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34 Morcegos do Brasil & POL (1998) observaram que R. naso apresenta poliestria bimodal, com nascimentos ocorrendo no início e no final do período chuvoso. Essa sazonalidade reprodutiva foi também constatada por BRADBURY & VEHRENCAMP (1976) na Costa Rica, onde os filhotes não foram observados durante a estação seca. Contudo, em certas áreas de sua dis- tribuição essa espécie pode se reproduzir ao longo de todo o ano (PLUMPTON & JONES, 1992). Gênero Saccopteryx Illiger, 1811 O gênero Saccopteryx compreende 5 espé- cies: S. antioquensis Muñoz & Cuartas, 2001; S. bilineata (Temminck, 1838); S. canescens Thomas, 1901; S. gymnura Thomas, 1901 e S. leptura (Schreber, 1774). Dessas, somente a primeira não ocorre no território brasileiro. Saccopteryx bilineata (Temminck, 1838) Essa espécie tem o Suriname como loca- lidade-tipo, e é encontrada do México à Bolívia, Guianas, Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil. Em território brasileiro já foi observada no AC, AM, AP, BA, CE, GO, MA, MG, MT, PA, RJ, RR e RO. É a maior das quatro espécies do gênero, com ante- braço medindo de 45 a 48 mm nos machos e 48 a 51 mm nas fêmeas. O peso varia de 6,7 a 9,9 g nos machos e 7,8 a 13,2 g nas fêmeas (SIMMONS & VOSS, 1998). Apresenta a pelagem dorsal e as membra- nas enegrecidas, e a face ven- tral cinza-escuro. Há duas lis- tras dorsais esbranquiçadas bem nítidas. Assim como as demais espécies do gênero, S. bilineata apresenta bolsa situ- ada no propatágio, junto ao antebraço e próximo ao cotovelo. Essa bolsa é bem desenvolvida nos machos e rudimentar nas fêmeas. A dieta é composta exclusivamente por insetos, tais como coleópteros e dípteros (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976; RIVAS- PAVA et al., 1996). De acordo com dados obtidos na Costa Rica e em Trinidad por BRADBURY & VEHRENCAMP (1976), S. bilineata forma gru- pos compostos por um macho adulto e um harém que pode conter até oito fêmeas. Numa mesma árvore vários grupos podem ser encontrados, for- mando uma colônia de 40 a 50 indivíduos. Cada macho defende ativamente uma área de 1 a 3 metros quadrados de refúgio e apresenta um com- plexo comportamento de côrte para atrair as fê- meas de seu harém. Em ambas as funções esses machos podem executar uma série de procedimen- tos, incluindo vocalizações, bocejos e vôo paira- do, no qual dispersam o odor da mistura de subs- tâncias que são depositadas em suas bolsas antebraquiais (VOIGT & Von HELVERSEN, 1999; BEHR & Von HELVERSEN, 2004). Ma- chos solitários em uma colônia procuram formar Rhynchonycteris naso (Foto: A. L. Peracchi) 35 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Capítulo 02 - Família Emballonuridae seu próprio harém (VOIGT & STREICH, 2003) Tem sido capturada em áreas de floresta pri- mária e secundária (REIS & PERACCHI, 1987; BROSSET et al., 1996). Abriga-se em árvores ocas, cavernas, blocos de pedra e construções, incluindo ruínas (POLANCO et al., 1992, RICK, 1968), Freqüentemente são também encontrados pousados, durante o dia, em troncos de árvores na floresta. Saccopteryx canescens Thomas, 1901 Essa espécie tem Óbidos, Pará, como lo- calidade-tipo, e ocorre na Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia, Guianas e norte do Brasil, onde já foi observada no AM, AP, MA, PA e RO. S. canescens é de tamanho semelhante à espécie anterior, da qual pode se distinguir por apresentar pelagem dorsal castanho-agrisalhada de cinza ou amarelo e listras dorsais esbranquiçadas e distintas. O antebraço varia de 35,8 a 40,8 mm (SIMMONS & VOSS, 1998). Esse morcego insetívoro ocorre em flo- restas úmidas e secas, áreas abertas, tais como pas- tos e pomares (HANDLEY-JR, 1976), e em ambi- ente urbano (BROSSET et al., 1996). TEJEDOR (2003) encontrou colônia com cinco in- divíduos abrigados sob teto externo em construção situada em área bem ilumina- da de uma reserva biológica no Peru. A composição dessa colônia (com um úni- co macho adulto e mais de uma fêmea adulta) sugere poliginia para esse táxon (TEJEDOR, 2003). Saccopteryx gymnura Thomas, 1901 A localidade-tipo dessa espécie é Santarém, Pará, Brasil. Ela ocorre tam- bém na Guiana Francesa, Guiana e tal- vez na Venezuela. S. gymnura é bem menor que as espécies anteriores, com o antebraço variando de 33,5 a 35,3 mm. O dorso apresenta pelagem castanho- escura e as listras são ausentes ou muito esmaecidas. A membrana das asas é ligada ao metatarso, enquanto nas demais espécies ela é unida à tíbia. Essa espécie é insetívora e tem sido cap- turada em pequenas clareiras e sob estradas, sem- pre em associação direta ou nas proximidades de florestas primárias (SIMMONS & VOSS, 1998). Saccopteryx leptura (Schreber, 1774) Essa espécie tem o Suriname como locali- dade-tipo, e é encontrada do México ao Peru, norte da Bolívia, Guianas, Ilha Margarita (Venezuela), Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil. Em território brasileiro é conhecida dos Estados do AC, AM, AP, CE, ES, GO, MA, MT, PA, PE, RJ, RO e RR. S. leptura é semelhante à espécie anterior, porém menor, com a face dorsal castanho-escura, e a ventral castanho-acinzentada. As membranas também são de cor castanha. As listras dorsais são Saccopteryx leptura (Foto: M.R. Nogueira) Morcegos do Brasil Cap. 02 Família Emballorunidae Gênero Saccopteryx
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