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Morcegos do Brasil unlocked Parte18

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Morcegos do Brasil
& POL (1998) observaram que R. naso apresenta
poliestria bimodal, com nascimentos ocorrendo no
início e no final do período chuvoso. Essa
sazonalidade reprodutiva foi também constatada por
BRADBURY & VEHRENCAMP (1976) na Costa
Rica, onde os filhotes não foram observados durante
a estação seca. Contudo, em certas áreas de sua dis-
tribuição essa espécie pode se reproduzir ao longo de
todo o ano (PLUMPTON & JONES, 1992).
Gênero Saccopteryx Illiger, 1811
O gênero Saccopteryx compreende 5 espé-
cies: S. antioquensis Muñoz & Cuartas, 2001; S.
bilineata (Temminck, 1838); S. canescens Thomas,
1901; S. gymnura Thomas, 1901 e S. leptura
(Schreber, 1774). Dessas, somente a primeira não
ocorre no território brasileiro.
Saccopteryx bilineata (Temminck, 1838)
Essa espécie tem o Suriname como loca-
lidade-tipo, e é encontrada do México à Bolívia,
Guianas, Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil.
Em território brasileiro já foi observada no AC,
AM, AP, BA, CE, GO, MA, MG, MT, PA, RJ, RR e RO.
É a maior das quatro
espécies do gênero, com ante-
braço medindo de 45 a 48 mm
nos machos e 48 a 51 mm nas
fêmeas. O peso varia de 6,7 a
9,9 g nos machos e 7,8 a 13,2
g nas fêmeas (SIMMONS &
VOSS, 1998). Apresenta a
pelagem dorsal e as membra-
nas enegrecidas, e a face ven-
tral cinza-escuro. Há duas lis-
tras dorsais esbranquiçadas
bem nítidas. Assim como as
demais espécies do gênero, S.
bilineata apresenta bolsa situ-
ada no propatágio, junto ao antebraço e próximo
ao cotovelo. Essa bolsa é bem desenvolvida nos
machos e rudimentar nas fêmeas.
A dieta é composta exclusivamente por
insetos, tais como coleópteros e dípteros
(BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976; RIVAS-
PAVA et al., 1996).
De acordo com dados obtidos na Costa
Rica e em Trinidad por BRADBURY &
VEHRENCAMP (1976), S. bilineata forma gru-
pos compostos por um macho adulto e um harém
que pode conter até oito fêmeas. Numa mesma
árvore vários grupos podem ser encontrados, for-
mando uma colônia de 40 a 50 indivíduos. Cada
macho defende ativamente uma área de 1 a 3
metros quadrados de refúgio e apresenta um com-
plexo comportamento de côrte para atrair as fê-
meas de seu harém. Em ambas as funções esses
machos podem executar uma série de procedimen-
tos, incluindo vocalizações, bocejos e vôo paira-
do, no qual dispersam o odor da mistura de subs-
tâncias que são depositadas em suas bolsas
antebraquiais (VOIGT & Von HELVERSEN,
1999; BEHR & Von HELVERSEN, 2004). Ma-
chos solitários em uma colônia procuram formar
Rhynchonycteris naso (Foto: A. L. Peracchi)
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Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Capítulo 02 - Família Emballonuridae
seu próprio harém (VOIGT & STREICH, 2003)
Tem sido capturada em áreas de floresta pri-
mária e secundária (REIS & PERACCHI, 1987;
BROSSET et al., 1996). Abriga-se em árvores ocas,
cavernas, blocos de pedra e construções, incluindo
ruínas (POLANCO et al., 1992, RICK, 1968),
Freqüentemente são também encontrados pousados,
durante o dia, em troncos de árvores na floresta.
Saccopteryx canescens Thomas, 1901
Essa espécie tem Óbidos, Pará, como lo-
calidade-tipo, e ocorre na Colômbia, Venezuela,
Peru, Bolívia, Guianas e norte do Brasil, onde já
foi observada no AM, AP, MA, PA e RO.
S. canescens é de tamanho semelhante à
espécie anterior, da qual pode se distinguir por
apresentar pelagem dorsal castanho-agrisalhada de
cinza ou amarelo e listras dorsais esbranquiçadas
e distintas. O antebraço varia de 35,8 a 40,8 mm
(SIMMONS & VOSS, 1998).
Esse morcego insetívoro ocorre em flo-
restas úmidas e secas, áreas abertas, tais como pas-
tos e pomares (HANDLEY-JR, 1976), e em ambi-
ente urbano (BROSSET et al., 1996). TEJEDOR
(2003) encontrou colônia com cinco in-
divíduos abrigados sob teto externo em
construção situada em área bem ilumina-
da de uma reserva biológica no Peru. A
composição dessa colônia (com um úni-
co macho adulto e mais de uma fêmea
adulta) sugere poliginia para esse táxon
(TEJEDOR, 2003).
Saccopteryx gymnura Thomas, 1901
A localidade-tipo dessa espécie
é Santarém, Pará, Brasil. Ela ocorre tam-
bém na Guiana Francesa, Guiana e tal-
vez na Venezuela.
S. gymnura é bem menor que as espécies
anteriores, com o antebraço variando de 33,5 a
35,3 mm. O dorso apresenta pelagem castanho-
escura e as listras são ausentes ou muito
esmaecidas. A membrana das asas é ligada ao
metatarso, enquanto nas demais espécies ela é
unida à tíbia.
Essa espécie é insetívora e tem sido cap-
turada em pequenas clareiras e sob estradas, sem-
pre em associação direta ou nas proximidades de
florestas primárias (SIMMONS & VOSS, 1998).
Saccopteryx leptura (Schreber, 1774)
Essa espécie tem o Suriname como locali-
dade-tipo, e é encontrada do México ao Peru, norte
da Bolívia, Guianas, Ilha Margarita (Venezuela),
Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil. Em território
brasileiro é conhecida dos Estados do AC, AM, AP,
CE, ES, GO, MA, MT, PA, PE, RJ, RO e RR.
S. leptura é semelhante à espécie anterior,
porém menor, com a face dorsal castanho-escura,
e a ventral castanho-acinzentada. As membranas
também são de cor castanha. As listras dorsais são
Saccopteryx leptura (Foto: M.R. Nogueira)
	Morcegos do Brasil
	Cap. 02 Família Emballorunidae
	Gênero Saccopteryx

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