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resenha o espirito do capitalismo

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ANA BEATRIZ MARÇAL MARQUES: ACADÊMICA DO CURSO BACHARELADO EM DIREITO – UESPI, CAMPUS CORRENTE-PI.
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1987.
12 de setembro de 2018 – Corrente-PI.
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
 WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1987.
 A quarta fase do capitalismo, tomou rumos tão distintos que seu verdadeiro significado visto de um âmbito global pendeu a sentido abstrato. Em outras palavras aprimorou-se. O que antes era visto como um aglomerado de ações em conjunto lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios, hodiernamente se resume apenas em acumulo de riquezas. 
 Diante disso, fazendo uma breve analogia pautada nos conceitos da obra O Espirito do Capitalismo escrito por Max Weber no inicio do século XX, o sociólogo destaca alguns questionamentos, cujo em pleno século XXI ainda ignoramos. As controvérsias do sistema capitalista, tais perguntas se destacam: O que é de fato o capitalismo, uma ética ou um sistema? Quem originou quem? Em que momento da historia? 
 Em contrapartida, não nos basta apenas saber onde e quando surgiu o capitalismo a principal investigação nos direciona como surgiu. Em seu discurso na obra, Max nos instiga a pesar o capitalismo de forma individual e ao mesmo tempo com empatia para compreender que não somente é aquilo que viria a significar para nós, “Esse é um resultado necessário da natureza dos conceitos históricos que tentam, para a suas finalidades metodológicas, apanhar a realidade histórica não em forma abstrata e geral, mas em concretos conjuntos genéticos de relações, inevitavelmente de caráter individual e especificamente únicos.” (WEBER, p.1). 
 Seguindo esse ponto de vista, o capitalismo não pertence apenas àqueles que se encaixam nos requisitos citados no primeiro parágrafo, nem mesmo o que é vivenciado hoje, o acumulo de riquezas. O capitalismo é de longe uma arvore, onde parte varias ramificações, perspicácia, honestidade, investimento, credito, aplicação. São palavras chaves, porem distintas, mas que andam juntas. Assim, destaca Max dizendo “O tempo é dinheiro” nesse contexto ele enfatizou a importância da aplicação do capital; “lembre-se que o credito também é dinheiro” (WEBER, p.2). A aplicação de créditos requer bom uso dessa forma o dinheiro continua circulando não para um fim gerador de lucros, mas para que o credito continue sendo investido sem a fugacidade do espirito do capitalismo. “O dinheiro pode gerar dinheiro, e seu produto gear mais, e assim por diante cinco shillings circulando são seis; circulando de novo são sete e três pence assim por diante, até se tornarem cem libras. Quanto mais dele houver, mais produz a cada aplicação, de modo que seus juros aumentam cada vez mais rapidamente.” (WEBER, p.2). 
 Por conseguinte, o sociólogo conseguiu permanecer com seus conceitos tão atuais como válidos, na modernidade, a época do imediatismo. Afastamo-nos tanto do real sentido do espirito do capitalismo, apenas nos afundamos em nossa sagacidade, com pensamentos narcisistas. O único interesse que temos com o próximo é somente este, o “interesse”. Adiante, Max relata sobre a importância do desempenho e a dedicação ao trabalho, o torna favorável. Em contrapartida a preguiça e a falta de investimento tiram-lhe o credito “O som do teu martelo as cinco da manhã ou as oito da noite, ouvido por um credor, te torna favorável por mais seis meses; mas se tiver á mesa de brilhar, ou ouvir tua voz na taverna quando deverias estar no trabalho, cobrará o dinheiro dele no dia seguinte, de uma vez, antes do tempo”. (WEBER, p.3) 
 O capitalismo weberiano enfatiza, não obstante a idealização do homem honesto, cita a filosofia de Benjamin Franklin que assegura que o espirito do capitalismo se expressa de modo característico cujo tudo que pensamos entender como pertences, o capitalismo esta contido nisso. 
 “A peculiaridade dessa filosofia de avareza ver o ideal dos homens honestos, de credito reconhecido, e acima de tudo a ideia de dever que o individuo tem no sentido de aumentar o próprio capital, assumindo como um fim a si mesmo” (WEBER, p.3) Retomando o ponto de vista de Max, a honestidade deve ser algo particular do homem, não somente uma característica que se deve aderir para conseguir créditos, mas uma espécie de relação geradora de virtudes assim diz ele: “A honestidade é útil, pois assegura o credito; e é assim que a pontualidade, com a industriosidade, com a frugalidade e essa é a razão pela qual são virtudes.”(WEBER, p.3) 
 Em suma o que de fato herdamos hoje foi durante muito tempo abafado pelo dito “ganha pão” a felicidade não é mais a nossa prioridade, vivemos em competição, precisamos um do outro para gerar capital mas nos recusamos a aceitar a ideia de felicidade conjunta, o que nos evidência mais ainda o quão estamos longe de alcança-la “O homem é dominado pela geração do dinheiro, pela aquisição como propósito final da vida” (WEBER, p.4) Na perspectiva Weberiana a aquisição econômica se tornou o principio guia do capitalismo. 
 “O homem não deseja “naturalmente” ganhar mais dinheiro, mas viver simplesmente como foi acostumado a viver e ganhar o necessário para isso. Onde quer que o capitalismo moderno tenha começado sua ação de aumentar a produtividade do trabalho humano aumentando sua intensidade, tem encontrado a teimosíssima resistência desse traço orientador do trabalho pré-capitalista. E ainda hoje a encontra. E por mais atrasados que sejam as forças de trabalho (do ponto de vista capitalista) com que tenha que lidar. ”(WEBER, p.8) 
 Max deixa claro em seu discurso os costumes que ainda permeiam do pré-capitalismo ao tradicionalismo, permanece o comodismo que continua resoluto em resistir. Ademais, o aumento da produtividade associado com o baixo salário não é mais que uma estratégia falha de marketing, o que instiga o trabalhador a permanência de poucas horas de trabalho com salário invariável mediano, é a sensação de não estar preso ao ambiente de trabalho por muitas horas, é o que provoca o prazer utópico de sentir-se livre. 
 “O trabalho deve ser executado como se fosse um fim absoluto em si mesmo, como um coração, tal atitude não é produto da natureza, não pode ser estimulada por baixos ou altos salários, mas só pode ser produzida por um longo e árduo processo educativo.\” (WEBER, p.9) 
 Em vista disso, pode-se aferir que o espirito do capitalismo está em constante metamorfose, portanto é longamente o desespero pela busca do lucro, a ganância do homem só o isola mais ainda do que seu objetivo final, o acumulo de bens. Não se faz capitalista aquele que vive em um mundo globalizado, mas sim o que contribui com isso, a ostentação moderna não passa de um fetiche de quem se rotula capitalista, dono do próprio bolso. 
Ana Beatriz M. Marques
2018
REFERÊNCIAS:
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1987.

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