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manual de proc coletivo

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Daniel Amorim Assumpc,;ao Neves 
Mestre e Doutor em Direito Processua! Civil pela USP 
Professor assistente do Prof Antonio Carlos Marcato na USP, nos curses de 
gradua~ao, mestrado e doutorado 
Professor de Processo Civil do Curso Forum (Rio de Janeiro) e LFG (Sao Paulo). 
Advogado em sao Paulo, Rio de Janeiro e Natal. 
>> Site pessoal: www professordanielneves.com.br 
>> Twitter: danielnevescpc 
>> Periscope: @danielnevescpc 
>> Facebook: DanieiNevesCPC 
Manual de 
PROCESSO 
COLETIVO 
VOLUME UNICO 
DANIEL AMORIM ASSUMPCAD NEVES 
Manual de 
PROCESSO 
COLETIVO 
VOLUME UNICO 
3a Edic;ao I revista e atualizada 
2016 
I );I EDITORA f JusPODIVM 
www editorajuspodivm com .br 
I JJI EDITORA f JusPODIVM 
www editorajuspodivm. com br 
Rua Mato Grosso, 175- Pituba, CEP: 41830~151 -Salvador- Bahia 
Tel: {71) 3363~8617/ Fax: (71) 3363~5050 ·E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br 
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Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr.leonardo de Medeiros Garda, Fredie Didier Jr., Jose Henrique Mouta, Jose 
Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt JUnior, Nestor Tavera, Robt?rio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo 
Pamp!ona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogt?rio Sanches Cunha 
Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenajardim com br) 
Dlagramat;ao: Marcelo 5. Brandiio (santibrando@gmail com) 
• A Editora JusPODIVM passou a publicar esta obra a partir da 3. 3 edh;:ilo. 
N5llm Neves, Daniel Amorim Assumpc;iio. Manual de processo co!etivo: volume Unico I Daniel Amorim Assumpc;ao Neves - 3. ed 
rev. atuat e amp\ -Salvador: Ed JusPodivm, 2016 
560p. 
Bibl!ografia .. 
ISBN 97B-85-442·095S-4. 
1 Dlreito Processual Civil. 2. Processo Coletivo,_ I. Neves, Daniel Amorim Assumpc;ao. 11 
Titulo. 
CDD341.46 
Todos as dlreitos desta edic;ilo reservados a Edic;6es JusPODIVM 
E term!nantemente proib!da a reproduc;iio total ou parcial desta obra, por qualquer me!o ou processo, 
sem a expressa autorizac;iio do aut ore da Edic;Oes JusPOD!VM A v!olac;ao dos direltos autorais caracteriza 
crime descrito na Jegislac;iio em vigor, sem preju!zo das sanc;6es civis cab!veis 
A minha querida avO Olga Amorim, escritora, poetisa 
valorosa e avO carinhosa e Unica. Como singela homenagem, sua 
bibliografia resumida e urn haicai de sua autoria: 
PRINCIPAlS PREMIA<;OES 
2° pri:mio - 1 o concurso 
Haicai Brasileiro - Sao Paulo - 1997; 
Pri:mio - Publicai\=iiO 
XIV Antologia Poetica - Helio Pinto Ferreira - 2002; 
Haicai - 5° Iugar - Trofeu 
25" Sao Paulo - Sendai 1anabata Matsuri - 2003; 
!pes amarelos 
Amlncio da primavera 
0 sol vence a chuva. 
Poeta olha a ceu 
No ceu estrela cadente 
Pedido mental 
No cair da tarde 
Nuvem de passarinhos 
Coreografia. 
livros publicados 
Dedas de prosa 
Passa poesia 
0/ho d'agua 
Aventura do sapo Jamuirio 
Voo de libe/u/as 
Revoada 
0 sopro de agosto ... 
Caderna Zashi, Jamal Nippo-Bmsil 
Siio Paulo - SP - Classificada entre as 10 melhores trabalhas de 2003; 
VII Festival do Japiio 
Concurso de Haicai - 2005 - 411 colocai\=iio; 
23° Concurso Liter3.rio 
Yoshio Takemoto Haicais - Mem;:iio honrosa - 2006; 
Poesia livre - Premia Especial 
25° Concurso liter3.rio - Yoshio 'Takemoto - 2007 - Sao Paulo - SP. 
NOTA DO AUTOR 
A 3.a EDI~Ao 
Nesta terceira edi~iio, o Manual de Processo Coletivo teve que ser reescrito 
em raziio do Novo C6digo de Processo CiviL 
Ainda que o unico dispositivo que tratava de forma expressa de processo 
coletivo em tal diploma legal tenha sido vetado ( conversiio da a~iio individual 
em a~ao coletiva), e inegavel que ha reflexos no processo coletivo. 
Nessa realidade, houve a necessidade de adapta~iio de praticamente todos 
os capitulos do presente livro. 
Alem da devida atualiza~iio, realizei uma profunda revisiio e atualiza~iio 
jurisprudencial, fornecendo ao leitor o que ha de mais atual em nossos tribunais 
superiores a respeito do processo coletivo. 
Espero que a obra atenda a sua finalidade, que e fomentar a discussiio 
sobre o tema. 
APRESENTA~AO 
Apresentar uma nova obra de Daniel Amorim Assump<;ao Neves e, para 
mim, uma renovada alegria. Anteriormente, eu ja tivera a oportunidade de 
prefaciar seu livro sabre o arduo tema da competencia no Direito Processual 
Civil, obra que ja alcan<;ou merecido Iugar de destaque na literatura sabre o 
tema. Agora, encarrego-me de apresentar seu mais novo livro, este Manual 
de Processo Coletivo. 
Neste livro, depois de uma breve referenda ao Direito Comparado e a 
evolu<;ao hist6rica do processo coletivo, o autor trata do relevante tema da 
tutela jurisdicional coletiva, apresentando-o como manifesta<;ao da tutela juris-
dicional diferenciada, que ja foi apontado por relevantes doutrinadores como 
uma das maiores conquistas cientificas do Direito Processual Civil da segunda 
metade do seculo XX. Em seguida, e ap6s uma descri<;ao da legisla<;ao vigente 
no Brasil para tratar do tema, Daniel Amorim Assump<;ao Neves fala sabre 
as diversas especies de processo coletivo, analisando institutos como a a<;ao 
popular, o mandado de seguran<;a coletivo, a a<;ao de improbidade adminis-
trativa, o mandado de injun<;ao coletivo e os processos de controle abstrato 
da constitucionalidade, acolhendo a distin<;ao, proposta originariamente por 
Gregorio Assagra de Almeida, entre processo coletivo comum e processo cole-
tivo especial. 
Apresenta o autor, em seguida, uma profunda analise dos principios que 
regem o processo coletivo, os quais sao responsaveis por conferir harmonia 
ao microssistema tratado nesta obra, servindo como vetores hermeneuticos 
para o interprete. 
Ha, depois, urn importantissimo capitulo dedicado ao exame dos direitos 
tutelaveis por meio dos processos coletivos, em que o autor analisa e diferencia 
os diversos interesses supraindividuais. Trata, em seguida, da cornpetencia, 
terna no qual - como tive oportunidade de dizer antes - ja se tornou uma 
das mais reconhecidas autoridades brasileiras. 
Logo na sequencia, h;:\ urn importante capitulo dedicado ao estudo da 
legitimidade para as demandas coletivas. Este e, certamente, urn dos temas 
mais relevantes do Direito Processual Coletivo, e a ele Daniel Amorim Assump-
<;ao Neves dedica todo o esfor<;o necessaria para torna-lo palatavel ao leitor. 
10 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VOLUME tiwco - Daniel Amorim Assumpt;Oo Neves 
Reconhece o autor que a legitimidade ativa para as demandas coletivas e 
extraordim!ria, nao sem enfrentar a polemica a respeito da necessidade ou 
nao de se ado tar, para o Direito Processual Coletivo, a figura da legitimidade 
autonoma para a condu~ao do processo. 
Examina, entao, em seguida, todos os legitimados ativos para as 
demandas coletivas, enfrentando todas as po!emicas existentes sabre tao 
relevante assunto. 
Trata a obra, depois, da rela~ao entre o processo coletivo e o pro-
cesso individual, alem de examinar a relevante participa~ao do Ministerio 
Publico no processo coletivo. Daniel Amorim Assump~ao Neves examina, 
em seguida, como se manifestam, no processo coletivo, o litiscons6rcio 
e a interven~ao de terceiros, examinando ai, tambem, a participa~ao do 
amicus curiae, sujeito cuja participa~ao e extremamente importante para a 
amplia~ao do contradit6rio e, por conseguinte, da legitima~ao democn\tica 
do resultado do processo coletivo .. 
Posteriormente, dedica-se o autor ao exame de aspectos procedimen-
tais diferenciados e dos meios de impugna~ao das decis6es proferidas no 
processo coletivo, para, imediatamente ap6s, tratar da coisa julgada, tema 
que - ao !ado da legitimidade das partes - ocupa posi~ao especialissima no 
microssistema do processo coletivo. Ha, ainda, espa~o dedicado a liquida-
~ao de senten~a e a execu~ao, assim como a tutela de urgencia e aos meios 
alternatives de resolu~ao de conflitos. 
Os ultimos capitulos
do livro se dedicam a examinar aspectos ligados 
ao custo economico do processo, ao inquerito civil, ao modernissimo tema 
do processo coletivo passive e a prescri~ao e decadencia. 
Daniel Amorim Assump~ao Neves brinda, assim, a comunidade proces-
sual e juridica brasileira com mais uma obra que se destina a marcar epoca 
entre nos. E se e indubitavel que o Brasil ocupa posi~ao de destaque no 
cenario internacional em materia de processes coletivos, a obra de Daniel 
Amorim Assump~ao Neves se destina a ultrapassar fronteiras, ajudando 
todos os operadores a compreender melhor o funcionamento do sistema 
processual coletivo. 
Este Manual aparece em momenta extremamente importante para o 
Direito Processual Brasileiro. Vivemos em uma epoca de profundas trans-
forma~6es, em que se elabora urn novo C6digo de Processo CiviL E nao 
se pode negar que, nos dias de hoje, com a massifica~ao de conflitos e a 
repeti~ao de processes em serie, imp6e-se uma difusao cada vez maior da 
cultura da coletiviza~ao do processo e da tutela jurisdicionaL Para isso, e 
fundamental que as novas gera~6es de juristas e de proflssionais do Direito 
e do Processo tenham conhecimento de todas as potencialidades do Direito 
Processual Coletivo. E a obra de Daniel Amorim Assump~ao Neves, escrita 
em linguagem simples e acessivel - mas sem perder a densidade ou com-
APRESENTA(AO 11 
prometer a qualidade -, certamente servira para divulgar ainda mais este 
tema tao importante. 
Toda a comunidade juridica brasileira esta, hoje, de parabens P?r ga-
nhar este presente: urn Manual de Processo Coletivo_ ~oderno, atuahzado, 
apto a contribuir para a melhoria da sociedade brasileira. 
