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Fatores de Coagulação e Hemostasia Centro Universitario Estacio Profa. Silvânia Figuerêdo Souza Fatores da Coagulação A coagulação consiste numa cadeia de reações que têm por finalidade a transformação do fibrinogênio em fibrina. Participação de : ( 1 ) Enzimas ativas ou fatores da coagulação. ( 2 ) Íons Ca++ ( 3 ) Fosfolipídios presentes nas membranas e nos tecidos. Fatores da Coagulação No mecanismo da coagulação existem 2 vias interligadas: - a via intrínseca - a via extrínseca OBS : Os fatores de coagulação são designados em algarismos romanos de I a XIII. Cascata da coagulação Quanto ao aspecto fisiológico as proteínas podem ser divididas em: Proteínas Procoagulantes Proteínas Anticoagulantes ou inibidores naturais da coagulação. Fatores Vitamina k-Dependentes Proteínas Procoagulantes As que participam da formação da trombina que por sua vez transforma o fibrinogênio em fibrina. Na forma inativa: Enzimas (serinas proteases) – fatores XII, XI, X, IX, VII etc. Co-fatores – V, VIII, cininogênio ↑ PM. Proteínas k depedentes: ( IX, X, VII ) e protrombina. Proteínas Anticoagulantes ou inibidores naturais da coagulação. Dificultam a formação do coágulo de fibrina. Fatores Vitamina k-Dependentes Na deficiência de vit K, ou quando há inibição dela por anticoagulantes do tipo Cumarínico, não ocorre ativação dos fatores, formando-se proteínas sem efeito coagulante pois, não são capazes de se ligar aos íons Ca++. A vit K preside a síntese de 4 fatores que têm ação coagulante ( protrombina, Fator VII, IX e X ) e de 3 proteínas que são anticoagulantes ( proteínas C, S e Z ). E a proteína M que a função é converter protrombina em trombina. Fator II – Protrombina É uma glicoproteína Vida Média = 100 horas Concentração no plasma = 100 – 150 ( ug/ml) Forma ativa = trombina Inibidor: antitrombina III ( AT III ) Fator VII – Proconvertina É uma glicoproteína VM – 15 horas CC no plasma – 1Mg / ml (existe no soro também) Atua apenas na via extrínseca Ativa o fator IX Capaz de iniciar a coagulação Fator IX – fator Christmas Glicoproteina VM de 20 h CC no plasma 4 mg / ml ( Tb no soro ) Fator X – Stuart – Prower glicoproteína Vm de 65 h CC no plasma 5 mg ( Tb no soro ) É ativado pelo complexo IX + VIIIa + ca++ + fosfolípides assim como pelo fator VII a + fator tissular. Proteína C glicoproteína formada no fígado anticoagulante (a sua forma ativa - Ca inibe o fator Va e o fator VIII coagulante ativo. Só é ativada pela trombina quando está ligada à trombomodulina Proteína S Co-fator da proteína C Intensifica a ação anticoagulante da proteína C ativada Ambas são chamadas de proteínas reguladoras Fatores Sensíveis à Trombina Têm PM ↑ e são consumidos durante a coagulação, por isso não são encontrados no soro. Fator I – Fibrinogênio CC no plasma ( 1500 – 4000 mg / ml ) VM – 120 h É cindida pela trombina e pela plasmina O fibrinogênio se transforma em fibrina após a clivagem pela trombina Fator V – Proacelerina Encontrados nos grânulos α das plaquetas e no plasma Tem como inibidor natural a proteína C É co-fator do fator Xa Tem importância na transformação da protrombina em trombina Fator VIII – Complexo Fator VIII / vWf Formado por 2 componentes: ( 1 ) fator VIII coagulante ou VIII : C ou fator anti-hemofilico ( 2 ) fator de von Willebrand ou fator vWF O VIII:C - ↓ PM, é ativado pela trombina e é inativado pelo plasmina O vWF - ↑ PM atua na fase da hemostasia primária, não é modificado pela trombrina e parcialmente inativado pela plasmina Fator VIII – Complexo Fator VIII / vWf Os 2 fatores circulam no plasma unidos por ligações não - covalentes A deficiência do fator VIII: C é encontrada na hemofilia A, e a do vWF, na Doença de von Willebrand Fator XIII – Fator estabilizador da Fibrina É importante p/ a formação de um coágulo firme e estável Promove a ligação da fibrina ao colágeno por intermédio da ação de moléculas da fibronectina. Fatores da Fase de contato da Coagulação Fator XII – fator Hageman O fator XII a é capaz de ativar a precalicreína em calicreína Fator XI – Antecedente Tromboplastico do plasma ( PTA) circula no plasma ligado ao cininogênio e atua em um ponto importante da coagulação a ativação do fator IX . Interação dos fatores que atuam na fase de contato 1º ) A via