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Morcegos do Brasil unlocked Parte35

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Morcegos do Brasil
catadores (WEINBEER & KALKO, 2004).
Evidências sobre a reprodução dessa es-
pécie sugerem a ocorrência de padrão poliéstrico
bimodal (BONACCORSO, 1979; MEDELLÍN et
al., 1983) e possível formação de haréns (MEDE-
LLÍN et al., 1985).
Lampronycteris brachyotis já foi registrada na
Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica (MARINHO-
FILHO & SAZIMA, 1998; TAVARES et al., no
prelo). Tem sido encontrada em áreas com cober-
tura florestal bem preservada, parecendo ser sen-
sível a alterações de hábitat (MEDELLÍN et al.,
1983). Abriga-se em ocos de árvores, cavernas, mi-
nas e cavidades em ruínas (MEDELLÍN et al., 1985;
TADDEI & PEDRO, 1996). Embora grupos pe-
quenos (até 10 indivíduos) pareçam ser mais comuns
(e.g., GOODWIN & GREENHALL, 1961), mais de
300 indivíduos foram encontrados em uma caverna
no México (MEDELLÍN et al., 1983).
Encontra-se classificada em baixo risco de
extinção (IUCN, 2006).
Gênero Lonchorhina Tomes, 1863
Cinco espécies são atualmente reconhe-
cidas nesse gênero: L. aurita Tomes, 1863; L.
fernandezi Ochoa & Ibañez, 1982; L. inusitata
Handley-JR & Ochoa, 1997; L. marinkellei
Hernández-Camacho & Cadena, 1978 e L.
orinocensis Linares & Ojasti, 1971. Todas essas es-
pécies ocorrem ao norte da América do Sul, onde
parece ser o centro de diversificação do gênero
(HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). No Brasil,
apenas duas espécies estão documentadas.
Lonchorhina aurita Tomes, 1863
Essa espécie tem Trinidad como localida-
de-típica, e é encontrada do México à Bolívia e
sudeste do Brasil (SIMMONS, 2005). Em territó-
rio brasileiro há registro para o AM, BA, DF, ES,
GO, MA, MG, MS, PA, PI, RJ, RR e SP
(BORDIGNON, 2006a; TAVARES et al., no pre-
lo).
Lonchorhina aurita tem
porte médio para os morcegos do
gênero, com comprimento total
(cabeça, corpo e cauda) entre
106 e 120 mm, cauda entre 49 e
56 mm, antebraço entre 47 e 52
mm e peso entre 10 e 16 g
(HANDLEY-JR & OCHOA,
1997; REID 1997). A coloração
da pelagem varia de marrom-es-
cura a marrom-avermelhada,
sendo mais clara no ventre (pei-
to e abdômen), onde os pêlos
apresentam a extremidade distal
pálida (HANDLEY-JR &
OCHOA, 1997). Essa espécie é
facilmente reconhecida por sua
folha nasal extremamente desen-
volvida. As espécies de Mimon
também apresentam essa estru-Lonchorhina aurita (Foto: Fábio Falcão).
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Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Capítulo 05 - Subfamília Phyllostominae
tura desenvolvida, mas sem rivalizar em altura com
as orelhas, como observado em Lonchorhina. O tra-
go também é particularmente desenvolvido e a
cauda é longa, se estendendo até a extremidade
do uropatágio (LASSIER & WILSON, 1989). A
metade proximal do antebraço é recoberta de pê-
los. Em relação às demais espécies do gênero, L.
aurita pode ser mais facilmente confundida com
L. inusitata (ver descrição abaixo), principalmente
quando os espécimes em questão se situam em
faixa de tamanho compatível com o que se conhe-
ce para essa última espécie. Nesses casos, para uma
identificação segura torna-se importante o exame
das características crânio-dentárias descritas por
HANDLEY-JR & OCHOA (1997). As demais es-
pécies, de distribuição marginal ao território bra-
sileiro, não devem constituir problema, já que L.
marinkellei é bem maior (antebraço entre 61,8 e
62,3), e L. fernandezi e L. orinocensis são menores
(antebraço menor que 44,7 mm) e têm o antebra-
ço nu (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997).
Alimenta-se primariamente de insetos,
como lepidópteros, coleópteros, ortópteros e
dípteros (HOWELL & BURCH, 1974; RIVAS-
PAVA et al., 1996; ESBÉRARD et al., 1997), mas
pode também consumir aranhas (ESBÉRARD et
al., 1997) e frutos (FLEMING et al., 1972;
ESBÉRARD et al., 1997).
Os dados reprodutivos disponíveis suge-
rem nascimentos ocorrendo no início da estação
chuvosa (WILSON, 1979).
Lonchorhina aurita ocorre em todos os
biomas brasileiros (MARINHO-FILHO &
SAZIMA, 1998). Tem sido encontrada principal-
mente em áreas florestadas (HANDLEY-JR, 1976;
PORTFORS et al., 2000), embora também possa
estar presente em áreas agrícolas e pastagens
(HANDLEY-JR, 1976). No Cerrado foi captura-
da em mata ciliar (ESBÉRARD et al., 2005). A
ausência dessa espécie e de outras do mesmo gê-
nero em diversos inventários realizados na Ama-
zônia tem sido relacionada à escassez de caver-
nas, seu principal abrigo, em grande parte dessa
região (VOSS & EMMONS, 1996; HANDLEY-
JR & OCHOA, 1997). Redes armadas sobre ria-
chos, além, obviamente, daquelas próximas a caver-
nas, parecem particularmente efetivas na amostragem
dessa espécie (HANDLEY-JR, 1976; ESBÉRARD
et al., 1997).
Encontra-se classificada em baixo risco de
extinção (IUCN, 2006).
Lonchorhina inusitata Handley & Ochoa, 1997
Essa espécie tem como localidade-tipo
Boca Mavaca, Amazonas, Venezuela, e já foi en-
contrada também na Guiana, Suriname, Guiana
Francesa e oeste do Brasil, onde está assinalada
para Rondônia (HANDLEY-JR & OCHOA,
1997).
Lonchorhina inusitata tem porte relativa-
mente grande dentro do gênero, apresentando com-
primento total (cabeça, corpo e cauda) entre 119
e 132 mm, cauda entre 56 e 67 mm, antebraço
entre 52,4 e 56,8 mm e peso entre 14 e 16,5 g
(HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). O dorso é
marrom-escuro e ventre mais claro, usualmente
unicolorido ou com a extremidade distal dos pêlos
apenas levemente esbranquiçadas, no que esse
táxon parece se diferenciar de L. aurita
(HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Outras ca-
racterísticas externas observadas em L. inusitata, e
que auxiliam na distinção em relação a L. aurita,
são: folha nasal mais longa, mais larga e mais den-
samente pilosa; orelhas também mais densamente
pilosas; excrescências faciais maiores e mais
pilosas; cela da folha nasal com bordas mais pro-
fundamente lobadas; e lábio superior com orna-
mento médio mais complexo (HANDLEY-JR &
OCHOA, 1997). Como espécimes menores de L.
inusitata podem ser confundidos com os maiores
de L. aurita, o exame de características crânio-
dentárias pode se mostrar essencial para uma iden-
	Morcegos do Brasil
	Família Phyllostomidae
	Cap. 05 Subfamília Phyllostominae
	Gênero Lonchorhina

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