Alexandre Freitas Camara 
Desembargador no T'JRJ 
Professor de Dircito Processual Civil da Escola da 
Magistmtura do Estado do Rio de Janeiro. 
Membra do lnstituto Brasileiro de Direito Processual 
e da Associa~tii.o lntemacional de Direito Processual 
PRE FACIO 
E voz corrente na academia e no foro que urn dos principais males que 
assolam o Sistema de )usti~a brasileiro e o da inaptidao do processo e do 
Poder )udich\rio para a tutela dos direitos, Afinal, alem de o Poder judich\rio 
nao ser capaz de solucionar todos os processos que !he sao submetidos em 
tempo razoavel, mesmo ap6s a prola~ao da decisao os instrumentos proces-
suais capazes de satisfazer o direito da parte vencedora sao, muitas vezes, 
insuficientes para evitar ou reparar os danos causados. 
Certamente, muito dessa culpa e do modelo de processo e de justi~a 
Civil que temos no BrasiL Nitidamente formatados para a tutela de conflitos 
individuals, as leis processuais e o Poder )udiciario ainda nao sao capazes de 
solucionar, a contento, conflitos relativos a direitos metaindividuais (difusos 
e coletivos) ou de satisfazer direitos individuals de modo coletivo (molecu-
larmente). Apesar dos inegaveis avan~os conquistados neste temario com o 
advento das Leis 7.347/1985 (Lei de A~ao Civil Publica) e 8.0'78/1990 (C6-
digo de Defesa do Consumidor}, e de tantos outros diplomas que vieram a 
compor aquila que se tern nominado microssistema processual coletivo, ainda 
ha muito a se evoluir. 
Na verdade, o que parece ainda nao ter restado muito claro para boa 
parte dos operadores do Direito no Brasil (e, tambem, para a classe political 
e que a solu~ao da crise do judiciario e do processo passa, necessariamente, 
pelo aperfd~oamento e amplia~ao do modelo de tutela jurisdicional coletiva, 
antes, ainda, do aperfei~oamento do processo individuaL 
Nao que nao tenham certa importancia o debate e a constru~ao de urn 
novo C6digo de Processo Civil para a solu~ao de conflitos individuals (algo 
que ocorre no presente momenta), mas muito mais importante do que isso 
seria o debate em torno da constru~ao de uma verdadeira legisla~ao proces-
sual coletiva brasileira, a modernizar o processo coletivo e a permitir que o 
Poder judiciario ou os representantes da coletividade pudessem, por meio de 
uma ou algumas poucas a~6es coletivas, tutelar adequadamente e eficazmente 
nao s6 os direitos difusos e coletivos, mas tambem os direitos individuals de 
centenas de milhares de pessoas (demandas individuals repetidas). 
14 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO " VowME ON!co - Daniel Amorim Assump~ilo Neves 
Par isso, recebi com enorme alegria a noticia de que o meu colega da 
Rede LFG/Anhanguera, Professor Doutor DANIEL AMORIM ASSUMP-
<;:AO NEVES, estava dedicando-se a estudar e a elaborar urn Manual de 
Processo Coletivo, alegria que foi redobrada quando recebi o convite para 
prefaciar a obra" 
Pais, de tato, ao produzir urn Manual que alia profundidade, clareza e 
didatica, o autor contribui nao so para a exata compreensao do fenomeno 
processual coletivo par estudantes e profissionais do Direito, mas especial-
mente para a difusao do conhecimento da disciplina, alga indispensavel 
para conscientizar a todos da importancia que o processo coletivo deve 
assumir no Sistema de Justi~a brasileiro" 
A obra aborda praticamente todo o conteudo da nominada teoria geral 
do processo coletivo .. Passa pela constru~ao hist6rica do processo coletivo e 
da legisla~ao vigente, apresentando, ainda, as especies eo objeto do processo 
coletivo (direitos e interesses difusos, coletivos e individuals homogeneos); 
os principios referentes ao tema; as regras de competencia e coisa julgada 
das a~oes coletivas; a rela~iio delas entre si e com as demandas individuals 
de objeto correspondente ou decorrente; a legitimidade coletiva e os aspectos 
processuais e procedimentais diferenciados; as tutelas de urgencia no ambito 
coletivo; o inquerito civil; os meios alternativos de solu~ao dos conflitos 
metaindividuais; a prescri~ao e a decadencia das demandas (sic) coletivas. 
Alem disso, o autor, ao desenvolver seu pensamento, nao deixou de 
chamar, quando entendeu necessaria, a aten~ao para particularidades de 
algumas a~oes coletivas com regime diferenciado, como e o caso do man-
dado de seguran~a coletivo e da a~ao civil de improbidade administrativa. 
Temas polemicos tambem nao foram negligenciados pela fina pena 
do autor: a a~ao coletiva passiva e seus desdobramentos; o controle, pelo 
Judichirio, das politicas publicas; a problematica da coisa julgada nas a~oes 
coletivas (especialmente para a tutela dos interesses individuals homoge-
neos) e da legitimidade ativa para a propositura da a~ao (representa~iio 
adequada); a competencia para o julgamento da a~ao civil de improbidade 
administrativa - entre tantos outros - mereceram competente tratamento. 
Contudo, o que realmente chama a aten~ao no Manual de Processo 
Coletivo, do Professor DANIEL AMORIM ASSUMP<;:AO NEVES, e o htto 
de ele nao apresentar uma obra puramente neutra. Embora sempre seja 
revelado o panorama jurisprudencial e doutrinario de todos os temas tra-
tados, em momenta algum deixou o autor de externar seu posicionamento 
(muitas vezes cdtico e diverso do nosso) a respeito dos assuntos tratados, 
alga que engrandece profundamente o debate e torna a obra referendaL 
PREFAC!O 15 
0 que me resta a fazer, entiio, e cumprimentar o autor pela qualidade 
do produto que ora e apresentado a comunidade juddica, de indiscutivel 
utilidade para a academia, para as !ides forenses e para aqueles que se pre-
param para os mais diversos concursos publicos. Certamente este Manual 
seguira o mesmo sucesso de publico e de critica dos demais trabalhos do 
festejado autor. 
Sao Paulo, setembro/2012 
Fernando da Fonseca Gajardoni 
Professor Doutor de Dircito Proccssua! Civil c Co!ctivo da Faculdade 
de Direito da USP- RibeirJo Prcto (FDRP-USP) e do programa de Mcstrado em Direitos 
Difusos e Coletivos da UNAERP (Univcrsidadc de RibeirJo Prcto) Doutor e Mestre em 
Direito Proccssual pcla Faculdade de Dircito da USP (FD-USP) Membra da comissii~ de 
juristas nomeada pelo MinistCrio da Justir;a que claborou o PL 5 139/2009
(Nova Lc1 de 
Ar;iio Civil PUblica). Juiz de Dircito no Estado de Silo Paulo 
SUMARIO 
LIST A DE ABREVIATURAS ,,,., ............................ ""''"'"""""'""'" ...................... , ... , ...................... 29 
1. BREVE HISTQRICO .................. , ............... ,,................................. ..................... 33 
U. Paises da familia da civil law ............ . 
1.2. Paises da familia da common law .... .. 34 
13. Evolu~ao do processo coletivo no Brasil ............... 35 
2. TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA ............................................ , .................. , .. ,,, 37 
2 L lntrodu~ao ,,,,,,,,,, ....... 37 
2.2. Origem da tutela jurisdicional coletiva 39 
2.3. Microssistema Coletivo ,, ............... <<< , .................. , ,,,,,,,,,,.,,, ....... 42 
23.1. Conceito ,, .. , ................................................. " ............................................ , 42 
2.3.2. Casuistica ............ , ................................... " .......... .. . ............ 45 
2.4. Marcos legislativos 
3. LEGISLA<;AO VIGENTE •. ,.,,.,,, .. , .......... ,.,,.,,., ......... '" ••..... ,. ..... _..,., .......................................... _.. 
3.L introdu~ao ......... """' ............... ., ............................ ., ................ , 
3.2. Lei das Pessoas Portadoras de Deficiencia (Lei 7.853/1989) 
3.3. Lei de defesa dos investidores do mercado de valores mobiliarios (Lei 
53 
53 
53 
7 913/1989) . . ....... , ... ,. .... , . . . """"" " . ............ . ................... ," < 55 
3.4. Estatuto da Crian~a e do Adolescente (Lei 8 069/1990) .................... .,,.. ............... 56 
3.5. Lei de lmprobidade Administrativa (Lei 8.429!1992) ......... ,. .. ,. .................. , ., .. , .... 58 
3.6. Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) ............. ,. ............................................. 64 
3]. Estatuto do ldoso (Lei 10.741/2003) . ., .... , ................................ . 66 
3.8. Lei do Mandado de Seguran~a (Lei 12.016/2009) .......... ,,, ........... , .... .,,.,. ................ 68 
18 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO ·VoLUME lJNito - Daniel Amorim 
3.9. Lei de defesa da ordern econ6rnica (Lei 12529/2011) 
310. Lei Anticorrup<;ao (Lei 12846/2013) 
Neves 
69 
71 
4. ESPECIES DE PROCESSO COLETIVO 
................ ' ........... 75 
4.. 1 _ Processo coletivo comum 
4l1 lntrodu<;ao 
4.1.2. A<;ao popular 
75 
"' ..... , 75 
77 
4.1.2.1. Hip6teses de cabirnento ',,,,,,,,,,,,,. '''''''''''"• 77 
41 .2. 2. llegalidade e lesividade do ato administrative ..... . . . , ......... , 80 
4.1.3 Mandado de seguran<;a coletivo .......... , ...... 83 
4.1.3.1 Requisites comuns de cabimento do mandado de seguran<;a 
individual e coletivo . , , ....... . 83 
41 .3.2 Direitos tutelaveis pel a mandado de seguran<;a coletivo ..... 86 
4.1 A. A<;ao de improbidade administrativa ....................... , ... . 86 
4.1.41. Patrirn6nio publico e moralidade administrativa .... ...... 86 
4.1 .4. 2 .. Natureza civil da a<;ao de improbidade adrninistrativa ., 87 
4. 1.6. Man dado de injun<;ao coletivo 
4.2. Processo coletivo especial 
4.2. 1. lntrodu<;ao .... 
,, ............. 87 
88 
'' ..... '' ........ 90 
90 
4.2.2. A<;ao direta de inconstitucionalidade ,,,,,,,,,,,, ,, '' ............. ''" ......... 91 
4.2.3. A<;ao direta de inconstitucionalidade par omissao 91 
4.2.4. A<;ao declarat6ria de constitucionalidade ......... . .. ......... ,, ........ 92 
4.25, A<;ao de descurnprirnento de preceito fundamental 
4.2 5 1, Objeto da impugna<;ao ................. . 
4.2.5.2. Carater subsidiario 
4.3.. Processes pseudocoletivos (a<;6es pseudocoletivas) 
4.4. A<;6es pseudoindividuais 
5. PRINC[PIOS DO PROCESSO COLETIVO 
5. 1. Acesso a ordern juridica justa ............................. .. 