intrínseca da coagulação tem inicio após o contato do plasma com uma superfície carregada negativamente ( vidro, caolim, colágeno ) 2º ) Há ativação dos fatores XII e XI 3º ) HMWK + precalicreína facilitam a clivagem do fator XII em 2 cadeias α e β. A cadeia α do fator XIIa fica ligada à superfície de contato e ativa o fator XI. A cadeia β do fator XIIa é solúvel no plasma e tem função de ativar a precalicreína. Interação dos fatores que atuam na fase de contato 4º) Ativação da precalicreína da origem à calicreína que ( mecanismo regulador feedback- positivo) provoca a ativação de maior quantidade dos XIIa. 5º) Ação do fator XIIa sobre a ativação do fator VII da via extrínseca a fator VIIa o que demonstra a interligação das 2 vias. Cascata da coagulação Via Extrínseca da Coagulação 1º) Envolve o fator VII e o fator tissular 2º) O fator VII ( proteolítico) ativa o fator X que pode ser ativado também por XIIa, XIa, Xa , IXa e pela trombina. Fator tissular tromboplasma ou fator III Complexo / lipoprotéico liberado quando há lesão do endotélio vascular Quando há lesão o FIII liga-se ao FVII que inicia a coagulação sanguínea O teste laboratorial é o tempo de protrombina (TP) Fosfolípedes Origem nas plaquetas e nos tecidos Os fatores da coagulação são ativados após o contato com os fosfolipídios As plaquetas estimuladas liberam o fator plaquetário 3 que atua na via intrínseca da coagulação ativando o fator X Atuam também na ativação do fator II ou protrombina Os fosfolipídios são as tromboplastinas parciais. Eles substituem o fator plaquetário 3 como fator ativador no teste de tempo de tromboplastina parcial ( TTPA ) Observações: O TP detecta alterações da via extrínseca ( fator VII ) O TTPA – evidencia desvios da via intrínseca Cálcio – Fator IV Importante na atividade plaquetária e necessários p/ os fatores vit K- dependente HEMOSTASIA PRIMARIA E SECUNDARIA Fatores de crescimento das plaquetas que têm efeito na proliferação dos megecariócitos e na plaquetogênese: A trombopoetina ( TPO ) é o regulador na plaquetogênese e é produzida no fígado, rins, medula óssea e baço. Mecanismo de ativação As plaquetas são liberadas do citoplasma dos megecariócitos medulares e passam à circulação, onde têm vida média de 8 – 10 dias. É necessário energia p/ que as plaquetas exerçam suas funções básicas: Adesão Agregação Secreção de substâncias contidas nos grânulos citoplasmáticos. Formação da malha de Fibrina Papel das Plaquetas na Coagulação Atuam na hemostasia primária e na coagulação. Fatores Plaquetários ( FP ). FP 1 – tem atividade do fator V. FP 2 – ativador do fibrinogênio. FP 3 – capacidade das plaquetas de acelerarem o consumo da protrombina, formação de trombina e a formação de fibrina. Papel das Plaquetas na Coagulação FP 4 – anti-heparina. FP 5 – atividade de fibrinogênio. FP 6 – antiplasmina plaquetária. FP 7 – co–tromboplastina plaquetária. Esquema da hemostasia Hemostasia => Processo pelo qual o organismo controla a perda sanguínea através de um vaso lesado. => As plaquetas e os fatores da coagulação circulam sob a forma não ativada e só exercem a função hemostática ou coagulante quando essas condições se alteram. => O mecanismo de hemostasia pode ser dividido em duas fases: Hemostasia Primaria =>Ocorre logo após a lesão do vaso sanguíneo: 1º) Ocorre imediata constrição do vaso; 2º) Ativação das plaquetas e adesão destas ao local lesado ( tampão plaquetário ); Hemostasia Primaria 3º) Após a ativação e adesão plaquetária, as plaquetas liberam uma série de substâncias: Substâncias que promovem a agregação das plaquetas aderidas. Substâncias que ativam o mecanismo da coagulação. Substâncias que diminuem a permeabilidade vascular. Substâncias que mantêm o tônus da rede vascular. 