuo e a a<;iio popular. Alem disso, nao admite concorrentemente a legitimidade ativa de nenhum dos legitimados ativos para a propositura das demais a<;6es coletivas. Niio se tern noticia, apesar da aspira<;iio par parte da doutrina, de conjuga<;iio dessas normas de legitimidade como uma s6 regra ficcional criada pela conjuga<;ao das duas regras expressas em nosso ordenamento juddico. Cidadao nao pode ingressar com a<;ao civil publica e associa<;ao, por exemplo, nao pode ingressar com a<;ao popular, Nesse caso da legitimidade ativa, adota-se a prevalencia da norma pro- pria prevista em cada uma das leis. 0 mesmo fen6meno ocorre no tocante ao momenta em que passa a ser dever funcional do Ministerio Publico executar a senten<;a de procedencia, como conflito do art 16 da Lei 4.717/1965 e do art 15 da Lei 7347/1985, devidamente analisado no item 5S. A percep<;iio e de que, havendo regras especificas nessas duas leis - e tambem no Codigo de Defesa do Consumidor -, a tese de leis que se inter- penetram e se subsidiam niio se aplica, respeitando-se cada qual sua propria regulamenta<;ao legaL Par outro !ado, existem normas que tern exatamente o mesmo conteudo, e por isso nao criam maiores dificuldades praticas. Tome-se como e'xemplo o 20 Gomes Jr, e Favreto, Anotac;Oes, p. 531. 46 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VOLUME Uwco -Daniel Amorim Assump~iio Neves art 2°, pan\grafo unico, da Lei 7.347/1985 (A~iio Civil Publica) eo art so,§ 3°, da Lei 471'7/1965 (Lei da A~iio Popular), que, apesar de reda~6es distintas, tern exatamente o mesmo conteudo" Diante de omissiio de uma ou outra, seria o caso finalmente de apli- ca~iio da ideia de microssistema, E realmente em algumas situa~6es se nota tal aplica~iio, como ocone na ado~iio do pr azo prescricional da Lei de A~iio Popular (art 21 da Lei 4.717/1965) na a~ao civil publica, conforme vern rei- teradamente decidindo o Superior Tribunal de Justi~a21 • Curiosamente nao foi esse o entendimento do mesmo tribunal ao enfl'entar o tema da competencia territorial na a~iio popular, que, em vez de determinar a aplica~iio da regra geral do microssistema - local do dana -, determina a aplica~iio das regras de competencia territorial previstas no C6digo de Processo CiviL Com a Lei 12"016/2009, que passou a regulamentar o mandado de segu- ran~a coletivo, tambem surgiram interessantes quest6es a respeito de colisiio de regras especificas do mandado de seguran~a e genericas do nucleo duro do microssistema coletivo, 0 art. 22, caput, da Lei 12.m6/2009 preve que no mandado de seguran~a coletivo a senten~a lim\ coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituidos pelo impetrante" Como se pode notar da reda~iio do dispositivo legal, niio ha qualquer men~iio a coisa julgada secundum eventum litis in utilibus, consagrada no art. 103, § to, do CDC Pergunta-se: a coisa julgada do mandado de seguran~a coletivo se da pro et contra, atingindo os individuos mesmo com a denega~iio da ordem ou secundum eventwn litis in utilibus, vinculando os individuos somente com o acolhimento do pedido? Adotando-se a tese da regra especifica prevalecendo sabre a regra geral, a conclusiio seria pela coisa julgada pro et contra, excepcionando o sistema criado pela tutela coletiva para niio vincular negativamente individuos que niio tenham fi:ito parte do processo, Apesar de existir doutrina que defende esse entendimento22, niio me parece adequada a conclusiio, ate porque o art 22, caput, da Lei 12 .. 016/2009 nada preve especificamente a respeito das situa~6es em que deve ser gerada a coisa julgada no mandado de seguran~a coletivo, limitando-se a prever o aspecto subjetivo ultra partes do fen6meno" A doutri- na majoritaria defende a aplica~iio por analogia do art 103, § 1°, do CDC"" Por outro !ado, ha relevante distin~iio no tocante ao aproveitamento de autor de a~iio individual quando em tramite mandado de seguran~a coletivo, 0 21 STJ, 2J Turma, AgRg no AREsp 557.733/RJ, rei. Min. Og Fernandes, j. 24/03/2015, DJe 08/04/2015; STJ, 4" Turma, AgRg no REsp 1 .173 874/RS, rei Min. Antonio Carlos Ferreira, J- 17/03/2015, DJe 24/03/201 5; STJ, 2a Se~ao, AgRg nos EREsp 995.995/DF. rei Min Raul AraUjo, j. 11/03/2015, DJe 09/04/2015 22 Scarpinella Bueno, A nova, 58, p 135·136; Redondo·Oiiveira·Cramer, Mandado, p_. 153·154. 11 Nery-Nery, C6digo, p. 1 731; Didier·Zaneti Jr. 0 mandado, p. 233; Alvim, Aspectos. p,_ 128; Ferraresi, Do mandado, p. 125·126; Andrade-Masson·Andrade, lnteresses, 4.9.1, p 362·363; Klippei·Neffa Jr .. , Comen· tc'lrios, p. 342·345 Cap. 2 " TUTELA JURISDICIONAL COLETlVA 47 art. 22, § 1°, da Lei 12 016/2009 preve que o autor individual s6 se beneficiani. do mandado de seguran~a coletivo se desistir da a~ao individual, enquanto 0 art 104 do CDC permite o aproveitamento com a simples suspensiio do processo individual. Nesse caso, como existe norma expressa a respeito do tema, hit uma divisao mais perceptive! na doutrina" Os que adotam a tese de a norma especifica se sobrepor a norma geral defendem a literalidade do art. 22, § 1 ", da Lei
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