5.2. Principia da participa<;ao 
5.3. Ativisrno judicial ..... 
53.1 . Sistemas processuais dispositive e inquisitive 
5.3 . .2. Sistema processual no processo coletivo e poderes do juiz 
5.3.3. Processo coletivo e a irnplernenta<;ao de politicas publicas 
94 
94 
.............. ,, 97 
98 
107 
107 
112 
113 
113 
114 
117 
SUMARIO 
5.3.4. Dever do juiz na pratica de atos processuais (prazos impr6prios) 
SA. Contradit6rio 
55. Economia processual 
5.6 Interesse no julgamento de merito 
5 .. 6.1. Principia de teoria geral do processo 
5.62. Especificamente a processo coletivo 
5.6.2.1 lntrodu<;ao 
5.6 . .22. Sucessao na hip6tese de ilegitimidade ativa 
5.6.2.3. Fungibilidade 
19 
120 
122 
125 
128 
128 
130 
130 
130 
131 
5.6.2A Curnula<;ao de pedidos na a<;ao de irnprobidade adrninis-
trativa . . ........... .. ............................. , 134 
5.6.3. Interesse no melhor julgamento de rnerito possivel 
5.7. Disponibilidade rnotivada 
5.8. Obrigatoriedade de prorno<;ao da defesa dos direitos coletivos Jato sensu? 
5.9. Obrigatoriedade da execu<;ao 
5.10 Nao taxatividade da tutela coletiva 
5.11. Cornpetencia adequada 
6. DIREITOS TUTELADOS PELO MICROSSISTEMA COLETIVO .. , ............. .. 
6J. Direitos ou interesses? 
6.2. Direito difuso . 
63 Direito coletivo 
6.4. Direitos individuals hornogeneos 
65. Direitos individuals indisponfveis 
6.6. ldentidades e diferen<;as entre as direitos coletivos lata sensu 
7. COMPET~NCIA ...................... , ............................................................................ . 
7.1. lntrodu<;ao ....... 
"'"""'"""""'"""" ""'""'""''"'""'"'"'"'"'''"""'"'"'"""'"" 
7.2. Competencia da Justi<;a brasileira 
73. Competencia originaria dos tribunals superiores e 6rgaos atfpicos 
7.3.1. Processo coletivo especial ... , ...... 
7.3.2 .. A<;ao popular e a<;ao civil publica 
7.3.3. A<;ao de improbidade administrativa 
7.3.4. Mandado de injun<;ao coletivo ....... 
7.35. Mandado de seguran<;a coletivo 
7.3.6 .. Processo de impedimenta 
135 
136 
142 
143 
145 
147 
151 
151 
153 
155 
157 
160 
162 
167 
167 
.... 168 
169 
169 
170 
170 
173 
173 
174 
20 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO • VoLuME Druce - Daniel Amorim Assumpr;tlo Neves 
7 4. Competencia de Justi~a Especializada 
75. Competencia da Justi~a Comum 
7.6. Regrade Competencia Absoluta 
7.6. 1. Competencia absoluta: funcional au territorial? 
7..62. Local do dana ................ .. 
7.63. ECA e Estatuto do ldoso 
7.6.4. Mandado de seguran~a coletivo 
7.6.5 A~ao popular ........... .. 
7..6.6. A~ao de irnprobidade administrativa 
7.7. Competencia de juizo ........................ . 
174 
175 
178 
178 
179 
182 
182 
183 
185 
186 
8. LEGITIMIDADE 187 
81 Especies de legitimidade 
8.2. Legitimados ativos 
821. Cidadao 
8 2.2. Ministerio Publico 
8.2.3. Associa~ao 
82.3.1. lntrodu~ao 
' ............. 187 
190 
190 
''''' 194 
200 
8.2.3.2. Constitui~ao nos termos da lei civil ha pelo menos um ana 
200 
200 
202 8.23.3. Pertinencia tematica 
82.3 .4. Representac;ao adequada (adequacy of representation) ........ 203 
8 .. 234. 1. lntrodu~ao 
8.2.3.4.2. Sistema ope iudicis (common law) 
8.2.3.4.3. Sistema ope legis (civil law) 
8.2.344. Situa~ao atual no Brasil ....... 
203 
203 
''' 204 
''' '" 206 
8.2.35. Legitimidade extraordinaria ou representac;ao processual? 208 
8.2.4. Pessoas juridicas da administra~ao publica ' .......................... 211 
8.25. Defensoria Publica 213 
8.3. Legitima~ao ativa no mandado de seguran~a coletivo ''''"""""'"'"'' '' ., ',,.,, '" 220 
8.4 Legitimac;ao ativa na a~ao de improbidade administrativa ........ '''"''"' 223 
223 84.1. lntrodu~ao ......... 
8.4.2. Pessoa juridica interessada 
8.4.3. Ministerio Publico 
85. Processo coletivo especial
8.6. Legitimados passives ........................... . 
''' ,, .................... '' 223 
''"'""""'"""'"'"0"''' ""'"'""'"'"""""""""'""'"·"' '' 225 
227 
231 
SUMAR!O 
8.6. 1. lntrodu~ao 
8. 6.2. A~ao popular 
8.6.3. A~ao de improbidade administrativa .. .. 
8.6.4. Mandado de seguranc;a coletivo ......... .. 
8.6.5. Legitima~ao passiva no processo coletivo especial ...... 
8.7. Legitima~ao bifronte da pessoa juridica de direito publico 
8.7.1 A~ao popular ....................... .. 
8.7.2 .. A~ao de improbidade administrativa ... 
8.8. Classifica~ao da legitimidade e litiscons6rcio 
21 
231 
232 
234 
236 
240 
243 
243 
244 
246 
9. RELA<;AO ENTRE A A<;Ao COLETIVA E INDIVIDUAL 
9.1. lntrodu~ao 
..................................... 249 
92. Litispendencia 
9.3. Conexao e continencia 
9.3. 1. Conceito 
9.3.2. Objetivos pretendidos com a reuniao de a~6es conexas ...... 
93.3. Obrigatoriedade ou facultatividade na reuniao de processes em razao 
da conexao .. ----" ......... ., , 
93.4. Materia de ordem publica .............................................. . 
9.35. Especificamente na rela~ao entre ac;ao coletiva e individual 
9.4. Suspensao do processo individual 
9.5 Extin~ao do processo individual ...... 
10. PARTICIPA<;AO DO MINISTERIO POBLICO 
10.1 Parte 
101.1Poloativo .. 
10. 1.2. Polo passive 
1 0.13. Litiscons6rcio 
10.2 Fiscal da Ordem Juridica .... 
10.2..1 Mandado de seguran~a coletivo 
10.2.2 A~ao popular ..................... . 
10.3 .. Sucessao processual 
249 
249 
251 
251 
252 
253 
254 
255 
257 
259 
261 
261 
262 
262 
264 
264 
266 
267 
271 
11. LITISCONS6RCIO E INTERVEN<;AO DE TERCEIROS ................................ ; ........ 273 
11.1. Litiscons6rcio ............. , .. 
112. Litiscons6rcio no polo ativo 
273 
274 
22 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO · VowM£ Owco - Daniel Amorim Neves 
11 .2.1. Facultativo 
11.2.2. Unitario ...... . 
1 1.2.3. Litiscons6rcio ativo ulterior? ................................. ''" ...... . 
11.2.3. 1. Processo coletivo comum ..... '""'""""'"'"""'"'""" ...................... . 
11 ,2.3.2. Processo coletivo especial ....... , '"'"""""""""""" .................... . 
274 
275 
276 
276 
279 
113. Litiscons6rcio no polo passive 
11.3. 1. lntrodu~ao ...... , .. 
"'"'''''''''''''''""'''" .... ''"'"'""'''"''" 281 
11.3.2, A~ao popular ......... . 
' '"""""'" . 281 
.. '"""'"""" . 281 
11.3.3. A~ao de improbidade administrativa ............................................... '" ... . 282 
11 4. lndividuo como "litisconsorte" nas a~6es coletivas de direito individual 
homogeneo ... ........ . . .. .............. 284 
11.5. lnterven~ao de terceiros 
11 .6. Assistencia 
11.6.1 Assistencia simples 
11.6.2 Assistencia litisconsorcial 
11.7. Denuncia~ao da lide . 
11.7 1. Denuncia~ao da I ide no C6digo de Defesa do Consumidor ............. . 
11.7.1.1. lntrodu~ao ............................... ,,.,, 
11.7.1.2. Raz6es da veda~ao legal 
11.7.1.2.1. lntrodu~ao 
11.7.1.2.2. Retardamento procedimental 
11.7.1.2.3. Nova causa de pedir em razao da denuncia~ao 
da lide ..... '" ........................ '"'"' ................... . 
11.7.1.2.4. Abrangencia da veda~ao legal""'"" ....... , .. , .... , .... . 
11.8. Chamamento ao processo ................................. . 
11.8.1. Especie atipica de chamamento ao processo 
11.8. 1.1, A~ao diretamente pro pasta contra a seguradora 
11 .9. Amicus curiae 
1 1.9.1. lntrodu~ao 
11.9.2. Interesse institucional 
11.9.3. Requisitos 
286 
287 
287 
288 
288 
289 
289 
290 
290 
290 
293 
294 
295 
296 
297 
298 
298 
299 
300 
11.94. Aspectos procedimentais ........ .. ........ " 301 
1110. lncidente de Desconsidera~ao da Personalidade Juridica 
' "'"'"""""" '"'" 303 
11.1 o. 1. lntrodu~ao ............................... '"""" ··'"·--·--·--···--................................... . 303 
11, 10.2. Momenta ...................................................... '""'"""""' ....................... , ....... 305 
SUMAR!O 23 
11103 Procedimento 306 
1 UOA Forma de defesa do s6cio (au da sociedade na desconsidera~ao 
inver sa} ,,.,. . 
11. 10.5. Recorribilidade 
11.10.6. Fraude a execu~ao 
12. RELA<;:AO ENTRE A<;:OES COLETIVAS 
12.1 . lntrodu~ao 
12.2_ Conexao e continencia 
12. 2.1, Conceito e efeito 
12.22. Determina~ao do juizo prevento 
12.2.3. Prejudicialidade externa 
308 
311 
312 
313 
313 
''' . , ... 314 
314 
315 
316 
12.3. LitispendEmcia e seu efeito .............. ,.w ..................... " .. '"""'''". 318 
12.4 Limita~ao territorial do art 16 da LACP .................................. , .•.. 319 
320 12S lndevida confusao entre continencia e litispendencia parcial 
13. MEIOS DE IMPUGNA<;:Ao 
13.1, Recursos e sucedimeos recursais 
13.2 Cabimento 
13.2.1. lntrodu~ao 
13,2,2. A~ao popular 
13.23 .. Man dado de seguran~a coletivo .. 