4º) Acontece assim a agregação plaquetária e logo a ativação do mecanismo da coagulação. Hemostasia Secundária Compreende os fenômenos da formação de um coágulo capaz de obliterar a lesão vascular que se dá c/ a deposição de uma rede de fibrina entre as plaquetas agregadas. A fibrina se forma pela ativação dos fatores da coagulação sanguínea que se tornam ativados pelas próprias plaquetas e por células do vaso lesado. Completada a hemostasia, o vaso deve ser recanalizado para que o fluxo sanguíneo se restabeleça normalmente. Fibrinólise ou dissolução da fibrina formada Compreende a última fase da hemostasia e se dá por ação de enzimas elaboradas pelas células endoteliais. Entre essas enzimas, a plasmina, que promove a dissolução completa do coágulo, circula na forma inativa (plasminogênio). A Fibrinólise permite que qualquer coágulo que se forme na circulação seja logo lesado, evitando as complicações tromboembolíticas. Papel do Endotelio Vascular na Hemostasia: Agentes Anticoagulantes e Procoagulantes. Agentes Anticoagulantes - Substâncias sintetizadas pelas células endoteliais; - Evitam a propagação da formação de coágulos na rede vascular. Agentes Anticoagulantes 1º) Prostaciclina ( PGI 2 ) Principal produto derivado do metabolismo do ácido aracdônico. Potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária. Há liberação de maiores quantidades quando estimulada ( por ex: pela trombina ). Inibe a atividade do FP3 LDL inibe a produção de PGI 2. HDL aumenta esta produção. Metabolismo da prostaglandina nas plaquetas e nas células endoteliais Agentes Anticoagulantes 2º) Substâncias Ativadoras do Plasminogênio. As células endoteliais secretam ativadores do plasminogênio (ativador tissular) e ( uroquinase ). O plasminogênio constitui uma proenzima circulante que se transformada em plasmina ( que promove a dissolução dos trombos ). Agentes Anticoagulantes 3º) Ação Anticoagulante da Superfície Endotelial dos Vasos. Está ligada à presença de moléculas heparina – símile na luz dos vasos. A heparina se liga a uma substância inibidora da trombina (Antitrombina III) e esta ligação facilita a reação entre a trombina e a antitrombina. A trombina, que se forma toda vez que as plaquetas se agregam junto a um ponto do endotélio lesado, tende a ser inibida evitando assim a formação do coágulo. Agentes Anticoagulantes 4º) Trombomodulina Está presente no endotélio vascular e tem afinidade elevada pela trombina o que faz com que a mesma perca o poder proteolítico. Tem ação antitrombina ou anticoagulante. Atua também ativando outra proteína presente no plasma – Proteína C. Agentes Anticoagulantes 5º) Proteína C Está inativa no plasma e só se ativa sob influência da trombomodulina. Fator vitamina k-dependente c/ propriedade anticoagulante que aumenta c/ a presença da proteína S. A sua ativação causa a ativação dos fatores V e VIII da coagulação. Quando ativada tem a propriedade de estimular a fibrinólise. Agentes Procoagulantes 1º) Fator de Von Willebrand ( vWF ) Circula no plasma unido ao fator VIII de atividade coagulante. Sintetizado pelas células endoteliais da rede vascular e dos sinusoides hepáticos. As plaquetas também produzem Vwf. Agentes Procoagulantes 2º) Fibronectina Facilita a adesão de plaquetas ao endotélio lesado, colaborando na formação do coágulo. Atua como vWF. Agentes Procoagulantes 3º) Fator Tissular ( TF ) Fator III da coagulação ou tromboplastina. Sintetizado em vários órgãos ( cérebro, placenta, pulmão ) e pelas células presentes nas camadas mais profundas da parede vascular. Principal iniciador da coagulação. O TF se liga ao fator VII e na presença do íon Ca++ promove ativação dos fatores IX em ( IXa ) e X em ( Xa ). Cascata da coagulação Exames que avaliam a coagulação: O Tempo de Protrombina detecta alterações da via extrínseca ( fator VII ) TP, Atividade protrombinica e RNI O Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado – evidencia desvios da via intrínseca . TTPA, Ratio Tempo de coagulação: avalia a via intrínseca da coagulação TC Tempo de Sangramento: avalia qualidade e quantidade de plaquetas TS Prova do Laço (+) : fragilidade capilar ou plaquetopenia PL D dímeros: resulta da degradação da fibrina pela plasmina auxilia no diagnóstico da trombose venosa profunda. D-DÍMERO Valores aumentados: deposições de fibrina em localizações extravasculares, condições associadas à presença de coágulos de fibrina intravasculares, coagulação intravascular disseminada(CIVD) aguda ou crônica, infarto agudo do miocardio e angina instável. Na suspeita clínica de embolia pulmonar , resultados normais excluem esta possibilidade diagnóstica ( teste de triagem ) Valores de Referência: Negativo : Menor que 0,50 mg/L FEU* Positivo : Igual ou superior a 0,50 mg/L FEU* *FEU: Unidades Equivalentes de Fibrinogênio.
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