323 
323 
325 
325 
326 
'"'"""'""""""' "" 326 
13.2.4. Processo coletivo especial ................ , ................... , .... . 328 
329 133. Legitimidade recursal 
13.3.1. lntrodu~ao 
133.2 .. A~ao popular 
''"'""' ''' .. ''' ..... , ....... 329 
. '""'"''"""" ''" 330 
13.3.3. Mandado de seguran~a coletivo "'"'". .. 331 
332 
332 
13.4. Efeitos 
13.4.1. lntrodu~ao 
134.2 A~ao civil publica 
13.4.3. A~ao popular 
13 5. Desistencia e renl.incia 
13.6. Reexame necessaria 
13.6 1. lntrodu~ao 
13.6.2. A~ao popular 
13.6.3. Mandado de seguran~a coletivo 
.. """"""""''" 332 
335 
"""" 336 
340 
340 
' 342 
... '"'"'""""""'"'"' ... '''''"'"'"'"""""""'""""'""' 343 
24 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO • VowME Owco - Daniel Amorim Assump~iio Neves 
13.7. A~ao rescis6ria ............. . .... . ............. .. 
13.72 Processo coletivo comum 
13.7.3. Processo coletivo especial . 
13.8. Pedido de suspensao de seguran~a 
344 
344 
346 
346 
348 
14. COISA JULGADA 
14.1 .. lntrodu~ao 
355 
355 
355 
360 
14.2. Coisa julgada secundum even tum probationis ......................... . 
14.3 Coisa julgada secundum eventum litis 
14.4 Limita~ao territorial da coisa julgada 362 
14.5 Coisa julgada na a~ao de improbidade administrativa 367 
14 .. 6. Coisa julgada no mandado de seguran~a coletivo .......................................... 368 
15. LIQUIDA~AO DE SENTEN~A ,.. ................................................. .. 
15.1. Conceito de liquidez e obriga~iies liquidaveis .................................................. . 
15.2. Natureza juridica da liquida~ao 
371 
371 
372 
15.3 Legitirnidade ativa ... . ...... . ... .. . . . • .. . ............... .. 
. ..................... ' ....... 374. 
15.4. Competencia 
15.5. Especies de liquida~ao de senten<;a ................................ . 
15 .. 6. Direito difuso e coletivo ......................................................................................... . 
15.7. Direito individual homogeneo ....... .. 
15.8. Liquida~ao individual das senten~as de direito difuso e coletivo 
374. 
376 
378 
. 378 
379 
16. EXECU~AO .............................................................................................................. 381 
16.1. lntrodu<;ao .............................................................................. . 
16J .1. Processo de execu~ao e curnprimento de senten~a 
16J .2. Execu~ao par sub-roga<;ao e indireta 
16.2. Legitirnidade ativa ...................................... . 
381 
381 
384. 
390 
163. Direitos difusos e coletivos . . ..................................... , . .............. 392 
16.4. Direitos individuais homogeneos ...........................................................
393 
16.4.1. lntrodu~ao ........................................................................................ . 393 
16.4.2. Execu~ao par fluid recovery ................... . ..................... .. 394 
16.4.3. Legitirnidade .................................................................................................... 398 
16.5. Regime juridico das despesas e custas processuais .. .... .............. .................. 400 
SUMARIO 25 
17. TUTELA PROVIS6RIA 
17.1. lntrodu~ao ... 
17.2 Tutela antecipada 
............................................................................... 403 
403 
.................... 405 
17.3. Lirninar .................. .. ' .... 408 
17.3. 1. Processo coletivo com urn .... 411 
17 .3.2. Mandado de seguran~a coletivo 414 
17.3.2.1. Natureza juridica . . ........... 414 
17.3..2.2. Presta~ao de garantia para a concessao da lirninar ..... 416 
17.3.23. Comunica~6es ............... . ................................................ 416 
17.3 .2.4. Veda~ao a concessao de lirninares ................................... .. 417 
173..2.5. Efeitos da liminar ............... .. 
17.3.2.6 Peremp<;ao ou caducidade da liminar 
17.4. Cautelar ......... ,0"'' ........... "'"'""o'"' "·'" ....... , •••••. ,. ....... ., .... M ................ "'"""""'" 
17.4. 1. Processo coletivo cornum 
' ............. 418 
419 
... 421 
.... 421 
17.4.2 Cautelares nominadas na Lei de lmprobidade Adrninistrativa .......... 423 
17.4.2 1. lntrodu~ao ...... 423 
17 4.2.2. lndisponibilidade de bens . . .......................... .. . .............. 424 
17.4.2.2.1. Natureza juridica ...... .. . ............................. 424 
17.4.2.2.2. Atos de improbidade e indisponibilidade .............. 426 
17.4.2.2.3 Legitimidade ativa ...... . • ....................... 427 
17.4..2.2.4. Objeto da garantia ................................................ 429 
17.4.2.2.5. Lirnites impastos ao ato de constri~ao ................ 430 
17.4.2..2.6. Forma de pedido de indisponibilidade ........ 432 
17.4.2.2.7. Concessao liminar de medida cautelar .............. 433 
17.4.2.2.8. Requisites para a concessao ................................. 435 
17.4.2.2.9. Prazo para a propositura da a~ao principal ..... 436 
17.4.2.3. Sequestra ......... ...................... . ................... 438 
174.2.3. L Natureza juridica . .. ................. ... . ............ .. 438 
17 4.2.3.2. Atos de improbidade e sequestra 440 
17 .42.33. Legitirnidade ativa 441 
17.4.23.4 Objeto de constri~ao ................................ , .............. 442 
17.42.3.5. Limites impastos ao ato de constri~ao ' 
17.4.23.6 Forma do pedido de sequestra ............ .. 
17.4.2.3.7. Concessao liminar ........................ "' ..................... .. 
442 
443 
443 
26 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VotuME Ur.1CO - Daniel Amorim Assump~ao Neves 
17A.2.3.K Requisites para a concessao ..... , .••.... 
174.2.3.9. Prazo para a propositura da ac;ao principal 
444 
444 
17A2A Afastamento provis6rio do cargo, emprego ou func;ao 445 
17.4.2.4. 1. Natureza juridica ............................. 445 
17A2A2 Requisites para a concessao 
174.2.4.3.. Tempo de durac;ao ......... .. 
17.4.2.44 Sujeitos passivos da medida 
17.4.245. Excepcionalidade do pedido ...... .. 
1743. Processo coletivo especial ..... 
446 
447 
'' , .. ,. ' ' 448 
' '" 449 
450 
17.4.3. L Ac;ao direta de inconstitucionalidade "''""'"""'"'"""'"'""'"'" 450 
174.3.2. Ac;ao direta de inconstitucionalidade por omissao ........ 454 
17.4.3.3. Ac;ao declarat6ria de constitucionalidade 456 
17 4.3 4 Arguic;ao de descumprimento de preceito fundamental .... 457 
175. Tutela da evidencia 
17.5. L lntroduc;ao 
1752. Hip6teses de cabimento 
"459 
459 
. ,,,, " 460 
175.2. L Abuso do direito de defesa ou manifesto prop6sito pro-
telat6rio do reu ''' """"'' .. "'" '"'' ' 460 
175.2.2. Fato provavel e tese juridica pacificada nos tribunais 
superiores . . . . ............. . .................................... 462 
175 2.3 Prova documental em ac;ao reipersecut6ria . 464 
175.2.4.. Prova documental sem prova do reu capazde gerar duvida 
razoavel ao juiz . . ...................................... 464 
175.3. Procedimento ............................................. . '" 465 
18. MEIOS DE SOLUc;:Ao DOS CONFLITOS ......................................................... 467 
18.1. lntroduc;ao '' """' '""'"""'""'·' "" ................................................... ,.. 467 
18.2. Jurisdic;ao .......... ............. .. . . ... .. .. .. ........... . ...... ............. . ..................................... . 467 
18.3. Equivalentes jurisdicionais 
18.3.1. Autotutela 
18.3.2. Autocomposic;ao 
183.2.1 Diferentes especies . .. ......... . 
18 3 .2.2. Termo de ajustamento de conduta 
18.3.2.3. Transac;ao durante o processo coletivo 
....... ' ,, "" ... 468 
468 
"'""" 469 
469 
471 
"'"""'"'"""""'"'"'"""' 476 
18.3.2.4. Vedac;ao expressa a transac;ao na Lei de lmprobidade 
Administrativa 477 
SUMAR10 
18.3.3. Mediac;ao 
18.3A Arbitragem 
' ,. "~· ....... ~ ........ ' " .. >0 "' ""' '"' "' 
18.34.1. Generalidades .... " ....... "' .. " .. '"'~ ' .... ~·" ... 
18.3.4.2. Cabimento na tutela coletiva ................. .. 
18.34.2 L lntroduc;ao .............. . 
27 
" "' 478 
"'" 480 
480 
" 482 
482 
18.3.4.2.2. Vedac;ao expressa a arbitragem no C6digo de 
Defesa do Consumidor 482 
19. GRATUIDADE 
191. lntroduc;ao 
..................... , .. '""""'"'""""'"'""'"'""'""''"·""""''"'""'" '""""'"'"'"''""""'' 
19.2 lsenc;ao de adiantamento 
19.3. Condenac;ao em verbas de sucumbencia 
'"'"'"'"' 485 
485 
485 
'489 
20. INQUERITO CIVIL 
20.1 . lntroduc;ao 
"""'"""'"""''""" "'" 493 
20.2. Natureza juridica do inquerito civil 
20.2.2. Legitimac;ao exclusiva do Ministerio Publico .............. .. 
20 23 Facultatividade ... 
493 
494 
494 
.. "494 
495 
20.2.4. Formalidade restrita (inquisitoriedade) - o problema do contradi-
t6rio .... . ..... . . .... ..... . . 496 
20.25. Publicidade mitigada 
20.2.6. Autoexecutoriedade 
203. Procedimento preparat6rio 
20.4. Procedimento 
20AL lntroduc;ao 
20.4.2 lnstaurac;ao 
498 
. ""' '"' '"' 499 
500 
501 
501 
502 
20.4.3. lndeferimento do requerimento de instaurac;ao do inquerito civil .. 503 
2044. lnstruc;ao 
20.45. Audiencia publica 
2046 Arquivamento . 
505 
509 
509 
2047. Recomendac;oes 511 
205. A importancia da aproximac;ao entre o inquerito civil e as cautela res pro-
bat6rias- o valor e a carga da prova produzida . .... 512 
21. PROCESSO COLETIVO PASSIVO ................. . 
21.1. Situac;oes juridicas coletivas passivas 
" 515 
515 
28 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VoLUME llNICO- Daniel Amorim Assump{cio Neves 
21.2. Situa106es juridicas coletivas ativas e passivas .. "' ................................. .. 516 
213. Situa,6es juridicas coletivas passivas e processo coletivo passivo ..... 517 
213.1. lntrodu,ao ............................ "........................ ................................ 517 
213.2 .. Dificuldades praticas na ado10ao do processo coletivo passive ......... 518 
21.3.2.1. Legitimidade ... .. ............................................................ 518 
21.3.2.2. Coisa julgada ................................................................................. 519 
21.3.2.3. Demais quest6es processuais ..... 
21.4. A106es coletivas passivas originais e derivadas: indevida confusao ..... 
521 
524 
22. PRESCRit;Ao E DECAD~NCIA .......................................... .. .. ........................................... 527 
22.1. lntrodu,ao 
.................. 527 
22 2 Decadencia ..............................................................................................................
528 
222.1. Mandado de seguran10a coletivo 
........... 528 
22..2.2. Habilita,ao individual em senten10a coletiva de direito individual 
homogeneo .... .. ... .. .. ........... ...... .... ..... ...... ........................ .......... ............. ..... .......... 529 
22.3. Prescri10ao 530 
22.3. 1. (l":')prescritibilidade da pretensao de ressarcimento de danos ao 
Era no .......... .. .. . ........................................ ..... ..... . . ... .. ............... ... . ................ ... 530 
22.3..2.. A10ao popular ............................................................................................................ 531 
223.3. A10ao de improbidade administrativa .................. .. 532 
22.3.4. A10ao civil publica ......... ............ ... .. ............ .. . .. .... ............. . .................. 534 ............... 
22.4. Prescri,ao da pretensao individual ........................................................................... . 535 
22.4.1. Pretensao de conhecimento 
22.4.2. Pretensao executiva 
....................... 535 
536 
REFER~NCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................. ,.................................................... 539 
USTA DE ABREVIATURAS 
ACO - A<;iio Civil Origimiria 
ADC - A<;iio Declarat6ria de Constitucionalidade 
ADCT - Ato das Disposi<;6es Constitucionais Transit6rias 
ADln - A<;iio Direta de Inconstitucionalidade 
ADPF - Argui<;iio de Descumprimento de Preceito Fundamental 
Ag Agravo 
AgRg - Agravo Regimental 
AI - Agravo de Instrumento 
AO - A<;iio Origimiria 
APn - A<;iio Penal 
AR - Agravo Regimental 
ARE - A<;iio Rescis6ria 
AREsp - Agravo em Recurso Especial 
CAC - Compromisso de Ajustamento de Conduta 
CADE - Conselho Administrative de Defesa Economica 
CC - C6digo Civil 
CDC - C6digo de Defesa do Consumidor 
CF - Constitui<;iio Federal 
CLT - Consolida<;iio das Leis do Trabalho 
CNMP - Conselho Nacional do Ministerio Publico 
CPC - C6digo de Processo Civil 
30 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VOLUME Uwco Daniel Amorim Assumpr;iio Neves 
CPP - C6digo de Processo Penal 
CVM - Comissao de Valores Mobiliarios 
DJ - Diario da Justi~a 
DJe - Diario da Justi~a Estadual 
ECA - Estatuto da Crian~a e Adolescente 
EDd - Ernbargos de Declara~ao 
EREsp - Ernbargos de Divergencia no Recurso Especial 
E-RR - Ernbargos ern Recurso de Revista 
FDD - Fundo de Direito Difusos 
HC - Habeas Corpus 
INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial 
j. - julgado ern 
LACP - Lei da A~ao Civil Publica 
LAP - Lei da A~ao Popular 
LC - Lei Cornplernentar 
LEF - Lei de Execu~ao Fiscal 
LIA - Lei de Irnprobidade Adrninistrativa 
LMS - Lei do Mandado de Seguran~a 
LOMPU - Lei Orglmica do Ministerio Publico da Uniao 
LONMP - Lei Organica Nacional do Ministerio Publico 
MC - Medida Cautelar 
Min. - Ministro(a) 
MS - Mandado de Seguran~a 
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil 
Pet - Peti~ao 
QO - Questao de Ordem 
RE - Recurso Extraordinario 
rel. - Relator (a) 
REsp - Recurso Especial 
RHC - Recurso ern Habeas Corpus 
RIOBDPPP - Revista lOB de Direito Penal e Processual Penal 
USTA DE ABREVIATURAS 31 
RMS - Recurso ern Mandado de Seguran~a 
RR - Recurso de Revista 
SLS - Suspensao de Lirninar e de Senten~a 
ss Suspensao de Seguran~a 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justi~a 
TAC Terrno de Ajustarnento de Conduta 
TJ Tribunal de Justi~a 
TRF Tribunal Regional Federal 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
1 
BREVE HISTORICO 
Sumiirio: 1.1. Paises da familia da civil law - 1. 2 Pafses da familia da common law -
1 .3. Evoluc;:ao do processo coletivo no BrasiL 
1.1. PAfSES DA FAMILIA DA CIVIL LAW 
Segundo entendimento da melhor doutrina, a origem da tutela coletiva nos 
paises de tradi~ao romano-germfmica, que adotam em sua maioria o sistema da 
civil law, se confunde com a origem das a~oes populares existentes no direito 
romano 1• 
Nao obstante ser a regra na actio roman a a existencia de urn direito indivi-
dual e pessoal, ja identificado na provoca~ao inicial, as chamadas a~oes populares 
eram aceitas como exce~ao a essa regra, admitindo-se que urn cidadao buscasse 
tutela nao por urn direito somente seu, mas de toda a coletividade_ Como aquela 
epoca nao estava totalmente definido o conceito de Estado, criou-se uma singular 
rela~ao do cidadao com a res publica, que auxilia a compreensao da admissao 
excepcional da a~ao popular romana_ Para os romanos, a res publica era de todos 
os cidadaos, ou seja, todos os integrantes do povo eram considerados coproprieta-
rios dos bens publicos, de forma que a a~ao judicial que visava a prote~iio de tais 
bens, quando ajuizada por urn individuo, apesar de vincular a todos os demais, 
era entendida como pretensao em defesa de direito proprio do cidadao-autor'. 
No inicio, a a~ao popular romana voltava-se a pretensoes predominantemen-
te de car..iter penal, com pedidos de carater inibidor da conduta lesiva e com a 
comina~ao de multa ou alguma especie de pena pecuniaria a ser adimplida por 
parte do transgressor. Com o desenvolvimento do instituto, a a~ao popu\ar romana 
1 Leone!, Manual. p. 40; Assagra. Direito, p. 41. 
l Mancuso, A~ao, p 39-41 
·-------=--=---=··· =~ _____ ......._ __________________ _ 
34 MANUAL DE PROCESSO COLET!VO ·VOlUME Uwco Daniel Amorim Neves 
passou a tutelar cada vez mais situa~6es de direito transindividual, ainda que 
forte:nente relacionada a defesa das coisas ptrblicas e de can\ter sacra. A~6es 
pro bbertate, para a defesa da liberdade, pro tutela, na defesa de interesses do 
pupilo, e ex lege Hostilia, para prote~ao dos bens de ausente vftima de furta, 
eram a~6es que se justificavam pelo interesse geral no cumprimento da lei, o 
que demonstra a natureza transindividual dos interesses tutelados'. 
Com a queda do Imperio Romano, as actiones populares do direito ro-
mano niio resistiram ao direito barbara, permanecendo nao aplicaveis durante 
o periodo feudal, sem ressonfmcia nas monarquias absolutistas, tampouco no 
direito canonico. Significa que o direito intermedio representou um periodo 
sombrio para as a~6es coletivas, sendo apontado pela doutrina como marcos 
do renascimento da a~ao popular a Lei Comunal, de 30 de mar~o de 1836, 
na Belgica, e a Lei Comunal, de 18 de julho de 183'7, da Fran~a, que teriam 
servido de base para a a~ao popular eleitoral italiana de 1859·'. 
1.2. PAISES DA FAMILIA DA COMMON LAW 
A doutrina aponta a origem das a~6es coletivas na Inglaterra medieval 
do seculo XII, onde e passive! identificar alguns grupos sociais litigando em 
conjunto por meio da representa~iio de seus lideres5 As a~6es coletivas me-
dievais tinham como caracteristicas a defesa em jufzo do direito de membros 
de uma comunidade, que compartilhavam entre si tal direito, o que pode ser 
apontado como a origem das a~6es coletivas modernas que tern como base a 
tutela de direitos difusos e coletivos6• 
)a no seculo XVII os tribunais de equidade (courts of equity ou courts of 
chancery), ao perceberem os inconvenientes de exigir a presen~a de todos os 
interessados no processo - ate mesmo os de fato - para que a decisiio pudesse 
atingir a todos (compulsory joinder rule ou necessary parties rule), criaram o bill 
of peace, de forma a permitirem a~6es representativas (representative actions), 
que podem ser consideradas a origem remota da class action norte-americana', 
a~ao coletiva voltada a tutela de direitos individuais homogeneos8, 
As a~6es representativas s6 eram admitidas quando o m\mero de in-
teressados gerasse um litiscons6rcio em numero tao excessive que tornasse 
impossfvel, ou ao menos impraticavel, sua reuniao no processo9 • Assim, urn 
l Leone!, Manual. p 44-46. 
4 Assagra. Manual, p. 346. 
5 Mendes, A«;6es coletivas, p .. 43-45; Gidi, A dass, p 42 
6 Leal, A«;6es. p 24-25 
7 Gidi. A
class, p 41-42; Leonel. Manual. p 61. 
a Leal, At;:C)es, p 25. 
9 Mendes. A«;6es coletivas, p .. 47; Pedro Dina marco, A«;3o, p 25; Gidi, A class, p 42. 
Cap, 1 • BREVE HISTdRICO 35 
dos sujeitos que htzia parte do grupo poderia defender o interesse de todos 
em jufzo, representando o interesse dos membros ausentes. 
1.3. EVOLUc;Ao DO PROCESSO COLETIVO NO BRASIL 
A primeira a~iio coletiva reconhecida no Brasil, muito por influencia do 
direito portugues, foi a a~ao popular. A doutrina entende que a a~ao popular 
vigorou no perfodo imperial e infcio da Republica, durante a vigencia das 
Ordena~6es do Reina, considerando-se a possibilidade de defesa de bens de 
usa comum pelo cidadiio. Para alguns, estaria inclusive consagrada no art 15'7 
da Carta do Imperio de 18241° Como advento do C6digo Civil de 1916, mais 
precisamente em razao de seu art. 76, a doutrina majoritaria passou a entender 
que o sistema jurfdico brasileiro niio mais admitia a a~iio popular, ainda que 
vozes isoladas continuassem a defender a sobrevivencia dessa a~iio coletiva". 
Em 1934, a a~iio popular foi incluida expressamente na Constitui~ao 
Federal, por meio do art 113, § 38, para 3 anos depois ser suprimida pela 
Constitui~ao de 1937, vindo a ser restabelecida pelo art 141, § 38, da Cons-
titui~iio de 1946, mantendo-se em todas as Constitui~6es subsequentes (art 
150, § 31, da CF de 1967; art 153, § 31, da ECF de 1969 e na atual CF em 
seu art 5•, LXXIII). 
No campo intraconstitucional, tambem se considera a Lei de A~ao Po-
pular como a primeira a tratar da tutela de direito difuso, no distante ano 
de 1965, A partir deJa, varias outras foram agregadas ao nosso ordenamento 
jurfdico, formando atualmente o microssistema coletivo. A descri~iio das leis 
inflaconstitucionais que versam sabre processo coletivo e feita no Capitulo 3. 
10 Alves, Manual, p. 68 
11 Mancuso, A~ao, p. 52~54. 
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TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA 
Sumario: 2.1 lntrodw;ao-2 2. Origem da tutela jurisdicional coletiva- 2.3 Microssistema 
Coletivo: 2.3,1 Conceito; 2.3.2. Casuistica- 2.4 Marcos legislativos 
2.1. INTRODUl;AO 
E tradicional a utiliza~ao do termo "tutela coletiva" no dia a dia forense e 
academico, mas nem sempre tal uso considera com a devida precisao seu sig-
nificado. Na maioria das vezes, inclusive, o termo e adotado para designar uma 
especie de tutela jurisdicional cujo objeto e urn direito coletivo lata sensu, e nesse 
caso seria ate mais adequado o nome "tutela jurisdicional coletiva". 
Para a exata compreensao do tema e imprescindivel que se determine primei-
ramente o significado de "tutela jurisdicional': Por tutela jurisdicional entende-se 
a prote~ao prestada pelo Estado quando provocado por meio de urn processo, 
gerado em razao da lesao ou amea~a de lesao a urn direito material. Como se 
pode notar desse singelo conceito, a tutela jurisdicional e voltada para tutela 
do direito material, dai ser corr·eta a expressao "tutela jurisdicional de direitos 
materiais", empregada por parcela da doutrina. 
Como existem crises de diferentes naturezas, e natural que o sistema erie e 
disponibilize as partes diferentes formas de tutelas jurisdicionais, com procedi-
mentos distintos e objetivos pr6prios De qualquer forma, apesar dessa diversi-
dade, havendo uma amea~a ou uma viola~ao a direito, o Estado e provocado - o 
instrumento de provoca~ao e o processo -, e, quando ha uma solu~ao a crise 
juridica descrita, tern-sea concessao de uma tutela jurisdicional do direito material. 
A tutela jurisdicional pode ser dividida de diferentes formas, bastando para 
tanto que se adotem diferentes criterios. Assim, tem-se a distin~ao entre jurisdi-
~ao voluntaria e contenciosa, penal e civil, preventiva e ressarcit6ria', comum e 
especifica etc. Essas classifica~iies, que tern importancia meramente academica, 
38 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO ·VOLUME 0NICO - Daniel Amorim Assump~iio Neves 
considerando-se a unidade da jurisdi~ao, sempre dependerao do criteria esco-
lhido pela dontrina, nao sendo diferente com a classifica~ao distintiva existente 
entre tutela jurisdicional individual e coletiva, que adota como criteria a especie 
de direito material tutelado. 
A tutela jurisdicional individual e a tutela voltada a prote~ao dos direitos 
materiais individuais, sendo fundamentalmente regulamentada pelo C6digo de 
Processo Civil, alem, e claro, de diversas leis extravagantes, tais como a Lei 
de Loca~6es, Lei dos Juizados Especiais, Lei de Execu~ao Fiscal etc. A tutela 
jurisdicional coletiva, entretanto, nao se resume a tutela de direitos coletivos, 
ainda que admitida a expressao "direitos coletivos lato sensu" para designar as 
especies de direito material protegidas por essa especie de tutela. 
Dessa forma, a tutela coletiva deve ser compreendida como uma especie 
de tutela jurisdicional voltada a prote~ao de determinadas especies de direitos 
materiais. A determina~iio de quais sejam esses direitos e tarefa do legislador, 
niio havendo uma necessaria rela~ao entre a natureza do direito tutelado e a 
tutela coletiva. Significa que mesmo direitos de natureza individual podem ser 
protegidos pela tutela coletiva, bastando para isso que o legislador expressa-
mente determine a aplica~iio desse tipo de sistema processual - microssistema 
coletivo - a tais direitos. Essa parece ser a op~ao do sistema patrio, ainda que 
parcela da doutrina te~a criticas a tal amplia~ao do ambito de aplica~ao da 
tutela coletiva' .. 
Conforme mais detalhadamente examinado no item 6A, e exatamente o 
que ocorre com o direito individual homogeneo, que, apesar da natureza indi-
vidual, e objeto de tutela coletiva por expressa previsiio do C6digo de Defesa 
do Consumidor. 0 mesmo ocorre com os direitos individuais indisponiveis 
do idoso, crian~a e adolescente, desde que a a~iio coletiva seja promovida pelo 
Ministerio Publico, conforme devidamente analisado no item 8.2.2. 
As variadas especies de direito material protegidas pela tutela coletiva, 
tanto de natureza transindividual (difuso e coletivo) como de natureza in-
dividual (individual homogeneo e indisponiveis em situa~6es excepcionais), 
nao desvirtuam a tutela jurisdicional coletiva porque, apesar de limitada a 
determinados direitos, a tutela jurisdicional coletiva e una, sendo aplicada a 
todos eles de maneira basicamente indistinta. E natural que existam algumas 
particularidades que devem ser sempre consideradas no caso concreto', mas 
nunca aptas a desvirtuar o nucleo duro dessa especie de tutela jurisdicionaL 
Significa que, apesar de alguma influencia em decorrencia da especie de 
direito tutelado, as principais regras que comp6em o microssistema coletivo 
seriio aplicadas a todas as a~6es coletivas, independentemente da especie de 
direito material tutelado .. 
1 Zavascki, Processo. p 40·41. 
2 Zavascki, Processo, p 40. 
Cap. 2 • TUTELA JURJSOICJONAL COLETIVA 39 
A tutela jurisdicional coletiva, portanto, nada mais e que urn conjunto de 
normas processuais diferenciadas ( especie de tutela j~ri~~icion~l dif~renciada'?· 
distintas daquelas aplicaveis no ambito da tutela JUnsdrcwnal_m~IVJdu~L I~str­
tutos processuais como a competencia, a conexao e a contmencra, legr~rmrda­
de, coisa julgada, liquida~ao da senten~a etc., recebem na tutela coletrva ~m 
tratamento diferenciado, variando o grau de distin~iio do tratamento recebrdo 
pelos mesmos institutos no C6digo de Processo CiviL 
Por tutela diferenciada volta-se o processualista as exigencias do direito 
material apresentadas no caso concreto. Nota-se que, apesar de serem cienc~as 
aut6nomas, o direito processual e o direito material estao ligados de manerra 
indissociavel, servindo o processo como instrumento estatal de efetiva prote-
~ao ao direito materiaL Como as varias crises de direito material te~r diversas 
particularidades,
e necessaria percebe-las, adequando-se o procedrmento no 
caso concreto para que a tutela jurisdicional seJa efetrvamente prestada com a 
qualidade que del a se espera. Tutela jurisdicioml difer:nci~da, assim, r~presenta 
a ado~ao de procedimentos e tecnicas procedrmentars drferencradas a luz das 
exigencias concretas para bern tutelar o direito material·'. 
Estudar a tutela jurisdicional coletiva e, portanto, estudar as formas e 
institutos processuais presentes no processo coletivo. 0 direito material di~u­
so e coletivo em urn maior grau e, mesmo com menor mtensrdade, o drrerto 
individual homogeneo tern uma riqueza incontestavel, mas seriio tratados no 
presente trabalho somente de forma subsidiaria, naquilo que interessar:m de 
forma mais direta a cria~ao e ao desenvolvimento do processo coletrvo. 0 
presente livro e, portanto, urn livro de direito processual civil coletivo. 
2.2. ORIGEM DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA 
Ainda que se mantenha a conclusao de que os direitos protegidos pela 
tutela coletiva sao aqueles que o legislador determinar, esperando-se, natu-
ralmente, que se fa~a criterioso juizo de oportunidade e conveniencia ao se 
incluir nessa especie de tutela urn direito de natureza individual, sob P.e~a de 
desvirtuamento da tutela coletiva, e preciso reconhecer que essa especre de 
tutela, no momenta de sua cria~ao, era voltada exclusivamente aos direitos 
transindividuais. Somente em urn momenta posterior passa a tambem tutelar 
os direitos individuais violados ou amea~ados de viola~ao por atos de grande 
escala (direito individual homogeneo). E, por fim, os direitos individuals in-
disponiveis em limitadas situa~6es expressamente consagradas em lei.. 
Direitos materiais transindividuais de diferentes naturezas passam a ser 
protegidos pela tutela coletiva, nao se limitando tal forma de tutela,aos direi-
1 Leone!, Manual. n 4.10, p .. 147. 
~ Armelin, Tutela, p. 45; Cruz e Tucci, A~ao. p. 14-1 5; Bedaque. Direito. P 33 
40 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO · VOlUME Uwco - Daniel Amorim Aswmpr;Oo Neves 
tos materiais civis. No direito tributario, eleitoral e trabalhista existem a~iies 
coletivas, havendo ate mesmo doutrina que defende a natureza coletiva da 
a~ao penal condenat6ria. Fala-se, inclusive, em direito penal supraindividual, 
no qual se tutelam bens juridicus coletivos5• 
Independentemente da natureza do bern da vida tutelado, e por con-
sequencia do ramo do Direito, sera admissivel falar em tutela coletiva .. De 
qualquer maneira, entendo que continua intocavel a ideia de que essa especie 
de tutela coletiva estan\ destinada aos direitos materiais que o legislador pre-
tender tutelar dessa forma diferenciada. Insisto, entretanto, que a origem da 
tutela coletiva esta associada aos direitos de natureza transindividual, sendo a 
ampliac;ao do objeto da tutela uma opc;ao do legislador, certamente satisfeito 
com os resultados pn\ticos gerados pelo novo sistema criado. 
Esse desenvolvimento da tutela coletiva e compreensiveL Os direitos 
transindividuais nao podem ser efetivamente protegidos pela tutela individual, 
a qual, no Brasil, esta essencialmente prevista no sistema processual criado 
pelo C6digo de Processo CiviL Sem as devidas adaptac;iies de alguns institutos 
processuais, notadamente da legitimidade ativa e da coisa julgada6, a efetiva 
tutela dessas especies de direito material seria inviaveL Dai a necessidade im-
prescindivel de formac;ao de urn novo sistema, da cria~ao e disponibilizac;ao 
as partes de uma nova especie de tutela, chamada de tutela coletiva. 
Nao foi a inviabilidade de prote~ao por meio da tutela individual que 
]evou OS direitos individuais homogeneos para 0 ambito da tutela coJetiva, 
mas uma opc;ao de politica legislativa fundada em variadas raziies, como de-
vidamente exposto no item 6.4. 0 direito individual homogeneo, por exemplo, 
e tradicionalmente admitido como tutelavel pela tutela coletiva diante dos 
multihrcetarios obstaculos existentes para sua efetiva protec;ao no ambito da 
tutela individual Ainda assim, e inegavel que tal especie de direito pode ser 
protegido pela tutela individual, o que, inclusive, ocorre ate hoje, com a exis-
tencia de diversas ac;iies individuais que poderiam ser substituidas por uma 
ac;ao coletiva fimdada em direito individual homogeneo. 
0 que se pretende deixar clara e que a tutela coletiva e absolutamente 
imprescindivel para a protec;ao de direitos difusos e coletivos, e sem ela jamais 
poderao ser devidamente atendidos com a aplicac;ao da tutela individuaL Nos 
direitos individuais- homogeneos ou indisponiveis de determinados sujeitos- a 
tutela individual e abstratamente apta a tutelar o direito, ainda que na pratica, 
em razao dos inumeros obstaculos existentes, seja altamente recomendavel a 
aplicac;ao da tutela coletiva. 
Fazendo uma analogia, valer-se da tutela individual para a protec;iio de urn 
direito transindividual e o mesmo que exigir que a parte esvazie uma piscina 
5 Didier~Zaneti, Curso, p. 44 
6 Zavascki, Processo, p. 35 
Cap. 2 • TUTELA JURlSD1CIONAL COLETIVA 41 
com urn garh A tarefa, naturalmente, sera impassive! de ser cumprida. No 
direito individual - homogeneo ou indisponivel de determinados sujeitos -
disponibiliza-se uma colher para a parte esvaziar a mesma piscina. Sera dificil, 
trabalhoso, cansativo e demorado, mas a tarefa pode ser cumprida .. Aplicar 
a tutela coletiva nesses direitos e permitir que a parte abra o ralo da piscina, 
0 que fara com que agua escoe de maneira mais rapida e eficaz, obtendo-se 
o esvaziamento da piscina em menor tempo, com menos esforc;o e de forma 
mais eficiente. 
A urgencia na criac;ao de uma nova forma de tutela para proteger os 
direitos transindividuais e explicada corretamente pela doutrina como forma 
de atender o principia da inafastabilidade da jurisdi~ao. Consagrado pelo art 
sa, XXXV, da CF ("a lei nao excluira da aprecia~ao do Poder Judiciario Iesao 
ou ameac;a a direito"), o principia da inafastabilidade tern dois aspectos: a 
rela~ao entre a jurisdic;ao e a solu~ao administrativa de conflitos e o acesso a 
ordem juridica justa, que da novos contornos ao principia, firme no enten-
dimento de que a inafastabilidade somente existira concretamente por meio 
do oferecimento de urn processo que efetivamente tutele o interesse da parte 
titular do direito materiaL Interessa ao presente estudo o segundo aspecto. 
0 que realmente significa dizer que nenhuma lesao ou ameac;a a direito 
deixara de ser tutelada jurisdicionalmente? Trata-se da ideia de "acesso a or-
dem juddica justa", ou, como preferem alguns, "acesso a tutela jurisdicional 
adequada". Segundo lic;ao corrente na doutrina, essa nova visao do principia 
da inafastabilidade encontra-se fundada em quatro ideais principais, verdadei-
ras vigas mestras do entendimento7: acesso ao processo, ampla participa~ao, 
decisiies com justi~a e eflcacia das decisiies. 
Interessa a presente analise a primeira dessas vigas mestras. 0 acesso ao 
processo dos direitos transindividuais seria impassive! com a aplicac;ao do sistema 
criado para a tutela individuaL E, nesse sentido, o principia da inafastabilidade 
da jurisdi~ao consagrada constitucionalmente seria flagrantemente desrespeitado. 
A unica forma de fazer valer concretamente o principia constitucional nesse 
caso, portanto, seria - como foi - com a criac;ao da tutela coletiva. 
Ainda que de maneira mais dificil, demorada e cara, para os direitos in-
dividuais atualmente protegidos pela tutela coletiva nao e concebivel falar em 
impossibilidade de tutela por meio do sistema criado pela tutela individual. 
Conforme ja afirmado, os obstaculos sao tantos e tao significativos, entretanto, 
que sacrificam ou tornam extremamente dificil o acesso ao processo, de modo 
que a inclusao de tal especie de direito no microssistema coletivo tambem pode 
ser explicada como efetiva~ao do principia do acesso
a ordem juridica justa. 
7 Cintra~Grinover~Dinamarco, Teoria, p 39-4t 
42 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO " VowM£ liwco Daniel Amorim Assumpt;iio Neves 
2.3. MICROSSISTEMA COLETIVO 
2.3.1. Conceito 
A ideia de cria~ao de microssistema foi muito bern desenvolvida no 
campo do direito material, sendo os estudos mais aprofundados sabre 0 tema 
a~resentados por civilistas .. Tambem em outros campos do direito material 
tars c?mo o direito trabalhista e penal, existem estudos e aplica~iio da idei~ 
d~ mrcross_rste~a. Acredito que ate mesmo no direito processual tal ideia 
nao se hmrta a tutela coletiva, havendo doutrina, por exemplo, que fala em 
mrcross_rstema processual criado pelas tres leis que regulamentam os Juizados 
Especrars (Let 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei 12,153/2009)'. 
A pluralidade de normas processuais que regulamentam a tutela coletiva 
no direito patrio e alga que naturalmente complica sua aplica~ao no caso 
~oncreto: com discussiies ~uitas ~ezes acaloradas sobre qual norma aplicar. 
E u~ problema que p_odena ter srdo resolvido, mas a op~iio legislativa niio 
segum o deseJO da mawr parte da doutrina especializada. 
Existe urn Codigo Modelo de Processes Coletivos para Ibero-America, 
aprovado nas Jornadas do Institute Ibero-Americano de Direito Processual, 
na. Venezuela, em outubro de 2004. Contribuiram para a elabora~ao desse 
~odrgo Modele especialistas ibero-americanos de diversos paises, sendo bra-
srlerros Ada Pellegrini Grinover, Kazuo Watanabe, Antonio Gidi e Aluisio de 
Castro Mendes. Como o proprio nome sugere, entretanto, trata-se apenas de 
urn modelo, ~ue serve, quando muito, para compara~iio com o direito vigente 
em nosso pars .. De qualquer forma, trata-se de compila~iio em urn so C6digo 
de todas as normas processuais da tutela coletiva. 
Certamente influenciados pelo Codigo Modele de Processes Coletivos 
para lbe:o-America, ;e:e inicio em terri to rio nacional urn movimento para a 
elabor a~ao de ~m Codrgo de Process a Civil coletivo Depois de muitas idas 
e vmdas, o proJeto, _que desistiu da ideia origimiria de novo Codigo e passou 
a pr.opor uma revrsao substancial da Lei 7.347/1985, para que passasse a ser 
o drplo:na process~al_ c?letivo (_Projeto de Lei 5.139/2009), foi rejeitado na 
Comrssao de Conslitm~ao e Jusli~a9, sendo interposto recurso do relator e de 
outros deputados c~~tra tal deci~~o. Finalmente, em 17 de mar~o de 2010, 0 
proJeto de let for reJertado pela Camara dos Deputados. 
~sse br~vis~imo histor~~o e importante porque demonstra que houve uma 
tentatrva l~grslaliva de reumao de todas - ou ao menos da maioria _ as normas 
processuars da _tuteb coletiva em urn so diploma legaL Ocorr·e, entretanto, que 
esse ObJelivo n~o for ~lcan~ado, de for~a. que, atualmente, o sistema processual 
de tutela coletrva esta espalhado par mumeras leis, o que exige do interprete 
6 Cimara. Juizados, p 3-5 
9 Grinover, C6digo, p. 35-39 
Cap. 2 • TUTELA JURlSDlCIONAL COLETlVA 43 
o reconhecimento de que o microssistema de processo coletivo resulta da 
reuniiio de normas distribuidas por tais leis. 
Registre-se, antes de tudo, que o termo microssistema coletivo niio e 
tranquilo na doutrina, havendo aqueles que preferem falar em minissistema10 
e outros, em sistema unico coletivon Sao diferentes nomenclaturas para prati-
camente o mesmo raciocinio, de modo que a ado~iio de uma ou de outra niio 
gera qualquer repercussiio pnitica relevante. Prefiro o termo "microssistema 
coletivo" por ser o mais utilizado, sendo, inclusive, consagrado no Superior 
Tribunal de Justi~a12 0 mais importante e a defini~iio de como as leis que 
compiiem o microssistema se relacionam e como este se relaciona com o 
Codigo de Processo CiviL 
Sao inumeras as leis que compiiem o microssistema coletivo, por exem-
plo: Lei 4717/1965 (A~iio Popular); Lei 6.938/1981 (Lei da Politica Nacional 
do Meio Ambiente); Lei 7.347/1985 (A~ao Civil Publica); Constitui~iio Fede-
ral de 1988; Lei 7.853/1989 (Lei das Pessoas Portadoras de Deficiencia); Lei 
7.913/1989 (Lei dos Investidores dos Mercados de Valores Imobiliarios); Lei 
8.069/1990 (Estatuto da Crian~a e do Adolescente); Lei 8.078/1990 (Codigo 
de Defesa do Consumidor); Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administra-
tiva); Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso); Lei 12 .. 016/2009 (Lei do Mandado 
de Seguran~a). 
Apesar da inegavel pluralidade de leis a comporem o microssistema co-
letivo, a doutrina parece tranquila no sentido de indicar que o nucleo duro 
desse microssistema e formado pela Lei de A~iio Civil Publica e pelo Codigo 
de Defesa do Consumidor13. Para alguns, inclusive, so existiriam o Codigo de 
Defesa do Consumidor e a a~ao civil publica, regulada pela Lei 7.347/1985 e 
reafirmada, contrariada ou complementada pelas demais leis mencionadas14. 
Seja como for, niio ha como negar a relevancia das Leis '7.347/1985 e 8.078/1990 
para o microssistema coletivo. 
No tocante a norma que deve ser aplicada no caso concreto, e passive! 
pensar em tres interessantes pontes: (i) definir dentro do nucleo duro qual 
norma deve ser aplicada; (ii) fora do nucleo duro, como normas de outras leis 
que compiiem o microssistema devem ser aplicadas; (iii) fora do microssistema, 
como devem ser aplicadas as regras do C6digo de Processo Civil. 
Quanta ao primeiro ponto, ha corrente doutrinaria que defende serem 
prioritariamente aplicaveis as normas da Lei de A~ao Civil Publica, deixandose 
a aplica~iio em segundo plano, no que for cabivel, das normas previstas no 
10 Grinover, C6digo, p 33. 
11 Gomes Jr e Favreto, Anota<;Oes, p. 530-531 
12 STJ, P Turma, AgRg no REsp 1.357.759/GO, reL Min. Napo!eao Nunes Maia Filho, l16/06/2014, OJe 
04/08/2014; STJ,4"Turma, REsp 1 .192577/RS. rei. Min. Luis Felipe Sa!omao, j 15/05/2014, DJe 1 5/08/2014; 
STJ, 1 ~ Turma, REsp 1.221 254/RJ, rei. Min Arnalda Esteves Lima, j. 05/06/2012; DJe 13/06/2012. 
11 Andrighi, ReflexOes, p 338; Leonel, Manual, n. 410, p. 148 
14 Grlnover. C6digo, p,_ 33~34 
........ ······-·-····-·····-===~-----·i...lc ---------------
44 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VotuM£ tiNICO - Daniel Amorim Assump~iio Neves 
Codigo de Defesa do Consumidor15, enquanto outra corrente entende que, 
sendo a rela<;ao de direito material de consumo, a aplica<;ao da Lei de A<;ao 
Civil Publica deve ocorrer subsidiariamente16 , Levando-se em considera<;ao 
apenas esses dais entendimentos, o primeiro e preferivel em razao da expressa 
previsao contida no art 21 da Lei 7347/1985 .. 
Considem mais correto o entendimento de que nao existe propriamente 
uma ordem preestabelecida entre os dais diplomas legais. Na realidade, sao 
raras as hipoteses de conflito entre normas desses do is diplomas legais, servindo 
o segundo para especificar normas existentes no primeiro, como ocorre, por 
exemplo, no caso da compet<~ncia, ou para incluir novidades, como se da com 
a expressa previsao de tutela coletiva aos direitos individuais homogeneos, 
Normas do diploma mais antigo, modificadas posteriormente, tambem sao 
aplicaveis no diploma mais recente, como o famigerado art 16 da LACP, ainda 
que atualmente corretamente interpretado pelo Superior Tribunal de Justi<;a, 
con forme analisado no item 14,4, Como se nota, ha uma quase perfeita intera<;ao 
entre os dois diplomas que formam o nucleo duro do microssistema coletivo. 
Mais complexa e a solu<;iio de conflito entre o nucleo duro fonnado 
pelas duas leis e as demais leis extravagantes que comp6em o microssistema, 
Para parcela da doutrina, primeiro deve-se aplicar o nucleo duro, e somente 
nao havendo norma Ia prevista, as demais leis", enquanto outros entendem 
que primeiro devam ser aplicadas as leis espedficas, e apenas na hip6tese de 
omissao se passar a aplica<;iio das regras constantes do nucleo duro". 
Caso seja necessaria a determina<;iio a priori e de forma abstrata de qual 
lei deve prevalecer, tern mais 16gica o
segundo entendimento, aplicando-se 
antes a norma prevista em lei espedfica, e, somente diante de sua omissiio, a 
norma geral prevista no nucleo duro do microssistema coletivo. Nao parece, 
entretanto, ser sempre essa a melhor solu<;iio, porque e passive! que a norma 
espedfica seja menos benefica para a tutela do direito material do que aquela 
prevista de forma generica na Lei de A<;iio Civil Publica e/ou no C6digo de 
Defesa do Consumidor, 
Prefiro, portanto, o entendimento de que, dentro do microssistema coletivo, 
deve ser sempre aplicavel a norma mais benefica a tutela do direito material 
discutido no processo, sen do irrelevante se determinada por norma espedfica 
ou geral, anterior ou posterior, ou qualquer outra forma de interpreta<;iio de 
normas19• Esse entendimento tern como merito uma prote<;iio mais efetiva ao 
direito material coletivo lata sensu, independentemente da especie de direito 
e do diploma legal criado pelo Jegislador para tutela-Jo, porem gera relativa 
15 Carvalho Filho. Ac;ao, p .. 479; Didier-Zaneti, Curso, p. 53. 
16 Nery Jr., C6digo, p 221 
17 Didier-Zanet/, Curso, p 53 
18 Assagra, Direito, p 547; Gajardoni, Comenti3rios, p. 112-113; Klippei-Neffa Jr .. , Comentarios, p, 340-341,-
19 Gajardoni. Direitos I, p. 51 
Cap., 2 " TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA 45 
inseguran<;a juridica par niio criar bases objetivas para aferi<;iio da norma 
aplidvel ao caso concreto, dependendo sempre da casuistica. 
Por fim, a aplica<;ao das normas existentes no C6digo de Processo Civil 
sen\. imprescindivel, mas para isso e indispensavel que niio exista norma expressa 
aplidvel ao caso concreto dentro do proprio microssistema20 Alem disso, a 
norma processual presente no Codigo de Processo Civil niio pode afrontar os 
prindpios do processo coletivo estudados no Capitulo 5, o que leva a doutrina 
a afirmar que a aplica<;iio nao deve ser subsidiaria, mas sim eventuaL 
2.3.2. Casuistica 
Sao variados os exemplos de aplica<;iio das normas presentes nas leis que 
comp6em o microssistema coletivo e mesmo da aplica<;iio residual do Codigo 
de Processo Civil, mas nem sempre a realidade confirma uma op<;iio unissona 
de interpreta<;iio de qual a norma a ser aplicada. 0 presente item se presta a 
enumerar algumas dificuldades, sem qualquer pretensiio de ser exaustivo, ate 
porque os conflitos entre leis do microssistema podem ser encontrados em 
diversas passagens da presente obra., 
A doutrina ressalta que a convivencia da a<;iio popular e da a<;iio civil pu-
blica traz interessantes e polemicas dificuldades na praxe forense, deixando em 
diversas oportunidades duvidas a respeito da norma aplicavel ao caso concreto. 
Como foi desenvolvido no item 8.2.1, a unica a<;iio coletiva que preve 
a legitimidade ativa do individuo e a a<;iio popular. Alem disso, nao admite 
concorrentemente a legitimidade ativa de nenhum dos legitimados ativos 
para a propositura das demais a<;6es coletivas. Niio se tern noticia, apesar da 
aspira<;iio par parte da doutrina, de conjuga<;iio dessas normas de legitimidade 
como uma s6 regra ficcional criada pela conjuga<;ao das duas regras expressas 
em nosso ordenamento juddico. Cidadao nao pode ingressar com a<;ao civil 
publica e associa<;ao, por exemplo, nao pode ingressar com a<;ao popular, 
Nesse caso da legitimidade ativa, adota-se a prevalencia da norma pro-
pria prevista em cada uma das leis. 0 mesmo fen6meno ocorre no tocante ao 
momenta em que passa a ser dever funcional do Ministerio Publico executar 
a senten<;a de procedencia, como conflito do art 16 da Lei 4.717/1965 e do 
art 15 da Lei 7347/1985, devidamente analisado no item 5S. 
A percep<;iio e de que, havendo regras especificas nessas duas leis - e 
tambem no Codigo de Defesa do Consumidor -, a tese de leis que se inter-
penetram e se subsidiam niio se aplica, respeitando-se cada qual sua propria 
regulamenta<;ao legaL 
Par outro !ado, existem normas que tern exatamente o mesmo conteudo, 
e por isso nao criam maiores dificuldades praticas. Tome-se como e'xemplo o 
20 Gomes Jr, e Favreto, Anotac;Oes, p. 531. 
46 MANUAL DE PROCESSO COLETIVO "VOLUME Uwco -Daniel Amorim Assump~iio Neves 
art 2°, pan\grafo unico, da Lei 7.347/1985 (A~iio Civil Publica) eo art so,§ 
3°, da Lei 471'7/1965 (Lei da A~iio Popular), que, apesar de reda~6es distintas, 
tern exatamente o mesmo conteudo" 
Diante de omissiio de uma ou outra, seria o caso finalmente de apli-
ca~iio da ideia de microssistema, E realmente em algumas situa~6es se nota 
tal aplica~iio, como ocone na ado~iio do pr azo prescricional da Lei de A~iio 
Popular (art 21 da Lei 4.717/1965) na a~ao civil publica, conforme vern rei-
teradamente decidindo o Superior Tribunal de Justi~a21 • Curiosamente nao foi 
esse o entendimento do mesmo tribunal ao enfl'entar o tema da competencia 
territorial na a~iio popular, que, em vez de determinar a aplica~iio da regra 
geral do microssistema - local do dana -, determina a aplica~iio das regras 
de competencia territorial previstas no C6digo de Processo CiviL 
Com a Lei 12"016/2009, que passou a regulamentar o mandado de segu-
ran~a coletivo, tambem surgiram interessantes quest6es a respeito de colisiio 
de regras especificas do mandado de seguran~a e genericas do nucleo duro 
do microssistema coletivo, 
0 art. 22, caput, da Lei 12.m6/2009 preve que no mandado de seguran~a 
coletivo a senten~a lim\ coisa julgada limitadamente aos membros do grupo 
ou categoria substituidos pelo impetrante" Como se pode notar da reda~iio do 
dispositivo legal, niio ha qualquer men~iio a coisa julgada secundum eventum 
litis in utilibus, consagrada no art. 103, § to, do CDC Pergunta-se: a coisa 
julgada do mandado de seguran~a coletivo se da pro et contra, atingindo os 
individuos mesmo com a denega~iio da ordem ou secundum eventwn litis in 
utilibus, vinculando os individuos somente com o acolhimento do pedido? 
Adotando-se a tese da regra especifica prevalecendo sabre a regra geral, 
a conclusiio seria pela coisa julgada pro et contra, excepcionando o sistema 
criado pela tutela coletiva para niio vincular negativamente individuos que niio 
tenham fi:ito parte do processo, Apesar de existir doutrina que defende esse 
entendimento22, niio me parece adequada a conclusiio, ate porque o art 22, 
caput, da Lei 12 .. 016/2009 nada preve especificamente a respeito das situa~6es 
em que deve ser gerada a coisa julgada no mandado de seguran~a coletivo, 
limitando-se a prever o aspecto subjetivo ultra partes do fen6meno" A doutri-
na majoritaria defende a aplica~iio por analogia do art 103, § 1°, do CDC"" 
Por outro !ado, ha relevante distin~iio no tocante ao aproveitamento de 
autor de a~iio individual quando em tramite mandado de seguran~a coletivo, 0 
21 STJ, 2J Turma, AgRg no AREsp 557.733/RJ, rei. Min. Og Fernandes, j. 24/03/2015, DJe 08/04/2015; STJ, 4" 
Turma, AgRg no REsp 1 .173 874/RS, rei Min. Antonio Carlos Ferreira, J- 17/03/2015, DJe 24/03/201 5; STJ, 
2a Se~ao, AgRg nos EREsp 995.995/DF. rei Min Raul AraUjo, j. 11/03/2015, DJe 09/04/2015 
22 Scarpinella Bueno, A nova, 58, p 135·136; Redondo·Oiiveira·Cramer, Mandado, p_. 153·154. 
11 Nery-Nery, C6digo, p. 1 731; Didier·Zaneti Jr. 0 mandado, p. 233; Alvim, Aspectos. p,_ 128; Ferraresi, Do 
mandado, p. 125·126; Andrade-Masson·Andrade, lnteresses, 4.9.1, p 362·363; Klippei·Neffa Jr .. , Comen· 
tc'lrios, p. 342·345 
Cap. 2 " TUTELA JURISDICIONAL COLETlVA 47 
art. 22, § 1°, da Lei 12 016/2009 preve que o autor individual s6 se beneficiani. 
do mandado de seguran~a coletivo se desistir da a~ao individual, enquanto 
0 art 104 do CDC permite o aproveitamento com a simples suspensiio do 
processo individual. Nesse caso, como existe norma expressa a respeito do 
tema, hit uma divisao mais perceptive! na doutrina" 
Os que adotam a tese de a norma especifica se sobrepor a norma geral 
defendem a literalidade do art. 22, § 1 ", da Lei

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